domingo, 20 de janeiro de 2013

[Castle Fic] Don't Give Up on Chasing Rainbows - Cap.10


Nota da Autora: Depois de um bom tempo, retomei a nossa fic. Desculpem o atraso e prometo me esforçar para não deixar vcs orfãos por muito tempo. Adorei esse epi porque me deu a oportunidade de abrir espaço para um lado angst que estava esquecido em Castle desde Probable Cause. Divirtam-se e sorry nada de NC por aqui. 



Cap.10

O mês de janeiro começava com temperaturas muito frias. Após as festas de fim de ano, tudo o que Beckett esperava desse primeiro mês do ano era que ele fosse calmo. Mesmo sendo sua profissão prender assassinos, ela gostaria de ver uma New York menos violenta. Porém, nem tudo acontece como se quer. Era apenas a segunda semana do ano quando seu senhorio avisou que o seu prédio ia ser dedetizado ficando inabitável por três dias. Ela tinha duas alternativas procurar um hotel ou pedir para ficar no apartamento de Castle. Ela sabia que a última alternativa era a melhor para ela e claro, para ele. Assim, ela resolveu falar com ele no final do dia quando estivessem deixando o distrito. Tinha exatos dois dias para resolver esse problema.

E foi exatamente assim que aconteceu. Quando ele veio despedir dela, Kate pediu um minutinho para conversar com ele na sala de descanso. Intrigado, Castle a seguiu sem saber o que esperar. Mentalmente, ele tentava se lembrar se tinha feito algo errado ou que ela não gostara durante o dia mas fez pose e demonstrou calma.

- Então, o que você precisa de mim, Kate? Estou aqui pra servi-la.  

Ela franziu o cenho e sorriu.

- Relaxa Castle, você não fez nada errado. Quero te pedir um favor. Meu prédio será dedetizado depois de amanhã e preciso de um lugar para ficar, temporário são apenas três dias então pensei...

- Não precisa dizer mais nada! É claro que você pode ficar comigo. Nem deveria perguntar, mi casa es su casa. Você só terá que conviver com a minha mãe. Alexis está no campus e deve viajar de férias com a mãe para Paris. Quando você vai, amanhã?

- Castle eu disse depois de amanhã, nada de apressar as coisas e não tenho problema nenhum em conviver com sua mãe.

- Ótimo! Vai ser muito bom pra nós...

- Obrigada. Mais tarde agradeço da maneira apropriada.

Castle ficou radiante em saber que Kate ia passar uns dias com ele, sim porque ela pensava que seriam três dias mas na sua mente, ele já maquinava uma forma dela ficar mais tempo. Ao chegar em casa na noite seguinte, Castle teve uma surpresa. Alexis estava de pijamas, jogada no sofá e anunciou que pegara mono. Não era a melhor das noticias e ele rapidamente tratou de avisar Kate bolando milhares de razões para ela não desistir. Kate não desistiu e conforme combinado, arrumou suas coisas e mudou-se para o apartamento de Castle.
Era noite e eles estavam reunidos na sala. Alexis sentia-se péssima e novamente a ânsia de vomito a dominou.        

- Sua garganta está melhor? – Castle perguntou tirando a vasilha onde ela provocara.

- Por que tive que pegar mono?

- É chamada de "doença do beijo" por um motivo. Suponho que você e Max foram... Melhor eu parar por aqui.

- Acho uma boa ideia – disse Alexis.

-Farei um pouco de chá – ele aproximou-se do balcão da cozinha onde Kate estava - Lamento por isso. Sei que não é o que esperava quando te chamei para ficar aqui enquanto sua casa está sendo dedetizada. Alexis deveria estar indo para Paris com a mãe dela.

- Está tudo bem – ela disse sorrindo.

- Certo. Bem... – ele ouvia a campainha tocar - Se quiser ficar em um hotel, vou compreender...

- Não vou te deixar só porque sua filha está doente.

- Richard... Martha chamava por ele.

- Vou te compensar de tantas formas – e Kate gostou muito de ouvir isso.

- Richard.

- O quê?

- Sua ex-mulher está aqui.

- Meredith?

- Mãe?

O espanto de ambos era visível ao ver Meredith parada de malas e tudo na porta dele. Porém nenhum foi maior do que o de Kate. A cara de surpresa dela dizia tudo. Aquilo era totalmente imprevisível.  

- Olá, gatinho.

- O que está fazendo aqui?

- Alexis! Meu pobre bebezinho.

-Não deveria estar em Paris?

-Não sem minha filha. E já que não pode ir até Paris, eu trouxe Paris até você... Pastéis franceses e "Cinderela em Paris". Podemos aproveitá-los até que se recupere.

- Meredith, como... Por que tanta bagagem?

E com a cara mais cínica, Meredith explica para Castle.

- Estava indo para Paris mas pensei: Como posso viajar com a minha filha doente? Então vim cuidar dela e bem pra fazer isso preciso ficar por aqui. O apartamento é grande Rick e imaginei que você não se importaria – então ela finalmente olhou para Kate – quer dizer, olá Detetive Beckett. Enfim, gostaria de ficar com ela caso não seja incomodo para vocês. Posso ir para um hotel também apesar de achar que seria mais difícil cuidar de Alexis assim.

Naquele momento, todos os olhos voltaram-se para Kate Beckett. Ela se viu no meio de fogo cruzado e a sensação era de que ela estava prestes a morrer. Aqueles olhos pareciam armas prontas para disparar dependendo da resposta que ela desse. Castle ainda zonzo com os acontecimentos dos últimos minutos, resolveu fazer a pergunta para ela. Sim, era uma verdadeira saia justa.

- Kate, tudo bem para você?

Pronto. Bem naquele instante Castle a atirava aos leões. Ela olhava para ele, sinalizava o quanto podia usando o tão característico olhar mas aparentemente, Castle não entendera o que ela queria. Sem deixa-la com outra alternativa que respirar fundo e concordar.

- Sim, tudo bem.

Assim que respondeu, ela subiu para o quarto indo direto para o banheiro. A irritação a dominava por um instante. Como ele pode jogar essa responsabilidade para ela? Não que ela tivesse medo de uma recaída de Castle, não era isso. O que a deixava chateada era a situação de estar convivendo com a ex-mulher sob o mesmo teto. Respirou fundo e se controlou. Teria que confronta-lo depois e também não queria bancar a namorada possessiva e estraga-prazer, longe dela criar uma situação desconfortável com Alexis.

A noite fora tranquila, Kate não estava muito a fim de papo e para sua sorte, Meredith se trancou no quarto com Alexis. Na manhã seguinte, Kate acordou cedo e acabara de se arrumar quando o celular tocou. Alguém fora assassinado. Ela saiu do banheiro, vestiu a blusa ajeitou os cabelos e informou que precisavam correr pois tinham um caso. Eles chegaram ao local juntos e assim que desceram do carro devido a um comentário de Castle sobre seu silêncio, ela voltou a falar sobre o assunto que a incomodava.

- Não acredito que está deixando sua ex-mulher ficar com você, conosco.

- O que eu deveria fazer, mandá-la para um hotel?

- Exatamente. Entendo ela querer cuidar da Alexis. Mas ficar na sua casa?

- Certo, espere. Eu me virei e perguntei: "Tudo bem para você?" E você disse "sim".

- O que eu deveria dizer? Todos estavam olhando para mim. Não quero ser o cara malvado neste caso. Você é. Além disso, eu te dei o olhar.

- Que olhar?

- "O" olhar. Meu olhar. Não me diga que, após 4 anos, você não conhece o olhar.

- Precisa entender...

- Não vou falar sobre isso agora – ela cortou a conversa visivelmente irritada - Bom dia, Lanie.

- Não pelo jeito que você falou. O que houve?

- Homens são sem noção.

- Homens ou só o Castle? Não importa quão ruim está o seu dia, não está tão ruim quanto o de Michelle Twohey. Ela recebeu um picador de gelo no pescoço.

- Michelle Twohey, advogada de divórcios de ricos e famosos? Não é ela que só representa mulheres?

- E leva medo ao coração de muitos futuros ex-maridos. Tem mais uma coisa. Quando cheguei, ela segurava um pedaço de papel com um nome e endereço.

- Ryan!

- O nome no papel é "R Garrison". É um endereço em Scarsdale, mas não está nos contatos da vítima.

- Há um vendedor noturno na esquina que viu um homem fugindo da cena às 23h45. O suspeito virou naquela entrada do metrô. Estamos vendo as câmeras e o vendedor fazendo retrato falado.

- E a família da vítima?

- Ninguém da região.

- O escritório dela me deu o telefone do namorado. Um cara chamado Corey Francis.

- Certo, vocês descobrem como R Garrison está nisso. Castle e eu falaremos com o namorado.

- Corey, há quanto tempo você e Michelle estão juntos?

- Menos de um mês. Não sei. Nos conhecemos, nós... Foi como mágica.

- Qual foi a última vez que falou com ela?

- Durante o fim de semana. Ela cuidava de um divórcio.

- Pelo trabalho dela, deve ter feitos muitos inimigos. Havia alguém causando problemas?

- Não sei. Os casos dela envolviam muito dinheiro, egos gigantes, mas... só estava fazendo o trabalho dela. Não merecia isso.

- Temos uma testemunha que viu alguém fugindo da cena. Reconhece este homem?

- Não. Ele... não me parece familiar.

- Encontramos um endereço de Scarsdale com ela. O nome de R Garrison parece familiar?

- Não. Eu nunca a ouvi mencionando-o.

Esposito e Ryan estavam de frente para uma mansão.

- Cara, olhe este lugar.

- Nada demais.

- Está me zoando?

- O quê?

- Sempre foi um sonho meu mudar-me para uma casa como esta.

- Dane-se a casa. Sempre foi um sonho meu... ter uma mulher como aquela em casa.

- Certo. Até, claro, as coisas ficarem sérias e você terminar com ela e começar a procurar a próxima mulher dos sonhos.

- NYPD, senhora. Sou o detetive Ryan. Este é o detetive Esposito.

- Pode me chamar de Javier.

-Há algum R Garrison aqui?

-Sim, é o meu marido, Rob.

-Entrem.

-Ouviu isso? "Marido"...

-E suspeito.

-Pois é...

- Não, nunca nos conhecemos.

- Tem ideia do porquê ela tinha seu nome e endereço?

- Passei para ela ontem à noite quando nos falamos. Sou contador forense. É principalmente falência, mas faço consultoria para advogados de divórcio. Então, a sr.ª Twohey me ligou, do nada, e queria me ver para falar de problemas financeiros.

- Problemas financeiros de quem? Dela mesma?

- Ela não disse. Mas reconheci o nome dela e conhecia sua reputação, então imaginei que fosse sobre um dos clientes dela. Foi uma conversa estranha.

- Estranha? Como assim?

- Ela insistiu em me encontrar hoje. Seja o que fossem os problemas, sr.ª Twohey estava apressada em resolvê-los rapidamente.
Beckett estava ao telefone.

- Se a reunião era sobre um cliente, temos que descobrir qual deles. Vá até o escritório dela e veja em quais casos ela estava trabalhando. Já que Michelle só representava mulheres, veja se algum dos homens que ela enfrentou a ameaçou. Homens são conhecidos por fazer coisas estúpidas quando se trata das ex-mulheres. Tudo bem. Obrigada.

Castle sabia que tinha errado e precisava fazer algo para não deixa-la chateada. Querendo servir café para agrada-la, falou.

-Eu pego isso para você.

-Pode deixar. Eu pego.

- Só para você saber, sinto muito pela coisa com a Meredith, mas eu vou...- ok, ele já entendera apenas pela cara dela - resolver isso.

O celular dela tocou.

- Beckett. Certo. Estarei aí. Lanie tem algo para nós.

- Vá lidar com isso. Eu vou lidar com... a outra coisa. Resolva isso.

Ao chegar ao necrotério, a primeira pergunta de Lanie foi sobre a situação com Meredith. Diferentemente dela, Lanie era do tipo que não leva desaforo para casa e tem um jeito totalmente oposto ao de Kate quando se trata de imposição com namorados.  

- Cadê o Castle?

- Foi resolver o tal problema que ele criou se é que você me entende.

- Não. Você tem que resolver isso. É da Meredith que estamos falando... O bolinho frito com quem Castle faz sexo sempre que ela está na cidade.

- Lanie! Eu confio nele. Ele não vai fazer sexo com ela.

- Certo. Vamos dizer que não é sobre sexo. É sobre limites. Meredith está marcando o território. Não pode deixá-la entrar e sair sempre que quiser.

- Ele está encurralado. Alexis está doente...

- Não importa. É guerra, garota, e adivinhe quem está perdendo?

- Eu não sei. Talvez esteja certa.

- Talvez eu esteja certa? Claro que estou!

Mas Kate não queria pensar nesse assunto agora. Ela queria tratar desse assunto depois. Somente com ele.

- Lanie, não vim até aqui falar disso. Disse que tinha algo sobre o caso.

- Sim. Está pronta para alguma boa notícia agora?

- Seria bom.

- Examinei as roupas da vítima e encontrei vestígios de sangue de outra pessoa no botão da jaqueta dela.

- O assassino pode ter se cortado durante o ataque.

- Estou processando o DNA. Vou te ligar quando eu tiver algo.

- Obrigada. E ambas sabiam que esse agradecimento em nada tinha a ver com o caso. Beckett voltou pensativa para o distrito. Precisava se concentrar no caso e dar uma chance para Castle resolver o problema deles.

Quando voltou ao distrito, Ryan explicou a advogada representava as esposas dos homens mais ricos de Manhattan. De acordo com os dados do caso qualquer um deles teria motivo para assassina-la ao contrario de seus funcionários que possuíam álibis. O retrato falado obtido não batia com nenhum dos maridos mas alguns deles que ameaçaram Michele poderiam muito bem tê-lo contratado. Foi identificado por Esposito como Herman Poquille. Ao trazer Herman para interrogatório, Ryan e Esposito tentaram acusa-lo de assassinato para descobrir quem havia contratado seus serviços. Para surpresa deles, a própria Michelle fora a responsável por sua contratação. Era fotógrafo, se encarregava de tirar fotos dos maridos traindo suas esposas mas ele falhara e ela o demitiu. Depois do nada o contatou para um serviço grande. Disse que se encontraria com ele perto do metro e quando ele chegou, ela já estava morta. Ele fugiu por não querer se envolver em assassinato mas deixou o celular a disposição para checarem ligações e mensagens.

- Olhei o celular de Herman e ele não estava mentindo. Michelle queria contratá-lo para tirar fotos e ela parecia bem desesperada. Herman não queria o trabalho e continuou respondendo "não" para ela. Mas ela pareceu, finalmente, conquistá-lo com isto – e Ryan apertou o play em um vídeo:

“Certo, Herman. Meus SMS não te fizeram mudar de ideia, talvez isto sim. Olhe para mim. Estou implorando.Tenho um grande problema e preciso de você e sua câmera para um último trabalho. Por favor. Uma vida está em jogo.”

- "Uma vida está em jogo"? Do que diabos ela precisava de uma foto?

Enquanto isso, Castle chegava em casa para a missão que prometera a Beckett. Ele encontrou Meredith a beira do fogão.

- Olá. Já pegou o assassino?

- Não. Ainda não. Como está Alexis?

- Dormindo, mas vou acordá-la com um pouco de sopa. Quer um pouco?

-Não, obrigado. Escute, Meredith, sobre você ficar aqui...

-Obrigada de novo, Richard. Não posso dizer o quanto significa para mim.

- Sim. É que... Beckett e eu... – mas Meredith o cortou.

- São maravilhosos. É tão bom ver como estão seguros dessa relação. Muitas estranhariam o namorado hospedar a ex-mulher. Mas não Kate Beckett. Ela entende.

- É, Kate entende. Mas veja bem, Meredith... – ele bem que tentava puxar o assunto com ela mas Meredith também tinha sua agenda.

- Eu sei. E... não é fácil para mim admitir. Não tenho sido a melhor mãe. Perdi tanto da vida de nossa filha. O fato de permitir que eu fique aqui no momento em que Alexis mais precisa – chorosa ela tocou o rosto dele e completou - Richard, nunca esquecerei disso – ela saiu com a bandeja na mão.

- Nem Beckett. Ele falou baixinho e contrariado. Sabia que ia ouvir várias coisas de Kate.

Enquanto isso no distrito, Beckett aproveitou que os rapazes estavam em busca de um novo link para o caso e sentou-se pensando no que Lanie havia falado. Kate não tinha o habito de bater boca com suas adversárias, não considerava essa atitude saudável. Porém, reconhecia que a amiga tinha razão sobre os limites. Quando disse a ela que confiava em Castle e sabia que ele não dormiria com a ex, falara sério. Estava muito interessada no que Castle teria para dizer a ela e esperava sinceramente que ele resolvesse o assunto porque ela era compreensiva desde que ninguém pisasse no seu calo. Suspirou. Resolveu atualizar o quadro de evidências quando percebeu que ele se aproximava.    

-E então?

-Então o quê?

- Aquilo! – ele a viu revirar os olhos - Ainda... resolvendo – certamente não era a resposta que Kate queria ouvir - Algum progresso na busca do assassino de Michelle Twohey?

- Não, ainda não. Ainda estamos checando os álibis dos ex-maridos.

- Oi, pessoal. Acho que nossa teoria pode estar invertida. E se não foi um ex-marido que matou a sr.ª Twohey? E se foi uma ex-mulher?

- Ora, uma ex-mulher problemática? Imagine só! – Beckett claramente debochou - Acha que uma das clientes a matou?

- Lanie descobriu que o sangue na jaqueta de Michele pertencia a uma Samantha Voss. Ela foi presa em Los Angeles por dirigir alcoolizada.

-Ela tinha atritos com Michelle?

-Eu diria que sim. Na manhã do assassinato, o juiz deliberou contra Samantha no divórcio litigioso. Ela perdeu muito!

-Quanto é muito?

-Apartamento chique, muito. Carros e barcos, muito. Patrimônio milionário, muito.

-É muito.

- Especialmente quando Samantha gritou no tribunal acusando Michelle de ter ferrado o caso.

E eles decidiram visitar a suspeita.

- Claro que meu sangue estava nela. Michelle cuidou muito mal do meu divórcio. Fiquei furiosa. A discussão ficou física e cortei a mão em um botão de metal da jaqueta dela. Mas não a matei.

-Sr.ª Voss...

-Sr.ª Voss está morta. Voltei a ser sr.ª Peterman, obrigada – ela reparou no rapaz que arrumava as coisas - Não, não, não... Não embale a porcelana chinesa. Ficará com meu ex-marido. O safado.

- Sr.ª Peterman, onde estava ontem à noite entre 22h e 1h?

- Estava no leilão beneficente, o qual coordeno, até as 2h – ela pegou um estilete e saiu cortando uma tela - Há centenas de doadores que podem confirmar. Pode checar, se quiser.

- Pode não ter matado Michelle, mas acaba de matar um Zaozirny.

- Não preciso matar para me vingar. Não quando há outras formas de dar o troco no meu ex – ela pegou um prato grande e jogou no chão quebrando-o - Que pena. Aquele prato fazia parte de um conjunto.

- Sr.ª Peterman, se puder parar de destruir as outras coisas, talvez possa nos ajudar. Michelle disse ou fez algo fora do comum?

- Posso dizer, havia algo errado na vida daquela mulher. Porque há um mês, ela estava tão distraída.

- Distraída com o quê?

- Perdeu-se em detalhes do meu caso que nada influenciariam em um melhor acordo. E nem me fale dos problemas pessoais dela. Enquanto falava ela continuava quebrando coisas que assustavam inclusive Beckett.

-Problemas pessoais?

-Detetive, eu era a cliente e não a melhor amiga dela. Eu não sei. Mas posso dizer-lhe que ontem chegou atrasada ao tribunal e ela estava...chorando.

- Disse o porquê?

- Sim, que estava tendo vários problemas pessoais.

Nesse momento o senhor entra na sala.

-O que fez com o meu Zaozirny?

-Que bom. Meu ex chegou. Walter, Walter, Walter. Entre. Temos companhia. Diga olá!

-Sua vadia!

-Não, querido. Vadia é aquela que você pagou para fazer sexo com você.

Beckett e Castle olhavam na direção de um e outro sem saber o que esperar daquela discussão. O ex pegou um vaso e partiu-o no chão. Beckett estava impressionada com aquela loucura. 

- Walter, não. Não, Walter – ambos pegaram objetos prontos para destrui-los quando Beckett resolveu colocar ordem naquilo.  

- Não! A próxima pessoa que quebrar algo vai para a cadeia. E Beckett cumpriu sua palavra chamando policiais para leva-los ao distrito no momento em que eles quebraram os últimos objetos desobedecendo-a. quando a porta do elevador se abriu, eles ainda discutiam. Beckett, Castle e os rapazes observavam a cena próximos à mesa dela.

-É tudo culpa sua.

-E valeu a pena!

-Uau, o inferno é aqui mesmo.

- Foi assim com suas ex-mulheres? Espo perguntou a Castle.

- Não. Meus dois divórcios foram amigáveis.

- Amigáveis até demais – alfinetou Beckett o que fez os rapazes olharem de forma estranha para ele, para mudar de assunto e evitar maiores problemas, ele sugeriu algo para focarem no caso.

- Algo estava acontecendo com Michelle Twohey. Na manhã de sua morte, chegou atrasada ao tribunal e ainda estava chorando. Então, de onde ela veio?

- De acordo com seus gastos, ela tomou café da manhã perto do tribunal. Talvez alguém possa nos dizer o que a estava perturbando.
-Mano, o que foi aquilo?

-Aquilo o quê?

- Sua namorada fez uma observação sarcástica sobre sua ex-mulher e só vai dizer isso?

- Aquilo não foi nada.

-Fale logo.

-Conte-nos.

- Tudo bem. Como vocês sabem, Beckett está ficando no loft enquanto seu apt.º é dedetizado. Alexis está em casa doente. E então Meredith apareceu, querendo ficar no loft.

- E você disse não – ao perceber que Castle ficara calado, Espo insistiu - Diga-me que você disse que não. Sério? – mas eles já entenderam e estavam surpresos com a atitude de Castle - Deixando a ex ficar com você quando está com outra pessoa? Isso é como jogar gasolina em fogos de artifício.

- Qual é? Gente, não é tão ruim assim.

- Castle, você está na beira de um precipício muito, muito íngreme, meu amigo.

- E se não fizer algo rápido... – eles sinalizaram a ruína de Castle no momento que Beckett voltara com informações.

- O dono do café lembra de Michelle discutindo com um homem alto, bonitão, 30 anos, cabelo castanho claro, e olhos azuis.

- O namorado, Corey Francis? Achei que ele tinha dito que não via Michelle desde o fim de semana. Por que mentiria?

- Parece que está escondendo algo.

- Vamos trazê-lo aqui e descobrir o quê.

Ryan saiu para cumprir as ordens de Beckett não sem antes fazer o sinal e assobiar indicando a ruína de Castle. O resto do dia não fora nada proveitoso para eles, Castle podia perceber de longe o mau humor de Beckett e o dialogo entre eles estava bem difícil, cheio de farpas. Ele tinha que fazer alguma coisa para se redimir e se não conseguia tirar Meredith do loft, teria que arrumar uma segunda opção para eles. Pegou o telefone e pediu ajuda de alguns conhecidos.

- Sim, e se você tiver alguns morangos e champanhe, deixe-os à nossa espera. Perfeito. Cedric, fico te devendo. Obrigado – ele voltou para perto dela.

- Michelle briga com o namorado, marca um encontro com um contador e, então, contrata um fotógrafo. Em que ela estava metida?

-Eu não sei. Mas por que não discutimos isso esta noite em nossa enorme Jacuzzi no Four Seasons, onde acabo de reservar a suíte Ambassador?

- Por que você faria isso?

- Porque o seu apt.º ainda está sendo dedetizado e o meu loft está lotado de ruivas. Então pensei: por que não aproveitarmos? Beckett realmente se controlou para não voar na direção dele e dar uns bons tapas para ver se ele acordava. Em vez disso, chamou pelos rapazes.  

- Rapazes, onde está Corey Francis?

- Temos um problema.

- Ele desapareceu. Seu celular foi desligado, o endereço é falso, assim como seu nome.

- O cara que a nossa vítima estava namorando não existe?

- E o pior: não temos como encontrá-lo.

- Não. Espere – Castle lembrou - Ele usava um anel. Anel de formatura. Alguma coisa de Nova Iorque.

- Sim, era vermelho com uma catedral gravada nele. Beckett completou.

- Universidade de NY.

- Pode ser parte da identidade falsa.

- Universidade de NY? Qual é? Se fosse escolher uma identidade falsa, não escolheria uma faculdade melhor do que... – mas a cara de Espo o fez rever o que dizia - a Universidade de Nova Iorque?

- Podemos identificá-lo usando os anuários. Ele tem uns 30 e poucos, por que não pegamos tudo da biblioteca da universidade a partir de 1996?

- É no norte do estado.

- Pegaremos pela manhã.

- É.

Quando ficaram sozinhos, Kate voltou ao assunto de antes.

-Não.

-Não o quê?

- Não para o Four Seasons – ela pegou seu casaco - Se alguém deve ser enviado para um hotel, é Meredith.

- Eu tentei. É que... Significa muito para ela estar lá pela Alexis. Pareceu-me cruel expulsá-la e mandá-la para um hotel.

- Sério, Castle? – ela não se conteve - Você tentou me mandar para um.

-Não, mas aquilo foi porque...

-Mas nada. Bico fechado, gatinho. Nós vamos para casa.

E eles realmente voltaram ao apartamento de Castle. Para a sorte de Kate, Meredith estava no quarto com Alexis e eles puderam fazer uma refeição decente sem ela precisar se preocupar em encarar a ex dele porém, a cara dela não indicava que ela estava feliz ou mesmo mais relaxada por toda essa situação. Se Castle não fora capaz de lidar com sua ex-mulher, Kate teria que cuidar disso a seu modo. Ela seguiria o conselho de Lanie sobre limites logo pela manhã. Já no quarto, Castle ainda tentava se explicar por falhar com ela além de ter pedido desculpas pelo hotel umas cinco vezes. Kate não estava com raiva dele, sabia pelo jeito dele e pelas desculpas que ele estava incomodado e chateado por não conseguir resolver a situação. Ela sabia que Castle era um coração mole mas ele podia ao menos ter se esforçado um pouco mais ao invés de deixar esse problema nas mãos dela porque agora ela teria que ser a vilã da história. Naquela noite, ela não deu muito ibope a ele e distraiu-se com um livro até o sono chegar mas os carinhos e beijinhos que recebera dele enquanto ela se concentrava na leitura foram suficientes para assegurar que ele estava realmente tentando agradá-la. 

Na manhã seguinte, Kate se levantara cedo e arrumara-se para trabalhar. Decidira que faria café para eles e antes de sair para o distrito conversaria com Meredith. Ela estava na cozinha servindo o café fresco para entregar a Castle quando viu a ex descer as escadas na direção dela com uma visão que chocou Kate. Meredith estava desfilando de calcinha e uma blusinha de pijama como se aquilo fosse totalmente normal.

- Que cheiro delicioso. Posso tomar uma xícara?

- Eu... estava fazendo esta para o Castle – ela falou baixinho - Mas, sim, aqui – Kate ainda estava tentando tirar a imagem da cabeça para não se abalar com isso - Então, como Alexis está?

- Ela está dormindo. Ela está sempre dormindo. Eu a amo, mas com mononucleose, ela está meio entediante. Então, você e Rick...

- Sim. Eu e Rick. Então... – é Kate realmente não conseguia se concentrar em nada olhando para Meredith daquele jeito - Sabe, você deveria colocar uma calça.

- Por quê? Não vou a lugar algum.

- Oi, vocês duas. O que está acontecendo? – é ele percebeu que Kate tinha razão, era estranho essa situação toda.

- Nada. Só fazendo café. Aqui, este é para você. Kate não pode acreditar que ela simplesmente entregou o café que preparara para Castle como se ela tivesse feito! 

- Obrigado. O que tem aqui? Você adicionou...noz-moscada?

-Noz-moscada – falaram juntos.

- Noz-moscada? Kate não entendeu o por que deles repetirem juntos a palavra.

- Sempre que Rick virava a noite, eu salpicava noz-moscada em seu café. Dava um impulso extra. Você quer tentar?

- Não, obrigada. Acho que já tive impulso o bastante para uma manhã – ela olhou para Castle e foi seca - Eu estarei no trabalho.

Kate Beckett realmente saiu chateada com a cena que vivenciara essa manhã. Como a pessoa pode ser tão dada a ponto de andar de calcinha na casa do ex-marido? Isso não pode estar certo! Ser amigável, manter um nível de relacionamento com Castle por causa da filha, tudo bem mas isso não dava direito a ela de desfilar como se fosse a dona da casa. E o que foi aquela cena do café? Ela pegou o café que fiz para ele e ainda ficaram lembrando de velhos tempos? Logo o café!

Kate passou a mão pelos cabelos e respirou fundo. Decidiu se concentrar no caso ao ver os anuários já sobre sua mesa. Ela precisava deixar isso de lado por um tempo e sinceramente esperava que ele aparecesse bem mais tarde pois não estava nem um pouco a fim de encara-lo agora. Depois desse caso ela iria lidar com isso.

Uma hora depois, Kate estava debruçada nos anuários quando Castle apareceu no distrito. Ele percebera pela forma que Kate o deixou essa manhã que eles começaram o dia com o pé esquerdo. Ele sentia uma necessidade muito grande de se justificar pela cena da manhã já que ele era o responsável pela estada de Meredith em seu apartamento. Então ele começou falando.

- Ouça... Aquela coisa do café, Meredith não quis dizer nada com isso. Ela só queria ser atenciosa.

- Tenho certeza que sim. Ela não queria entrar numa discussão com ele, especialmente no distrito mas se ele continuasse insistindo em defender a ex, ela não ia segurar.

-Então você não está chateada?

-Com o quê? – pronto! Fora a gora d’água - Com o quão confortável sua ex fica em sua casa, com sua família, como ela sabe coisas sobre você que eu não sei? Por que ficaria chateada?

- É por isso que eu queria ficar num hotel, para você não ter de lidar com isso.

- Eu não deveria ter de lidar com isso porque você deveria ter dito não.

- É, mas eu não disse, e agora não posso. Eu sei. Eu vou... Mandarei Alexis e Meredith para o hotel. Contratarei um médico para ela – ele saiu dando opções porque sabia que pisara na bola e precisava que ela não ficasse chateada com tudo isso.

- Não. Castle, sou crescidinha. Posso estar no mesmo lugar que sua ex-mulher.

-Então você vai ficar?

-Vou. Claro – ela falou sarcasticamente - Estarei submetida a ela desfilando seminua.

- Não posso ganhar, posso?

- Claro. Porque tudo isso é sobre você – ela disse revirando os olhos.

- Bom, você fez... Se eu... – sem argumentos ele resolveu desistir - Quer saber? Você está certa. Está absolutamente certa. Tudo que temos que fazer é sobreviver aos próximos dias com minha ex-mulher louca. O que me diz?

-Noah.

-Não?

- Não "não". Noah Kesswood.

- Corey Francis é, na verdade...Noah Kesswood.

- Ex-oficial da inteligência do exército.

- Ex-inteligência militar?

- Noah usa identidade falsa, começa a namorar Michelle e então desaparece logo após sua morte?

- Mistura de The Bachelor e Homeland.

- O que quer que tramava, o único vestígio que achei é uma empresa em seu nome. E vem havido muita movimentação. Grandes transferências on-line do escritório de advocacia Benedict, Cole & Schuster.

- Começam a pagar quando Noah vira namorado dela.

- Acha que o pagavam para espioná-la?

- Michelle lidava com casos milionários. Talvez um advogado adversário queria uma vantagem.

- Se Michelle descobrisse que o advogado a espionava, ele seria julgado por violação de ética e expulsão.

- Desesperado o suficiente para pagar Noah, paga para matar Michelle, fim do problema.

- Pode ser, mas o melhor jeito de descobrir é rastrear o advogado que autorizou os pagamentos.

Ryan e Esposito foram a procura do Sr. Schuster pressionado, ele negara por varias vezes as transferências de dinheiro e o conhecimento sobre Noah. Depois de muita argumentação ele supôs ter recebido instruções de uma cliente para pagar pelos serviços de Noah e por conta do sigilo entre cliente e advogado ele não revelaria nada. De volta ao distrito, Ryan não se deu por vencido e examinou os casos do advogado dos últimos cinco anos e encontrou um caso realmente interessante. Billy Piper. Famoso golfista profissional se divorciando, viaja de barco ao Caribe para melhorar o casamento. Mas sua esposa nunca voltou à costa. Billy disse que ambos estavam bebendo e sua esposa, acidentalmente, caiu do barco. Todos achavam que foi assassinato. Mas não tinham o bastante para incriminá-lo. Diante da historia que Ryan cavara, ele mesmo explicou a ligação encontrada.

- Verdade. E o que isso tem a ver com nossa vítima? Há 3 anos, Michelle tinha uma cliente que sumiu do barco. Essa cliente... era Leann Piper.

-Esposa de Billy Piper? Não pode ser coincidência.

-Não acho que foi – continuou Ryan - Na verdade, achei um arquivo no computador de Michelle que mostra que investigava a morte de Leann há um mês.

- Espere. E se Michelle descobriu como Billy matou a esposa?

- Encontrando provais reais?

- Isso. E o único jeito de Billy evitar que isso fosse divulgado...

- Era matando Michelle. Beckett completou.

Beckett e Castle foram fazer uma visita a Billy. Castle observava os troféus do golfista.

- É meu orgulho e alegria. Ganhei em agosto de 2002.

- Você deu duas tacadas para vencer.

- Isso mesmo. Posso servi-lhes uma bebida?

- Esta não é uma visita social, sr. Piper – disse Beckett - Viemos para conversar sobre Michelle Twohey.

- Michelle quem? Sinto muito.Não soa familiar.

- Estranho não lembrar da advogada do divórcio de sua mulher. Sabia que ela acabou morta? Estou perguntando porque ela te visitou há um mês.

- Não me lembro de visita alguma.

- Tem certeza? Foi logo após essa visita que contratou Noah Kesswood.

- Quem é Noah Kesswood?

- O homem que pagou para espioná-la. E então ela acabou morta. Isso é muito suspeito, não acha?

- Vocês...Alguém morre, interrogue Billy.

- Tem como nos culpar? Ainda mais com o que houve com sua mulher?

- Está bem. Vamos falar sobre o que houve com minha mulher. Leann pediu o divórcio e eu não queria, pois, de onde venho, casamento é sagrado. Então Leann e eu decidimos dar um passeio de barco, como nos velhos tempos, mas, ao invés de recuperar nossa magia, Leann ficou bêbada e caiu no mar. Então por que sou o vilão?

-Então você é a vítima aqui?

-Pode apostar que sim. Perdi meus avais e meu status. Minha própria família não quer nada comigo.

- Interessante. Na lista das coisas que perdeu, você não incluiu a sua esposa.

- Ela nunca foi o meu troféu favorito. Por que vocês dois não dão o fora da minha casa?

De volta ao distrito eles discutiam o caso.

- Billy fez isso. Matou a mulher para manter seu dinheiro, então matou Michelle quando ela encontrou provas. Mas como provamos isso?

- Tudo nos leva a Noah. Então, se o pegarmos, podemos conectá-lo a Billy.

- Perfeito. Só que não temos como encontrá-lo.

- Na verdade, nós temos – era Ryan - A garagem do edifício de Billy possui um sistema de valet. O gerente levantou os registros de quando Noah estacionou e temos o RENAVAM.

- O carro é de uma frota registrada por uma empresa farmacêutica – disse Espo.

- Noah é funcionário lá?

- Não, ele não tem afiliação algum.

- Certo. Continuem investigando. Deve haver alguma conexão – e o celular dela toca e os rapazes que já iam embora, ficaram para bisbilhotar a conversa - Alô? Sim, Meredith, Castle está bem aqui. Desculpe. O quê? Você quer falar comigo? Sim. Não – Kate consulta o relógio - Certo. Tudo bem. Kate desligou o telefone ainda com um ar de surpresa no rosto.

- O que ela queria? Perguntou um Castle ansioso. 

- Ela me convidou para jantar esta noite. Só nós duas.

- Para jantar? E você disse sim? Como você pôde dizer sim?

- Assim como você quando ela pediu para ficar na sua casa. E se eu dissesse não, demonstraria insegurança – e saiu da sala.

- Isto é tão ruim o quanto parece? Perguntou Castle aos rapazes.

- Não. É muito pior. Muito, muito pior – disse Espo.

- Não. certo, espere. Vamos... retroceder um pouco e pensar sobre isso. Só jantar.

-Apenas um jantar entre sua ex-mulher e sua nova namorada. Isso é mortal – disse Ryan - Castle, você tem dois mundos.

-Dois.

- E, neste instante, os dois estão se unindo. O que acontece quando dois mundos colidem?

- BOOM – disse Espo.

- Certo, caras. Vocês estão levando isso longe demais.

- Castle – Espo segurou-o pelo braço - Meredith sabe coisas sobre você.

-E daí?

-E daí?

- E daí? Há algo que Meredith saiba que não quer que Beckett saiba? BOOM...

- Dois mundos colidindo –completou Ryan e Castle saiu apressado atrás de Beckett. Ela estava observando e escrevendo no quadro.

- Eu já disse como é encantadora a sua caligrafia? A fonte é tão amigável. Eu gosto de ficar observando-a.

- Castle, o que foi? Mas Kate Beckett já sabia o que ele temia.

- Eu só quero garantir de que você quer ir ao jantar com Meredith. Lembre-se que ela é louca. E, é claro, dramática. Combinação infeliz.

- Por que está tão preocupado? São apenas duas pessoas com as quais já foi íntimo, encontrando-se e comparando notas.

- Comparando notas. Quais notas? – ela olhou para ele maliciosamente e saiu andando - Sério, quais notas?

- Espo. O que conseguiu sobre Noah?

- Falei com o vice-presidente da empresa farmacêutica. Adivinha onde ele se formou? Universidade de Nova Iorque.

- Lamento por isso.

- Ele não só deu acesso ao carro para Noah como também o hospeda desde mês passado.

- Certo. Vá buscá-lo.

Ryan e Esposito tiveram que travar uma perseguição nas ruas de New York até finalmente prenderem o cara e o levaram para o distrito.  Beckett entrou na sala para interroga-lo.

- Olhe para ele. Não parece o namorado arrasado que conheci ontem.

- Noah. Você é bom, cara. Mas não tão bom assim. Disse Espo.

- Certo, não vamos perder tempo. Sabemos que Billy te contratou para espionar Michelle e ver se ela tinha provas de que ele matou a esposa.

- Quando descobriu que ela tinha, Billy ordenou que enfiasse um picador de gelo em seu pescoço.

-Não matei Michelle.

-Não acredito em você.

- Não precisa. Enquanto Michelle virava espetinho, eu seguia para a Universidade de NY, ver minha alma mater jogar contra West Virginia. Ganhamos, por sinal. Vai, Broncos.

- Se você não a matou, por que se esforçou para sumir?

- Detetive... por que você não me paga um refrigerante?

- Como é? Esposito perguntou.

- Não você. Você.

E Beckett aceitou a condição dele. Escorados na maquina de refrigerantes, ele contou o que sabia.

- Tudo bem, veja, lido com a inteligência, não com assassinatos, nunca assassinatos. Quer a verdade? Certo, eis aqui e é de graça. Billy Piper estava completamente paranoico. Quando Michelle começou a fazer perguntas sobre aquela noite no barco, ele entrou em pânico. Achou que ela queria vingança contra ele, que fosse preso por matar sua cliente. Provavelmente, ele estava certo. Ela disse que estava muito perto de descobrir o que aconteceu naquele barco.

- Evidências reais?

- Talvez. Ela estava juntando as últimas peças do quebra-cabeça da Narcóticos.

- A Agência Antidrogas? Por quê?

- Pergunte a eles, detetive.

- Certo. Sabe que ainda terei que te manter aqui.

- Por até 24 horas. E então nunca me verão novamente.

Então o álibi de Noah foi confirmado e Beckett pediu a Ryan para descobrir o que Michele estava investigando com o pessoal da Narcóticos. Estando tarde, ela decidiu encerrar. Já de casaco nas mãos, ela disse.

- Certo, Castle. Até mais tarde.

- Mais tarde? Podemos ir juntos.

- Tenho um jantar com sua ex-mulher. Lembra?

- Lembro. Mas esperava que você esquecesse.

- Certo – ela deu um sorrisinho - Não espere acordado.

Kate chegou ao restaurante indicado por Meredith e logo a avistou sentada numa mesa de canto. Respirou fundo e se preparou para as próximas horas. No seu ponto de vista, esse jantar poderia ter dois finais : ou ela colocava as cartas na mesa e tinha a compreensão de Meredith ou elas se odiariam para sempre e a consequência disso poderia ser desastrosa para Kate. Qualquer que fosse a ideia da ex de Castle ao convida-la para jantar, certamente não imaginou que como uma ótima jogadora de pôquer, Kate Beckett estava pronta para blefar e no momento certo, a detetive estava pronta para dar all-in.

- Oi, Meredith!

- Kate! Sente-se. Você gosta de champagne presumo?

- Sim, gosto – e teve seu copo servido com a bebida – obrigada.

- Dia difícil no trabalho?

- De certa forma, o caso está parado. Já atingimos muitos becos sem saída.

- Kate, eu não sei como você consegue! Trabalhar caçando assassinos, psicopatas, aquelas cenas de crime e sempre pondo em risco a sua vida. É um trabalho difícil, perigoso. Quer dizer você é linda, podia ser uma top model internacional, ou uma modelo de alguma marca famosa fácil! Ou quem sabe até ter a mesma profissão que eu.

- Nem sempre a vida segue o curso que a gente gostaria. É como diz o ditado: se a vida lhe oferece limões, faça uma limonada.

- Você deve estar se perguntando porque eu te chamei para jantar. Quer dizer, o que eu tenho a ver com a namorada do meu ex-marido, certo?

- Na verdade sim, seu convite me pegou de surpresa.

- Imagino, mas não se preocupe. Eu não estou aqui para fazer nenhum showzinho sobre o Rick e minha vida com ele. Eu diria que o propósito dessa noite é tentar te conhecer melhor. Alexis fala muito de você, muito bem. E sei que a minha filha é uma ótima julgadora de caráter. Já que estou aqui, porque não?

- Alexis é uma menina adorável. Você deve se orgulhar dela.

- Sim me orgulho apesar de saber que eu não contribuí em praticamente nada para torna-la assim. O mérito é do Rick, por incrível que pareça.

Kate sorriu. Pelo menos ela era justa.

- Sua filha é inteligente, bonita, responsável. Eu a admiro muito e tenho certeza que ela será uma excelente profissional qualquer que seja a carreira que escolher. Uma das coisas mais bonitas que já vi é a relação dela com o pai. E não falo isso para dar mérito a ele porque é meu namorado. Antes mesmo de estarmos juntos, eu já admirava. Ela foi criada com muito amor.

- É, ouvindo agora você falar me faz perceber o quanto eu perdi dessa fase dela. Até você conhece mais minha filha do que eu. Parece que ela está muito bem sem mim.

Kate percebeu que Meredith tinha lágrimas nos olhos. Ficou com pena.

- Hey, eu não quis dizer isso para deixa-la triste, você teve suas razões mas Alexis está aí na faculdade e tem muito pela frente. Nunca é tarde para tentar participar. Acredite, uma mãe faz muita falta.

- Obrigada, Kate. Vamos pedir? E então mudamos de assunto. O pato com laranja daqui é de morrer!

Elas pediram a comida e mais uma garrafa de champagne. Começaram a conversar amenidades, papos de garotas e Meredith falou um pouco das suas loucuras e da sua carreira como atriz. Em nenhum momento as duas mencionaram Castle e todo aquele sentimento ruim que Kate pensara precisar enfrentar fora esquecido. Claro que Kate sabia que teria que impor seu limite mas agora tinha certeza que não seria algo estranho de se fazer. Num dado momento durante a sobremesa, Meredith começou a rir e explicou o motivo a Kate.

- Eu estava pensando que nesse momento, Rick deve estar morrendo de ansiedade. Posso vê-lo andando de um lado para outro no apartamento.

- Eu disse a ele que íamos comparar notas. Ele quase morre. As duas caíram na gargalhada. Por incrível que pareça, Kate estava se divertindo na companhia da suposta louca.

- Aliás é incrível como Castle é egocêntrico. Tudo tem que ser sobre ele. A culpa por ser o famoso autor de Best-seller.

- Isso é verdade mas acho que isso é dele mesmo. Talvez o modo que foi criado – Meredith bebeu um pouco da água e tornou a falar – é realmente interessante a forma como você fala dele, chamando pelo sobrenome. Porque isso?

- Bem, primeiro era costume quando ele começou a trabalhar comigo e com o passar do tempo acho que só se tornou especial – Kate deixou o sorriso formar-se no rosto, aquele momento em que não há como negar que se está apaixonada, então ela decidiu abrir o jogo com Meredith e estabelecer de uma vez por todas o limite. 

- Falando nisso, Meredith, eu queria dizer que entendo a sua necessidade e obrigação de ficar e cuidar de Alexis mas talvez nós tenhamos que criar algumas regras entre nós. Você e Castle tem um passado, tem uma filha e isso não mudará. Mas o que aconteceu com vocês ficou no passado e agora ele está em outro momento da vida e eu gostaria que respeitasse a nossa intimidade e você...

- Não precisa dizer mais nada. Kate você disse muito bem, o que Rick e eu vivemos ficou no passado. Alexis é o que me importa. Quer ouvir uma confissão? Eu nunca fui a certa para ele, sabia disso mas tivemos nossos momentos. Estou começando a achar que você é a pessoa certa para ele. De verdade.

- Obrigada por entender.

- Tudo bem, acho que também tenho que agradecer a você. Sei que você ajudou em algumas fases de Alexis. Ela te admira. Então, eu tenho um pedido a fazer Kate. Enquanto eu estiver distante ou mesmo se algo acontecer, você continua cuidando da minha filha?

- No que eu puder, na verdade você não é a primeira a me pedir isso, Castle já me pediu. Mas e se eu e Castle não dermos certo?

- Conhecendo Alexis, isso não importará para ela e acredite você e Castle? É real. Simples assim. Sabe Kate não é fácil me intimidar especialmente no mundo que eu vivo mas você, eu me sinto intimidada por você. Enquanto eu preciso de sessões de maquiagem, descanso, decorar textos e viver competindo pelo foco, você pode ser apenas você. Linda, elegante,poderosa e ainda anda armada. Acredito que por isso você é a pessoa certa para o Rick. Porque você é real. Uma pessoa comum, com uma vida comum. Uma mulher independente com uma personalidade forte. Você não precisa se esconder atrás do glamour.

Kate ficou sem palavras diante da declaração que acabara de ouvir. Meredith pediu a conta e antes de deixarem o restaurante, ela propôs uma brincadeira para levar Castle ao desespero. Como Kate sempre gostou de implicar com ele, isso seria bem interessante.


Apartamento de Castle


- Querido, por favor. Relaxe.

- Não consigo relaxar, mãe. Meus mundos estão colidindo, certo? Eu... Não consigo relaxar.

- Tome uma taça de vinho. Funciona para mim.

- A ideia de elas estarem falando segredos meus neste momento... – droga! A culpa era dos rapazes! - O que eu faço? Devo ligar? Eu deveria ligar.

- Não, não e não. O que você não deveria ter feito era deixar Meredith ficar aqui. Aqui não é pensão, querido. Tem que parar de deixar gente ficar aqui de graça.

- Diga-me que você percebe a ironia aqui – mas no fundo Castle sabia que nada disso aconteceria se ele tivesse dito não a Meredith.

Nesse momento, as duas entram conversando pela porta. A cara de Beckett não está nada boa, ele pode notar.

- Nossa, Meredith, Castle fez isso? Não acredito que você casou com ele.

- No que você não acredita? – e o nervosismo tomou conta dele a ponto de não conseguir formular uma frase sequer - O que... Não... Qual é. Beckett, há dois lados para essa história. O que... Qual história... O que contou a ela?

- A verdade, Richard – Meredith provocou. Kate muito séria disse algo que realmente fez Castle e desesperar.

- Castle, você não é quem eu achava conhecer.

- Eu sou, sim. Eu sou quem você conhece – e mais uma vez ele ficou sem formular boas ideias e Kate viu o que queria - Achei que você... Eu sou... Eu te conheço.

As duas caíram na gargalhada.

- Isso não é legal.

- Você tinha razão, ele reclina para a esquerda.

- Só quando fica estressado.

- Não creio que nunca reparei nisso.

- Quem... O que reclina? Castle ainda tinha o olhar apavorado e não entendera direito o que as duas estavam comentando.

- Obrigada, Meredith. Foi muito divertido.

-Obrigada por ir. E as duas se abraçaram. Castle não estava acreditando.

-Tenha uma boa noite. Boa noite, Martha.

-Boa noite, querida.

Castle correu atrás dela precisava saber o que tinha sido exposto sobre ele. Kate estava a frente do espelho tirando o casaco.  

- Certo, o que ela falou de mim? Vamos. Eu entendi – Kate olhava para ele através do espelho,séria. A mesma cara que fazia quando não comprava uma explicação como se desafiasse sua inteligência - Eu lidei mal com isso tudo. E sinto muito. Vá por mim, eu sinto muito. Por favor, diga-me o que Meredith disse. Foi algo com o que devo me preocupar?

- Quer saber, Castle? – ela se aproximou para abraça-lo - Por mais divertido que seja te torturar, até gosto um pouco mais de você agora.

- Gosta?

- Meredith é divertida, dinâmica e difícil de se recusar. Mas, enquanto estivermos juntos, ela nunca mais fica aqui.

- Nem precisa dizer. E ela o beijou para tirar de vez as paranoias da cabeça dele. O celular de Beckett começou a tocar. 

- Certo.

- Deixe cair na caixa postal.

- Certo. Mas ela percebeu que era algo importante.

- É da delegacia.

- O quê?

- Beckett.

- Acabei de falar com a Narcóticos. Você precisa vir agora.

- Estamos a caminho. Ela pegou seu casaco e eles saíram.

No distrito, Ryan explicou a descoberta. Michelle estava interessada no controle de drogas no Caribe, que envolve o rastreamento de aviões e barcos por satélite. Ela pegou esta foto de satélite de três anos atrás, da noite do assassinato de Leann Piper. Ela descobriu um outro barco, Billy Piper tinha um cúmplice que provavelmente levou o corpo para bem longe. 

- Por que ela procurou por outro barco?

- Foi listado como bem em um dos casos de divórcio. E vocês nunca vão adivinhar quem é o cúmplice.

Castle e Beckett foram procurar Walter Woss e trouxeram-no para interrogatório. Mesmo com toda a explicação e Beckett mostrando que ele podia facilmente ser acusado por assassinado, Walter apenas admitiu a amizade com Billy mas nada relacionado ao crime que ocorrera três anos atrás. Beckett sabia que sem uma confissão tudo o que eles tinham era especulação e ainda não conseguia ver um motivo em tudo aquilo. Esposito se aproximou com uns dados interessantes.   

- Não entendi algo nos registros telefônicos de Walter. Na manhã do assassinato da Michelle, fez uma ligação de 20 minutos para Garrison.

- O contador com quem Michelle precisava tanto falar? Por que Walter ligaria para ele?

Beckett examinava a pasta que continha duas fotos, do contador e da esposa. Castle perguntou pela mulher.

- Quem é esta?

- A mulher dos meus sonhos – disse Esposito - É a esposa do contador.

- Pessoal, olhem a esposa morta de Billy. E então olhem para a esposa do contador. Cabelo, nariz e queixos diferentes, mas...

- É a mesma mulher – disse Beckett.

- Por isso nunca acharam o corpo. A falecida esposa de Billy, Leann... está viva.

Beckett chamou a mulher até o distrito.

- Obrigada novamente, sr.ª Garrison, por vir aqui tão tarde.

- Meu marido não respondeu tudo aos outros detetives? A mulher tomava uma xícara de café.

- Respondeu, mas tem uma pergunta que só você pode responder. Quem é esta mulher?

- Aqui. Eu pego.

-Obrigada. Lamento, não a conheço.

- Certeza? Sabe... você pode mudar seu nome, sua aparência, mas há uma coisa que não pode ser mudada. Suas... digitais. Sabemos quem você é.

- Olá, Leann. Bem-vinda de volta à vida.

- Acho que se enganaram de pessoa.

- Pode parar a farsa, Leann. Falamos com seu atual marido. Ele disse que você foi à cidade na noite do assassinato. E ele identificou a arma do crime como o picador de gelo com cabo de mogno que sumiu de sua cozinha. Por um minuto, achamos que Walter estava ajudando Billy. Mas ele estava te ajudando. Só não conseguíamos descobrir o motivo. Por que fazer tudo isso?

- Porque todos amavam Billy. Tente ser casada com ele. Ele era um herói em público e um monstro em casa. Quando tive coragem de me divorciar, sabem a imagem que ganhei na mídia? Outra esposa troféu interesseira querendo sua parte. Ele destruiu minha reputação. Ele me destruiria. A única forma de ter minha vida de volta, era morrendo.

-Mas você precisava de ajuda.

-E Walter, de dinheiro. Na época, pelo menos. Então elaboramos um plano. Convenci Billy a ir ao cruzeiro e, quando o uísque o fez dormir...

-Fugiu para o barco do Walter, transformando seu marido em um assassino.

- Era o que ele merecia. E eu pude começar do zero. Eu ia sair do país, mas conheci Rob e... me apaixonei por ele. Éramos tão felizes.

- Até Michelle descobrir tudo.

- Ela disse que não poderia viver sabendo dessa injustiça. Acreditam nisso? Vindo de uma advogada. Ela escolheu o lado do Billy. Ela sabia como ele era. Sabia o que ele fez comigo. Por que ela não pôde deixar isso tudo para lá?

- Levante-se. Ande, levante-se. Vire-se. Mãos atrás das costas. Leann Piper, você está presa pelo homicídio de Michelle Twohey.


Apartamento de Castle


Kate estava com tudo pronto para voltar ao seu apartamento.

- Sei que seu apartamento está habitável novamente, mas precisa mesmo ir embora? Ela ria sozinha e silenciosamente.

- Você realmente me quer aqui ou precisa de proteção contra as ruivas?

- Um pouco dos dois.

- Certo, façamos assim: se não aguentar a barra, pode vir para minha casa.

- Obrigado. Ela já ia beija-lo quando foram interrompidos pelas ruivas.

- Certeza que tudo bem eu ir para Paris sem você?

- Não deve perder isso só por eu estar doente. Quero que vá.

- Todos queremos – completou Martha.

- O que está havendo?

- Senti-me culpada da mãe perder as férias por eu estar doente, então disse a ela para curtir Paris por nós duas.

- Tem certeza, Alexis? Sua mãe... – Castle já ia falar besteira mas percebeu a aflição da mãe e da filha em expulsar Meredith, de certo modo disfarçadamente Kate torcia e concordava com elas - deveria... aproveitar as férias dela. Faça uma boa viagem, Meredith.

- Je t'aime, maman.

- Moi aussi. Je t'aime.

- Adios, querida. Divirta-se.

- Martha. Bom, isso foi... Nossa, deixei minha bolsa lá em cima. Seja bonzinho e...

-Vou buscar.

Sozinha com Beckett, ela aproveitou para se despedir.

- Detetive Beckett, foi um prazer.

- É, foi, sim. Meredith, é engraçado, quando você chegou e insistiu em ficar aqui, temi que você tivesse alguma intenção oculta.

- Eu tinha. Quando Alexis me contou de vocês e como era sério, precisava ver por mim mesma. E estou feliz por tê-lo feito. Vocês são ótimos juntos.

- Obrigada – e aquela curiosidade que vinha perseguindo Kate desde quando vira Meredith falou mais alto - Posso perguntar algo? Por que não deu certo, você e o Rick? Lamento. É muito pessoal?

- Não, não, tudo bem. Ser casada com o Richard era ótimo. Todo o romantismo e entusiasmo. Como um delicioso suflê doce. Mas, um dia, percebi que ele sabia tudo sobre mim. Meus segredos mais profundos, minhas piores mágoas... O suficiente para encher milhões de livros. Mas eu não sabia dele o bastante para escrever um panfleto.

- Não compreendo. Sim, a ficha não caíra para Kate de imediato.

- Por exemplo, perguntava a ele como se sentia por nunca ter conhecido o pai, ele dava um sorriso forçado. Sabe qual sorriso. E então dizia algo sarcástico e mudava de assunto. Nosso casamento era de via única e não foi o bastante para mim. Porque, bem... suflês são maravilhosos, mas, cedo ou tarde, sempre desabam – Meredith percebeu a preocupação no rosto dela - Mas isso foi há muito, muito tempo. Há 15 anos, na verdade. Ele é um homem totalmente diferente agora.

- Sim, claro. Eu só estava curiosa.

Enquanto os dois se despediam, a mente de Kate fervilhava.

- Pronto, aqui está.

- Você é o melhor, Rick. Obrigada.

- Pode apostar.

- Espero que nos vejamos de novo – elas se abraçaram - Eu também, Meredith. Tenha uma ótima viagem.

-Tchau, Rick.

-Tchau – Castle respirou fundo e sugeriu - Que tal eu te fazer café da manhã antes de você ir? Vou te preparar uma "chocolete". O nome é melhor do que o gosto. Espere, não... É o contrário.

Enquanto ele falava, Kate sorria mas o coração estava apertado e a mente vivia um turbilhão de emoções. A declaração de Meredith fora tão sincera que ela não poderia deixar de considera-la. Ela estava parada na sala quando ouviu Castle a chamando. Sacudindo a cabeça como se aquilo a fizesse esquecer seus pensamentos, ela foi até a cozinha. Tomaram o café e trocaram algumas caricias. Ao terminar, Kate fez uma proposta a ele.

- Bem, eu preciso ir em casa e deixar minhas coisas. Depois vou ao distrito terminar a papelada do caso de Michelle. Você não precisa ir, acho que você deveria ficar com Alexis. Vai ser bom para ela, para os dois. Prometo que se alguém morrer eu te ligo.

Ele sorriu e a abraçou.

- Eu tenho a melhor namorada do mundo. A proposta do seu apartamento ainda está valendo?

- Está.

- Melhor, simplesmente a melhor.

Ele a beijou e Kate deixou o apartamento. A caminho de casa, Kate não podia deixar de pensar sobre as palavras de Meredith. Ela podia se ver em cada um dos fatos que a ex de Castle comentou. O romance, a empolgação, o carinho. Depois o fato de como Castle conhecia tudo sobre ela, seus maiores medos e Kate percebeu o quão pouco sabia sobre ele. Era verdade que conhecia muito da personalidade de Castle mas e quanto a sua vida? Seus medos? Aquela relação era muito importante para Kate e ela não estava disposta a deixa-la perder-se nas coisas comuns. Ao contrário de Meredith, ela não desistiria facilmente e se realmente Castle não era mais a mesma pessoa, ela iria fazê-lo se abrir. Ela o questionaria, forçaria a si mesma a desvendar os segredos que Rick Castle ainda escondia dela. Kate Beckett sabia que feridas profundas são difíceis de compartilhar por experiência própria. Sendo assim, ela acharia o momento certo para trazer certos assuntos à tona. Nem por um momento ela duvidava que ele a amava e se o relacionamento deles era real como todos afirmavam, ela não deveria se preocupar em repetir o fracasso de casamento entre Castle e Meredith.

Kate passou a mão nos cabelos, olhou para o telefone sobre a mesa. A quem ela estava querendo enganar? Não tinha toda essa confiança que tentava convencer a sua mente que possuía. As dúvidas que surgiram com os comentários de Meredith ficaram no seu subconsciente. Iriam acompanha-la por algum tempo até que ela pudesse desfazê-las por completo. No tempo certo.

Por impulso, ela pegou o celular e discou. Ao primeiro toque desligou. Não, ainda não. Ela cogitava ligar para a única pessoa que poderia orienta-la sobre isso, seu terapeuta. Porém, no fundo Kate sabia que ainda não era a hora. Precisava estar pronta, realmente pronta.      


Continua.....

4 comentários:

Gabi Pavani disse...

Acho que o blogger tá mesmo de implicância comigo... é a terceira vez que eu tento comentar e não consigo, espero q agora vá!
Cara, gostei muito do capítulo!
A Becks não dando bola pro Cas, mas entendendo q ele estava arrependido (exatamente como eu imaginei, rs)!
O jantar... show! Gostei da conversa delas!
Ah e o final, hehe! Ela na duvida, ligar pro terapeuta ou não... muitos capitulos excelentes estão por vir!
Ansiosa!
Vc tá de parabéns!!!

MarluLeles disse...

Eu amei esse capitulo... A Kate lendo o livro e ignorando o Cas essa foi boa.

Amei e não demora a postar...

Marlene Brandão disse...

tadinho do Castle,enquanto muito homem tem pouca mulher ele te 4 te metiiiii!
Convivência de ex com atual é complicado,em momentos senti pena dela,mas mereceu o gelo dado pela Kate. No lugar dele teria mandado Meredith pastar,depois de ter uma becks hot vai dá moral para a ex. A nossa detetive teve saco,quando a Mer entregou o café para o Rick em seu nome,eu faria ele engolir a xicara(eu revoltada. Mas o cap foi mais que demais...
PS: sofrendo Bullying do blog,não tá postando de primeira,mas sou brasileira!
u.u

larynhapaulista disse...

Simplesmente amo as cenas que você acrescenta aos episódios. A cena da Kate dando um gelo em Castle no quarto no começo, do jantar e da Kate pensando no que Meredith disse a ela no final foram demais.
Castle foi totalmente sem noção nesse episódio em deixar Meredith ficar no loft. E mesmo que Kate não estivesse lá acho que ele não deveria aceitar, afinal é sua ex-mulher.
Kate apesar de todo o ciúmes e raiva lidou muito bem com a situação. Muitos e muitos pontos para a nossa maravilhosa detetive.

Abraços.