quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

[Castle Fic] Rise Again - Cap. 11



Nota da autora:Esse capitulo tem mais angst que os ultimos, o episódio pedia isso. Porém, não esperem tantos momentos shippers.


Cap.11



Castle chegou em casa com um sorriso no rosto e olhar sonhador. Encontrou Alexis sentada no sofá aparentemente, passando por um momento semelhante ao dele. Sentou-se ao lado dela afrouxando a gravata.


- Não pensei que você já estivesse em casa. Como foi o evento?

- Maravilhoso. O show da Gaga é ótimo e ah foi perfeito! Fazia tempo que não me divertia assim.

Ela olhou para o pai e percebeu que ele também estava relaxado, com um sorriso bobo nos lábios.

- Pelo visto o casamento também foi bom. O que aconteceu?

- Ah realmente a cerimônia foi muito bonita, a decoração de bom gosto. A atmosfera de felicidade me fez sentir um pouco de inveja. Sabe que me deu vontade de casar novamente?

Alexis se espantou com a declaração do pai. Arregalando os olhos ela perguntou.

- Você teria coragem de encarar um terceiro casamento,pai? Porque a julgar pelos seus anteriores...

- Você ainda é muito nova para entender mas casamento é bom, dividir tudo que você mais presa com uma pessoa, confiar e amar incondicionalmente. Sim, eu tenho coragem de casar novamente mas não seria um ato impensado, por impulso como a maioria das pessoas fazem. Casaria de novo por amor e dessa vez apostaria no felizes para sempre.

- Wow, pai! Agora estou curiosa para saber o que rolou nesse casamento. Você está muito inspirado e sei lá, feliz acho que é a palavra. Aposto que tem a ver com a Beckett.

- De certa forma, nos divertimos, dançamos. Foi um bom momento.

Alexis relutou um pouco antes de perguntar o que queria. Tomando a mão dele na sua, sorriu e perguntou.

- Pai, você está apaixonado de verdade pela Detetive Beckett não?

- Sim, estou.

Ele nunca escondera nada da filha. Nem era agora que começaria.

- Você acha que tem chance? Que é recíproco?

- Sim, tenho chance. Apenas preciso ter um pouco mais de paciência.

- Mas você não está se iludindo? Esperando por algo que não vai acontecer? Como sabe que é certo?

- Não estou me iludindo, vai acontecer. Kate só precisa resolver alguns assuntos pendentes na vida dela. Sei que é certo, ela também sabe.

- Ela te disse?

- Melhor, demonstrou.

A surpresa de Alexis não podia ser maior.

- Sei que uma filha nunca deveria fazer esse tipo de pergunta para o pai mas não posso resistir: vocês dormiram juntos?

- No conceito real da palavra dormir, sim. No que você está pensando não... e acredito ser melhor pararmos por aqui. Esse assunto não é apropriado para pai e filha. Para encurtar a história, eu apenas sei.

- Não entendo isso, adultos são complicados, sentimentos são complicados.

- Tudo isso é verdade, porém quando no meio dessa complicação toda, o sentimento prevalece e floresce, tudo passa a ter sentido. É disso que as grandes histórias de amor são feitas, quebrar barreiras, atingir o inatingível. Entrega e confiança.

- Nossa, você está filosofando.

Ele puxou a menina num abraço. Beijou-lhe a testa.

- Ah, Alexis. São esses pequenos momentos que nos mostram como a vida é bela.


Dois dias depois...


Ele tentava escrever o que era uma tarefa quase impossível com a loucura que Martha fazia em sua sala tentando ensaiar Rei Lear. Felizmente o telefone tocou.

- Ligou na hora certa. Minha mãe estava dando três aulas hoje...na minha sala.

- Mas e o estúdio?

- Inundado. Estavam fazendo a tempestade de "Rei Lear" e as coisas ficaram fora de controle.

Kate sorriu. Ele ativou o Siri do seu celular.

- Lembre-me de checar meu seguro.

-Lanie, o que tem?

-Esta é Laura Cambridge, 28. A polícia de trânsito a achou no banco do passageiro.

- Causa da morte?

- Estrangulada ontem entre 20h e 22h. O ferimento aqui indica estrangulamento. Ele, provavelmente, a agarrou por trás com força para esmagar o osso hióide.

- Ele? Teve testemunha?

- Não, mas para matá-la num movimento rápido assim, o agressor tinha que ser mais alto e mais pesado. E nenhum sinal de agressão sexual.

- Foi estrangulada no carro?

- A perícia não achou sinal algum de luta. Parece que o corpo foi jogado aqui após a morte.

-De quem é o carro?

-Não é dela. Não tinha carteira de motorista.- Esposito respondeu - Ryan está checando as placas para tentarmos achar o dono.

- E a bolsa?

- Foi jogada na lixeira. Ainda há dinheiro dentro.

-Celular?

-Não encontrei.

- Que garota no século 20 não tem celular?

- Talvez seja Amish.

Castle sempre tinha resposta para tudo. Ryan aproximou-se deles e não parecia muito satisfeito com a noticia que iria dar.

- Chequei as placas do carro e...

- O quê? Beckett perguntou.

- Pertence à frota da Prefeitura.

- Prefeitura? Quem foi o último a usar? Castle achou estranho mas ainda não ouvira tudo.

- Prefeito Robert Weldon.

Eles se olharam espantados.


No gabinete do prefeito....


- Ainda estamos abalados em saber que um carro nosso estava no meio disso.

- Acredite, descobriremos tudo.

Beckett puxa a foto da vitima e mostra a ele.

-É a vítima?

-É. Laura Cambridge. Você a reconhece, prefeito?

Beckett olhava atentamente para ele buscando culpa ou envolvimento. Ele balança a cabeça negando.

- Minha equipe pode saber melhor, mas não acho que esteja ligada ao gabinete.

- Desculpe perguntar, mas onde estava ontem à noite entre 20h e 22h?

O prefeito olha para Castle de relance.

- Uma das melhores de Nova Iorque, não Rick?

Ele rapidamente replicou o que fez Beckett manter o sorriso nos lábios.

-É a melhor.

-É o que sempre me diz. Estava em uma festa para arrecadação de fundos com outras 50 pessoas. Conseguirei os nomes.

- Agradeço. E quanto ao carro?

- Foi um dos vários que foram usados no evento. Aparentemente um dos membros relatou um roubo mais tarde naquela noite. Extra oficialmente? As pessoas com quem estava eram íntimas. Estamos formando um comitê exploratório para uma possível candidatura ao governo. Mas não quero levar isso a público ainda.

Kate sorria e parecia simpatizar com o pedido do prefeito. Castle apenas observava evitando ao máximo seu envolvimento e opinião por hora.

- Farei o que puder para manter seu negócio em particular.

- Obrigado. Ele virou-se para Castle.

- Gostaria que estivesse lá.

- Fondue com Alexis, mas mandei um cheque.

- Obrigado. Sei que tem mais perguntas, detetive. Meu chefe de equipe responderá o que quiser saber.

Eles deixaram a sala do prefeito e ele roubou Castle para avaliar um projeto com ele deixando Beckett livre para lidar com seu representante. Infelizmente, o chefe de equipe não fora tão atencioso como o prefeito. Na verdade, além de deixá-la esperando ainda a insultou quando revelou já ter feito seu trabalho. Até mesmo um depoimento da pessoa que retirara o veículo, Elizabeth Watson já fora colido. Estendeu a ela o relatório. Isso contribuiu apenas para uma coisa, enfurecer Beckett.

-Aqui está o relatório.

-Com todo respeito, Sr. Shay, investigações policiais são conduzidas pela polícia.

- Infelizmente, o ciclo de notícias se move muito mais rápido que vocês.

-E eu tenho que colocar as coisas em ordem antes que a notícia vaze. É o meu trabalho.

Aquilo deixou Beckett com raiva. E ela não pode evitar de peitá-lo com seu estilo próprio, enfrentando o poderoso que insultava seu trabalho.

- E meu trabalho é achar o assassino de Laura, então, se não se importa, e mesmo que se importe, pegarei meu próprio depoimento com a Sra. Watson.

E devolveu o papel a ele num empurrão mostrando que poderia medir forças com ele e não se intimidava.

- E também irei pegar depoimentos de toda sua equipe para saber se eles reconhecem nossa vítima.

- Como quiser - E provocou - Mas, acredite, estará desperdiçando seu tempo.

- É o meu tempo. Tenho um trabalho a fazer.

- Eu também. Deixe-me ser claro. O prefeito Weldon é minha prioridade. E não deixarei essa coisa incentivar seus adversários a destruir tudo que construímos.

Quando voltaram ao distrito, Beckett estava pensando em como esse caso poderia afetar sua relação com Castle se o prefeito estivesse realmente envolvido. Foi então que Gates a chamou.

- Beckett, meu escritório.

Ela foi apreensiva não antes de trocar olhares com Castle.

- O que descobriu na prefeitura?

- A funcionária que relatou o roubo do carro é a responsável pela última noite. E ninguém do gabinete reconhece nossa vítima.

- Então sua ligação com o veículo poderia ser mera coincidência?

- É perfeitamente possível.

- Castle e o prefeito são amigos, não são?

E a apreensão de Beckett cresce.

- Senhora?

- Essas investigações são como malabarismo com dinamites. Um movimento em falso e tudo explodirá na sua cara.

-Eu sei me cuidar.

-Que bom, detetive, porque não serei a única observando.

Ela saiu da sala de Gates com uma desconfiança maior do que entrara de que aquele caso ainda traria problemas a ela.

-Sobre o que foi aquilo?

-Políticos... e sua conexão com o prefeito.

- O que isso importa? Sabemos que não está envolvido.

Ela o olhou intrigada.

- O quê?

Beckett sussurrou.

- Ela está certa. Você é tendencioso.

- Sou tendencioso? Sabe em quem Gates votou na última eleição? Porque aposto que não foi no Weldon.

Ela não quis estender a discussão.

- Espo, e o histórico do carro?

- Verificado. O veículo saiu às 17h e dado como desaparecido à 0h.

-Então foi roubado na rua. Era Castle quem perguntava.

-Parece que sim.

- O que significa que qualquer conexão com a prefeitura é mera coincidência. Ele olhava para Beckett querendo provar sua teoria. Ela questionou Ryan sobre os registros telefônicos. E ele lhes informou algo realmente intrigante sobre a vítima, Laura era uma professora de literatura em Hudson com uma carreira promissora até seis meses atrás quando demitiu-se e cortou qualquer laço com os colegas, cancelou telefone, cartão de credito, sem motivo aparente. Teve vários empregos sem muito sucesso. Eles iriam pesquisar algo com a família. Castle e ela foram ao apartamento da vítima para tentar descobrir algo mais.

- Sinceramente, ela era muito reservada. Ela pagou à vista. É o que importa.

Eram as palavras do síndico. Uma discussão rolava no corredor.

-São minha coisas! Minhas coisas!

- Ao contrário desses idiotas. Com licença, por favor, policial, e, cavalheiro. Calem a boca, pelo amor de Deus!

Eles já estavam dentro do apartamento de Laura a procura de pistas quando Castle soltou um comentário.

"Policial e cavalheiro." Poderia ser o nome do nosso blog sobre crimes.

- Blog sobre crimes? O jeito como me ajuda a escrever relatórios? Pressinto que escreverei sozinha.

Ela tinha um sorriso sarcástico no rosto. Como ele não respondeu, ela se ateve ao caso.

- Não parece haver qualquer sinal de luta.

- E sem sinal de TV ou computador também. É estranho, não acha?

- Bando de inquilinos devedores aqui. Se ficar entediada, posso te mandar uns quantos.

- Sr. Harvey, quando foi a última vez que viu Laura?

-Você a viu ontem?

-Durante o dia. Trabalhava à noite. Ela saiu por volta das 17h.

-Sabe onde ela trabalhava?

- Algum lugar que paga. É tudo que eu sei.

- Já viu Laura com algum amigo, namorado?

- Não. Mas eu vi um cara saindo daqui ontem à noite.

-Quando foi isso?

-Perto das 21h... 21h30.

- Isso é dentro do horário do assassinato.

-Lembra como ele era?

-1,80m de altura, branco, cabelo escuro. Ela nunca mencionou alguém assim.

De volta ao distrito, a entrevista com a irmã também não rendera fatos novos. Dizia que Laura não estava saindo com ninguém. Ela era próxima da irmã até seis meses atrás quando parou de ligar. A ultima vez que falou com ela foi a 3 dias atrás quando a ligou pelo aniversário. Apenas disse que estava chateada e envolvida em algo do trabalho que era perigoso para ela contar.

Castle e Beckett olhavam para as informações no quadro procurando formar uma idéia.

- Então Laura Cambridge deixou um ótimo cargo em uma universidade respeitada por um hotel barato e um trabalho misterioso que a meteu em tanta confusão que acabou assassinada. No que ela se envolveu?

- O homem que deixou o apartamento, se ele é o assassino, está procurando-a. Deve ter ido procurá-la no trabalho.

- E deve ter sido o último lugar onde foi vista viva.

Foi então que Ryan trouxe uma nova perspectiva ao caso. Descobriu onde ela trabalhava. Castle e Beckett foram até o endereço informado. O lugar era esquisito lembrando algo clandestino.

- É essa. Suíte 250.

- Que tipo de negócios acha que é? Importação/exportação duvidosa, lavagem de dinheiro, fábrica clandestina?

- Não, por favor.

-Escutou isso?

-Não. Está me machucando. Bobby? Não...pare!

Beckett forçou a maçaneta sem sucesso, tirando a arma ela se preparou e chutou a porta.

-NYPD, não...

-Sou uma aluna malvada.

Ela parou atônita ao ver pessoas ao telefone e atrás de mesas.

- É só um escritório.

- Onde só mulheres trabalham?

As conversas continuavam.

- Sim, querido. Ainda estou aqui.

- Que lugar é este? Beckett se perguntava. Castle matou a charada.

- Eu diria que é US$ 4,99 por minuto. Não uma fábrica clandestina.

Ele apontou para o logo na parede.

DAG - DISQUE DEUSA

- É um sex shop.

Eles estavam agora sentados de frente a pessoa que dirigia o local.

- Laura era uma das minhas favoritas. Uma garota doce, inteligente, divertida. Só estava aqui há poucos meses e já era uma das deusas mais populares. Não acredito que esteja morta.

- Ela estava atendendo na noite passada?

- Não. Não, ela tirou folga. Disse que tinha que cuidar de algo.

- Laura contou à irmã que estava com problemas no trabalho, que algo havia acontecido.

- Que eu saiba, nada aconteceu. Ela parecida distraída nos últimos dias, mas foi só isso.

-Sendo a... - Castle olhou para a plaquinha sobre a mesa - responsável "sexecutiva," notou algum conflito entre ela e suas colegas?

Beckett não pode esconder o riso.

- Ela era reservada. Mas se dava bem com as outras garotas. Não havia reclamações da Laura.

- Ela já disse por que estava trabalhando aqui?

-Como assim?

-Eu só acho estranho. Ela era uma professora com uma carreira promissora à sua frente e, de repente, decide se tornar operadora de telessexo.

-Talvez ela gostasse. Temos todos os tipos, detetive. Estudantes, atrizes, mães. Conheci uma contadora que fazia porque gostava do desafio e a excitava. É algo poderoso fazer um cliente te desejar.

- Alguma chance de um dos clientes ter ficado obcecado por ela?

- Querido, obsessão paga as nossas contas.

- Ele poderia ter descoberto a sua identidade, talvez contatá-la?

-Absolutamente não. Não, mantemos todas as meninas anônimas. Eles não podem contatá-las diretamente. Eles ligam para uma linha central e as ligações são encaminhadas pela telefonista.

Eles foram então conversar com outra pessoa, a responsável por monitorar os clientes. Castle estranhou o movimento em plena tarde e a moça explicou que existem clientes para todas as horas.

- Alguns caras precisam de uma sacudida matinal, outros, de um estimulante à tarde.

Beckett remendou.

-Deviam falar que café é mais barato.

-Não é só sexo. É a parte do negócio dele que muitos não entendem. Caras ligam, garotas ligam, eles procuram um alívio. Algumas vezes o alívio é sexual, mas outras...

- É terapia - Castle fala fazendo Beckett olhar estranho pra ele - Ou... é isso o que dizem.

- É verdade. Laura era uma deusa bem sucedida, não só pelo papo sexy, mas porque ela era uma ótima ouvinte.

- Isso pode ter causado a sua morte.

De repente a menina se sentiu mal e começou a chorar dizendo que podia ser a responsável por Laura estar morta. Contou que Laura pediu informações sobre um cliente mas era contra as regras porém Laura parecia desesperada e disse que era uma questão de vida e morte.

- Precisamos do nome do cliente.

Beckett entrava na sala de interrogatório.

- Edgar Navarro?

- Não fiz coisa alguma. Não podia me apreender em frente da minha mãe.

-Não? Onde estava ontem entre 20h e 22h?

- Do que se trata?

- Reconhece esta mulher?

- Não sei o que ela te disse, mas nós só conversamos. Não fiz coisa ilegal alguma.

-Então como ela está morta?

-Como é?

-Sei que ela te ligou, Edgar, e que vocês se encontraram.

- Não é o que está pensando. Ela precisava da minha ajuda.

- Que tipo de ajuda pode ter lhe dado?

- Aprendi a consertar computadores na prisão. Por isso Laura me ligou. Ela precisava que eu copiasse gravações digitais do disco rígido deles, mas ela não sabia gravá-los. Falei que precisava das extensões dos arquivos. Disse que os conseguiria e me ligaria para ajudá-la...

-Ela não tinha telefone, Edgar.

- Tinha, sim. Aqui está o número dela.

- Ela te disse por que precisava copiar esses arquivos?

- Ouviu alguém em uma das chamadas, ouviu algo que ela não poderia ouvir. Algo ruim. Disse que precisava de uma cópia como prova.

Beckett retornou então ao sex shop para verificar as gravações dos HD’s. perguntou se Laura havia mencionado algo sobre alguma gravação e a resposta foi negativa apenas a executiva tinha a chave para a sala e sua surpresa foi maior por descobrir que a fechadura fora arrombada e os HD’s roubados.

-Quando veio aqui por último?

-Esta manhã. Tudo estava normal.

-Deve ter acabado de acontecer.

-Visitaram o escritório hoje?

- Sim, um... Um homem da companhia de gás. Disse que havia um vazamento por causa da construção.

- Pode descrevê-lo?

- Cerca de 1,80m, branco, cabelo preto.

Beckett olhou para Castle em sinal de afirmação.

- O que esteve no apartamento na noite que ela morreu?

- O que havia nessas gravações?

- O que quer que seja... é motivo para assassinato.

Eles se entreolharam.

Resolveram continuar a investigação pela manhã. Castle estava em casa conversando com a mãe sobre o caso quando seu telefone toca revelando ser uma ligação muito suspeita.

- Alô?

- Sr. Castle... lembra-se de mim? Já te liguei antes. Sobre a segurança da detetive Beckett.

Martha pode ver o que estava no olhar do filho naquele momento. Medo.

- Lembro.

- Mais uma vez, Sr. Castle, parece que precisamos conversar.

E ele o ouviu.

Agora Castle andava de um lado a outro na sala.

- Tem certeza que é o mesmo homem que te ligou sobre Beckett?

-É ele, com certeza.

- Então a morte dessa jovem está ligada à mãe de Beckett?

- Tem que estar, por que ele ligaria?

- O que ele disse?

- Disse que havia forças superiores na jogada, que havia mais coisa em jogo do que imaginamos. Está claro que não se trata só de telessexo. O que Laura Cambridge ouviu naquela noite, chamou a atenção de alguém, alguém grande.

- Não entendo é o que deve fazer em relação a isso.

- Não sei. Ele me deu um número para contatá-lo se eu precisasse de ajuda. Disse que eu saberia quando chegasse a hora.

-Contará a Beckett?

-E dizer o quê? "Kate, recebo ligações de um cara misterioso que quer te manter longe do caso de sua mãe para você também não ser morta"?

Com aquele novo elemento adicionado ao seu segredo, Castle teve dificuldades para dormir à noite. Aquilo serviu apenas para aumentar sua preocupação com o caso e com ela.

Ao chegar ao distrito naquela manhã, ele nem gostaria de pensar o quanto alguma ligação com a sua mãe podia afetá-la naquele momento. Logo agora que ela estava aos poucos ajustando o seu modo de viver, procurando se manter afastada daquela obrigação e do peso que já a pusera à beira da morte. Vê-la assim tão relaxada de manhã cedo, comendo framboesas e alheia a qualquer situação maior de perigo apenas reforçava a sua preocupação com ela.

- É, certo. Um segundo, espere. O que você disse? Não estou comendo. Obrigada.

Quando ela desligou o telefone, olhou para ele e sorriu. Ele trazia o café.

- Oi. Chegou bem na hora.Obrigada.

Mas Beckett percebeu que havia algo estranho. O semblante dele parecia preocupado.

- O que foi?

Ele disfarçou.

- Nada. O que temos?

-Lanie ligou. Disse que encontrou fibras na boca de Laura e no esôfago. Identificada como casimira marrom clara, deve ser da manga do casaco do assassino.

Ela acrescentou o dado ao quadro. Pensativo, Castle complementou.

- Casimira marrom. Podemos reduzir os suspeitos a homens ricos com gosto impecável.

Beckett não pode resistir de brincar com ele com um sorriso nos lábios.

-Está dizendo que é suspeito?

-Alexis é meu álibi.

Espere, ela lhe fizera um elogio...bom.

- E o funcionário da companhia de gás?

- Surpresa, ele não trabalha na companhia de gás. E os policias disseram que não havia evidência forense no escritório do Disque Deusa.

- Mas o que conseguimos de lá foi abundante registro de computador, 200 páginas. Essas moças são ocupadas. Examinarei durante a manhã, tentarei identificar as ligações de Laura.

Castle teve que perguntar.

- Há ligações do escritório do prefeito?

- Não tinha certeza dele não estar envolvido?

- Só estou tentando ser meticuloso e imparcial.

- Ainda não, mas o setor privado está bem representado.

Esposito chamou Beckett e Castle viu nisso a oportunidade perfeita para abordar Ryan. Ele falou baixinho.

- Se alguma coisa aqui... tiver ligação com o tiroteio da Beckett ou a morte de Johanna Beckett, fala comigo na hora?

- Calma aí. Acham que isso está conectado...

- Não. Não "nós". Beckett não sabe e não quero que ela saiba.

-Por que acha que tem ligação?

-Eu só... Só quero checar todas as possibilidades. Tudo bem?

-Tudo bem.

-Obrigado.

E Beckett tinha novidades. Disse que Laura fora de taxi a uma estação de TV e Esposito traqueou o numero de celular que Edgar usava. Aparentemente, ela usara pouco ativara a 6 dias e além de Edgar ela ligou apenas para uma pessoa, um agente de livros, Trevor Hanes.

Castle e Beckett foram visitá-lo.

- É absurdamente trágico. Laura era uma escritora incrivelmente talentosa.

-Era o agente dela?

-Sim. Ela se tornou nossa cliente há 6 meses.

-Uma proposta incrível de livro.

-Sobre o quê?

- Uma acusação mordaz da desigualdade social vista pelos olhos do trabalhador pobre. Uma visão contemporânea de "Como Vive a Outra Metade". Uma jovem privilegiada larga o conforto para viver a vida na pobreza.

- Por isso ela pegou aqueles empregos. Pesquisa. Castle sorriu aprovando.

- É algo que se auto vende.

- Precisaremos de uma cópia do manuscrito. A pesquisa dela pode ter causado sua morte.

- Não há um. Bom, não que eu tenha visto. Além disso... não acho que ela foi morta por causa de seu discurso anticapitalista.

-Como assim?

-No começo da semana, ela ligou e disse que achou uma história mais chocante. Um escândalo envolvendo um proeminente e muito poderoso novaiorquino. Ela disse que abalaria as estruturas da cidade.

- Que novaiorquino proeminente?

Mas a pergunta fora retórica porque tanto Castle quanto Beckett pensaram no prefeito.

- Ela não disse. Supus que seria assunto do próximo livro. Discutiríamos isso esta semana.

O celular dela tocou.

- Desculpe. Com licença.

Quando voltou apenas falou que precisavam ir a estação de TV.

Espósito os apresentou.

- Este é Pat McConnell, amigo de faculdade dela. Conte o que me disse.

- Eu não via Laura há anos. Há alguns dias, ela me ligou do nada. Disse precisar ver algumas gravações nossas como pesquisa para um projeto dela. Então a deixei usar essa mesa. Ela ficou aqui mais de 8 horas. Ela até dormiu. Vim checá-la e estava de olhos fechados.

-Gravações do quê?

-Eventos com o prefeito. Reuniões na câmara, aberturas de parquinhos, bastidores de conferências.

- Escândalo sobre um novaiorquino proeminente e poderoso.

Beckett olhou para Castle que também parecia surpreso. Espósito orientou.

- Vejam a última filmagem que ela assistiu.

- Da Fundação Vagão da Leitura. Fui à festa deles ano passado.

- Vejam a garota no canto da tela.

Beckett foi quem falou.

- É Laura.

- Impossível. Ele disse que não a conhecia.

- Castle, veja o que o prefeito está vestindo.

- Um casaco marrom claro. E parece casimira. Igual ao casaco que o assassino usava.

E ela olhou para ele notando que Castle parecia perplexo.

De volta ao distrito, ela acelerava o passo. Aquilo tudo parecia se transformar em um grande desastre.

- Beckett, conheço o cara. Conheço há 12 anos. Ele não é um assassino.

-Você não sabe isso.

-Sei sim.

- Castle, ele mentiu sobre não conhecer a vítima.

Beckett se servia de café.

- Ele estava do lado dela. Não significa que a conhecia. Sabe quantas pessoas ele conhece todo dia? Esperar que ele lembre de todas como esperar que eu lembre para quem já dei autógrafo.
Ela sabia que ele tinha razão mas também precisava de evidência contrária, não podia basear a investigação na amizade de Castle com o prefeito.

-Está sendo parcial.

-Claro que estou. Robert Weldon é um bom homem.

- Até homens bons cometem erros. Ele tinha acesso ao carro. Segundo o assessor, ele saiu do evento às 21h. Está dentro da hora da morte.

Castle estava ficando chateado.

-Tudo bem. Qual foi o motivo dele?

-Não sei. Ainda não.

-Então dê uma chance a ele. Porque no minuto que for para cima dele, a carreira dele acaba.

Ela sabia disso e não gostava nem um pouco de poder ser a pessoa responsável por isso. Nesse momento, Gates entra na copa e pergunta sobre novidades, especialmente sobre conexões com o prefeito e Beckett omite a informação. Gates pede para ser avisada quando algo aparecer e sai. Beckett não está nada satisfeita.

- Ótimo. Agora sou mentirosa.

- Sabe o que acho? Que ela espera que seja ele. Se ele sair, eu saio.

- Castle, não pode achar que isso é sobre você.

Ela se virou para voltar à mesa dela.

- Aonde está indo?

- Tem razão. Precisamos saber o motivo dele. Gates não deixará expedir mandado para o casaco sem isso.

- Sério? Para isso que quer saber?

A tensão estava claramente no ar entre eles.

- O que quer que eu faça, Castle? Sei que ele é seu amigo, mas me desculpe,se ele matou a garota...

-Não matou.

- Então me deixe provar.

-Ryan? Mais alguma coisa no vídeo?

- Sim. Laura estava usando um crachá de voluntária da Fundação Vagão da Leitura. Ela trabalhava na instituição do prefeito.

- Não significa que ele a conhecia.

- Ryan, venha comigo.

Ela estava prestes a fazer algo que odiava e a consumiria por um bom tempo.

- Castle, desculpe, mas não consegue ser imparcial, então investigarei isso sozinha.

O rosto era imparcial, demonstrando a firmeza de sempre mas por dentro Kate Beckett estava arrasada, de coração partido por ter que afastá-lo e por ter que agir contra os instintos dele e seus próprios. Tudo que ela queria nesse momento era provar que o prefeito não tinha nada a ver com o caso.

Ela e Ryan descobriram que Laura trabalhara pouco tempo na fundação fora demitida por ser pega copiando arquivos confidenciais. Houve um desvio de 2,3 milhões de dólares e a fundação estava sob investigação, o prefeito estava entre os investigados confirmado pela procuradoria.

Ela e os rapazes debatiam o assunto no distrito.

- Procurávamos um motivo e aqui está, um de US$ 2,3 milhões.

- Weldon desfalcou a própria instituição.

- Alguém deve ter contado a Laura durante uma das sessões e ela decidiu investigar.

- Quando ela achou provas suficientes, ele a matou para calá-la.

Beckett estava apreensiva. Olhava para a sala de Gates. Foi Esposito quem perguntou.

- Contará para ela?

- Tenho que contar.

-Isso destruirá Weldon.

-Eu sei.

O olhar dela era de pesar, preocupação e tristeza. Foi Esposito que disse o que ela estava evitando até mesmo pensar.

- Ele cai e a primeira coisa que ela fará... é se livrar de Castle.

- Eu sei.

Ela se levantou buscando coragem onde não tinha e entrou na sala de Gates.

- Tem certeza disso?

- Sim, senhora. Mas no momento que pedirmos um mandado para o casaco isso se torna registro público.

-E daí?

-Então todos saberão que o prefeito Weldon é um suspeito.

-E não é?

-É, mas... E se eu estiver errada? Poderia arruinar a carreira dele.

Droga! Ela sabia que demonstrara vulnerabilidade na frente de Gates. É claro que a capitã entendeu a dúvida e a apreensão da jovem detetive.

- Somos encarregados, pela cidade de Nova Iorque, de proteger os cidadãos. Às vezes, esse trabalho vem com um custo. Sei do que me chamam, detetive. "Gata de aço". Ouço os cochichos. "Ela veio da Corregedoria. Deve odiar policiais". Na verdade... amo policiais.

- Meu pai foi policial. Meus tios eram policiais. O sargento que agrediu meu parceiro de patrulha, que cometeu abuso de poder... Quem o responsabiliza? Nós - enfatizou.

Beckett olhava séria para a mulher a sua frente. Ela sabia o que era ter sido esquecida ou traída pelo mesmo sistema que defendia.

- Vá até o prefeito, veja se ele entrega o casaco voluntariamente para teste sem o mandado. Diga que é o único jeito de manter isso fora da mídia. Se ele recusar... peça o mandado e faça seu trabalho. Não importa o custo.

E Beckett deu um pequeno sorriso e baixou a cabeça. Sabia muito bem que Gates não falava apenas da reputação do prefeito, para ela havia algo bem mais importante nisso tudo. Castle.

Ela decidira que ia fazer isso na primeira hora da manhã. Agora tudo que ela queria era esquecer esse caso por uma noite. Por poucas horas. Infelizmente, ao chegar em casa, tudo o que ela pensava era em Castle. Beckett não acreditava que o prefeito fosse capaz de cometer assassinato. Não, gostava dele e acreditava em Castle porém isso não significava nada sem provas.

Após o banho com intuito de relaxar, Beckett colocou uma música para acompanhar o vinho que bebia. Lembrou-se das palavras de Esposito, se o prefeito cair, Castle se vai. Ela não o queria longe da sua vida, não queria ficar sem o melhor parceiro que já tivera muito menos queria ficar longe do seu amigo, do homem que a fez querer seguir em frente, que a fazia sorrir e sentir-se feliz, o que não acontecia a um bom tempo.

Naquela noite, os pesadelos que a muito não a incomodavam, retornaram. Dessa vez não tinham a ver com snipers ou tiros que a acertavam e a matavam. Eles se resumiam a Castle. No sonho, o prefeito era preso por assassinato. Ela e Castle tinham uma briga feia, havia choro, gritos, insultos. Ele a acusava de te-lo prendido injustamente e Gates o expulsava do distrito. A última frase dele para ela partira seu coração, a desmontara. “Pensei que te conhecesse, Kate. Não esperava isso de você, me traiu, não acreditou em mim. Nunca mais quero ver você, Kate. Adeus.”

Ela acordou no meio da noite ofegante. Chorava. Não, isso era só um pesadelo. Castle não faria isso com ela, certo? Ou faria? Durante um bom tempo ela não conseguiu dormir. A idéia de não te-lo por perto, de enganá-lo novamente não podia sequer ser cogitada por ela. Mesmo assim, ela sofria com medo de que isso acontecesse.

Não, você vai fazer seu trabalho e vai provar que nada disso é real. Você será a detetive que sempre acha o culpado e dessa vez, ele não será o prefeito.

Na manhã seguinte, Castle pensara muito sobre e a frase de Beckett de ontem “até os homens bons cometem erros” isso fora como um soco no estômago. Ele era um homem bom. Ele tinha um segredo que não podia revelar a ela, o que isso o tornava a seus olhos? Assim como o prefeito. Mas Castle não estava disposto a jogar a toalha ainda e foi procurá-la no distrito.

Beckett já estava de saída quando o viu a sua frente.

- Está indo falar com Weldon?

- Estou.

- Gostaria de ir com você. Acho que posso ajudar.

- Eu acho que não pode.

- Escutei o que você disse. Mesmo. E acho que posso ser útil. Jogo pôquer com ele. Sei quando ele está blefando.

Ela baixou a cabeça por um momento ao fazer a próxima pergunta. Memórias da noite anterior retornavam a mente dela.

- E se eu tiver que forçar a mão dele, ainda será útil?

- Não acho que foi ele. Mas se foi, eu quero saber. Isto me deixa imparcial.

Uma pequena comoção instalou-se no gabinete do prefeito antes deles conseguirem falar com ele.

- Senhor, não precisa falar com eles. É meu trabalho.

- Tudo bem, Brian. Não preciso de proteção.

-Senhor...

-Não fiz nada errado.

Eles saíram e fecharam a porta.

- V. Ex.ª, agradeço que fale conosco.

- Pareceu que eu não tinha escolha.

- Da última vez nos que falamos, disse que não conhecia Laura Cambridge.

-Isso mesmo.

E Beckett mostrou a foto tirada do vídeo.

-E aqui está você, ao lado de Laura, voluntária no Vagão da Leitura.

- Não a reconheci, mas neste contexto, lembro dela. Esta festa foi há alguns dias. Ela tentou falar comigo, mas...

- E conseguiu?

- Não, precisei falar com uns doadores. Lembro que ela queria falar comigo, mas circunstâncias impediram.

Foi a vez de Castle perguntar.

-Então nunca conversaram?

-Não.

-Nem por telefone?

- Honestamente, depois daquela noite, nem pensei nela de novo.

- Nesta foto, está usando um casaco marrom claro. Gostaríamos que o enviasse para a perícia.

Castle pedia silenciosamente que ele o fizesse. O prefeito virou-se de costas para eles antes de dar sua resposta.

- Respeitosamente, recuso-me.

-Por quê? Beckett perguntou.

-Robert... - Castle queria que ele cooperasse - Dê o casaco a ela. Será bom para você.

-Sinto muito, não posso.

-Por quê? Beckett insistiu.

- Não tenho nada a ver com o assassinato de Laura, ou com o roubo do dinheiro da minha caridade, ou com qualquer acusação das últimas 48 horas. Acha que são coincidências?

-Robert...

-Estou falando. É exatamente o que queriam que acontecesse. Então não, não te darei meu casaco. Há uma conspiração contra mim e não irei alimentá-la.

-Que conspiração?

- Não acha engraçado isto acontecer no momento que decido concorrer para governador? Rick, estou acostumado a ter inimigos. Mas isso é uma força tarefa para me destruir. Então agora, não confio em ninguém.

Enquanto deixavam o prédio da prefeitura, eles conversavam.

- Ele tem boas razões para não entregar o casaco.

- Sim, culpa.

- Uma conspiração. Não é absurdo? Talvez Laura descobriu e tentou avisá-lo.

- Ou talvez ela e Weldon conversaram. Ela o confrontou com o que sabia e ele a matou.

- Acredito na conspiração. Conheço Weldon.

- E Weldon te conhece. Conspirações, intrigas... é comum para você. É o tipo de história em que acredita.

Eles estavam de frente um para o outro. Os nervos estavam aflorando. A tensão visível.

- Desculpe, está dizendo que ele está fingindo?

- Estou sugerindo que considere a possibilidade.

Ela lembrou-se das palavras de Gate e disse.

- Tenho um procedimento a seguir. Ele não entregou o casaco. Então precisamos de um mandado.

- Assim que vazar que a NYPD deteve o casaco sob alegações de desvios e assassinato, sua carreira acabará.

-Não se for inocente.

Castle não acreditava na forma inocente como ela via as coisas.

- Está brincando comigo? Kate, isto é política. Suposições são realidade. A verdade pouco importa.

Ela baixou o tom de voz e perguntou.

- O que devo fazer, Rick? Não posso deixar de ser policial porque é inconveniente.

- Não, mas pode esperar. Certo? Por alguma outra pista.

- Ou até que o casaco desapareça? Acha que não sei o que está em jogo? Acha que quero fazer isso?

Ela estava se corroendo por dentro, será que ele não percebia?

-Então não faça.

-Não tenho escolha.

Ele pedira algo que ela não podia fazer. Beckett saiu da prefeitura chateada, confusa e pior brigada de certa forma com ele apenas por ter que cumprir seu trabalho. E ela se odiava por isso. Porém, Castle não se deu por vencido, foi atrás dela e conseguiu alcançá-la na rua.

- Kate! Espere!

- Não agora, Castle... por favor!

- Não! - Ele agarrou o braço dela virando-a para si – Tem que ser agora!

Ela puxou o braço da mão dele e o encarou.

- Será que você não vê o que está sendo plantado aqui? Não é o meu lado de escritor que está fantasiando sobre uma conspiração, Kate. Há algo podre aqui. O risco é muito alto.

- Eu sei o que está em jogo aqui, Rick. Bem até demais. Acha que está sendo fácil para mim? Gates é minha superior, minha chefa. Tenho que fazer isso!

- Está querendo segurar seu emprego? Sua carreira? E quanto ao Robert?

Isso fora golpe baixo. Ela não esperava ouvir aquilo dele.

- Eu procuro fazer justiça a Laura como já fiz a tantas outras vitimas,Rick. Você sabe muito bem que não tem nada a ver com a minha carreira.

- Fazer justiça destruindo um inocente? Desde quando você é tão fiel a Gates? Kate, você tem uma escolha.

- Não se trata de fidelidade a ela. Gates sabe onde o caso está se não pedir esse mandato ela saberá o porquê. E você sabe qual será o próximo passo dela Rick? Te expulsar do distrito! Ou você ainda tem alguma dúvida que ela não faria isso? É isso que você quer? Então não me diga o que devo ou não fazer.

Ele a fitava sério. O olhar sombrio mostrava o quanto aquilo estava mexendo com ele também. Ele baixou o tom de voz procurando tirar a agressividade que ambos criaram entre si.

- Isso não é um filme de Hollywood Kate onde os mocinhos sempre vencem. É política pesada, da mais sórdida possível. Você não pode lutar contra isso sem haver conseqüências. Elas existirão, Kate.

Ela segurava as lágrimas que brilhavam nos seus olhos.

- Estou ciente das conseqüências e até onde sei, elas afetarão muito mais a mim do que a qualquer pessoa. Mal tenho dormido por causa disso mas devo conviver com isso, tenho que fazê-lo. Por favor, não me peça nada diferente disso.

Ela saiu caminhando pela calçada deixando as lágrimas rolarem. Castle ficou olhando ela se distanciar. Socou o ar com muita raiva pelo que ele acabara de provocar. Eles acabavam de dar um passo atrás na caminhada do relacionamento deles.

O prefeito deu uma declaração na TV de que estava cooperando com as investigações da policia de NY e que sabia que seria considerado inocente. Castle ao vê-la continuava acreditando que seu amigo era inocente e que algo muito podre estava por trás disso tudo. Ouvindo o conselho de Martha, ele decidiu fazer uma ligação.

Era tarde da noite quando Castle chegou ao local determinado para o encontro. Um ambiente escuro e mórbido. Ele não sabia no que poderia resultar tudo isso, mas tinha que arriscar por Weldon, por ele e por Beckett.

- Aqui, Sr. Castle. Ficará tudo bem.

- Sabe que não é culpa de Weldon. Por isso se ofereceu para ajudar. Ele está certo sobre a conspiração, não é?

- Ele não está errado.

- Então o que devo fazer? Como o ajudo?

- Escute a evidência. É o que Laura fez.

-Não, assisti ao vídeo de Laura e do prefeito. Não há nada lá.

Um carro apareceu cantando pneu e dando luz alta.

-Não foi o que disse, Sr. Castle.

Após isso, ele simplesmente desaparecera.


XXXXXXXX


Kate chegou em casa com uma dor de cabeça terrível. Aquela não era a hora nem o lugar de brigar com Castle, no meio de um caso tão complicado para ambos, onde tanto estava em jogo... eles deveriam se apoiar não se insultar.

Eles estavam tão bem principalmente depois do casamento de Ryan. Ela estava mais aberta, sentia-se bem. Esse caso, ele veio minar parte do caminho que ela trilhara nesses meses. Tudo o que ela queria era achar uma evidência que inocentasse o prefeito ou então... – droga! Ela sequer gostava de cogitar essa possibilidade. Se Castle deixasse o distrito, o que ela faria? Se isso acontecesse a 3 anos atrás, ela tinha certeza que nada disso a afetaria mas hoje, ela está completamente envolvida com ele. Castle não era apenas o escritor que a tomou como musa. Ele tornara-se seu amigo, seu parceiro e agora ele ocupava um lugar especial na sua vida e no seu coração. Como ela poderia perdê-lo? O que significava não ter Castle presente em sua vida?

Novamente, Beckett tivera pesadelos naquela noite.

Gates a entregara uma prova irrefutável contra Weldon. Beckett teria que prendê-lo. Não tinha escolha. A Capitã a enviou à sede da prefeitura enquanto chamara Castle na sua sala. Estava acabado. Ela expulsaria Castle do distrito e faria isso sem a presença dela ali. Beckett fora cumprir a sua obrigação. Ao descer as escadas com o prefeito algemado, ela viu Castle a olhando como ele jamais a olhara antes. Frio, duro, um olhar que ela podia traduzir como traição. Ela pediu para Ryan levar o prefeito. Foi até ele com os olhos já cheios de lágrimas.

- Sinto muito, Castle... de verdade.

- Não mais que eu. Você está livre de mim.

- Não, eu vou falar com Gates, não quer que você vá embora, Castle. Preciso de você!

- Não tem mais volta, Kate. Acabou.

Ele virou-se e começava a ir embora. Beckett chorava e chamava por ele.

- Castle, não...por favor....

- Castle!!!


Acordara suada e gritando. Ela foi se arrastando para o banheiro. Vomitou. Todas as sensações que sentira após o caso do sniper voltaram. Agora se misturavam ao medo de Castle ir embora. Medo de fracassar nesse caso e perder alguém especial, a pessoa mais importante da sua vida.
Tornou a levantar-se devagar e jogou-se na cama. Assumindo a posição fetal, ela chorou.


XXXXXXXXX


Pela manhã...


Ela estava no consultório do terapeuta. Estava pálida.

- O que houve, Kate?

- É esse caso, ele está afetando minha vida, meu trabalho e minha relação com Castle.

- Porque?

- Não posso entrar em detalhes, é algo sigiloso mas que se confirmado, Castle pode deixar o distrito. Na verdade, tenho certeza que Gates o expulsará. De novo estou confusa e com medo.

Kate respirava fundo tentando não chorar.

- Nós brigamos, nos insultamos. Deixamos o caso e nossos interesses subirem à cabeça em vez de nos apoiarmos. Não estamos bem. Porque ele não entende que preciso fazer meu trabalho?

- E por acaso ele te disse isso? Ou você está inferindo?

- Ele deu a entender quando disse que eu estava pensando na minha carreira e em agradar Gates.

As mãos eram esfregadas nas coxas tentando conter a ansiedade que a impedia de pensar claramente.

- Eu voltei a ter pesadelos.

- Com o tiroteio?

- Não, com Castle. Ele me vendo como uma pessoa ruim, como uma traidora. Nos sonhos ele vai embora, sem remorso, sem dúvidas. Não quero que isso aconteça.

- Kate, olhe para mim.

Ela obedeceu.

- Você precisa resolver o caso. Seja a policial que ele admira, ache o caminho e a saída. Erga a cabeça e use a coragem para enfrentar essa adversidade. Feito isso, sei que você achará um meio de fazer as pazes com Castle. Vocês sempre acham e sabe porque? O sentimento que nutrem um pelo outro sempre falará mais alto.

Ela engoliu em seco.

- Faça o que você faz de melhor. Vire o jogo e vença. O resto é conseqüência.

Beckett estava pensativa olhando a gravação da declaração do prefeito à mídia. Os olhos foram cobertos de maquiagem para disfarçar as olheiras. Ryan a viu olhando para tela.

- Encontrei Weldon algumas vezes antes. Gostei dele.

-Não ateou fogo na casa dele. Disse Ryan.

-Não. Só joguei gasolina nela.

O celular tocou. Era Castle.

Beckett foi encontrá-lo na frente do sex shop. De alguma maneira, ela estava nervosa.

- Obrigado por vir. Não tinha certeza que viria, dada as circunstâncias.

Ela parecia tocada, lutando com a emoção de confrontá-lo, procurou dizer algo que o acalmasse e quem sabe a ela também.

- Não posso me desculpar por fazer meu trabalho, Castle.

- E eu nunca pediria isso.

Aquela declaração dele, aliviou o peso da sua consciência e de seu coração. Ela virou a cabeça para o lado a fim de não revelar a emoção.

- Por que me chamou aqui?

- Porque tive uma epifania. Todo esse tempo, estivemos procurando por evidências, ao invés de escutá-las. Tudo começou quando Laura disse a Edgar que ela havia escutado algo, algo que não deveria ouvir. Nós, escritores, chamamos de "Incidente Provocado". Seja com quem ela falou, ou o que ela ouviu, é a razão do assassinato.

-Por que isso importa? O disco rígido foi roubado, os registros desapareceram. Nunca saberemos o que ela ouviu.

- Mas saberemos de quem ela ouviu.

- Lembra de como Laura adormeceu assistindo aquelas filmagens no Gotham 11?

- Ela estava com os olhos fechados. Não assistia o vídeo, escutava-o.

- Ela tentava identificar a voz de quem ligou?

- Pedi para Sarah, a deusa despachante, ouvir aquelas filmagens.

- É ele. Tenho certeza. Era um cliente regular de Laura.

- Mostre a ela.

O vídeo começou.

- Quanto mais preciso ficar aqui?

-O prefeito?

- Mais 20 minutos, senhor, e voltaremos para o escritório...

- Aquele cara.

- Jordan Norris. Assistente Adjunto do Chefe de Gabinete do prefeito.

Na sala de interrogatório, Beckett fazia as perguntas.

- Sr. Norris, você nos disse que não conhecia Laura Cambridge.

-Correto.

-Mesmo assim, sua avó de 89 anos, Greta Markenson, conhecia. De acordo com o registro do telessexo, Laura recebeu inúmeras ligações dela.

- O que fez a pobre Greta parecer bem animada, até percebermos que você cuida do apartamento dela.

- Posso ter ligado para esse serviço algumas vezes, mas nunca soube com quem estava falando. Como saberia?

-Já chegaremos nisso. Enquanto isso... checamos seu registro telefônico e você enviou esta mensagem para um celular descartável há um mês. Para a maioria das pessoas, isso seria uma série de números aleatórios. Então pesquisamos. Na verdade, são números de uma conta bancária para o prefeito Weldon e a caridade dele.

- Números que alguém poderia ter usado para parecer que o prefeito estava desviando dinheiro.

- O homem confiou em você e você o traiu. O que eles te deram, Jordan? O que te prometeram?

- Pensei que era só pelo dinheiro. Não sabia. Não sabia que tentariam destruí-lo.

- E quando soube que tinha traído o homem pra quem trabalha, isso te consumiu, não foi? Tanto que naquela noite, após muitas doses de tequila, você ligou para Laura e deixou tudo escapar. Não era sua intenção, mas ela era uma ótima ouvinte.

- Era anônimo. Eu deveria estar seguro.

- Mas não estava porque ela era escritora e você lhe deu uma história incrível. Então ela te encontrou. Confrontou você. Ela iria expor você a seus amigos. Ela precisava ser parada.

Foi a vez de Beckett falar.

- Falamos com seu porteiro, Jordan. Sabemos que ela te visitou naquela noite.

- Certo. Ela estava lá. Mas ela foi embora depois de 20 minutos. Não a matei.

-Você não precisava. Tudo que precisava fazer era ligar para o mesmo telefone e seja quem for que atendeu mandou um homem, um homem sem rosto, tirar a vida de Laura Cambridge. E então ele invadiu a casa e o trabalho dela e destruiu todas as evidências do que ela sabia.

- De quem era o telefone, Jordan? Perguntou Castle.

- Você não entende. Essas pessoas... são mais perigosas do que pensa.

Essa frase de Jonas fez uma luzinha se acender na mente de Castle. A sua própria ligação para o tal homem. Sim, tinha muito mais ali e Beckett continuaria perguntando e ao julgar pela forma convicente que ela conduzia um interrogatório, talvez ela tropeçasse em algo perigoso e proibido.

- Você pode pegar 20 anos de prisão. Estou te oferecendo uma saída. Para quem ligou? Quero um nome.

Ela insistiu.

- Para quem ligou?

-Eu...

-Um nome, Jordan.

Ela podia ser muito persuasiva. Castle estava preocupado.

- Diga.

- Certo. A pessoa para quem liguei foi...

A porta da sala se abriu e um homem desconhecido surgiu falando.

- Se estiver de acordo, prefiro que não faça mais perguntas ao meu cliente.

-Seu cliente?

-Sr. Norris, sou Bill Moss. De agora em diante, por favor, não fale com ninguém sem minha presença. Fui contratado para te representar.

- Por quem? Kate perguntou. Não estava acreditando nisso, ela estava tão perto.

- Já chega por aqui.

E ele se calou, era o fim do interrogatório. Castle estava um pouco aliviado com tudo isso. Ele olhou discretamente para Beckett, sabia que ela não estava nada satisfeita.

Beckett estava desfazendo o quadro de evidências quando Gates se aproximou.

- Parece que o prefeito sobreviverá para mais um dia. A justiça prevaleceu.

- Não para Laura Cambridge. Beckett retrucou.

- Acusamos Sr. Norris por cumplicidade. É alguma coisa.

-Jordan Norris é um peão. Quero quem o controla.

- É um longo jogo, Kate. Jogue peça por peça.

Castle a observava de longe. Sabia que ela detestava deixar um crime em aberto. Ainda não sabia como as coisas ficariam entre eles. Decidiu visitar o prefeito.

- Por que abandonaria todos os seus planos? Foi inocentado das acusações.

- Pra quem mata todos os personagens, você tem um estranho e teimoso vestígio de otimismo, mas não. Não posso concorrer para o governo nem presidência. Aquele sonho... acabou.

- Deve haver algo que possamos fazer.

- Você é inocente. Muito inocente. Há pessoas lá fora, percebi agora, pessoas que controlam o que há na cidade e além dela. Eu não participaria da jogada, então me tiraram do jogo. Foi decidido. É até onde posso chegar.

Castle olhava para ele sério. Sabia exatamente do que ele falava sobre o controle estar além deles.

- Então o que fará agora?

- Eu... continuarei sendo um ilustre prefeito para a melhor cidade da Terra.

Castle não estava satisfeito com tudo o que ouvira, se o que ele imaginava era podre, ele sequer estava perto de entende-lo. Talvez a vida de Beckett corresse muito mais perigo do que ele pensava. Querendo encontrar respostas, ele ligou para o tal número novamente. Foi encontrá-lo.

- Por que me contatou, Sr. Castle? O caso está resolvido.

- Resolvido? Como está resolvido? Alguém tentou destruir o prefeito da cidade e quero saber quem.

- Confie em mim quando digo que não é problema seu.

- É, se envolver Beckett ou o assassinato da mãe dela.

- Você é um escritor, termine essa frase. Se Weldon tivesse deixado o cargo...

- Eu teria que sair da 12º.

- E quem impediria Beckett de procurar o que não deveria? Quem a manteria longe dos perigos?

- Então fez isso para protegê-la? Por quê?

- Joga xadrez, Sr. Castle? Há momentos nos quais um peão bem posicionado é mais poderoso do que um rei.

Então era isso. Ele era esse peão. O cara começou a ir embora.

- Tenho seu número se precisar te achar.

- Você não me acha, Sr. Castle. Eu te acho.

E desapareceu deixando um Castle pensativo no escuro.


Apartamento de Castle

Ele estava sentado na sua cadeira do escritório. Um copo de whisky na mão. Procurava entender o que acontecia nos bastidores da cidade de NY. Que sociedade secreta ou conspiração era essa tão poderosa que era capaz de mexer com autoridades e homens supostamente influentes? O que Johanna Beckett encontrou que custou a sua vida e parece colocar sua própria filha em risco sempre que ela se aproxima de algo ligado ao caso da mãe?

E ele, como se envolvera a ponto de ser considerado indispensável e responsável pela segurança de Beckett?

Kate...

As coisas entre eles não terminaram bem no último caso. Discutiram, ofenderam um ao outro e suas ações acabaram por balançar sua relação que se desenvolvia tão bem, que os tornava a cada dia mais íntimos. Sinceramente, Castle não sabia o que devia fazer para reverter essa situação. Seria ele a dar o próximo passo? Deveria se desculpar?

Ele não percebera a campainha tocar. Apenas quando viu a silhueta de Alexis encostada à porta passou a prestar atenção no mundo ao seu redor.

- Pai, tem alguém aqui querendo te ver...

A menina fez sinal para que se aproximasse e Castle a viu. Estava séria, pálida. Bem diferente da mulher que o inspirara. Tinha os cabelos presos em um rabo de cavalo e vestia-se de modo simples. Camiseta branca e calça jeans e um moleton da NYPD.

- Obrigada, filha.

Alexis saiu fechando a porta do escritório.

- Oi, Kate. Não esperava por essa visita ainda mais essa hora da noite. Já passa das 10. Está tudo bem?

Ela sentou-se na cadeira de frente para Castle. Ficou calada por alguns segundos e por fim falou.

- Eu não sei...simplesmente não sei.

Ele se levantou e foi até ela. Percebeu que ela estava à beira do choro, tinha os olhos fundos. Mas ela não estava assim pela manhã, estava? Ele se agachou ao lado dela.

- O que aconteceu, Kate?

- Tudo... e-eu não consigo... eu voltei a ter pesadelos, Castle.

- Oh, Kate... pensei que você estava melhor, que estava superando a história do sniper e...

- Não, Castle. Foi diferente. Não era o sniper, era você. Deus! Esse caso do prefeito ele me afetou. Eu não durmo direito desde que tudo isso começou! E depois que... você e eu brigamos só piorou.

Ela passou a mão no rosto para evitar que lágrimas caíssem. Não queria encará-lo.

- Porque você não falou antes? Porque não me ligou?

- Ligar?! Nós brigamos! Insultamos um ao outro. Eu nem sabia se íamos nos falar novamente. E foi exatamente isso que me deixou assim... se o prefeito fosse culpado, você iria embora, sairia da minha vida, e-eu não sei se...

- O que você não sabe?

- Eu não sei se ficaria bem, você é meu parceiro, meu amigo, me acostumei a ter você por perto mas se Gates o expulsasse do distrito, o que aconteceria? Você certamente não iria me perdoar por prender seu amigo, você ficaria magoado comigo por não ter outra escolha, por ter feito o meu trabalho.

Ela se levantou e começou a andar de um lado para o outro.

- Eu sempre fiz tudo por meu trabalho, escolhi por honrar as vitimas. Exceto que pela primeira vez, eu não me senti satisfeita com o desfecho do caso. Lembrei da minha mãe. Como eu também devo isso a ela, ou penso que devia.

Castle ficou em alerta as próximas palavras dela. Será que Beckett desconfiava de uma suposta ligação entre os casos?

- Só então percebi que a minha frustração não estava no caso em si. Estava no simples fato de que colocamos nossas opiniões acima de quem somos realmente. Deixamos nossos interesses falarem mais alto e nos atacamos. E por um instante, Castle eu me vi sozinha novamente. Arriscando tudo pela justiça, para provar que estava certa enquanto esquecia que poderia estar me afundando numa investigação sem fim sem avaliar as conseqüências.

- Se você fosse embora do distrito... da minha vida...teria valido a pena fazer justiça? O que eu ganharia com isso? Você me olhava tão friamente, Rick. Parecia estar enviando uma faca no meu peito.

Ela finalmente olhou para ele. Uma lágrima escorria pelo rosto dela. Castle sentiu-se penalizado por todo o redemoinho de emoções em que ela se projetara. Ele se aproximou dela e tomou-lhe as mãos nas suas.

- Foi apenas um pesadelo, Kate. Nada disso é real. Eu não vou embora do distrito. O caso está encerrado.

- Agora está, mas quantos outros casos poderão haver que tragam essa mesma ameaça para nós? E quando Weldon sair do poder? Como ficamos, Rick?

- Kate não podemos achar...

- Rick eu não quero brigar com você, não podemos nos agredir, somos parceiros, amigos. Como posso saber se isso não afetou nossa relação? Como não afetará nosso futuro?

- Kate, não vai. Olhe pra mim.

Ela obedeceu. Os olhos rasos d’água.

- Mesmo que algo ruim aconteça e eu seja obrigado a deixar o distrito, tenha uma coisa em mente. Eu não vou sumir da sua vida, você não irá me perder. Eu prometo, Kate. Você pode achar que estou lá apenas pelo mistério, pela aventura, por querer escrever mais livros. A verdade é que não se trata mais dos livros, Kate, faz algum tempo já.

Ele tomou fôlego lembrando do segredo que escondia dela e que poderia ser um grande obstáculo para eles.

- Qualquer dificuldade, problema que apareçam, iremos lidar com eles. Juntos. Estarei aqui ao seu lado, always.

Ele sorria para ela. Um olhar sincero que a confortava, a aquecia por dentro. Num impulso, ela o abraçou e chorou. Deixou todo o peso do medo esvair-se com as lágrimas. Castle a envolveu pela cintura acariciando as costas dela, confortando-a.

- Shhh... está tudo bem, Kate. Pode chorar... eu estou aqui. Não vou a lugar nenhum.

- Eu tive medo...e-eu já perdi tanto Rick...

- Você não vai me perder Kate. Acredite em mim.

Ela afastou-se um pouco dele. O rosto marcado por lágrimas. Com o polegar, ele limpou a face dela. Um pequeno sorriso se formou no canto dos lábios de Kate.

- Eu estou um horror... um verdadeiro desastre.

Ela baixou o rosto mas Castle ergueu a cabeça dela segurando-a pelo queixo.

- Não, você está apenas cansada.

- É... preciso descansar... dormir. Mas e se os pesadelos voltarem?

- Eles não voltarão, Kate. E se isso acontecer, estarei ao seu lado, segurando sua mão.

Ela o olhou confusa.

- Vem, você vai dormir aqui hoje. Não vou deixá-la ir para casa a essa hora da noite.

- Não acho uma boa idéia. Alexis, ela está...

- Hey, não se preocupe com isso. Venha comigo.

Ele a envolveu num abraço e juntos subiram a escada para o quarto dele. Beckett livrou-se do moleton e dos tênis. A cama de Castle parecia tão convidativa... talvez fosse o sono que a dominava. Ele foi ao banheiro e voltou com um copo d’água e um comprimido.

- Tome, isso vai ajudar você a dormir.

Ela não discutiria com ele, precisava disso. De alguém que cuidasse dela nesse momento. Após tomar o comprimido, ela foi se arrastando lentamente até a cama. Castle correu para puxar o ededron e ajudá-la a deitar. Ela deitou-se de costas para ele e inspirou o travesseiro. Sorriu. Tinha o cheiro dele.

Castle a cobriu e foi ao banheiro. Depois de um banho rápido, ele vestiu um pijama e escovava os dentes quando a ouviu falando.

- Castle? Você não vem pra cama?

- Já vou...

- Você prometeu...minha mão.

Ele percebeu que ela já estava sonolenta. Ainda bem. Ele aproximou-se e deitou do outro lado da cama. Ao perceber o movimento, Kate de olhos fechados, esticou o braço procurando por ele. Castle entrelaçou seus dedos nos dela.

- Estou bem aqui...

- Senti seu cheiro...sono...boa noite Rick.

- Boa noite, Kate.

Ele inclinou-se e beijou-lhe a testa. Como ela previra, os pesadelos voltaram porém dessa vez, ele estava lá para confortá-la. Quando acordou gritando, ele a abraçou e a acalmou. Voltou a dormir abraçado a ela como já fizera outra vez, acariciando o rosto, o braço dela e beijando o ombro, Castle percebeu quando a respiração dela se acalmou indicando que voltara a dormir. Ela não soltara a mão dele em nenhum momento durante a noite. Exausto, ele também adormeceu.


Continua...........


4 comentários:

Bristow disse...

Nossa, perfeito.
Amei principalmente a arte Angst.
Parabéns!

Eliane Lucélia disse...

Oiiii, demorei mais apareci, vamos lá, gostei muito desse cap, o epi em si já era meio tenso, com as pitadas de angustia que vc adicionou ficou ótimo. Castle dizendo pra Alexis que o casamento tinha sido ótimo q ele e Beckett tinham se divertido e dançado muito foi modéstia dele né amada?! pq olha, aquilo foi um vulcão q se acendeu e as nuvens ainda estão caindo sobre nossas cabeças, tá difícil de não se lembrar da chama acesa e a curiosidade da Alexis, adoro essa menina, ela é nossa irmã, gêmea, vai direto ao ponto. E o escritório de telesexo? poxa, vc se esqueceu da velhinha, ahhhh, ri tanto dela no epi, gostei dela. Agora não posso deixar de dizer, os pesadelos da Beckett me levou a outro lugar, em outra série, eu lia e enxergava a Eve ali, pena q ela ainda tem que enfrentar tudo isso sozinha né? mas a hora dela tá chegando, falta pouco, na verdade ela já começou a ter umas migalhas, no final, todas as angustias, os medos, as aflições foram "Blindados" pela armadura reluzente do seu cavaleiro encantado, no momento em que ele a envolveu em seus braços a proporcionando uma noite calma, tranquila de um sono profundo, já estou ansiosa pelo próximo, pq acho q a coisa vai melhorar ainda mais, estou prevendo isso (previsões da mãe Diná) :D bjosssss

val disse...

Maravilhoso!
adoro esses momentos deles, é romantico, inocente e ao mesmo tempo intenso é uma mistura eu nem ao mesmo sei de q, acho q o próximo promete.
Espero que eles se rendam de uma vez, não mascarem os sentimentos isso é um tanto frustante para mim.

bjin sweet Karen.

Débora Teixeira disse...

Quanta maldade, estou morrendo aos poucos. Gente, Beck frágil assim dói lá no fundo, do conta disso não.

Não consigo parar, então bora por cap. 12 =)