Nota da Autora: Depois de um longo hiatus, a fic está de volta. Tenho boas ideias para os proximos capítulos que devem agradar a vocês. O angst é pouco ainda mais depois das novas revelações de Stana. O lance aqui é ser feliz. Portanto, entrem no mundo de faz de conta e divirtan-se! Enjoy!
Cap.49
No estúdio, a chegada deles foi
bastante tranquila. Os técnicos estavam trabalhando desde cedo para criar o
cenário do prêmio além de preparar as mesas para a festa de encerramento da
temporada. Enquanto esperavam completarem a organização do set, Nathan e Stana decidiram
tomar um café para depois seguirem para o figurino e maquiagem. Estando
sozinhos na sala dos escritores, ele achou que era um bom momento para sugerir
uma ideia que vinha matutando.
- Stana, o que você acha de convidar
Terri e Andrew para um jantar lá em casa? Podemos contar a eles sobre a nossa
real situação. Acredito que você tem razão em desvendar esse mistério para os
dois. Convido Dara e Chad, falo que é uma reunião intima como retribuição ao
carinho e a dedicação que eles tiveram comigo. Daí, contamos a nossa história.
- Pode funcionar. Eu serei o
elemento surpresa.
- Exato – ela sorveu o resto do
café.
- Vá em frente. Eu concordo.
Preciso ir andando, Luke já deve estar desesperado por eu não ter aparecido
para a prova do vestido e da maquiagem. Eu demoro muito mais que você – ela
estava virando-se para deixar a sala quando Terri entra acompanhada de Paul.
- Bom encontra-los aqui. Quero
combinar como faremos a cena final. Será realizada em dois momentos. Uma tomada
para o discurso, outra para a conversa na mesa. Darei uma hora para ensaiarem,
especialmente Nathan que tem o discurso longo e depois filmamos. Então, será a
vez da segunda cena. Querem acrescentar algo mais?
- Não, parece bom para mim –
disse Stana – na verdade, Nathan é quem fará o trabalho pesado.
- Mesmo assim, é um bom
planejamento. Por mim, tudo bem.
- Ótimo! Vou para a maquiagem –
disse Stana saindo da sala. Terri aproximou-se de seu computador e entregou
alguns papeis para o diretor. Assim que ele deixou a sala, Nathan se aproximou
sentando-se ao lado da produtora.
- Terri, posso ter dois minutos
de sua atenção?
- Claro, Nathan. O que você
precisa?
- Na verdade, quero lhe fazer
um convite e não aceito recusa. Gostaria de receber você e Andrew na minha casa
para um jantar especial em retribuição a todos os anos que trabalhamos juntos. Pode
ser na próxima semana quando não teremos mais a pressão das gravações, todos
estarão de férias, o que acha? Posso marcar para quarta às oito da noite?
- Ah, Nathan... obrigada,
significa muito. Pretende chamar mais alguém?
- Sim, chamarei Dara e Chad.
Será uma reunião íntima e reservada. Por favor, é muito importante para mim.
Será um imenso prazer retribuir pelo menos um pouquinho de todas as coisas boas
que você e Andrew proporcionaram a mim através de Castle.
- Tudo bem. Convite aceito.
Aposto que nos divertiremos bastante.
- Plagiando Kate Beckett : you
have no idea – eles riram – tem mais uma coisa. Essa cena final do discurso.
Sei que você espera emoção para tornar o momento mais convincente, porém acho
que a Stana pode levar a sério demais.
- Como assim? – Terri parecia
intrigada com o comentário dele.
- Você reparou nas reações dela
ontem enquanto conversávamos sobre o final do episódio. Estava calada, pensativa.
Prevejo muitas emoções no dia de hoje. Creio que será mais difícil do que
pensamos gravar essas últimas cenas. Ela sempre é emotiva, leva Castle muito a
sério, às vezes tenho a sensação de que ela vive a personagem demais. Por isso
que estou prevendo choro. Stana vai se deixar levar pelo grande significado que
esse episódio tem, o de uma despedida.
- Eu sempre sei que Stana se
joga no papel de Beckett é o que a torna tão boa nas atuações. Não considero um
problema, a verdade é que tanto eu quanto Marlowe usamos esse lado dela para
testar a receptividade do público em muito do que fazemos. Se a afetar positivo
ou negativamente, sabemos o que esperar do público. Ela é uma espécie de
termômetro do fandom. Eu percebi o jeito dela ontem sim, Nathan. Dessa vez,
imagino que exista a incerteza. Pude reparar pela própria pergunta que ela fez
sobre o futuro de sua personagem. É uma grande mudança para todos, eu me incluo
entre vocês. Somente não entendi a sua preocupação com isso. Aonde quer chegar
com a sua colocação?
- Foi apenas uma observação.
Para que você e o diretor não percam a paciência com ela caso tenham que filmar
mais de uma vez o mesmo discurso ou cena. Estou preparado para repetir minhas
falas quantas vezes for necessário.
- Por que você acha que
reservei um dia inteiro para esse final? Imaginava que isso pudesse acontecer.
A menos... existe alguma coisa que você não está me contando, Nathan? Sabe de
algum problema que Stana esteja passando que possa afetar sua atuação ou sua
vida?
- Não, absolutamente. Ela
parece bem para mim. Bem, é melhor eu ir me arrumar ou serei eu quem vai
atrasar a programação – ele se levantou apoiando a mão na mesa. Não percebera
que se esqueceu de tirar sua aliança naquela manhã. O fato não passou em branco
aos olhos de Terri.
- Nathan, o que é isso no seu
dedo? Está usando a aliança de Castle ou essa é sua? Você sequer foi ao camarim
ou ao trailer hoje – ao ouvir o questionamento dela, engoliu em seco, mas fez
tudo para se manter indiferente. Sorrindo, respondeu.
- Eu esqueci de tirar a aliança
ontem. Apenas percebi quando cheguei em casa. Resolvi colocar no meu dedo logo
pela manhã com medo de perdê-la. Rob me mataria se aparecesse aqui sem a
aliança de Castle.
- Hum...certo – disse Terri
olhando desconfiada para ele – vamos trabalhar.
- Vejo você mais tarde – disse
Nathan saindo da sala rumo ao figurino.
Stana tinha sua maquiagem já
adiantada. Provava agora o vestido por uma última vez. Luke observava o reflexo
no espelho. Tudo ficava lindo naquela mulher. O mais clássico e comportado dos
vestidos brilhava no corpo dela. Calçou os sapatos e recebeu uma salva de
palmas do estilista.
- Divina! Está preparada para
suas últimas cenas da temporada, docinho?
- Ah, Luke. Final é sempre
excitante e nervosa. Queremos que acabe para termos um bom descanso, relaxar,
ao mesmo tempo abandonar a personagem é tão difícil. Principalmente dessa vez
que não deixa de ser uma despedida com a saída de Terri e Marlowe do comando.
- Quando você fala abandonar a
Beckett parece até que é uma coisa para sempre! São só alguns meses, boba! –
ela sorriu e esperava que Luke tivesse razão. Se o contrato dela continuar a
dar problema, nem saberia como lidar com a situação. De repente, a realidade a
atingiu. Essa podia ser a sua última participação como Kate Beckett. Não era
uma despedida somente de escritores e criadores, mas ela poderia estar dando
adeus ao seu alterego. Respirou fundo ao sentir o corpo todo arrepiar. Em
questão de segundos, sentiu faltar-lhe o chão cambaleando para trás em busca da
parede para se escorar. Rapidamente empalideceu. Luke assustado a segurou
colocando-a sentada numa cadeira.
- Está tudo bem, Stana? O que
você está sentindo?
- Não foi nada – ela disse
levando a mão ao rosto – foi só um ligeiro mal estar. Estou bem.
- Aposto que não se alimentou.
Vou buscar um café e muffin para você.
- Não precisa, Luke... – era em
vão recusar. Quando o estilista ia saindo do camarim, encontrou com o
assistente de diretor que já vinha chama-la. Nathan estava logo próximo e
escutou o que ele explicava para o rapaz.
- Relaxa só um pouco. Ela teve
uma queda de pressão provavelmente por não se alimentar. Preciso de dez minutos
– Nathan sabia que a dedução de Luke estava errada. Stana se alimentara muito
bem naquela manhã. O motivo desse mal estar repentino era outro. Será que?
Não... ele não acreditava. Queria saber como ela estava, porém se invadisse a
sala de Luke seria muito suspeito. Um sinal de aflição começara a se apossar
dele. Devia ver se ela estava precisando de alguma coisa.
Nesse instante, Luke passa por
ele tentando equilibrar com um copo de café, dois muffins, donuts e o celular.
- Nathan, pode ser um
cavalheiro e me ajudar com isso antes que eu faça um estrago?
- Claro, Luke. Quem está com
fome? Você?
- Não. Stana provavelmente não
se alimentou de manhã e está fraca. Quase desfaleceu na minha frente. Pronto,
querida. Nathan como um perfeito cavalheiro me ajudou a trazer algumas
coisinhas para comer. Aqui está seu café – entregou o copo nas mãos dela,
Nathan a estudava procurando entender o que estava acontecendo – escolha se
quer donuts ou muffins. Vai ter que comer algo ou não deixarei você sair daqui
para gravar. Pedi dez minutos do diretor.
- Luke, eu estou bem. Foi só
uma tontura, nada demais. Acabei me virando muito rápido na frente do espelho e
deu nisso.
- Coma, Stana – ele replicou.
Mordicando um pedaço do muffin de blueberry, ela fitou Nathan. Sabia que ele
estava preocupado e interessado em saber o que causara isso nela – vou chamar a
Liz para retocar seu batom – nem bem ele saiu da sala, Nathan falou.
- Conte o real motivo para você
quase desmaiar, Stana. Sei que não é falta de comida.
- Não desmaiei. Foi só um
pensamento. Um medo, na verdade. Luke e
eu estávamos conversando sobre a final e eu lembrei que podia ser a minha
última vez fazendo Kate Beckett e de repente... e se eu não conseguir, Nathan?
Se não puder voltar em julho? – ele poderia ver a aflição dela. Não podia abraça-la
nem conforta-la de uma maneira mais carinhosa.
- Stana, nada disso irá
acontecer. Tem certeza que não está sentindo nada?
- Estou bem, Nate.
- Cheguei! Vamos retocar essa
maquiagem. Liz faça sua mágica – Nathan aproveitou a oportunidade para sair da
sala. Mais tarde conversariam melhor. Cinco minutos depois, ela aparecia no set
pronta para gravar. O diretor estabeleceu as posições de cada membro do cast na
mesa. Em seguida, chamou Stana para uma conversa sobre as reações que esperava
ver no rosto de Beckett ao longo do discurso.
- Ela está feliz e orgulhosa do
que o marido conquistou. De sua fama e do homem que ele é.
- Sim, eu entendo. Não se
preocupe, Kate Beckett sabe expressar muito bem e de maneira simples o quanto
ama Castle. Faremos uma rodada de ensaio antes, apenas eu e Nathan? Não sei o
conteúdo do discurso. Para expressar as emoções, a surpresa é melhor, mas se
atrapalhar?
- Não acredito nisso, mas quero
ver como vocês interagem. Nathan! Faremos um ensaio primeiro com você e Stana.
Está pronto?
- Claro. Podemos ficar de
frente um para o outro?
- É melhor – o diretor fez
sinal para seu assistente ligar a câmera – em seus lugares, preparem-se. E
ação!
Nathan começou a recitar seu
discurso. Nas primeiras frases, ele já percebera a emoção despontar no rosto de
Stana. Assim que a frase “I have no idea, now I do” as primeiras lágrimas
começaram a descer pelas bochechas dela. Ele continuou proclamando o discurso
que serviu como combustível para aumentar as emoções e o choro da atriz a sua
frente. As palavras entoadas por Nathan, falavam direto ao coração. Um
flashback passou em sua mente relembrando os sete anos de história. Momentos de
amor, risadas, beijos. Todo o significado que Castle representava. Sua vida
pessoal, profissional, seus presentes, tudo revelado através de um discurso
primoroso de Terri. Incapaz de se manter
de pé, ela sentou-se na cadeira mais próxima e se entregou ao choro.
Naquele instante, Nathan fez
sinal para o diretor desativar a câmera. Ele ajoelhou-se próximo a ela tocando
seu joelho.
- Está tudo bem? – ela não
respondeu de imediato. Ainda não conseguia falar porque a voz sairia embargada.
Havia mais que emoção na reação dela. Era impossível não pensar que essa podia
ser a última cena de Kate Beckett, o coração apertado batia acelerado no peito
enquanto ela tentava limpar as lágrimas e se recompor – hey, Stana, fale comigo
– um longo suspiro e finalmente ergueu a cabeça para fita-lo.
- Desculpe. Eu me deixei levar
pela emoção. E-eu só pensei nesses sete anos e... realmente, desculpe. O
discurso me pegou de surpresa. Terri... ela sabe o que fazer para impressionar.
Eu estou bem, acho que o ensaio não ajudou muito. Eu nem sequer consegui atuar.
- Tudo bem, foi melhor que
sentisse a carga de emoção de uma vez, isso vai minimizar quando estivermos
gravando. Quero emoção, mas na medida aceitável de Beckett – disse Paul. Vendo
que ela já estava melhor, Nathan acariciou levemente o joelho dela
levantando-se. Bastou uma troca de olhares para que ele percebesse o quanto ela
sentira o poder daquelas palavras. Tinha certeza que ela estava preocupada com
sua volta à série. Sentia-se insegura e melancólica devido ao clima que se
estabelecera no set.
- Vou pegar um café para você –
ele disse deixando o set com rapidez. Limpando o rosto, ela aguardou sua
maquiadora se aproximar para retocar o rosto ainda vermelho pelo efeito do
choro quando ele retornou com o café. O cheiro da bebida animou Stana que virou
grande parte do copo de uma vez. Mais calma, ela levantou-se e pediu para
repassar a cena com Nathan novamente.
Dessa vez, ela conseguiu manter
o equilíbrio e ter as reações que o diretor esperava para o momento. A primeira
vez, Nathan se atrapalhou por parar para observa-la. Da segunda vez, eles
encontraram o ritmo, ele com as palavras, ela com os olhares. Satisfeito, o
diretor pediu para os assistentes de câmera e iluminação marcarem e organizarem
todos os atores, escritores e equipe técnica nos lugares designados.
Meia hora depois, com o
megafone na mão, o diretor dava o sinal para a gravação da cena. Nathan entrou
em cena e sem tirar os olhos da mesa onde a esposa da vida real e da ficção se
sentara declamou as belas palavras escritas por Terri. Para desespero do
diretor e da própria Stana, novamente ela não se conteve. O choro superou o
controle. Por precaução, a cena foi parada antes que a historia se repetisse
como há pouco tempo atrás. Foi menos impactante e Stana tornou a pedir
desculpas. Retomando a concentração, reiniciaram a cena.
As palavras foram ditas como
anteriormente, porém Nathan fez questão de não desconectar-se do olhar dela. Para
Stana, era como se eles estivessem sozinhos naquele salão, alheios aos
murmúrios, aos presentes. Somente ela, ele e sete anos de historia. Apesar de
emocionada, Stana conseguiu manter a calma e ainda passar a emoção esperada
para a cena. O grito de corta foi um alivio para ela que estava de coração
apertado.
Com um sorriso dele, ela
suspirou. O diretor pediu quinze minutos de intervalo para rever a cena e
acertar detalhes para a próxima. Stana reparou que Terri se encontrava na mesa
ao lado deles. Estava tão focada na cena que sequer viu a escritora ali.
Decidida, aproximou-se dela para abraça-la. Simplesmente a tomou de surpresa.
- Stana?
- Nem sei por onde começar a
agradecer. O que você escreveu... como você consegue? Paguei um mico ou melhor
dois. É muita emoção expressa em palavras.
- Se você reparar bem, não é a
única com a maquiagem borrada após essa cena – a própria Terri tinha os olhos
vermelhos e marca de lágrima na face – você e Nathan dão vida às palavras a
ponto de aflorar a emoção até dos mais fortes, Andrew sumiu assim que Paul
disse corta.
- Não sei, é simples, singelo e
fala direto ao coração. Eu vou sentir muita falta dessas falas entre Castle e
Beckett, simples e profundas – tornou a abraçar Terri, beijou-lhe o rosto e
agradeceu sussurando em seu ouvido – o que quer que aconteça, Kate Beckett será
sempre o papel mais importante da minha vida. Ela será a minha musa pessoal, em
homenagem a tudo o que aprendi no show que você criou. Nunca poderei agradecer-lhe
o suficiente.
- Você já me agradeceu dando
vida a minha personagem, Stana – elas estavam trocando sorrisos quando Amdrew
apareceu. Sem aviso, puxou Stana em sua direção e beijou-lhe o rosto
apertando-a pela cintura.
- Nossa detetive maravilhosa e
esposa dedicada, Kate Beckett Castle. Stana, você é capaz de insitar o choro
inclusive de marmanjos. Que atuação aquela de Castle também, vocês combinaram
para fazer a gente de bobo?
- Até parece. Eu e Nathan somos
as vítimas aqui. Ficamos a mercê das belas palavras escritas por vocês. Ainda
temos uma cena – ela disse vendo Nathan se aproximar – pelo menos, nessa as
emoções são controladas. Ou espero. Esses dias tenho estado muito emotiva
diante dos acontecimentos. Nem quero imaginar como está a cabeça de vocês dois.
- Interrompo a conversa? –
perguntou Nathan.
- Claro que não. Estávamos
falando do turbilhão de emoções que anda rondando esse estúdio hoje – disse
Andrew – você mais do que ninguém sabe como despedidas são tensas, importantes
e cheia de momentos para recordar.
- É verdade. E Stana não
esconde suas reações quando se trata de Castle e Beckett.
- Mais uma cena e poderemos
comemorar mais uma conquista juntos. Sete anos. Não podíamos ter feito isso sem
vocês – disse Terri.
- E vice-versa – completou
Stana fazendo sinal de que precisavam seguir para a última cena. Dessa vez, a
interação com parte do elenco principal tornou a situação bem mais confortável.
Apesar de ser um momento agridoce, Stana considerou mais tranquila devido aos elementos
da cena. Depois do corta, Andrew sinalizou para que a pessoa responsável pelo
Buffet começasse a servir champagne para o brinde. Seamus aproveitara o momento
para tirar várias fotos com o pessoal da equipe técnica. Ele e Julianna estavam
curtindo o clima de encerramento muito bem. O tom nostálgico evidenciado em muitas
postagens feita por ele durante toda a semana continuava presente. Isso deixava
Stana ainda mais preocupada e triste, era como se os próprios amigos não
pensassem em voltar. Será que suspeitavam de algo sobre seu contrato?
Nathan se aproximou
sorrateiramente entregando uma taça de champagne em suas mãos. Podia ler em
seus olhos verdes amendoados que aquele clima estava afetando seu humor. Uma
nesga de tristeza aparecia no olhar, a viu mordendo os lábios para segurar uma
nova vontade de chorar.
- Está tudo bem?
- Vai ficar... – ela bebeu um
pouco do líquido. Antes que comentasse qualquer outra coisa, a sua maquiadora
aproximou-se pedindo para tirar uma foto com ela. Stana se afastou sorrindo.
Era a hora de se dedicar as pessoas que trabalhavam duro para deixa-la linda e
poderosa como Kate Beckett.
Nem só de tristeza fora a
noite. Houveram gargalhadas, lembranças, brincadeiras. Também várias fotos
entre amigos, escritores, produção e a maior parte da equipe que ajudava a
serie a ser o que era. Depois de muita insistência, Marlowe cedeu aos pedidos e
fez um breve discurso aproveitando para agradecer a todos e anunciar que
Terence e Alexi assumiriam a produção de Castle para a próxima temporada caso a
ABC confirmasse a renovação.
Depois, Seamus insistiu que
todo mundo se reunisse para tirar umas selfies. Deu trabalho reunir tanta
gente, mas no final valeu a pena. A vontade de Stana era poder sair agarrada a
Nathan naquelas fotos. Infelizmente, teve que manter o decoro. Perderam a noção
de para quantas fotos posaram. Muitos sorrisos foram registrados e ao final da
noite estavam exaustos. Quando decidiram ir embora, combinaram de aproximar-se
de Terri e Andrew juntos, mas Nathan ficaria conversando com os dois após a
saída de Stana para reconfirmar o jantar.
Ainda comendo um pedaço do
bolo, ela foi interceptada por Dara. A escritora estava louca para saber se
havia algo por trás do convite de Nathan para jantar na casa dele.
- Hey, tem um minuto para
conversar comigo?
- Eu já estava de saída, mas
pode falar.
- Nathan me procurou hoje para
me convidar para um jantar na casa dele. Eu e Chad, pelo que me disse Terri e
Andrew foram convidados. Você sabe do que se trata?
- Não, ele não comentou nada
comigo.
- Stana, mentir é feio. Como
seu marido está planejando um jantar na sua casa e você não tem ideia? O que
vocês estão aprontando?
- Dara, estou falando a
verdade. Nem sabia desse convite. Será que ele quer fazer uma surpresa para
mim? – achou por bem desconversar e se fazer de desentendida para não levantar
suspeitas especialmente com Dara que era muito esperta para essas coisas.
- Ainda acho que você está me
enrolando. Vou pagar para ver – ela esperou a escritora se distanciar para seguir
ao encontro de Nathan. Ele já conversava com o outro casal. Vendo-a se
aproximar, apenas sorriu. Stana ainda lambia os dedos das mãos lambuzados de
doce.
- Vim me despedir de vocês. Preciso
ir. Quero descansar e cuidar de algumas coisas. O trabalho aqui terminou, mas
tenho que tocar meus projetos do hiatus.
- Para onde você irá agora,
Stana? África? – perguntou Marlowe com um sorriso.
- Jordânia, tenho um filme para
gravar e depois volto aos Estados Unidos para, se der tudo certo nas negociações,
filmar outro longa. Ainda não posso divulgar os nomes por restrições legais –
Nathan prestava atenção no que ela dizia, isso era novidade para ele também.
Algo que iriam conversar a sós. Ela abraçou Terri novamente agradecendo por
tudo e fez o mesmo com Andrew - Não sumam!
- Quem tem essa mania é você...
– disse Marlowe. Eles riram.
- A partir de julho vocês sabem
onde me encontrar – ela virou-se para Nathan – divirta-se com seu projeto do
verão, Nathan – ela aproximou-se e beijou-o no rosto formalmente.
- Bom trabalho para você
também. Ele acompanhou-a com os olhos vendo-a cumprimentar várias pessoas no
seu caminho em direção à saída. O sorriso e a gentileza estampada em cada
gesto. Estava intrigado com a revelação súbita dos projetos dela, devido toda a
confusão do último episódio e a novela da negociação da ABC não haviam
conversado sobre os meses que se encontrariam longe do estúdio.
- Ela é uma joia, não? –
afirmou Terri olhando diretamente para ele percebendo que não tirava o olhar de
Stana. Como se observa-la fosse sua prioridade naquele momento. A expressão em
seu rosto deveria estar denunciando-o, portanto tratou de mudar o rumo da
conversa.
- É uma mulher diferente e
especial. Vamos tratar da nossa pequena comemoração particular? Está tudo certo
para recebê-los na quarta-feira às oito horas da noite, o que me dizem? Vocês
ainda devem ter acertos a fazer na pos-produção do episódio e com a emissora,
não?
- Sim, nosso trabalho no episódio
só deve terminar na próxima semana, talvez na quinta. Não vejo problemas de nos
reunirmos na quarta, o que acha amor? – Andrew perguntou para Terri.
- Eu já tinha confirmado para
Nathan, faltava apenas falar com você. Por mim está ótimo.
- Está combinado então –
satisfeito, ele ficou conversando no estúdio com alguns câmeras e assistentes
por mais de uma hora. Despediu-se e saiu. No estacionamento, encontrou com
Seamus e Julianna. Aproveitou a oportunidade para desejar um ótimo descanso aos
dois e o colega acabou se denunciando perguntando o que estava consumindo seus
pensamentos naqueles dias.
- Nathan, como estão suas
negociações? Você acredita que a renovação dos contratos e a oitava temporada é
certa?
- Bem, eu acredito que a ABC
sabe do potencial de Castle. Conhece a dimensão que a série alcança mundialmente.
Para mim, é apenas uma questão de tempo para selar todos os contratos e nos ter
a bordo do show novamente. Conversei com meus representantes, não deve demorar
muito.
- E quanto a Stana? Acha que
ela volta? A forma como vem endereçando as notícias parece ter um tom de
despedida.
- E você também. Isso quer
dizer que também vai nos deixar Seamus? Não existe Castle sem Beckett, a
história perde o propósito. Há muito o que contar. Está com problemas em
negociar?
- Na verdade, apenas comecei a
tratar disso na semana passada. Essa demora na confirmação de uma nova
temporada é que mexe com os nervos de todos.
- Sim, os fãs que os digam. Mas
já faz parte do histórico da emissora divulgar essas informações em maio,
praticamente no último minuto antes da exibição da season finale. Não vejo
motivos para não estarmos todos aqui em julho. Aproveite sua folga. Julianna cuide
do moço.
- E você se cuide também. Nada
de excessos – sorrindo os cumprimentou e seguiu para o seu carro.
Ao chegar em casa, encontrou
Stana sentada na cama com o ipad em mãos. Falava com alguém através do
facetime. Reconheceu pelo tom de voz que era a respeito do trabalho. A fim de
não atrapalha-la trocou de roupa rapidamente e desceu para a sala. Meia hora
depois, sentiu os braços dela envolvendo seu pescoço e um beijo no rosto. Ele
tomava uma taça de vinho.
- Pode me servir um pouco dessa
bebida?
- Claro. Já deixei uma taça
aqui para esse propósito –ele a serviu enquanto Stana sentava-se ao seu lado
aconchegando-se em seu peito – era sua agente? Notícias do contrato?
- Eles querem que eu compareça na
emissora na terça para conversar.
- Isso é bom. Você terá a
chance de dizer o que quer, reforçar sua parceria com Kate Beckett. Ninguém
melhor que você pode defender sua permanência no show e no papel de Beckett.
Gostei demais dessa notícia. Você irá se sair bem, tenho certeza. Em julho
estaremos juntos dando vida aos nossos alteregos.
- Adoro sua confiança, sabia? –
ela disse beijando-lhe os lábios.
- O que eu realmente quero
saber é sobre esses seus projetos. Quando ia me contar sobre eles?
- Desculpe, amor. É que os
últimos dias foram muito intensos. Eu comentei sobre o projeto do filme indie
que faria no hiatus. Devo retornar para cá em meados de junho. Se tudo der
certo, filmarei outro longa aqui mesmo na Califórnia. Aliás, devo deixar isso
claro para a ABC porque precisarei voltar uma semana depois do início dos
trabalhos da oitava temporada.
- Então, são dois projetos. Já
vi que nem nos encontraremos nesse meio tempo. Tenho comic cons para atender,
conman para filmar – ela sentiu o recentimento na voz de Nathan. Conseguia
entender o que passava em sua mente.
- Nós daremos um jeito de
conciliar as coisas, babe. Estarei em LA, o que torna tudo mais fácil para que
nos encontremos. Faremos assim, eu deixarei uma semana em aberto após a minha
volta para a cidade. Será o tempo que passarei a sua disposição, exclusivamente
para você e eu fazermos o que quisermos juntos. Independente desse momento, vou
querer mais tempo ao seu lado. Posso ir ao seu encontro algumas vezes. Não se
preocupe, morrerei de saudades, mas não deixarei que a distância e os trabalhos
dominem nossa relação. Era tudo o que não queria quando cometi o erro com meu
contrato.
- Como posso resistir a sua ideia
de fazer tudo dar certo? Gostaria de dizer que apenas por essas palavras você
merece tratamento vip, vários beijinhos e muito carinho. Sem esquecer o mais
importante; eu te amo, eu te amo, eu te amo, Staninha.
- Não posso reclamar de nada
disso – e tomou o rosto dele com as duas mãos aprofundando o beijo apaixonado.
Nathan acomodou-a melhor em seu colo, eles se perderam entre caricias
esquecendo-se do tempo. Mas a curiosidade de Stana venceu. Ela queria saber se
o convite do jantar tinha vingado – Nate, Terri e Andrew aceitaram vir jantar
aqui em casa?
- Sim, tudo confirmado para a
quarta-feira, acredito que será um jantar excelente. De alguma forma, acredito
que não será tão surpreendente assim. Terri me parece ter uma noção do que
acontece entre nós.
- O que o faz pensar assim? Ela
comentou alguma coisa diretamente com você?
- Nada especifico, mas você já
deve ter percebido algumas tiradas dela.
- Descobriremos em breve, não?
Quem não se aguenta de curiosidade é Dara. Ela veio me perguntar o que
estávamos aprontando. Disse que nem sabia do tal jantar.
- Não seria a Dara se agisse de
outra forma, Staninha – ele se ergueu do sofá estendendo a mão convidando-a a
se juntar a ele para um momento a dois no quarto – vem, amor, nossa cama está
chamando – de mãos dadas, eles subiram as escadas e logo entregaram-se ao ato
de amar.
Terça-feira
Nathan acordou de repente.
Estava sozinho na cama. Checando o relógio, ele ficou intrigado. Procurou-a no
banheiro. Nada. Ao descer as escadas, viu que Stana segurava uma caneca de café
sentada sobre um dos bancos da cozinha americana. Vestia a mesma roupa que
colocara para ir para a cama na noite anterior. O semblante denotava
preocupação.
- Hey... são seis da manhã. O
que você está fazendo tão cedo acordada? – ele se aproximou beijando-lhe o topo
da cabeça caminhando até a cafeteira servindo-se de café – você ainda tem
bastante tempo. Sua reunião com a ABC é apenas às dez horas.
- Não consegui dormir por mais
tempo. Estou ansiosa, nervosa, tudo junto. Não dá para ficar na cama.
- Então, já que está nesse
dilema interno, que tal eu preparar um café caprichado para você? Vou fazer
ovos mexidos e bacon como você estivesse em um hotel cinco estrelas. E não
adianta dizer que está sem fome porque se for de estomago vazio para a reunião,
acabará não conseguindo discutir e fazer uma boa negociação.
Ele se entreteu à beira do
fogão preparando o prato de ovos caprichados para ela. Além disso, dava um
tempo para que Stana acalmasse seu coração. Entendia perfeitamente a agonia e o
conflito que se instalara em sua mente e seu coração. Precisava de
concentração. Ele não tinha duvidas de que Stana conseguiria dobrar os
executivos e fechar o melhor contrato para ela, para os dois.
- Aqui está. Especialmente para
você. Vou preparar outra caneca de café especial para meu amor – sentou-se na
frente dela após colocar café para os dois, sorveu um gole e alcançou a mão
dela acariciando a pele com o polegar – amor, tudo vai dar certo. Você provará
que não existe Castle sem Beckett, sabe exatamente o que falar. Sete anos de
convivência com a personagem lhe dá uma vantagem sem igual. Agora, coma.
Seria inútil dizer que estava
sem vontade de comer porque Nathan não admitiria e a forçaria a se alimentar de
qualquer jeito. Provou o que ele preparara e gostou. O sabor da pimenta do
reino realçara o gosto do bacon. Ela acabou comendo sem sofrimento a mistura
que ele fizera. Depois, tomou o café e informou que subiria para se arrumar.
Faltando meia hora para a
reunião, Stana desceu as escadas pronta para encarar seu desafio. O futuro dela
e de seu marido estava em jogo. Era assim que pensava para gerar maior vontade
de lutar. Fora através da série que se conheceram, por causa dela estavam
juntos. Isso era motivo suficiente para corrigir o erro que cometera.
Nathan estava no sofá da sala
vendo um programa qualquer. Ela aproximou-se ficando na frente dele. Estava
impecável e linda como não poderia deixar de ser. Vestida com discrição, Stana
exibia um conjunto digno de uma executiva. Com pouca maquiagem e o cabelo preso
em um coque inspirava poder e confiança.
- Você está perfeita. Imagino
que somente ao vê-la entrar na sala, os executivos irão se sentir ameaçados.
Estarão discutindo de igual para igual.
- Espero que tenha razão. Não vai
me desejar boa sorte?
- Não que precise disso. Irá
arrasar – ele se levantou e beijou-lhe carinhosamente nos lábios – boa sorte,
Staninha. Ligue com noticias assim que puder.
- Está bem.
Escritório da ABC
Stana esperava na antesala pelo
instante que viessem lhe chamar. As mãos suavam devido ao nervoso. Respirava
fundo para manter a calma. Passados dez minutos do horário originalmente
marcado, uma moça veio chama-la. Entrou na sala de reunião deparando-se com
três executivos além da mulher.
- Seja bem-vinda, Srta. Katic.
Por favor, sente-se – ela cumprimentou-os assim que se acomodou de frente para
eles – a razão por tê-la chamado até aqui é de seu conhecimento. A negociação
de seu contrato com a nossa emissora. Primeiramente, gostaria de salientar que
ficamos um tanto surpresos com as cláusulas de sua proposta, em especial aquela
que tornava o contrato praticanente inválido caso suas exigências não fossem
cumpridas. Estou falando de deixar de protagonizar sua personagem na série
Castle. Já na segunda versão, essa clausula sumiu, porém outras colocações
foram acrescentadas. Diante das diferenças contratuais expostas, concordamos em
conversar diretamente para esclarecer as nossas dúvidas.
- Entendo. Eu gostaria de
esclarecer e também me desculpar com relação ao primeiro contrato que
receberam. Meus representantes não compreenderam o que eu estava pedindo. Em
nenhum momento condicionei as exigências sugeridas ao ato de interpretar minha
personagem. Foi um equivoco de interpretação. Quando descobri fiquei muito
preocupada se conseguiria reverter o processo. Por isso o segundo contrato. É
esse que peço para levarem em consideração.
- Certo, esqueceremos o
primeiro. Ao analisar o seu novo contrato, percebemos que as exigências do
primeiro referente a salário e horas permanecem e foram acrescentadas outras
sobre itens da série. Queremos deixar claro que as ideias criativas da obra não
é objeto de contrato de atores. Cabe ao produtor executivo considerar ou não
seus pontos, portanto teremos que removê-los para prosseguir a analise e
assinatura. Novamente, nos parece que a senhorita está querendo impor condições
para continuar trabalhando.
- De jeito algum. As ideias que
citei em contrato são preocupações quanto ao futuro da série e da minha
personagem. São sete anos que convivo com Beckett, seus escritores e uma
certeza é a de que a autenticidade da história foi mantida. A saída de Terri e
Marlowe acabou por criar a dúvida. A integridade das personagens precisam
continuar. A essência de Beckett. A forma como a temporada foi encerrada me
deixou preocupada. Essa é a razão de algumas das condições, ou melhor, ideias.
Não quero insultar ninguém. Talvez se eu conversasse com os novos produtores,
eu me sentiria mais tranquila.
- Então, você está dizendo que
tudo o que relatou aqui é preocupação com a série?
- Sim, vocês sabem que Castle
tem uma audiência fiel. O foco principal da história é o relacionamento das
personagens principais, não existe Castle sem Beckett. Nenhum fã compraria essa
ideia, eu não compraria. É por isso que reafirmo, não tenho intenção alguma de
abandonar a personagem e a série, apenas temos que chegar nos termos ideais que
satisfaçam os dois lados. A emissora conhece o peso de Castle e do fandom, não
somente em termos de audiência, mas confiança, premiações. Os fãs são fieis e a
última coisa que quero é decepciona-los. Daí a preocupação com a coerência da
continuação.
- Vamos falar de dinheiro. Os
termos salariais redigidos aqui é de aumento em 30% e redução de horas
trabalhadas. Isso é incoerente, não podemos aceitar pagar mais por menos tempo
de trabalho. É um acordo que a emissora não vai conceder. Não temos problema em
pensar em uma proposta de aumento, Srta. Katic, mas suas horas estão fora de
questão.
- Por que não os 30%? E quanto
às ideias? Eu realmente ficaria mais tranquila se conversasse com os
produtores.
- Trinta por cento de aumento
não seria coerente com a sua função de atriz. Não justifica. Novamente,
contratos de serviços não cobrem esses tipos de exigências – Stana ficou
indecisa quanto à possibilidade de não ter garantia que as ideias discutidas
por ela e Nathan não serem absorvidas pela produção, temia a perda de
características do show e das personagens. Sabia o quão exigente eram os fãs.
De repente, ela teve uma ideia.
- E se eu recebesse o aumento
conforme pedi e agregasse uma nova função além de atuar? Eu sugiro receber o
titulo de produtora. Dessa maneira posso trabalhar as ideias descritas nesse
contrato juntamente com os produtores executivos. É uma forma de ajudar e
continuar fiel à história e a série – os executivos se entreolharam, Stana
sabia que era um tiro no escuro. Esperava que não considerassem sua atitude
arrogante.
- É uma possibilidade que
precisaremos discutir entre nós e com os produtores executivos da série.
- Se quiserem posso
providenciar um novo contrato com esses termos, excluindo os pontos já
elencados anteriormente.
- Faça isso, Srta. Katic. Devo
lembra-la que o recebimento de sua nova proposta não é garantia de que
aceitamos sua oferta. Estamos no direito de nega-la ou refazer os termos se
acharmos coerente. Fique ciente que uma contraproposta pode ser elaborada para
você.
- Sim, eu compreendo. Falarei
com meus representantes. Você terá essa nova minuta amanhã.
- Aguardaremos – o executivo
levantou-se para cumprimenta-la. Com a devida educação, Stana retribuiu o gesto
e deixou a sala. Somente voltou a respirar com um certo alívio após estar na
rua. A ideia maluca surgiu de uma hora para outra e não sabia se funcionaria. A
verdade é que estava sentindo-se um pouco mais confiante. Pegou o celular
clicando no nome de Nathan nos favoritos.
- Oi, amor... acabou a reunião?
Como foi?
- Oi, Nate. Acredito que foi
bem, mas prefiro conversar pessoalmente. Sugeriria nos encontrarmos para
almoçar, mas diante da nossa situação, não seria adequado nem seguro.
- Tem razão. A menos que
fossemos para um lugar mais distante. San Diego?
- Você quer almoçar em San
Diego? Só se for almoço ajantarado, além disso um nerd famoso como você seria
facilmente reconhecido nas ruas. Pode abortar essa ideia. Eu passo no Marche e
levo uma comidinha gostosa para nós. Pode esperar, chego logo. Trinta minutos
no máximo – desligando, emendou uma ligação para a sua agente solicitando a
nova minuta. Tinha pressa em entregar a nova proposta.
Nathan aguardava ansioso sua
esposa chegar. Quando o carro dela adentrou a garagem, ele foi ao seu encontro.
- Você demorou... – disse
beijando-lhe o rosto. Stana desceu do carro com as sacolas de comida. Seguiu
sem dar muita importância à clara aflição que vira nos olhos azuis. Não
conseguiu disfarçar que assim como ela estava preocupado. Deixando a comida sobre a mesa, sentou-se no
sofá. Ele a seguiu ficando ao lado dela – Stana...
- Eu não tenho certeza de que
acertei nessa reunião, mas estou confiante. O primeiro contrato passou uma
ideia totalmente errada do que eu queria. Não é à toa que estavam meio ariscos
a mim. Errei feio. Felizmente, consegui reverter a situação explicando a cláusula
como um mal entendido. Eles não estavam querendo me dar abertura para negociar
nada. Detestaram as ideias do contrato, foram enfáticos quanto ao fato de que
elas não eram itens de negociação.
- Mas então o que aconteceu
para você recobrar a confiança?
- Eu tive uma ideia maluca.
Após falar do quanto me preocupava com Castle, de manter o show fiel mesmo com
a saída de Terri e Andrew, eu... Nathan, por favor, não me odeie pelo que posso
ter feito ou pelo que isso possa representar. Foi um insight que tive e... pode
dar certo...
- Por que eu a odiaria? Eu
quero que a sua renovação de contrato saia. O importante é voltarmos a
trabalhar em julho sem problemas. Que ideia foi essa?
- Eles não queriam aceitar
minha proposta salarial e nem reduzir minhas horas, então eu me ofereci como
produtora da série. É uma forma de garantir que as ideias para as nossas
personagens serão usadas de forma coerente, teremos a essência do show mantida
porque não podemos decepcionar nosso público.
- Produtora? E eles aceitaram?
Deu certo?
- Disseram que precisam avaliar
e conversar com os produtores executivos da série. Pediram para revisar a
minuta do contrato. Já pedi a minha agência.
- Stana essa ideia foi
fantástica! Duvido que Terence negue. Ele sabe do seu amor à personagem. Quando
ficaram de dar uma resposta?
- Não sei. Eles vão enrolar
para me deixar mais aflita. Estou prevendo isso. Você não está chateado?
- Por que ficaria? Tudo o que
eu quero é você de volta no papel da sua vida. Por que eu não gostaria disso?
- Se alguém tinha que se tornar
produtor, a escolha mais sensata seria você. Pelo tempo de trabalho, sua
experiência em outros programas, por ser o ator principal. Não quero que isso
se torne uma barreira entre nós. A constatação de que possa ter mais voz que
você no show.
- Você é tão capacitada quanto
eu para assumir esse papel. E você falará por nós dois. Acredito que tem uma
excelente chance nas mãos. Vamos esperar a resposta e se eu estivesse no seu
lugar, não ficaria tão angustiada. Já vencemos essa batalha - Nathan a abraçou
aconchegando-a em seu peito, em seguida beijou-lhe os lábios – vamos esperar a
resposta. Enquanto isso, temos outras coisas para priorizar. Almoçamos e
teremos que repassar os detalhes do jantar de amanhã com Terri e Andrew, não
decidimos como será sua aparição, lembra?
Segurando o queixo dele, Stana
fitou por alguns segundos os olhos azuis. Sorveu os lábios com os seus
intensamente. Ela amava a confiança daquele homem, amava tudo nele. Ao seu
lado, descobriu o quanto era forte. Com Nathan, ela podia sempre mais.
Continua.......