Nota da Autora: Ok, vocês devem estar se perguntando quando esse sofrimento acaba? Não nesse capítulo LOL nem no próximo, porém mais longe já esteve. O angst continua não tão forte quanto antes, está presente psicologicamente através da confusão da mente de Beckett.... Vcs conhecem bem a expressão "morde e assopra"? É isso que está acontecendo. Castle sabe bem como usar as situações para mexer com a nossa detetive. Antes que me perguntem, não é o capítulo de Nikki Heat, esse é um livre, sem episódio. E nossa terapeuta está de volta! Espero que gostem! Enjoy!
Cap.20
Na manhã
seguinte, Beckett chegara ao distrito com um copo de café já pela metade.
Dormira mal e precisava da bebida para se manter alerta e enfrentar o dia. O
pensamento de que Castle passara a noite se divertindo em companhia da amiga de
longa data ainda a irritava, especialmente depois dos avanços que julgara ter
conseguido no último caso. Terminou a bebida e dedicou-se a pesquisar algo no
computador para ajudar Esposito na sua investigação já que o transformara em
líder do assassinato de ontem à noite. Encontrou uma ligação interessante entre
a vítima e um banqueiro checando suas finanças. Imprimiu a informação e
caminhou até a mesa dele.
- Achei uma
pista interessante nas finanças. Aqui, dê uma olhada – entregou o papel nas
mãos dele e vendo Ryan se aproximar com duas canecas de café, obviamente uma
dele e a outra para o parceiro. Beckett pegou uma delas, tomou o primeiro gole
e aproveitou para pegar a edição do Post que estava sobre a mesa de Ryan,
seguindo para a sua estação. Ao vê-la virar as costas, Ryan arregalou os olhos
quase assombrado.
- Espo, o
jornal. Ele... a reportagem de Castle...
- E daí? O que
tem isso?
- Ela vai ler!
- Deixa, eu
que não vou lá tirar o jornal das mãos dela. E aconselho você a sentar na
cadeira e trabalhar. Não se meta.
Beckett sentou
na sua cadeira saboreando o café expresso. Ryan sabia fazer essa bebida. Não
tão bem quanto Castle, mas... consultou o relógio. Dez da manhã e nada dele. O
encontro. Será que... ah, não. Melhor não pensar no que pode ter acontecido
ontem à noite. Uma amiga famosa, saudosa por não ver o escritor bonitão,
algumas viagens memoráveis ao túnel do tempo e bam! Poderia dar em cima dele
tranquilamente. Castle podia dormir com ela, não tem compromisso com ninguém e
ela não devia estar pensando sobre isso. Da última vez que o acusara disso, as
coisas não acabaram bem.
E quem disse
que ela interessava a Castle? Não é porque trabalhava com moda que deveria ser obrigatoriamente
uma beldade. Faziam faculdades juntos, até onde ela podia imaginar, seria uma
senhora, talvez mais velha que Gina. Quase se convencendo que uma noite de sexo
entre os amigos era remota, Beckett folheava o jornal. Então, deparou-se com a
coluna do Page 6, uma foto colorida de Castle sorridente e uma mulher à mesa de
um restaurante chique com o titulo “Novo amor para o escritor?”. Boquiaberta,
ela voltou suas atenções para a imagem a sua frente. Ele estava lindo, usando
uma camisa vermelha. Todos os medos de Beckett retornaram ao ver quem era a tal
Ellen. Nada de senhora. A mulher era deslumbrante. O rosto anguloso, os olhos
extremamente verdes e maquiados, a pele branca e os cabelos curtos e repicados
lembravam muito o seu estilo quando Castle começou a trabalhar com ela. O
vestido, um lindo dourado com decote proeminente. Nossa! Ele poderia dormir com
ela.
Beckett sentiu
o estomago revirar. Era muito bonita. Na verdade, lembrava muito a si mesma.
Ansiosa, ela voltou os olhos para a reportagem.
“Um dos
solteirões mais cobiçados de Manhattan parece estar fora do mercado. Após
cogitarmos que o mestre do macabro, Rick Castle estaria envolvido com a
detetive da NYPD e sua musa para os livros da série Heat, Kate Beckett, acabamos
por flagrar o milionário em companhia da editora-chefe da Vogue Itália, a
talentosa Ellen Robbins. Os dois pareciam bem alegres e íntimos durante o
jantar. Será que o escritor está pensando em passar uma temporada na Europa?
Talvez escrever mistérios nos canais de Veneza? Teremos que esperar os próximos
capítulos. ”
Instintivamente,
Beckett amassou o jornal. Será que ela podia acreditar nesse jornal ou seriam
apenas rumores? Ele parecia bem feliz na companhia dela. E pensar que podia ser
Kate no lugar daquela mulher. Castle já devia estar no distrito a essa hora. A
menos que o pior pesadelo dela tivesse se transformado em realidade. Que droga!
Ciúme é algo tão deprimente, tão ruim. Aumenta a insegurança, o nervosismo.
Será que foi assim que Castle se sentiu ao pensar no encontro dela com Josh?
Essa dor, a frustração, o aperto no peito...Deus! Que sensação horrível.
Castle caminhava
pelas ruas de Nova York com um sorriso no rosto. Atrasara sua ida ao distrito
naquela manhã propositalmente. Após o jantar com Ellen, queria deixar uma pulga
atrás daquela bela orelha da detetive. A foto no Page 6 serviria apenas para
complementar a dúvida e ainda havia a cereja do bolo que seria proporcionada
por ele assim que chegasse ao distrito. Estava curioso para ver a reação de
Beckett a tudo isso.
Não estava
sendo insensível ou mal. Tudo era parte de sua estratégia se não conseguisse
ver nem que fosse um pouco de frustração ou irritabilidade no semblante de Kate
saberia que estava agindo errado com ela e com essa relação. Esperava que sua empreitada desse certo.
Ellen
continuava deslumbrante e louca como sempre. Fisicamente, lembrava bastante
Kate quando a conheceu, bem diferente da imagem que ele recordava dela. Ao
contrário do que as pessoas e a coluna do Post podiam pensar, eles já viraram
aquela página há muitos anos atrás. Ellen sempre fora bem independente, não
gostava de relacionamentos somente pequenos períodos de sexo e diversão como
costumava dizer. Agora mesmo estava envolvida com um tal de Mattheo, um modelo
italiano que trabalhava para Giorgio Armani. Mas isso não precisava ser
revelado a Kate, deixaria que a detetive criasse sua própria teoria.
Assim que
entrou no salão, notou que ela não estava em sua mesa. Viu o carro dela
estacionado lá embaixo, portanto só poderia estar na minicopa. Ela estava com
uma caneca na mão, vazia. Parecia estar ponderando se tomava o xixi de macaco
ou arriscava se machucar na máquina por um bom expresso. O semblante era de
poucos amigos, um sinal de que vira o jornal?
Se pretendia
instiga-la com o jantar da noite anterior, talvez fosse a hora de voltar aos
velhos hábitos, servi-lhe um café e observar qual seria a reação dela a tudo
isso. Sorrindo, ele a cumprimentou.
- Bom dia,
Beckett. Decidindo entre arriscar seu estomago com uma gastrite ou a mão com
uma possível nova queimadura?
- Está de bom
humor hoje, Castle. Viu passarinho verde? – entortava o canto da boca - Está
atrasado, perdeu a hora discutindo sobre a moda em Roma e Milão?
- Ah, você
está se referindo ao jantar com a Ellen. Foi maravilhoso, devo acrescentar.
Continua a mesma de sempre. Divertida, louca e sexy.
- Posso
imaginar... suas qualidades preferidas para uma noite, não? Tinha esquecido o
quanto você aprecia os loucos por causa do sexo, vide Meredith, gatinho... – opa!
Isso era uma excelente demonstração do ciúme que causara nela, estava no
caminho certo. Ao vê-la decidir-se ainda irritada pela máquina, Castle decidiu
interceder para evitar que ela se machucasse novamente, principalmente porque a
raiva está à flor da pele.
- Espera!
Deixa que eu faço isso. Não quero ver outra queimadura em seu braço. Aliás, é
um bom momento para você aprender a usar a máquina. Não pode depender dos
outros sempre que quiser tomar um café – ele tirou a xícara das mãos dela,
aproximando-se da máquina. Beckett ficou surpresa com o gesto, ele não servia
café para ela desde que brigaram. O que mudara? O encontro com a tal editora
foi tão bom assim que amansou seu coração?
- Ellen é uma
mulher surpreendente e inteligente. Você iria gostar dela. Além de comandar o
QG da Vogue em Roma, ela está a frente de uma grande editora italiana que
também é dona da maior rede de livrarias da Itália. Ela me fez uma proposta
interessante – ao ver que Beckett erguera a sobrancelha, sabia que tinha
conseguido sua atenção. Hora de mudar de assunto – Vamos a sua primeira lição.
Para fazer um bom café, a primeira coisa que você deve fazer é certificar-se
que todos os recipientes de grãos e água estão no limite adequado para preparar
a bebida. Veja aqui.
Enquanto
Castle explicava para Beckett como lidar com o equipamento, ela não podia
deixar de pensar na tal proposta mencionada pela editora. Será que poderia
abandonar sua parceria por um novo projeto? Apenas por supor aquilo, sentiu o
coração apertar. Ele continuava explicando o passo a passo para fazer o café. Castle
notou o jeito pensativo que a detetive exibia diante dele, estava matutando
sobre a notícia certamente. Assim decidiu por chamar a atenção dela.
- Hey, terra
para Beckett... você está prestando atenção? – a voz dele saiu suave, de uma
forma que ela não ouvia a muito tempo. Você está bem? Olha, se não quiser
aprender... eu apenas faço o café.
- Não,
desculpe. Prometo aprender direito. Continue - Recriminou-se por não prestar
atenção e decidiu focar em Castle.
- Tudo bem, então
como próximo passo, é preciso... – Castle continuou sua lição, dessa vez Kate acabou
por concentrar-se nas palavras e gestos de Castle - Agora é só escolher a
intensidade do grão e apertar esse botão. Voilá! Café expresso fresquinho e sem
qualquer perigo – ele estendeu a xícara na direção dela preparando uma segunda
dose para si – experimente se ficou no ponto – Beckett sentou-se numa das
mesinhas disponíveis e sorveu o café. Incrível, ninguém preparava a bebida como
ele.
- Perfeito.
- Ótimo. Mais
importante, você entendeu como preparar?
- Acho que
sim.
- Você vai
fazer nossa segunda xícara então. Quero ver se vai conseguir se virar sozinha –
chega de gentileza, hora de voltar ao teste - Como eu ia falando, Ellen fechou
um contrato com a Black Pawn para traduzir meus livros da série Heat. Não sabia
disso. Eles pretendem fazer uma grande festa de lançamento e gostariam da minha
presença não apenas na noite em questão, mas durante toda a preparação para o
evento, além de incluir entrevistas para as televisões e para a Vogue, claro.
Passar uns três meses na Itália não seria algo ruim, respirar novos ares,
conviver com pessoas diferentes...
- Por que
teria que participar da preparação? Quer dizer, não é como se você adorasse
trabalhar organizando e fazendo funções burocráticas e chatas que você detesta.
Devia ir apenas para a noite de autógrafos.
- Na verdade,
Ellen me convidou para passar um tempo em sua casa de praia na costa amalfitana,
acompanhar a organização do evento seria apenas algo a mais, por diversão
mesmo.
- Ah – ele
notou claramente a decepção no rosto dela - então você está pensando em ir?
Para a Itália?
- Sim, é uma
boa possibilidade. Primeiro tenho que terminar meu terceiro livro e conversar
com Gina.
- Entendo.
Você é primeiro um escritor, certo? – o rosto dela revelava a desolação. Castle
podia deixa-la. E se ao contrário dos Hamptons ele decidisse que não deveria
mais voltar? Ela queria saber se ele tivera algo mais com a tal Ellen – sua
foto ficou bem no jornal.
- Ah! Você
está falando da Page 6. Desculpe, por colocarem seu nome naquele artigo,
insinuando que era minha namorada. Sei o quanto você odeia esse tipo de
exposição. Acho que para várias pessoas éramos vistos assim. Não estavam
errados em deduzir isso, quer dizer pelo tempo que passamos juntos e outras
coisas...
- Pode ser. Não
é sua culpa. Agora já arranjaram outra para se ocuparem.
- É o trabalho
deles, procurar fofocas, unir casais. Ellen já está acostumada aos flashes e
holofotes como eu. Não liga para essas colunas. O trabalho dela não a deixa dar
um passo sem uma foto ou um vídeo. Além do mais estávamos muito entretidos
relembrando os velhos tempos e conversando sobre as novidades que não nos
preocupamos com as demais pessoas ao nosso redor – continuava instigando a
detetive, virou o resto do liquido na boca – está na hora do meu refil de café.
Vamos testar suas habilidades?
Beckett não
tinha como escapar dele. Aproximou-se da máquina e tentou seguir os passos que
antes ele a ensinara. Os primeiros saíram bem, mas quando chegou à parte do
leite vaporizado, ela se enrolou e quase se queima novamente. Ele correu em sua
defesa, segurando a xícara sobre a mão dela, Castle ficou atrás dela, o corpo
colado ao de Kate. Ela pode sentir a respiração dele em seu pescoço. Sem se
afastar, refez o passo com sua mão sobre a dela, guiando-a. Quando o café ficou
pronto, ele sorriu.
- Nada mal
para sua primeira vez, detetive – ele disse provando o café – sabe, Ellen
adorou Nikki, disse que seria uma honra conhecer você, ela acha que eu a
inventei – viu-a bufar, sim conseguira o efeito desejado - Mudando de assunto,
como está o caso de ontem? Alguma história bizarra ou um crime comum?
- Eu não fui
ao local do crime. Passei o caso para o Espo. Ele é o responsável, pergunte o
que quiser a ele.
- Você não foi
trabalhar? – essa era nova.
- Não, estava
com muita dor de cabeça. Achei melhor passar o caso adiante.
- Essa é nova.
Acredito que para tudo existe uma primeira vez, já trabalho há três anos com
você e nunca vi entregar um caso. Ser afastada, sim, mas isso?
- Não tem nada
demais. Estava cansada e com dor de cabeça – não antes de me ligar e eu recusar
sua companhia, pensou Castle. O jantar mexera mesmo com Kate. Interessante.
- Então, não
temos nada para investigar?
- A menos que
queira ajudar o Espo, não.
- Sendo assim,
acho que vou ligar para Ellen. Um almoço e depois posso encontrar Gina para
tratar de negócios – ele pegou o celular discando o número da amiga, com o rabo
de olho observava a linguagem corporal de Beckett. Estava tensa e literalmente
bufando. Ciúmes. Era bom saber que ela começava a sentir na pele o que
provocara nele algumas semanas atrás – tenha uma boa tarde, detetive e obrigada
pelo café. Espero toma-lo amanhã também.
- Se você
aparecer para trabalhar, quem sabe – ela falava como se fosse uma obrigação
dele, Castle teve que lutar para esconder o riso encaminhando-se ao elevador.
Não havia
almoço nenhum, muito menos viagem para Itália. Não tinha certeza se ela vira o
anúncio no jornal então começou a elaborar histórias para instiga-la. Ficou
satisfeito ao saber de dois fatos importantes. Beckett deixara de atender a um
chamado de homicídio por sua causa e gostou de ver que a reportagem do Page 6 e
seus comentários impactaram diretamente a detetive. A única verdade em todas
essas histórias era a tradução das obras da série Heat. Era uma vingança
benéfica que o deixava curioso para ver até onde Kate aguentaria segurar o
ataque de ciúmes que parecia fazer seu sangue fervilhar.
Beckett passou
o resto do dia estressada. Recebeu um chamado de rua e nem sequer pensou em
chamar o escritor. Tudo por conta da raiva que sentia. Deveria nem aparecer no
dia seguinte. Ela resmungava enquanto caminhava pela rua ao encontro de
Perlmutter, Lanie estava de folga.
- Que bom
vê-la sem seu encosto, detetive. Isso me deixa bem contente.
- Ótimo,
alguém tem que ficar feliz com a ausência de Castle como eu – o legista franziu
a testa estranhando o comentário. Rapidamente voltaram para a conversa
envolvendo a vítima. Após recolher todas as informações da cena incluindo a
arma do crime, Beckett pode perceber que esse era um daqueles casos simples
cheios de erros deixados por um assassino bem passional. Bastava esperar a
confirmação do laboratório, tinha certeza que teriam um nome para prender.
Como já estava
tarde, Beckett foi direto para casa. Após um banho, ela se permitiu pensar na
conversa que tivera com Castle naquela manhã. Ele estava animado, empolgado com
a tal viagem para a Itália. Se decidisse por ir, o que isso significaria para
os dois? O fim da parceria? Ele a trocara pela editora mais uma vez, agora um
almoço. É terrível provar do próprio veneno. Sabia exatamente como Castle se
sentira ao descobrir sobre seu encontro com Josh. Durante aquele dia pensou em
ligar para Dana, contar à amiga o que estava acontecendo. Quem sabe ela não
enxergava algo diferente diante de todo esse aparente desastre?
Castle fizera
café com ela, ensinara a mexer na máquina e fazer café. Pareciam estar
recuperando a única parte faltante da sua parceria. Então porque ela estava com
a sensação de despedida? Dana dissera que após reconquistar a estabilidade da
relação com o escritor, o que incluía o momento do café, ela daria inicio a uma
nova fase. Provavelmente estava falando de seus sentimentos em relação a
Castle. Mas Kate tinha a impressão que a primeira fase não estava terminada.
Hoje na minicopa passaram um tempo prazeroso juntos mesmo que o assunto da
conversa não fosse tão agradável quanto gostaria.
- Dana? É a
Kate.
- Oi, tudo bem
com você? Imagino que esteja me ligando essa hora por um bom motivo. Por acaso
tem a ver com a reportagem da Page 6?
- Você também
viu – quase um sussurro.
- Sou
assinante do Post.
- Certo, não é
somente por isso que estou ligando. Sinto que estou simplesmente fazendo tudo
errado. Quando considero ter acertado em um ponto, me deparo com um problema em
outro.
- Como vocês
estão? Castle está te tratando com indiferença?
- Não, ele
está agindo normalmente. Sorrindo, soltando algumas provocações aqui e ali,
teorizando e me matando com esse ciúme.
- Ah,
finalmente admitiu! Uma vitória.
- Dana, você
não imagina o que aconteceu nessas semanas.
- Nada por
telefone. Que tal almoçarmos juntas amanhã? Eu passo no seu distrito para pegá-la.
- Não sei se é
uma boa ideia...
- Óbvio que é.
Mesmo tendo um caso pode tirar umas duas horas de almoço para cuidar de você,
Kate. Os mortos continuarão lá. Isso não é um convite, trata-se de uma
intimação. Não quero desculpas. Te vejo amanhã, Kate.
Na manhã
seguinte, Castle chegou ao distrito por volta das oito trazendo dois copos de
café como nos velhos tempos. Decidiu fazer isso para amenizar a situação que
deixara nas mãos dela ontem. Conhecia Beckett o bastante para saber que ela
deveria estar muito irritada com tudo e depois de saber que ela até entregara um
caso nas mãos de Esposito porque ele meio que deu um fora nela, trocando-a por
Ellen, merecia um carinho a mais.
Encontrou
Beckett de pé analisando o quadro a sua frente.
- Bom dia,
detetive. O que há de tão interessante nesse quadro? – quando virou para
encara-lo, prendeu a respiração ao vê-lo carregando a bandeja de papel com dois
copos de café. Ele estendeu a bebida na direção dela que o agarrou como se
fosse a última bebida disponível na vida. Ao virar o copo nos lábios, Kate
fechou os olhos. Não era apenas a bebida gostosa que adorava, era o símbolo.
- Um caso.
Apareceu ontem na verdade. Nada de extraordinário nele.
- Espera, teve
um morto para nós ontem e você não me avisou? – ele parecia chateado.
- Achei que
estaria ocupado demais em seu almoço e sua reunião. Além disso, é um daqueles
assassinatos totalmente errado. Feito no calor da raiva, não teve nada difícil.
Estou esperando o resultado do laboratório que deve sair a qualquer instante
para trazer o culpado para interrogatório. CSU encontrou fibras e cabelos na
cena, a arma tinha digitais ou seja, sem grandes revelações, Castle.
- Mas você
deveria ter me falado. Temos um trato. Todo e qualquer crime você me avisa
sempre.
- Não é como
se você estivesse muito interessado. Não disse que não viveria somente em
função da NYPD ou de mim? Respeitei seu compromisso – opa! Aí estava a raiva de
Kate. Aposto que detestou ser trocada.
- Tudo bem, já
entendi e aceito sua decisão.
- Obrigada
pelo café. Estava delicioso – Beckett sorriu para ele.
- Claro, mas
não pense que escapou de usar a máquina, mais tarde vou querer uma caneca para
saber se você realmente aprendeu a usa-la – Esposito se aproximou deles com
umas impressões na mão.
- Yo, o
resultado do laboratório chegou. O DNA confere com um tal de Ray Spiller, tem
ficha por roubo e agressão em bares na juventude. As digitais da arma batem com
as do sistema também. Eu e Ryan estamos indo busca-lo.
- Ótimo! Vai
ser bem simples fechar esse caso, rapazes.
Quando os
rapazes voltaram, Beckett entrou com Castle na sala de interrogatório. Somente
precisou de quinze minutos para ter motivo e uma confissão. Muito fácil. Ela
pediu para Ryan recolher as digitais e fichar o culpado, precisavam enviar
todos os dados para ela. Depois do almoço, pretendia fazer o relatório. O
celular de Beckett tocou, não reconhecendo o número, ela afastou-se para atendê-lo.
Castle
observava a ligação interessado, porém Beckett mesmo surpresa com a pessoa que
a contatava, virou-se de costas para não deixar que ele percebesse suas
respostas nem ouvisse o teor do telefonema. Cinco minutos depois, ela desligou.
Caminhou diretamente ao encontro dele parando na máquina de refrigerante para
pegar uma garrafa d’água. Ele perguntou.
- Temos um
novo caso? – perguntou ansioso.
- Não. Só mesmo
papelada.
- E quem era
ao telefone? – não queria parecer tão curioso, mas não conseguiu evitar a
pergunta.
- Assunto
pessoal, Castle – ela sorriu bebendo um pouco da água, então o telefone tocou
novamente. Dessa vez era alguém conhecido, por que não aproveitar para implicar
com ele? – Oi! Tudo certo para daqui a uma hora? Mesmo? Não! Nada de caso – ela
sorria ao ouvir o que Dana dizia do outro lado, Castle só faltava grudar o
corpo nela para saber do que ela estava falando. Pelo menos percebeu que era
uma voz de mulher, o que já fora um alívio – ótimo, te espero.
Antes que
Castle pudesse fazer qualquer comentário, Ryan apareceu.
- As
informações que você pediu já estão na sua máquina, Beckett.
- Ótimo, vou
começar a redigir o relatório agora mesmo. Daqui uma hora farei uma pausa para
o almoço.
- Eu estou
convidado para almoçar com você, Beckett?
- Não estou
convidando, fui convidada Castle.
- Namorado
novo? – Ryan arriscou-se a perguntar.
- Não são
apenas homens que te convidam para almoçar, Ryan. Que tal as duas maricotas
arranjarem outra coisa para fazer do que se preocupar com a minha vida? – Ryan
entendeu o fora e se afastou, já Castle que não tinha nem um pingo de vergonha
seguiu-a de volta para sua mesa. Enquanto Beckett trabalhava no computador, ele
jogava no celular.
Uma hora
depois, Dana apareceu no meio do salão do distrito. Vestia um terninho bege com
uma camiseta amarela que realçava seu colo. Caminhando em direção à mesa de
Beckett, abriu o sorriso para a amiga.
- Oi,Kate.
Estou aqui – a voz diferente fez Castle virar-se na cadeira para encara-la.
- Oi, Dana –
disse Kate se levantando e cumprimentando a amiga com beijos – Dana Anderson,
esse é Rick Castle – ele estendeu a mão para a mulher a sua frente.
- É um prazer
conhecê-la.
- Ah, com
certeza. Um prazer. Aquela foto de capa não lhe faz justiça – trocou um rápido
olhar com Beckett – agora eu entendo. Aliás, parabéns pelo seu Heat Wave.
Adorei a personagem, acredito que captou muito bem a essência de Kate. Fora as
cenas de sexo. Quentes!
- Obrigado,
Dana – vendo Kate revirar os olhos diante do comentário da amiga – vocês se
conhecem há muito tempo?
- Mais de dez
anos! Longa estrada, Castle.
- Vou até o
toalete e então podemos ir, ok? – Kate afastou-se ainda receosa de deixar aqueles
dois sozinhos. Tinha que confiar na sua terapeuta.
- Vocês se
conheceram na polícia? Desculpe perguntar, mas Kate não tem muitas amigas. Ela
é muito reservada, não se abre com as pessoas. Estou aqui há três anos e além
de Lanie, só a vi com Maddie. Pelo tempo que a conhece, você sabe o motivo, a
morte da mãe.
- Sim, foi
praticamente como nos conhecemos. Não sou da policia. Sou psicóloga – Dana
observava o homem a sua frente, conseguia entender porque a amiga cedeu aos
encantos dele. Charmoso, de sorriso fácil e que olhos – você gosta dela. Muito.
Se preocupa e teme que qualquer coisa ruim aconteça com ela. Desculpe, às vezes
eu me pego analisando as pessoas do nada. Ossos do oficio.
- Tudo bem.
Não me importo com isso. E você entendeu o contexto – será que era com ela que
Kate andava conversando?
- Ela é
complicada, resultado de muitas cacetadas na vida. É forte e dedicada, mas tem
um sentimento de insegurança enorme. Às vezes tenho vontade de bater nela.
Sabe, Castle ela pode ceder aos poucos. Acho que você não pode perder as
esperanças. Falta apenas um clique, algo que vai derrubar aquela resistência.
Sabe que ela confia demais em você, não?
- Como você
sabe? Ela fala de mim?
- Todo o
tempo. A maioria das vezes de maneira boa. Apesar de estar te vendo pela
primeira vez, sinto que já conheço Rick Castle muito bem. Você é exatamente o
que Kate precisa, pode acreditar.
- Seria bom
que ela percebesse...
- Ela irá,
talvez mais cedo do que possa imaginar. Lá vem ela, para todos os efeitos, essa
conversa não aconteceu... pronta, garota?
- Pronta.
- Não vai me
convidar para acompanha-las, Beckett?
- Por mais que
eu conheça bem seu lado bem feminino, esse é um encontro de garotas mesmo. Arranje
o que fazer, quem sabe não é uma ótima hora para implicar com o Esposito?
- Eu não me
importaria de almoçar com você, Castle. Hoje, infelizmente não dá – disse Dana
que para provocar a amiga acrescentou – posso ver porque você é tão afetada por
Castle. Ele é bem difícil de resistir – sorria.
- Ela fala de
mim para você, Dana?
- Nem mais uma
palavra, Dana – saiu arrastando a amiga pelo braço provocando um sorriso
satisfeito no rosto de Castle – o que você disse para ele na minha ausência?
- Nada demais,
deixa de ser paranoica. Vamos logo que estou morrendo de fome.
Elas se
sentaram do lado externo do restaurante, queriam ficar bem à vontade para a
conversa que teriam. A terapeuta sabia que Kate tinha muito o que contar. Pediram
as bebidas, umas entradas e ao estarem bem confortáveis, Dana resolveu iniciar
a conversa.
- Kate
Beckett, como você pode trabalhar ao lado daquele homem charmoso, cheiroso. Ele
é irresistível. Então, o que você andou aprontando esses últimos dias? Eu
realmente pensei que você tivesse evoluído nessas semanas. Pelo menos da última
vez que liguei parecia bem tranquila, o que mudou?
- Ah, Dana. Eu
queria saber porque quando as coisas começavam a tomar forma, quando estávamos
bem, acabei me deparando com o problema. Uma aparição inesperada – Kate contou
em detalhes sobre os dias tranquilos, o começo do resgate daquele clima de
parceria que adorava, Castle se permitindo uma provocação aqui outra ali, ela
sorrindo e servindo café, a investigação do mundo da mágica e o fatídico
encontro com Josh que os fez brigar novamente. Contou que Castle descobriu
sobre o beijo.
- Uma
verdadeira montanha-russa, não?
- Eu tinha que
consertar o resto da burrada que fiz. Dessa vez, segui seus conselhos. Falei
apenas o que vinha do coração. Acabou funcionando um pouco, mas Castle fez
questão de lembrar que nada mudara no trato que fizemos da nossa relação
profissional. Confesso que isso me frustrou. O aparecimento de Josh destruiu
parte do clima amigo e leve que havia recuperado. Estou tentando trazer isso
novamente para o nosso dia a dia, mas Castle parece não se importar de verdade.
Tivemos um bom momento no The Old Haunt depois disso, parecíamos nós, como
antes. Porém, apareceu essa tal de Ellen e bagunçou tudo!
- Ellen? Ah, a
mulher do Post quase me esqueci. Apesar do sensacionalismo do jornal, eles me
pareceram bons amigos. Não sei porque a crise – ela via no semblante de Kate
que somente a menção ao assunto já a deixava irritada – ciúmes, por que teria
ciúmes dela? Eu pesquisei, ela nem mora aqui.
- Você devia
ter visto, Dana. Ele recusou um caso para jantar com ela, chegou todo
sorridente no dia seguinte falando sobre Ellen e seus projetos que obviamente
incluíam Castle. Acredita que ele até me ensinou a fazer café na máquina, quase
sugerindo que eu devia aprender, pois nem sempre teria alguém para me servir.
Claro que estava se referindo a ele, Castle está pensando em ficar um tempo na
Itália, se ele for acho que será o fim da nossa parceria.
- Espera.
Volta um pouquinho nessa história. Castle rejeitou você para ficar com a
editora de moda? Wow! Isso deve ter te deixado muito irada. Que jeito de pagar
na mesma moeda, hein?
- Ele rejeitou
o caso, não a mim!
- Kate, quer
enganar quem? Sou eu. Sei que você se sentiu exatamente assim. Trocada por
alguém que nem parte da vida dele é. Ainda por cima, esse projeto... eu te
entendo, de verdade, é natural sentir ciúmes. O que não é certo é permanecer negando
o óbvio. O que sentiu quando ele ajudou-a com o café?
- Era café, o
nosso momento especial – Dana reparou na carinha de boba dela enquanto falava –
ele descrevia o que precisava ser feito, pacientemente. Ele segurou a xícara,
minhas mãos nas dele, isso foi tão bom. Não nos tocávamos assim desde a briga,
estávamos próximos, nossos corpos e foi ele quem tomou a iniciativa. Eu sabia
que sentia falta dele, de ser tocada, naquele momento percebi o quanto. De
qualquer forma, essa não é a questão.
- Como não,
Kate? É exatamente a questão.
- Ok, Dana.
Quer que eu admita que estou irada com tudo isso? Estou! Sim, me senti trocada,
soube o que fiz a Castle quando cometi a besteira de sair com Josh. Ele me fez
café de novo, me trouxe café como fazia antes, mas eu acho que estamos nos
afastando, parece uma despedida, eu não sei o que fazer. Você disse que eu
somente devia falar quando as palavras viessem do coração. Adivinha? Eu fiz o
que me disse e não deu certo! De que adiantou seus conselhos? Nada!
- Que
conselhos, Kate?
- Você disse
para eu ser sincera, dizer o que sentia. Fiz isso quando quis me desculpar
sobre o beijo. No The Old Haunt, o bar que Castle comprou, eu falei da
capacidade dele de admirar o fantástico, elogiei a sua forma de ver a vida. De
nada adiantou. Agora ele está considerando se mandar com uma editora louca para
a Italia. Claramente, seus métodos são uma fraude.
- Esse é o
problema. Relacionamento não é uma ciência exata. Você quer seguir regras,
procedimentos. Nunca vai funcionar. Tenho certeza que quando se explicou para
Castle sobre o beijo, sua sinceridade estava lá, por isso ele acreditou e
continuou ao seu lado. Mas o resto? Nada simulado, pensado. Sei que você deve
ter feito com a melhor das intenções e não mentiu ao elogia-lo. E sabe por que?
- Não, me diga
terapeuta – retrucando quase revirando os olhos.
- Porque você
acredita no que disse. No fundo, deve ter deixado transparecer as qualidades
que admira nele. Só que não é de elogios que Castle precisa. Ele quer o tudo ou
nada. Quer a mulher complexa, inteligente e determinada cedendo ao seu
sentimento. Aposto que ele gosta dessa sua indecisão na medida certa e da sua
capacidade de se frustrar justamente por não revelar o que sente.
- Você
conseguiu me confundir mais. Eu ainda não estou nesse nível. Acredito que
passei tanto tempo me dedicando a afasta-lo que não parei para pensar que um
dia eu conseguiria. O problema é que não quero. Castle não pode ir embora. Não
quero perde-lo.
- Então diga a
ele. Se não consegue dizer o que sente, diga que ele é importante, sua
companhia, sua parceria importa. Por que esconder aquilo que sabe ser verdade?
Talvez isso o faça pensar bem sobre ir embora, se é que isso é uma opção para
Castle.
- Como assim?
- Tenho minhas
dúvidas. Em poucos minutos na companhia dele, vi o jeito como se olham. Sim, os
dois. Quando falei de Nikki, percebi a troca de olhares. Ninguém me engana quanto
ao óbvio. Ele é apaixonado por você e não me parece uma pessoa que desista
facilmente do que quer. Quem sabe ele não está esperando um gesto, um passo?
Por mais simples que seja, às vezes é o bastante. Talvez não se trate de
assumir seus sentimentos de imediato, apenas uma prova de que se importa. Não
estou falando somente de uma declaração de amor, extravazar ciúmes é uma
demonstração de que se importa, que se incomoda.
- Eu não tinha
pensado nisso. Você acha que eu deveria falar para Castle que estou incomodada
com a tal Ellen?
- Na boa? Não
é a Ellen que te incomoda. Você tem ciúmes de Castle, da atenção dele. Kate,
você se irritou por ter sido trocada porque sempre se imaginou ser a prioridade
na vida dele. Recusar acompanha-la em um caso mexeu mais com seus brios do que
Ellen. Reconheça.
- É, ele não
tinha me dito não. Nunca achei que isso fosse possível. Foi um choque. Só que
acho estranho chegar para Castle e dizer isso.
- É só ouvir
seu coração ou encontrar outra forma de mostrar para ele o quanto é importante
para você – viu no semblante pensativo de Kate, a frustração. Ela arrumou os
cabelos e chamou o garçom pedindo café expresso. Assim que estava com a xícara
a sua frente, tomou o primeiro gole e antes que mudasse de assunto, Dana a
encurralou novamente.
- Kate, me
responde uma pergunta. Você não duvida que Castle está apaixonado por você,
certo? Não duvida do amor que ele sente. Kate ficou calada por uns instantes. Suspirou
– Kate?
- Não, sei que
ele gosta de mim.
- Ótimo. Isso é
talvez a coisa mais importante para você agora. Porque se acredita nisso, pode
deduzir que essa história da Ellen é apenas uma forma de mexer com você e
causar ciúmes.
Kate não sabia
o que responder a isso. Voltou a comentar outro assunto.
- Hoje
aconteceu uma coisa estranha. Recebi um telefonema de Nathalie Rhodes. Ela é a
atriz que irá viver Nikki Heat no cinema. Queria saber se poderia me acompanhar
por um tempo, um caso para entender o que realmente é ser Kate Beckett, a
mulher que inspirou Castle a escrever a personagem. Fiquei surpresa, o próprio
Castle não falou nada e acredite, esse é o tipo de coisa que ele adora repetir
várias vezes para me irritar ou chamar a atenção para lembrar o quanto ele é
famoso.
- Olha só! Que
oportunidade perfeita!
- Do que você
está falando?
- Kate, a
prova que estava querendo. Se fosse você aproveitaria a chance para não apenas
convidar a Nathalie para acompanha-la como mostrar a Castle que se importa.
Você mesma me contou que nunca deu a atenção devida ao descobrir que seria
imortalizada na tela do cinema. Castle bem que quis sua opinião sobre quem
queria fazendo seu alter ego. Hora de virar o jogo. Talvez ele perceba que
apesar de não demonstrar muito, você está ligada ao mundo dos livros dele, uma
maneira de apoiar, quem garante que isso não pode ser suficiente para fazê-lo
mudar de ideia quanto à Italia?
- Dana, você
realmente acredita que isso possa funcionar? Que ele vai entender como um gesto
para mostrar que quero que fique?
- É a melhor
ideia que podia ter aparecido. Olá, Universo! – Dana disse sorrindo, vendo Kate
revirar os olhos.
- Dana, às
vezes você parece o Castle!
- Espero que
seja um elogio. Liga logo para a atriz e agenda esse encontro. Diga que assim
que tiver um caso, você a convidará para acompanhar a investigação ainda essa
semana. Pessoas morrem todo tempo! – Dana mordiscou os lábios – ok, isso foi
algo ruim de dizer, mas você entendeu a ideia.
- Você acha
que devo fazer isso mesmo? – a terapeuta pegou o celular da amiga sobre a mesa
e estendeu para ela.
- Ligue – Kate
suspirou fundo e procurou o número da chamada daquela manhã para retornar a
ligação.
- Nathalie?
Kate Beckett, olá! É sobre a ligação de hoje pela manhã – enquanto conversava,
Dana tomava o café observando-a. Na verdade, não tinha certeza que essa era uma
boa ideia. Queria algo que agisse como um truque para Kate sentir-se compelida
a revelar qualquer sentimento para Castle desde que seja uma explosão boa ou
ruim porque somente assim ele perceberia a verdade em tudo. Podia estar jogando
sua amiga na fogueira, mas Kate precisava sair da zona de conforto.
- Está feito.
Espero sinceramente que você tenha razão, Dana.
- Bem, se não
der certo, você pode sempre falar o que é importante.
- Como assim
não dar certo?
- É só uma
suposição, Kate. Um plano B.
- Eu não gosto
do plano B.
- Não é uma
questão de gostar e sim precisar. Vamos pedir a conta?
Depois da
conta, Dana mesmo tentada a voltar com Kate até o distrito para rever Castle,
ela se contentou em despedir-se da amiga indicando que qualquer problema podia
ligar. Desejou boa sorte e seguiu seu caminho.
Castle acabou
almoçando com os rapazes na minicopa. Tomava um café pensando sobre a amiga de
Beckett. Seria com ela que Kate estaria se aconselhando? Afinal era psicóloga e
pelo pouco que falou parece estar por dentro da situação dos dois. Aquela
súbita análise não acontecera tão espontaneamente. Não podia ser coincidência.
Podia perguntar, mas sabia que Beckett não iria responder ou se sentiria muito
pressionada com certos comentários a esse respeito.
Ele estava
brincando com seu celular quando ela chegou do almoço.
- O que tem de
tão interessante nesse celular, Castle? Joguinhos?
- Para seu
governo, detetive eu estou escrevendo algumas ideias que tive durante sua
ausência para o meu livro. Tinha razão, um tempo com Ryan e Esposito atiçou
minha criatividade – a cara dela era de quem não acreditava em nenhuma das
palavras que dissera – que é? Está duvidando? Aqui – ele mostrou o display do
celular. Beckett pode ler palavras como Lieutenant, inclinações políticas, a
dúvida com Rook. Envolvimento com 1PP, encontro com o inimigo – isso faz parte
do enredo e seu novo livro?
- Sim, todas
elas. Estava esperando você voltar. Que tal um café? Você prepara e posso
contar o que estou explorando nesse thriller.
Ela o
acompanhou até a minicopa novamente. Tomou a frente da máquina e começou a preparar
o café. Ele ficou um instante observando o jeito dela. Resolveu iniciar a
conversa querendo saber sobre o almoço e depois conhecer a opinião de Beckett
sobre a carreira.
- Como foi o almoço?
A propósito, gostei bastante da sua amiga – ao notar o olhar chateado pelo comentário,
ele remendou – não é o que você está pensando. Ela não faz o meu tipo, você mais
do que ninguém deveria saber disso. Muito loira, mas uma boa influência para você.
- Por que diz
isso? Dana falou alguma coisa?
- Não, mas dez
anos de amizade me sugere que ela conhece todos os seus problemas, conquistas. É
bom ter alguém assim ao nosso lado especialmente quando não estamos tão bem com
a nossa vida.
- Você por
acaso está sugerindo que eu tenho problemas?
- Não, só te
achei um pouco irritada esses últimos dias, provavelmente esse marasmo no
trabalho, não? Sair com Dana pode ajudar.
- Você
realmente não tem noção... e não estou irritada – ela virou o rosto e se
concentrou no café. Castle achou melhor mudar de assunto não sem alfinetar.
- Se você
diz... de qualquer forma estive pensando. Beckett, o que você pensa em relação
a sua carreira? Hoje você é a melhor detetive do 12th distrito, mas o que vem
depois? Não pensa em subir de patente, investir no seu crescimento
profissional?
- Por que essa
pergunta agora? – sim, ela achou estranha a pergunta.
- Curiosidade
e também quero ter uma visão do futuro sua para saber se estou no caminho certo
com relação a minha personagem.
- Ah... – ela
não respondeu de imediato, concentrou-se em terminar o café que fazia. Após
servir a primeira xícara para ele, continuou a conversa enquanto preparava uma
dose para si também – bem, eu quero crescer sim. O primeiro passo seria
tenente, com esse título eu poderia continuar investigando casos e não estaria
tão presa a papeladas ainda. Também poderia pensar em concorrer diretamente
para capitã. Não há restrições, o único problema é que sairia das ruas. Além do
mais, não estou pronta para assumir as responsabilidades de capitã. Preciso
aprender muito e... – ela suspirou – tenho pendências.
- Está falando
do assassinato da sua mãe.
- Sim... – ela
sentou-se de frente para Castle com o café em mãos.
- No meu novo
livro, decidi por colocar Nikki diante desse dilema. Uma excelente detetive
convidada para fazer o teste para Lieutenant. Quero explorar esse ângulo em
relação ao comportamento às vezes impulsivo de Nikki, as opiniões que outras
pessoas tem dela, especialmente na central de polícia e como ela reage ao lado
político desse desafio. Não há dúvida que Nikki tem competência para passar no
teste e garantir a patente, assim como você, mas teria estomago para enfrentar
todas as nuances dessa nova posição? É isso que espero explorar.
- Parece
interessante.
- Sim, e você
acabou de me lembrar de outro ponto importante na decisão de Nikki, a morte da
mãe – aproveitando a deixa, Kate resolveu perguntar quanto tempo faltava para
ele concluir esse livro. Afinal, não era esse o único obstáculo para que ele
não fosse até a Itália?
- Quanto já
escreveu dessa história?
- Estou no
capitulo dez, quase metade. Sei que não mencionei, mas a relação com Rook
continua lá.
- Não poderia
ser diferente, certo? – disse Beckett com um sorriso nos lábios. Ele sorveu
mais um pouco do café e também sorriu.
- Parabéns,
detetive. O café está bem gostoso. Prova de que sou um ótimo professor.
- Sei, sei...
quando você pretende ir para a Europa?
- Não sei
ainda, Gina está criando muita confusão. Tenho que terminar o livro, fechar
contratos com a editora italiana e ainda aguardar o destino da série Heat. Por
que pergunta?
- Curiosidade.
É uma decisão importante. Destino da série? Você quer dizer se escreverá mais
livros – Castle assentiu com a cabeça – seriam bobos se não quisessem mais
livros. A série é um sucesso – Kate se impressionou pela espontaneidade que as
palavras foram ditas, ela realmente acreditava nisso - Espero que me avise
quando tomar a decisão – ela se levantou da cadeira – preciso fazer meu
relatório. Se quiser ir para casa... prometo ligar para informar caso alguém
morra.
- Acredito que irei mesmo. Dedicar a tarde para
escrever, especialmente depois de tantas ideias que recebi hoje. Obrigado pelo
café, detetive – ela o observou rumo ao elevador, nada satisfeita com as
notícias que ouvira dele a poucos minutos atrás. Sinceramente, esperava que a
presença de Nathalie Rhodes mudasse positivamente esse clima de perda que
parecia ronda-la nesses últimos dias.
Continua.....
4 comentários:
Kate querida, qd vc finalmente vai admitir que ama este homem?? Abre o coração garota,pois ele te ama!!! Gosto de um angust, mas confesso que já tô de coração partido vendo o martírio desses dois. Qd vão se acertar de vez?? Se for de acordo com a série, será no cap. de always?? Espero que não, pq ainda tem mt chão pela frente e n vejo a hora de vê-los juntos novamente, nem que seja p uma noite de amor e sexo!!! kkkkkkkkkkkkk
Como você gosta de judiar da gente e desses dois. Hahaha
Esse jogo do Castle tá matando a Kate e a mim. Fiquei jogada com ele falando de ir pra Itália, mesmo sendo mentira. Acho que a Kate já pagou pelo seu pecado!
Dana conhecendo o Castle ❤
Castle levando o café também foi legal. Já pode continuar com o ritual! Haha
Seja mais boazinha no próximo, Karen, please!
Ansiosa pelo 3x13 quando tem pelo menos um beijo *-*
Até!
Oh! Já estou com peninha da Kate, o Castle já está maltratando a coitadinha.
Meu amo esse joguinho! 😏
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