Nota da Autora: No ultimo capitulo comentei sobre a pequena homenagem a uma personagem da série mortal. Decidi traze-la de volta em algum momento dessa história, portanto fiquem ligados. Agora veremos um pouco da rotina com um novo bebê, porém não irei abordar tudo o que acontece de novo. Escolhi algumas situações. As canções descritas aqui levam um pouco do gosto da autora e suas recordações, como também um pouco do que esperasse de uma mamãe americana. Curtam o capitulo e preparem-se.... enjoy!
Cap.21
O quarto do bebê que havia sido
decorado por Alexis e Kate estava impecável. Tudo em seu devido lugar para
facilitar a vida da nova mamãe. Uma pequena cômoda com o material de apoio
necessário para realizar tarefas básicas como trocar fraldas, amamentar, limpeza
da mãe, remédios. Kate estava surpresa com tanto zelo, tudo preparado por
Alexis. Também ali, colocara uma poltrona de amamentação na antesala que dava
para o quarto. Era um lugar tranquilo para Kate alimentar o filho. Na suite do
casal, lençóis devidamente limpos e arrumados, o pequeno moisés ao lado da
cama.Como o pequeno Alex saíra do hospital já alimentado, eles o colocaram em
seu berço e decidiram comer alguma coisa levando consigo a babá eletrônica,
nova companhia de Kate a partir de agora. A próxima refeição dele seria dali a
duas horas.
Na cozinha, Martha os aguardava
para almoçar. Uma refeição leve a base de verduras, legumes e frango para
ajudar na recuperação de Kate acompanhado de um suco de laranja e cenoura.
Enquanto comiam, Kate não pode deixar de comentar.
- Está tudo tão perfeito, o
quarto, as coisas arrumadas. Acho que nem eu teria pensado em tudo aquilo, na
verdade sequer lembrei de arrumar o ambiente para melhor cuidar do bebê. Alexis
parece uma mãe experiente. Se duvidar, sabe de mais coisas que eu.
- O que posso dizer, Katherine?
Essa é a minha neta, quando quer e aceita fazer algo não admite menos que a
perfeição. Fez questão de deixar tudo encaminhado para quando você e Alexander
voltassem para casa. E deixou um recado. Caso você tenha qualquer dúvida ela
baixou alguns livros de dicas no computador do pai e pode ligar para ela – Kate
olhou intrigada para a sogra, Martha sacudindo a mão despretenciosamente
concordou – eu sei, eu sei, ás vezes ela exagera. O que ela entende de ser mãe?
Aliás, o que livros podem dizer ao serem comparados com a experiência de alguém
que já viveu a maternidade? Fique tranquila, você aprenderá por instinto,
devoção. Para muitos, nenhuma mulher nasce sabendo ser mãe. Aí que se enganam.
O dom está dentro de nós, escondido, esperando o momento certo de aflorar. Com
você não será diferente mas o que precisar, pode contar comigo.
- Você, mãe? – disse Castle
soando meio surpreso.
- Eu sim! Quem você acha que
cuidou de você ao nascer? A fada dos dentes, gnomos? Ah Richard, um pouco de fé
sim? – isso arrancou gargalhadas de Kate.
- Pode deixar, Martha. Quando
precisar, recorrerei a você. Nesse instante, ouviram o choro baixinho do bebê
aumentando gradativamente a cada segundo. Kate levantou-se da cadeira
afirmando.
- Está na hora dele comer.
- Sim, amamente e caso ele
durma em seguida aproveite para fazer o mesmo - Castle fez menção de se
levantar para ir verificar o filho junto com a esposa mas Martha o segurou.
Assim que Kate sumiu das vistas, ela repreendeu o filho.
- Richard! Deixe Katherine à
vontade para cuidar do filho. Você tem que dar um tempo a ela. O contato de mãe
e filho na amamentação é muito importante, dê um pouco de privacidade a sua
esposa.
- Mas eu estava indo ajuda-la.
Segurar o bebê, por exemplo, enquanto ela se arruma para coloca-lo no colo e
...
- Pare! – Martha disse
levantando a mão – tudo que você disse não justifica. Ela terá que se acostumar
em fazer isso sozinha. Faz parte de sua nova rotina. Respeite – Castle ficou pensativo
por um momento porém acabou acatando a sugestão da mãe.
Kate entrou no quarto do bebê
apoiando-se no berço para pegar o filho. Antes porém se higienizou. Mãos, seios
e braços. Depois, pegou o bebê no colo, brincando e falando com ele para fazê-lo
parar de chorar. Sentada na poltrona, ajeitou-se oferecendo o seio. Ávido por
comer, abocanhou sem problemas o mamilo sugando com vontade. Acariciando a
cabeça e os bracinhos, começou a conversar.
- Isso, Alex. Coma direitinho
porque quero ver você bem gordinho. Sempre gostei de bebê cheinho e sendo o seu
pai fofinho você tem obrigação de exibir fofura. Meu filho, sabe que quando
aquele homem do futuro, ou assim Castle o chama, disse que eu teria três filhos,
não acreditei. Acho que não queria dar o braço a torcer com a possibilidade de
um desconhecido saber o que ia acontecer na minha vida. Hoje, você está aqui no
meu colo, eu estou amamentando e faço isso com o maior prazer. Alex, será que
você tem ideia de quanto eu te amo? Como não consigo imaginar não tê-lo na
minha vida mesmo você só estando a dois dias comigo? Nunca entendi essa
história de amor maternal, doação, até você chegar na minha vida. Entendo bem o
que diziam. Não vejo a hora de crescer, ficar maior. Seu pai está louco para
lhe exibir para os outros, andar nas ruas, vestir as roupas que comprou.
Confesso que eu também – vendo o filho soltar o seio, cuidadosamente o trocou
de lado a fim de alimenta-lo um pouco com o outro seio, ao fazer isso o choro
dele voltou reclamando – calma, Alex, só um instante... aqui, pegue. Tome o
leite, meu amor – e por fim ele pegou o mamilo novamente voltando a mamar –
isso, muito bem – sorrindo, Kate suspirou começando a cantar.
“Twinkie,
twinkle little star
How
I wonder what you are
Up
above the world is high like a diamond in the sky
Twinkle,
twinkle little star
How
I wonder what you are – e emendou - You are my sunshine, my only sunshine. You
make happy when skies are grey. You never know, dear how much I love you so
please don´t take my sunshine away”.
Ela percebeu que o filho
soltara o seio e já cochilava. Vagarosamente, colocou-o na posição para
arrotar. Continuou murmurando a canção enquanto dava palmadinhas leves nas
costas do bebê. Em dez minutos, ele já arrotara fazendo com que Kate o ninasse
um pouco mais antes de coloca-lo de volta no berço. Ficou admirando o sono do
filho por mais uns quinze minutos até decidir seguir os conselhos de Martha
deitando-se na cama ao lado do moisés.
Acordou com Castle deitando a
seu lado acariciando seus braços e beijando seu pescoço. Sorrindo se virou para
fitá-lo recebendo o carinho dos lábios junto aos seus.
- Ele ainda está dormindo?
- Sim, não se preocupe. Eu
troquei a fralda que estava cheia e tornei a coloca-lo para dormir.
- Quanto tempo eu dormi?
- Meia hora no máximo. Alex
gosta de uma boa soneca, pode dormir mais se quiser. Eu vou ligar para a Gina.
Ainda não falei da notícia, queremos nossos momentos de paz, não?
- Sim, por favor. Castle, não
seria melhor acorda-lo? Se dormir demais pode ficar acordado durante a noite,
não é ruim para ele?
- Não, amor. É assim mesmo.
Cada bebê tem um ritmo. Não podemos interferir. Durma agora porque se ele
estiver esperto a noite precisaremos estar bem e alertas. Vou para o escritório
– beijou-lhe a testa saindo.
No escritório, tratou de ligar
para a ex-mulher contando as novidades e pedindo para manter a discrição nos
próximos dias. Precisavam se acostumar ao novo ritmo de vida. Além disso, pelo
tempo que já convivia com Kate deveria saber que não gostava de grandes
exibições. Gina acatou o pedido e também prometeu uma visita daqui a alguns
dias, tinha novidades para os dois também.
Nos dias que se seguiram,
Castle e Kate dividiam as tarefas domesticas relacionadas ao bebê. A maratona
de amamentação, troca de fraldas, cuidados em geral com Alex consumiam seus
dias e noites. Bastava olhar para o rosto dos dois para entender a maratona que
estavam passando. Apesar do cansaço, Kate sentia-se muito bem. Alimentava-se de
comidas saudáveis, bebia bastante sucos e agia como mãe coruja. Castle ainda
implicava com ela por várias coisinhas no intuito de instigar o espírito
protetor dela. Sua mãe tinha razão. Kate precisava se adaptar à nova fase de
sua vida, o que o fizera de maneira admirável. Quem a visse pensava tratar-se
de uma mãe super experiente. Dava gosto de ver. Era o quinto dia da vida de
Alex, ou melhor, noite. Castle estava mexendo com o filho quando começou a
reclamar. Fome. Ao virar-se para chama-la, percebeu que Kate estava na porta
então lembrou-se da babá eletrônica.
- Hey... nosso menino quer
jantar, não?
- Já está reclamando ou seria
chamando “quero o leite gostoso da mamãe”? Aposto que esses resmungos chorosos
são, na linguagem dele, as várias formas de chamar seu nome.
- Hum… é mesmo? E desde quando
você entende de linguagem de bebês, Castle? E não vem com a desculpa de que
aprendeu com “Olha quem está falando” – ele fez uma careta para Kate e revirou
os olhos – posso alimentar meu filho, Castle?
- Nosso filho, mas pode – já se
direcionou para a porta quando ela o chamou.
- Onde você vai?
- Para a sala, vou deixar você
à vontade para cuidar do nosso Alex – disse Castle. Carregando o filho nos
braços, se aproximou dele tocando-lhe o peito.
- Não precisa ir. Fique. Pode
segura-lo enquanto eu faço a higienização. Estou com muito sono, se ficar você
pode me distrair – entregou o filho e já começou a se limpar - Bem que você me
avisou naquele caso com Cosmo. As noites de sono viram horas, são fraldas,
amamentação, lavar roupinhas, enxaguar tudo, excesso de cuidado não faz mal a
ninguém nesse caso – sentou-se na poltrona expondo o seio para começar a
alimenta-lo, Castle o colocou novamente no colo dela. O pequeno Alex logo
estava sugando o leite – sabe, minha mãe sempre dizia depois que se tem filhos
você não dorme nunca mais, estou começando a dar razão a ela.
- Sim, eles crescem se tornam
independentes mas para nós serão eternas crianças. Você tem que aprender a
lidar com isso, não é fácil, não vê meu caso com Alexis? – sorriu ao ver que
ela se desligara da conversa, com o polegar fazia pequenos círculos na bochecha
do filho observando-o sugar o líquido. Castle julgou ouvir um som
reconfortante. Demorou alguns segundos para compreender que era Kate quem
cantava baixinho.
Suspirou diante da cena. Uma
bela mulher, com o corpo cansado pelo dever da maternidade porém de espírito
iluminado pelo dom que julgara não possuir e agora iluminava seus dias. A
imagem era digna de um quadro. O sorriso no rosto, o jeito que segurava o
filho. Uma madona. Castle procurava eternizar aquele momento em sua memória.
Podia se perguntar todos os dias se era possivel amar alguém mais do que no dia
anterior, a cada amanhecer constatava que sim, seu amor por Kate e por seu
filho apenas crescia, incondicionalmente. Engoliu em seco ao tentar segurar a
ardência que rondava os seus olhos. O bebê já estava satisfeito, agora cuidava
para que arrotasse e depois o colocasse para dormir.
Ficou de pé andando lentamente
pela área a fim de esconder as lágrimas dela enquanto as limpava. A voz de Kate
soava mais forte enquanto entoava uma das mais belas canções de ninar. Castle a admirava de longe.
“Lullaby
and good night, with roses bedight
With
lilies o'er spread is baby's wee bed
Lay
thee down now and rest, may thy slumber be blessed
Lay
thee down now and rest, may thy slumber be blessed
Lullaby
and goodnight, thy mother's delight
Bright
angels beside my darling abide
They
will guard thee at rest, thou shalt wake on my breast
They
will guard thee at rest, thou shalt wake on my breast”
Encantado. Era a palavra que
melhor descrevia a condição de Castle no momento. Simplesmente encantado ao
vê-la cantar para o filho. Estava encostado na porta do quarto sorrindo vendo-a
colocar o pequeno Alex no berço. Continuava cantando olhando-o dormir tão
tranquilo e sereno. Vendo que ela começava a se afastar do berço, comentou.
- Sempre achei que você levava
jeito para cantar. O Alex parece concordar comigo. Dormiu quase que
instantaneamente ao som da sua voz.
- Ficou me observando, então.
Minha mãe cantava essa música para mim quando eu era bebê. Pelo menos foi o que
me contou alguns anos depois. Minha recordação é por volta dos quatro, cinco
anos. Após um momento de leitura todas as noites, cantava para mim “Somewhere
over the rainbow”. Eu adorava ouvir sua voz, era como um calmante. Ás vezes
cantava junto. Quando Alex estiver maior, farei o mesmo com ele.
- É reconfortante vê-la falar
assim de sua mãe. Vejo que conheço pouco da sua infãncia. Pode me contar mais
histórias sempre que quiser – se aproximou do berço, envolvendo-a pela cintura
– nesse momento, o melhor que tem a fazer é vir se deitar. Vamos para cama
porque daqui a pouco ele irá chama-la novamente com fome.
- Tem razão – colou seus lábios
nos dele em um beijo preguiçoso antes de seguirem para o quarto.
Uma semana se passou e a
atmosfera no loft dos Castle mudara completamente de meses atrás, havia muitas
coisas de bebê espalhadas pela casa. O único lugar totalmente imune ao efeito
do bebê era o quarto de Alexis, o que Kate imaginava ser apenas porque a menina
ainda não viera para casa apesar de ligar todos os dias para saber do irmão, e
o escritório. Fazia meia hora que havia amamentado Alex, claro que ele já havia
deixado um presente na fralda. Cuidadosamente, colocou o bebê no trocador e
começou a retirar as fitas. Dessa vez, ele caprichara, pensou. Livrando-se da
suja diretamente para o cesto ao lado do trocador, Kate pegou os lencinhos
umidecidos e começou a limpa-lo. Não percebeu que Castle estava logo atrás de
si observando o que ela fazia. Aos poucos ela pegava o jeito de trocar o bebê
mas gostava de implicar somente para ver a reação. Não falaria nada ainda. Kate
limpou o bumbum de Alex e sorriu beijando seus pezinhos. Colocou a fralda limpa
embaixo do corpinho dele, aplicou um pouco de creme contra assaduras e beijou a
barriguinha. Reparou nos olhos, estavam alerta. A cor já mudara do tom de cinza
para um azul um pouco mais escuro que o do pai, ou pelo menos era assim que
parecia na luz. Soltou um comentário.
- Danadinho, não é que seu pai
tinha razão. Você terá olhos azuis como os dele. O que era exatamente o que
desejava mas será apenas mais um motivo para Castle ficar se gabando. É sim,
Alex, papai se acha, se acha sim... sabe o que é pior? Ele pode. Quem mandou ser
charmoso ao extremo e safado, viu? Não caia na lábia dele... vamos aproveitar
enquanto estamos sozinhos e promete pra mamãe que não vai contar para ele?
Promete, meu bebê, meu amor...
- Acho que é tarde para isso...
– ao ouvir a voz dele atrás de si mesmo que suave, Kate deu um pulo.
- Castle! Você me assustou! A
quanto tempo está ai?
- Tempo suficiente para ouvir
você me elogiando. Além de perceber que você esqueceu de esfolar o pintinho do
nosso filho.
- Nem fechei a fralda ainda! E
pare de se meter! Acha que só você sabe cuidar dele?
- Hey, calma... só estou
lembrando você – viu que ela ficara chateada – além do mais adorei ouvir você
conversando com o nosso pequeno. Especialmente porque falava de mim.
- Sei, sei... você é o máximo.
- Pelo menos era o que você
estava dizendo a Alex, não? – aproximou-se acariciando a parte baixa das
costas. Beijou-lhe o ombro – sabe, quando você estava sob efeito de
medicamentos antes de dar a luz falou tanto que me amava, me chamou de babe
tantas vezes. Ah, disse que eu era lindo. Não adianta negar, seu subconsciente
reconhece a verdade mesmo que você insista em dizer o contrário. Adoro quando
faz isso – ela franzia a testa formando uma pequena ruga entre os olhos a qual
ele tocou com a ponta do indicador – vou deixar a mamãe terminar com você,
filho mas estou de olho. Ela ainda está no período de experiência – piscou para
o bebê e levou um murro no braço assim que se calou – ai! Juro que vou atrás
daquele remédio pra você, Kate.
- Deixa de falar mentira, Castle.
Não fiz nada disso. Só fica dizendo essas coisas para me irritar.
- Tenho testemunhas. A médica,
a enfermeira e o Mark – observando que ela já terminara de fechar a fralda,
perguntou – vai vestir a calça ou o macacão? Está quente, deixe-o sem meia.
- Quer parar de se meter no que
estou fazendo? – mas foi pega de surpresa com um beijo no rosto.
- Aprenda essa lição, Alex.
Irritar sua mãe é bom desde que não esteja armada, a dica para desmonta-la? Um
beijo sempre resolve.
- Sai daqui, Castle – disse
rindo das bobagens dele.
Mais tarde naquele dia, Castle
se deparou com o anúncio no New York Ledger do nascimento de seu filho. Guardaria
o jornal com orgulho. A nota falava da esposa, conhecida pelo seu trabalho no
FBI e NYPD bem como da formação da familia com o escritor. Ia mostrar para Kate
assim que ela saisse do banho.
No dia seguinte, vários amigos
de Castle mandaram presentes, flores e cumprimentos pelo mais novo membro da
família Castle. Martha adorou poder aproveitar para encher a casa de flores.
Alexis chegara naquela tarde indo logo matar a saudade do irmão trazendo um
exemplar do New York Times com o pequeno artigo do nascimento de Alexander
Beckett Castle. Uma casa com uma criança tinha outra energia, era alegre,
descontraida, bagunçada e claro com um cheirinho caracteristico de bebê. Porém
a filha não passou sequer uma hora no loft. Precisava ir a biblioteca terminar
um trabalho. Aproveitando a deixa, Martha sugeriu que Castle fosse fazer
compras pois não tinham mais frutas e verduras suficientes em casa. Esperta,
sugeriu que ele também aproveitasse a chegada de Alexis e fizesse um jantar.
Protelando um pouco a ideia da mãe, acabou acatando. Era a primeira vez que ele
saía de casa desde que o filho nascera deixando Kate com o pequeno e a
mãe.
Nora e sogra conversavam um
pouco sobre a rotina que dominava completamente as horas de Kate quando Alex
chorou. Não fazia nem meia hora que havia amamentado. Deduziu que deveria estar
agoniado e precisasse de fralda limpa. Ao chegar no quarto porém, o choro
parecia bem mais intenso do que ouvira pela babá eletrônica. Checou a fralda
percebendo que ainda estava limpa, notou que a barriguinha parecia grande. Alex
contorcia as perninhas encolhendo-as, o rosto estava vermelho devido ao esforço
provocado pelo choro. Kate se assustou. Era a primeira dificuldade que tinha
com o filho. O choro tornou-se alto e constante, chegando a provocar soluços.
Com o bebê no colo, ela procurava acalma-lo andando pelo quarto e cantando.
Nada parecia fazer efeito. O choro diminuía até que conseguisse recuperar o
fôlego aumentando novamente. Acabou golfando parte do leite que tomara a pouco
sobre o ombro de Kate.
Ainda agoniada com a situação
colocou o filho no trocador para limpar a boquinha e se livrou da camisa que
usava jogando-a no chão. Voltou a encostar o bebê em seu corpo conversando para
acalmar o pequeno. Infelizmente, a criança não estava melhorando, na verdade
chorava ainda mais e suas lágrimas se misturavam com o soluço. O desespero
tomava conta de Kate. Não entendia o que estava acontecendo. Sentiu o estômago
revirar.
- Meu Deus, meu bebê. O que
você tem? – Kate notou a barriga inchada, apertou ouvindo o choro ainda mais
intenso – Alex, o que você está sentindo? – os olhos dela já estavam mareados quando
lembrou-se de chamar por Martha.
- Martha... Martha! – o jeito
de chamar não foi natural o que fez a sogra correr ao seu encontro, o desespero
dela era tão grande que não viu a mulher ao seu lado – Martha! Por favor... – o
bebê estava no berço com as pernas encolhidas.
- Katherine – disse tocando-lhe
o ombro – o que foi?
- É o Alex, Martha. Eu não sei
o que fazer, ele não para de chorar. Olhe a barriga dele. Ai, meu Deus...eu não
sei...
- Shhh, olhe para mim – Kate se
virou para fitá-la – não adianta se desesperar, isso não irá ajudar o seu bebê
nem a você. Acalme-se. Respire fundo – Martha se aproximou do neto e tocou o
estomago, no mesmo instante, o grito de dor ecoou pelo quarto. Pegando Alex no
colo, ela começou a embala-lo – Oh, pequeno está doendo é? E esse soluço...
poxa, vovó vai cuidar de você. Katherine, por favor, acredito que você tem uma
bolsinha de água quente, se não serve uma fraldinha mesmo. Aqueça um pouco no
ferro, vamos já acalmar essa dor, pensando bem, deixe que eu faço isso. Pegue
um pedacinho de algodão e umideça. Depois venha até a sua cama e deite-se.
Sem entender o que tudo aquilo
significava, Kate fez o que a sogra pediu. Entregou o pedaço de algodão e já
deitada na cama esperou as próximas orientações. Martha colocou o sumaço
umidecido sobre a testa do bebê. Aproximou-se da cama e colocou Alex sobre o
corpo da mãe de bruços.
- Segure-o bem próximo ao seu
corpo. Aqui – estendeu uma outra manta para a mãe – enrole o corpinho dele bem
rente com essa manta. O que ele tem é uma crise de cólicas. Normal em um bebê
da idade de Alex. Não existe remédios, apenas alguns modos de alívio da dor.
Deitar ou colocar pele contra pele ajuda. Massagear a barriguinha ou fazer
compressas com algo quente também. Fique deitada nessa posição, depois sente-se
e com ele em seu colo faça movimentos similares a uma massagem em sua barriga.
Vou buscar a fralda quente para usarmos também.
Kate procurou recobrar o ritmo
de sua respiração e pressionou o filho contra seu corpo quente. Passados dez
minutos, ela sentou-se e virou o filho enrolado na manta colocando-o na posição
de mamar. Seguindo a orientação de Martha, com a ponta dos dedos realizou
movimentos circulares na barriga enquanto cantava baixinho para o filho. Martha
voltou com a fralda aquecida e colocou sobre a barriga. O choro foi diminuindo
gradativamente. Ao fitar a nora, percebeu o alívio se formando em seu rosto.
- Eu realmente não sabia o que
fazer. Quando ele chorava, eu entrei em pânico.
- Eu sei querida, acontece. Mas
saiba que você terá que conviver com a cólica por um bom tempo. É um problema
típico de recém-nascido. Seu estomago e
intestino ainda não estão completamente aptos para funcionarem. Por isso, é
importante que você aprenda esses truques. Ele ainda chora mas é um pouco
menos, espaçado e não constante. Repita a massagem e o coloque de bruços
alternadamente após cada dez minutos. Vai ajudar. Como mãe, você terá que
descobrir a melhor maneira para Alex se acalmar.
- Como saberei? Quer dizer não
tenho experiência nisso – disee Kate preocupada.
- Você encontrará a solução.
Quando menos perceber, virá natuaralmente. Não me peça para explicar o
inexplicável. Só posso considerar parte da obra divina. Toda essa maneira de
ser mãe está dentro de nós, cada uma das mulheres, guardada em algum lugar do
nosso cérebro e do nosso coração. Imagine um motor desligado por anos acionado
por um interruptor. Do momento em que segurou Alex em seus braços, ele ativou
esse interruptor que acionou o motor. Pode estar desligado a um bom tempo, mas
assim que reconhece o sinal, começa a funcionar e encontra seu ritmo - Martha
checou o relógio - são sete da noite, vou fazer um chá para você. Richard já
deve ter voltado das compras, provavelmente deve estar preparando o jantar.
- Obrigada, Martha. Realmente
nem sei como agradecer. Você me salvou. É tão dificil fazer isso sozinha,
descobrir tudo sem...- Kate engoliu em seco não querendo completar a frase, sua
mãe deveria estar ali para ajuda-la. Martha segurou-lhe a mão sorrindo explicou
a ela.
- Você não está sozinha. Eu
estou aqui. Sei que não sou sua mãe mas gosto de pensar que hoje posso dar a
ajuda que não tive quando precisei. Além disso, você é como uma filha para mim,
cuidarei de você e do meu neto da mesma forma que você cuida do meu próprio
filho,Katherine. Não tenha medo ou vergonha de pedir ajuda, basta chamar – Kate
apertou a mão dela visivelmente emocionada.
O choro de Alex estava mais
brando mesmo que ainda sentisse dor. Lembrando-se da orientação da sogra, ela
seguiu repetindo os gestos para tentar acalma-lo. Queria muito que ele dormisse
para poder relaxar. Deus sabe como ela também precisava desligar. Seu corpo
todo doía de tanta tensão. Os olhos ardiam porém, dificilmente conseguiria
fecha-los diante da situação do filho.
Martha chegou na cozinha e
encontrou Alexis e Castle preparando o jantar juntos. Era algo que não faziam a
muito tempo. Ao ver a mãe pegar a chaleira e se dirigir ao fogão, reclamou.
- O que a senhora pensa que
está fazendo? Estamos cozinhando o jantar. Não pode chegar desse jeito,
atrapalhando. E cadê a Kate? Está babando no Alex? – virou-se para a filha –
incrível como ela não consegue tirar os olhos dele. Acho que é uma forma de
ficar me admirando, sabe?
- Pai, para de falar besteira.
- É Richard, concordo com a
Alexis. Não quero atrapalhar seu jantar mas creio que sua esposa não virá
comer. Vou fazer um chá, Alex está tendo uma crise de cólicas e Katherine está
com ele.
- Ele está bem? É grave?
Precisamos ir ao hospital – de repente, o pânico se instalou nele.
- Quer parar, Richard? É
exatamente esse tipo de comportamento e reação que não podemos ter perto do
bebê e de Katherine. Ela está nervosa, se apavorou, certamente não precisa de
outro desesperado ao seu lado. Vai ficar tudo bem. Vou fazer um chá para
ajuda-la a se acalmar. As dores já estão cedendo e se quer ajudar sua mulher,
deixe-a sozinha. Vamos jantar somente nós três e depois você pode vê-la.
- Desde quando sua vó se tornou
tão mandona a ponto de ditar regras na minha casa? – perguntou olhando para
Alexis.
- Desde que me tornei sua mãe.
Sendo a pessoa mais experiente com bebês, estou informando o que você deve
fazer se quiser ajudar na situação.
- É pai, esse argumento você
perdeu. Melhor deixar a vovó cuidar disso.
Enquanto Castle terminava o
jantar, Martha preparou o chá e seguiu para o quarto onde Kate estava.
Encontrou-a sentada do mesmo jeito que a deixou. Alex estava deitado no peito
dela de bruços ainda chorando, menos do que quando começou era verdade, ainda
assim preocupava a mãe. Martha deixou a xícara na cabeceira para pegar o neto
no colo. Ao afastá-lo da mãe, o choro aumentou o que Martha julgou ser pela
falta de contato corporal. Balançando o bebê, ordenou que Kate bebesse o chá.
- Será que essa cólica não vai
passar? Já fazem horas que estamos aqui.
- Tudo a seu tempo, melhorou
bastante o choro, sinal que a dor diminuiu. Paciência, Katherine, paciência. Você
quer que eu traga alguma coisa para comer? Também precisa se alimentar.
- Quero ver meu filho bem. Só
isso.
- Ele vai ficar, viu como ele
está quase sem chorar? Acredito que logo vai fazer a disgestão do leite. Quer
tentar amamenta-lo? Veja se ele pega o peito. Se não, apenas faça massagem
novamente e mantenha-o encostado no calor do seu corpo – devolveu o bebê para
Kate – vou ver como estão os outros.
Kate refez o procedimento de
massagem na barriga do filho mais umas vezes até que percebeu o ronronar dele.
Adormecera. Cuidadosamente, levantou-se da cama colocando o bebê no berço.
Inspecionou a fralda. Estava limpa. Mesmo com Alex adormecido, Kate não deixou
o lado do berço. Velava seu sono.
Uma hora se passou quando novamente
inspecionou a fralda e reparou que estava suja, pouco era verdade, porém o
suficiente para dar alívio ao bebê e a ela. Suspirou sentindo o corpo esmorecer
diante do fato. Devagar foi soltando a fralda para limpar o bebê. Terminada a
tarefa, estava limpando as mãos no momento que Castle entrou no quarto com uma
bandeja contendo comida. Apoiando-a sobre uma mesa, aproximou-se dela e
beijou-lhe o ombro.
- Como ele está? Mamãe não me
disse nada depois que trouxe o chá para você. Achei que poderia estar com fome,
trouxe seu jantar. Tem que se alimentar, Kate – puxando-a pela mão forçou para
que deixasse o lado do berço, porém não se mostrou muito favorável a ideia –
vem cá, amor. Coma um pouco. Assim você poderá ajudar nosso filho. Enquanto
você come, cuido dele. Por fim, aceitou
sabendo que ele tinha razão.
- Parece estar melhor. O que
você preparou? – perguntou enquanto observava o jeito de Castle olhando para o
filho. Virou-se colocando uma parte do cabelo dela para trás da orelha
acariciando a sua bochecha. Reparou no cansaço iminente embaixo de seus olhos
além da palidez do rosto. Merecia muitas horas de sono porém, nem adiantava
sugerir pois conhecendo bem Kate, seria difícil convencê-la disso.
- Uma refeição saudável. Salada
de folhas verdes regadas no azeite, peito de frango grelhado, batata souté. De
sobremesa, morangos e para beber um suco de laranja e mamão, fará bem para você
e para o Alex, estimula o estomago e a digestão. Sente-se, coma devagar
apreciando a refeição. Não tenha pressa, dedique algum tempo a você. Cuido do
nosso filho enquanto isso. Talvez ele durma melhor a partir de agora e vou
dizer mesmo sabendo que não irá concordar,mas precisa dormir também.
- Não enquanto não tiver
certeza que Alex está realmente bem.
- Eu já imaginava que essa
seria sua resposta. Não pode dizer que não tentei. Tome pelo menos um banho –
reparou que continuava apenas de soutian e bermuda - vai ajudar a relaxar.
- Vou pensar – disse dando um
sorriso cansado na direção dele. Castle sentou-se ao lado do berço assumindo o
lugar antes ocupado por Kate. Queria evitar que ela se alimentasse depressa
para retomar logo o posto de guardião do sono do bebê. Cerca de quarenta
minutos depois, aproximou-se dele colocando as mãos em seus ombros – que horas
são? Estou perdida no tempo.
- Quase dez horas. Por que não
vamos para a cama?
- Não, Castle. É melhor eu
ficar aqui, me sentirei mais segura se estiver ao lado dele. Você não se
importa em deitar sozinho, certo?
- Claro que vou sentir sua
falta na cama, ficará um vazio. Mas, sei que será melhor assim. Só faça um
favor para você, em algum momento dessa noite procure dormir porque amanhã Alex
estará descansado e aceso. Já você... – aproximando-se dela, beijou-lhe os
lábios suavemente – vou aproveitar para ler uns emails, a Gina encheu minha
caixa. Recolheu a bandeja e rumou para a cozinha.
Após lavar o rosto e escovar os
dentes, Kate retomou seu posto. Com a ponta dos dedos, ela tocava a cabeça do
filho fazendo uma prece silenciosa pedindo para que o pior já tivesse passado.
Ficou sentada velando o sono dele por quase cinco horas quando um chorinho
começou chamando sua atenção. Um sinal de alerta se formou na mente dela,
estampando no rosto a preocupação com o motivo disso. Seria a dor novamente? A
cólica retornara? Ou dessa vez podia ser fome? Checou a fralda. Limpa.
Procurando manter a calma, Kate o pegou no colo conversando para procurar
acalma-lo. Faria a primeira tentativa com a amamentação. Se Alex não aceitasse
o peito, começaria o processo de massagens. Ainda estava vestindo apenas o
soutian, o que facilitaria o contato com a pele do bebê.
Sentou-se na poltrona de
amamentação, acomodou o filho no colo e ofereceu o peito. Conversava mansamente
com o bebê. Na terceira tentativa, finalmente pegou o peito e sugou o leite
materno. Kate respirou aliviada, dessa vez parecia ser apenas fome. Depois
bastava torcer para que a digestão acontecesse naturalmente e sem sofrimento. O
esforço e a fome do filho acabaram não sendo notados pela mãe como gostaria. O
cansaço dominou-a de tal maneira que adormeceu durante a mamada. O apagão
aconteceu por poucos minutos, contudo ao despertar, assustou-se ao perceber o
que aconteera consigo. Passada meia
hora, Alex sentiu-se satisfeito. Colocando-o sobre o ombro, estimulava-o a
arrotar para que a digestão fosse correta. A reação do bebê foi ótima porém,
acabou golfando uma parte do leite nela. Limpou o filho e tirou o excesso do
leite que havia em seu corpo. No intervalo de vinte minutos, Kate percebeu que
ele fazia força e sujara a fralda. Após a troca, embalou-o em seu colo até
vê-lo adormecer retornando-o ao berço. Seu corpo estava muito além do automático.
Faltava-lhe energia para manter os olhos abertos, os músculos doíam, mal
conseguia raciocinar. Tateando pelo quarto, conseguiu chegar até a cama onde
desabou exatamente do jeito que estava sem qualquer cerimônia. Castle percebeu
o movimento na cama e ao observa-la, sentiu uma mistura de orgulho e pesar. Era
admirável a dedicação de Kate ao filho mas não podia cansar-se a ponto de
beirar uma estafa.
Cinco da manhã, Kate já
despertara com o choro do filho indicando a fralda suja e o desejo de se alimentar
mais uma vez. Quando Castle acordou, encontrou-a sentada na poltrona
amamentando o filho.
- Bom dia, gorgeous... –
esfregava os olhos ainda sonolento – nossa! Você está com a mesma roupa de
ontem. Quanto tempo você dormiu?
- Talvez umas duas horas. Acho
que a cólica passou.
- Que bom, sendo assim, após
amamenta-lo eu cuidarei dele enquanto você irá tomar um belo banho para
sentarmos à mesa e tomar um bom café da manhã. Alex precisará se adequar a
nossa vida. Deverá aprender que existem momentos da mamãe, do papai e dele.
Exceto quando se tratar de alimentação, você terá que aprender a equilibrar
tudo na sua nova rotina. Percebi que estou sendo desleixado nesse sentido. Deveria
dividir parte da responsabilidade com você, portanto hoje tomo conta de Alex
durante o dia, fraldas, colo, são por minha culpa. Você dará de mamar apenas. À
noite, eu me levanto se ele chorar. Não precisa fazer tudo sozinha. Alexis está
em casa também e duvido que ela não queira passar um bom tempo com o irmão. Se
trabalharmos nossos horários, não haverá problemas e você não se cansará tanto.
- Castle, eu não me importo, de
verdade. Quero cuidar do meu filho e garantir que está tudo bem com ele.
- Nosso filho, exatamente por
isso que você não pode fazer tudo sozinha. De que adianta Alex estar bem e a
mãe cansada, estafada e mal alimentada? Ele depende de você estar saudável e
bem para que isso se reflita nele. Deixe a teimosia de lado e aceite a minha
sugestão, amor. Será benéfica para todos.
Ela tirou o filho do peito e já
ia se colocar na posição para fazê-lo arrotar. Castle a impediu. Colocando uma
fralda limpa sobre o ombro, tirou o menino dos braços dela e o aninhou em seu
corpo assumindo a responsabilidade dali para frente.
- Pode ir tomar seu banho,
Kate. Ficaremos bem, eu garanto. Sem muito o que argumentar, levantou-se da
poltrona e seguiu para o banheiro. Um banho demorado faria maravilhas ao seu
estado letárgico. Quase uma hora depois, com os cabelos molhados e uma roupa
simples, sentiu-se relaxada. Somente então percebeu o quanto estava com fome.
Ao chegar ao quarto, viu Alexis debruçada no berço brincando com o irmão.
- Alexis, cadê seu pai?
- Foi preparar o café para
você. Melhor ir logo para a cozinha. Eu cuido do pequeno.
Castle estava à beira do fogo
preparando panquecas. Sobre o balcão havia um prato de frutas frescas, cereal,
iogurte, queijo e pães. Assim que a viu, ligou a cafeteira para providenciar o
café. Sabia que ela não podia abusar mas o aroma já tornava a manhã bem mais
prazerosa.
- Caprichando, Castle?
- Claro! Tudo para a mamãe mais
linda desse mundo – piscou para ela – sente-se à mesa que já levo suas
panquecas.
- Podemos comer aqui no balcão
mesmo.
- Nada disso. Faremos como
manda o figurino – sorrindo dirigiu-se à mesa e juntos tomaram o desjejum como
um casal normal. Estavam finalizando a refeição quando Martha chegou da rua
cheia de sacolas com frutas e verduras.
- Bom dia, meus queridos!
Trouxe ótimas frutas para a dieta alimentar de Katherine. Essa é a vantagem de
se morar no Soho. Sempre encontramos produtos frescos e de qualidade pelas ruas
durante nossa caminhada matinal. Não é maravilhoso?
- Ah, seria mãe se as suas
sacolas não fossem da Dean & Deluca, o que revela a sua preferência por
delicatesses e desmente totalmente o lance de comprar produtos na rua.
- A escolha certa deve ter
estilo, Richard – o comentário fez Kate rir – e cadê o nosso mais novo
homenzinho da casa?
- Está com a mais nova
babysitter, Alexis.
- Excelente! Assim Katherine
pode descansar – Castle olhou para a esposa com uma cara de quem diz “ viu como
tenho razão?”, o que fez ela balançar a cabeça e sorrir concordando apesar de
tudo.
XXXXXXXXXXXX
Alex completava hoje dez dias. Com
Alexis de volta ao campus, os dois continuavam a se revesar no cuidado do
filho. Castle chegou a sugerir para Kate a contratação de uma babá ou
enfermeira para auxilia-los, o que foi recebido negativamente por ela com o
argumento de que não se tratava de dinheiro porque Castle teria condições de
ter até três babás se quisesse para o seu filho, porém a ideia de ter uma
pessoa estranha, mesmo que experiente, cuidando de Alex era inaceitável na
visão de Kate. Os pais devem assumir a responsabilidade para com o bebê não
somente por segurança mas também como uma forma de criar vínculo com a criança
e gerar o senso de família ao seu redor. Colocado dessa maneira, ele acatou
dando razão à esposa.
Era por volta de seis da manhã
quando o chorinho foi ouvido através da babá eletrônica. Ainda sonolenta,
empurrou as costas de Castle para desperta-lo. Ele não havia percebido o choro.
Voltou a sacudi-lo com uma das mãos, dessa vez chamando seu nome.
- Castle... o Alex... – repetiu
o gesto de empurrar – sua vez... Castle...
- Já sei...vou vê-lo... eu
vou... – resmungando, levantou-se vagarosamente da cama ouvindo por fim o filho
reclamando. Durante a noite, repetiu esse gesto umas quatro vezes. Kate, apenas
uma, quando o bebê quis mamar. O motivo do choro era a fralda suja, tão logo
colocou uma limpa, pressentiu que ela se arrastava para ver o filho também.
Deixando o bebê sobre o trocador por um instante para beija-la, adiou o
fechamento da fralda – bom dia....
- Bom dia... tudo bem por aí?
- Sim, apenas uma troca de
fralda para o superpai – ao virar-se para terminar de fechar, Alex agitava as
perninhas e fez xixi. O jato atingiu a boca de Castle em cheio fazendo Kate se
acabar de rir da cena – Alex! Não faça isso com o papai. Temos que ser
parceiros e unidos – o bebê continuou a farra molhando o rosto e a camisa do
pijama dele.
- Estava torcendo para ver isso
uma vez – disse Kate ainda rindo – parece que o ás da fralda foi pego de
surpresa. Termine logo de trocar essa fralda que preciso amamentar, Castle.
Essa merecia ser filmada.
- Você ri, pois não vejo qual a
graça. Não pense que está imune a isso.
- Claro que não, pode
acontecer. Só que a primeira vez é sempre mais divertida e aconteceu com você.
- Hoje você tira sarro da minha
cara. Esqueceu que não sabia sequer fazer isso? Trocar fraldas ou segurar um
bebê eram sinônimos de pesadelo para Kate Beckett ou já esqueceu de Cosmo? Eu
acabei fazendo o trabalho sujo.
- Não esqueci. Aquela
experiência nos mostrou o quanto estávamos despreparados para cuidar de um
bebê. Ficamos exaustos.
- Você estava despreparada. Eu
apenas estava sem ritmo.
- Sei, sei. Já acabou? Hora de
mamar – ela empurrou-o com o quadril de forma graciosa e pegou o menino nos
braços preparando-se para alimentá-lo.
Na parte da tarde, Castle e
Kate recebem uma visita inesperada de Gina. Após conhecer o novo herdeiro, ela
aproveitou para colocar a conversa em dia, visto que tinha novidades para o
casal. Confirmou se o anúncio do nascimento de Alex publicado no jornal estava
de acordo com o que queriam, Castle respondeu que sim. Dentre as melhores
notícias, tinha uma exclusivemente para Kate.
- Recebi uma ligação de Nadine.
Era só elogios para o resultado da entrevista que fez com você e sua
repercussão para a revista. Acredito que você ganhou uma fã de peso. Tive que
burlar algumas ligações insistentes dela porque com sua sagacidade era capaz de
arrancar de mim a notícia sobre o nascimento do bebê. Ontem, como as coisas estavam
encaminhadas com o novo herdeiro resolvi atendê-la. Não sei se você sabe mas
Nadine é uma repórter muito versátil, seu foco é a área de jormalismo
investigativo. O fato dela fazer uma ponta na Vanity Fair parece não corroborar
isso, no fundo ela me confidenciou que aceitou fazer a sua entrevista pelo
interesse em você.
- Espere um pouco, você está
falando de Nadine Furst? A entrevistadora de lingua afiada conhecida por
arrancar segredos de grandes figurões e deixar celebridades e pessoas famosas
atordoadas ao serem questionadas? Ela não faz trabalhos para revistas do porte
da Vanity Fair.
- Ela mesmo, Rick. E sim, não é
esse o foco de Nadine.
- Nadine não costuma ter muitos
aliados ou admirar pessoas, bem mais fácil verificar sua lista de inimigos
porque nem todos gostam da forma como faz seu trabalho. Futilidades não a
atraem. Eu sou um escritor de best-seller e até hoje não fui entrevistado por
ela!
- Exatamente o meu ponto, Rick.
Nadine não aceitou a entrevista com Kate por acaso, o fez com outra intenção –
voltou a fitar Kate para continuar – ela me revelou que gostaria de fazer um
outro trabalho com você. Fez uma proposta para lhe acompanhar em um dia normal
de trabalho, relatando o seu cotidiano e o importante papel que desempenha como
agente federal.
- Gina, eu já passei por algo
parecido antes. Não por minha escolha, um certo alguém – indicou a cabeça na
direção de Castle – uma vez combinou de ser seguido por uma repórter sem me
consultar. Não bastava ter que aturá-lo ainda havia uma reporter sem noção
fazendo perguntas inapropriadas a ele como se fosse o melhor detetive da NYPD
além de ficar se derretendo toda. Um verdadeiro pesadelo! Sinceramente, não
gostaria de repetir a experiência.
- Concordo com Kate, isso não é
bom – Castle se antecipou a Gina, claramente inclinado a fazê-la declinar o
convite movido puramente pelo ciúme, afinal a repórter sequer parecia ter se
lembrado do escritor, seu interesse era em Kate – você esqueceu que o FBI não
costuma tolerar esse tipo de invasão. Dificilmente aprovariam algo assim dentro
do headquarters deles.
- Pensei nisso e expus a
situação a ela. Mas nem preciso dizer que Nadine tem os seus contatos. Então me
disse que a aprovação do FBI não seria um problema. Tinha fontes e conhecia
alguns diretores assistentes – nesse instante, Kate gelou. Não podia deixar que
uma repórter expusesse sua situação profissional antes mesmo de revela-la a
Castle.
- Gina, esse é exatamente o
motivo que não gosto de repórteres. Eles encontram um jeito de vasculhar sua
vida. Quase como invasão de privacidade.
- Entendo perfeitamente, Kate.
E acredite, Nadine também. Tanto que garantiu manter a proposta em sigilo até
obter o seu consentimento. Não faria nada sem que você autorizasse. Isso diz
muito da profissional que ela é. Informei que você, ao contrário do seu marido,
não gosta de publicidade, disse que é uma pessoa reservada e não podia garantir
a sua aceitação dessa proposta. Prometi a ela que a procuraria para conversar
deixando claro que a resposta poderia demorar mais do que ela gostaria devido ao
estado que você se encontrava com um recém nascido em casa. Agora, quer minha
opinião sincera?
- Por favor! – respondeu Kate.
- Nadine não é o tipo de pessoa
que se importa com qualquer um. A insistência dela em me contatar para chegar a
você deve ser levada em consideração ao tomar sua decisão. Os elogios também
comprovam a teoria de que você despertou nela algo bem mais interessante que
uma simples entrevista devido ao trabalho do livro que concluiu. Jornalismo
investigativo é uma área de destaque apenas para aqueles com certas
habilidades. Nadine é a melhor e tem um tino muito aguçado para julgar pessoas.
Se estivesse em seu lugar, escutaria o que ela tem a falar. Existe algum
propósito maior nessa história. A forma como falou de você, demonstra uma
empatia instantânea dela para você. Não sei se posso dizer ser algo mútuo, mas
creio que sim. Afinal, você também tem um senso muito bom para ler pessoas, é
uma das qualidades que a torna excelente na sua profissão. Como disse antes,
Nadine é insistente naquilo que deseja mas não ao ponto de mendigar atenção.
Pense nisso, Kate, antes de responder definitivamente a proposta.
- Tudo bem, Gina. Você fez bem
em me contar e também em mencionar que a resposta poderia demorar. Assim que
digerir melhor sobre isso, posso informa-la da minha decisão. Talvez precise
conversar com ela pessoalmente.
- Garanto que não teremos
nenhum problema quanto a isso.
- Hey! E quanto a mim? De
repente me senti sobrando completamente nessa história e devo acrescentar nessa
sala. Eu ainda estou aqui. Gina, desde quando você se tornou defensora e
aparentemente empresária de Kate? – as duas riram diante do desabafo frustrado
causado por um típico ataque de ciúmes de Castle.
- Desde que sua mulher decidiu
terminar seu livro e encher sua conta bancária com mais alguns milhares de
dolares. Menos, Rick. Ninguém está lhe colocando para escanteio, pode se livrar
desse ciuminho bobo. Já que mencionou sua preocupação quanto a minha função na
sua vida de escritor, vamos falar do segundo assunto que me trouxe hoje aqui. A
série Heat. Tive uma reunião ontem com o pessoal de marketing e vendas da
Hyperion. Um dos assuntos na pauta foi a evolução e o resultado do último livro
de Nikki Heat nas listas dos mais vendidos do país. O nosso gerente de criação
me questionou sobre o status do seu contrato com a editora querendo saber quantos
livros você ainda tinha como compromisso para o grupo. Comentei que por
contrato, faltava apenas um. Foi assim que ele juntamente com o diretor de
marketing me questionaram sobre seu interesse em renovar o contrato por mais
três livros. Comentei que, à primeira vista, não via dificuldades em você
aceitar a proposta, porém ele comentou que havia uma condição. Pelo menos dois
desses livros deveriam ser escritos em conjunto com Kate. O resultado das
vendas contribuíram para que isso fosse colocado na mesa. Até o diretor
financeiro apoiou a ideia. Sobre a condição, comentei precisar consulta-lo
porque a disponibilidade de Kate era diferente. Tinha seu trabalho e agora um
bebê. Sua profissão não era a de escritora como o marido – abriu a pasta
retirando um envelope pardo de lá e entregando a Castle – essa é uma decisão
conjunta. O bom é que estão dispostos a negociar.
Ao abrir o envelope e retirar
de lá a proposta de contrato prévio, Castle quase engasgou ao ver o quanto
estavam dispostos a pagar pelos três livros, além do valor do adiantamento.
Piscou várias vezes, alternando um olhar surpreso entre Kate e Gina, criando
coragem para falar.
- É isso mesmo? Essa quantia? –
Gina afirmou balançando a cabeça e sorrindo – mas, isso é quase o dobro do que
me pagaram da última vez.
- Para você ver, Castle. Sua
Nikki ou melhor dizendo, sua esposa é uma mina de ouro. Bem mais valiosa em
muitos sentidos se comparada a Storm. Devo reconhecer que graças ao final de
Storm Fall, você evoluiu muito em sua carreira. Achei que aquele seria o fim.
- É um acordo muito atrativo
capaz de fazer escritores como eu tremer nas bases – passou o contrato para
Kate que ao olhar a cifra quase não conseguiu suprimir o grito.
- Meu Deus, Castle.... isso
é...
- Empolgante, não? Grande parte
do fundo para a universidade de Alex pode estar garantido com esse dinheiro.
- Parte? Isso aqui paga a
universidade, a pós-graduação e o mestrado, Cas.
- Não se você contar que
tiraremos um pouco disso para nós mesmos. Uma oferta tentadora realmente, Gina.
O que você acha, Kate? Precisaremos pensar um pouco quanto a isso. Se estão
dispostos a negociar, quem sabe não conseguimos chegar a um consenso sobre a
quantidade de livros e o tempo de contrato para escreve-los?
- Sim, vocês terão esse tempo
para analisar a proposta mas o número de livros escritos em conjunto com Kate é
inquestionável. Qualquer outra coisa, está aberta a negociação. Parece que
depois de muitos desafios, a vida resolveu brinda-los com excelentes
oportunidades, não?
- É verdade, estamos
atravessando uma maré de sorte adorável e espero que continue por muito tempo –
disse Castle.
- Vamos avaliar bem todas as
propostas e retornaremos. Prometo – disse Kate.
- Ótimo. Bem, vou deixa-los
cuidar do pequeno Alex. Qualquer dúvida, não exitem em ligar – cumprimentou
Kate e Castle a levou até a porta. Virando-se para Kate, exclamou.
- O que você disse a Nadine
para despertar tamanho interesse assim?
- Não sei, Castle... – se
aproximou dele envolvendo seus braços no pescoço dele – talvez seja meu charme
natural – jogou querendo implicar com ele – funcionou com você.
- Espera, isso soou como eu. O
que você fez com a Kate Beckett, a policial mandona e rabugenta que conheci?
- Ah, ela ainda está aqui em
algum lugar.... talvez a convivência com toda a sua “modéstia” esteja me
afetando – beijou-lhe os lábios – relaxa, Castle. Quem gosta de publicidade é
você. Não há espaço para ninguém mais nessa casa, você deixa isso bem claro.
Vou ver meu filho.
Por volta das três da manhã, a
babá eletrônica acusou o choro de Alex. Como a última mamada havia sido antes
de Kate deitar, um pouco antes de meia-noite, Castle deduziu que era fralda
suja. Mesmo cansado, ele não se importava em levantar-se no meio da madrugada
para cuidar do filho. Precisava dar um tempo de descanso a Kate. Antes de sair
da cama, percebeu que ela dormia profundamente ao seu lado. Ao chegar perto do
bercinho, viu que Alex estava agitado.
- Oi, garotão... aposto que tem
um presente nada agradável nessa fralda para mim, certo? Tudo bem, já estou
acostumado a ficar com a parte suja do cuidado – ao abrir a fralda, torceu o
nariz – nossa! Você caprichou nesse. Vamos lá, hora de limpar esse bumbum.
Depois papai vai contar uma história para você. Sou muito bom nisso. Sua mãe é
cética sobre muitos assuntos inclusive sobre a minha habilidade com pequenos
seres, disse a ela que sou o encantador de bebês. Adivinha? Não me levou a
sério nem por um segundo. E veja a ironia disso. Ela está dormindo e eu
cuidando de você – enquanto falava limpou o filho e fechou a fralda nova,
erguendo-o em seu colo continuou – pronto, Alex. Vou sentar contigo na poltrona
da mamãe e conversar – acomodou-se da melhor maneira com o garoto e enquanto
acariciava a cabecinha dele, Castle divagou falando o que vinha em sua mente.
- Sabe filho, tenho tantas
coisas importantes para lhe ensinar. Falar da vida, de comida, de lugares para
conhecer. A importância de estudar, o que sua irmã fará até melhor que eu. Quero
apresentar o mundo dos quadrinhos, dos superherois, videogames. Vamos nos
divertir muito juntos do mesmo jeito que fiz com sua irmã, a diferença é que
dessa vez deixaremos sua mãe doida. Ela é daquele tipo que gosta das coisas
certas, organizadas, bagunça ou loucuras somente em assuntos impróprios que
ainda não posso discutir com você. Precisa ter mais idade. Não pense que estou
dizendo isso dela para que pense em Kate como uma megera. Nada disso! Apesar de
segurar uma arma e arrombar uma porta como ninguém que conheço. Sua mãe é uma
mulher corajosa, inteligente e linda. Talvez de tantas informações e
conhecimentos que eu preciso passar a você, o principal seja sobre o amor.
Alex, eu já fiz muita besteira na vida, acertei outras tantas vezes, é verdade.
Mas a minha maior decisão, a que definiu toda a minha vida aconteceu no momento
em que eu soube estar apaixonado pela sua mãe. É incrivel como nós podemos
mudar nossos conceitos apenas por conhecer as pessoas certas. Kate, sua mãe, é
uma dessas pessoas que entram na sua vida, fazem uma bagunça a seu modo te
virando de ponta cabeça e quando parecem querer ir embora, ao invés de alívio
provoca em você uma dependência, do jeito bom, você percebe que não pode
deixa-la escapar e se isso acontecer mesmo que temporariamente, arrasa cada
minuto do seu dia. Em outras palavras, isso é amor. Depender, precisar tanto de
outra pessoa quanto o ar que respira. Incondicionalmente. Não é o amor de mãe e
filho porque esse laço dela e seu, bem não há nada igual em todo o mundo. É
parecido, porque quando se ama de verdade, você se torna parte do outro –
Castle beijou a cabeça do filho – nossa, como eu amo a sua mãe... – riu sozinho
– você não deve estar entendendo nada. Prometi uma história a você e acabei me
perdendo entre pensamentos somente falando de sua mãe. Posso contar um de
nossos casos, que tal? – brincando com a mão e os dedinhos do filho, percebeu
os olhos azuis o observando com atenção como se entendesse tudo o que o pai
falava. De repente, agarrou o indicador de Castle como se quisesse prolongar o
contato. O gesto fez o pai bobo suspirar – Alex, eu te amo. Nunca esqueça disso
– sentiu os olhos tomados pelas lágrimas, concentrou-se e brincou – deixa eu te
contar logo essa história antes eu seja vencido pelas lágrimas. Você sabia que
sua mãe fala russo?
Ficou conversando sobre o caso
por vários minutos com o bebê. Do quarto, Kate escutava toda a conversa através
da babá eletrônica. Pelo tom da voz de Castle, sabia distinguir a emoção de
cada momento da conversa. Estava tão feliz por conseguir alguém com quem
começar sua própria família. Ouvi-lo falar dela também provocava-lhe os mais
diversos sentimentos. Ao mencionar a dependência, Kate relembrou os momentos
passados naquele hospital. Descobrira durante aqueles seis meses de espera, o
quanto eles se completavam e dependiam um do outro. Agora deixara escapar um
riso ao escutar a história da máfia russa. Castle sempre se ateve aos detalhes
menos importantes da história do caso em si, preocupava-se em falar de suas
reações e da maneira como se vestia ou cortava alguma sugestão dada por ele.
Pensando bem, era exatamente o que ele buscava quando começou a segui-la.
Aprender a lê-la para dar vida a Nikki.
Levantando-se da cama, com a
babá eletrônica nas mãos, Kate se aproximou do quarto do filho. Reduzindo o
volume da babá para não chamar atenção de Castle, encostou-se na porta do
quarto. No fundo, Castle estava tão absorto na história e no cuidado com o
filho que sequer percebeu a presença dela ali. Estava concluindo o caso falando
exatamente do tipo de respostas e reações dela quando Kate se meteu.
- Você precisa começar a contar
as histórias como elas aconteceram e não da forma que você gostaria, Castle.
Ele ergueu o olhar e a viu já
bem próxima de onde estava. Kate se inclinou abraçando-o por trás colocando
seus braços envolta do pescoço dele e beijou-lhe o rosto.
- Não foi assim que aconteceu.
Alex terá que ouvir a minha versão.
- A quanto tempo está ouvindo?
– Castle perguntou ao ver a babá eletrônica em sua mão.
- O suficiente para saber o
quanto amo vocês dois – beijou-o novamente, dessa vez nos lábios – então, vai
fazê-lo dormir antes de voltar para cama comigo ou prefere que eu use o leite
para fazer isso?
- Sua porção mágica ganha
disparado dos meus poderes encantados – ela riu sussurrando “bobão” ao ouvido
dele – está vendo Alex, sua mãe já quer atrapalhar nosso papo entre homens.
- Você que sabe, posso voltar a
dormir numa boa – claro que sabia a escolha dele. Viu Castle levantar da
poltrona ainda com o filho nos braços. Bem ali, ficava fácil de perceber o
quanto ele era um pai babão. Esperou Kate sentar-se para então entregar o
menino. Abrindo a camisa do pijama que usava, ofereceu o peito que Alex aceitou
de bom grado. Em menos de dez minutos, adormecera. Colocou de volta no berço
permanecendo um pouco apenas admirando o bebê dormir. Castle apoiou a cabeça no
ombro dela.
- Tem sonífero nesse leite? Ele
dormiu quase que instantaneamente.
- Deve ser os meus poderes
mágicos – procurou a mão dele logo após sentir os lábios em seu rosto – vamos
dormir. Abraçados, voltaram para cama.
No dia seguinte, após alimentar
Alex, Kate se juntara a ele na mesa para o café da manhã. A cópia do New York
Ledger estava sobre a mesa marcando a página de uma reportagem de Nadine Furst,
provavelmente ele deixara para que lesse. Leu o texto publicado e sorriu.
Simples e objetivo, com pequenas alfinetadas. Belo jogo de palavras e crítica. Como
ela gostava de ver. Castle aproveitou o momento para conversarem sobre as
propostas trazidas por Gina no dia anterior.
- Então, o que você achou das
propostas de ontem? Sobre os livros? Acha que conseguimos escrever dois livros
juntos?
- Eu não sei. Quer dizer, como
dividiríamos a história? Uma coisa é eu terminar algo que você começou, outra é
misturar nossos pensamentos durante a escrita.
- Não seria tão difícil.
Obviamente você já pensou em alguma continuação para o que escreveu. Se
desenvolver a partir daí, podemos chegar a um consenso. Quanto ao segundo,
pensaremos em algum caso para nos inspirar. Como Gina falou que o contrato é
negociável, estava pensando em incluir mais um livro escrito por mim que já
está atrelado ao contrato anterior, anulando-o e aumentar minha parcela de
vendas para 30%. É um acordo razoável. O que acha? Se concordar posso ir até lá
na segunda para discutir.
- Eu não sei, Castle. Fico
preocupada com o tempo. Alex, o trabalho, quer dizer como daremos conta?
Precisamos de muito tempo.
- Posso negociar tempo também –
a porta do loft se abre e Alexis chega com o Times nas mãos.
- Já viram a nota do jornal? –
entrega para Kate – Gina foi bem simples. Legal essa ideia de colocar o anúncio
depois de quase uma semana. Cadê meu irmão? No quarto?
- Sim, dormindo provavelmente –
Kate apontou para o dispositivo eletrônico – sente-se para comer, Alexis.
- Já tomei café mas tem
panqueca? – o pai estendeu o prato a ela, servindo-se continuou a conversa –
quais as novidades?
- Gina quer novos livros em
parceria com seu pai. E você se lembra daquela repórter da Vanity Fair? Nadine?
– Alexis assentiu – ela quer me entrevistar novamente, agora sobre meu trabalho
ou assim Gina explicou.
- Wow! Que máximo! Nadine é
ótima. Você vai aceitar, claro. Quando vão fazer a entrevista? Depois que
voltar para o trabalho?
- Caramba! Você está mais
animada que Kate – resmungou Castle.
- Quem não estaria? Oh!
Entendi. Pai, você está com ciúmes de Kate, é isso? Não acredito! É uma ótima
oportunidade para Kate. Se Nadine quer conversar com ela novamente, posso
garantir que não será sobre bebês ou livros de mistérios. Deve ser algo bem
melhor – olhou para Kate que se manteve calada diante dos argumentos da filha
com Castle, estava se divertindo ao ver a cara que ele fazia ouvindo Alexis – e
quanto a você, não se deixe levar pelo lado cuimento e imaturo do meu pai. Sei
que você não gosta de exposição demais, porém talvez a aparição pública não
seja o melhor que você pode tirar dessa parceria. Devia falar com ela e na
minha opinião, aceitar.
- Acho que vale uma conversa,
não agora porque preciso me dedicar ao Alex. Obrigada, Alexis – sem querer a
menina levantara algo que Kate não havia considerado para o futuro. Pesquisaria
sobre a repórter e pensaria um pouco mais a respeito.
- Que bom. Agora vou ver meu
irmãozinho.
- Acho que você terá que se
contentar com os livros por enquanto. Diga a Gina que ainda não tenho a
resposta de Nadine.
Durante todo o domingo, Kate
teve a oportunidade de ver Castle lidando com telefonemas de amigos e da
imprensa que ligavam para saber um pouco mais sobre o herdeiro e congratular o
papai orgulhoso. Claro que pediam fotos e Castle desconversava dizendo que
ainda não era o momento. Incrível como lidava com tudo aquilo de forma
magnífica. Alguns enviaram flores e cartões como acontecera da primeira vez.
Como Alexis estava em casa, Kate pode descansar enquanto a irmã paparicava o
bebê, até dormiu um pouco à tarde. Castle pediu comida do Le Cirque para
jantarem juntos. Alexis decidiu dormir no loft pegando o trem na manhã seguinte
de volta para a universidade.
Castle saiu cedo na segunda
para encontrar Gina e o pessoal da Hyperion. Depois de amamentar Alex e
deixa-lo bem fresquinho após um banho, Kate veio para sala com o filho e pegou
seu ipad para pesquisar com relação a Nadine. Alexis lhe dera algumas boas
idéias se realmente a jornalista fosse o que todos afirmavam sobre ela. Estava
distraída quando Castle chegou carregando mais um buquê de flores.
- As pessoas se empolgam com
esse lance de flores, recebi esse buquê do porteiro ao chegar. Está com o
cartão em seu nome apenas, será da tia Teresa? Ou de uma amiga? – sentou-se ao
seu lado com as flores nas mãos, beijando-lhe os lábios, em seguida brincando
com o cartão em seus dedos.
- Não tenho ideia. Leia o
cartão. Castle puxou do envelope todo prosa mas assim que leu o cartão fechou a
cara – o que foi? Quem mandou as flores, um ex-namorado? – ia continuar a
implicância quando viu o semblante nada amigável do homem a sua frente. Puxando
o cartão da mão dele, prendeu a respiração ao ler as palavras, mas
principalmente pela assinatura. Rapidamente Castle percebeu a palidez no rosto
de Kate.
“Kate, seja feliz com o lindo
bebê. Lembre-se: a vida de sua famíla depende da promessa que fez. William
Bracken”
- O que significa isso? –
Castle perguntou – o que esse cara quer conosco? Com você?
- Filha da... – Kate passou a
mão no cabelo visivelmente nervosa. Era a hora da verdade.
- Kate? – tocou a mão dela
percebendo que estava gelada – você está bem? O que significa isso, Kate? –
insistiu.
- Castle, precisamos conversar.
Continua...
3 comentários:
OMG!!! muuito fofa a Kate cuidando do bebê de um jeito que eu nem imaginava ahaha o Castle cuidando da Kate ownn e a Martha entãoo nossa sensacional ajudando a Kate e dando conselhos… agora to super ansiosa para ver a Kate contando tudo oq aconteceu enquanto ele estava em coma!
Ahhh! Que fofo o Castle falando do amor dele pela Kate para o bebê. E esse final? ai, ai, ai.
QUE LINDO DE SE LER!!!!!
Esses momentos de mãe e filho muito lindo,ela desesperada sem saber o que Alex tinha tadinha e entrou a Martha sempre digo DIVANDO.
E o aperto no peito que senti quando ela lembrou da vó Joh,falando do Cas pro filho e depois ele falando dela,esses lindos.
Baaaaaah Nadine vai voltar ,mal posso esperar =)
e esse fim foi =0
Aguardo o proximo cap.
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