Nota da Autora: Algumas observações sobre esse cap. Acrescentei elementos investigativos que talvez não agrade a todos, também situações sobre a vida das personagens. Lembrem-se, está é uma história ficticia portanto desencanem e aproveitem! Enjoy...
Cap.3
Beckett
continuava a investigação da máfia chinesa. Claro que a essa altura ela não
desconfiava que estava sendo vigiada de longe por seus potenciais inimigos. Os
Quinze agora viraram Doze e por conta disso, os chineses confrontam os políticos.
O senador do Illinois recebeu uma visita nada agradável de Chang e mais dois
capangas. A mensagem foi clara: se mais um de seus homens morressem, não apenas
o negócio estava desfeito como também a vingança seria algo que eles sequer
poderiam imaginar. Nada de retaliações dos americanos e a partir de agora se
não jogarem conforme as regras, o FBI e o país iriam pagar. Ao saírem do
gabinete do senador, ele respirou fundo. Teria que ter muito sangue frio e
ficar de olho na investigação daquela agente, caso contrário, ele, seu parceiro
e boa parte do país seriam vítimas do esquema de corrupção e ilegalidade que
eles começaram a anos atrás. Antes mesmo do primeiro mandato do senado.
FBI
Ao analisar as
informações da vida dos três mortos, ou seja as vítimas, Beckett encontra
similaridades entre suas atividades e seus movimentos. Algumas supostas
operações que trabalharam juntos além de palavras e números estranhos. Parecia
uma espécie de código. Teria que avaliar com calma. Talvez Castle pudesse
ajuda-la. Ele é bom nisso.
Investigar o
caso da máfia era apenas uma das tarefas de Beckett, normalmente ela trabalhava
em dois casos ao mesmo tempo. Aparentemente, esse caso do contrabando não era
prioridade para o FBI nem para a procuradoria. Por isso ela tinha tempo para
investigar até em casa. Para Beckett, eles ainda não tinham dimensão do que
esse caso podia representar. Ela ainda confiava em seu instinto e não
desistiria. Em algum lugar no meio de todas aquelas evidências, ela acharia uma
pista capaz de leva-la ao outro nível da investigação.
Castle evitou
conversar com Alexis sobre qualquer coisa envolvendo noivado ou Beckett durante
uma semana. Bancava o simpático, perguntava da faculdade, tentava sim essa era
a palavra, tentava manter uma certa harmonia e um diálogo com Py. Observava
suas mudanças de humor esperando o melhor momento para aborda-la sobre seu
noivado e seu futuro com Kate. Percebeu que a filha andava desfilando com o
namorado a tiracolo e ainda o hospedou em sua casa. Para não criar confusão ou
mais atrito com ela, Castle aceitou de bom grado a presença do jovem Py
perambulando e tomando conta da sua cozinha com suas receitas naturebas e suas
supostas filosofias para viver melhor. Claro que achava tudo uma baboseira só
mas o rapaz parecia deixar Alexis de bom humor e ele precisava que ela
estivesse bem para quando fossem conversar. Ainda não contara nada para Beckett
do que estava acontecendo. Preferia ter uma primeira conversa com a filha antes
de tirar conclusões, para Castle uma conversa franca entre pai e filha seria
suficiente para resolverem o que considerava apenas um mal entendido. Caso isso
não desse certo, ele teria que avaliar suas opções.
Na véspera de
mais uma viagem para DC, ele finalmente resolve ter uma palavrinha com Alexis
aproveitando que ela acabara de chegar da rua com o namorado e parecia bem
alegre. Por educação, Castle perguntou se tinha se divertido e pela primeira
vez em uma semana, a sua Alexis pareceu estar de volta. Ela tagarelou sobre a
exposição que viram, a banda de punk rock que tocara no Central Park e o
pequeno bistrô que Py descobrira na 103 W onde tinha uns sanduiches deliciosos.
- Tudo
natural, Sr. C!
- Imagino, que
bom que a tarde foi proveitosa.
- Sim, nada
melhor que um dia bem vivido ainda mais que Alexis volta ao campus amanhã.
- É verdade
tinha me esquecido. Py, você me daria uns minutos para conversar com a minha
filha?
- Claro, Sr.C.
vou aproveitar e preparar o suco da Grams.
- Filha
podemos ir ao meu escritorio um instante? – Alexis estranhou a formalidade – é
que eu preciso entender algo e prefiro estar a sós com você. Eles seguem para o
escritório e sentam-se um de frente para o outro. Castle não se demorou a
iniciar uma conversa – então, vai para o campus amanhã. O que te espera esse
semestre?
- Várias
matérias técnicas de anatomia, fisiologia e muito laboratório. Acho que vou
gostar muito desse período. Prática. Mas não foi por isso que você me chamou
aqui. Qual o problema, pai? Tenho uma leve ideia mas porque não fala? Não sabe
disfarçar mesmo!
- Alexis, eu
sinto falta de conversar com você. Entendo que a dinâmica das nossas vidas
mudaram e isso de certa forma é bom. Agora você vai retornar para as aulas e
mesmo sabendo que estará indo e vindo só queria que não deixasse de me contar o
que acontece com você.
- Engraçado,
quem deveria estar dizendo essas palavras seria eu não? Você vive em ponte
aérea NY-DC e eu que não te conto mais as coisas? Quando foi que você esteve
por aqui ultimamente? E quando esteve, Beckett também estava ou você escolheu
solucionar casos com o pessoal do 12th. E quando estava realmente sozinho era
trancado no escritório escrevendo. Então, sou eu mesma que tenho problema ou
você me excluiu da sua vida?
- Alexis,
excluir é uma palavra muito forte! Eu estava dando um tempo para você se
acostumar, aproveitar o seu namorado. Você precisa viver sua vida também. Claro
que o fato de Kate estar morando em DC é um complicador a mais porém em nenhum
momento esqueci você e se passei essa impressão, desculpe.
- Você admite
que sua prioridade é a Beckett? É estar em DC? Porque desde que você ficou
noivo é só ela que importa!
- Ah, então é
isso. Devia ter percebido antes. Ciúmes. Você está com ciúmes de Beckett porque
estou dando mais atenção a ela com esse lance de casamento, DC...
- Ciúmes?
Porque eu teria ciúmes da sua noiva? – mas o tom era debochado – Beckett que cuide da vida
dela, do casamento, do que ela quiser. Eu tenho minha vida, se ela quiser
acampar aqui ela pode.
- Você não me
engana Alexis. Tudo bem, a culpa é minha. Acho que não dei a oportunidade de
você ser independente, sempre teve tudo e isso é basicamente a arma que usei
para suprir a ausência da sua mãe, claramente eu errei porque isso a tornou tão
ligada a mim que a ideia de ter que dividir com outra pessoa é simplesmente
inaceitável – Alexis abriu a boca para protestar mas Castle não deixou – mas
filha, você está errada. Eu amo a Kate, ela é o amor da minha vida não nego.
Mas você, Alexis, você é minha filha! Ninguém poderá substituí-la na minha
vida. Você é meu tesouro, minha princesinha e pode ter 60 anos, sempre será
minha garotinha. Ninguém vai tirar isso de você – ele percebeu que a filha
estava mais tranquila, começava a ceder – você confia em mim não?
- Claro que
confio, pai.
- Então sabe
que eu não a abandonaria.
- Não se trata
de abandonar, mas de se importar. Você não conversa comigo, não se aproxima de
Py que dirá conversar com ele. É meu namorado, poxa. Como você quer que eu
fique bem e aceite tudo isso com Beckett se você não dá atenção ao Py. Você podia
fazer um esforço.
- Alexis, como
você pode dizer isso? Esse rapaz está morando na minha casa a meses. Todas as
manhãs tomo café com ele. Não entendo! – ele viu Alexis franzir o cenho – ok,
tudo bem. Você está certa. Quando você estará de volta a New York? Podemos
fazer assim, quando voltar podemos sair eu, você e Py. Vamos almoçar,
conversar, passar realmente um tempo juntos. O que me diz?
- Parece bom,
posso voltar no sábado e domingo à noite volto ao campus.
- Certo,
sábado. Isso quer dizer que tenho que voltar de DC na sexta e...
- Pai! Você
vai para DC de novo? Ah, esquece! Eu não quero seu almoço de piedade... – e
saiu batendo o pé.
- Alexis,
volta aqui. Alexis, filha.... droga Castle, porque foi mencionar que ia para
DC? – ele esmurrou a mesa de leve se culpando pelo erro – burro!
Naquela tarde,
Castle voou para DC.
Washington DC
Ao investigar
as finanças de uma das vítimas, Beckett identificou um depósito de uma grande quantia
de dinheiro um dia antes da morte. Verificando um pouco mais o extrato, ela
constatou outra movimentação. Uma retirada um dia depois do assassinato da
mesma quantia. Para ela, estava claro que não podia ser coincidência. Seria
esse o motivo do assassinato? Afinal não é todo dia que alguém recebe USD 1
milhão na sua conta apenas para sumir dois dias depois. Intrigada, ela marcou os
números do depósito e da retirada e foi até o técnico de informática. Pediu
para ele investigar de onde vieram aqueles movimentos financeiros, queria
banco, IP e se possível o dono da conta. Ali podia estar a pista que esperava
para seguir com a investigação. O técnico avisou-a que esse tipo de pesquisa
demoraria pelo menos uns três dias pois geralmente a primeira informação que
obtinham era de contas ou IPs fantasmas, tinham que buscar a verdadeira origem
camada por camada. Beckett acatou a explicação dele. Ainda tinha os códigos a
decifrar. Ela checou o relógio. Já passava das sete da noite. Lembrou que o voo
de Castle deveria chegar às nove.
Pegou suas
coisas, o que incluía a pasta do caso e seguiu para casa. Queria pelo menos
tomar um banho e relaxar antes dele chegar. Também precisava comer, sua última
refeição fora uma caneca de café e uma torrada por volta das três da tarde,nem
sequer almoçara. Ela foi direto para o chuveiro. Castle tinha a chave para
entrar não precisava se preocupar. Com ele passando o resto da semana e o fim
de semana podiam tentar encontrar algum significado naquelas codificações.
Beckett estava no sofá quando ouviu o barulho de chave na porta. Ela se
levantou e ao vê-lo entrar, abriu o sorriso. Ele deixou a pequena mala e o casaco
num canto da sala e caminhou vagarosamente até ela apenas para provoca-la. Não aguentando
mais esperar, ela avançou na direção dele jogando-se no corpo de Castle e
puxando-o para si sedenta por beijar aqueles lábios. Depois de um bom momento
de carícias, eles por fim se separaram.
- Wow! Você
realmente sente minha falta... Quantos dias fazem mesmo? Uma semana?
- Nove dias,
Cas... longos dias. Fez boa viagem? Está com fome? Porque não fiz nada. Estava pensando
em comermos aqui na vizinhança mesmo. Na cantina da esquina. O que acha?
- Tudo bem,
estou mesmo com fome.
- Eu estou
faminta, não almocei. Deixa eu pegar meu casaco.
- Não almoçou?
Kate você não pode ficar fazendo esse tipo de coisa. Vai acabar ficando doente
por causa do trabalho. Será que tenho que te tratar igual uma criança? - ela já
voltara de casaco e entrelaçou os dedos nos dele.
- Agora que
você está aqui pode cuidar de mim, não me importo. Descobri umas possíveis
pistas para o caso, no restaurante te conto.
Na cantina, já
bebendo um vinho tinto delicioso, Kate perguntou de New York antes de falar do
seu caso.
- Como estão
as coisas por lá? Martha está suficientemente ocupada a ponto de não te
incomodar com coisas do casamento?
- Sim, acho
que você deu tarefas suficientes para ela.
- E Alexis? Já
voltou para a faculdade? Levou o namorado com ela?
- Voltou. Py
finalmente irá me dar algum sossego mas não por muito tempo.
- Castle não
fale assim. Ok, ele é meio excêntrico demais e um pouco bagunceiro mas...
- Pouco? Você
está sendo gentil. Ele é um desastre! O pior é aguentar as invenções dele pela
minha cozinha. Acordo todo dia sobressaltado por algum barulho, quando não é a
batedeira é o liquidificador ou...
- Hey - ela
acariciou a mão dele sobre a mesa - isso não é relevante. Alexis gosta dele,
está feliz. Isso é bom, importante. Você devia estar apoiando - ela percebeu um
ar meio triste nos olhos azuis – está tudo bem mesmo? Você não parece tão convincente
e seu semblante não é de alguém apenas chateado porque Py dominou sua cozinha.
Tem algo que queira me contar?
- Não, Kate.
Nada mesmo só essa sensação estranha ao ver minha filha crescer. Só isso. Mas
você disse que tem novidades sobre o caso. Estou mesmo precisando de elementos
novos para o livro. O que descobriu?
A três mesas
depois da deles, um cara jantava sozinho mas seus olhos estavam fixos na mesa
do casal que sequer imaginava que estavam sendo vigiados.
Kate tomou
mais um pouco do vinho e começou a contar a ele o que encontrara nas fichas de
cada um dos assassinatos. O CSU encontrou evidências de números e letras com
cada uma das vítimas. Apesar de diferentes, apresentavam similaridades e seria
estranho todos eles possuírem um código consigo. Ela explicou para ele que
podia ser relacionado à missão que cada um teria que cumprir para a máfia e de
alguma forma falharam, talvez por isso tenham sido mortos. Também disse a ele que
por mais que tentasse, não conseguiu chegar a nenhuma conclusão sobre a lógica
por trás dos códigos.
- Então, você
quer minha ajuda? Minha inteligência em desvendar mistérios, minha sagacidade –
ele se aproximava dela implicando e com uma cara safada aquela que sempre usava
quando queria se vangloriar - ora, veja só a agente esperta quer minhas
técnicas de criptografia para desvendar uma pista e salvar seu caso...- ela
revirou os olhos.
- Menos Castle
mas sim, quero sua ajuda.
- O que eu
ganho em troca?
- Minha
admiração por seus serviços prestados como bom cidadão ao país? - a cara que
ele fez de decepção foi impagável que fez Kate gargalhar.
- Você pode
fazer melhor que isso e por favor não diga que você já incorporou esse
besteirol dos federais. Não combina com você.
- Estava
curtindo com sua cara e funcionou. Posso pensar em algo para retribuir esse
favor... talvez possamos experimentar minhas novas algemas de federal ou um
banho demorado com direito a uma rapidinha no chuveiro...
- Estou
gostando das opções, continue.
- Repetir a
dose da nossa primeira vez?
- Quatro é um
bom número se pararmos para pensar... - ele olhou para ela de repente e viu que
ela o provocava ao abrir sem ele perceber três botões da blusa que usava,
estava sem soutian - por Deus! O que ainda estamos fazendo aqui? Garçon, a
conta por favor! - Kate desatou a rir e aproximou-se dele para roubar um beijo.
Assim que Castle pagou a conta, eles saíram apressados rumo ao apartamento. Mal
trancaram a porta e Castle já foi puxando a blusa de Kate jogando-a no chão.
Ela avançou sobre ele mordendo-lhe os lábios enquanto os dedos encarregavam-se
de desabotoar a calça puxando a peça para baixo exibindo não só o boxer que
usava como também o membro já excitado. Kate puxou a camisa dele com força e os
botões foram atirados aí chão longe dos olhos dos dois. Em questão de minutos,
estavam nus. Castle a ergueu do chão e a colocou sobre a mesa de jantar da
sala.
A altura era
perfeita para que ele a tomasse ali mesmo, afastou as pernas dela e penetrou-a
sem qualquer cerimônia. Em questão de segundos, a dança estava em seu ápice e
os dois perderam-se entre prazer, gozo e gemidos. Repetiram a dose no momento
em que Castle saboreava os seios dela e a forçava implorar por mais. Kate
experimentou a sensação de paraíso mais uma vez. Terminado o ato de amor, ela
procurou pelos lábios dele e beijou-o como se fosse a última vez que o veria.
Doce e intenso, o beijo se prolongou apenas para deixa-los sem fôlego
novamente. Por fim, ela apoiou a cabeça no peito dele e ficaram imóveis ainda
na mesa por alguns minutos. Castle a ergueu com cuidado e a colocou de pé ao
seu lado. Seguiram para o quarto e depois de uma chuveirada, eles deitaram-se
na cama enroscados um ao outro, braços, pernas. O rosto do Castle perdendo-se
no cabelo dela. Percebeu pelo tom da respiração que ele adormecera e Kate ficou
pensativa sobre o que vira hoje nos olhos dele. Castle estava preocupado com
alguma coisa em New York e ela podia apostar que era Alexis. Ele não a enganava
mais, não insistira porém ia ficar de olho nele esses dias.
Na manhã
seguinte, Kate foi para o bureau e Castle já com todas as informações do caso,
começou sua própria investigação. Entre novas pistas e suposições, ele se
dividia entre seu livro e o código. Embaralhou as letras, arrumou as sequências
pelas datas das mortes, procurou anagramas porém nada fazia sentido pra ele.
Tentou procurar alguma similaridade com os dados via Google. Achará desde
identidades até jogos de sudoku. O sentido daquilo continuava desconhecido.
Decidiu espairecer a mente, quem sabe isso não o ajudava a achar uma conexão?
Pegou o casaco e saiu.
Uma caminhada
na vizinhança de Beckett e uma ida ao mercado podiam lhe fazer bem. Enquanto caminhava,
não pode deixar de pensar em Alexis. Não gostara da forma como eles conduziram aquela
última conversa. Saíra tudo errado e vê-la ou melhor nem vê-la sair para o Campus
no dia seguinte apenas mostrava como as coisas ainda estavam mal resolvidas
entre eles. E havia Beckett. Apenas de olhar para ele, Kate percebeu a mudança
nele. Não demoraria muito para que ela voltasse a questionar sobre o assunto,
ele a conhecia o bastante para saber que ela apenas colocara a conversa em
espera por um tempo mas não se convencera da resposta dele.
Com o
pensamento longe na filha, Castle não percebeu que estava sendo fotografado e
seguido.Entrou no mercado disposto a comprar algumas coisas para o jantar.
Quando Kate
voltou do trabalho, encontrou a mesa posta impecavelmente. Havia inclusive um
vaso com flores. Castle estava sentado no sofá com o notebook no colo
escrevendo. Ela podia ver a concentração dos olhos azuis na tela a sua frente.
O franzido na testa indicava que escrevia uma cena tensa, difícil,
provavelmente uma cena de ação. E viu um dos trejeitos que mais amava nele, a ponta
da língua exposta no canto da boca. Sinal de que estava com a imaginação a mil.
Ela não queria atrapalhar pois verdade seja dita, ele sequer a notaria enquanto
os dedos voassem daquela forma sobre o teclado. Ela tirou o casaco e sentou-se
na cadeira de frente para ele. Esperou. Assim que o viu levantar as
sobrancelhas e tocar com mais força usando o indicador a tecla que ela sabia se
tratar do enter, soube que acabara. Ele ergueu os olhos da tela e sorriu.
- Hey... a
quanto tempo você está aí?
- Não muito. O
suficiente para te admirar escrevendo um pouquinho. Ele se levantou deixando o notebook
sobre o sofá e foi na direção dela, Kate esticou a cabeça e ele se inclinou
beijando a testa dela e em seguida os lábios - fez o jantar?
- Sim, carbonara.
Uma forma de me redimir com você já que não consegui nada com a minha investigação
ainda.
- Nada?
Nenhuma ideia?
- Zero. Niente.
Mas posso te mostrar depois para ver se você encontra alguma lógica nas minhas combinações.
E após o
jantar, os dois sentaram-se lado a lado na cama para analisar até onde Castle
conseguira ir. Kate sugeriu outras abordagens mas por mais que tentassem não
obtinham algo coerente capaz de ser conectado ao caso. Cansados, eles deixaram
os rabiscos de lado e deitaram-se para dormir abraçados como sempre faziam.
No meio da
noite, Kate ouviu vozes e tentando vencer o estado letárgico do sono, ela
virou-se para ver se Castle dormia ou ouvira o mesmo que ela. Teve uma
surpresa. A voz era de Castle. Ele balbuciava algumas palavras e frases. Aquilo
não era novidade para Kate mas fazia um bom tempo que não ouvia-o falar durante
o sono. Geralmente isso acontecia quando ele estava preocupado com algo.
Dedicou-se a prestar atenção nas frases.
- Não,
filha... você entendeu errado. Eu amo vocês duas.... Alexis ninguém tomou seu
lugar, Kate...Kate está longe... Eu sinto falta... DC é perto, não Alexis....
por favor, é a Kate...
Bem que ela
desconfiara da conversa no restaurante, Castle estava com problemas com Alexis
e era por causa dela e do casamento com certeza. Ele podia ter escapado dela
uma vez mas agora ela já sabia e teriam que conversar sobre isso. Kate sabia o
quanto a filha era importante para ele e não seria ela o motivo dele quebrar a
ligação e a relação tão linda de pai e filha que tinha com Alexis.
Três dias se
passaram e Beckett resolveu cobrar a análise da conta que pedira. A resposta
não a agradou nem um pouco. Devido a demandas de outros casos, ele não passara
da primeira fase da análise e apenas pode confirmar para ela que encontrara uma
conta fantasma. Chateada, ela voltou a pedir um novo prazo para ele e que dessa
vez fosse viável. Para sua decepção, ele pediu duas semanas. Sem poder
argumentar já que esse caso não era prioridade para os federais, ela teve que aceitar.
Naquele dia, Kate saiu do trabalho mais cedo. Castle voltava para New York no
dia seguinte e ela queria conversar com ele sobre Alexis. Adiara porque queria
deixá-lo pensar um pouco sobre o que diria quando estivesse sozinho. Chegou em
casa e o encontrou todo arrumado, no mínimo ele a levaria para jantar.
- Nossa, quem
é esse homem charmoso? - ela se aproximou dele e brincou com a gola da camisa -
alguma ocasião especial que eu não saiba?
- Não preciso
de ocasião especial para querer levar minha fiancé para jantar,certo? - deu um
selinho rápido nela - temos reserva para daqui a meia hora. Vamos?
- Me troco em
um instante. Só tenho uma condição. Você tem que me prometer o seguinte: quando
voltarmos você irá me dar uns minutos para conversarmos. Tem um assunto que
gostaria de falar com você e não posso deixar você viajar sem ter esse momento.
- Você me
deixou preocupado agora.
- Não fique é
para ajudá-lo, volto já.
Na hora
marcada, eles estavam no restaurante. Jantaram, namoraram, fizeram da noite um
momento agradável, a dois. Beckett notou que Castle estava tentando embebeda-la
será que estava tentando deixá-la alegrinha para evitar a conversa mais tarde.
Não é algo que aceitaria facilmente. Voltaram quase três horas depois, animados
com o fim de noite. Beckett conhecia bem Castle para evitar que ele se
esquivasse da conversa mas a vontade de fazer amor com ele uma vez mais falou
mais alto.
Deitados na
cama após se satisfazerem, ela tinha a cabeça escorada no corpo dele. Castle acariciava
seus cabelos. Kate deixava suas mãos acariciarem o peito dele, alternando os
toques a pequenos beijos. Sentindo-o relaxado, Kate ergueu-se do peito dele
agora apoiando seu queixo nele para fita-lo.
- Castle você
precisa me contar o que está te preocupando. E não adianta dizer nada.
- Não estou
entendendo aonde você quer chegar.
- Castle você
não esqueceu que fala quando dorme e se está preocupado, fala em seu sono.
- Falei?
Quando? - ele começou a ficar preocupado por não saber o que tinha falado.
- A dois dias
atrás. Apenas deixei para conversar com você na véspera de viajar porque o que
eu disser aqui não quero que leve para o lado pessoal. Quero que reflita - Kate
ergue o corpo e sentou-se na cama - é sobre Alexis.
- O que tem
Alexis?
- Você está
preocupado com ela. Sei que está e não adianta negar. Preciso que me conte, prometemos
não esconder nada um do outro e nem quero especialmente após a entrevista de
DC.
- Tudo bem.
Você está certa. Estou preocupado com Alexis sim, pois desde que ela voltou da
Costa Rica com aquele namorado estranho metido a natureba, ela não parece a
mesma. Mas não é apenas o novo namorado, o comportamento dela está ligado a nós,
ao casamento e as minhas idas e vindas a Washington. Eu acho que ela está com
ciúmes de você, Kate.
- Eu não
acho,tenho certeza. E o namorado não tem nada a ver com o jeito como está
agindo. Ele na verdade está ajudando Alexis. Eu consigo entender Alexis. Eu me
coloco no lugar dela. Imagine só, a vida dela toda Alexis teve toda a sua
atenção mesmo com seus relacionamentos anteriores ela detinha o poder sobre
você, seu amor incondicional. De repente, ela vê o pai começar um novo relacionamento,
dessa vez algo mais duradouro e então vem um pedido de casamento e com ele a certeza
de que não era apenas mais um passatempo. Não bastando tudo isso, a sua noiva
está trabalhando em outra cidade o que o faz viajar várias vezes para
encontrá-la e isso Castle, nada mais é do que dividir sua atenção com outra
pessoa. Mais que isso, eu sou a competição. Nesse momento a rival que ela não
teve por dezoito anos. Daí o comportamento diferente, trata-se do mecanismo que
encontrou para chamar sua atenção mas aparentemente não está funcionando. Posso
entender como ela se sente.
- Você fez
essa análise toda apenas porque eu disse algumas palavras enquanto dormia?
Nossa!
- Na verdade,
não é tão difícil e também essa não é a parte importante. Acho que o que direi
a seguir é o que te deixará pensativo e sei que talvez você não goste mas
preciso dizer - ela acariciou o rosto dele que aparentava um ar de tensão por
medo do que Kate poderia dizer - nem por um segundo me passou pela cabeça ser
um problema para vocês e nem destruir a relação tão linda que existe entre vocês,
de pai e filha. Porém, existe algo que você precisa considerar. Mesmo
demonstrando responsabilidade e uma certa independência em fazer as coisas,
Alexis sempre teve o seu apoio e o de Martha em tudo. Teve dinheiro, excelentes
escolas, recursos. Ela não teve que batalhar por algo que quis muito e mesmo
inteligente, ela sentiu-se traída quando Stanford a recusou,era quase um insulto.
Eu também entendo o seu papel de pai diante da situação, o fato de Meredith não
estar presente e não agregar muito a vida da filha o tornou extremamente
protetor. O que eu admiro em você, esse amor e preocupação com a sua filha, mas
falta algo. Alexis precisa experimentar a vida. Criar asas e fazer seu próprio
caminho.
- Espera, você
quer que a expulse de casa?
- Não é nada
disso, Castle. O que estou dizendo e que ela precisa ter opções. Aos dezesseis
anos, eu fiz um intercâmbio na Europa, fui mochileira e tive que batalhar pra
ter meu dinheiro, trabalhar para comer, isso me ajudou a crescer, ver o mundo
de outra forma, experimentar outras culturas. Isso pode ser bom para ela. Foi
excelente para mim.
- Mas e a
faculdade?
- Castle, por
favor, ela só tem dezoito anos e a vida toda pela frente! Aliás, falando em
faculdade, quando passei e comecei meu curso de pre-law, eu me mudei para o
campus, cortei o cordão com os meus pais porque queria muito viver minha vida.
Claro que se eu imaginasse o que aconteceria a minha mãe eu jamais teria me
afastado tanto no campus. Daria tudo para ter mais tempo com ela - de repente
ela se calou pensando na mãe, balançou a cabeça e deixou um leve sorriso
formar-se no seu rosto - mas isso não importa. Novamente, quero que fique claro
não estou expulsando Alexis de casa ou da sua vida mas um semestre fora, morar
em outro país pode ser uma experiência excelente para ela. Costa Rica foi
apenas o começo.
- Eu não sei,
Kate. E se ela interpretar isso de outra forma?
- Não vai
porque não será você quem vai plantar a sementinha na cabeça dela, será eu
através de Py. Tem algo que você não pode negar a mim. Eu preciso conversar com
a Alexis. Uma conversa de mulher para mulher. Eu já passei pelo que ela está
passando, a mudança para a fase adulta, as dúvidas e essa conversa vai fazer
bem a ela. Alexis precisa entender que não sou alguém competindo com ela por
seu amor, sou mais uma pessoa que o ama. Não posso ser a competição e nunca
seria uma madrasta má. Quero ser uma amiga mas para isso precisamos estar cara
a cara para que ela entenda.
- Ainda não
consigo entender a relevância de manda-la para fora... – ele estava relutante
demais, Kate percebeu. Tinha medo.
- Olha amor,
não quero que fique mal pela sugestão, se a viagem for algo demais para você
posso sugerir que ela se mude para o campus. Por favor, não quero te ver triste
ou longe de sua filha. Quero ajudar e sinto que Alexis precisa crescer, ganhar
experiência de vida. Py pode ajuda-la com isso. Não quero tira-la da sua vida,
nunca faria isso. Deixe ela experimentar a vida com as próprias pernas.
- Você tem
certeza que quer conversar com ela? Isso será bom mesmo? E se ela te odiar ou
me odiar ainda mais?
- Então ela
não é a menina que aprendi a admirar. Ela não agirá assim, no máximo poderá
erguer a voz, falar várias bobagens para me xingar e tentar me afetar. Não irá.
Eu preciso dessa conversa, nós duas precisamos. Quando eu for a New York, antes
do casamento falarei com Alexis.
- Sei que não
posso te convencer do contrário mesmo...
- E nem deve –
ela voltou a se aproximar dele acariciou os cabelos e o rosto, beijou-lhe a
bochecha – não se preocupe, sei o que Alexis significa para você e farei tudo o
que puder para consertar isso. Por você. Não gosto dessa ruga na sua testa –
ela tocou o meio das sobrancelhas dele com a ponta do dedo indicador. Beijou o
lugar – sorria pra mim, Cas – ele obedeceu – bem melhor – e puxou-o de volta
para a cama a fim de dormirem.
De manhã cedo,
eles saíram para tomar café na cafeteria próxima ao bureau. Após a refeição,
ele já sairia dali direto para o aeroporto. Despediram-se com um longo beijo no
meio da rua. As pessoas passavam e sorriam, outras comentavam. Em Washington,
essa não era uma cena tão comum de se ver. Ao quebrar o beijo, ela ajeitou o
casaco dele e tirou a marca de batom do queixo dele. Ao se afastar para pegar o
taxi, ela enfiou a mão nos bolsos e ficou observando-o. Abriu a porta do carro
e antes de entrar virou-se para olha-la uma última vez. Kate beijou a palma da
mão e soprou o beijo para ele sorrindo. Castle fingiu apanhar o beijo no ar com
a mão e levou-a até o coração. Os lábios silenciosos formavam as três
palavrinhas mágicas . I love you. Ela sorriu e apontou para si antes de mostrar
o número dois com a mão querendo dizer “me too” e só após vê-lo entrar no taxi,
ela seguiu para o bureau.
Treze meses
antes...
A agente Kate
Beckett estava correndo a caça de um bandido. Pelas ruas de Arlington, ela
imprimia ritmo a suas passadas de arma em punho. Já estava no terceiro
quarteirão quando decidiu mudar de tática e cortou caminho por uma pequena
pracinha. Ela ouviu a sirene de um carro de polícia e o parou mostrando o
distintivo e a foto do cara, ordenou que eles fechassem a rua e continuou a
perseguição. Ela não sabia se tinha tomado a decisão correta ao mudar o caminho
mas arriscara e se perdesse o suspeito certamente renderia uma punição para
ela. O FBI não deixava barato. Ao entrar na rua seguinte, ela obteve sua
resposta. Deu de cara com o sujeito e partiu para cima dele derrubando-o no
chão. Lutou com ele e acabou levando um soco no rosto mas revidou batendo a
arma na cabeça dele. O golpe foi suficiente para imobiliza-lo. Quando o reforço
chegou, o suspeito já estava amarrado.
Kate tinha um
pequeno filete de sangue na mandíbula e seu colete fora atingido do lado
esquerdo rasgando sua camisa e fazendo um pequeno corte no ombro, superficial e
ela sequer reparara que o cara tinha usado um canivete suíço para isso. Foi
atendida pelos paramédicos e liberada. No bureau, foi chamada ao gabinete do
seu chefe e apesar de receber os elogios pela captura do sujeito, ela também fora
repreendida por se afastar da rota determinada e enfrentar o suspeito sem
reforços.
Beckett saiu
da sala indignada. Estava muito estressada com essa situação. Porque mesmo
quando fazia algo certo era repreendida naquele lugar? Sem muita paciência, ela
lembrou ao chegar na sua mesa que o prazo do carinha da informática já se
esgotara. Resolveu fazer uma visitinha a sala dele. Para surpresa de Beckett,
ele já tinha ido embora.
- Droga! – ao
checar o relógio percebeu que passava das sete – ah, não! Lanie!
Ela saiu
correndo para seu apartamento. Tinha marcado com a amiga uma conversa via skype
para tratarem de algumas coisas do casamento e se esquecera completamente da
hora. Assim que chegou em casa, largou as coisas no sofá e mandou uma mensagem
a Lanie que já falava com ela.Tirou a roupa de trabalho, deu uma olhada no
rosto e checou o curativo. Sabia que a amiga ia perguntar sobre isso. Vestiu
uma blusa que escondesse o outro curativo para evitar mais falatório da amiga.
Sentada na
cama e com o seu ipad na mão, ela chamou Lanie no skype.
- Hey, Lanie!
- Kate, tudo
bem por aí?
- Sim, de
certa forma.
- Temos muito
o que conversar mas preciso saber se você está vindo por New York esse período
porque se você não vier por aqui, sinceramente não conseguiremos realizar esse
casamento em maio. Você e Castle precisam definir o menu e também temos a... –
Lanie ficou tagarelando a frente dela e todo o stress do dia mais esses
compromissos com datas, as investigações do FBI que pareciam estar sempre
atrasadas, a última conversa sobre a lua de mel... aquilo a deixou sem fôlego e
em segundos, Kate surtou.
- Para Lanie,
para! Eu não posso... não consigo fazer tudo isso. Tem o trabalho, Alexis, a
lua de mel não posso decepcionar Castle, ele quer tanto ir a Bora-Bora, eu
também quero. E a pressão do FBI eu simplesmente não posso! Esse casamento tem
que ser adiado! Precisa ser adiado! Eu não consigo eu não... – as lágrimas
começavam a rolar pelo rosto – sei que você espera mais de mim, mas eu não sei
ser essa noiva desencanada que pode resolver tudo. Não é minha vida eu não...
- Shhhh
Kate... respire. Olhe para mim! Kate! – ela via a amiga passar as mãos pelos
cabelos denunciando o nervosismo característico, ela estava muito tensa – Kate,
olhe para a tela – ela obedeceu – agora respire calmamente. Foque no meu olhar.
Respire longamente, inspire o ar, feche os olhos e expire novamente – Lanie a
via fazendo o que mandava – isso, mais uma vez. Inspire e expire. Pronto. Agora
abra os olhos. Sente-se melhor?
- Um pouco, desculpe.
- Não precisa
pedir desculpas. Você não está sob tensão. Não em relação ao seu casamento pelo
menos, desculpe se eu pareci um pouco exigente e elétrica demais. Esse é o seu
casamento, Kate e tudo será resolvido a seu tempo, querida. Se tivermos que
adiar a data, faremos. É você quem decide. Não quero pressiona-la. Tudo bem?
- Acho que
sim, mas é tudo tão intenso, tão excitante e agoniante, você me entende? São
detalhes a acertar, tem a distância que não ajuda, o trabalho não ajuda. Nem
sei mais o que é prioridade.
- Você é a
prioridade sempre e não falo apenas por mim. Se você pedir o que quiser, sei
que Castle irá te apoiar. Se está com problemas no trabalho, converse conosco.
Você pode ser uma agente excelente mas você não é uma super mulher, Kate.
Desacelere. Comece me explicando o que é isso no seu queixo. Depois você fala
qual o problema da lua de mel.
E Kate contou
sobre a perseguição, a advertência talvez aí estivesse o motivo de seu stress e
de sua crise de pânico. Falou da possibilidade de não poder curtir sua lua de
mel e o quanto isso a preocupava e a chateava. Lanie ouviu tudo e se colocou no
lugar dela. Não era fácil enfrentar tudo isso ainda mais sozinha. Fez o que
estava ao seu alcance para a amiga.
- Olha eu não
posso resolver muita coisa sobre o FBI, mas o que eu puder adiantar apenas para
ter seu ok do casamento eu farei. Quando você puder vir a New York, fechamos o
que pudermos. Mas você precisa conversar com Castle sobre a lua de mel e também
sobre a pressão do FBI. Ele será seu companheiro de vida, é a ele que você deve
recorrer. Como você acha que ele vai reagir ao saber que você anda se
machucando em campo ou não poderá viajar com ele? Converse com seu noivo. Tenho
certeza que ele terá alguma ideia para reverter a situação ou mesmo aceitará se
você quiser adiar o casamento. Afinal, de que adianta uma festa sem noiva? –
viu que a amiga sorria. Finalmente, pensou.
- Eu sei que
devo conversar com ele, farei isso. Espero ir a New York esse fim de semana, se
der tudo certo.
- Vai dar,
você conseguirá.
Elas ficaram
conversando sobre alguns assuntos do casamento agora que Kate estava mais
calma. Meia hora depois, elas desligaram. Kate estava louca de dor de cabeça,
resultado da briga de hoje e do soco que levara. Após um banho tomou um
analgésico e caiu na cama. Dormiu quase instantaneamente e sequer ouviu seu
celular tocando. Nem a mensagem na caixa postal que Castle deixara em seguida.
O que
acontecera era que após desligar a ligação em skype com Kate, Lanie se sentiu
na obrigação de ligar para Castle e relatar o que se passara durante sua
conversa com a noiva dele. Lanie se mostrou bastante preocupada com a amiga.
Disse que estava nervosa e estressada. Ela pediu que ele não comentasse nada
com Kate mas que quando ela o procurasse, ouvisse seus pedidos e tentasse
compreender o que ela estava sentindo. Nervosismo antes do casamento era algo
perfeitamente normal para a noiva, ter dúvidas também mas quando se tem problemas
no trabalho que afetam sua vida pessoal, sendo esse trabalho algo pesado como o
FBI, a crise de nervosismo podia ser ainda maior. Não comentou nada sobre os
problemas, apenas sobre como a amiga estava. Castle agradeceu e ficou
imaginando o quanto tudo isso era complicado. Era um momento de alegria e não
precisava ser um fardo pesado para ela. Estava na hora de mima-la mais um
pouco. Infelizmente não conseguiu falar com ela. Como uma espécie de dívida,
ele se dedicou novamente a decifrar o código.
Na manhã
seguinte, Kate acordou um pouco melhor da dor de cabeça mas seu corpo pediu por
café. Levantou-se e rapidamente se arrumou para o trabalho. Hoje ela tinha
objetivos: arrancar os resultados daquela transferência do técnico de
informática e marcar sua passagem para sexta à noite. Com caso ou sem caso, ela
iria para New York vê-lo.
Chegando ao
FBI após o seu segundo copo de café, Beckett foi direto para a sala do técnico.
Duas batidas na porta e abriu sem maiores cerimônias. Ele estava debruçado
sobre o teclado e no telão pode ver vários números em loop indicando uma busca
por algo específico.
- Olá Tim!
Imagino que saiba porque estou aqui. Seu prazo estourou a três dias. Então,
onde está minha pesquisa?
- Agente
Beckett, que bom vê-la! Soube que me procurou ontem. Tive que sair cedo, tinha
uma consulta médica. Aqui – ele puxou uma cadeira a seu lado indicando para
Beckett sentar, entregou a ela uma pasta – deixa eu te mostrar o que encontrei.
Esse é o numero da conta que você me passou. Na primeira busca, a conta
fantasma. Como eu sei disso? Por esses dois dígitos aqui. Todas as contas de
bancos americanos tem uma peculiaridade, aceitam números até oito dígitos e o
banco disponibiliza uma combinação de três letras ou caracteres que confirmam a
legitimidade da conta, essa é uma forma de segurança. Quando a conta é fantasma
apresenta quatro letras. Porém, isso não quer dizer que seja falsa. Na segunda
análise, encontrei a origem do deposito. Uma conta no exterior, vinda de
Shenzen.
- China...
isso está ficando interessante. Continue.
- Fica ainda
melhor, agente Beckett. A transferência da conta da vítima foi feita para uma
conta em um paraíso fiscal. Ilhas Cayman. O mais interessante é o IP que fez
essa transação. Procurando sua fonte, eu me deparei com um código de proteção
de rede. Tive que perder uns três dias para decifrar a tal senha. Somente
depois disso eu entrei no sistema.
- E de onde
era o IP? – perguntou Beckett.
- Eu chequei e
rechequei para ter certeza que não me equivocara mas o IP em questão vem de um
lugar inesperado. Esse IP é do Capitólio, agente Beckett.
A revelação a
fez arregalar os olhos.
- Você tem
certeza disso, Tim?
- Sim, agente.
Veja por si mesma. Também demorei a acreditar, mas está tudo aí. Já salvei a
pesquisa em um SD card para você – ele abriu a gaveta e tirou o microcard de lá
– aqui. Sabe, o que quer que esteja investigando agente, é grande. Eu teria
cuidado ao remexer nisso tudo.
- Tem razão,
Tim. E algo me diz que vou precisar dos seus serviços novamente. Tomarei
cuidado, obrigada.
- Sem
problemas, Beckett.
Ao sair da
sala de informática, Beckett tinha um novo brilho no olhar. Em suas mãos tinham
a pista que precisava para provar que não estivera errada sobre esse caso. Ele
era grande. Sentou em sua mesa e após avaliar pela terceira vez os números que
recebera de Tim, ela teve um insight. E se as demais vítimas também receberam
dinheiro? Ela puxou o arquivo dos outros e suas finanças. Depois de exame
rápido, ela contatou depósitos com a mesma característica do anterior porém em
quantias menores e números de contas diferentes. Uma esperança ainda maior que
a de antes tomou conta dela, se aquelas retiradas viessem do mesmo lugar,
significaria que alguém do alto escalão tinha envolvimento direto com a máfia
chinesa e o contrabando era uma forma de trazer drogas e encher os bolsos de
alguns milionários do país.
Ela pegou as
informações que precisava e já ia voltar à sala de Tim para pedir uma nova
pesquisa quando seu celular tocou. Castle.
- Hey...
- Finalmente!
Poxa Kate pensei o pior depois de ligar três vezes para você, deixar mensagem e
não receber nenhum retorno. Pelo menos agora sei que está viva.
- Você me
ligou? Eu não vi – ela foi checar as ligações e viu que o que Castle dizia
procedia – desculpe, você tem razão. Acho que o remédio me derrubou.
- Remédio?
Você está doente, Kate? Se machucou? – a voz denotava preocupação.
- Não, foi uma
dor de cabeça forte. Está tudo bem. Desculpe por preocupa-lo. Estava tão
absorta no trabalho que mesmo o celular ficou em segundo plano. Finalmente acho
que encontrei minha baleia branca, Castle.
- Ok, Ahab. Encontrar
uma baleia branca não é para todos. O caso da máfia?
- Sim, vou
confirmar apenas mais uma informação e terei por onde investigar e provar que
esse caso é muito importante. Mas, porque você me ligou ontem? Aconteceu alguma
coisa?
- Não, um
noivo não pode sentir saudades da noiva? – ela sorriu ao telefone, aqueles
risinhos característicos de felicidade que funcionavam como uma massagem ao ego
de qualquer pessoa – queria saber como você está.
- Estou bem –
a resposta padrão de sempre, ele pensou – e tenho uma novidade para você,
Castle. Trate de arrumar a casa e o seu quarto. Chego em New York na sexta à
noite. Nada de lençóis sujos e certifique-se que a casa será nossa.
- Ah, isso sim
é uma ótima noticia que pode se tornar algo excelente até a noite...
- Mesmo?
Porque? – ela perguntou.
- Não seja tão
curiosa, Kate... é muito feio. Se tudo der certo, te conto à noite.
- Odeio quando
você faz isso!
- Odeia nada!
Se cuida e por favor quando te ligar à noite, atende!
- Prometo. Um
beijo, te amo.
- Também te
amo.
Com a sua
energia revigorada após a descoberta e o telefonema de Castle, Beckett procurou
Tim e explicou o que encontrara. Pediu novamente a investigação dessas novas
retiradas para saber se vieram da mesma fonte. Como já havia feito uma vez, Tim
disse a ela que talvez até o fim da semana teria alguma coisa, no máximo inicio
da semana seguinte. Beckett concordou especialmente porque não pretendia
trabalhar no fim de semana. Era hora de cuidar de sua vida pessoal.
A sua viagem a
New York tinha alguns propósitos. O primeiro, claro, ficar com Castle e matar
as saudades. Também resolveria o que pudesse do casamento e discutiria com
Castle a possibilidade de adiarem a data. Depois, ela gostaria de ter a
conversa com Alexis e esperava que ela estivesse na cidade esse período. E por
último, ela contaria o que seu chefe falou sobre a folga da lua de mel. Sinceramente,
Kate esperava que ao fim de tudo isso ainda pudesse curtir o tempo ao lado de
Castle e que não tivessem nenhum momento estranho ou complicado entre eles. O
que mais lhe preocupava era Alexis. A conversa com ela seria a mais difícil.
Depois de
comer algo, ela pegou o ipad e chamou Castle pelo skype. Além de querer se
redimir pela noite anterior, ela estava curiosa por aquilo que ele falara mais
cedo. Ao terceiro sinal, ele aceitou a chamada. Kate viu que ele tinha uma
caneca de café nas mãos e umas tiras de bacon ao lado num prato.
- Hey...
jantando essa porcaria, Castle? Era melhor um daqueles sanduiches naturais de
Py – ela implicou.
- Você está
com vontade de comer esse bacon, isso sim. Olá, fiancé. Como foi o seu dia?
- Bem
proveitoso. O seu?
- Excelente.
Depois que você me deu a notícia de que vinha passar o final de semana comigo,
o universo conspirou a meu favor e acabei conseguindo encontrar a parte que
faltava para desvendar o mistério. Então, meu dia como disse foi quase
perfeito. Faltou você ao meu lado para comemorar.
- Castle, será
que pode deixar de mistério e contar logo o que aconteceu? Desde de manhã você
está falando de forma enigmática.
- Desvendei
seu código, Kate. Sou ou não sou o melhor parceiro que você poderia ter? Ahab,
sua baleia branca acaba de ficar mais próxima a você.
- Sério? Você
conseguiu? Pode me mostrar?
- Claro mas
será melhor para você ver in loco, aqui em New York comigo mas posso explicar o
raciocínio por trás. Vou mostrar a minha tela – ele virou a tela do notebook
para onde estava a TV, Kate ficou impressionada com a quantidade de informação
que havia na tela, ele realmente se dedicara a desvendar o mistério – começando
pela similaridade que existe entre os códigos encontrados com as vítimas. Vê a
sequencia de letras e números? No início pensei que fosse algo relacionado a
placas de carro, números de cofres mas não havia coerência. De repente, após
escrever um capítulo do meu livro, lembrei de algo que havia escrito em uma das
minhas histórias de Derrick Storm. Certa vez, criei um código que representava
localização. Era um emaranhado de letras e números significavam...
- Latitude e longitude. Gathering Storm. Lembro
disso. Você está me dizendo que os códigos marcam lugares? Você identificou os
lugares?
- Por acaso
sim. Tenho duas localizações. Uma no porto de Washington, uma no de New York e
a terceira é a mais estranha. Fica na vizinhança de “Bethesda” no meio do nada.
- Seriam
galpões?
- Só saberemos
investigando, Kate.
- Pode mandar
esses dados para mim?
- Com uma
condição. Se enviar para você, terá que me esperar para visitar esses lugares
em DC e podemos ver juntos o daqui quando você chegar. Não quero você sozinha
nisso e além disso tenho um pouco de crédito nessa descoberta portanto quero
estar presente. Falando em crédito, você está em débito comigo agora. Lembra do
que me prometeu? Da recompensa? Vou cobrar quando você chegar aqui.
- Castle, eu
não posso andar com você nas investigações de Washington. Você é um civil.
- Deixe-me
lembrar que você não tem um caso oficial apesar de ter sido reaberto, o FBI não
tem qualquer interesse nesse caso. Seria uma investigação própria nossa. Então,
não me venha com desculpas. Especialmente no que se refere à última parte.
- Isso eu
posso fazer. Mas o resto...
- Kate, por
favor.
- Tudo bem,
mas você vai obedecer tudo o que eu dizer durante essa investigação. Ou faz
isso ou nada feito.
- Ok, temos um
acordo. Quando você chega?
- Sexta por
volta das sete da noite.
- Ótimo!
Teremos a noite para nós antes da nossa casa ser invadida por Alexis e o
namorado com suas ervas e afins.
- Não fale
assim, Castle. Lembre-se da nossa conversa. Me envia o material hoje à noite
ainda?
- Tudo bem.
Envio mas não vá perder sua noite de sono com isso, gorgeous. Ah, ia me
esquecendo. Você comentou que encontrou a sua baleia branca? O que foi?
- Quando tiver
mais informações eu te conto. Provavelmente quando estiver por aí.
- Ok, boa
noite Kate.
- Boa noite,
Castle. Sonhe comigo – e beijou a tela do ipad.
Ela cumpriu o
que Castle lhe pediu. Após receber as informações dele, ela passou a vista
rapidamente mas decidiu verificar detalhes apenas amanhã. Foi exatamente o que
fez usando as localizações de latitude e longitude para checar através de um
programa do FBI o que havia nesses lugares. O primeiro código, levava para um
galpão enfileirado no porto de DC. O segundo também apontava para um armazém
com vários galpões no porto à beira do Hudson. Tudo indicava a ela que esses
galpões seriam excelentes lugares para desovar ou esconder mercadorias ilegais.
Porém, ao colocar a próxima coordenada, Kate viu o algo estranho surgir na
tela. Era também um galpão mas no meio do nada e aparentemente a única forma de
chegar ali era por uma estrada de terra. Porque apenas esse galpão estava
perdido no meio do nada? Ao checar o código, ela começou a ver outra ligação. O
terceiro código era justamente o encontrado com a vítima que teve USD 1 milhão
depositados na conta. Tinha que ter ligação com o que estava dentro do galpão. Ela
precisava visitar esses lugares.
Quando
pretendia verificar mais algum detalhe do caso, foi chamada pelo seu superior
para uma reunião, tinham um novo caso. Nos dias que se seguiram, Beckett ficou presa
dando suporte a outro caso e impedida de continuar sua própria investigação.
Apenas por volta das quatro na sexta, Beckett finalmente saiu da sala de
reunião onde traçavam a estratégia dos casos e foi direto falar com Tim. Ela
precisava saber se ele tinha as informações sobre as outras contas.
Felizmente,
Tim trabalhara mais ágil dessa vez. Rapidamente, ele explicou o que encontrara
quando vasculhou os números que Beckett entregara a ele. Novamente, os
depósitos vieram da China, mesma cidade de antes. Shenzen. E para a informação
ficar ainda melhor, ele confirmou a origem do saque direto para as ilhas Cayman.
- Agente
Beckett, a única diferença que encontrei foi na conta de destino. O número é
diferente daquela que recebeu o primeiro valor.
- E quanto ao
IP?
- Apesar de possuir
um número diferente, o IP está ligado ao mesmo local de antes. O capitólio. Não
sei o que você está investigando Beckett mas a coisa é grande mesmo. Aqui estão
os arquivos – entregou novo SD card para ela – tome cuidado.
- Obrigada,
Tim. Se encontrar o que estou procurando e prender os responsáveis farei
questão de lembra-lo como peça fundamental da investigação.
- Boa sorte,
agente Beckett.
De posse dos
dois SD Cards, de seu tablet e da pasta do caso ela vestiu o casaco, pegou a
bolsa e deixou o trabalho. Passou em casa para pegar a pequena mala e rumou
para o aeroporto. Não via a hora de encontrar Castle, matar as saudades dele e
investigar com ele mais um caso intrigante. Com tudo isso na cabeça, ela não
esquecera a segunda coisa mais importante dessa viagem. Alexis. Antes de
embarcar, enviou um what’s app para ele avisando que já estava no aeroporto.
Disse a ele que não precisava busca-la pois iria direto para o loft.
O voo para New
York foi bem rápido, não que isso já não fosse certo mas Kate sentiu que o
tempo foi melhor com ela dessa vez. Pegou um taxi e em quinze minutos estava na
porta do loft dele. Tocou a campainha. Ao abrir a porta, Castle se surpreendeu
ao vê-la com os cabelos soltos, scarpan e as mãos indo diretamente para o
cordão do casaco. Ela o puxou e abriu o sobretudo revelando que não usava uma
única peça debaixo dele.
- Feliz
aniversário adiantado Castle.
- Wow...
bem-vinda Kate... seja muito bem-vinda. E puxou em sua direção abraçando-a e
beijando-lhe os lábios. Sem perder tempo, ele a levou para o quarto deixando
todas as coisas dela pela sala. Fizeram amor e mataram a saudade. O aniversario
dele era somente dali a quatro dias mas ele adorara a surpresa.
Deitados na
cama, ela se encontrava com os olhos fechados, a cabeça sobre o peito dele.
Sentia os dedos dele nos seus cabelos. Gostava demais de sentir seus carinhos.
No fundo sentia muita falta de ficar assim sem nada para fazer, apenas
aconchegada ao corpo dele, sentindo o contato da pele.
- Cas...
- Hum...
- Se precisássemos
mudar a data do casamento, você ficaria chateado? – ele ficou surpreso com a
pergunta, mesmo Lanie tendo alertado sobre a possibilidade, ouvi-la dizer era
estranho.
- Porque está
falando isso agora?
- Porque
existe uma chance de eu não poder me ausentar para nossa lua de mel – ela falou
visivelmente chateada olhando para ele – desculpe, Castle. Eu fui falar com meu
superior e ele não me deu certeza se eu poderia me ausentar por duas semanas.
Isso me abalou. Eu quero muito a nossa lua de mel. Quero um tempo só com você.
- Kate, não
precisamos adiar o casamento porque não poderemos viajar logo em seguida para
nossa lua de mel, a menos que seu motivo seja outro, podemos casar e depois
fazemos nossa viagem. O que você decidir estará bom para mim, desde que não
desista de casar – ela sorriu.
- Essa
possibilidade nem passou pela minha cabeça. Isso me deixou tão preocupada, não
sabia como te contar e muito menos como você iria reagir. Casamos em maio então
e viajamos depois. Posso lidar com isso, tenho o noivo mais compreensivo do
mundo mas vou logo avisando que não abrirei mão de Bora-Bora, entendido?
- Claro como
cristal.
Na manhã
seguinte, ela se levantou antes de Castle. Vestiu um roupão dele e foi até a
cozinha. Ficou surpresa de encontrar Py lá. Sinal de que Alexis já estava em
casa. Sentada em um dos bancos estava Martha e Alexis, somente depois ela
reparou, estava no sofá.
- Bom
dia.
- Olá
Katherine! – disse Martha e Py rapidamente ajeitou a postura e bateu
continência para ela.
- Bom dia,
Agente Beckett.
- Bom dia e
Py, não precisa bater continência para mim, sou uma agente do FBI não alguém do
exército.
- Tudo bem mas
não deixa de ser autoridade. Está com fome? Que tal um dos especiais do Py?
Esse aqui tem couve, abacaxi, laranja, goiaba e um toque de hortelã. Um dos
preferidos da Grams. Vai por mim, rejuvenesce e mantém a pele ainda mais limpa
e macia, não que a sua precise. Já é maravilhosa mas sempre é bom mantê-la não?
- É uma
mistura interessante, acho que vou provar.
- É assim que
se fala – Py estendeu o copo para ela e Kate virou para tomar o primeiro gole,
surpreendentemente era bom.
- Olha, está
gostoso. A mistura funcionou.
- Que tal umas
fatias de pão de soja com sementes de girassol para acompanhar?
- Ótimo – com
o canto do olho, Kate já tinha percebido que Alexis prestava atenção na sua
conversa com o seu namorado. Como Py era simpático, Kate continuou conversando
com ele para ver até onde a menina ficaria distante. O anonimato não durou nem
dez minutos. Logo ela apareceu ao lado de Kate que fingindo não saber que ela
estava a observando a algum tempo, a cumprimentou.
- Bom dia,
Alexis. Como foi sua noite? Dormiu bem?
- Não dormimos
aqui, chegamos cedo pela manhã. Ao contrario de você não?
- Ah,
madrugadores. Cheguei ontem à noite. Quer um pouco do suco que Py preparou?
Está delicioso. Seu namorado leva jeito para cozinha, o que aqui entre nós acho
excelente. Se tivesse que cozinhar todos os dias ia ser um problema sério com a
minha rotina. Acho que o mesmo deve acontecer com você quando se tornar uma
médica atarefada.
- Cadê meu
pai?
- Dormindo –
Kate viu Py entregar o copo a ela e lhe dar um beijo carinhoso, sorriu. Isso
era bom para Alexis. Enquanto a menina se perdia tomando seu café da manhã,
Kate conversava animadamente com Py sobre cidades e costumes culturais.
Percebeu que o interesse mudara, Alexis prestara muita atenção no jeito como
Kate interagia com Py, ela parecia gostar dele e conversava sobre os mais
diversos assuntos, agora falara da Europa. Nesse instante, Castle apareceu.
- Bom dia. Oi,
filha! Chegou cedo? – ele deu um beijo na bochecha da menina – Py, já
preparando o café?
- Está quase
pronto,Sr. C. Eu me distrai conversando com a agente Beckett – Castle olha pra
ela intrigado e também lhe dá um beijo na bochecha.
- Py, pode me
chamar de Kate, nada de formalidades.
- Mas achei
que por respeito devia acha-la assim porque Alexis...
- Nada disso,
é apenas Kate. Castle, depois do café precisamos resolver aquele assunto com
Lanie, você não esqueceu certo?
- Não. Vamos
resolver isso de uma vez.
- Ótimo, sabe
o que estava pensando? Hoje à noite podemos jantar todos juntos. Nada de
cozinhar, podemos pedir do Le Cirque. O que acha Castle?
- Excelente
ideia, Katherine. Pode deixar que eu cuido disso.
- Certo,
Martha. Agora vou me vestir. Obrigada pelo café e pela conversa, Py.
- Beleza! –
ele esperou Kate desaparecer para completar – ela é muito inteligente e
simpática, não é à toa que virou agente do FBI. Gosto dela, Mr.C acertou em
cheio – ele percebeu o olhar de Alexis para si – o que foi ruivinha? Você gosta
dela que eu sei, só está fazendo esse joguinho bobo para chamar a atenção. E
nem precisa. Seu pai é louco por você.
- Por que você
fala isso?
- Porque vi a
forma como olhou para ela. Não tem porque ser ríspida com ela, ruivinha. Ela
gosta de você.
Kate surgiu na
sala já pronta e Castle veio logo atrás. Kate se despediu de todos e se
aproximou de Alexis.
- Hoje à noite
quero falar sobre um assunto com você. Acho que temos muito a conversar –
Alexis olhou fixamente para Kate.
- Conversar
comigo?
- Sim, e
acredito que você imagine qual será o assunto.
Ela se afastou
deixando Alexis um pouco intrigada. É claro que Kate deveria querer falar do
casamento, de seu pai mas porque isso agora? Será que seu pai falara algo?
Pedira para Kate conversar com ela? Não estava gostando disso e se essa era a
oportunidade de dizer o que sentia, que seja. Essa conversa não seria fácil.
Kate sabia que
deixaria Alexis pensativa mas nem por um segundo ela pensou em ter essa
conversa ali no loft. Não com todos as escutando ou especulando. Não, Kate
tinha outros planos.
Continua...
2 comentários:
Adorei o capítulo. E não é que estou começando a gostar de Py.kkkkk
Kate sendo vigiada esta começando a me deixar nervosa,Castle um fofo quero ele pra mim serio.E o Py tratando KBex bem tem meu tem meu respeito Lanie uma super amiga e a Alexis merece uns tapas,pena que Kate tem classe por que se fosse eu....Já teria colocado essa peste no lugar dela...
Esperando o proximo cap.
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