Nota da Autora: Outro capítulo light. Explorando um pouco mais os momentos a dois. E tem Dana de volta! Para as leitoras que curtem angst, não se preocupem. Já tem cena de tensão ao final do capítulo, afinal vamos trabalhor o duplo... no próximo será hora de sofrer hahahaha - Enjoy!
Cap.26
Kate chegou ao
distrito com um semblante relaxado. Até às nove da manhã, quando Castle
apareceu com seu café matinal, não havia sido reportado nenhum assassinato. Sentado
na sua cadeira cativa, ele observava Beckett focada em responder emails e
solicitações de outros detetives. Ryan que até aquele momento não tinha
aparecido, aproximou-se deles cumprimentando-os sorridente.
- Espo me
contou que as coisas estão devagar por aqui. Ainda bem que pude ir ao banco
resolver uns problemas – ele parou para analisar o semblante de Beckett,
intrigado perguntou – Beckett, você está bronzeada? Andou viajando no fim de
semana? Hum... aposto que está de
namorado novo.
- Não estou
bronzeada – ela disse olhando para Castle rezando para que ele concordasse com
ela. Porém, Ryan foi mais rápido no interrogatório.
- Como
conseguiu essa façanha? Choveu o fim de semana inteiro em Manhattan – Kate
pegou um espelhinho na bolsa disfarçando enquanto pensava numa boa desculpa
para evitar mais perguntas do detetive.
- Fui a um
churrasco. Aniversário, em Jersey. Deve ser por isso. Tinha sol e mormaço.
- Você foi
para Jersey no final de semana? Para um aniversário? Ah, conta logo qual o nome
do cara porque com certeza você está namorando. O que você acha, Castle?
- Eu não sei
ao certo, mas você parece mais relaxada.
- Acabei de
voltar de um fim de semana que não trabalhei, fui ao aniversário de um amigo de
academia que trabalha na polícia de Jersey, obviamente estou me sentindo bem. E
antes que você insista mais uma vez, Ryan, eu não estou namorando.
- Hum... não
sei. Você pode me dar o nome desse policial para eu checar?
- Ryan! Quer
parar com o interrogatório? E desde quando devo satisfação da minha vida
pessoal a você. Pare de ser curioso e fofoqueiro.
- Não quero
invadir sua privacidade, Beckett. Por isso estou perguntando. Apenas me
preocupo com você. Vai que o cara que está saindo é um psicopata ou um bandido
ou...
- Ryan, eu sou
uma detetive, acho que sei analisar e escolher pessoas.
- Nem sempre –
disse Castle – vou ter que discordar um pouco de você, Beckett. Demming? Aquele
médico? Péssimo! Sem falar no cara do FBI, chato demais...nunca combinaria com
você.
- Virou
psicólogo, Castle? Não estou interessada em sessões de terapia – ela viu que o
assunto fez Ryan rir e aparentemente esquecer as perguntas que claramente
continuariam a serem feitas – quer ser útil? Aqui – estendeu a caneca para ele
– pode começar me servindo um café e você, não tem nenhum relatório para
concluir, um caso para arquivar, Ryan? – rindo, ele saiu balançando a cabeça –
foi o que pensei.
Quando Castle
retornou com o café expresso do jeito que ela gosta, viu que ela ainda
observava suas feições no espelho. Esperou que sentasse para comentar baixinho.
- Estou mesmo
tão bronzeada assim? Não posso ficar levantando suspeitas. Ryan percebe essas
coisas, ele tem um lado para o romance aguçado.
- Não está.
Talvez porque você passou muito tempo sem se dar ao luxo de sentir o sol na sua
pele, então logo ressalta a nova cor. Fique tranquila, ele não vai descobrir –
o telefone da mesa de Beckett toca. Após alguns minutos de conversa, ela
retornou o aparelho para o gancho e sorriu – temos trabalho – riu quando Castle
vibrou com a notícia e gritou pelos rapazes – hey, Ryan! Temos um corpo,
mexa-se e ligue para o seu parceiro. 21st e Park. Avise ao ME. Vamos, Castle?
O caso era um
assassinato pré-meditado. Apesar disso, as evidências encontradas na cena do
crime além de pistas sobre atividades bastante suspeitas no apartamento da
vítima, fariam o trabalho de investigação de Beckett bem mais fácil. Os
arquivos de negócios que existiam no notebook apreendido, revelavam
comunicações com pelo menos dois suspeitos com passagem na policia.
Em menos de 48
horas, Beckett e Castle solucionaram o crime. O motivo era um dos mais antigos
da humanidade, dinheiro. Beckett se dedicou a fazer o relatório para arquivar o
caso o mais rápido possível. Conforme prometera ao escritor, deveria tirar um
ou dois dias na semana para dormir com ele no loft. Ela pretendia fazer isso
hoje, para tanto precisava correr a fim de sair do distrito pelo menos por
volta das sete. Depois de muita adulação, ela conseguiu convencê-lo a ir para
casa com uma promessa. De que ela o encontraria mais tarde.
Quando pegou
sua bolsa e casaco para finalmente ir para casa, o capitão chamou-a assim que
viu a detetive passar na frente de sua sala. Beckett sinceramente esperava que
não fosse um novo caso ou algo urgente para acabar com a sua programação da
noite. Antes de falar qualquer coisa, Montgomery fez sinal para que ela se
sentasse na cadeira a sua frente. Obedecendo, ela cruzou as pernas e esperou.
- Beckett,
você fechou o caso muito rápido. Já recebi o seu relatório. Estou
impressionado.
- Era um caso
relativamente fácil, as evidências estavam lá nos levando ao culpado sem muito
esforço. A ganância acaba denunciando aquele que errou mais facilmente.
- Seu
desempenho no caso irá nos ajudar bastante na reunião que pretendo fazer
amanhã. Acabei de receber o relatório estatístico da performance desse
distrito. A exceção de você, as marcas dos demais detetives estão muito aquém
do que deveríamos alcançar. Preciso cobrar velocidade e raciocínio dos meus
homens. Você não tem problema quanto a isso, certo? Usar seu histórico e seu
exemplo para dar um puxão de orelha neles?
- Claro que
não, Capitão. Faça o que for melhor para o nosso distrito.
- Ótimo, um
dia eu vou vê-la sentada nessa cadeira, Beckett. Você mais do que ninguém
merece chegar longe. A capitania de um distrito e arrisco-me a completar, quem
sabe comandante do 1PP?
- Não é para
tanto, senhor.
- Por que não?
Talento você tem de sobra para isso. Basta querer. Vejo grandes feitos em seu
futuro, Beckett. Deve acreditar nisso. Pode ir, boa noite detetive.
- Boa noite,
senhor – feliz com a opinião de seu capitão, Beckett seguiu para o apartamento
de Castle. Ela já saíra prevenida de casa com sua valise de pernoite. A boa
situação com Montgomery talvez pudesse ajuda-la a conseguir os dias de folga
para acompanhar Castle a Europa. O pensamento agora não parecia tão louco, ela
estava começando a gostar da possibilidade. Riu sozinha ao volante. Espera até
ela contar a Dana que tinha razão. Esse lance de relacionamento era muito bom.
Ao chegar no
loft encontrou Castle e Alexis conversando no sofá. Cumprimentou a menina com
um beijo na bochecha e sentou-se ao lado dele acariciando sua perna, beijando-o
rapidamente os lábios.
- O que vocês
estavam fazendo?
- Esperando
por você para jantar. Papai pensou em pedir comida do Le Cirque, o filé deles é
maravilhoso – Alexis para de falar por um instante fitando a mulher ao lado de
seu pai – nossa! Você está bronzeada, pelo jeito o fim de semana foi muito bom.
Está corada, tranquila.
- Foi bom
mesmo, Alexis. Aquele lugar é muito relaxante. Quanto ao jantar, eu estou com
tanta fome que sou capaz de comer um boi inteiro. Castle, vou deixar essa bolsa
no seu quarto. Posso tomar um banho?
- Claro! Nem
precisa perguntar. A casa é sua, Kate – disse Castle.
- Tudo bem.
Peça logo essa comida antes que eu desmaie de fome.
Ao sair do
banho, Kate apareceu usando uma calça de moletom e uma camisa da NYPD. A mesa
já estava posta apenas aguardando a comida e Alexis continuava no sofá
remexendo em seu ipad. Ela aproveitou a distração da menina para aproximar-se
do pai e roubar um beijo de verdade dele. As mãos vagavam pelas costas dele até
que envolvesse todo o corpo pressionando contra o seu.
- Esse é o
nosso primeiro beijo pós-Hamptons... quase 48 horas depois. Parece um caso de
homicídio – ele riu.
- Que bom que
poderemos tirar o atraso hoje. Completo, devo acrescentar.
- Quem disse?
– ela sorriu maliciosa para ele apertando de leve o traseiro dele. A campainha
tocou bem na hora – finalmente meu jantar. Tem vinho na geladeira? – ela já se
afastou dele indo na direção da cozinha.
- Sim,
sirva-nos enquanto pego a comida – Castle recebeu o entregador, pagou e colocou
os pratos extremamente quentes e cheirosos sobre a mesa. O aroma que encheu o
loft servira para aumentar ainda mais o apetite de Kate – Alexis, venha jantar
– ele encarregou-se de servir as duas mulheres como um bom cavalheiro. A taça
com o vinho dele já estava na cabeceira, seu lugar cativo. Com cada uma delas
sentada ao seu lado, eles começaram a saborear a refeição. Alexis tinha razão,
a comida era espetacular.
- Nossa! Que
carne suculenta. Acho que nunca comi um filé tão bom. E essas batatas noisettes
gratinadas são irresistíveis – disse Kate bebericando mais um pouco de vinho.
- Eu avisei –
disse a menina satisfeita com a recomendação que fizera – como não pedimos
sobremesa, você, pai, está intimado a preparar para nós seu famoso chocolate
quente com mashmallows. E não tem negociação. Sei que Kate é fã de café, mas
duvido que resista a esse chocolate.
- Já fiquei
curiosa, se for tão bom quanto o carbonara dele...
- Ah, ele fez
o prato especial para você? Mais um motivo para provar do chocolate. Ele tem
mão boa para algumas coisas. Outras nem tanto.
- Eu faço o
chocolate se você me prometer fazer novamente aquela mousse divina. Alexis,
você precisa provar a mousse de Kate. Não tem ideia do quanto é bom. Promete?
- Tudo bem,
qualquer dia eu faço. Quem sabe no fim de semana? E Alexis, não é para tanto,
sabe como seu pai é exagerado.
- Hum, quer
dizer que temos outra pessoa que domina a culinária em nosso convívio? E
modesta, ao contrário de alguém. Estou começando a gostar ainda mais dessa
história – Alexis inclinou-se na direção de Kate cochichando – sério, fique
longe das omeletes dele. Conselho de amiga – ela riu da cara de preocupação que
a menina esboçava, devia ser algo muito ruim mesmo. Piscou para ela
concordando.
- O que vocês
duas cochicham aí que eu não posso ouvir? – perguntou Castle já enciumado.
- Nada demais.
Assunto de mulheres – Kate meteu outra garfada na boca – a propósito, onde está
a outra mulher dessa casa? Martha deveria estar jantando conosco, não?
- A vovó está
empolgada com a construção do espaço da sua escola de teatro. Quer supervisionar
tudo. Não vê a hora de inaugurar o local.
- Tudo isso
graças a você. A ideia foi sua, Kate – ela nada falou apenas sorriu bebendo um
pouco mais do vinho.
Assim que
terminaram a refeição, Kate recolheu os pratos e retornou à sala com a menina
para esperar o tal chocolate. Usando uma taça de sorvete, Castle preparou a
bebida levando as três taças em uma bandeja colocando-a sobre a mesinha de
centro. O visual era incrível. Mesmo que estivesse ruim, apenas de olhar a taça
devidamente cheia com calda de chocolate, o líquido, pedacinhos de mashmallows
e uma cobertura de chantilly no topo, dava uma vontade louca de experimentar. Ao
provar, ela constatou que a propaganda de Alexis não fora exagerada. A bebida
era deliciosa e a mistura de bolinhas de mashmallows com o chocolate grosso e
amargo era especial. Descobriu também que o que julgara ser cobertura de
chocolate era, na verdade, nutella. Como não amar?
- Castle, você
se superou. Isso é muito gostoso.
- Eu disse.
Quando ele lhe fizer raiva, pode explorar. Mande preparar isso para você. Ah, é
excelente naqueles dias de TPM também.
- Obrigada
pela dica.
- Por nada.
Vou subir para o meu quarto, amanhã tenho aula bem cedo. Boa noite, Kate –
disse beijando-lhe a bochecha repetindo o gesto com o pai – boa noite, pai.
- Bons sonhos,
querida.
Ficando
sozinhos logo após Beckett terminar a sobremesa, ele a arrastou para o quarto
em meio a beijos e abraços. Bastou estarem entre quatro paredes para o fogo os
dominar novamente e perderem-se nos braços um do outro fazendo amor.
Satisfeitos após quase uma hora de sexo, Kate acomodou-se no peito dele. As
pontas dos dedos acariciando levemente a pele.
- Foi uma
noite ótima. O que me lembra que tenho uma novidade – Kate contou então de sua
conversa com Montgomery a respeito de performance, estatística e futuro –
diante de todos esses elogios, pensei que meu pedido para sair de férias por
cinco dias não parece tão impossível assim.
- Você
perguntou a ele?
- Não, prefiro
esperar a reunião. Acredito que a conversa será melhor após a divulgação dos
resultados do distrito.
- Tenho
certeza que ele irá ceder diante da melhor detetive de Nova York. E concordo
com o capitão, você pode ter o cargo que quiser na NYPD. Tem competência para
isso. Já imaginou? Capitã Beckett... wow, soa tão sexy!
- Calma,
Castle. Ainda tenho muito chão para galgar. Não me sinto preparada ou confiante
o suficiente para comandar um distrito inteiro. Prefiro continuar no campo por
mais um tempo, um passo de cada vez. Devagar.
- Tudo bem,
mas não duvide do que pode alcançar, amor. Você nasceu para brilhar – ele virou
o rosto para encontrar seus lábios – acho que adivinhei um pouco o seu futuro
quando escrevi Heat Rises. Nikki definitivamente é muito você.
- Como assim?
– ela perguntou curiosa.
- Se falasse
algo mais seria spoiler. Você verá – ele sorriu beijando-a novamente - boa
noite, minha detetive.
- Boa noite,
Cas...
Cedo Kate já
estava de pé arrumando-se para o trabalho. Castle ainda dormia esparramado na
cama. Sorrindo, decidiu por não acorda-lo. Ele não tinha a obrigação de estar
cedo no distrito especialmente quando o capitão pretendia fazer uma reunião com
todos os seus subordinados. Ao chegar na sala, encontrou Alexis no balcão
preparando um sanduiche.
- Bom dia,
Kate. Quer tomar café?
- Melhor não,
Alexis. Eu devo estar no distrito às oito.
- São sete e
quinze, temos tempo de sobra. Papai ainda está dormindo? – Kate fez que sim com
a cabeça enquanto acatava o pedido da menina servindo-se do café pronto na
cafeteira – e você não vai acorda-lo? Ele não ficará nada satisfeito se souber
que saiu e nem o avisou.
- Pensei em
deixa-lo dormir mais um pouco. Você acha que ele ficaria chateado se eu saísse
para trabalhar sem acorda-lo?
- Com certeza.
Se você dormiu aqui, ele vai querer acordar e tomar o café da manhã. Como se
fosse rotina, aliás é isso que ele quer criar com você – Kate sentou-se em uma
das banquetas e baixou a cabeça suspirando.
- Eu sou
péssima nisso. Acho que passei muito tempo sozinha para me lembrar do que
significa estar com outro, ter essa intimidade. Às vezes não sei como agir em
determinadas situações. Como agora. Se você não me falasse, eu provavelmente
iria embora sem considerar o que Castle pensaria na maior boa intenção,
querendo que ele descansasse e iria arrumar uma cara feia ou uma briga. Sou um
zero a esquerda.
- Não é.
Apenas passou muito tempo sem realmente conviver e gostar de alguém. Além do
mais, eu não sou nenhuma expert em relacionamentos, mas conheço bem o meu pai.
E se tem uma coisa que os Castles não admitem é que saiam da nossa casa sem uma
refeição. Quer um sanduiche? – enquanto as duas conversavam e desfrutavam do
café, um Castle sonolento apareceu na cozinha.
- Bom dia –
disse beijando o rosto da filha e em seguida a namorada – vocês acordaram cedo
demais.
- São sete e
meia, Castle. Tenho que estar no distrito às oito. Mas pode ficar dormindo se
quiser. Montgomery vai nos ocupar pela manhã com a tal reunião que lhe falei –
ele roubou um pedaço de brioche de Alexis e pegou um bagel para preparar um
sanduiche – fique tranquilo.
- Talvez eu
faça isso. Quer omelete?
- Não, obrigada.
Realmente estou satisfeita – lembrando-se do comentário de Alexis, ela deu um
passo atrás – mas não dispensaria seu café – sorrindo, ele caminhou até a
cafeteira para agradar a amada. Depois de beber o café, ela consultou o relógio
- Vou escovar os dentes e sair – beijou-lhe a testa arrumando os fios teimosos
que insistiam em cair por ali. Cinco minutos depois, Kate aparecia na sala de
bolsa, casaco, pronta para um novo dia de trabalho. Despediu-se de Alexis e
beijou o namorado – eu ligo se algo interessante aparecer. Almoçamos juntos? –
ele fez que sim com a cabeça. Satisfeita, ela saiu com Castle fechando a porta
atrás de si ainda admirando a bela mulher caminhar até o elevador.
Mal chegara ao
distrito, Ryan e Esposito vieram questiona-la sobre a reunião que Montgomery
marcara para as oito e trinta, Kate disfarçou dizendo não saber do que se
tratava. Foram duas longas horas de puxões de orelha, gritos e justificativas
não aceitas pelo capitão. Em meio a tudo isso, uma chuva de elogios a Beckett e
somente a ela, deixando seus colegas um pouco chateados ao mesmo tempo que ela
ficava sem jeito. Terminada a sessão tortura como o próprio Esposito nomeara a
reunião, não havia um novo caso para ser investigado.
Beckett estava
pensativa. Será que deveria aproveitar-se do bom momento para pedir ao capitão
os dias extras de férias? Ao vê-lo de semblante irritado, achou por bem adiar
até o fim do dia. Sem nada para fazer, ela passou uma mensagem para Castle
“cadê meu café?“ em seguida, resolveu mexer com a amiga, não falava com ela a
uma semana. Dana certamente queria saber o que rolara nos Hamptons. Escreveu a
seguinte mensagem “Oi, Dana. Cuidando dos loucos ou tem um tempo para ouvir uma
mulher estreante em relacionamentos? Preciso de conselhos... beijo. KB”.
Não se passou
nem cinco minutos e Dana retornou a mensagem. “Quer almoçar comigo?”. Rindo,
ela se viu entre mensagens. Sabia que a ela não resistiria ao comentário, mas
seu horário de almoço já estava combinado. Era de Castle. Quando ela ia
responder informando para Dana, recebeu uma ligação dele.
- Oi, amor.
Estou chegando com o seu café, mas acabei de receber uma ligação de Gina para
eu passar na editora. Aparentemente, tem uma conferência com a Itália para
acertar uns detalhes comigo. Nosso almoço babou. Sinto muito.
- Poxa, tudo
bem. Amanhã almoçamos juntos então. Te espero com o café.
Desligou e respondeu
a mensagem da amiga “Ótimo. Nos encontramos no Katz. Meio-dia.”
Dez minutos
depois, Castle aparece no distrito trazendo o tão esperado café. Ela sorriu
agradecendo silenciosamente o gesto do escritor já que não podia beija-lo em
retribuição. Após o primeiro longo gole, ela perguntou.
- Essa reunião
não podia ser outra hora?
- É devido à
diferença de fuso. Melhor fazer agora do que quase de madrugada. Ainda não sei
porque eles querem falar comigo, porém Gina me intimou. Tem algum problema se
eu mencionar que não irei sozinho? A organização precisa saber.
- Castle, eu
nem sei se vou poder ir. Melhor evitar. Aliás, já comentei com você que se
formos, podemos ter problemas, as pessoas vão começar a perguntar. Aposto que
haverá questionamentos do tipo Nikki é sua namorada? A musa vai além das
paginas? Tenho medo do que isso venha a representar para a nossa relação.
- Fique
tranquila, não vamos estragar nada. Não irei falar seu nome, apenas direi que
levarei uma acompanhante. Pode ser Alexis, por que não? Mas estou contando com
você.
- Veremos.
- Tenho que
ir, Beckett. Gina detesta atrasos e a conferência começa ao meio-dia em ponto.
- Tudo bem,
acho que hoje não vai acontecer nada. Se as coisas mudarem, eu ligo para você –
Beckett disse piscando para o homem a sua frente. Mais tarde, ela deixou o
distrito para se encontrar com a amiga. Nada como um bom almoço para conversar
sobre essa nova fase da sua vida. Optou por usar o metrô, além da rapidez ela
evitava o stress com o transito. Beckett chegou primeiro pedindo uma porção de brisket
e uma limonada. Dez minutos depois, Dana se juntava a ela com um sorriso enorme
no rosto.
- Estava presa
no consultório. Desculpe – roubou um pedaço da carne dela – que fome! E que
cara maravilhosa, hein Kate? Seus olhos brilham, sua pele está ótima, coisas do
amor. Então, quero saber todos os detalhes do fim de semana nos Hamptons.
Enlouqueceu o homem? Nem vou perguntar se valeu a pena, seu semblante diz tudo.
- Antes de
começar a conversar, que tal pedimos a comida? Aí, ficamos tranquilas para nos
demorarmos à vontade. Hoje as coisas estão bem leves no distrito e Castle tem
uma reunião na editora.
- Tudo bem, eu
já sei o que quero mesmo – ela chamou o garçom, fizeram os pedidos,
recomendações e quando ele se afastou após entregar as bebidas a elas, a
conversa podia fluir – como foi o período nos Hamptons?
- Foi
maravilhoso. Estar sozinha com Castle, sem maiores preocupações ou chateação.
Aproveitamos o lugar, o mar, a casa. E antes que me pergunte, a cama. Eu
preparei uma pequena surpresa para anima-lo, algo com algemas. Nem preciso
dizer que ele adorou.
- Posso
imaginar. E você como está se sentindo?
- Ah, Dana...
estou ótima. Eu me lembrei de você quando estava lá. Descobrir o quanto é
importante sentir. Não preciso racionalizar sobre tudo. Foi fácil compreender
que passar momentos a dois, trocando carinhos, beijos, sendo de certa forma mimada
por alguém é bom demais. Isso não me diminui como pessoa. Quer dizer, deixar
alguém cuidar de mim não me torna frágil. Eu realmente gostei de estar nos braços
dele.
- Wow! Estou
gostando de ver.
- É, eu me
sinto bem. Tudo é relativamente novo com Castle, porém ao mesmo tempo parece
que fazemos isso há anos. É natural. Todos falam de nossa sincronia, do jeito
que trabalhamos e isso reflete na nossa relação pessoal.
- Quem diria
você falando de relacionamento, de sentir, estou orgulhosa. É bom estar
apaixonada dessa maneira por alguém que retribui, nos faz sentir bem, relaxar.
Tudo fica mais bonito. E quanto à família dele, tudo sob controle?
- Sim, a mãe
dele gosta de mim. Acho que já está acostumada a ver o filho desfilando com
mulheres, namoradas, minha preocupação era com Alexis. Por enquanto, estou me
dando bem com a menina. Não quero me intrometer na relação de pai e filha. Eu
já jantei com as duas, fiz algo formal e por último, dormi no loft. Então,
acredito que esteja tudo bem. Eu pedi a Castle para manter nossa relação em
sigilo. Não quero virar a fofoca do distrito e nem que pensem que estou fazendo
as vontades ou protegendo Castle. Principalmente depois da última reunião do
departamento na qual o capitão teceu elogios para meu trabalho e brigou com
todos os demais detetives.
- Tudo bem
você querer o sigilo por um tempo, é interessante para aproveitarem esse começo
de relação, saber como se comportar, entender o outro. Só espero que não demore
muito. Você sabe que esse relacionamento é importante para Castle. Ele não vê a
hora de poder mostrar ao mundo que você é a garota dele, exibi-la ao seu lado
porque ele te acha linda, te admira. Não negue isso a ele, Kate.
- Eu sei. Esse
tipo de situação me deixa receosa, era sobre esse assunto que gostaria de seu
conselho. Quando estávamos nos Hamptons, ele me convidou para ir à Itália, se
lembra do lançamento dos livros da série Heat? – Dana meneou a cabeça em acordo
– ele quer que eu o acompanhe. Tenho medo que acabemos criando problemas,
fofocas sabe? Se eu sair com Castle por Roma, aposto que os papparazzis fariam
a festa.
- Será que não
está exagerando? Você mesmo gostou de ficar nos Hamptons, seria uma viagem a
dois diferente, longe daqui.
- Eu disse a
ele que não podia sair. Meu emprego exige planejamento e não tenho dias de
férias. Eu prometi a Castle falar com Montgomery para antecipar cinco dias,
depois dos elogios que recebi talvez ele não se importasse. Mas o resultado da
reunião e a irritação do capitão me deixou preocupada.
- Ora, mas se
ele não tem qualquer problema com você, por que todo esse receio?
- Eu não sei.
Estarei em um território estranho, lá sou uma pessoa comum não a policial. Estaremos
no meio do ambiente dele, editores, livrarias, seria uma presa fácil. Aposto
que não me chamariam nem de Kate, eu seria Nikki. Vejo muitas coisas que podem
dar errado nessa viagem. Dana, estou errada? Diga alguma coisa que contradiga o
meu pensamento e justifique enfrentar meu capitão para ir nessa aventura com
Castle.
- Você mesma
já disse, Kate. Não apenas nesse instante por estar quase implorando que a
convença a ir, mas também pelas primeiras palavras que usou para descrever esse
momento da sua vida. Essa viagem trata-se de sentir, passar momentos com alguém
especial, numa atmosfera especial. Estamos falando de Roma, Kate. A bela Itália,
romance, vinhos, paisagens incríveis, boa comida. Vamos lá, você quer ir. Fale
com Montgomery. E somente pelo seu jeito de falar, sei que está sonhando com as
coisas que poderia fazer se estivesse em Roma com Castle – Kate mordiscou os
lábios – quer saber? Ia ser muito legal posar de Nikki Heat. Pense nisso.
- Não exagere,
Dana – elas terminaram a refeição, comeram sobremesa e despediram-se com a
promessa de Kate lutar pela viagem e confirmar que irá para Itália. Quando
retornou ao distrito, a calmaria continuava reinando. Algo bastante atípico
para o 12th. Um dos detetives pediu a ajuda de Beckett para entender o motivo
de um caso que investigava. Prontamente, ela se sentou ao lado dele para
analisar os dados. Acabou desvendando o mistério através de uma pista não
considerada pelo colega. Um novo suspeito surgiu e após o interrogatório, o
caso foi encerrado.
Ryan chamou-a
também para dar uma olhada em um vídeo que investigava para auxiliar outro
colega. Assim, a tarde passou muito rápido. Ao arrumar-se para encerrar e
finalmente ir para casa apesar do pedido de Castle para que ela fosse ao loft,
Beckett decidiu aproveitar o instante que o capitão estava sozinho em sua sala
para tentar convencê-lo sobre as férias.
- Com licença,
Capitão. Posso falar um minuto com o senhor?
- Claro,
detetive. Entre e feche a porta – Beckett fechou o escritório sentando-se na
frente de seu superior – do que se trata, Beckett?
- Eu preciso
de uma ajuda. Não tenho nenhum dia ou período de férias para gozar, contudo
estou precisando de cinco dias daqui a duas semanas. Gostaria de saber se é
possível o senhor me antecipar esse tempo.
- Duas
semanas? Está um pouco em cima, não?
- Eu sei,
senhor. Desculpe. Não pediria se não fosse um assunto pessoal.
- Pessoal?
Detetive, isso não está de alguma forma relacionado com o caso da sua mãe,
está?
- Não, senhor.
É outro motivo pessoal.
- Beckett,
pelo seu histórico eu deveria libera-la sem objeção. O problema é que estamos
em um momento extremamente crítico, você viu os números do nosso distrito hoje
na reunião. Na verdade, o indicador não está pior devido ao seu desempenho que
está muito acima da média. Eu sei que não posso culpar você por isso, mas abrir
mão da minha melhor detetive agora poderá comprometer ainda mais a performance
do 12th.
Beckett
continuou com o semblante sério, não queria demonstrar ao seu desapontamento
com a desculpa esfarrapada do seu capitão. Por dentro estava irritada. Engoliu
em seco para manter a pose diante do seu superior. Montgomery não passou alheio
à linguagem corporal dela.
- Faremos
assim, me dê uns dias para pensar. Talvez consiga enxergar alguma solução para
resolver o meu problema e liberar os dias para você. Prometo que pensarei sobre
o assunto, Beckett.
- Obrigada,
senhor – disse Beckett se levantando da cadeira rumo à porta. Castle não ia
gostar nada dessa notícia – boa noite.
- Boa noite,
detetive.
Andando até
seu carro, Beckett estava pensativa em como contaria a Castle que a
possibilidade de não viajar com ele para a Itália era bem grande. Essa era uma
notícia que deveria ser dada pessoalmente. Começando a dirigir, tomou o rumo do
loft. Abrindo a porta, Castle surpreendeu-se ao ver Kate a sua frente.
- Kate, você
não disse que ia para casa? Aconteceu alguma coisa?
- Ainda não.
Posso entrar?
- Claro,
claro. Entre – dando espaço para Beckett adentrar sua sala – você já jantou?
- Não, acabei
de sair do distrito. Vim direto para cá. Está sozinho? Podemos sair para comer
alguma coisa.
- Alexis está
estudando lá em cima. Melhor pedirmos algo. Comida chinesa?
- Por mim,
tudo bem. Eu vou usar o toalete, já volto – enquanto isso, Castle pegou o telefone
fazendo o pedido do jantar. Ao se deparar com Kate sentada novamente no sofá,
sem sapatos e de pernas cruzadas parecia relaxada, porém algo em seu semblante
denotava preocupação. Um vinho cairia muito bem nesse momento. Ele se viu
caminhando até a geladeira e servindo duas taças de um tinto cabernet.
Sentou-se ao lado dela no sofá estendendo o copo.
- Aconteceu
alguma coisa? – ele perguntou vendo-a sorver o vinho.
- Prefiro que
conversemos sobre isso depois do jantar. Acho que estou precisando de um carinho.
Você nem me deu um beijo quando cheguei.
- Hum...está
precisando de carinho, é? A detetive mandona? É você mesmo ou foi abduzida? –
ele a puxou pelo queixo beijando vagarosamente os lábios. Suave e delicadamente
abusando da sedução, os dedos roçavam o lóbulo da orelha fazendo os pelos da
nuca arrepiarem-se – melhor assim?
- Muito melhor
– a campainha tocou anunciando a chegada do jantar. Castle gritou por Alexis e
seguiu para receber a comida. Devidamente sentados à mesa, Alexis puxou uma conversa
sobre universidades com Kate. Apesar de não estar no último ano, a menina já
começava a pesquisar as possibilidades. Kate falou de Stanford e da NYU, a
menina se lembrou de Columbia e a toda poderosa Yale e Harvard que não eram as
primeiras escolhas dela. Castle ouvia a conversa sem opinar, gostava de ver a
interação entre as duas. Em seguida o tópico mudou para comida e temperos. Meia
hora depois, Kate se levantou com os pratos enquanto a menina subiu para
estudar e dormir.
Assim que
ajeitou a cozinha, Castle e ela seguiram um pouco a contragosto para o quarto.
Ela deixou claro que não dormiria hoje ali. A sós, sentados na cama, ele
perguntou novamente o que a incomodava.
- Será que
pode me contar o que está lhe preocupando?
- Não é bem
uma preocupação – ela pegou a mão dele na sua – é, na verdade, um pouco de
frustração. Eu conversei com o capitão sobre tirar os dias de recesso, a
resposta dele não foi nada animadora. Ele anda bastante estressado com a
performance do departamento e está contando comigo para reverter isso ou pelo
menos segurar o indicador que tem agora. Ele não descartou totalmente a
possibilidade, mas a probabilidade é bem baixa.
- Ah, amor...
Montgomery não pode jogar esse peso sobre suas costas. Ajudar, tudo bem. Mas
depender de você? É errado.
- Eu sei, ele
também sabe. Pediu uns dias para analisar e pensar – ela ficou pensativa
olhando para o lado – não acredito que irei dizer isso – sorriu - Eu já estava
esperando por essa viagem. Gostei da ideia, independente do risco por causa de
Nikki, seria bom desfrutarmos da bela gastronomia italiana juntos.
- Não fique
tão descrente, ele a conhece bem. Sabe da sua dedicação, ainda acredito que ele
irá ceder. Não use seu talento e tempo para pensar demais. Quero que esqueça isso. Se tivermos que ir
juntos e aproveitar, faremos. Você verá – beijou-a novamente – que tal mudarmos
de assunto? Por que você não fica aqui hoje? Podemos nos aconchegar, posso te
encher de carinhos...
- Castle, não
tenho roupa. Preciso trabalhar cedo esqueceu?
- Desculpas,
desculpas. Por que não deixa as suas coisas aqui? Uma pequena valise? Arranjo um
espaço no meu armário para você – ela arregalou os olhos realmente surpresa com
a sugestão dele. Em retorno, ela abraçou-o deixando a mão percorrer o peito
dele. Usou os dentes para marcar o pescoço levemente.
- Talvez eu
esteja levando esse lance de relacionamento muito a sério, mas não seria mais interessante
não nos vermos por um tempo para sentir saudade e o reencontro ser ainda
melhor?
- Para quem
não estava a fim de um relacionamento e nem tem muita experiência, você está me
saindo uma bela surpresa, Kate Beckett.
- Você acha? –
então sorrindo maliciosamente deixou a mão escorregar até o meio das pernas
dele enquanto os lábios se ocupavam em beija-lo desviando toda a atenção de
Castle para que pudesse continuar sua pequena loucura. A respiração dele
começou a ficar pesada durante o balé que ela executava com a língua dentro da
boca. A mão trabalhava de forma ágil fazendo-o gemer diante das carícias que
Kate proporcionava. O coração disparava no peito e o membro já completamente
excitado causava uma pontada de dor por estar preso às roupas. Sussurrando após
mordicar o lóbulo da orelha, ela parou o que estava fazendo erguendo-se da cama
– boa noite, Castle. Durma bem.
Perplexo por
estar completamente sem ação, continuou estático na cama observando-a se
afastar dele. Um gemido rouco escapou-lhe dos lábios. Chamava por ela.
- Kate... por
favor... – estático e à beira de um orgasmo, ele não conseguia levantar-se.
Louca. Simplesmente, louca. Era a única palavra que vinha a sua mente naquele
instante. Um sorriso despontou no rosto. Castle passou as mãos pelos cabelos.
Respirando fundo. Nem sinal dela em seu campo de visão. Conhecendo bem a sua
detetive musa e agora namorada, ela já devia estar longe. Com certa
dificuldade, ele seguiu para o chuveiro. Precisava desesperadamente de um banho
gelado.
Uma hora
depois, Kate estava deitada em sua cama quando o celular tocou indicando que
havia uma nova mensagem. Ao ver de quem era, apenas sorriu. Sorriso que se
transformou em gargalhada no momento que leu o que ele havia escrito “Por sua
culpa, me senti com 13 anos novamente. Vai ter volta, detetive... Nikki nunca
resiste aos encantos de Rook. Nada justo, insensível. RC”. Não podia passar em
branco e respondeu com uma clássica “Contando com isso. KB”. Com a promessa de
uma breve surpresa, ela dormiu como um anjo
Na manhã
seguinte, Kate recebe um chamado de Esposito antes mesmo de sair de casa. Enviou
uma mensagem para Castle dizendo que ia passar para pegá-lo em quinze minutos
se não pegasse trânsito. Chegando ao local do crime cada um com seu copo de
café, receberam as explicações sobre a vítima. Amir Alhabi, morto e com seu
taxi depenado. Um tiro de 9mm na testa e sinais de tortura nos dedos das mãos.
Imigrante da Síria com cidadania americana, Amir dividia o taxi com seu primo
Jamal. O curioso era que antes de aparentemente morrer, ele foi a Washington
Heights, um bairro barra pesada conhecido por drogas e prostituição, o nome
causava calafrios em Beckett por ser o lugar onde sua mãe fora assassinada.
Ao conversar
com a mulher dele, Beckett percebeu que ele não era uma pessoa de vida simples.
Nem a esposa, nem o primo pareciam duvidar da integridade de Amir, porém CSU
descobriu câmeras de segurança em seu taxi, grandes quantidades de dinheiro e
muitas coisas estranhas em suas finanças, além disso a esposa revelou que
tinham problemas de saúde com a filha, precisava de cirurgia o que explicava
algumas contas encontradas por Ryan em sua análise. Beckett estava nervosa, o
caso estava enrolado e simplesmente ela não conseguia entender o que estava
acontecendo. Não era apenas um assassinato seguido de roubo, algo não fazia
sentido naquela história.
E Beckett tinha
razão. Amir recebeu a quantia de dez mil dólares há dois dias atrás. Levou um
passageiro para uma longa volta pela cidade deixando-o no mesmo local que o
pegaram. O homem identificado por Esposito foi abordado por Beckett tendo sua
identidade revelada. Era membro do consulado da Síria. Trabalhava com segurança
e espionagem adicionando a isso o porte de uma 9mm, o mesmo tipo de arma que
matara Amir. Apesar de confiscar sua arma forçando-o a vir até o 12th, ele não
era o assassino. Tinha um álibi sólido.
Castle estava
intrigado com a primeira pista que encontraram com Amir. Uma combinação de
números. Olhava atentamente para o quadro. A mente trabalhando agilmente enquanto
olhava a sequencia C4121652. Voltou sua atenção ao trajeto que a vítima fizera
de taxi. 1652 para Castle era um endereço provavelmente na Avenida St. Nicolas.
Ao pesquisar, depararam-se com um armazém o que levou o escritor a concluir seu
raciocínio. C412 era a unidade alugada por Amir.
Beckett seguiu
com ele até o armazém. Segurava uma sacola preta. Enquanto Castle divagava
sobre o intrigante caso, ela colocou a sacola na frente da unidade remexendo em
seu conteúdo. A próxima pergunta de como abririam o lugar, Beckett mostrou um
alicate de pressão gigante fazendo pose com uma cara maliciosa para castle.
- Por razões
incômodas demais para serem mencionadas, eu acho isso sexy – ele segurou a
respiração.
- Ou, eu
peguei as chaves de Amir da propriedade então tomara que ela abra o espaço como
espero.
- Você é má,
Kate Beckett. Muito má – ele engoliu em seco ao ver o pequeno sorriso no canto
dos lábios dela.
Eles entraram
no deposito. Estava escuro e a sensação era de que o ambiente estava vazio.
Porém, quando Beckett usou a lanterna para iluminar o local, percebeu
explosivos plásticos. O pensamento dela foi um só: uma bomba. Antes de dar a
notícia para Castle, o dispositivo de segurança que trazia consigo disparou.
Ela arregalou os olhos ao ver o indicador subir de verde para amarelo e se
encaminhar para o vermelho. Com pressa, ela empurrou Castle para fora da
unidade e fechou-a depressa.
- Castle,
afaste-se! Corra, corra!
- O que foi? –
Castle perguntou espantado. Ela não respondeu imediatamente pegando o telefone
e comunicando o ocorrido para a central.
- Aqui é Kate
Beckett. Distintivo 41319. Eu fui exposta a altos níveis de radiação.
Precisamos de serviços de emergência urgentemente – o pânico estampado no rosto
dela, agora era refletido no dele. Apenas se olhavam, incapazes de dizer uma
palavra. Cinco minutos se passaram até que a unidade de segurança chegou. Eles
foram separados sem maiores explicações. Todos usavam trajes contra radiação e
apertavam, colocavam instrumentos sobre a pele de Castle, faziam medições. Ele
implorava por respostas e gritava o nome de Beckett exigindo que o levassem a
ela ou dissessem algo sobre o que acontecia.
Arrastado
pelos braços, eles o jogaram em uma espécie de abrigo contra radiação sem se
importar com os apelos que fazia. Preocupado, ele apenas pensava nela. Queria
saber se estava bem. Ao virar-se, viu que Kate estava no fim do abrigo olhando
assustada para ele. As feições dela demonstrava que estava tão apavorada e
perdida quanto ele. Pelo menos agora estavam juntos e dariam um jeito de
escapar dali. Um pensamento ruim insistia em povoar sua mente, o que quer que
fosse esse caso, eles corriam risco de vida. Tinha que evitar pensar no pior. Ele
viu uma suposta abertura em uma das paredes com um zíper. Era uma janela
improvisada. Ao abri-la não viu nada que pudesse clarear as ideias somente um
monte de homens encapuzados até o ultimo fio de cabelo andando de um lado para
o outro.
Beckett tinha
se sentado num banco improvisado. Conhecia-a o suficiente para saber que estava
nervosa e insegura. A dança com as mãos denunciava isso. Por fora, pretendia mostrar-se
forte. Ela sempre esquecia que ao lado dele podia agir de maneira diferente. Castle
se aproximou e perguntou o que temia.
- Esse seu
dispositivo é capaz de indicar o nível de radiação ao qual fomos expostos.
Quanto numa escala de raio-x a Chernobil?
- Atingiu o
nível máximo – a troca de olhares ilustrava que ambos pensavam a mesma coisa
embora Beckett quisesse parecer ainda no controle.
- Uma bomba
radiotiva... – Castle deixou o pensamento e a frustração ser externada.
- Castle, nós
não sabemos se é uma bomba – ela falou procurando não demonstrar o que
realmente estava sentindo, sequer olhava para ele. Percebeu que ela estava com
os braços apertados contra a cintura comprimindo o estomago como se aquilo
fosse suficiente para mantê-la inteira naquele momento. Comentar sobre
situações de calamidade serviria para deixa-la insegura e culpada. Resolveu
mudar de estratégia sentando-se na frente dela pedindo desculpas.
- Podemos
falar sobre outra coisa? – ela pediu.
- Claro. Como
você está? – Beckett entortou a boca para ele – ok, pergunta idiota. Ontem eu
não lhe contei. A capa do novo Heat deve estar disponível essa semana para
aprovação. Gostaria da sua opinião.
- Alguma
possibilidade de eu não estar nua nela? É, foi o que pensei – ela completa ao ver
o sorriso amarelo de Castle.
- Primeiro, não
é você quem está nua na capa. É a Nikki. Segundo, não é seu corpo apenas a
silhueta esbelta de uma bela mulher que, não por acaso, é inspirada em você,
portanto... – mas Beckett o cortou.
- Castle,
pare! E-eu não consigo fazer isso! Não posso ficar tagarelando sobre assuntos
diversos com tudo que está acontecendo – visivelmente alterada.
- Hey, Kate...
acalme-se. Tenho certeza que os técnicos acharão uma saída.
- Castle, tem
uma bomba lá fora! Uma quantidade de explosivos potentes que podem arrasar um
quarteirão ou mais e nós – ela engoliu em seco – nós podemos morrer porque
fomos expostos no cenário ruim e explodir no cenário péssimo.
- Kate...
- Nós vamos morrer, Castle. De um jeito ou de
outro... – se fosse qualquer outra mulher, Castle estaria vendo as lágrimas
começaram a descer pela face. Porém, sua detetive era incapaz de demonstrar
fragilidade, sua reação era diferente. A irritação a fez chutar o banco
improvisado, passou as mãos no cabelo, nervosa. O olhar lançado para o homem a
sua frente, obrigou o próprio Castle a encarar o pior pesadelo de outra forma
pela primeira vez. Perder Beckett...
Continua......
2 comentários:
Ah! Esses dois nesse amor todo, chega a dá medo.
Muito tenso! 😰
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