segunda-feira, 13 de julho de 2015

[Castle Fic] One Night Only?! - Cap.26


Nota da Autora: Outro capítulo light. Explorando um pouco mais os momentos a dois. E tem Dana de volta! Para as leitoras que curtem angst, não se preocupem. Já tem cena de tensão ao final do capítulo, afinal vamos trabalhor o duplo... no próximo será hora de sofrer hahahaha - Enjoy!  



Cap.26



Kate chegou ao distrito com um semblante relaxado. Até às nove da manhã, quando Castle apareceu com seu café matinal, não havia sido reportado nenhum assassinato. Sentado na sua cadeira cativa, ele observava Beckett focada em responder emails e solicitações de outros detetives. Ryan que até aquele momento não tinha aparecido, aproximou-se deles cumprimentando-os sorridente.

- Espo me contou que as coisas estão devagar por aqui. Ainda bem que pude ir ao banco resolver uns problemas – ele parou para analisar o semblante de Beckett, intrigado perguntou – Beckett, você está bronzeada? Andou viajando no fim de semana?  Hum... aposto que está de namorado novo.

- Não estou bronzeada – ela disse olhando para Castle rezando para que ele concordasse com ela. Porém, Ryan foi mais rápido no interrogatório.

- Como conseguiu essa façanha? Choveu o fim de semana inteiro em Manhattan – Kate pegou um espelhinho na bolsa disfarçando enquanto pensava numa boa desculpa para evitar mais perguntas do detetive.

- Fui a um churrasco. Aniversário, em Jersey. Deve ser por isso. Tinha sol e mormaço.

- Você foi para Jersey no final de semana? Para um aniversário? Ah, conta logo qual o nome do cara porque com certeza você está namorando. O que você acha, Castle?

- Eu não sei ao certo, mas você parece mais relaxada.

- Acabei de voltar de um fim de semana que não trabalhei, fui ao aniversário de um amigo de academia que trabalha na polícia de Jersey, obviamente estou me sentindo bem. E antes que você insista mais uma vez, Ryan, eu não estou namorando.

- Hum... não sei. Você pode me dar o nome desse policial para eu checar?

- Ryan! Quer parar com o interrogatório? E desde quando devo satisfação da minha vida pessoal a você. Pare de ser curioso e fofoqueiro.

- Não quero invadir sua privacidade, Beckett. Por isso estou perguntando. Apenas me preocupo com você. Vai que o cara que está saindo é um psicopata ou um bandido ou...

- Ryan, eu sou uma detetive, acho que sei analisar e escolher pessoas.

- Nem sempre – disse Castle – vou ter que discordar um pouco de você, Beckett. Demming? Aquele médico? Péssimo! Sem falar no cara do FBI, chato demais...nunca combinaria com você.

- Virou psicólogo, Castle? Não estou interessada em sessões de terapia – ela viu que o assunto fez Ryan rir e aparentemente esquecer as perguntas que claramente continuariam a serem feitas – quer ser útil? Aqui – estendeu a caneca para ele – pode começar me servindo um café e você, não tem nenhum relatório para concluir, um caso para arquivar, Ryan? – rindo, ele saiu balançando a cabeça – foi o que pensei.

Quando Castle retornou com o café expresso do jeito que ela gosta, viu que ela ainda observava suas feições no espelho. Esperou que sentasse para comentar baixinho.

- Estou mesmo tão bronzeada assim? Não posso ficar levantando suspeitas. Ryan percebe essas coisas, ele tem um lado para o romance aguçado.

- Não está. Talvez porque você passou muito tempo sem se dar ao luxo de sentir o sol na sua pele, então logo ressalta a nova cor. Fique tranquila, ele não vai descobrir – o telefone da mesa de Beckett toca. Após alguns minutos de conversa, ela retornou o aparelho para o gancho e sorriu – temos trabalho – riu quando Castle vibrou com a notícia e gritou pelos rapazes – hey, Ryan! Temos um corpo, mexa-se e ligue para o seu parceiro. 21st e Park. Avise ao ME. Vamos, Castle?

O caso era um assassinato pré-meditado. Apesar disso, as evidências encontradas na cena do crime além de pistas sobre atividades bastante suspeitas no apartamento da vítima, fariam o trabalho de investigação de Beckett bem mais fácil. Os arquivos de negócios que existiam no notebook apreendido, revelavam comunicações com pelo menos dois suspeitos com passagem na policia.

Em menos de 48 horas, Beckett e Castle solucionaram o crime. O motivo era um dos mais antigos da humanidade, dinheiro. Beckett se dedicou a fazer o relatório para arquivar o caso o mais rápido possível. Conforme prometera ao escritor, deveria tirar um ou dois dias na semana para dormir com ele no loft. Ela pretendia fazer isso hoje, para tanto precisava correr a fim de sair do distrito pelo menos por volta das sete. Depois de muita adulação, ela conseguiu convencê-lo a ir para casa com uma promessa. De que ela o encontraria mais tarde.

Quando pegou sua bolsa e casaco para finalmente ir para casa, o capitão chamou-a assim que viu a detetive passar na frente de sua sala. Beckett sinceramente esperava que não fosse um novo caso ou algo urgente para acabar com a sua programação da noite. Antes de falar qualquer coisa, Montgomery fez sinal para que ela se sentasse na cadeira a sua frente. Obedecendo, ela cruzou as pernas e esperou.

- Beckett, você fechou o caso muito rápido. Já recebi o seu relatório. Estou impressionado.

- Era um caso relativamente fácil, as evidências estavam lá nos levando ao culpado sem muito esforço. A ganância acaba denunciando aquele que errou mais facilmente.

- Seu desempenho no caso irá nos ajudar bastante na reunião que pretendo fazer amanhã. Acabei de receber o relatório estatístico da performance desse distrito. A exceção de você, as marcas dos demais detetives estão muito aquém do que deveríamos alcançar. Preciso cobrar velocidade e raciocínio dos meus homens. Você não tem problema quanto a isso, certo? Usar seu histórico e seu exemplo para dar um puxão de orelha neles?

- Claro que não, Capitão. Faça o que for melhor para o nosso distrito.

- Ótimo, um dia eu vou vê-la sentada nessa cadeira, Beckett. Você mais do que ninguém merece chegar longe. A capitania de um distrito e arrisco-me a completar, quem sabe comandante do 1PP?

- Não é para tanto, senhor.

- Por que não? Talento você tem de sobra para isso. Basta querer. Vejo grandes feitos em seu futuro, Beckett. Deve acreditar nisso. Pode ir, boa noite detetive.

- Boa noite, senhor – feliz com a opinião de seu capitão, Beckett seguiu para o apartamento de Castle. Ela já saíra prevenida de casa com sua valise de pernoite. A boa situação com Montgomery talvez pudesse ajuda-la a conseguir os dias de folga para acompanhar Castle a Europa. O pensamento agora não parecia tão louco, ela estava começando a gostar da possibilidade. Riu sozinha ao volante. Espera até ela contar a Dana que tinha razão. Esse lance de relacionamento era muito bom.

Ao chegar no loft encontrou Castle e Alexis conversando no sofá. Cumprimentou a menina com um beijo na bochecha e sentou-se ao lado dele acariciando sua perna, beijando-o rapidamente os lábios.

- O que vocês estavam fazendo?

- Esperando por você para jantar. Papai pensou em pedir comida do Le Cirque, o filé deles é maravilhoso – Alexis para de falar por um instante fitando a mulher ao lado de seu pai – nossa! Você está bronzeada, pelo jeito o fim de semana foi muito bom. Está corada, tranquila.

- Foi bom mesmo, Alexis. Aquele lugar é muito relaxante. Quanto ao jantar, eu estou com tanta fome que sou capaz de comer um boi inteiro. Castle, vou deixar essa bolsa no seu quarto. Posso tomar um banho?

- Claro! Nem precisa perguntar. A casa é sua, Kate – disse Castle.

- Tudo bem. Peça logo essa comida antes que eu desmaie de fome.

Ao sair do banho, Kate apareceu usando uma calça de moletom e uma camisa da NYPD. A mesa já estava posta apenas aguardando a comida e Alexis continuava no sofá remexendo em seu ipad. Ela aproveitou a distração da menina para aproximar-se do pai e roubar um beijo de verdade dele. As mãos vagavam pelas costas dele até que envolvesse todo o corpo pressionando contra o seu.

- Esse é o nosso primeiro beijo pós-Hamptons... quase 48 horas depois. Parece um caso de homicídio – ele riu.

- Que bom que poderemos tirar o atraso hoje. Completo, devo acrescentar.

- Quem disse? – ela sorriu maliciosa para ele apertando de leve o traseiro dele. A campainha tocou bem na hora – finalmente meu jantar. Tem vinho na geladeira? – ela já se afastou dele indo na direção da cozinha.

- Sim, sirva-nos enquanto pego a comida – Castle recebeu o entregador, pagou e colocou os pratos extremamente quentes e cheirosos sobre a mesa. O aroma que encheu o loft servira para aumentar ainda mais o apetite de Kate – Alexis, venha jantar – ele encarregou-se de servir as duas mulheres como um bom cavalheiro. A taça com o vinho dele já estava na cabeceira, seu lugar cativo. Com cada uma delas sentada ao seu lado, eles começaram a saborear a refeição. Alexis tinha razão, a comida era espetacular.

- Nossa! Que carne suculenta. Acho que nunca comi um filé tão bom. E essas batatas noisettes gratinadas são irresistíveis – disse Kate bebericando mais um pouco de vinho.

- Eu avisei – disse a menina satisfeita com a recomendação que fizera – como não pedimos sobremesa, você, pai, está intimado a preparar para nós seu famoso chocolate quente com mashmallows. E não tem negociação. Sei que Kate é fã de café, mas duvido que resista a esse chocolate.

- Já fiquei curiosa, se for tão bom quanto o carbonara dele...

- Ah, ele fez o prato especial para você? Mais um motivo para provar do chocolate. Ele tem mão boa para algumas coisas. Outras nem tanto.

- Eu faço o chocolate se você me prometer fazer novamente aquela mousse divina. Alexis, você precisa provar a mousse de Kate. Não tem ideia do quanto é bom. Promete?

- Tudo bem, qualquer dia eu faço. Quem sabe no fim de semana? E Alexis, não é para tanto, sabe como seu pai é exagerado.

- Hum, quer dizer que temos outra pessoa que domina a culinária em nosso convívio? E modesta, ao contrário de alguém. Estou começando a gostar ainda mais dessa história – Alexis inclinou-se na direção de Kate cochichando – sério, fique longe das omeletes dele. Conselho de amiga – ela riu da cara de preocupação que a menina esboçava, devia ser algo muito ruim mesmo. Piscou para ela concordando. 

- O que vocês duas cochicham aí que eu não posso ouvir? – perguntou Castle já enciumado.

- Nada demais. Assunto de mulheres – Kate meteu outra garfada na boca – a propósito, onde está a outra mulher dessa casa? Martha deveria estar jantando conosco, não?

- A vovó está empolgada com a construção do espaço da sua escola de teatro. Quer supervisionar tudo. Não vê a hora de inaugurar o local. 
  
- Tudo isso graças a você. A ideia foi sua, Kate – ela nada falou apenas sorriu bebendo um pouco mais do vinho.

Assim que terminaram a refeição, Kate recolheu os pratos e retornou à sala com a menina para esperar o tal chocolate. Usando uma taça de sorvete, Castle preparou a bebida levando as três taças em uma bandeja colocando-a sobre a mesinha de centro. O visual era incrível. Mesmo que estivesse ruim, apenas de olhar a taça devidamente cheia com calda de chocolate, o líquido, pedacinhos de mashmallows e uma cobertura de chantilly no topo, dava uma vontade louca de experimentar. Ao provar, ela constatou que a propaganda de Alexis não fora exagerada. A bebida era deliciosa e a mistura de bolinhas de mashmallows com o chocolate grosso e amargo era especial. Descobriu também que o que julgara ser cobertura de chocolate era, na verdade, nutella. Como não amar?

- Castle, você se superou. Isso é muito gostoso.

- Eu disse. Quando ele lhe fizer raiva, pode explorar. Mande preparar isso para você. Ah, é excelente naqueles dias de TPM também.

- Obrigada pela dica.

- Por nada. Vou subir para o meu quarto, amanhã tenho aula bem cedo. Boa noite, Kate – disse beijando-lhe a bochecha repetindo o gesto com o pai – boa noite, pai.

- Bons sonhos, querida.

Ficando sozinhos logo após Beckett terminar a sobremesa, ele a arrastou para o quarto em meio a beijos e abraços. Bastou estarem entre quatro paredes para o fogo os dominar novamente e perderem-se nos braços um do outro fazendo amor. Satisfeitos após quase uma hora de sexo, Kate acomodou-se no peito dele. As pontas dos dedos acariciando levemente a pele.

- Foi uma noite ótima. O que me lembra que tenho uma novidade – Kate contou então de sua conversa com Montgomery a respeito de performance, estatística e futuro – diante de todos esses elogios, pensei que meu pedido para sair de férias por cinco dias não parece tão impossível assim.

- Você perguntou a ele?

- Não, prefiro esperar a reunião. Acredito que a conversa será melhor após a divulgação dos resultados do distrito.

- Tenho certeza que ele irá ceder diante da melhor detetive de Nova York. E concordo com o capitão, você pode ter o cargo que quiser na NYPD. Tem competência para isso. Já imaginou? Capitã Beckett... wow, soa tão sexy!

- Calma, Castle. Ainda tenho muito chão para galgar. Não me sinto preparada ou confiante o suficiente para comandar um distrito inteiro. Prefiro continuar no campo por mais um tempo, um passo de cada vez. Devagar.

- Tudo bem, mas não duvide do que pode alcançar, amor. Você nasceu para brilhar – ele virou o rosto para encontrar seus lábios – acho que adivinhei um pouco o seu futuro quando escrevi Heat Rises. Nikki definitivamente é muito você.

- Como assim? – ela perguntou curiosa.

- Se falasse algo mais seria spoiler. Você verá – ele sorriu beijando-a novamente - boa noite, minha detetive.

- Boa noite, Cas...

Cedo Kate já estava de pé arrumando-se para o trabalho. Castle ainda dormia esparramado na cama. Sorrindo, decidiu por não acorda-lo. Ele não tinha a obrigação de estar cedo no distrito especialmente quando o capitão pretendia fazer uma reunião com todos os seus subordinados. Ao chegar na sala, encontrou Alexis no balcão preparando um sanduiche.

- Bom dia, Kate. Quer tomar café?

- Melhor não, Alexis. Eu devo estar no distrito às oito.

- São sete e quinze, temos tempo de sobra. Papai ainda está dormindo? – Kate fez que sim com a cabeça enquanto acatava o pedido da menina servindo-se do café pronto na cafeteira – e você não vai acorda-lo? Ele não ficará nada satisfeito se souber que saiu e nem o avisou.

- Pensei em deixa-lo dormir mais um pouco. Você acha que ele ficaria chateado se eu saísse para trabalhar sem acorda-lo?

- Com certeza. Se você dormiu aqui, ele vai querer acordar e tomar o café da manhã. Como se fosse rotina, aliás é isso que ele quer criar com você – Kate sentou-se em uma das banquetas e baixou a cabeça suspirando.

- Eu sou péssima nisso. Acho que passei muito tempo sozinha para me lembrar do que significa estar com outro, ter essa intimidade. Às vezes não sei como agir em determinadas situações. Como agora. Se você não me falasse, eu provavelmente iria embora sem considerar o que Castle pensaria na maior boa intenção, querendo que ele descansasse e iria arrumar uma cara feia ou uma briga. Sou um zero a esquerda.

- Não é. Apenas passou muito tempo sem realmente conviver e gostar de alguém. Além do mais, eu não sou nenhuma expert em relacionamentos, mas conheço bem o meu pai. E se tem uma coisa que os Castles não admitem é que saiam da nossa casa sem uma refeição. Quer um sanduiche? – enquanto as duas conversavam e desfrutavam do café, um Castle sonolento apareceu na cozinha.

- Bom dia – disse beijando o rosto da filha e em seguida a namorada – vocês acordaram cedo demais.

- São sete e meia, Castle. Tenho que estar no distrito às oito. Mas pode ficar dormindo se quiser. Montgomery vai nos ocupar pela manhã com a tal reunião que lhe falei – ele roubou um pedaço de brioche de Alexis e pegou um bagel para preparar um sanduiche – fique tranquilo.

- Talvez eu faça isso. Quer omelete?

- Não, obrigada. Realmente estou satisfeita – lembrando-se do comentário de Alexis, ela deu um passo atrás – mas não dispensaria seu café – sorrindo, ele caminhou até a cafeteira para agradar a amada. Depois de beber o café, ela consultou o relógio - Vou escovar os dentes e sair – beijou-lhe a testa arrumando os fios teimosos que insistiam em cair por ali. Cinco minutos depois, Kate aparecia na sala de bolsa, casaco, pronta para um novo dia de trabalho. Despediu-se de Alexis e beijou o namorado – eu ligo se algo interessante aparecer. Almoçamos juntos? – ele fez que sim com a cabeça. Satisfeita, ela saiu com Castle fechando a porta atrás de si ainda admirando a bela mulher caminhar até o elevador.

Mal chegara ao distrito, Ryan e Esposito vieram questiona-la sobre a reunião que Montgomery marcara para as oito e trinta, Kate disfarçou dizendo não saber do que se tratava. Foram duas longas horas de puxões de orelha, gritos e justificativas não aceitas pelo capitão. Em meio a tudo isso, uma chuva de elogios a Beckett e somente a ela, deixando seus colegas um pouco chateados ao mesmo tempo que ela ficava sem jeito. Terminada a sessão tortura como o próprio Esposito nomeara a reunião, não havia um novo caso para ser investigado.

Beckett estava pensativa. Será que deveria aproveitar-se do bom momento para pedir ao capitão os dias extras de férias? Ao vê-lo de semblante irritado, achou por bem adiar até o fim do dia. Sem nada para fazer, ela passou uma mensagem para Castle “cadê meu café?“ em seguida, resolveu mexer com a amiga, não falava com ela a uma semana. Dana certamente queria saber o que rolara nos Hamptons. Escreveu a seguinte mensagem “Oi, Dana. Cuidando dos loucos ou tem um tempo para ouvir uma mulher estreante em relacionamentos? Preciso de conselhos... beijo. KB”.

Não se passou nem cinco minutos e Dana retornou a mensagem. “Quer almoçar comigo?”. Rindo, ela se viu entre mensagens. Sabia que a ela não resistiria ao comentário, mas seu horário de almoço já estava combinado. Era de Castle. Quando ela ia responder informando para Dana, recebeu uma ligação dele.

- Oi, amor. Estou chegando com o seu café, mas acabei de receber uma ligação de Gina para eu passar na editora. Aparentemente, tem uma conferência com a Itália para acertar uns detalhes comigo. Nosso almoço babou. Sinto muito.

- Poxa, tudo bem. Amanhã almoçamos juntos então. Te espero com o café.

Desligou e respondeu a mensagem da amiga “Ótimo. Nos encontramos no Katz. Meio-dia.”

Dez minutos depois, Castle aparece no distrito trazendo o tão esperado café. Ela sorriu agradecendo silenciosamente o gesto do escritor já que não podia beija-lo em retribuição. Após o primeiro longo gole, ela perguntou.

- Essa reunião não podia ser outra hora?

- É devido à diferença de fuso. Melhor fazer agora do que quase de madrugada. Ainda não sei porque eles querem falar comigo, porém Gina me intimou. Tem algum problema se eu mencionar que não irei sozinho? A organização precisa saber.

- Castle, eu nem sei se vou poder ir. Melhor evitar. Aliás, já comentei com você que se formos, podemos ter problemas, as pessoas vão começar a perguntar. Aposto que haverá questionamentos do tipo Nikki é sua namorada? A musa vai além das paginas? Tenho medo do que isso venha a representar para a nossa relação.

- Fique tranquila, não vamos estragar nada. Não irei falar seu nome, apenas direi que levarei uma acompanhante. Pode ser Alexis, por que não? Mas estou contando com você.

- Veremos.

- Tenho que ir, Beckett. Gina detesta atrasos e a conferência começa ao meio-dia em ponto.

- Tudo bem, acho que hoje não vai acontecer nada. Se as coisas mudarem, eu ligo para você – Beckett disse piscando para o homem a sua frente. Mais tarde, ela deixou o distrito para se encontrar com a amiga. Nada como um bom almoço para conversar sobre essa nova fase da sua vida. Optou por usar o metrô, além da rapidez ela evitava o stress com o transito. Beckett chegou primeiro pedindo uma porção de brisket e uma limonada. Dez minutos depois, Dana se juntava a ela com um sorriso enorme no rosto.

- Estava presa no consultório. Desculpe – roubou um pedaço da carne dela – que fome! E que cara maravilhosa, hein Kate? Seus olhos brilham, sua pele está ótima, coisas do amor. Então, quero saber todos os detalhes do fim de semana nos Hamptons. Enlouqueceu o homem? Nem vou perguntar se valeu a pena, seu semblante diz tudo.

- Antes de começar a conversar, que tal pedimos a comida? Aí, ficamos tranquilas para nos demorarmos à vontade. Hoje as coisas estão bem leves no distrito e Castle tem uma reunião na editora.

- Tudo bem, eu já sei o que quero mesmo – ela chamou o garçom, fizeram os pedidos, recomendações e quando ele se afastou após entregar as bebidas a elas, a conversa podia fluir – como foi o período nos Hamptons?

- Foi maravilhoso. Estar sozinha com Castle, sem maiores preocupações ou chateação. Aproveitamos o lugar, o mar, a casa. E antes que me pergunte, a cama. Eu preparei uma pequena surpresa para anima-lo, algo com algemas. Nem preciso dizer que ele adorou.

- Posso imaginar. E você como está se sentindo?

- Ah, Dana... estou ótima. Eu me lembrei de você quando estava lá. Descobrir o quanto é importante sentir. Não preciso racionalizar sobre tudo. Foi fácil compreender que passar momentos a dois, trocando carinhos, beijos, sendo de certa forma mimada por alguém é bom demais. Isso não me diminui como pessoa. Quer dizer, deixar alguém cuidar de mim não me torna frágil. Eu realmente gostei de estar nos braços dele.

- Wow! Estou gostando de ver.

- É, eu me sinto bem. Tudo é relativamente novo com Castle, porém ao mesmo tempo parece que fazemos isso há anos. É natural. Todos falam de nossa sincronia, do jeito que trabalhamos e isso reflete na nossa relação pessoal.

- Quem diria você falando de relacionamento, de sentir, estou orgulhosa. É bom estar apaixonada dessa maneira por alguém que retribui, nos faz sentir bem, relaxar. Tudo fica mais bonito. E quanto à família dele, tudo sob controle?

- Sim, a mãe dele gosta de mim. Acho que já está acostumada a ver o filho desfilando com mulheres, namoradas, minha preocupação era com Alexis. Por enquanto, estou me dando bem com a menina. Não quero me intrometer na relação de pai e filha. Eu já jantei com as duas, fiz algo formal e por último, dormi no loft. Então, acredito que esteja tudo bem. Eu pedi a Castle para manter nossa relação em sigilo. Não quero virar a fofoca do distrito e nem que pensem que estou fazendo as vontades ou protegendo Castle. Principalmente depois da última reunião do departamento na qual o capitão teceu elogios para meu trabalho e brigou com todos os demais detetives.

- Tudo bem você querer o sigilo por um tempo, é interessante para aproveitarem esse começo de relação, saber como se comportar, entender o outro. Só espero que não demore muito. Você sabe que esse relacionamento é importante para Castle. Ele não vê a hora de poder mostrar ao mundo que você é a garota dele, exibi-la ao seu lado porque ele te acha linda, te admira. Não negue isso a ele, Kate.

- Eu sei. Esse tipo de situação me deixa receosa, era sobre esse assunto que gostaria de seu conselho. Quando estávamos nos Hamptons, ele me convidou para ir à Itália, se lembra do lançamento dos livros da série Heat? – Dana meneou a cabeça em acordo – ele quer que eu o acompanhe. Tenho medo que acabemos criando problemas, fofocas sabe? Se eu sair com Castle por Roma, aposto que os papparazzis fariam a festa.

- Será que não está exagerando? Você mesmo gostou de ficar nos Hamptons, seria uma viagem a dois diferente, longe daqui.

- Eu disse a ele que não podia sair. Meu emprego exige planejamento e não tenho dias de férias. Eu prometi a Castle falar com Montgomery para antecipar cinco dias, depois dos elogios que recebi talvez ele não se importasse. Mas o resultado da reunião e a irritação do capitão me deixou preocupada. 

- Ora, mas se ele não tem qualquer problema com você, por que todo esse receio?

- Eu não sei. Estarei em um território estranho, lá sou uma pessoa comum não a policial. Estaremos no meio do ambiente dele, editores, livrarias, seria uma presa fácil. Aposto que não me chamariam nem de Kate, eu seria Nikki. Vejo muitas coisas que podem dar errado nessa viagem. Dana, estou errada? Diga alguma coisa que contradiga o meu pensamento e justifique enfrentar meu capitão para ir nessa aventura com Castle.

- Você mesma já disse, Kate. Não apenas nesse instante por estar quase implorando que a convença a ir, mas também pelas primeiras palavras que usou para descrever esse momento da sua vida. Essa viagem trata-se de sentir, passar momentos com alguém especial, numa atmosfera especial. Estamos falando de Roma, Kate. A bela Itália, romance, vinhos, paisagens incríveis, boa comida. Vamos lá, você quer ir. Fale com Montgomery. E somente pelo seu jeito de falar, sei que está sonhando com as coisas que poderia fazer se estivesse em Roma com Castle – Kate mordiscou os lábios – quer saber? Ia ser muito legal posar de Nikki Heat. Pense nisso.

- Não exagere, Dana – elas terminaram a refeição, comeram sobremesa e despediram-se com a promessa de Kate lutar pela viagem e confirmar que irá para Itália. Quando retornou ao distrito, a calmaria continuava reinando. Algo bastante atípico para o 12th. Um dos detetives pediu a ajuda de Beckett para entender o motivo de um caso que investigava. Prontamente, ela se sentou ao lado dele para analisar os dados. Acabou desvendando o mistério através de uma pista não considerada pelo colega. Um novo suspeito surgiu e após o interrogatório, o caso foi encerrado.

Ryan chamou-a também para dar uma olhada em um vídeo que investigava para auxiliar outro colega. Assim, a tarde passou muito rápido. Ao arrumar-se para encerrar e finalmente ir para casa apesar do pedido de Castle para que ela fosse ao loft, Beckett decidiu aproveitar o instante que o capitão estava sozinho em sua sala para tentar convencê-lo sobre as férias.

- Com licença, Capitão. Posso falar um minuto com o senhor?

- Claro, detetive. Entre e feche a porta – Beckett fechou o escritório sentando-se na frente de seu superior – do que se trata, Beckett?

- Eu preciso de uma ajuda. Não tenho nenhum dia ou período de férias para gozar, contudo estou precisando de cinco dias daqui a duas semanas. Gostaria de saber se é possível o senhor me antecipar esse tempo.

- Duas semanas? Está um pouco em cima, não?

- Eu sei, senhor. Desculpe. Não pediria se não fosse um assunto pessoal.

- Pessoal? Detetive, isso não está de alguma forma relacionado com o caso da sua mãe, está?

- Não, senhor. É outro motivo pessoal.

- Beckett, pelo seu histórico eu deveria libera-la sem objeção. O problema é que estamos em um momento extremamente crítico, você viu os números do nosso distrito hoje na reunião. Na verdade, o indicador não está pior devido ao seu desempenho que está muito acima da média. Eu sei que não posso culpar você por isso, mas abrir mão da minha melhor detetive agora poderá comprometer ainda mais a performance do 12th.

Beckett continuou com o semblante sério, não queria demonstrar ao seu desapontamento com a desculpa esfarrapada do seu capitão. Por dentro estava irritada. Engoliu em seco para manter a pose diante do seu superior. Montgomery não passou alheio à linguagem corporal dela.

- Faremos assim, me dê uns dias para pensar. Talvez consiga enxergar alguma solução para resolver o meu problema e liberar os dias para você. Prometo que pensarei sobre o assunto, Beckett.

- Obrigada, senhor – disse Beckett se levantando da cadeira rumo à porta. Castle não ia gostar nada dessa notícia – boa noite.

- Boa noite, detetive.

Andando até seu carro, Beckett estava pensativa em como contaria a Castle que a possibilidade de não viajar com ele para a Itália era bem grande. Essa era uma notícia que deveria ser dada pessoalmente. Começando a dirigir, tomou o rumo do loft. Abrindo a porta, Castle surpreendeu-se ao ver Kate a sua frente.

- Kate, você não disse que ia para casa? Aconteceu alguma coisa?

- Ainda não. Posso entrar?

- Claro, claro. Entre – dando espaço para Beckett adentrar sua sala – você já jantou?

- Não, acabei de sair do distrito. Vim direto para cá. Está sozinho? Podemos sair para comer alguma coisa.

- Alexis está estudando lá em cima. Melhor pedirmos algo. Comida chinesa?

- Por mim, tudo bem. Eu vou usar o toalete, já volto – enquanto isso, Castle pegou o telefone fazendo o pedido do jantar. Ao se deparar com Kate sentada novamente no sofá, sem sapatos e de pernas cruzadas parecia relaxada, porém algo em seu semblante denotava preocupação. Um vinho cairia muito bem nesse momento. Ele se viu caminhando até a geladeira e servindo duas taças de um tinto cabernet. Sentou-se ao lado dela no sofá estendendo o copo.  

- Aconteceu alguma coisa? – ele perguntou vendo-a sorver o vinho.

- Prefiro que conversemos sobre isso depois do jantar. Acho que estou precisando de um carinho. Você nem me deu um beijo quando cheguei.        

- Hum...está precisando de carinho, é? A detetive mandona? É você mesmo ou foi abduzida? – ele a puxou pelo queixo beijando vagarosamente os lábios. Suave e delicadamente abusando da sedução, os dedos roçavam o lóbulo da orelha fazendo os pelos da nuca arrepiarem-se – melhor assim?

- Muito melhor – a campainha tocou anunciando a chegada do jantar. Castle gritou por Alexis e seguiu para receber a comida. Devidamente sentados à mesa, Alexis puxou uma conversa sobre universidades com Kate. Apesar de não estar no último ano, a menina já começava a pesquisar as possibilidades. Kate falou de Stanford e da NYU, a menina se lembrou de Columbia e a toda poderosa Yale e Harvard que não eram as primeiras escolhas dela. Castle ouvia a conversa sem opinar, gostava de ver a interação entre as duas. Em seguida o tópico mudou para comida e temperos. Meia hora depois, Kate se levantou com os pratos enquanto a menina subiu para estudar e dormir.

Assim que ajeitou a cozinha, Castle e ela seguiram um pouco a contragosto para o quarto. Ela deixou claro que não dormiria hoje ali. A sós, sentados na cama, ele perguntou novamente o que a incomodava.

- Será que pode me contar o que está lhe preocupando?

- Não é bem uma preocupação – ela pegou a mão dele na sua – é, na verdade, um pouco de frustração. Eu conversei com o capitão sobre tirar os dias de recesso, a resposta dele não foi nada animadora. Ele anda bastante estressado com a performance do departamento e está contando comigo para reverter isso ou pelo menos segurar o indicador que tem agora. Ele não descartou totalmente a possibilidade, mas a probabilidade é bem baixa.

- Ah, amor... Montgomery não pode jogar esse peso sobre suas costas. Ajudar, tudo bem. Mas depender de você? É errado.

- Eu sei, ele também sabe. Pediu uns dias para analisar e pensar – ela ficou pensativa olhando para o lado – não acredito que irei dizer isso – sorriu - Eu já estava esperando por essa viagem. Gostei da ideia, independente do risco por causa de Nikki, seria bom desfrutarmos da bela gastronomia italiana juntos. 

- Não fique tão descrente, ele a conhece bem. Sabe da sua dedicação, ainda acredito que ele irá ceder. Não use seu talento e tempo para pensar demais.  Quero que esqueça isso. Se tivermos que ir juntos e aproveitar, faremos. Você verá – beijou-a novamente – que tal mudarmos de assunto? Por que você não fica aqui hoje? Podemos nos aconchegar, posso te encher de carinhos...

- Castle, não tenho roupa. Preciso trabalhar cedo esqueceu?

- Desculpas, desculpas. Por que não deixa as suas coisas aqui? Uma pequena valise? Arranjo um espaço no meu armário para você – ela arregalou os olhos realmente surpresa com a sugestão dele. Em retorno, ela abraçou-o deixando a mão percorrer o peito dele. Usou os dentes para marcar o pescoço levemente.  

- Talvez eu esteja levando esse lance de relacionamento muito a sério, mas não seria mais interessante não nos vermos por um tempo para sentir saudade e o reencontro ser ainda melhor?

- Para quem não estava a fim de um relacionamento e nem tem muita experiência, você está me saindo uma bela surpresa, Kate Beckett.

- Você acha? – então sorrindo maliciosamente deixou a mão escorregar até o meio das pernas dele enquanto os lábios se ocupavam em beija-lo desviando toda a atenção de Castle para que pudesse continuar sua pequena loucura. A respiração dele começou a ficar pesada durante o balé que ela executava com a língua dentro da boca. A mão trabalhava de forma ágil fazendo-o gemer diante das carícias que Kate proporcionava. O coração disparava no peito e o membro já completamente excitado causava uma pontada de dor por estar preso às roupas. Sussurrando após mordicar o lóbulo da orelha, ela parou o que estava fazendo erguendo-se da cama – boa noite, Castle. Durma bem.

Perplexo por estar completamente sem ação, continuou estático na cama observando-a se afastar dele. Um gemido rouco escapou-lhe dos lábios. Chamava por ela.

- Kate... por favor... – estático e à beira de um orgasmo, ele não conseguia levantar-se. Louca. Simplesmente, louca. Era a única palavra que vinha a sua mente naquele instante. Um sorriso despontou no rosto. Castle passou as mãos pelos cabelos. Respirando fundo. Nem sinal dela em seu campo de visão. Conhecendo bem a sua detetive musa e agora namorada, ela já devia estar longe. Com certa dificuldade, ele seguiu para o chuveiro. Precisava desesperadamente de um banho gelado.

Uma hora depois, Kate estava deitada em sua cama quando o celular tocou indicando que havia uma nova mensagem. Ao ver de quem era, apenas sorriu. Sorriso que se transformou em gargalhada no momento que leu o que ele havia escrito “Por sua culpa, me senti com 13 anos novamente. Vai ter volta, detetive... Nikki nunca resiste aos encantos de Rook. Nada justo, insensível. RC”. Não podia passar em branco e respondeu com uma clássica “Contando com isso. KB”. Com a promessa de uma breve surpresa, ela dormiu como um anjo

Na manhã seguinte, Kate recebe um chamado de Esposito antes mesmo de sair de casa. Enviou uma mensagem para Castle dizendo que ia passar para pegá-lo em quinze minutos se não pegasse trânsito. Chegando ao local do crime cada um com seu copo de café, receberam as explicações sobre a vítima. Amir Alhabi, morto e com seu taxi depenado. Um tiro de 9mm na testa e sinais de tortura nos dedos das mãos. Imigrante da Síria com cidadania americana, Amir dividia o taxi com seu primo Jamal. O curioso era que antes de aparentemente morrer, ele foi a Washington Heights, um bairro barra pesada conhecido por drogas e prostituição, o nome causava calafrios em Beckett por ser o lugar onde sua mãe fora assassinada.

Ao conversar com a mulher dele, Beckett percebeu que ele não era uma pessoa de vida simples. Nem a esposa, nem o primo pareciam duvidar da integridade de Amir, porém CSU descobriu câmeras de segurança em seu taxi, grandes quantidades de dinheiro e muitas coisas estranhas em suas finanças, além disso a esposa revelou que tinham problemas de saúde com a filha, precisava de cirurgia o que explicava algumas contas encontradas por Ryan em sua análise. Beckett estava nervosa, o caso estava enrolado e simplesmente ela não conseguia entender o que estava acontecendo. Não era apenas um assassinato seguido de roubo, algo não fazia sentido naquela história.

E Beckett tinha razão. Amir recebeu a quantia de dez mil dólares há dois dias atrás. Levou um passageiro para uma longa volta pela cidade deixando-o no mesmo local que o pegaram. O homem identificado por Esposito foi abordado por Beckett tendo sua identidade revelada. Era membro do consulado da Síria. Trabalhava com segurança e espionagem adicionando a isso o porte de uma 9mm, o mesmo tipo de arma que matara Amir. Apesar de confiscar sua arma forçando-o a vir até o 12th, ele não era o assassino. Tinha um álibi sólido.

Castle estava intrigado com a primeira pista que encontraram com Amir. Uma combinação de números. Olhava atentamente para o quadro. A mente trabalhando agilmente enquanto olhava a sequencia C4121652. Voltou sua atenção ao trajeto que a vítima fizera de taxi. 1652 para Castle era um endereço provavelmente na Avenida St. Nicolas. Ao pesquisar, depararam-se com um armazém o que levou o escritor a concluir seu raciocínio. C412 era a unidade alugada por Amir.

Beckett seguiu com ele até o armazém. Segurava uma sacola preta. Enquanto Castle divagava sobre o intrigante caso, ela colocou a sacola na frente da unidade remexendo em seu conteúdo. A próxima pergunta de como abririam o lugar, Beckett mostrou um alicate de pressão gigante fazendo pose com uma cara maliciosa para castle.

- Por razões incômodas demais para serem mencionadas, eu acho isso sexy – ele segurou a respiração.

- Ou, eu peguei as chaves de Amir da propriedade então tomara que ela abra o espaço como espero.

- Você é má, Kate Beckett. Muito má – ele engoliu em seco ao ver o pequeno sorriso no canto dos lábios dela.

Eles entraram no deposito. Estava escuro e a sensação era de que o ambiente estava vazio. Porém, quando Beckett usou a lanterna para iluminar o local, percebeu explosivos plásticos. O pensamento dela foi um só: uma bomba. Antes de dar a notícia para Castle, o dispositivo de segurança que trazia consigo disparou. Ela arregalou os olhos ao ver o indicador subir de verde para amarelo e se encaminhar para o vermelho. Com pressa, ela empurrou Castle para fora da unidade e fechou-a depressa.

- Castle, afaste-se! Corra, corra!

- O que foi? – Castle perguntou espantado. Ela não respondeu imediatamente pegando o telefone e comunicando o ocorrido para a central. 

- Aqui é Kate Beckett. Distintivo 41319. Eu fui exposta a altos níveis de radiação. Precisamos de serviços de emergência urgentemente – o pânico estampado no rosto dela, agora era refletido no dele. Apenas se olhavam, incapazes de dizer uma palavra. Cinco minutos se passaram até que a unidade de segurança chegou. Eles foram separados sem maiores explicações. Todos usavam trajes contra radiação e apertavam, colocavam instrumentos sobre a pele de Castle, faziam medições. Ele implorava por respostas e gritava o nome de Beckett exigindo que o levassem a ela ou dissessem algo sobre o que acontecia.

Arrastado pelos braços, eles o jogaram em uma espécie de abrigo contra radiação sem se importar com os apelos que fazia. Preocupado, ele apenas pensava nela. Queria saber se estava bem. Ao virar-se, viu que Kate estava no fim do abrigo olhando assustada para ele. As feições dela demonstrava que estava tão apavorada e perdida quanto ele. Pelo menos agora estavam juntos e dariam um jeito de escapar dali. Um pensamento ruim insistia em povoar sua mente, o que quer que fosse esse caso, eles corriam risco de vida. Tinha que evitar pensar no pior. Ele viu uma suposta abertura em uma das paredes com um zíper. Era uma janela improvisada. Ao abri-la não viu nada que pudesse clarear as ideias somente um monte de homens encapuzados até o ultimo fio de cabelo andando de um lado para o outro.

Beckett tinha se sentado num banco improvisado. Conhecia-a o suficiente para saber que estava nervosa e insegura. A dança com as mãos denunciava isso. Por fora, pretendia mostrar-se forte. Ela sempre esquecia que ao lado dele podia agir de maneira diferente. Castle se aproximou e perguntou o que temia.

- Esse seu dispositivo é capaz de indicar o nível de radiação ao qual fomos expostos. Quanto numa escala de raio-x a Chernobil?

- Atingiu o nível máximo – a troca de olhares ilustrava que ambos pensavam a mesma coisa embora Beckett quisesse parecer ainda no controle.

- Uma bomba radiotiva... – Castle deixou o pensamento e a frustração ser externada.

- Castle, nós não sabemos se é uma bomba – ela falou procurando não demonstrar o que realmente estava sentindo, sequer olhava para ele. Percebeu que ela estava com os braços apertados contra a cintura comprimindo o estomago como se aquilo fosse suficiente para mantê-la inteira naquele momento. Comentar sobre situações de calamidade serviria para deixa-la insegura e culpada. Resolveu mudar de estratégia sentando-se na frente dela pedindo desculpas.

- Podemos falar sobre outra coisa? – ela pediu.

- Claro. Como você está? – Beckett entortou a boca para ele – ok, pergunta idiota. Ontem eu não lhe contei. A capa do novo Heat deve estar disponível essa semana para aprovação. Gostaria da sua opinião.

- Alguma possibilidade de eu não estar nua nela? É, foi o que pensei – ela completa ao ver o sorriso amarelo de Castle.

- Primeiro, não é você quem está nua na capa. É a Nikki. Segundo, não é seu corpo apenas a silhueta esbelta de uma bela mulher que, não por acaso, é inspirada em você, portanto... – mas Beckett o cortou.

- Castle, pare! E-eu não consigo fazer isso! Não posso ficar tagarelando sobre assuntos diversos com tudo que está acontecendo – visivelmente alterada.

- Hey, Kate... acalme-se. Tenho certeza que os técnicos acharão uma saída.

- Castle, tem uma bomba lá fora! Uma quantidade de explosivos potentes que podem arrasar um quarteirão ou mais e nós – ela engoliu em seco – nós podemos morrer porque fomos expostos no cenário ruim e explodir no cenário péssimo.

- Kate...

- Nós vamos morrer, Castle. De um jeito ou de outro... – se fosse qualquer outra mulher, Castle estaria vendo as lágrimas começaram a descer pela face. Porém, sua detetive era incapaz de demonstrar fragilidade, sua reação era diferente. A irritação a fez chutar o banco improvisado, passou as mãos no cabelo, nervosa. O olhar lançado para o homem a sua frente, obrigou o próprio Castle a encarar o pior pesadelo de outra forma pela primeira vez. Perder Beckett...


Continua...... 

2 comentários:

cleotavares disse...

Ah! Esses dois nesse amor todo, chega a dá medo.

Silma disse...

Muito tenso! 😰