sábado, 16 de março de 2013

[Castle Fic] Don't Give up on Chasing Rainbows - Cap.16


Nota da Autora: Continuação desse 2-part maravilhoso mas posso dizer que fiquei na dúvida como abordar o caso do pai de Castle para não comprometer a história da série mais pra frente. Espero que gostem. Ah e perdoem que eu use algumas frases em inglês porque encaixava melhor. 

Enjoy!


Cap.16


Quando ele chegou no distrito, a primeira reação de Kate foi correr até ele e abraça-lo. Ele retribuiu o gesto, também precisava daquele calor humano e de algum apoio.

- Ela está bem...

- Eu disse que havia esperança, Castle. E Alexis, ela é esperta como você - ela sorriu – Gates está chegando e o Agente Harris está verificando a chamada que você recebeu. Vem, vou te preparar um café.

- Kate – ele percebeu o cansaço no semblante dela e reparou que ela usava as mesmas roupas – você dormiu?

- Não, mas estou bem. Tinha café e sua ligação, ela foi uma espécie de injeção de adrenalina. Ela entregou a xícara para ele. Serviu-se de mais café na caneca e tomou um longo gole. Ele acariciou o braço dela com os dedos. Ela não desistira um minuto sequer. Ele estava agradecido por isso. Ryan bate na porta.

- Com licença, Beckett. Gates está chamando.

- Obrigada, Ryan. Ela esperou estar a sós com ele novamente e beijou-lhe o rosto.

- Vamos salvar Alexis.

Eles entraram na sala onde Gates e o agente Harris já estavam. Os pais de Sara também estavam presentes. Gates olhou para ele e Castle pode ver o sinal de de compreensão em seu olhar. Antes mesmo do agente explicar o que descobrira, Castle já ansioso fizera a pergunta que não conseguia responder.   

- Estão em outro país. Como é possível?

- Não sabemos, mas claramente estão trabalhando por interesses externos. Identificamos as vozes na ligação como de egípcios.

- Não é um sequestro por resgate, é? Por que estão em Paris? – ele perguntou virando-se para o pai de Sara. 

- Eu não sei.

- Levaram sua filha daqui e minha filha com ela. Deve haver um motivo – Castle insistiu já começando a se exaltar.

- Eu não sei!

- Estão encobrindo as pistas. Por quê? – Castle queria respostas em meio ao desespero.

- Por favor! Levaram a nossa filha também – suplicou a mãe de Sara para ele.

- Mostre-lhes o retrato falado.

- Um vizinho flagrou este homem saindo da garagem da fazenda após as garotas serem levadas – disse Gates mostrando o desenho - Algum de vocês o reconhece?

- Não, ele não nos é familiar.

- Qual nosso próximo passo? – perguntou Beckett.

- A ligação do Skype foi feita pela rede de celular, então estamos isolando o sinal a uma área de 30km².

- 30km² é a cidade inteira – retrucou Beckett.

- Eu sei. Mas espero que uma análise do vídeo nos dê uma pista de onde ela foi realizada. Enquanto isso, contatamos a embaixada...

- Contatando? O que isso significa? – Castle indagou.

- Há protocolos que precisam ser seguidos antes que avancemos, permissões que temos que conseguir.

- E quanto tempo levará?

-Um dia ou dois, no máximo.

-Um dia ou... Nossas filhas estão lá fora agora. Precisam de nossa ajuda agora! – ele falou frustrado.

- Se quer ajudar sua filha, terá que ser paciente.

Sua cabeça estava a mil. Um misto de medo, ansiedade e frustração. Uns dez minutos depois, Castle estava sentado e calado. Quem o visse assim pensaria que ele estava longe dali. O olhar perdido e a preocupação tomavam o semblante do escritor tão bem-humorado de outrora. Kate aproximou-se dele e sentou-se ao seu lado estendendo-o uma caneca de café. 

- Ela soou tão assustada. Pude ouvir na voz dela, como quando era criança. E não há nada que eu possa fazer.

- Ela não está ferida, Castle. É o que importa – ela queria acreditar nas próprias palavras para faze-lo acreditar - É no que temos que nos apegar.

- Só a quero em casa.

- Ainda não desistimos – Kate esticou a mão e a apertou-a como se o contato transmitisse a ele apoio e força. Nesse momento Gates surge no corredor e avisa. 

- Eles ligaram para El-Masri com os termos.

Castle e Beckett correram para a sala.

- É muito cedo. Não podemos estar a postos a tempo.

- Não importa. Vou pegá-la de volta.

- O que disseram?

-Um pedido de resgate. €15 milhões de anti-Mubarak dissidentes. Estabeleceram uma troca em 3 horas.

- Onde? Perguntou Beckett.

- Em Paris, na parte sul do Sena – vendo o pai de Sara já contactar alguém pelo celular, o agente interviu - Sr. El-Masri, precisa me deixar contatar as autoridades locais.

- Não! – gritou - Eles foram claros. Se virem a polícia, minha filha morre. Nós pagaremos para tê-la de volta.

- Eles... falaram algo sobre a Alexis? – Castle perguntou.

- Anwar insistiu e eles concordaram em liberar nossas filhas.

- Se houver algo que eu deva a você... – Castle se dirigiu ao Sr. El-Masri.

- Não me deve nada.

- Se a polícia não se envolverá, quem fará a troca? – quis saber Gates.

-Tenho uma cunhada que mora em Paris. O marido dela fará a troca. Se nos derem licença, temos muitas ligações a fazer.

- Obrigado – disse Castle ao Sr.El-Masri.

- Reze para que esses homens tenham palavra – disse El-Masri.

- Há câmeras de segurança cobrindo aquela parte do Sena – disse o agente - Ao menos, podemos conseguir uma pista, ver quem são esses caras.

Assim que tudo foi setado, era possível acompanhar as câmeras de segurança em Paris. Todos estavam na sala. Logo se reconheceu o cunhado mas tudo parecia meio estranho. Como se não fosse real, era o comentário de Castle. Nas cenas, eles virão um furgão se aproximar e deles descerem homens mascarados e armados. Viram o cunhado de El-Masri entregar uma bolsa de dinheiro e ser obrigado a se ajoelhar. O furgão foi embora e nenhum sinal das garotas. A cena pareceu congelar. O agente já queria contactar a polícia de Paris quando El-Masri pediu para esperar. Uma nova imagem mostrava dois vultos que logo surgiram na tela, Sara e seu tio. Os pais dela comemoravam. Porém, nem um sinal de Alexis. Castle olhava atônito para a tela e Kate fechou os olhos.   

- Onde está Alexis? Ele engoliu em seco.

Novamente sentado olhando para o nada, Castle não sabia o que pensar. Seria esse o fim? Sua filha ainda estaria viva? Já não sabia mais se podia ter esperança. Kate sentou-se de frente para ele e contou o que descobrira.

- Agente Harris falou com Sara. Ela e Alexis se separaram após a tentativa de fuga. E foi a última vez que ela a viu.

- Conseguiram o que queriam. Ela não tem mais valor.

-Você não sabe disso – disse Kate.

-Sim, eu sei – e ele se levantou para ir embora.

- Aonde está indo?

- Contar para minha mãe. Ela não sabe ainda.

- Eu vou com você.

- Não – ele sequer olhou para ela - Preciso fazer isso sozinho – e foi a vez de Kate ficar olhando para o nada.

Mas desde o momento que dissera não a Kate, Castle maquinava algo em sua mente. Seus amigos na polícia não poderiam ajuda-lo a partir dali, Kate não poderia ajuda-lo por mais que quisesse e Deus! Ele sabia o quanto ela queria. Chegando em seu apartamento fora direto ao seu escritório. Sua filha estava sozinha, perdida em algum lugar de Paris. Nem o FBI poderia intervir de maneira rápida e eficiente. Ele desconfiava se fora uma ação de sequestro isolada, ele desconfiava de tudo. Algo não se encaixava nessa história. Ele olhou para a foto da filha na mesa. Suspirou.

Desperate times calls for desparate measures – ele pensou.

Abriu a gaveta e apanhou o passaporte. Não podia ficar ali esperando que o pior acontecesse, ele ia tomar suas próprias ações. Tinha alguns contatos e talvez um lugar por onde começar. Do taxi, ligou para a mãe e informou que estaria no distrito com Beckett. Ela aceitou sabia que era melhor ele ficar com ela nesse momento.

No distrito...

Depois de muito pensar e processar o que acabara de ocorrer, Beckett decidiu questionar o agente do FBI. Ela entrou na sala onde ele e Gates estavam.

- Como você explica isso? O que vai fazer?

- Castle pode estar certo. Sara era o objetivo. Alexis é só um fardo agora.

- E por que não a levaram para a troca?

- Mesma razão pela qual a pegaram, moeda de troca, uma garantia caso algo dê errado.

- Eles não precisam mais de garantia. Vamos continuar avançando. Mas temos que controlar as expectativas.

Era isso. Para ela, sua interação com o FBI acabara. Ela ia agir da sua maneira dali pra frente se quisesse encontrar Alexis e ajudar Castle.

- Agente Harris, não vou controlar as expectativas. Vou solucionar um assassinato. O sequestrador das garotas, Roger Henson, foi torturado e morto, provavelmente, por quem o contratou. Achando essas pessoas, acharemos Alexis.

E  assim ela passou o resto do dia procurando por algo que a conectasse com Alexis e pudesse resolver esse caso de uma vez por todas. Tarde da noite, ela ainda estava no distrito eram agora 48 horas no ar e já havia ligado pelo menos três vezes para ele sem sucesso. Estava preocupada com ele, tinha medo da reação dele e não tinha novas respostas pra tudo isso. Ligou novamente.

- Castle, sou eu de novo. Pode me ligar quando ouvir isto?

- Ele ainda não está atendendo? – Espo entrou na sala e entregou uma xícara de café a ela.

- Não. Obrigada.

- De nada. Teve sorte com o cara morto?

- Henson estava completamente fora do radar. Nem sequer encontrei um endereço.

- Eis o que não entendo, como um traficante de drogas mediano envolve-se com um grupo de radicais?

- Espo, não posso achar uma conexão se nem sei por onde começar. Como estão indo nos aviões?

- Ryan e eu checamos cada plano de voo de cada jato particular que partiu entre aqui e Albany, só alguns deles registraram planos de voo para a França. Até agora, todos parecem legítimos. Ryan e eu expandiremos a busca pela manhã. – Esposito viu ela passar as mãos pelo rosto e pelo cabelo, estava exausta - Kate.

- O quê?

- Deveria ir embora. Ele precisa de você.

E ela decidiu fazer isso, queria muito vê-lo, abraça-lo. Assim que Martha abriu a porta, exclamou.

- Kate. Graças a Deus. Alguma novidade?

- Não, ainda não, mas estamos fazendo tudo que podemos – Kate entrou feito um raio procurando por ele.

- Onde está Richard? – perguntou Martha. Kate vira-se surpresa.

- Achei que ele estava com você.

- Não. Ele disse que ficaria com você, trabalhando no caso.

- Martha, eu não o vi o dia inteiro – agora ela estava oficialmente nervosa.

- Não.

- O quê?

- Não! – ela correu na gaveta do escritório e checou - Sumiu.

- O que sumiu? – Kate insistia sem saber o que estava passando na cabeça de Martha.

- É tão idiota. É tão idiota – ela murmurava ligando para ele.

- Martha, o que está acontecendo? – Kate sentiu um aperto no estomago ao ver a reação de Martha.

- Atenda. Atenda. Atenda. Atenda.

- Castle.

- Richard, onde você está?

- Na delegacia com Beckett. Por quê?

- Não minta para mim, Richard. Beckett está aqui. Seu passaporte sumiu – fechando os olhos, Kate entendeu - Que diabos pensa que está fazendo?

- Pegando minha filha de volta.

Martha desligou o telefone e olhou para Kate com um ar surpreso e preocupado.

- Ele está em Paris!

- Meu Deus! Oh Castle... o que você foi fazer? E Kate passa as mãos nos cabelos indicando nervosismo – Martha preciso ir. 

No caminho para o distrito, ela procurava colocar as ideias em ordem. Agora, com Castle em Paris sua responsabilidade era dobrada. Temia que ele fizesse alguma besteira. Metesse os pés pelas mãos. Ele já dissera uma vez que faria tudo pela filha, porque é isso que um pai deve fazer. Fora o que fizera com Stevens. Kate tinha medo das reações dele. Como separar o que tinha vontade de fazer e o que deveria fazer? Seu coração dizia para pegar um avião e procurar por ele, sua razão dizia que deveria se concentrar na investigação e através dela encontrar um meio de ajuda-lo. Era uma decisão difícil, poderia ir a Paris mas e como o acharia? E como o ajudaria? Não tinha poder na Europa. Ela suspirou. Teria que confiar na inteligência e esperteza de Castle além de revirar esse caso de ponta a cabeça para salvar Alexis.  Avistou Ryan e Esposito assim que entrou no distrito e atualizou-os sobre as ações de Castle.     

- Paris? Que diabos ele faz em Paris? – perguntou Esposito.

- Ele acha que pode encontrá-la.

- Ele é Liam Neeson agora? – disse Ryan.

- Liam Neeson? Ele mal é Ashley Judd – retrucou Esposito.

- No estado que está, quem sabe do que é capaz? Ele disse que conhece alguém que pode ajudar.

- Você vai atrás dele?

- Perder um dia voando até lá e mais um localizando-o em um lugar que não tenho jurisdição ou autoridade? Não. Ele está... – o tom de voz dela era baixo, mal olhava para os rapazes com medo de não segurar a emoção - Ele está agindo como um pai e tenho que agir como uma policial – ela repetia isso em voz alta mas não tornava o aperto no peito menor - Pode verificar com os federais? Para ampliarem a busca para qualquer jato privado voando para qualquer lugar na Europa. E, Ryan, sem avanço com Roger Henson. Pode falar com o pessoal na Narcóticos? Talvez ouviram algo nas ruas.

-Claro.

- Pessoal, não sei quem Castle pensa que conhece, mas vamos achar a filha dele antes que faça algo estúpido e acabe morto – e isso era a forma que os amigos entenderiam como uma súplica de Beckett.

Em Paris, Castle encontra alguém do seu passado num café.

- Merci, Colette. Et si jamais vous quittez votre petit ami...

- Richard?

- Olá, Gaston.

- Richard, sinto muito. Se tiver algo que eu possa fazer...

- Você ainda atua como conselheiro para o Ministério da Defesa, certo?

- Sim, mas isso não me dá muita influência com a Polícia Nacional. Posso fazer perguntas.

-Não, eu... agradeço. Não estou interessado no trâmite burocrático. Quando foi meu consultor nos livros de Derrick Storm, você mencionou um homem que o governo francês contrata quando não pode arcar com uma ação oficial.

- Ricky, eu disse isso em confidência.

- Mas ele existe?

- Uma coisa é escrever sobre personagens na segurança da sua própria mesa. Mas homens como esse não são o tipo de gente que você queira conhecer.

- Beatrice deve ter o quê? 14 anos agora? Patrice com quase 9 anos. Quero que pense em como se sente quando as abraça. No olhar delas quando você chega em casa. Agora imagine que elas se foram – isso bastou para sensibilizar o homem.

- Ele é caro.

- Não me importo. Gaston, por favor – não era um pedido, era um súplica.

- Fique perto do seu telefone.

XXXXX

- Beckett – a voz de Esposito chamou a atenção da capitã que se juntou a eles - Eles não voaram para Paris, pelo menos, não a princípio. A ANAC mostra um Falcon Dassault partindo de Teterboro para Bruxelas 18h depois que as levaram. O avião foi designado como transporte médico, levando duas jovens à espera de um transplante de órgão de Bruxelas a Paris.

- Alexis e Sara – disse Beckett.

- A imigração foi ao avião e viu as garotas antes de as colocarem em uma ambulância. Estavam inconscientes.

-Foi assim que fizeram – concluiu Gates.

- O que sabemos sobre o avião? – perguntou Beckett.

- O dono é um daqueles oligarcas russos. Vladimir Abramovich.

- Como ele está ligado aos El-Masri?

- Não está. É possível até que nem esteja envolvido. Esse avião estava em Paris sob manutenção e ninguém deu por falta dele.

- Essas pessoas roubaram um avião? – questionou Gates.

- Para uma simples troca de reféns? Não faz sentido. – disse Beckett.

- Falei com o meu pessoal da Narcóticos. Não pareciam saber o que Henson estava fazendo ou onde morava, mas sabiam de algo que nós não. Henson tinha uma namorada.

Enquanto vagava pelas ruas de Paris, Castle recebeu um sms: IGREJA DE SÃO TOMÁS DE AQUINO, 13H. SENTE-SE. ELE TE ACHARÁ. Ele foi até lá e esperou sentado, não percebeu um homem se aproximar apenas ouviu sua voz.

- 'Minha é a vingança', diz o Senhor. 'Eu retribuirei.' Mas, às vezes, o Senhor precisa de uma ajudinha, não é?

- Obrigado por ter vindo.

- Não me agradeça ainda. Meus termos. Metade agora. Metade quando eu a encontrar.

- Você pode encontrá-la?

- Posso. Mas não prometo encontrá-la viva. Temo que isso esteja fora do meu controle.

- Por onde começamos?

- Sei que há uma gravação da ligação que ela fez a você.

- Como você... Sim, há uma gravação.

- Precisarei de uma cópia.

- Não há nada que indique onde ela está.

- E quem disse isso?

- O FBI.

- Então agradeça a Deus que não sou o FBI – ele se levantou e fez o sinal da cruz - Venha.

- Aonde estamos indo? – eles andavam por uns tuneis escuros até chegarem numa sala embaixo da terra, em algum lugar de Paris.

- Ver um amigo.

- Bonjour, Henri.

- Bonjour.

- Monsieur Castle, presumo.

- Sim. E você é? – viu a mão do homem estendida e o cumprimentou, era cego.

- Nós o chamamos de Le Taupe. A toupeira.

- Detendu?

- Pas mal.

- O quê? Perguntou Castle.

- Ele disse que você está nervoso. Pode ouvir seu coração.

Enquanto o homem ouvia a gravação Castle tentava se controlar por estar ouvindo a voz da filha novamente.

“O que tem fora da janela? Nada. Não consigo ver nada. As janelas estão cobertas. Eles estão vindo. Descobriram que nós fugimos. Querida, saia daí. Saia daí agora.”

- Já falei, não há nada aí. Nada para ver ou ouvir.

- Você ouve com seus olhos. Aí. Ouviu isso?

- Não.

- Bem aí. Sinos de igreja. Igreja de St. George na rua 16ª. Pelo som, ela deve estar a uns 6, talvez 8 quarteirões de distância. E há um restaurante no prédio em que ela está – enquanto ele falava o outro homem marcava a indicação em um mapa da cidade.

- Como sabe disso?

- Sons, Sr. Castle, são como digitais. Nenhum é igual ao outro. Esse barulho? É do sistema de ventilação de um restaurante, de escala comercial.

Castle demonstrava puro cansaço.

- Quando foi a última vez que você dormiu?

- Não sei. Mas estou bem.

- Isso ainda vai demorar um pouco. Acordo você quando encontrar algo – ele cedeu, procurou fechar os olhos e bloquear os ouvidos enquanto a gravação tocava repitidamente. Adormeceu.

De volta a New York, Beckett estava agora em uma das salas de interrogatório sentada de frente para a namorada de Henson que não parecia nem um pouco disposta a cooperar.

- Sr.ª Degarmo, vou te perguntar mais uma vez. O que mais pode me dizer sobre a morte de Roger Henson?

- Não preciso te contar nada. Conheço meus direitos. Não pode me manter aqui.

- Ele está morto, foi torturado. Só estou tentando encontrar quem fez isso com ele.

- Ouça, vadia, eu não converso com policiais. Agora, traga meu advogado e então vá para o inferno.

Por impulso, Beckett  chutou a cadeira dela por baixo da mesa, jogando a mulher longe ao chão.

- Você faz ideia do que isso se trata? – chama-la de vadia já fora um insulto - Acha que estou fazendo ronda e te prendendo por posse de droga? – ela gritava e a mulher estava apavorada - A filha do meu parceiro desapareceu e você...  – ela jogou a ficha do caso na direção dela - está no meu caminho – mas manda-la para o inferno diante de tudo o que estava passando fora a gota d’água. Toda a raiva e frustração de Beckett foi posta para fora -  Quer dizer que não fala com policiais? Não sou uma policial hoje, querida. Para quem ele trabalhava?

-Ele não dizia.

- Quem é este cara? Beckett perguntou mostrando o retrato falado.

- Não sei.

- O quê?

- Mas Roger recebia ligações estranhas no meio da noite. Pessoas com sotaque.

- Que tipo de sotaque?

- Estrangeiro.

- Que telefone usava?

- Ele não me deu o número!

- Ótimo. Acredito em você. Agora me dê o endereço dele.

Kate Beckett deixara o distrito movida pela adrenalina e a emoção. Sabia que uma hora explodiria. Pelo menos isso lhe deu uma pista. No endereço indicado, ela arrombou a porta com um chute e entrou acompanhada de Ryan e Esposito. O lugar estava todo revirado.

- Parece que alguém chegou aqui antes – disse Esposito.

- Essas pessoas o contrataram para sequestrar as garotas. Então por que eles o torturaram e mataram? E por que revirar este lugar?

- Talvez não eram as mesmas pessoas – disse Ryan.

- Quem mais seria? Olhe com os vizinhos se ele viram algo.

- Tudo bem.

- Beckett, computador – disse Ryan.

- Leve para análise. Faça-os desmontá-lo. Ache alguma coisa, qualquer coisa.

Em Paris, Castle acorda sobressaltado e vê o homem arrumando sua arma.

- O que está havendo? Encontrou alguma coisa?

- Talvez. Telhas acústicas, um escritório, próximo a um telhado. Pode ser o que procuramos.

-Vou para lá.

- Não, não, não. Pode não ser o lugar.

- Não me importo.

- Pode ser o lugar.

- Minha filha, meu dinheiro. Eu vou.

Com um dispositivo com câmera, ele primeiro checou se havia movimento nos corredores. Por etar calmo, adentrou o lugar. Castle o seguia. Testou algumas portas do corredor e entrou numa sala. Tudo vazio, apenas moveis mas Castle reparou na ranhura do teto. A mesma imagem da gravação. Começou a andar no corredor a procura do lugar onde elas poderiam ter ficado. Ao abrir uma porta notou uma espécie de cama de campanha. Agachou-se e observou. Encontrou um fio de cabelo ruivo.

- Elas estavam aqui.

- Não mais – o cara seguiu para outra sala, fazendo alguns checks - Não é trabalho sequestradores normais. O lugar está limpo. Limpo demais. Isto é espionagem.

-Métodos de espiões?

- Quem está por trás disso tem treinamento da Inteligência. Não deixaram rastros.

-Como os encontramos? Disse que podia encontrá-los... – mas ele fez sinal para Castle se calar. Puxando uma faca passou por ele. cortou o papel de parede oposta e encontrou uma escuta.

- Estão escutando - sussurrou - Se policiais acharem o local, eles ficam a par da investigação.

- Quem são eles?

- Vamos descobrir – ele se aproximou da escuta e falou - Sei que estão aí. Sei que estão escutando, sabem que não sou policial. Não me interesso por vocês, sua causa, a lei. Só quero a garota. Têm o que queria. Ela não importa para vocês, para mim, sim. Se forem espertos, liguem. Discutiremos termos. Se forem idiotas... então irei procurá-los. Imagino que tenham programa de reconhecimento de voz, sabem quem sou, minha reputação. Sabe o que farei quando encontrar vocês. A escolha é de vocês.

Mal ele acabara de falar, o telefone fixo sobre a mesa tocou. Ele atendeu. Castle o observava e a última frase que ouviu não o agradou.

- "Sans la pere". Sem o pai?

- Não vê? São boas notícias. Querem negociar. Ela está à salvo.

- Não terá o encontro sem mim – Castle afirmou.

- Está emocionalmente comprometido. Você é um animal para eles. Imprevisível e perigoso. Monsieur Castle... É isto que faço. É para isto que está me pagando. Deixe-me encontrá-los. Negociar as condições.

Castle assentiu.

- É claro que pedirão mais dinheiro. Preciso saber... Quanto pode pagar?

- Beckett. Um vizinho de Henson viu alguém saindo do apartamento há dois dias. Temos o retrato falado – entrega a ela - É o mesmo cara que foi visto saindo da fazenda quando o corpo foi encontrado.

- Primeiro, ele o tortura e depois destrói o lugar. Por quê? Como está o disco rígido?

- Foi apagado. E não com software comercial.

- Consegue recuperar algo?

- Farei o melhor, mas não teria tantas esperanças.

- Faça. Precisamos saber o que ele estava procurando.

Castle esperava ansioso por novos movimentos no mesmo local de antes.

- Não se preocupe. Henri sempre consegue.

-Ele não deveria ter voltado?

-Ele voltou. E somente depois Castle ouve o barulho e vê Henri entrando pela porta.

- Ela estava lá?

- Estava e está bem – ele mostrou uma foto de Alexis segurando o jornal - É o jornal de hoje.

- Por que a pegaram?

- Conveniência. Mas concordaram em soltá-la.

- Quando?

- Mais tarde, na floresta de Fontainebleau. Terá o tempo necessário para conseguir o dinheiro.

Enquanto isso em New York, o técnico do FBI trabalhava para desincriptar o HD de Henson. Os dedos voavam no teclado e uma imagem finalmente formou-se na tela. Alexis.

- Detetive Beckett! Ele chamou por ela que veio voando - Henson estava vendo isso. Fotos de vigilância.

Kate engolia em seco ao ver as fotos de Alexis em vários momentos de seu dia.

- Meu Deus. Alexis. Não estava no lugar e na hora errada. Ela era o alvo.

Com o dinheiro contado numa maleta, eles seguiram para a floresta. Henri dirigiu até uma clareira. Desceram do carro. Avistaram um carrro de onde saltaram vários homens armados. Nesse momento, o celular de Castle toca. Era Beckett. Ele suspirou e ignorou a ligação.

- Onde está Alexis? Eu não a vejo.

- Mantenha a calma – Henri puxou a arma e eles começaram a andar. Castle deu um passo a frente e então percebeu que algo estava muito errado.

- Não, não, não. Isso não está certo. Não está certo – então sentiu o cano da arma de Henri na sua nuca, a marma fora engatilhada.

- Não se mexa. Ele é de vocês. Como combinado.

- Você está me vendendo? Por quê?

- Eu valorizo minha vida mais do que minha palavra. Se eu soubesse quem pegou sua filha, quem sua filha realmente é...

- Quem ela realmente é? Eu não entendo.

- Eu nunca aceitaria o trabalho.

- Ela não é ninguém. E dois caras armados e mascarados pegaram Castle e já iam sair andando com ele quando Henri falou.

- Espere! Meu pagamento? - ele deslizou a mão e pegou a maleta da mão de Castle e viu os caras levarem-no. Caminharam até certo ponto da floresta e o jogaram no chão. De joelhos, Castle queria entender o que estava acontecendo.

- Espere  Certo, espere. O que querem? – um dos caras apontou a arma para ele e Castle encolheu-se e pensou que seria esse o seu fim. Não veria sua filha, não veria Kate ou sua mãe, sua loucura fora em vão. Uma rajada de tiros foi disparada. E de repente Castle percebeu que nada o atingira mas ao olhar ao redor viu Henri e os dois mascarados ao chão. Mortos. Aparentemente, ele estava sozinho mas de onde vieram os tiros? Então, ele avistou um homem com uma arma e de boné, se aproximou dele e Castle o reconheceu.

- Se eu quisesse você morto, você estaria morto.

- É o cara do esboço. Você estava na casa da fazenda.

- Isso mesmo. Seu amigo ali era muito bom. Mas um pouco fora de forma. Não fico surpreso por ele ter mudado de lado – enquanto falava, ele juntava as armas.

- Você sabe o que está acontecendo aqui? Você sabe onde está minha filha?

- Estamos expostos aqui. Temos que ir agora.

- Ir? Do que está falando? Ir onde?

- Algum lugar seguro. Entre no carro.

- Não, até você me dizer o que está havendo – e o celular voltou a tocar. Era ela - Beckett, estou tão feliz por você ligar.

- Castle, Alexis não foi levada por acidente. Ela era o alvo. Eles a queriam.

- Ouça, eu... – de repente Castle viu o telefone ser arrancado de sua mão, jogado pra cima e um tiro disparado. Beckett perdeu o contato com ele.

- O que está fazendo? Era um telefone de US$ 200 – Castle gritava indignado principalmente por não poder conversar com Kate.

- É assim te rastreiam. Agora, entre no carro.

- Eu não vou entrar no carro.

- Não seja idiota. Eu sou o mocinho.

- Você espera que eu confie em você?

- Você ainda está vivo, não está?

- O que você vai fazer? Ficar aqui na floresta com todos esses caras mortos? Castle analisou suas opções.  

- Tudo bem. Eu vou entrar no carro.

- Já que se sentiu tão mal por um telefone de US$ 200, melhor pegar aquela mala com US$ 3 milhões. Leve-a com você. Castle pegou a maleta.

- Pelo menos me diga o seu nome.

- Hunt. Jackson Hunt.

- Parece que é inventado.

- É mesmo.
Kate olhava para o celular com uma cara de espanto. O que acabara de acontecer? Em um minuto estava falando com Castle e no outro um tiro? O coração batia acelerado. Ligou novamente. Nada. Tentou três vezes e a mensagem irritante dizia que o telefone estava fora da área de serviço.  E naquele momento ela se desesperou. Ele não poderia... poderia? Com as mãos tremulas, ela ligou para Martha. Não conseguira disfarçar a voz.

- Martha... ele ...oh meu Deus...

- Kate? O que aconteceu? – ela sabia que algo realmente sério devia ter acontecido para afetar aquela moça dessa maneira.

- Martha, eu descobri...Alexis, ela era o alvo desde o princípio. Eu liguei para Castle, da primeira vez ele não me atendeu mas tentei de novo. Ele parecia ansioso e feliz por eu ter ligado e estava explicando o que descobrira a ele e...oh...Deus... um tiro e a ligação caiu. Eu não consigo falar com ele, Martha. Não consigo. Ele pode... não Castle não...

Nesse instante, ela começou a chorar. A voz ficou presa e não pronunciava nenhuma palavra. Martha suspirou e procurou acalma-la.

- Kate, escute. Richard não está morto. Algo aconteceu mas ele não está morto. Você entendeu Kate? Eu sei, eu sinto isso. Chame do que quiser, intuição, fé ou apenas coração de mãe. Agora, você irá desligar o telefone, respirar fundo e fazer o que você sabe de melhor. Investigar e achar aos dois. Ele está lá mas contando com você. Não é hora de você perder o controle, seja a detetive que ele aprendeu a respeitar e amar. Richard tem atitudes muitas vezes loucas, ele precisa de controle, de alguém que o traga para a realidade, esse alguém é você, Kate.

- Você está certa, Martha. Tenho que ser a policial, desculpe e obrigada, por tudo. Mais tarde eu passo aí para contar se há algo novo.

- Apenas os encontre, Kate.      

Eles entraram em um apartamento que parecia ser o local onde Hunt morava.

- Devemos estar seguros aqui por ora.

Observando o local, Castle se deparou com uma parede cheia de fotos de Alexis desde bebê até dias recentes.

- Onde você arranjou essas fotos?

- Isso não importa. O que importa é pegá-la de volta.

- Nem te conheço Por que você se importa?

- É meu trabalho. Fui enviado.

- Por quem? Pelos El-Masri?

- Qual a diferença?

- Diga-me quem te contratou e por que essas pessoas pegaram minha filha.

Um celular começou a tocar insistentemente.

- É o seu. Vai atender?

- Como é o meu? Você atirou no meu.

- É um clone. Foi como te rastreei. Mas este é seguro. Deve ser a Beckett. É melhor avisá-la que você está a salvo.

Castle pegou o aparelho meio contrariado e verificou quem ligava.

- Não é a Beckett. É um número local. Alexis – ele atendeu esperançoso - Alexis?

- Receio que não, Sr. Castle. Mas sou eu que a raptei – Castle percebeu o sotaque carregado -  Se valoriza a vida dela,dará o telefone ao homem que está ao seu lado. O responsável pelo banho de sangue na floresta – e Castle obedeceu ainda sem entender.

- Sim.

- É você. Após todos esse anos, finalmente, é você.

- É hora de deixá-la ir, Volkov.

- Como você deixou Anna ir? Não. É hora de acabar com isso. Uma vida por outra. Amanhã às 6h. Em frente ao Palais Bourbon. Se você aparecer, pouparei a vida dela. Se não, colocarei uma bala no cérebro dela ao invés de no seu. Então recomeçaremos – desligou.

- Isso é por sua causa?

- É.

- Não entendo. O que isso tem a ver com Alexis? Por que a pegariam?

- Porque fui descuidado. Porque, de algum modo, ele descobriu quem ela era, quem você era, e sabia que eu viria por ela.

- Por quê? Por que você viria por ela?

- Porque ela é minha neta! Richard... sou seu pai.

Castle estava atônito com essa informação. Parecia estar tendo uma espécie de momento star wars. 

- Está dizendo que é um espião?

- "Agente da CIA" é o termo.

Wow! Ele não imaginara isso acontecendo, nem em um milhão de anos mesmo desejando por isso.

- Meu pai é um espião. Minha mãe sabe?

- O que ela te disse sobre mim?

- Só que foi uma noite especial, ela estava apaixonada. Quando acordou, você havia ido embora e ela nunca mais te viu.

- Naquela noite, eu havia terminado um serviço na ONU, ou achava que havia terminado. No dia seguinte, deu tudo errado e tive que fugir da cidade. Só voltei aos EUA um ano depois. Foi quando descobri sobre você.

- Você sabia sobre mim? Sobre nós, todos esses anos, e nunca nos deixou saber que você estava por aí? – Castle tentava assimilar o que ouvia e o misto de emoções que parecia domina-lo naquele momento. Seu pai era um espião e os observava.

- O que faço significa não ter contato, ou relacionamento, com ninguém. Mas eu estive por perto. Já nos encontramos. É. Quando você tinha uns 10 anos, sua mãe te levou à biblioteca. Você procurava por um livro e te dei um exemplar de...

- Cassino Royale.

- Foi.

- Foi você? Esse livro me fez querer me tornar escritor.

- Nem acreditei quando li seu primeiro sobre espionagem.

- Você leu meus livros? – mais surpresas.

- Li. Subornei gente da CIA quando você queria acesso a informações para pesquisa. Sei que não é muito, mas, por um instante... senti-me como um pai. Estou de olho em você, em sua mãe e em Alexis suas vidas inteiras.
Alexis. Ele tinha que se lembrar que agora ela era a prioridade. Foco, Castle.

- Quem é esse homem que está minha filha?

- Gregor Volkov é o agente mais temido da KGB. Matei sua esposa, Anna, uma agente de CI, há 12 anos, em uma operação aqui em Paris. Na primeira vez que veio atrás de mim, eu o coloquei em uma prisão Tcheca pela vida toda. E, então, ele escapou. E vem tentando me atrair desde então.

- Se era pela Alexis, por que pegar a outra menina?

- Se pegasse apenas Alexis, não seria notícia internacional. Precisava de alguém de destaque para que eu soubesse. E agora me tem exatamente onde queria. Se eu não aparecer amanhã, ele irá matá-la.

- E se aparecer?

- Matará nós dois, por diversão.

- Se me conhece, sabe que farei qualquer coisa – disse Castle.

- Nossa vantagem é que Volkov não sabe que te encontrei – Hunt mostra a planta de onde Alexis está -  Ele pode não estar preparado para um ataque direto. Se conseguir entrar no prédio, consigo tirar a Alexis.

- Um ataque direto?

- É a melhor chance que temos, que ela tem. Mas precisamos de uma vantagem tática. Não posso fazer isso sozinho.

- Diga-me o que precisa.

- Onde ela está, há um conduíte que fornece energia que passa pelo antigo sistema de esgoto. Cortando os cabos, corta-se a energia. Luzes, alarme, vídeo de segurança,... O conduíte é a chave. O que me diz, garoto? Brinca de policial há anos. Está pronto para brincar de espião?

Então, Castle e seu pai começaram a discutir o plano para salvar Alexis. Avaliaram as possibilidades e escolheram que recursos usariam. Unidos por uma causa e o sentimento de proteção, eles colocaram o plano em execução.                

A mansão era bem vigiada com homens armados por todos os lados. Através do sistema de esgoto, Castle caminha por debaixo das ruas de Paris a procura do tal conduite. Se comunicava com o pai pelo rádio.

- Como está indo?

- Estou quase lá.

- Verá uma caixa de junção com 6 tubos saindo dela.

- Achei.

- O que você busca é o terceiro, de baixo para cima.

- Beleza.

- Coloque a carga ao redor dele, como te mostrei, então anexe o detonador.

- Certo – respondeu Castle - Configurarei o detonador para 30 segundos... agora – ao se afastar Castle se deparou com homens armados.

- Não se mexa – ordenaram eles. Castle ainda teve a chance de se comunicar uma ultima vez pelo rádio.

- Podemos ter um problema.

Ele foi levado para dentro da mansão com os olhos vendados. Assim que ele entrou na sala onde Alexis era mantida prisioneira numa jaula e ela o avistou, chamou por ele.

- Pai? Pai!

- Alexis – Castle reconheceu a voz e livrou-se da venda, correu até ela - Alexis.

-Pai! Pai?

-Alexis – ele se debruçou sobre a grade - Alexis. Oi. Você está bem?

- Estou. O que você faz aqui? Eles te sequestraram também?

- Sim. Enquanto eu tentava te resgatar.

- Você não deveria estar aqui.

- Está tudo bem, estamos juntos. Ficará tudo bem – ele tocava a filha pela grade - Você parece bem.

- Você é igual a seu pai, Sr. Castle... – o russo puxou a arma e apontou para ele - envolvendo-se no que não deveria. Ele achou mesmo que eu não estaria esperando um ataque?

- Pai, do que ele está falando? – Castle ficou novamente de pé olhando para o seu inimigo.

- Conte a ela. Vá, conte o porquê de ela estar aqui – disse o russo.

- Você tem a mim. Ela não tem utilidade para você. Deixe-a ir.

- Quando um homem duplica sua fortuna, por que daria metade dela?

- Ele estava com isto – disse um dos capangas entregando o rádio de Castle.

- É hora de terminar isso – o russo pegou o rádio e falou - Sei que você está aqui. Sei que está perto. E quero que saiba que estou com seu filho. Você tem 10 segundos para aparecer aos meus homens lá na frente. Entregue-se... ou eu o matarei.

-Pai...

-Está tudo bem – disse Castle.

- 10... – o russo engatilhou a arma que estava apontada para Castle -  9... 8...7...

- Sinto muito.

- Tudo bem.

- 6... 5...

- Pai... – Alexis já chorava enquanto Castle observava os movimentos do russo.

- 4... 3...

- Não matará meu filho, Volkov.

- Não? Por quê?

- Pois estará morto –era agora, seu pai acionara o detonador e Castle alertou Alexis.

- Abaixe-se. A menina obedeceu e ele fez o mesmo. seguindo a orientação de seu pai, Castle apanhou o relógio que ele o dera para libertar Alexis das grades - Feche os olhos, querida – ele prendeu o dispositivo na fechadura da grade e o acionou. Um estalo destruiu a fechadura e ele abriu a porta puxando Alexis de lá de dentro. Tinha pressa, era uma corrida contra o tempo - Vamos.

Castle começou a correr de mãos dadas com a filha, precisavam sair dali. Enquanto eles fugiam, ele relembrava as orientações do pai.

“Eles irão para a frente, respondendo a meu ataque. Vocês vão para os fundos por aqui, indo pelo corredor. E não deixe os capangas pegarem vocês, lute. Continue indo até chegar à porta de trás, eu estarei indo pela da frente. Não parem de correr, nunca... até chegarem à Embaixada dos EUA. Quando chegarem lá, pergunte por Jim Aldacott, Vice-Chefe de Missões. Ele dará a vocês uma história de cobertura, uma que dá créditos à Interpol e à polícia francesa, e não me menciona.”

Quanto a ele, pretendia desaparecer.  

Ao chegarem na embaixada, logo depois de procurarem a pessoa indicada pelo seu pai, Castle e Alexis deram seus depoimentos e Jim encarregou-se de comunicar a policia e a Interpol. Os funcionários da embaixada deram um cômodo para tomarem um banho, comida e cama para descansarem. Ainda não podiam entrar em contato com o USA, teriam que aguardar as autoridades. Mais tarde, ele contara para a filha o que acontecera em Paris.    

Kate Beckett tocou a campainha do apartamento de Castle. Trazia nas mãos uma sacola com comida chinesa. Martha abriu a porta e sorriu para ela.

- Oi, trouxe o jantar.

- Kate entre... – Martha percebeu o quanto ela estava abatida. Olheiras fundas despontavam em seu rosto, ela mal dormira. Os olhos estavam vermelhos, um detalhe que Martha não sabia se era consequência de sono ou choro. Kate colocou a comida sobre a mesa, suspirou. Martha a abraçou, sabia que ela precisava disso. Kate retribuiu o gesto, lutando para não deixar ser vencida pelas lágrimas.

- Alguma notícia?

- Não. Eu n-não consegui entrar em contato com ele. Diz que o número não existe ou está fora da área. Não sei o que pensar e gostaria de dizer que o FBI teve mais sorte que eu mas na verdade não acredito muito neles, agora não mais.

- Não pense por alguns minutos. Você precisa se alimentar, Kate. Está cansada, fraca. Sente-se aqui.

E as duas fizeram a refeição sem trocar muitas palavras, ambas perdidas em seus próprios pensamentos. Estavam sentadas no sofá quando o telefone tocou, fazendo o coração de Kate palpitar. Martha levantou-se para atender.

- Alô?

- Mãe?

- Richard! Graças a Deus! – Kate se levantou de supetão e ficou de frente para Martha – onde você está? Alguma notícia de Alexis? – ela ouvia a história do filho e sorria segurando a mão de Kate – oh, Richard, Richard... você quase matou eu e Kate do coração. Sim, deixe-me falar com Alexis.

Kate começou a controlar a respiração. Ele estava bem, Alexis estava a salvo. O pesadelo acabara.

- Kate, ele quer falar com você. Martha estendeu o telefone para ela que sentiu a emoção começar a fluir novamente em suas veias.

- Castle... – a voz saiu baixa e rouca.

- Hey...    

- Oh, Castle... você está bem? Alexis?

- Sim, está tudo bem. Estamos na embaixada, voltamos amanhã para New York.

- Eu tive tanto medo...

- Já passou, Kate – enquanto ele conversava com ela e dava detalhes da chegada, Martha viu o alivio despontar no rosto dela, seu filho podia não notar pela voz enquanto ela conversava com ele mas Martha pode ver as lágrimas que tomavam o rosto de Kate e o sorriso em seus lábios. Tudo estava em seu devido lugar, para todos eles. Ao desligar o telefone, elas sorriam e se abraçaram. Agora elas podiam relaxar.

Já passava de uma da manhã. Martha sugeriu que ela subisse e procurasse descansar. No dia seguinte iria para seu apartamento e também comunicaria aos outros o que acontecera. Castle e Alexis estariam de volta apenas no outro dia pela manhã. A espera duraria um pouco mais de 24h. Kate concordou.

Após um banho demorado, ela se atirou na cama dele e abraçada aos travesseiros sentindo o cheiro dele, adormeceu quase imediatamente. 

No dia seguinte, ela acordou por volta das 9h, vestiu-se e despediu-se de Martha. Em seu apartamento, ela trocou de roupa e não se demorou. No distrito, reuniu os rapazes e o agente Harris na sala de Gates para comunicar que Castle e a filha estavam bem e retornando para o país hoje. Todos receberam a notícia com alívio. Gates quis saber detalhes de como tudo acontecera, Beckett contou o que sabia mas prometeu averiguar um pouco mais com Castle e o agente Harris disse que ia checar com a Interpol. Beckett pediu licença para adiantar o que pudesse do relatório do caso, provavelmente este ficaria em aberto. Deixou o distrito cedo, queria estar bem cedo no apartamento de Castle para espera-los.    

No avião a caminho de New York, Castle dava toda a atenção à filha. Não largava da mão dela nem por um segundo. Quando Alexis adormeceu finalmente, Castle se permitiu pensar sobre o seu pai.

Era estranho passar por algo assim, Castle acabara de conhecer seu pai e tivera pouco mais de 24h em sua companhia. Ele tinha tanto o que perguntar, tanto a dizer, queria mais tempo com ele mas as circunstâncias não eram apropriadas. Ossos do ofício que ele escolhera. Será que um dia teria esse tempo? Saberia se ele ao menos sobrevivera? Castle ainda se emocionava ao lembrar do momento entre eles. Não ter mais tempo, sair sem olhar pra trás, depois de tantos anos sem noticias, novamente se separavam. Em um piscar de olhos.  As palavras do pai porém ficaram:  “Sei que tem sido difícil para você, Richard, e... só quero que saiba, filho, que sempre tive orgulho de você. Sempre”.

Pensar sobre isso trazia novamente lágrimas aos seus olhos, exatamente como acontecera da primeira vez que o ouviu dizer aquela frase. Suspirou. Tudo que ele esperava era poder reencontra-lo um dia e assim quem sabe fazer as perguntas que o incomodavam.

Ele já escrevera muitas histórias na vida, crimes, agentes secretos, conspirações. Analisando agora ele percebera o quanto torcia para esbarrar numa história, em um caso que envolvesse o serviço secreto americano mas isso? Um sorriso despontou no rosto dele enquanto pensava: Seu pai, um espião... isso que era um plot twist.


New York

Kate estava ansiosa quando batera na porta do apartamento às 6:30 da manhã. Martha também já estava acordada. Juntas, elas esperavam por eles.

- Nunca fiquei tão feliz por estar em casa.

- Amém.

- Sei que não devemos falar sobre o que houve de verdade... mas obrigada por tudo.

- É o que pais fazem.

- Acha que ele conseguiu?

- Gostaria de saber. Pronta? – E Castle abriu a porta. Alexis correu para os braços da vó.

- Você voltou! Você voltou!

- É ótimo estar em casa – disse Alexis retribuindo o abraço. Kate foi ao encontro de Castle e também o abraçou.

- Estou tão feliz que esteja bem – disse enquanto o abraçava lembrando que chegara a pensar o pior, agora olhando para ele, ela pediu - Por favor, nunca mais faça algo assim sem mim.

- Não farei – disse sorrindo.

Kate segurou o rosto dele nas mãos e beijou-lhe os lábios.

- Tudo bem, vó, estou bem.

- Querida, oi – Kate agora abraçava Alexis sorrindo enquanto Martha se dedicava ao filho.

-Venha aqui. Você é brilhante. Simplesmente... Todos devem estar famintos. Venham, fiz o café da manhã.

Ao chegar na área da cozinha, Castle viu um pacote sobre o balcão.

- Mãe, o que é isto?

- Chegou esta manhã. É algo importante?

Castle abriu o pacote, dentro dele um livro. CASSINO ROYALE. Sorriu internamente. Ele conseguira. Os dedos acariciavam a capa da obra em suas mãos. Virou-se para a mãe e disse.

- Mãe... quero te contar algo.

- Claro, mas você pode nos contar comendo.

Sentaram-se à mesa e entre sorrisos começaram a comer. Depois de saborear o tão saudoso café e os ovos e bacons que Kate ajudara a fazer Martha perguntou.

- O que você queria me falar?

Castle sorriu. De alguma forma ele escolhera deixar a história para si ainda por um tempo então, ele respondeu.

- Nesses últimos dias enquanto estava procurando Alexis pude perceber que todos os momentos da nossa vida são inconscientemente desenhados para ajudar a nos tornarmos quem realmente somos. Sei que você achou loucura eu ter ido a Paris, mãe. Porém, como mãe sabe que fazemos qualquer coisa pelos filhos. Eu fui atrás de respostas, usei um contato que conheci na época que escrevia Derrick Storm para descobrir algo sobre onde Alexis podia estar, ele me levou a outro cara. Fui traído, cheguei a duvidar se conseguiria salva-la mas não desisti. Reconheço que fui louco mas esse meu jeito de buscar a aventura, minhas experiências junto a NYPD, meu próprio trabalho foi importante para eu sobreviver. Houve um momento que pensei que ia morrer e nunca mais veria minha filha, pensei que tudo que fizera e arriscara tinha sido em vão - ele olhou para Kate sentada a seu lado - Eu nem sequer pude falar com você, Kate. Tive medo que machucassem você Alexis ou pior. Mas uma mulher muito sábia uma vez me disse: Mesmo nos dias mais difíceis, existe a possibilidade de alegria – ele olhou e sorriu para Kate apertando a mão dela – e então eu encontrei uma forma de chegar até Alexis e aqui estamos sem um arranhão sequer.

- Posso não ter um arranhão mas estou morrendo de sono.

- É o cansaço e o jetlag. Você deveria descansar, Alexis – disse Kate – você passou por uma experiência difícil.

- Kate está certa, vá para o seu quarto.

- Vou mesmo – Alexis se levantou, beijou o pai e depois a avó e subiu as escadas em direção ao quarto.

- Aliás você também deveria fazer isso, Richard.

- Mais tarde – ele virou-se para Kate – você pode subir comigo?

- Claro.

- Apenas me dê um minuto – Castle levantou-se da mesa e pegou o livro de cima do balcão. Levou-o ao seu escritório colocando-o na primeira gaveta por hora. Voltou a sala e viu Kate ajudando a sua mãe a tirar a mesa. Ao vê-lo, Martha falou.

- Vá querida, eu me viro por aqui. Ela sorriu em agradecimento e caminhou até ele. De mãos dadas, eles subiram as escadas. Já no quarto dele, Kate tirou o casaco que vestia e os sapatos. Aproximou-se dele e começou a desfazer os botões da blusa dele.

- Tome um banho, isso vai ajuda-lo a relaxar. E sua mãe está certa, precisa dormir. Eu vou ficar um pouco com você. Vai, te espero aqui.

Castle a obedeceu. Enquanto esperava por ele, Kate ligou para o distrito e falou com Ryan. Falou que ambos estavam bem e que ia se atrasar um pouco, pediu para ele cobri-la caso Gates questionasse algo. Assim que desligou, viu Castle saindo apenas de boxer do banheiro. Os cabelos ainda parcialmente molhados. Ela aproximou-se dele e envolveu-o em seus braços enquanto os lábios provavam a sua boca. Acariciando os cabelos dele, ela logo deixou as mãos deslizarem no peito dele. Puxando-o pela mão, o levou para a cama.

Kate  o colocou deitado entre travesseiros e fez o mesmo posando sua cabeça sobre o peito dele. Castle a envolveu em seus braços e beijou-lhe o topo da cabeça. Suspirou. Não precisava de palavras, apenas do contato, do calor de seus braços para sentir-se novamente em casa. Aos poucos, Kate percebeu a mudança na respiração dele, estava mais leve, sinal que adormecera. Kate apoiou-se no colchão e ficou admirando-o dormir. O semblante era outro, limpo, descansado. Seu Castle estava de volta. Ela inclinou-se sobre os lábios e os beijou. Levantou-se e cobriu-o com o edredom. Após uma última olhada, ela fechou a porta do quarto atrás de si. Quando ele acordasse, merecia um tempo a sós com a filha.

Castle tornou a acordar cinco horas depois. Já passava das três da tarde. Ao descer, encontrou Alexis no sofá mexendo em seu ipad. Ela avisou que tinha comida na geladeira para ele esquentar e que a vó estava deitada. Após almoçar, sentou-se ao lado da filha.  Abraçou-a e sorriu.

- Agora que já descansamos um pouco, está na hora de comemorar. Sorvete?

- Sorvete! – respondeu sorrindo à filha. Alexis foi até o freezer e serviu o sorvete para os dois.

Mais tarde, ele voltou ao escritório para pegar o livro. Depois de tudo o que passara, ele ficara com vontade de ler novamente a historia que o transformou em um escritor de mistérios policiais. Deitado em sua cama, ele abre o livro e na segunda página, Castle é surpreendido por uma folha de papel dobrada além da dedicatória do pai em poucas palavras. Ele leu a dedicatória primeiro.  

“O grande homem é aquele que não perde o coração de seu filho.

Eu ainda não cheguei lá porém devo me inspirar em você, Richard e espero que um dia conquistar a mesma admiração que Alexis tem de você.

Dad.”

Castle já com lágrimas nos olhos, abriu a folha e começou a ler.

“Richard, sinto muito por não termos nos encontrado em uma situação melhor porém de certa forma isso proporcionou a você a oportunidade de me ver em ação. Vivo nas sombras o que torna muito difícil os nossos reencontros. Continuarei observando a todos vocês e gostaria de dizer que minha admiração por você cresce a cada dia. Sua trajetória profissional, seus valores, o homem que se tornou é mérito de sua mãe e também seu. Fico feliz ao ver que a minha ausência não o abateu e o transformou em um grande homem, um pai devotado e amado por sua filha. Coragem, bondade e lealdade são virtudes suas que o fazem especial para todos que o amam. Torci muito para que voce se entendesse com a detetive Beckett. Hoje as circunstâncias são adversas para que nos aproximemos mas isso não me impede de sentir orgulho por tudo o que você aprendeu e conquistou. Uso essa frase de Edgar Allan Poe, para terminar essa carta. 

“Those who dream by day are cognizant of many things that escape those who dream only at night.” (*)

Sim, Richard você é um sonhador mas ao contrário de muitos, você busca transforma-los em realidade. E isso é o resultado da sua vida.  

Nos encontraremos novamente.

Com amor, Dad”.

PS.:  Quem sabe a gente não se encontra em um caso de espionagem da CIA? 


Castle tinha os olhos úmidos pelas lágrimas. Ler sobrre a opinião de seu pai sobre si era algo de valor inestimável. Pelo texto e a citação de Edgar Allan Poe ele soube o quanto seu pai o conhecia. Um sorriso despontou no rosto de Castle e sabia, quando o momento fosse certo, eles se encontrariam novamente.   


Continua....


Tradução da frase de Edgar Allan Poe: 
(*) Os que sonham de dia são conscientes de muitas coisas que escapam aos que sonham apenas à noite.   




3 comentários:

Unknown disse...

Nossa que lindo amei!!!!!

Unknown disse...

Lindooooooooo, emocionante!!!

larynhapaulista disse...

Eu amei essa continuação de Target. Nathan e Stana fizeram muito bem as suas cenas.
Levei um baita de um susto quando Kate chutou a cadeira da namorada do cara morto na cabana.
Castle não pensando 2 vezes e indo a Paris para trazer sua filha de volta e não só conseguiu como também teve ajuda de seu pai.
Esposito levando café para Kate e falando para ela ir embora porque Castle precisava dela foi lindo.
Amei a cena final de Kate pedindo para ele nunca mais fazer nada parecido com isso sem ela.
As partes que você acrescentou foram bem emotivas hein? Quase chorei ao ler a parte que Kate conversa com Martha pelo telefone e no jantar.

Parabéns pelos capítulos!!!

Beijos