sábado, 5 de maio de 2012

[Castle Fic] Rise Again - Cap.20


Nota da Autora: Nesse capítulo procurei tirar algumas partes de diálogo relacionados ao caso e focar na parte engraçada do episódio, além do foco no relacionamento de Castle e Beckett. Espero que gostem...


Cap.20

No dia seguinte. Kate estava um caco. Durante a madrugada, ela se levantou e colocou toda a bebida para fora. A cabeça latejava e o estômago reclamava. Estava difícil encarar o distrito naquela manhã. Pegou o celular e avisou Gates e Esposito que estava doente mas faria o possível para estar na parte da tarde no distrito.

Tomou remédios para as duas coisas e permaneceu deitada. Fechou os olhos e procurou se concentrar em algo que a desviasse da dor. Talvez uma música ajudasse. E ligou o rádio despertador da sai cabeceira numa estação de músicas antigas, jazz, blues. O locutor estava prestes a anunciar a próxima canção. Ao ouvir os acordes, Kate não pode evitar de fechar os olhos e pensar nele, Castle estava sempre presente em seus pensamentos.

12th Distrito

Beckett apareceu para trabalhar por volta das três da tarde. Ainda sentia um pouco de dor de cabeça mas era parte da ressaca. Aparentemente, nenhum sinal de Castle. Resolveu perguntar para Esposito.

- Espo, Castle apareceu por aqui hoje?

- Não.

- Ligou?

- Tambem não...- ele percebeu que ela ficara triste com essa informação – está tudo bem?

- Sim, está.

Ela olhava para o celular pensativa. Devia tentar falar com ele. E dizer o que? Castle porque você não veio trabalhar? Ele não tinha mesmo uma obrigação ali. Devia estar se divertindo. E se ela ligasse como uma forma de dizer que sente a falta dele? Apenas para saber como ele está? Isso seria algo bom não? Ela suspirou e pegou o celular. Estava prestes a apertar o botão quando ouviu Gates a chamando.

- Detetive Beckett? Pode vir a minha sala?

- Claro!

E ela se levantou deixando o celular sobre a mesa. Deixou a sala da Capitã com três pastas de documentos para estudar e um papel timbrado da delegacia que deveria entregar no tribunal. Sim, Kate podia não ter assassinos para perseguir mas arrumara três julgamentos para trabalhar em um curtíssimo espaço de tempo. Pegou seu celular e pressionou o numero dele. Deixou chamar por várias vezes até cair na caixa postal. Não deixou recado. Seguindo as ordens da Capitã, ela foi até o tribunal conversar com os promotores. Passou quase toda a tarde ausente e ao retornar para o distrito, lembrou de Castle novamente pelo simples fato de estar desejando um café. Engraçado... porque ele não retornara a ligação dela? Estava ocupado ou simplesmente não quis atender? Em outros tempos, isso não aconteceria. Devia tentar mais uma vez?

Castle estava em seu escritório tentando escrever. Ultimamente, ele passava boa parte do tempo olhando para uma folha em branco. O celular estava a seu lado e viu a chamada insistente de Beckett. Não queria atender, não estava no clima de falar com ela ou mesmo de solucionar assassinatos ao lado dela. A tarde toda se passara e ele não fizera nenhum progresso. Sua imaginação desaparecera. Ele já desistira e fechara o computador quando viu o celular tocar novamente. Beckett. Porque será que ela insistia tanto em falar com ele? Melhor atender de uma vez.

- Castle.

- Hey... tudo bem com você?

- Ótimo!

- Você não me atendeu mais cedo pensei que estivesse com problemas.

- Tem um caso?

- Na verdade não, por isso liguei para avisá-lo. Gates me passou três casos de tribunal então nada de assassinatos, só muita papelada para analisar. Como eu sei da sua aversão a isso, resolvi avisar. Devo ficar quase uma semana com esses casos. Tudo bem?

- Claro, acho que isso veio em boa hora teho alguns capítulos do meu livro que vão expirar de prazo. É uma boa oportunidade para eu me dedicar a escrever. Boa sorte com a papelada.

- Tks. Boa escrita para você. Bye, Castle.

Ao desligar, ela pensou que poderia aguentar alguns dias sem a presença de Castle não? Ele pareceu estar bem... estava? Sem saber como responder essa pergunta, ela tratou de se concentrar no trabalho. Tinha muito a fazer.

Três dias se passaram desde que eles se falaram. Castle estava em casa totalmente entediado a ponto de estar brincando com bonecos. Sua imaginação sumira completamente.

- Você é muito bonita, Nikki Heat. É uma pena que tenha que te matar agora. Homens mais feios que você tentaram, Drago. Você me bateu, não vou aceitar...

- Estamos brincando com bonecas? Martha perguntou.

- São modelos de ação. Estou usando-os para visualizar uma cena. Devo alguns capítulos de "Frozen Heat" ao meu editor e não escrevi uma página.

- Talvez um caso com Beckett possa... ajudar em algo.

- Ela está se preparando para o Tribunal. Viu que sua mãe tinha alguns envelopes nas mãos.

-É a correspondência?

-Sim, sim. Graças a Deus Alexis está, finalmente, recebendo as cartas de universidades. As amigas começaram a receber há semanas.

Ele tomou os envelopes e escondeu numa gaveta.

- Richard Castle. O que você pensa que está fazendo?

- Não quero que Alexis reviva o pesadelo da rejeição de Stanford, então estou guardando as cartas, assim recebe todas juntas, as notícias ruins com as boas.

- Richard, essa é a ideia mais idiota que já teve. Deve dar as cartas a ela antes que tenha um colapso.

- Está bem, entregarei. Mas deve admitir, vê-la em colapso nervoso é bem engraçado.

Diferente de você.

Agora, o que faremos sobre sua escrita?

Não sei, preciso de algo diferente. Algo novo, como... – ele reparou no noticiário da TV - Cabeças decepadas.

-Cabeças decepadas?

- A vítima foi encontrada morta por tiros após a 0h. De acordo com a polícia, em sua mala havia 3 cabeças. Detetive Slaughter, o que pode dizer... Tire a câmera da minha cara, antes que atire nela!

- Mãe, esqueça as cabeças decepadas, quero conhecer aquele cara.

- Já tem uma musa, querido.

- Musas existem para dar inspiração, e agora não estou tendo nenhuma. Então, Detetive Nikki Heat... conheça o Detetive Slaughter.

No distrito, Beckett orienta um cara com algumas caixas dos casos que tinha para analisar.

- Quer saber, coloque-o na sala de conferência. Obrigada.

Então ela o viu. Surpresa, não pode esconder o sorriso. Sentia falta dele. Oh, ele trouxe café!

- Oi! Castle, o que está fazendo aqui?

- Não te vejo a alguns dias, pensei em aparecer, ver como está.

Castle não sabia o quanto aquelas palavras a deixara feliz. Sentiu um calor aquecer seu coração.

- Obrigada, isso foi legal. Estou ótima, na verdade. A preparação para o tribunal está indo bem, chego em casa em uma hora decente e... É ótimo te ver.

- Também é bom te ver. Sabe algo sobre esse policial de gangues chamado Slaughter?

- O homicídio das cabeças, por isso está aqui?

- Não, quer dizer... Como está ocupada com o tribunal, pensei em ver esse Slaughter, ver quem ele é para pesquisa, para... A não ser que seja um problema.

- Não, sem problemas. Apesar de não concordar muito não podia impedi-lo.

- Ótimo, então... Onde o encontraria?

- Onde o corpo estiver?

No necrotério, Slaughter discutia a causa da morte com a médica além de falar muita baboseira.

- Calibre 32, imagino.

-Está falando das balas, certo?

-Claro.

- Não vai perguntar das cabeças?

- Quem é você?

- É o Castle, ele é escritor e consultor da 12ª. E Castle nem se importou em começar a teorizar.

- Estranho, da para dizer que não são frescas. Dá para sentir o cheiro, formol com decomposição. Pela terra no cabelo, digo que a vítima desenterrou os corpos e depois cortou as cabeças.

- Não diga, Sherlock. Já há policiais conferindo os cemitérios locais. Não que seja da sua conta.

- Rick Castle, como Laura disse, trabalho na 12ª com Beckett. Ele estendeu a mão sem sucesso para o detetive. O negócio é o seguinte: gostaria de te acompanhar nesse caso, só por um ou dois dias.

-Não.

-Não?

- Preciso de um escritor tanto quanto de chatos.

- Isso é... – Castle não estava acostumado a ter não como resposta - O que posso dizer para que mude de opinião?

- Esse é um casaco muito bonito.

- E ficaria ótimo em você. – tirou o casaco e deu a ele - Então... tudo certo?

-Não. Até mais, linda.

- Disse que poderia ir junto, se desse meu casaco.

-Nunca disse isso.

-Estava implícito.

- Trabalho sozinho, nada que diga mudará isso.

- Sou amigo do prefeito. Como estou te pedindo um favor, significa que ficaria te devendo.

- Qualquer amigo do prefeito é meu amigo.

-Qual o primeiro passo?

-Avisar o pai do Vacilão.

Slaughter dirigia feito louco, subindo em calçadas e freando bruscamente fazendo Castle sorrir.

- Isso foi demais. Beckett nunca dirige na calçada.

- Se vai ficar comigo, precisamos de regras. Regra número um, não use a palavra "demais". Você é adulto. Regra número dois, fique fora do meu caminho.

-Só isso?

-Isso abrange tudo.

- Esta é a parte mais difícil do trabalho, dar a notícia à família. Qual é o seu estilo? Direto, mas com compaixão? Sensível, mas duro?

- Brian, o Vacilão está no necrotério. Alguém deu três tiros nele.

- Sinto por sua perda.

- Minha o quê? Minha perda? Quem pensa que é para falar de minha perda?

- Seu garoto se meteu em algo ruim, pior que o normal. O que sabe sobre isso?

- Por que te falaria, mesmo se soubesse?

- Envolvia cortar a cabeça de caras mortos. Não parece o tipo de burrice de seu garoto.

- Meu filho era apenas um rapaz em um momento difícil. Se vai denegrir a memória dele, é com você. Agora tenho que contar à mãe dele. Fazer preparativos.

- É um homem duro.

- Não se é o maior quebra-pernas dos Westies sendo mole.

- Por isso não nos falou nada útil.

- Não achei que fosse. Ele faz a lei com as próprias mãos.

- Acha que ele vai caçar o assassino do Vacilão sozinho.

- Sim, e iremos segui-lo. A parte difícil será interceder antes que ele mate o cara. Vamos, ele está indo.

- Aonde acha que ele está indo?

- Não sei, por isso o estamos seguindo. Ele atende o telefone e pega novas informações - Sim? Excelente. A perícia encontrou o cemitério de cabeças. 4 quarteirões da cena do crime. Obrigado, parceiro. Quando voltarmos, pesquisaremos e descobriremos de quem eram essas cabeças.

- Por que esperar se minha equipe pode fazê-lo agora? Disse Castle se exibindo e pegando o celular.

- Você tem uma equipe? Castle se quer responde e liga para Esposito.

-Alô?

-Estou te enviando 3 nomes, todos falecidos recentemente. Preciso que pesquise.

-Beckett não está em um caso.

- Não, estou trabalhando com o Slaughter, das Gangues.

- Então mande-o pesquisar. Não trabalho para você.

- Esposito, você é tão divertido.

-Ele está aí, não está?

-Está.

- Se quer que eu te deixe bem na fita, isso terá um custo. Primeira fila pro Knicks.

- Parece bom.

- E a propósito, seu parceiro Slaughter... tem bastante fama na Gangues. Seu apelido é "Fazedor de Viúvas." Os últimos 3 parceiros morreram em serviço. Castle desligou o celular preocupado.

-Tudo certo? Slaughter perguntou.

-Sim.

Eles estavam parados de tocaia. Castle não se conformava em ficar calado e puxou conversa.

- Acha que um deles pode ser o assassino?

- Não, ele só está caçando informações, o que significa que nós assistimos e esperamos. Oferece bebida a Castle.

- Não, obrigado. – Slaughter olha torto pra ele e Castle muda de ideia - Certo, tudo bem. Então... te chamam de "Fazedor de Viúvas".

- Não é minha culpa que continuem me colocando com idiotas. Falando em parceiros... Já vi fotos de vocês. Ela é ultragostosa. Está pegando, não está?

- O quê? Não. Como essa cara podia falar assim da Beckett!

- Não? Qual o seu problema?

- Não tenho problema algum. Somos só amigos.

- Homens que precisam de amigos têm cachorros. Uma mulher daquelas, você pega ou morre tentando. Fala sério. Ele está indo para o bar. Hora do show. Está armado?

-Armado? Não sou policial. Está escrito "Escritor" no meu colete.

- Regra n.º 3, se anda comigo, você anda armado. Vamos.

- E o regulamento?

- Não assinou um termo de renúncia?

- Tem razão.

- Você assume a frente, eu irei pelos fundos.

- Espera. Não deveríamos chamar reforços?

- Tem uma saia escrita "Escritor", também?

-Não.

-Vamos. Dê-me 10 segundos, então vá com tudo. Grite "NYPD," quanto mais alto, melhor.

Castle tirou a carma do coldre e tentou se preparar para esse momento novo, nervoso. Entrando no bar ele gritou.

- NPYD! Investigador civil. Não se mexam. Largue a arma, seu lixo!

-Do que me chamou?

- Lixo. Visivelmente assustado. Slaughter surgiu por trás e desarmou o cara.

- Largue ou sua esposa terá um descontão na funerária. Vamos, sente-se.

O comparsa pensou e correr para fugir. - Pegue-o, Sherlock!

E Castle realmente segura o cara - Peguei-o! – mais que isso, começa a bricar com eles dando murros e o agarrando. Mas o cara consegui se desvencilhar e Castle acabou sendo arrastado no chão.

- Não o peguei. Não o peguei! Não o peguei! Dê uma mão!

-Está se saindo bem.

E Castle dá uma rasteira no cara derrubando-o e batendo com uma garrfa de cerveja na cabeça dele enquanto Slaughter apenas come amendoins despreocupado.

- Muito bem, Sherlock. Excelente. E Castle desmorona no chão.

No distrito, Ryan questiona Beckett.

- Que história é essa do Castle pesquisando com outro policial?

- Não tem documentos para preencher?

- É só uma fase. Você o conhece. Provavelmente está fissurado nas cabeças cortadas e a correria do Dpto. de Gangues...

- Não me importa que... ele está tão enrolado tanto quanto ele... – ela lutava com o grampeador mas era parte da irritação que sentia por ter sido trocada - fique fora do meu... – Ryan estende outro grampeador para ela - Cabelo. Obrigado.

Nesse momento a porta do elevador se abre e Slaughter, Castle e dois bandidos entram no distrito. Beckett olha intrigada aquela cena e não deixa de reparar no pedaço de papel preso ao nariz de Castle. O que significava tudo aquilo?

- Coloque-o de molho para mim.

- Shea, mantenha em família, certo?

-Sala de Interrogatório?

-Quinta porta à direita. Castle respondeu.

- Vamos lá. E ao passar por Beckett, Slaughter dá uma boa secada no bumbum dela.

-O que raios aconteceu? Beckett parou Castle para questiona-lo.

-Você devia ter visto. Slaughter derrubou um cara, mas outro tentou fugir. Eu tive que derrubá-lo.

- Você o quê? Está brincando comigo? Você é um escritor, Castle. Não um policial.

- Posso me cuidar. Você só nunca me deu uma chance.

- Porque eu não tento te matar. E o que ele está fazendo usando nossa sala?

-Eu o convidei.

-Castle, não é a sua casa.

- Não achei que se importaria. Fora que caras como Slaughter oscilam de delegacia em delegacia, sabe? São como os nômades, vagando pelas ruas de Nova Iorque... arrasando e pegando nomes, o que não é o curso mais original da frase, mas a personagem é tão grandiosa. Vai agitar o próximo livro da Nikki Heat.

- Claro, se você sobreviver para escrevê-lo. Já chateada com essa situação.

Castle foi para a sala de interrogatório acompanhando Slaughter e definitivamente era bem diferente do que estava acostumado com Beckett. Os métodos pouco convencionais do cara não só assustavam Castle como começaram a deixa-lo preocupado. Violência e pouco tato eram marcas registradas de Slaughter. Não conseguiram muita coisa e certamente Shea não matara Vacilão. Na pequena copa, Castle tentava ligar os pontos da maneira como estava acostumado.

- Como o Vacilão achou que cortar cabeças de mortos ajudaria-o a ficar bem com os Westies?

- Ele não pensava muito. Não me preocuparia com o motivo.

- Cappuccino? Regra nº 4. Um policial chamou por Castle e entregou-lhe uma pasta .

- Castle.

- Perfeito! Obrigado. Muito obrigado.

- Esposito perguntou se você tem algo para ele. E viu Esposito fazendo sinais pelo vidro pra ele.

- Aquilo, diga... diga que estão a caminho. Certo. Parece que temos identificação das cabeças. As três pertencem a membros da gangue Trenchtown.

- Caramba. Mistério resolvido. Trenchtown, gangue Jamaicana... corrida, garotas e drogas, do Brooklin ao Bronx. Estão em guerra com os Westies da Morningside Heights.

- Aposto que Vacilão achou que ganharia pontos cortando as cabeças de alguns Westies. E planejava colocar essas cabeças na cama de algum jamaicano importante. Como uma cabeça de cavalo, em "O Poderoso Chefão."

- Foi a coisa mais idiota que já disse, tão idiota que parece inteligente para o Vacilão. E sabendo que o garoto abriu a boca, os Jamaicanos souberam e armaram uma cilada. Vamos lá. Tenho uma fonte nas ruas ligada aos jamaicanos. Ele poderá nos dar informações.

- Eu amo essas perseguições armadas.

Beckett os viu sair. Não era só o fato de ser trocada por um detetive, era todo o resto. Era a distância, uma certa indiferença. Sentia falta do café e dos comentários engraçados dele, sentia-se meio traída e por fim, restava o mais importante, a preocupação de que ele fizesse uma besteira e acabasse ferido ou pior. Matutando sozinha, Beckett percebeu que precisava colocar seus pensamentos em ordem, extravasar. Então, ela foi ao único lugar que julgava ser possível de fazer isso. O consultório de seu terapeuta.

-Você está chateada.

-Não! Sim! Está bem? Tudo bem, estou. – Beckett estava agitada, como controladora detestava sentir-se assim - Pensei que estávamos nos aproximando um do outro e agora parece que ele está se afastando.

- Você perguntou a ele o porquê?

- Perguntei e ele disse... "está tudo bem." Ela disse imitando a ele enquanto andava de um lado para o outro do consultório.

- Por que acha que não está?

- Porque está agindo como um completo imbecil! Aparece na Delegacia com essas piriguetes a tiracolo e agora fica por aí com outro policial.

- Esse outro policial é uma mulher?

- Não! Não! Por que... – visivelmente irritada - Por que perguntou isso? Essa nem é a questão. A questão é que não entendo por que ele está agindo assim. O que foi que eu fiz?

- Talvez, do ponto de vista dele, a questão seja: o que você não fez? Ele foi direto ao ponto, cutucou a ferida. De repente, Beckett se tocou.

- Espere. O quê? O que quer dizer?

- Quando foi baleada, Castle disse que te amava. A quanto tempo foi isso?

- Há 7 meses, não estava pronta para ouvir...

- O que acha que ele quer dizer com essas ações?

- Que talvez... ele não esteja mais disponível? – e o receio foi tomando conta dela, era difícil completar a frase - Que talvez... ele não esteja pronto?

Naquele momento, pela primeira vez Beckett se pegou pensando que ela cometera um erro. Sentiu as pernas bambas. Sentou-se. Não queria encarar o terapeuta e nem queria pensar que isso tudo poderia ser a mais pura verdade, dizer aquelas palavras era o mesmo que perfurar o coração com uma faca.

- E se eu esperei demais?

- Você não estava esperando, Kate. Estava se curando. O terapeuta fazia seu papel, ela já fora muito longe para desistir agora.

- É, mas nesse meio tempo, ele seguiu em frente.

- Ou se protegeu, não correndo mais riscos emocionais.

-Então o que eu faço?

-O que quer fazer? Ele como todo terapeuta não ia dizer a ela o que fazer, mas sabia que Kate tomaria a decisão certa. A seu modo, ela encontraria um caminho para seguir seu coração mesmo que estivesse agindo com a razão. Ela suspirou e deixou o consultório ainda remoendo as palavras dele.

Castle estava esperando a fonte de Slaughter escorado no carro quando ele começou a falar de Beckett.

- Vou dizer o que eu faria: eu iria como um troglodita pra cima da sua parceira. Mostraria como fazem os homens de verdade.

- Homens de verdade? É o que estava mostrando para Laura lá no necrotério?

- É só dar um pouco de atenção, deixá-la feliz. Estou de olho naquela ruiva gostosa que começou a trabalhar lá. Aquela é uma ninfetinha gostosa.

-A ruiva?

-É.

- 1,65m, olhos azuis, estagiária? Ele está falando de Alexis?

-Isso. Você a conhece?

-É minha filha.

- Sério? Aquela garota tem uma bunda...

E Castle perdeu a calma metendo um soco na cara do detetive.

- Relaxe, Sherlock. Só estou brincando.

- Tudo bem. Se entender que minha filha está fora do limite.

- Beleza. Você tem um bom soco para um escritor. Lá está meu cara. Não, fique aqui. Fique de olhos abertos.

Castle ficou desconfiado do lado de fora. A vizinhança era barra pesada. De repente, ele ouviu uns barulhos semelhantes a tiros e o detetive saindo as pressas do local. Castle o seguiu.

-Você está bem?

-Consegui um nome.

- O que houve lá dentro? Você o matou?

- Não vai querer saber. Nunca estivemos aqui. E entraram no carrro saindo cantando pneu.

De volta ao distrito, Castle observava o detetive de longe na copa. Estava apavorado.

-O que está fazendo?

-Jesus! Ele tomou um susto com Esposito.

-Você está bem?

-Aquele cara é louco.

- É, eu sei. Eu tentei te dizer.

-Não, ele é louco.

-Por quê? O que ele fez?

Castle foi olhar de novo pelo vidro e deu de cara com Slaughter, tomando outro susto.

- Jesus! Não posso falar agora. E saiu da copa para encontra-lo.

- Eu quero aquelas entradas. Disse Esposito.

-E aí? Sobre o que estavam falando?

- Onde? Lá... nada. Obviamente, era alguma coisa – Castle estava todo errado - Estávamos conversando. Não estávamos só mexendo a boca... Tenho que ir ao banheiro.

E Castle sai caminhando devagar com o detetive ao seu encalço, quem o visse diria que estava para ter um colapso. Então a porta do elevador se abre e ele vê o mesmo cara que Slaughter fora encontrar entrando no distrito e cumprimentando o detetive na maior naturalidade.

- Que droga é essa? Achei que o havia matado.

- É, deveria ter visto a sua cara quando saí pela porta.

- Isto não é engraçado.

-Isto não é engraçado. Não, não, é hilário!

E Castle relaxou um pouco rindo também. Ryan observava a cena de longe e sentiu-se incomodado.

- Olhe para eles, rindo. Agindo como se fossem os donos do lugar. Vou dizer algo...

-Não, não vá. Não vale a pena. Beckett orientou.

- Sinto como se ele estivesse nos traindo.

- Ele não está nos traindo, Ryan. Está só... expandindo. Ela queria acreditar mas mesmo dizendo as palavras em alto e bom som, não conseguia se convencer.

- Não leve para o lado pessoal, filho. Marc Gibson. Policial infiltrado nas gangues.

- Tinha que ver se podia confiar em você, que me daria cobertura se preciso. Felizmente, você passou.

- Você acertou, os jamaicanos pegaram o Vacilão. Moradores vizinhos ao cemitério ouviram tiros noite do crime. Soube que um bundão chamado Maxi foi quem deu os tiros. Escondeu-se num prédio na Avenida A com a 5ª. Vão dar uma volta, amigos.

E Slaughter encontrou o carinha no prédio arrastando-o pela gola da jaqueta ate um camburão de reciclagem de lixo. Mais uma vez, Castle presenciou um ataque de fúria e os métodos incomuns e violentos do detetive. Castle quase viu a hora do rapaz ser esmagado. Depois de uma sessão de tortura, descobriram que uma terceira gangue poderia estar envolvida. Mexicanos e conseguiu uma pista, o carro, um Escalade tinha placa texana que tinha as iniciais R e X. Mais uma vez, Castle iria pedir ajuda aos rapazes, o escolhido agora era Ryan.

-Detetive Ryan.

-É Castle.

- Tenho uma placa parcial que preciso que localize. Primeiras letras são R e X.

- Pois é, Castle. Será difícil para mim. Estou muito ocupado.

-É mesmo? Você também?

-Peça a Ferrari. Esposito sugeriu.

- Jenny tem me perturbado para te arranjar com a prima dela Ramona. Ela é higienista oral.

- Parece ótimo.

-Ferrari. E a Ferrari pelo fim de semana.

- Certo. Amigo, nunca esquecerei isso.

-Certo. Tudo pronto.

-Certo. Pegaremos os resultados pela manhã. Esta noite, iremos comemorar.

- Comemorar o quê?

- Você sobreviveu ao primeiro dia de trabalho comigo.

- Já teve um parceiro que não sobreviveu? Slaughter mostra dois dedos.

- Eu adoraria comemorar, mas...

-Mas o quê?

-Mas nada. Mas nada. Vamos nessa. Qual a pior coisa que pode acontecer?

Ele nem tinha ideia.

Naquela noite ao deixar o distrito, Beckett foi pensativa para casa. A conversa com o terapeuta ainda a dominava e ela precisava entender tudo o que estava acontecendo e quais eram as suas reais chances. Antes disso, porém, ela estava preocupada com Castle. Ele estava se arrriscando demais com aquele detetive maluco e como é orgulhoso e teimoso isso não ia dar certo...ela precisava fazer algo apenas para ter certeza de que ele ficaria bem. E a decisão estava tomada.

Já era de manhã e Castle estava babando no sofá quando ouviu os gritos. Atordoado e com uma ressaca fenomenal, ele perguntou ainda grogue.

-O que aconteceu?

-Pai, eu entrei. Eu entrei!

-Onde?

-Quase em todas até agora. Oxford, Princeton, Sarah Lawrence.

- Que ótimo, querida. Sabia que tudo ficaria bem.

-Mesmo?

-É. Então por que estava escondendo as cartas de mim?

-O quê?

-Qual é, pai. Sei ler carimbo postal. Algumas são da semana passada. E Alexis bate com as cartas na cabeça dele apesar de não ser nada parecia chumbo tamanha era a dor de cabeça que sentia.

- Eu... sinto muito. Querida, só queria te proteger.

-Tenho 18 anos. Você deve confiar que posso cuidar de... mim mesma. E ela fitava surpresa uma das folhas de papel.

-O quê?

-Entrei em Stanford.

- Que ótimo! Martha gritou - Sempre foi sua primeira escolha, certo?

- Ainda assim, sinto que há um problema.

- Não sei. Eu deveria estar feliz, mas depois de me negarem admissão antecipada...

- Eles te rejeitaram e você se sente traída.

- Como posso superar isso?

E as palavras da filha fizeram Castle pensar diretamente na sua relação com Beckett.

Já no carro com Slaughter, Castle não parecia nada bem.

- Você parece um lixo. Bebe mais uma. Isso vai te deixar no ponto.

- Não, isso não fará nada para voltar no tempo. Enfim, aonde vamos?

-Um desmonte no Bronx. Procurei aquela placa do Texas ontem à noite. Parece que Maxi dizia a verdade sobre uma terceira gangue. O Escalade estava registrado em nome de Cesar Vales. Pertence a uma gangue mexicana. Dizem que estão invadindo Nova Iorque, tentando entrar no tráfico de metanfetamina.

- Chega à cidade indo para cima dos Westies e Jamaicanos.

- O que não é algo fácil de se fazer.

- Seria mais fácil se fizesse um acabar com o outro.

- Isso é bom. Então ele está lá pensando em como fazer isso acontecer e ouve Vacilão falando demais.

- Ele percebe que se um Westie aparecesse morto com uma bolsa cheia de cabeças jamaicanas, entrariam em guerra.

- E então eles chegariam e ocupariam o território.

- Tem certeza que é uma boa ideia irmos atrás desse cara sozinhos? Maxi fez parecer que eles eram bem perigosos.

- Moleza. Esse cara é só um pivete.

Ryan estava fazendo sua própria pesquisa e a compartilhou com Esposito.

- Ele é do alto escalão da máfia mexicana. O mais perigoso possível. Segundo a Narcóticos, Cesar Vales é suspeito de matar mais de uma dúzia de pessoas, incluindo três tiras no México, mortos com uma marreta e depois cortados em pedaços.

- Acha que estão indo atrás dele?

- Acho, pois não fui o único a procurar a placa ontem. Slaughter também procurou.

- Se forem atrás desse cara, ambos acabarão mortos. Precisamos avisar o Castle.

-Tentei, mas o celular cai na caixa postal. Tenho o mau pressentimento de que estão a caminho de lá.

No local, eles saíram do carro.

- Você não vai destroçar ninguém hoje não, vai?

- Gosto de manter minhas opções em aberto.

-Eles são muitos.

-Apenas me siga. Hola. Cavalheiros, em nome da NYPD, dou-lhes as boas-vindas à melhor cidade do mundo – ele puxou a arma - A não ser que queira que seus amigos vejam o que há dentro de sua cabeça, afaste-se.

- Qual é o problema, policial?

-Você é Vales?

-Sou.

- O nome Michael Reilly significa algo para você? Também conhecido como Vacilão.

- Não, receio que não.

- Engraçado, pois tenho uma testemunha ocular que viu você e suas meninas enchendo-o de balas no Queens há duas noites.

Castle estava bem tenso e não parava de observar a cena e os homens demonstrando que tinha medo de estar ali.

- Engraçado mesmo. E você? Cadê seu distintivo?

- No outro casaco dele.

- Vales, sabemos tudo sobre seu plano. Usar o Vacilão para desencadear uma guerra para que pudesse traficar em Nova Iorque.

- Esse seu parceiro é bem tenso, não é?

- Tenso, é? E Slaughter deu uma coronhada na cabeça de Vales insitando um dos homens a sacar a arma, nessa hora chegam Ryan e Esposito.

- NYPD! NYPD! Mostrem as mãos! A festa acabou.

- Que pena, pois agora que estava ficando interessante.

- Se fosse você, deixaria os negócios em ordem, pois voltarei.

E o detetive saiu pisando forte com Esposito ao seu encalço.

- Slaughter! Chegar assim sem reforço, colocando um civil em risco, não só é imprudência, é mau trabalho policial.

- Sorte que rastreamos o celular de Castle e os achamos a tempo.

- Acha que vou te agradecer por quase estragar meu plano?

- Tinha um plano? Castle perguntou.

- Sempre tenho um plano. A coisa tinha que ficar séria. Assim poderia achar o elo mais fraco.

-Aquele garoto.

-Exatamente. É ele que farei entregar Vales, assim que descobrir como separá-lo do bando.

De volta ao distrito, Castle tomava café sentado na sua cadeira cativa enquanto Ryan estava na mesa de Beckett analisando umas papeladas.

- Quem diria que todos esse anos que trabalhamos juntos, você queria morrer?

- Não foi tão ruim. Slaughter tinha um plano.

- Tinha o plano de te matar.

O celular de Castle vibrou com uma mensagem. AQUI EMBAIXO. AGORA. - É Slaughter.

-Tenho que ir.

-Tudo bem. Da próxima vez, podemos não te salvar.

E Castle olhou pra Ryan demonstrando uma preocupação visível. Na outra mesa, Esposito e Beckett observavam o jeito dele. Esposito falou.

- Você precisa fazer alguma coisa.

- Espo, se o cara está decidido a sair do ninho, não há nada que eu possa fazer.

- Não sente isso realmente, não é?

Não sentia mesmo, pelo contrário, estava a cada minuto mais preocupada com a segurança de Castle.

- Não ouça os chorões, Sherlock. Você tem coragem. – tentando apagar o que os rapazes disseram a ele - É, eu posso ter te colocado em perigo com Vales, mas veja como valeu a pena...

- Como assim?

-O que foi isso?

-O que foi o quê?

- Cara! Isso não é legal!

- Há alguém no porta-malas?

- Gilberto Mendoza, nosso elo mais fraco.

- Tire-me daqui, cara!

- Por favor, diga que só falaremos com ele.

- É, basicamente.

E Castle presenciou mais uma demonstração de abuso de poder do detetive como também de risco e segurança pela sua própria vida. Outro exemplo de tortura que o deixou ainda mais perplexo. Tinha que admitir, Beckett era uma parceira excelente. Pior foi que o detetive ainda pediu para que Castle intercedesse junto ao prefeito para livra-lo da acusação por abuso de poder. Parte do favor que ele devia quando decidiu trabalhar com Slaughter. Assim, sob ameaça ao tal Gilberto, Slaughter arrancou a confissão do garoto sobre a morte de Vacilão.

-O que está fazendo?

-Conversando com Gilberto. Se não quiser que algo muito ruim aconteça com Hector, você me ajudará a enterrar Vales, não é? Não é?

-Certo.

-Certo o quê? Preciso ouvir as palavras mágicas.

-Vales matou Vacilão.

-"Vales matou Vacilão". Sim. Vitória.

Na sala de interrogatório. Slaughter fazia as perguntas e Gilberto contava a versão que sabia dos fatos. Contou da armação para destruir as gangues e do tráfico. Castle observava pelo vidro. Quando Slaughter perguntou sobre os assassinatos, ficou claro que o garoto não sabia detalhes e que o detetive induzia o depoimento ao seu bel prazer. Castle não podia acreditar naquilo, assim que o detetive deixou a sala ele o questionou.

- O que pensa estar fazendo?

- Encerrando este caso. Tenho um mandado para Vales queimando no meu bolso.

-Induziu o garoto.

-O quê? Não, não. Apenas refresquei sua memória.

-Sério? Pelo jeito que ele falou, nem testemunhou o assassinato.

- Vales já matou tantos que você nem acreditaria. Mulheres, crianças, policiais. Se houver chance de pegá-lo, pegarei. A questão é: você está dentro ou fora?

- Acho que estou fora.

- É uma pena. Tinha expectativas para você, Sherlock. Nunca pensei que fosse reagir assim.

E Slaughter deixou o distrto. Castle correu para os rapazes.

-Preciso de ajuda.

-Desculpe, Castle. Pegando um assassinato.

-Fale com Beckett.

Ele a olhou de longe, tudo que ele não queria era enfrenta-la pois imaginava o sermão que ela iria lhe dar depois da ultima conversa que tiveram mas não restava outra escolha. Ele se aproximou.

- Oi. Como está indo?

- Poupe a conversa fiada, Castle. O que você quer?

Ouch! Direto ao ponto, ok - Slaughter foi longe demais.

- Não é isso que ele faz, juntamente com "detonar" e outros verbos?

- Ele forçou um rapaz a depor em falso para prender Vales.

-E quer que eu resolva?

-Tem o direito de estar brava. Alertou-me sobre ele e não ouvi. Só estou tentando consertar.

- Não é meu caso, Castle. Mesmo que eu quisesse ajudar, temos regras rígidas sobre interferir em outra investigação policial.

Ela caminhou até a outra mesa e pegou uma pasta, fingiu estar procuando documentos.

- Não peço para fazer isso por mim. Peço para que o verdadeiro assassino não escape.

- O que faz você pensar que vou cair nessa manipulação descarada?

- Porque é verdade.

Ela entregou a pasta a ele.

- O que é isso?

- Uma câmera de trânsito filmou o carro de Vales a 10 quadras do cemitério, longe do viaduto onde Vacilão foi morto.

- Às 23h57. Vacilão foi morto depois da meia noite. Isto mostra que Vales não poderia matá-lo.

- Fez isso por mim?

Ela deu um sorrisinho e seu olhar falava por si só.

- Todo esse tempo, você me apoiou. Castle estava surpreso.

- Pedi para Ryan pesquisar câmeras enquanto estava buscando uma placa. Não é uma prova cabal, Castle. Mal dá para ver o rosto de Vales nessa foto. Não é suficiente para convencer Slaughter, a menos que você tenha outra coisa.

E de repente, Castle sabia que com ela podia levantar dúvidas e teorizar. Puxou um mapa do bolso.

- Há mais uma coisa que não faz sentido. Este é um mapa da área. Aqui é o cemitério. Aqui é o viaduto. Para chegar lá, Vacilão passaria por uma cerca de 1,80m. Por que fazer isso se há um ponto de metrô a uma quadra? Por que se esconder quando se pode fugir?

E Castle ouviu a frase que queria. Beckett pode estar com ele novamente provando que se preocupava.

- Talvez possamos descobrir. E retornaram a cena do crime.

- Segundo o relatório da perícia, Vacilão foi baleado nesta área. Ele cambaleou e acabou do outro lado daquele pilar.

- Acha que o plano de Vales era usar Vacilão e as cabeças para iniciar uma guerra de gangues?

-Isso. Por quê?

-Sei lá, Castle. Não é isso que estou vendo. Digamos que sou Vales e atiro no Vacilão para começar essa guerra. Qual seria o melhor lugar para deixar o corpo?

- No meio do território dos Westie.

- Exatamente. Então por que ele o deixou aqui?

Nesse momento, viram um carro estacionando. Slaughter. - Merda!

- Bom... – ele se aproximou - Imaginem minha surpresa ao ir à delegacia com meu assassino e descobrir que estão mexendo na minha cena do crime.

-Posso explicar - disse Castle.

-Não se incomode. Você sabe como funcionam as coisas.

- O que sei é que você forçou uma confissão de um garoto de 18 anos – disse Beckett.

- Não coagi Jack. O chefe dele tem uma trilha de corpos que vêm desde o Rio Grande. Se ele não for pego, a contagem de corpos aumentará.

- Temos imagens do Escalade de Vales a 10 quadras do local do assassinato.

- E daí? Dá para vê-lo no carro?

- Não exatamente.

- Se o advogado dele vê isso, dão a ele dúvida razoável e Vales sai livre.

- Talvez mereça ficar livre.

- Ele merece ser partido ao meio por cavalos. Mas a lei diz que não posso fazer isso. Mas posso trancá-lo na prisão pelo resto da vida dele. A questão é: sairá do caminho ou terei que te denunciar por interferir em meu caso? – ele se dirigia a Beckett.

- Faça o que quiser, Slaughter – Beckett o enfrentou - E eu farei o mesmo.

- WOW! E saiu todo prosa.

- Obrigado. Castle falou.

- Temos uma hora para descobrir quem matou Vacilão antes que eu seja chamada pelo Chefe de Polícia.

- O que ele pode fazer com você?

- Na melhor das hipóteses, serei suspensa.

- E na pior?

Ela não precisava responder. Apenas pelo jeito que olhou para ele o fez deduzir, perderia o distintivo. Ela estava se arriscando, por ele.

- Droga! E começaram a analisar a cena.

- Eu sou o Vacilão. Acabei de desenterrar 3 corpos, cortei suas cabeças, o que foi horrível, para tentar voltar para os Westies. Então o bom mexicano que pensei estar me ajudando, de repente, tenta me matar. Fugindo para me salvar, eu acabo do lado errado dessa cerca.

- De onde pode ver uma placa do metrô – disse Beckett - Por que subiria por uma cerca de arame farpado se pode ir para lá e pegar o metrô para fora daqui?

- Medo. Até onde sei, os mexicanos estão por aí me procurando. Com tantos postes na rua, seria um alvo fácil. Mas aqui em baixo estaria um breu, então subo pela cerca e me escondo.

- Por que se esconder se poderia escapar?

- Porque não estava só me escondendo. Estava esperando. Chamei ajuda. Mas não acharam um celular com o corpo do Vacilão, então...

-Então o assassino o levou ou... Beckett supôs.

- Ou ele usou o orelhão. E Castle apontou para o aparelho a alguns metros deles.

De volta ao distrito, Slaughter parecia irritado.

- Por que me chamaram aqui?

- Porque temos provas definitivas de que Vales não matou Vacilão.

- E querem esfregar isso na minha cara?

-Não.

-Veja bem, Slaugther, somos policiais diferentes.

-Óbvio.

- E apesar de não ser fã dos seus métodos, sei que não quer prender um inocente sabendo que o assassino ainda está por aí.

- Tudo bem. Quem matou Vacilão?

Ao chamarem o pai de Vacilão, dessa vez era Beckett e Slaughter que estavam juntos na sala de interrogatório. Beckett começou expondo os fatos. Colocava as fotos na mesa enquanto falava.

- Sabemos que ele te ligou, Brian. Seu filho ligou para seu celular desse orelhão cerca de meia hora antes de ser morto e você atendeu a ligação. Temos fotos de você na estação do metrô antes e depois da morte.

- Todos esses anos...Todos os erros... Algo intolerável para alguém da sua altura. Não é, Brian? Slaughter provocou.

- Então Vacilão te liga para dizer que fez besteira... mais uma vez - Beckett continuou - Mas dessa vez foi diferente, não é?

-Ele passou dos limites.

-Ele era seu filho! Beckett afirmou.

- O que o tornava minha responsabilidade. Fiz o que precisava ser feito. Ele nem ficou surpreso. Era como se... estivesse esperando por isso a vida toda.

- Por que não levou as cabeças? Dai nada disso teria ligação com você ou os Westies.

- Ele sumiu nas sombras depois de eu atirar nele. Até no último suspiro o garoto conseguiu me ferrar.

Já fora da sala, Beckett esta escorada na parede. Castle estava sentado de frente para Slaughter falou.

- Pelo menos, finalmente, prenderá Brian. Deve servir de consolação.

- Mas Vales ainda fica solto.

- Com licença – e Beckett se dirigiu ao advogado de Vales - Advogado. Posso falar um momento com seu cliente?

- Ela deve querer meu autógrafo.

Mas Kate Beckett não era uma mulher de se intimidar por certas coisas. Então ela deu seu recado.

- Sente-se confiante. Entendo. Livrou-se da acusação. Provavelmente, hoje à noite, comemorará com seus rapazes. E deve festejar mesmo. Mas de manhã... quero que saia da minha cidade.

- Mas gosto daqui.

- Pode gostar agora. Mas começando amanhã, veremos quão dura a cidade pode ser quando toda a força policial for atrás de você. 30 mil policiais tendo como meta tornar sua vida um inferno. Advogado, podem ir agora.

Era a tigresa mostrando as garras.

- Isso foi sexy!

Castle olhou para ele atravessado - O que foi? Vai me bater por isso também?

- Não. E mal teve tempo de perceber quando o soco no estomago o atingiu.

- Isso é por não me dar suporte. E se eu ver um personagem como eu em seus livros, teremos uma conversinha. Vou te ver na audiência terça, certo?

-Com certeza.

-Excelente – ele virou-se para Beckett - Detetive, se quiser ter um encontro que termine em sexo quente após uma briga de bêbados, sabe onde me encontrar.

- Claro, no Dia de São Nunca. Ela ficou de frente para ele vendo-o ainda sentir dor.

- Oi. Muito obrigado pela ajuda.

- Sem problemas, Castle. – apesar de agir como um imbecil, eu me preocupo com você, ela pensou - É o que parceiros devem fazer.

E saiu caminhando ainda um pouco irritada pelas besteiras que ele andava fazendo porém, satisfeita por nada de ruim ter acontecido com ele.

Castle ao chegar em casa, encontrou a filha olhando a carta de Stanford novamente.

- Apreciando sua glória? E sentou-se ao lado dela no sofá.

- Não. Tentando descobrir o que fazer. Stanford sempre foi minha faculdade dos sonhos. Mas e se a rejeição inicial foi um sinal do universo de que outro lugar seria melhor?

- Acha que estaria melhor em outro lugar?

- Não sei. Você acha?

- Também não sei – ele disse pensativo, avaliando a sua própria situação com Beckett -Acho que a questão é... Quer tanto isso... que supera a mágoa? Sabe o que ajudaria nessa decisão?

-Sorvete. Os dois exclamaram juntos.

E por algum tempo, ele resolveu desfrutar de um daqueles ótimos momentos entre pai e filha. Mais tarde, após Alexis já ter se recolhido para dormir, Castle estava deitado na cama refletindo sobre o seu último caso no 12th distrito. Ele escolhera transitar por outros caminhos, tentara uma nova parceria obviamente arriscada e frustrada. Ele se enganara não só em pensar que conseguiria encontrar outra inspiração como também em achar que todos o tratariam da forma que ela e sua equipe sempre o trataram. Ele tinha que admitir que estava errado pelo menos em parte sobre Beckett. Ela não só o ajudará quando pediu socorro mas mesmo longe ela olhava por ele, o protegia. E a história não parava aí, Beckett fora mais além, se arriscara por ele. Colocara sua carreira e seu distintivo em cheque para ajudá-lo. A questão que martelava em sua cabeça agora era: ela fizera isso pela justiça ou por ele? Kate Beckett arriscaria a vida que tanto ama para ajudá-lo somente para salvar um inocente? Castle não sabia dizer ao certo, mas a atitude de Beckett certamente o surpreendera a ponto de se questionar sobre seus sentimentos e sobre o que realmente queria.

XXXXXX

Beckett já estava deitada porém dormir estava longe de acontecer. Fitando o teto, ela se pegou analisando a sessão com o terapeuta e sua participação no caso de Slaughter. Sim, ela continuava chateada com Castle. Ele continuava agindo como um idiota, se esquivando dela, a evitando e sem ao menos dizer porque. E se o terapeuta estivesse certo? A culpa era dela! Esperara demais, até Lanie disse a ela. O que ela queria fazer? Não tinha dúvidas que queria dizer a ele que esperasse, demonstrar seus sentimentos a ele. Mas como e quando? Castle já não parecia mais o mesmo, até outro parceiro ele procurou! Droga, eu arrisquei minha carreira por ele se isso não significou nada ou não disse o quanto me preocupo com ele, o que mais faria ele acreditar em mim, estar ao meu lado novamente? Tenho que dizer o que sinto mas não antes de saber se ele ainda está disposto a me esperar e me aceitar.

Com esse último pensamento em mente, Kate adormeceu. Contudo, seu sono não foi tranquilo. Primeiro se vira brigando com Slaughter ao encontrar Castle totalmente desmoronado no chão cheio de hematomas, depois cuidara dele sem deixar de dar-lhe um sermão porém algo mais aconteceu. Naquela noite, ela voltara a sonhar com alguém que não aparecia a muito tempo. Sua mãe. Estavam no JFK, Kate estava toda sorridente por estar ganhando mundo. Ela estava a caminho de Stanford para iniciar o curso de direito. Queria seguir a carreira da mãe contudo ela tinha ambições maiores, a suprema corte. O pai lhe dera todas as recomendações possíveis mas quando Kate tinha uma dúvida apenas a opinião da mãe importava. Sabia que tinha um mundo novo à sua frente e preocupava-se em como tomar a melhor decisão diante dos acontecimentos, como saber o que era certo e quando? As palavras de Johanna foram sábias, ela disse:

“Filha, a vida é cheia de percausos, trilhas obscuras e caminhos difíceis. Você ira encontrar obstáculos, pessoas ruins, tentações. Haverá momentos que se questionara sobre o que é o certo e o errado. Quando essas tentações surgirem e você estiver num dilema, só existe uma forma de decidir, ouvindo o coração. Não analise, apenas siga seu instinto. Quando o momento certo chegar Katie, saberá o que fazer, siga o seu coração. Ele te dará a resposta que você precisa.”

Seguir meu coração...mãe, está falando de você ou de Castle? Siga seu coração... a voz de Johanna diminuia se transformando quase num sussurro.

- Mae, espere....preciso falar sobre Castle...mãe! E tudo ficou escuro.

Kate acordou sobressaltada. O despertador berrava na cabeceira da cama. Kate suspirou profundamente tentando se acalmar. Ainda assim, não esquecera as palavras da mãe : “Quando o momento certo chegar, siga seu coração”.

E Beckett levantou-se para mais um dia de trabalho.


Continua.........


 

3 comentários:

Vera Cruz disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
val disse...

pra começar adorei a ressaca da Kate...adorei os pega da Kate com detetive gringo bonitão mas... embora não passase disso pois seu coração e seu corpo ja tem dono, e sem contar que raiva não ia ser legal.
mas o resto tambem gostei essi capitulo mostra como ela se importa com ele e o quanto ela é capaz de ir por ele, será que isso não lhe diz nada?

Eliane Lucélia disse...

Oi, vamos lá, eu particularmente gostei desse epi em partes, pra dizer a verdade não entendi uma virgula do caso, aquele detetive Slaughter ao invés de resolver ele enrola mais, mas amei a verdadeira turma do Castle, o Ryan com ciúmes, a preocupação e o apoio da Beckett e de todos na verdade, mesmo o Castle não merecendo, mas foi muito bom pq a partir daí ele pode ver que independente do que a Beckett sinta por ele, nunca o deixaria na mão, a amizade vem acima de qualquer coisa, gostei muito que vc deu a ele aqui na fic o espaço da reflexão, gostaria de ter visto isso no epi, ver a reação dele no momento em que ele se toca,independente de qualquer coisa, ali no distrito ele tem uma família. Enfim, gostei desse cap. Bjossss