sábado, 3 de março de 2012

[Castle Fic] Rise Again - Cap. 14


Nota da Autora: Pandora é cheia de detalhes mas consegui dar um toque pessoal com os devaneios de Beckett. O capitulo ficou grande mas espero acrescentar ainda mais pimenta no próximo :)


Cap.14


Ao acordar de manhã, Beckett ainda estava sob o efeito do sonho. As imagens ficaram registradas na sua retina como se isso realmente tivesse acontecido. Ela sabia que isso não fora apenas influência do caso. No fundo, a história apenas serviu de pano de fundo para trazer à tona parte do desejo que ela ainda lutava para esconder. Como vou encará-lo depois de imaginar uma noite de amor com ele?


Mesmo não sendo tão fã de psicologia, Beckett sabia que seu sonho originou-se por incentivo do seu subconsciente. A cada dia que passava, ela cedia um pouco mais à idéia de levar seu relacionamento com Castle para outro nível. Ela queria, era verdade mas ainda tinha medo de decepcionar-se. Seu terapeuta afirmava que Castle a amava. Ela mesma o ouvira dizer as palavras então porque meses depois de tudo que acontecera ela ainda tinha dúvidas?

Kate fechou os olhos e buscava as respostas a sua pergunta. Ele ainda é Castle, um homem impressionante, inteligente, divertido. Protetor e carinhoso mas também um menino deslumbrado com pouca coisa, uma modelo, uma ladra, atriz. Ela não tinha como saber se ele realmente crescera. Quer dizer, ela via nos gestos dele, no comportamento que ele tentava mudar. Algumas vezes demonstrou isso a ela. Era suficiente?

Porque você não admite para si mesma que não são dúvidas que você tem, Kate. É apenas o medo de perde-lo. De acordar um dia e perceber que ele não estará ali para você. De não ter ele a seu lado para resolverem casos juntos e mais importante, de saber que ele foi embora com outra pessoa.

Tomando o ultimo gole do café, ela consultou o relógio. Estava atrasada!

Correndo para o banheiro, ela viu novamente a imagem de Castle com o sobretudo e o chapéu. Não podia deixar de sorrir.


No distrito...


Quando ela chegou, Castle já estava sentado em sua cadeira cativa. Ela tentou parecer tranquila e esconder o diário infelizmente não teve sucesso.

- Bom dia, Beckett!

- Bom dia, Castle...

- Ora se não é o diário de Joe! Você levou-o para casa também? Gostou da história? Ele fez uma cara maliciosa o que só piorava a imagem na mente de Beckett.

- E-eu levei para fazer o relatório do caso e...

- Só o diário? Porque todos os outros itens do caso ficaram aqui na sua mesa. Admita, Kate, você queria ler o diário, ficou curiosa com todo esse clima noir.

- Não é isso é só que...

- Kate, não minta.

- Tá, tudo bem. Eu quis ler. Satisfeito?

- Agora sim. Tome seu café.

- Obrigada.

Era outra coisa saborear esse café pela manhã. Ela adorava o gosto dele. Forte e levemente doce, especialmente a espuma com toque de vanilla. Ela estava absorta com o copo em suas mãos quando Castle tornou a falar.

- Já que você realmente gostou da história noir, acho que vou levar a idéia da aventura de Nikki Heat adiante. Será bem interessante imaginá-la como uma dama dos anos 40 e o quanto ela e Rook poderiam viver uma história de amor. A cena dos dois íntima seria bem...

E a imagem do sonho voltou à mente de Kate, ela quase cuspiu o café. Engasgou-se e tossiu.

- Castle!

- O que foi?

Ela suspirou procurando se acalmar.

- Quer parar de imaginar cenas inapropriadas comigo na minha frente?

- Mas não era com você, era com a Nikki.

Ele sorriu mas Beckett o fuzilou com o olhar.

- Ok, ok desculpe.

Ela permaneceu olhando os papeis e começou a murmurar a música. I can’t give you anything but Love. Castle sorria ao observá-la.

- Você gosta também dessa música, Beckett?

Ela não o ouviu e continuou a cantarolar. Ele tentou de novo.

- Kate, você gosta dessa canção?

- Ahn?

- Você está murmurando I can’t give you anything but Love, gosta?

Ela não tinha percebido que fazia isso.

- Sim, acho romântica. E gosto da batida de jazz apesar de que prefiro ela na voz de Nat King Cole ou Diana Krall.

- Interessante...

Ela procurou mudar de assunto antes que as cenas voltassem a sua mente.

- Tudo bem, fato é que hoje temos que fazer relatórios e como conheço bem meu parceiro, posso dispensá-lo já que você odeia fazer papelada.

- Mesmo Beckett?

- Sim, porque não?

- Ah, eu adoraria! Sabe é que Alexis está tão ocupada ultimamente e acho que seria bom fazer um programinha de pai e filha com ela. Vou fazer o jantar para ela.

- Ah, que bom! Melhor você ir mesmo, fica me devendo uma Castle.

- Ótimo!

Ela sorriu e a próxima frase saiu espontaneamente.

- Quem sabe um dia você não me prepara um jantar também?

- Seria um prazer, Kate.

Ela se assustou com a resposta dele. Eu disse isso alto? OMG! Estava de olho arregalado.

- Er... ok.

Ele saiu rindo.


Apartamento de Castle


Ele saíra do distrito e fora direto ao mercado comprar alguns ingredientes para preparar a massa preferida de Alexis. Ele também trouxera um filme em blu-ray que sabia que a filha gostaria de assistir com ele. Inspirado, ele pos-se a preparar o jantar cantarolando animadamente na cozinha.

Estava no meio da receita quando Martha apareceu suspirando ao sentir o cheiro agradável.

- Tive uma aula maravilhosa esta noite. Meus alunos estão ensaiando a cena de luta de "Quem Tem Medo de Virginia Woolf?"

- Que bom que usaram seu estúdio e não minha sala de estar.

- Está preparando sua deliciosa massa carbonara. Não deveria.

-Não fiz. Na verdade, é para Alexis. Ela está tão ocupada ultimamente. Pensei em nos reaproximarmos. Então fiz o prato favorito dela e veremos "Jogos Mortais 4", com comentários do diretor.

- Odeio dizer isso, querido, mas ela não estará aqui.

-Onde mais ela estaria?

-Começou um novo estágio.

- Outro? Castle está surpreso e meio desapontado.

- Ela disse que queria tentar novas coisas para achar sua paixão.

Ele checa o relógio.

- São... 21h. Que tipo de paixão ela pode encontrar a essa hora da noite?

O celular de Castle toca.

-Aí, sua outra metade.

-Só... não mude de assunto. Como é, exatamente, esse estágio?

- Richard, prometi segredo.

-É, mas como pai dela...

-Meus lábios estão selados.

- Então não os usará para comer minha... carbonara.

- Tudo bem, deixe-me dizer. Esse estágio tem minha aprovação.

- Isso não me deixa mais tranquilo.

Andando com Beckett até a cena do crime, Castle desabafou.

- A verdade é que o estágio não é o problema. É o fato de estar em 3 estágios.

- Nunca se sabe, Castle. Esse pode aproximar vocês.

- Duvido. O que posso esperar agora é que ela não seja tão bem sucedida.

- Sei que você pode dar a ela algumas dicas.

Esposito que esperava por eles começou a descrever a cena do crime.

- Então... os vizinhos ouviram uma briga violenta e depois a vítima caiu da janela do 4ª andar.

-Era o apartamento dele?

-Checaremos, mas acho que não. Não foi reconhecido e não tem identificação.

- Sem identificação, mas com várias causas de morte.

-Além da gravidade?

-É.

- Vê o ferimento de bala? Lanie falou.

- Ele foi baleado antes de cair?

-E esfaqueado.

-Baleado e esfaqueado?

- E sufocado e há um lápis enterrado do lado do pescoço.

- Novo significado para "muitas mortes".

-Alguém viu o agressor?

-Falaremos com testemunhas, mas imagino que tenha fugido do prédio durante a confusão.

- Tudo bem. Vamos ver o que têm a dizer.

Quando ele virou-se para acompanhar Beckett passou por Alexis e a cumprimentou.

-Oi, Alexis.

-Oi.

De repente, ele parou espantado.

- Alexis?

- Oi, pai.

- O que faz aqui?

- É...

- Este é seu novo estágio?

- Dra. Parish permitiu que eu a seguisse. Se eu for cursar medicina, isso me dará uma boa visão de Patologia Forense. Aprendi muita coisa em dois dias.

- Querida... por que não me contou? Com um sorriso forçado e disfarçando a voz.

- Acho que fiquei com medo de você barrar, que pensasse que minha presença fosse invasão de território...

- Como é? – ele deu um sorriso forçado mas tentou aparentar que estava tudo bem - Que loucura. Eu não iria... pensar isso. É... É ótimo.

- Não sei se deveria ficar exposta a cenas de crimes e cadáveres.

- Já estou acostumada. É nojento e legal.

- Eu ouvi e concordo completamente.

- Finalmente entendi por que gosta disso, pai. Agora eu também gosto.

- Que ótimo. Ele sorriu pra ela. Ao virar-se, repetiu a palavra mas com uma conotação irônica de quem estava mesmo era ferrado.

- Ótimo.

Ao se aproximar de Beckett que examinava a cena do crime, soltou.

- Meus mundos estão se chocando.

-Por causa de Alexis?

-Você sabia?

- Castle, você quem disse que queria passar mais tempo com ela.

-Não assim.

- Isto é coisa minha. Coisa nossa. É como misturar religião e política. Seria igual eu aparecer na escola dela para dar aulas.

-Acho que está exagerando.

-E se eu não estiver? E se isso atrapalhar a delicada sinergia da nossa parceria? E se acabar com a coesão da nossa união?

Ela fez um ruído como se estivesse concordado com ele.

- Viu? Problema grande.

-Não é isso. É isso.

-É muito sangue.

- Uma das testemunhas viu um homem deixando o prédio. Ele estava mancando.

-O suspeito estava ferido.

- E o rastro segue por esta direção.

Seguindo a trilha, ele a acompanhou.

- Um assassino brutal traído pela fragilidade da carne. Seu trajeto revelado pela marca mais primária.

- Só que o trajeto termina aqui.

- Múltiplas gotas em um mesmo lugar?

- Deve ter ficado parado aqui por um tempo.

- Ele entrou em um carro.

Ao observar ao redor, Beckett viu uma câmera de segurança.

- Se entrou, talvez tenha sido filmado.

E ela estava certa, observando as filmagens rastrearam e encontraram o suspeito. Prenderam e o levaram a interrogatório.

- Thomas Gage. Para registro, eu já li os seus direitos?

- Sim.

- Incluindo seu direito a um advogado?

- Não precisarei de um.

- Reconhece este homem?

Beckett mostrou a foto da vitima.

- Parece que ele caiu feio.

- Ele teve uma ajudinha. As digitais coletadas mostrarão que ele foi jogado da janela... por você.

- E depois disso, você raptou Tina Massey na frente de uma câmera de segurança.

- Assassinato mais rapto é igual a mais anos na prisão do que te restam. A menos que você coopere.

Ele olhou bem calmo e sério para Beckett.

- Tudo que têm contra mim... ou acham que têm... vai sumir. E acabamos aqui.

Ela saiu da sala de interrogatório irritada.

- Essa cara deveria estar suando.

-Não parece certo.

-Parece que ele sabe de algo que não sabemos.

-Quero que descubra tudo que pode sobre Thomas Gage.

Ryan falou.

- O problema é: esse não é o nome verdadeiro. A habilitação dele é falsa, e as digitais não estão no sistema. Ou seja, não temos idéia de quem ele é.

Beckett resolveu conversar com a refém.

- O cara estava super calmo o tempo todo. Nem quis bater papo. A primeira frase foi: "Entre no taxi ou eu te mato."

- E quando foram para o seu apartamento, sobre o que ele falou?

-Depois de prometer não me matar, me pediu para tratar da perna dele. Ele tinha um corte profundo.

- Pode dizer como ele se machucou?

- Ele disse que foi atacado com uma faca... enquanto matava um homem.

- E ele admitiu isso para você?

- Foi mais um relato.

- E ele disse quem era esse homem ou por que ele o matou?

- Tudo o que disse foi que o homem não existe.

Em seguida, Beckett e Castle foram chamados por Lanie ao necrotério onde ela manteve o mesmo discurso que eles ouviram antes. O homem não existe. Pior, alem de não existir, ele literalmente sumiu da mesa de autópsia sem qualquer explicação plausível. De volta ao distrito, Beckett estava ainda mais intrigada com o caso.

- Como um corpo desaparece do necrotério?

- Não sei, mas Thomas Gage sabe. Lembra o que ele disse, o que vocês acham que têm vai sumir?
Ele está envolvido nisso.

- Espo, Gage já foi transferido para a central?

-Não, ainda está esperando.

-Ele nos dará umas respostas.

Ela se dirigiu a parte das celas no distrito seguida por Castle e Esposito. Ao encontrar a cela vazia, ela estranhou.

- Onde ele está?

- Ele estava aqui. Eu... Eu mesmo o chequei.

- Tranquem o distrito.

E Gage escapara debaixo dos olhos deles.

Em casa, Castle digitava avidamente alguns detalhes que havia coletado nessa investigação. Seria um ótimo material para um novo livro. Alexis veio conversar com ele sobre sua frustração devido a perda do corpo do morto. Aproveitando a oportunidade, Castle tentou disfarçadamente persuadi-la a largar o estágio mas não teve sucesso.

No distrito, Gates queria respostas.

- Então?

- O apartamento onde o desconhecido foi assassinado... Achamos que Gage estava...

Ela cortou irritada deixando Ryan e Esposito numa situação delicada.

- Não me importa onde Gage estava, a menos que me diga onde está agora. Mas estou muito interessada em saber como ele conseguiu sair da cela sob seus cuidados.

- Não temos certeza, senhora. Mas sabemos como ele deixou esta delegacia.

- Suponho que pela saída dos fundos.

- Na verdade, pela porta da frente. Este é ele indo para a entrada.

- Onde ele conseguiu uma farda?

- Roubando do vestiário.

- Descubram o que mais ele fez. Chequem os vídeos de segurança e refaçam seus passos. Quero saber cada movimento dele.

Beckett tentava entender porque ele fugiu. Na verdade, tudo era um plano para acessar o banco de dados da policia. Gage queria ser preso, simples assim. E a informação que procurava era uma pessoa: Tracy McGrath, do Queens.

- Descubram o que puderem sobre Tracy. Castle e eu iremos lá agora.

Infelizmente, eles chegaram tarde demais. Ela estava morta. Beckett ligou para o Esposito e pediu para avisar a Lanie sobre o corpo. A única coisa que sabiam era que ela era um cientista mas isso não explicava porque Gage a queria morta.

Beckett decidiu checar o resto da casa. Na cozinha, ela pressentiu que havia algo errado. Com a arma à vista, ela andava devagar de volta à sala até vê-lo encapuzado.

- Castle...

E teve uma arma apontada para sua cabeça sendo encapuzada em seguida.

Ao chegar na casa, Lanie chamou por Beckett sem resposta. Viu a mancha de sangue no chão mas nada de corpo.


XXXX


Finalmente retiraram o capuz da cabeça dela e de Castle. Assim que olhou para ela perguntou.

- Você está bem?

- Estou, e você?

Ao olhar para trás, viu um cara muito sério no estilo segurança.

- Quem é você?

- Aonde está nos levando?

- Aonde quer que seja... é para baixo.

Assim que as portas do elevador se abriram, eles se depararam com uma espécie de quartel-general. Máquinas de última geração e pessoas estranhas trabalhavam ali.

- Que lugar é este?

- Não sei. Não tenho ideia.

- Rick Castle sem palavras? Deve ser sua primeira vez.

O espanto dele foi grande. O de Beckett maior ainda.

- Sophia Turner?

- Olá, Rick. Bem-vindo à CIA.

Ryan e Esposito foram conversar com o chefe de Tracy que confirmou o trabalho dela como cientista, PHD em matemática e se destinava criar um modelo para prever efeitos climáticos. Também confirmou que ela saiu abruptamente do trabalho ontem. Os rapazes pediram para verificar o computador e email dela.

Enquanto isso, abaixo do solo, Castle ainda se deslumbrava com a estrutura do quartel general da CIA.

- Centro de operações subterrâneo e secreto? É muito James Bond.

Kate ao contrario dele estava irritada e totalmente intrigada com toda aquela situação principalmente pela presença da tal Sophia, quem era aquela mulher e de onde ela conhecia o Castle? Ela odiava ser pega de surpresa ainda mais quando o assunto era mulheres do passado de Castle. Em segundos, Castle parecia capaz de destruir toda uma imagem que ela tentava construir dele.

- Castle, está evitando a pergunta. Quem é Sophia Turner? Como a conhece?

-É... uma longa história.

-Posso ouvir o resumo. Ela forçou.

A própria Sophia se intrometeu na conversa deles trazendo café.

- Deixe que eu te conte. Faz quanto tempo? 12 anos?

-11 anos e meio.

- Rick e eu nos conhecemos quando ele começou sua pesquisa para o primeiro livro de Derrick Storm. Ele queria ter uma visão mais próxima e pessoal da vida de uma agente da CIA. Então eu mostrei a ele.

Castle se limitou a beber o café para não encarar Beckett que o forçava a isso, ela não estava acreditando no que acontecia.

- Você é Clara Strike, a Clara Strike dos livros de Derrick Storm?

O grau de incredulidade de Beckett atingiu o seu limite. Ela ouvira direito? Sophia era a inspiração para uma das personagens mais famosas e admiradas dela?

- Eu não diria que sou Clara Strike, mas gosto de pensar que inspirei Rick de alguma forma.

- Isso é fascinante.

Mas o tom de Beckett era de puro choque. Estava boquiaberta diante da descoberta. E Castle estava sorrindo para ela?

-Você está bem.

-Você também.

Isso queria dizer que ela não era a primeira musa de Castle e algo lhe dizia que Sophia era mais que isso para ele. Ela não conseguia disfarçar o incomodo ao presenciar a cena desse reencontro dos dois. Sim, Kate estava com ciúmes e chateada, mas lutava contra si mesma para evitar de transparecer o que a dominava.

- Odeio interromper a reunião, mas estamos detidos ilegalmente, pelo menos eu estou.

-Não é uma detenção. É uma inquirição, aprovada pela NYPD. Pode ligar para Ted McQuinn.

- O Chefe dos Detetives?

- Ele me garantiu que você colaboraria. Preciso saber tudo o que sabe sobre Thomas Gage.

A raiva e a indignação de Kate apenas aumentava. Ela não iria ceder facilmente, não importava o que o chefe dos detetives prometera.

- Não. Não até me dizer o que está havendo aqui.

Sophia percebeu que Beckett não era uma detetive qualquer, tinha personalidade.

- Tudo bem. Mas falaríamos sobre informações altamente secretas em relação à segurança nacional. Se revelar a alguém, será tido como crime de traição contra os Estados Unidos da América, punido com morte. Então... ainda quer saber?

Sophia a desafiava com o olhar, Beckett não deixou por menos e a encarou aceitando o desafio.

Mostrando no telão a ficha eletrônica de Gage, o agente explicou.

- Recrutamos Thomas Gage da Seal Team Six em 1997. Inteligente, altamente treinado, fluente em 11 idiomas, Gage era nosso agente mais efetivo. Foi mandado para zonas de conflito, estados em crise em todo o mundo. Gage se adaptava a todas as situações. Infelizmente, ele se desviou.

- Pelas informações da ASN, achamos que Gage quer iniciar um evento catastrófico, uma ameaça iminente ao país.

- O homem que Gage empurrou da janela era da CIA.

- Gary Harper. Um dos melhores. Soubemos a localização de Gage.Mandamos Harper para capturá-lo. Está na cara que a operação não saiu como planejado.

- A tal ponto que pegou o corpo no necrotério.

- É uma crise na segurança nacional. Não queríamos a NYPD nos atrasando.

- Bom saber. Disse Beckett irônica.

- Como contataram Tracy McGrath?

- Monitoramos informações da sua delegacia. O nome dela surgiu. Infelizmente, quando o agente chegou, ela já estava morta.

- Por que Gage a matou?

- Esperávamos que vocês soubessem.

O celular de Beckett toca.

-Pode atender.

-É, estava planejando fazê-lo.

- Pode colocar no viva-voz?

- Espo, está no viva-voz.

- O Chefe dos Detetives falou conosco. Disse que você estava em uma missão especial.Do que se trata?

- É uma longa história.

- O que conseguiu sobre Tracy McGrath?

- Pode ser nada, ela saiu do trabalho por duas horas. Há uma anotação na agenda dela, mas só diz "Pandora".

- Eu te ligo de volta.

Ela desligou o celular e fez a pergunta inevitável.

- O que é Pandora?

- Dizem que Pandora é o nome secreto da missão de Gage, o que significa que McGrath está envolvida nisso.

- Agora sabem o mesmo que nós. Fez um trabalho impressionante neste caso. Quero que lidere a busca por Thomas Gage.

-Sophia...

-Estamos contra a parede. A CIA não pode fazer investigação doméstica.

- Não é para isso que serve o FBI? Retrucou Beckett.

- Thomas Gage é um mercenário.

- Não sabemos para quem trabalha nem a extensão do problema. Só estou pedindo que continue sua investigação e compartilharemos tudo que descobrirmos sobre ele.

- E qual a pegadinha?

- Que faça o mesmo e que se dirija somente a mim. Tem que ficar entre nós. Colocaram programas nos celulares de vocês, irão conectá-los à minha linha direta. Sabemos do que Gage é capaz. Ele é muito perigoso e não tenho dúvida de que é capaz de executar seja o que for que planeja.

Ela virou-se para Castle e falou.

- Não te colocaria nessa situação, mas esse homem precisa ser parado.

- Posso contar com sua ajuda?

Antes que Beckett abrisse a boca para emitir uma opinião, Castle prontamente respondeu.

- Pode.

Eles deixaram o lugar. No transito de volta ao distrito, Castle não conseguia esconder a empolgação que sentia. Beckett permanecia na dela, ainda abalada por tudo que descobrira e tentava digerir.

- Percebe o que isso significa? Somos espiões. É como um filme de Jason Bourne, mas onde ele é o vilão e a CIA são os mocinhos.

- Seria a primeira vez.

- Espere aí. Preciso ver o programa de ligação direta que colocaram em nossos telefones. Por que o meu é um botão do pânico?

- Acho que ela realmente te conhece bem.

E Castle percebeu que ela não estava bem.

- Certo. Você está chateada.

-Não estou chateada.

-Está o quê?

- Só estou um pouco desconfortável com a nova estrutura de comando. Não gosto de guardar segredos do meu pessoal.

Isso era verdade mas não o real motivo porque ela estava chateada.

- Certeza que não é por causa de Sophia?

-Por que seria? Respondeu ríspida.

-Não sei. Talvez porque baseei um personagem nela.

E ele tocara na ferida.

- Não se ache, Castle. Não é uma honra tão grande.

- Ótimo. Porque Sophia está do nosso lado. Estamos no mesmo time.

Droga, Castle! Porque você às vezes é tão tapado?

-E isso não te preocupa? Não acha que afetará a coesão da nossa união?

Ele percebeu que ela continuava chateada, irritada até mas não quis entrar no jogo.

- Deixarei essa passar, em nome da segurança nacional.

- Acho que eu também.

Mas ela não agüentou. Precisava falar um pouco pelo menos do que a incomodava.

- Eu posso ter sido pega de surpresa pelo fato de que você já... pesquisou com outra pessoa.

- Nunca foi do jeito que é com você e eu. Apenas andei com ela por um tempo para dar autenticidade a Clara Strike. Foi por um curto período, muito tempo atrás.

Ela de certo modo sabia que ele estava sendo sincero.

- E Nikki Heat? É um personagem muito mais complexo e amplo.

- Ela é, sim. Beckett concordou.

- E sou um escritor mais experiente, mais maduro. Uma das duas coisas.

Beckett não pode esconder uma pontinha de sorriso pela satisfação de ouvir aquelas palavras. Estava a ponto de deixar toda a história para lá, porém sua vontade pessoal falava mais alto. Ela queria saber mais.

- E quanto tempo durou?

Eles saiam do elevador.

- Um ano? Essa é sua noção de um curto período?

- Eu era jovem e ela tinha muito para me ensinar.

- Aposto que tinha. Ria, sarcástica.

- Sobre o mundo obscuro da espionagem.

Ela o encarou e perguntou na lata. Nada de rodeios. Era o ciúme falando.

- Vamos esclarecer, mais quantas mulheres você semi-perseguiu em nome da pesquisa?

- É uma armadilha?

- Pensando bem, nem quero saber.

Ela tentava escapar da discussão com Castle antes que acabasse fazendo besteira quando Gates os interceptou.

- Detetive Beckett, sr. Castle, que bom aparecerem por aqui. Falem sobre essa missão especial de vocês.

-Receio não poder, senhora.

-Como é?

Castle provocou.

- É... é confidencial.

Kate teve que se esforçar para esconder o sorriso de satisfação.

- E eu preciso que me confidenciem.

- Senhora, acho que o Chefe dos Detetives me apoia nessa.

- Bom... Veremos.

- Viu como ela estava brava? Meu Deus, isso foi tão legal.

Beckett teve que sorrir ao vê-la pisar forte e esbarrar nos rapazes que vinham na direção deles.

- Então... Sério, o que está havendo?

- Desculpem. Não podemos falar sobre isso.

- Fala sério. Somos nós.

Como Beckett não se mostrou disposta a falar, eles focaram em Castle.

- Não. Sinto muito. Confidencial. Supersecreto. Restrito. Segurança máxima. Se eu contasse a vocês... teria que matá-los.

-Boa sorte com isso.

-É, isso realmente não...

- Para registro, isso é uma droga.

-Uma droga.

-Anotado. Voltemos a Tracy McGrath.

E os rapazes contaram que Tracy foi para um lugar perto do aeroporto de Newark em New Jersey. Não tinham idéia de onde ela fora. Castle e Beckett decidiram voltar a cena do crime. Após revirarem a casa de Tracy a única coisa que acharam de pista foi a chave de um Pontiac GTO que não se encontrava na casa. Ao fazer uma pesquisa nas finanças dela, Ryan descobre que Tracy pagava um estacionamento ao lado do aeroporto de Newark. Eles foram para lá.

- Ali está. Isso que é um clássico de Detroit. 400cm³ com um Rochester de 4 cilindros e 360 cavalos.

-Conhece Muscle Cars?

-Com certeza. Deveríamos ir a uma pista algum dia, Castle. Ver quem pega quem.

Ops! Isso soou pervertido ela pensou.

- Por que acha que Tracy saiu do trabalho para vir aqui?

- Talvez usou o carro para ir a um encontro clandestino relacionado à Pandora?

Ela avaliava o estado do carro. Tirava suas próprias conclusões.

- Não. Veja a sujeira nele. Ele não vai a lugar algum há um tempo.

Ao avaliar a traseira do carro, ela percebeu as marcas.

- Castle, veja isso. Talvez ela tenha vindo esconder algo no porta-malas.

Ela meteu a chave e abriu a mala.

- Marcas de mão. Indicam que alguém esteve aqui.

- Sim.

- Esse não é o equipamento original.

- Não, mas é provavelmente o motivo dela ter vindo aqui.

Beckett pegou a maleta e tentou abri-la. Castle tentou impedi-la um pouco mais temeroso que de costume.

- Espere aí. Espere um minuto. Não sabemos o que há aí dentro.

- Só há um jeito de descobrir.

Ela voltou sua atenção para abrir a maleta.

- Mas pode ser Pandora, como em "A Caixa de Pandora" e abrir isso poderia liberar uma onda do mal eterna.

- Castle, isso é um mito.

- Estou falando metaforicamente. Gage planeja um evento catastrófico, não é? E se há uma Máquina do Juízo Final na mala que será ativada quando abri-la?

- E o marco zero é uma garagem em Nova Jersey? Duvido.

-Eu só...

Ele desistiu de argumentar. Ela era muito teimosa.

- É um celular militar e um criptografador. É equipamento de espião.

- Tracy veio aqui fazer uma ligação e aposto que o último número que ela discou ainda está no telefone.

Beckett pegou o telefone e começou a procurar pela ligação quando alguém falou.

- Fechem a maleta e virem-se. Mãos erguidas.

Eles obedeceram e viraram-se.

- Gage.

- Arma e celulares no chão.

- Sério? Erga você as mãos.

Beckett apontou a arma para ele que em segundos a desarmou. Repetiu.

- Celulares no chão.

- Eu acabei de trocar. É um telefone novinho.

Ele pisou sem pena nos celulares destruindo-os.

- Receio que não gostarão do que acontecerá agora.

Gage os prendeu no porta-malas do carro.

- Castle. Ela sussurrou.

Ele mantinha os olhos fechados e fazia careta. Ela ligou a lanterna.

- Castle, o que está fazendo?

- Preparando para te proteger de uma salva de tiros.

- Isso é muito nobre da sua parte, mas pode parar. Acho que ele já foi.

- Minha vida estava passando diante de meus olhos. Acho que perdi a noção do tempo.

Ela observava o porta-malas, precisava achar um meio de sair dali.

- O que sabe sobre travas de porta-malas?

- Bom, a má notícia é... que essa não foi feita para ser aberta por dentro.

- E a boa notícia?

- Desta vez não estamos algemados um no outro. É surpreendentemente espaçoso aqui.

- Não tão espaçoso. Cedo ou tarde, ficaremos sem ar. Precisamos sair daqui.

- Talvez alguém nos encontre.

- Castle, estamos presos em um porta-malas em um estacionamento de longo prazo. Levará horas até notarem que sumimos. Quem você acha que nos encontrará?

- Eu só acho que, em situações como essa, é importante ter fé.

Ela olhou novamente para ele já imaginando o que acontecera.

- Apertou o botão do pânico, não é?

- Se houve uma hora para pânico, foi essa.

-Estou...

-Deveria me agradecer.

Ela estava irritada.

-Não. Não serei resgatada pela sua namorada. Mexa-se, Castle.

-O que está...

-Preciso ir ali embaixo.

Ela espremia-se movendo o corpo para baixo esbarrando-se e batendo nele, talvez como uma forma de descontar sua raiva nesse momento.

- O que está fazendo?

-Peguei.

-O quê?

- Isto.

Ela pegou uma espécie de chave de roda. Encaixou do lado dele numa trava do porta-malas.

-Entrou?

-Para a esquerda.

Ele a guiava.

-Certo.

-Empurre.

- Abaixe-se.

Ela insistiu um pouco mais girando a chave e o porta-malas destravou.

-Isso.

-Legal.

Castle abriu a tampa do porta-malas e buscou por ar. Ela fez o mesmo e a primeira pessoa que viram foi o tal agente da CIA com os capuzes o que fez ambos rolarem os olhos e não gostarem nada da situação. De volta ao quartel general da CIA, eles se encontraram novamente com Sophia. Ela estendeu a arma à Beckett.

- Acredito que isto seja seu. Agente Jones a encontrou no estacionamento. Ótimo trabalho achando o carro. Pode ser a pista que precisávamos.

Ela se dirigia a Castle.

- Não posso levar todo o crédito.

- Especialmente porque foi o det. Ryan quem o descobriu.

Então um momento estranho se passou bem na frente de Beckett. Sophia e Castle conversavam sobre o caso a ignorando e pior, completando as frases um do outro como ela normalmente fazia com Castle.

- O telefone é, obviamente, importante, senão Gage não o teria pego.

- Tracy McGrath o usou no dia em que morreu. Talvez ligou para alguém conectado à Pandora...

- E então Gage a eliminou e pegou o telefone para eliminar as pontas soltas.

Beckett interrompeu.

- O que ainda não explica onde Gage está agora ou para quem Tracy ligou.

- Descobriremos quando rastrearmos a ligação.

- Mas Gage levou o telefone. Como rastrear sem saber o número discado nem o dela?

- Usando os melhores brinquedos.

Eles se dirigiram para a frente de um computador com um telão. Sophia dava as direções e o que eles presenciaram parecia coisa de filme de espionagem.

- Fundação Newton até Estacionamento do Frenchie, tempo de viagem de carro, ontem às 15h, pela rodovia.

- 41 minutos. Houve um acidente na Ponte George Washington.

- Contando o tempo que levaria para ela chegar ao carro, digamos que ela chegou lá às 15h45. Pegue o tráfico de celulares dos 15 minutos seguintes.

- A ligação iria para a torre mais próxima. Esta, ao sul do Aeroporto de Newark, que processou... 5.429 ligações nesse intervalo.

Todo o processo aparecia no telão.

- Filtre só as ligações para Nova Iorque e Nova Jersey.

- Isso nos deixa com 4.112.

- Agora só telefones pré-pagos e os não registrados.

- Reduz para 712.

- Ligações abaixo de um minuto. Ela seria breve.

- Temos 42.

- Agora triangule os 42 sinais e veremos qual deles se originou mais perto do estacionamento.

- Consegui. Ontem às 15h56. A ligação saiu da torre para um orelhão no Brooklin. Cruzamento entre Plymouth e Gold.

- Nossa. Castle estava maravilhado.

- Tem de ser o número discado. Deixe-me ver o orelhão. Alguma gravação de ontem às 15h56. Encontrei uma. Isolando-a agora. Há um vídeo. Às 15h56.

- Aumente.

- Ele tem um criptografador. É ele.

- Ele parece familiar. Pare aí. Meu Deus. É impossível. Ele deveria estar morto.

- Quem é ele? Castle perguntou.


XXXXXXXXXXX


Eles estavam sentados juntos com Sophia ouvindo as explicações do outro agente.

- Dr. Nelson Blakely. Professor de Matemática. Ele foi uma lenda na Agência. Um gênio. Era nosso consultor, mas morreu em 2002, ou era o que pensávamos até agora.

- Então ele forjou a própria morte. Fica cada vez melhor.

Sophia teve que discordar.

- Não fica, considerando do que ele é capaz. Blakely criou modelos matemáticos de previsão, modelos para nos ajudar a criar mudança geopolítica.

-Como assim?

-A agência traria um problema... como prevenir o país "A" de conseguir a bomba ou provocar mudanças no regime político do país "B". Blake encontrava soluções usando o que denominava de Teoria Motriz. Sua abordagem era encontrar um acontecimento trivial que desencadearia algo maior.

- Como o assassinato do arquiduque Ferdinand causou a 1ª Guerra Mundial.

-Exatamente. Ele chegou a dizer que se derrubasse um dominó, desde que fosse o correto, o restante cairia. – Sophia parecia preocupada - Se Blakely planejou Pandora, é muito pior do que imaginávamos.

- Blakely é só um mercenário, assim como Gage.

-Ele não está por trás disso.

-Agente Turner, consegui. O vídeo permite a leitura labial.

- O que ele está dizendo?

O equipamento avançado mostrou a conversa.

- Encontre-me na quinta às 15h. Bispo A-5, bispo C-4, peão E-3.

- Movimentos de xadrez?

- Blakely era um jogador de xadrez renomado. É algum tipo de código. Procure esse padrão no banco de dados.

A funcionária obedeceu e começou a procura. Sophia voltou-se para Castle.

- Isso nos leva a uma área delicada.

-Apenas para você. Entendi.

Ele se levantou e Beckett fez o mesmo.

- Muito obrigada pela ajuda.

E Sophia tocou de leve o paletó de Castle o que não passou despercebido por Kate.

- Agente Jones mostrará a saída.

- Espere um momento. E Gage?

- Precisamos achar Blakely. Ele é o elo frágil.

Beckett entendeu mas mesmo assim, insistiu.

- Certo, mas se souber algo sobre Gage, avise.

- Claro. Estamos nessa juntas.

Sophia falava porém Beckett não comprava totalmente a idéia, tinha o pé atrás com ela. Enquanto estavam no elevador, Castle começou a falar baixo com ela.

- Sabe o que penso? Acho que devemos desvendar o código.

- A CIA resolverá, Castle.

- Com o histórico deles? Não tenho certeza. Só estou dizendo. Se decifrarmos o código, podemos salvar o país de um acontecimento desastroso sem igual.

- Se quiser ir atrás de Blakely, vá em frente. Sou uma detetive de homicídios. Preciso encontrar Thomas Gage e não posso fazer isso obedecendo Sophia.

-Como assim?

Ela odiava ver Castle se rendendo pelo mistério, pela CIA, pior por Sophia. Ela tentava conter a irritação.

-Ele matou duas pessoas, Castle. Acha que ela se importa? Não. Ela tem outros planos.

- Sim, como salvar o mundo. Estamos no mesmo time.

E Beckett acabou deixando o ciúme falar mais alto.

- Não, você está no time dela. Porque como olha para ela, com certeza não está no meu.

Antes que Castle tivesse a chance de responder, o agente estendeu os capuzes para eles.

-Sério?

-É uma instalação secreta. Precisamos mantê-la assim.

Sem poder argumentar, eles colocaram os capuzes contrariados.

Assim que estavam em suposto território seguro, Beckett avisou que ia para casa. Castle fez o mesmo.

Em seu apartamento na manhã seguinte, Castle tentava quebrar o código de xadrez enquanto conversava com a mãe sobre o estágio de Alexis. Do nada, Martha retrucou.

- Querido, não seja bobo. Só está de mau humor porque brigou com Beckett.

- Não estou de... Como descobriu? Não, espere. Deixe-me adivinhar. Beckett para Lanie para Alexis para você. Percebe? Era disso que tinha medo. Para sua informação, não brigamos. Apenas escolhi trabalhar em casa hoje.

- Em um caso envolvendo corpos desaparecidos e missões especiais.

- Sério? Ela te contou isso também? Nada é secreto?

-Não muito.

- Não tenho permissão para discutir.

- Por favor. Quando isso te impediu?

- Está na hora. Começando com limites aqui.

- Tudo bem.

Mas acabou falando do código com a mãe.

Já Beckett não conseguia esquecer as cenas que presenciara entre Castle e Sophia, além do seu próprio ciúme. E o que foi aquilo? “Não vou ser resgatada pela sua namorada.” Ataque de ciúmes espontâneo, Kate? Droga! Não acredito que disse aquilo. Tudo que Castle precisa pra ficar amaciando aquele ego gigante dele. Duas mulheres querendo o escritor gostosão. Porque isso foi acontecer logo agora?! “Estamos nessa juntas”, pura falsidade! Algo naquela mulher não era certo, real. Ela sentia, era instinto. E Castle não via isso, o jeito que olhava para Sophia machucava seu coração. E a tal mulher conseguiu faze-los brigar. Ela não queria continuar o caso sem ele mas também não iria ceder. Ele que corresse atrás. Não dormiu direito à noite e decidiu que para continuar de cabeça fresca nesse caso, precisava desabafar.

Logo na primeira hora da manhã, ela se dirigiu ao consultório do terapeuta. Dessa vez, ela não optou por sentar na cadeira e enrolar para falar o que acontecia. Na verdade, ela estava bem elétrica, ainda sentindo a irritação e a raiva provocadas por Sophia no dia anterior.

Kate andava de um lado para o outro.

- Conte-me o que aflinge você Kate afinal deve ser algo bastante relevante para te fazer vir aqui às 7 da manhã e estar tão inquieta. É sobre o caso da sua mãe? Ele sabia que não.

- Não. É o Castle. Na verdade, não é bem ele diretamente. É a tal da Sophia Turner, agente da Cia e primeira musa do Castle. Ela inspirou Clara Strikes. Eu a conheci. Ela é... irritante! Porque ele não me contou sobre ela? Eles com certeza estiveram juntos, são íntimos. Eu pensei que eu fosse a primeira. Quer dizer, pensei que fosse a primeira com quem ele trabalha diretamente, no dia a dia.

- E não é?

- Não, aparentemente ela foi a primeira. Ele disse que foi por cerca de um ano e que não era nada como nós. Que droga! Não consigo imaginar que seja só isso, eu li os livros dele, eu gosto muito da personagem e se Sophia for realmente como ela... eu... briguei com ele. De certa forma, falei o que achava e nem sei se devia. Ele não retrucou mas da forma como saiu, sei que ele está chateado. E eu também.

Ela passou as mãos pelos cabelos e continuou.

- Eu odeio esse sentimento, esse aperto no peito. Às vezes penso que seria melhor se eu tivesse aceitado o jantar logo no final daquele primeiro caso e dormido com ele de uma vez, assim ele seria apenas mais uma das minhas conquistas como ele mesmo propusera na época. Desse jeito, eu não estaria me remoendo, me martirizando de ciúmes por causa daquela mulher insuportável, posuda, arrogante, prepotente, mandona, uma verdadeira vadia.

Ela mordeu os lábios, percebeu que seus olhos encheram d’água.

- E se Castle quiser reviver os velhos tempos? Ele com certeza ficou fascinado pelo cenário da CIA e por reencontra-la. Se quisesse correr atrás de outro rabo de saia? Droga, Kate! – ela passou a mão nos olhos limpando as lágrimas – exceto que Sophia não é uma zinha qualquer, ela foi importante para ele. Ela é da CIA!

- Você está se sentindo ameaçada pela Sophia. Nada mais natural já que vocês tem muitos pontos em comum: são oficiais da lei, mulheres inteligentes e bonitas, corajosas.

- Não, eu não posso ficar remoendo ou perdendo tempo com essas futilidades enquanto tenho um assassino a solta e uma possível ameaça nacional.

- Kate, não são futilidades, são sentimentos reais, seus sentimentos. E você deve respeita-los.

Ela está visivelmente nervosa.

- Sente-se e respire fundo.

- Não tenho tempo, preciso trabalhar.

- Sente-se, Kate. Você precisa se acalmar ou não irá render nada – ela obedeceu – ótimo, agora respire fundo. Se quiser chorar, faça. É o seu momento.

Ela fechou os olhos e começou a respirar profundamente. Deixou as mãos relaxarem sobre o abdômen permanecendo em silêncio por alguns minutos. Percebendo que ela já estava mais calma, ele voltou a falar.

- Está mais calma?

Ela assentiu.

- Bom, então agora me ousa com atenção. Sua reação de ciúmes é parte do que você é. Pode sentir-se assim por seu parceiro mas principalmente pelo homem que ama. Você se permitiu um momento de raiva, de desabafo, isso é bom. Agora Kate você voltará ao trabalho, respire fundo e seja a detetive. Observe a cena como tal, com olho clínico. Certeza de que você mudará de ideia sobre o que está pensando agora. Irá descobrir que Sophia é passado e que você é presente e futuro na vida de Castle. E se ainda assim, você se sentir desconfortável com a situação, diga a ele. Faça-o ver o quanto isso te afeta.

- Não sei se isso é uma boa idéia ...

- Confio no seu julgamento, Kate. Assim como confio no meu, é uma boa ideia.

- Obrigada por me ouvir.

- Estou aqui para isso.

E ela abriu o primeiro sorriso da manhã.

Depois da conversa com o terapeuta, ela se sentia melhor por ter extravasado a raiva que a dominava. Estava olhando para o quadro de evidências procurando por algo que pudesse lhe dar um caminho para chegar a Gage. Esposito se aproximou e comentou que não tinha nada sobre Gage mas que achara uma conexão entre Blakery e Tracy,ele era professor dela e a uns dez anos foram a um passeio de raffing onde ele se afogou. Ao ouvir isso, Beckett pensou alto.

- Então ele forjou sua morte e Tracy estava envolvida.

- Quem forjou a morte? Blakely?

- Desculpe. Não posso falar.

Nesse momento Castle apareceu na frente dela. Tinha um tabuleiro de xadrez na mão.

- Oi.

A pergunta foi direta.

-O que está fazendo aqui?

-Encontrei algo. É sobre Blakely.

Ela entortou a boca e rebateu na mesma hora.

- Por que não conta para Sophia?

- Ela não é minha parceira. Você é.

Droga! Ele conseguia quebrá-la ao dizer isso. Seu corpo reagia involuntariamente a isso.

- Posso?

Ela assentiu e de frente para ele colocou a mão no queixo para ouvir a teoria além de também tentar manter-se focada e não transparecer o quanto ela estava mexida ainda com toda a história.

- Tudo bem. Bispo, bispo, peão. Sabemos que Blakely era um renomado xadrezista. Tracy também. Tinha um relógio de xadrez. Mas esse posicionamento não faz sentido tático.

- Suponho que tenha uma teoria?

- Não acho que as peças tenham algo a ver com o jogo. Acho que deixou uma mensagem codificada para Tracy dizendo onde encontrá-lo. Talvez um lugar onde jogavam xadrez.

- Certo, pessoas jogam xadrez em parques. Central Park, Washington Square Park... seriam bons lugares para encontrar alguém sem chamar atenção.

-Exato. E se cada peça significar a primeira letra de uma palavra? Bispo para "B", peão para "P"?

- "B" e mais 7 espaços pode ser... Brooklin. E Blakely ligou do Brooklin. Então Brooklin... B-B-P. Brooklin... Bridge Park?

- O encontro é às 17h. Isso é em meia hora. Se Blakely aparecer, poderemos saber o que é Pandora e acharmos Gage. O que me diz?

E eles foram para lá na esperança de encontrar Blekely e Gage. Estavam sentados diantre de um dos tabuleiros.

- Blakely deveria estar por aqui agora.Talvez saiba que Tracy está morta ou talvez Gage já o tenha matado.

- Escolho a audácia da esperança. Digo que ele estará aqui.

- Então não deveria ligar para Sophia? Ela não aguentou não tocar no assunto.

- E parecer um imbecil se estiver errado?

E ela cutucou de novo. Era inevitável.

- Tenho que admitir que estou surpresa por você nunca tê-la mencionado antes.

- Não era permitido. Ela é uma agente ativa da CIA.

-Sei.

Castle sabendo que ela continuava incomodada com a presença de Sophia e também para melhorar a relação entre eles numa espécie de fazer pazes, acabou dizendo o que ela queria.

-Se você quiser, responderei qualquer questão que tiver sobre ela... qualquer coisa.

-Não. Obrigada.

Ela sorria pensando: como se eu fosse te dar esse gostinho...

- Tem certeza?

- Tenho, não é da minha conta.

- Certo. Encerramos o assunto.

- Ótimo.

Mas a curiosidade era bem maior. Ela olhou para o tabuleiro e para ele e de novo repetiu o gesto e não resistiu.

- Então... Quão próximos vocês eram? Exatamente.

- Ele está aqui.

- Disse que poderia perguntar.

- Não, sério. Ele está aqui.

Castle realmente tinha avistado ele. Ambos se levantaram e dirigiram-se a Blakely.

- Dr. Blakely.

- Acho que me confundiram com outra pessoa.

- Não, não há engano.

-Como me acharam?

-Através de Tracy. Ela está morta.

- Se eles a pegaram, podem me pegar. Precisamos sair daqui agora.

O homem parecia perturbado. Eles estavam no carro de Beckett agora.

- Sempre soube que este dia chegaria. Mas Tracy...

- Dr. Blakely, o que está havendo? O que é Pandora?

- Preciso que me levem ao píer 32.

- Não está em posição de pedir nada.

- Entrei no carro voluntariamente e tenho direito de sair se não me levarem aonde quero ir.

- Certo, o que é píer 32?

- Quando estivermos lá, contarei o que querem saber.

- Você era o melhor no seu campo, professor, conselheiro da CIA. Por que fingir a própria morte?

- Derrubei nações pela Agência. Brinquei de Deus, mas... minha Teoria Motriz não considera o custo humano. Sabia que eu nunca sairia, então morri e renasci.

- E a única que sabia era Tracy?

- Foi minha tábua de salvação. Guiou o trabalho do meu jeito. Ajudei a reduzir a cólera na África. Previ que um solitário ato de desobediência civil provocaria uma revolta e renascimento do mundo árabe. Fiz coisas boas. Quem a matou?

- O mesmo homem que está tentando pegar Pandora.

- Estão tentando fazer isso acontecer? É ainda pior do que eu pensava.

Finalmente, eles chegaram ao tal píer. Beckett parou o carro e virou-se para o banco de trás.

- Certo, fale.

- Preciso entrar primeiro.

- Não irá a lugar algum até falar de Pandora. O que é?

- É o nome do livro branco que escrevi.

- Para quem?

- Fui contratado por uma usina de idéias para identificar pontos fracos na segurança dos EUA, assim poderiam ser amparados, protegidos. Encontrei uma vulnerabilidade alarmante... um motriz atrelado à economia que poderia causar crise e devastação além de tudo que jamais vimos. O efeito dominó nunca terminaria. Pedi a Tracy que rastreasse a usina de idéias, mas eles não existiam. Seja quem eram, dei o mapa a eles que levará ao fim do nosso país como o conhecemos.

- Dr. Blakely, qual é o motriz?

- Um bando de pombos?

- Blakely, qual é o motriz?

O homem parecia ter entrado em transe. O nível de suposta paranoia crescendo.

- Pombos não voam em bando, a menos que fugindo de um predador. Eles estão aqui.

Ele apavorou-se e abriu a porta na intenção de correr e fugir.

- Espere, espere, espere!

Nem bem chegou a frente do carro, ouviram o tiro. Ele fora atingido.

- Blakely!

Ela nem ao menos teve tempo de pensar em algo quando um carro escuro atingiu a traseira do seu veiculo e continuou empurrando-o em direção à beira do píer.

- Vamos, vamos!

-Beckett!

-Segure-se, Castle!

-Segure-se!

Ela lutava com a direção do carro, desesperada para controlá-lo mas sabia que não conseguiria. Estavam indo direto para o rio. Não tinham como escapar. Iam cair.

-Freie! Beckett!

Ela não conseguia e então gritou.

- Segure-se, Castle!

E o carro caiu na água.



Continua.....

3 comentários:

val disse...

nossa foi maravilhoso, esse capitulo foi ótimo igual ao epi nossa com adorei.
vc até mudou algumas coisas e ficou melhor ainda, eu quero logo a continuação pq esse sim foi foda!

xoxox!

Eliane Lucélia disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Eliane Lucélia disse...

Oi linda, demorei um tiquinho, mas li esse cap, e posso dizer com todo orgulho do mundo que adorei, amei muito, primeiro que o epi foi muito bom de assistir, mas ter ele transcrito é melhor ainda, pq vc acrescenta detalhes que são tão significativos, o engraçado é que a gente (pessoas comuns kkk)nem pensa nestes detalhes e quando lê, vê o texto tão amarradinho, esses detalhes fazem uma diferença e é tão prazeroso, ex: os ciúmes de Beckett nesse epi, quando vc assisti é claro que conseguimos enxergar não só pela fala, mas pela expressão corporal, mas quando vc escreve sobre, parece que temos (pelo menos pra mim)uma visão mais ampla, não sei se é pelo fato de eu preferir ler sobre, ao invés de ver, aquela conversa dela com o terapeuta foi talvez o ponto alto desse cap, é ali que ela mostra a "verdadeira" Beckett, ali é o cantinho onde ela se mostra sem o muro de proteção, e eu adoro essas partes pq posso debater com o terapeuta, questioná-lo sobre algumas indagações que ele faz a ela, muitas vezes eu leio e digo, pô, vc coloca as coisas em um nível tão simples, então diga a ela como tornar as coisas simples, resolva kkk acho que também preciso de um terapeuta :D. Enfim, esse cap foi muito bom, e tenho certeza que o outro será ainda muito melhor. bjosss até o próximo.