sábado, 30 de agosto de 2014

[Castle Fic] There's Always Tomorrow - Cap.21


Nota da Autora: No ultimo capitulo comentei sobre a pequena homenagem a uma personagem da série mortal. Decidi traze-la de volta em algum momento dessa história, portanto fiquem ligados. Agora veremos um pouco da rotina com um novo bebê, porém não irei abordar tudo o que acontece de novo. Escolhi algumas situações. As canções descritas aqui levam um pouco do gosto da autora e suas recordações, como também um pouco do que esperasse de uma mamãe americana. Curtam o capitulo e preparem-se.... enjoy! 


Cap.21 


O quarto do bebê que havia sido decorado por Alexis e Kate estava impecável. Tudo em seu devido lugar para facilitar a vida da nova mamãe. Uma pequena cômoda com o material de apoio necessário para realizar tarefas básicas como trocar fraldas, amamentar, limpeza da mãe, remédios. Kate estava surpresa com tanto zelo, tudo preparado por Alexis. Também ali, colocara uma poltrona de amamentação na antesala que dava para o quarto. Era um lugar tranquilo para Kate alimentar o filho. Na suite do casal, lençóis devidamente limpos e arrumados, o pequeno moisés ao lado da cama.Como o pequeno Alex saíra do hospital já alimentado, eles o colocaram em seu berço e decidiram comer alguma coisa levando consigo a babá eletrônica, nova companhia de Kate a partir de agora. A próxima refeição dele seria dali a duas horas.

Na cozinha, Martha os aguardava para almoçar. Uma refeição leve a base de verduras, legumes e frango para ajudar na recuperação de Kate acompanhado de um suco de laranja e cenoura. Enquanto comiam, Kate não pode deixar de comentar.

- Está tudo tão perfeito, o quarto, as coisas arrumadas. Acho que nem eu teria pensado em tudo aquilo, na verdade sequer lembrei de arrumar o ambiente para melhor cuidar do bebê. Alexis parece uma mãe experiente. Se duvidar, sabe de mais coisas que eu.

- O que posso dizer, Katherine? Essa é a minha neta, quando quer e aceita fazer algo não admite menos que a perfeição. Fez questão de deixar tudo encaminhado para quando você e Alexander voltassem para casa. E deixou um recado. Caso você tenha qualquer dúvida ela baixou alguns livros de dicas no computador do pai e pode ligar para ela – Kate olhou intrigada para a sogra, Martha sacudindo a mão despretenciosamente concordou – eu sei, eu sei, ás vezes ela exagera. O que ela entende de ser mãe? Aliás, o que livros podem dizer ao serem comparados com a experiência de alguém que já viveu a maternidade? Fique tranquila, você aprenderá por instinto, devoção. Para muitos, nenhuma mulher nasce sabendo ser mãe. Aí que se enganam. O dom está dentro de nós, escondido, esperando o momento certo de aflorar. Com você não será diferente mas o que precisar, pode contar comigo.

- Você, mãe? – disse Castle soando meio surpreso.

- Eu sim! Quem você acha que cuidou de você ao nascer? A fada dos dentes, gnomos? Ah Richard, um pouco de fé sim? – isso arrancou gargalhadas de Kate.

- Pode deixar, Martha. Quando precisar, recorrerei a você. Nesse instante, ouviram o choro baixinho do bebê aumentando gradativamente a cada segundo. Kate levantou-se da cadeira afirmando.

- Está na hora dele comer.

- Sim, amamente e caso ele durma em seguida aproveite para fazer o mesmo - Castle fez menção de se levantar para ir verificar o filho junto com a esposa mas Martha o segurou. Assim que Kate sumiu das vistas, ela repreendeu o filho.

- Richard! Deixe Katherine à vontade para cuidar do filho. Você tem que dar um tempo a ela. O contato de mãe e filho na amamentação é muito importante, dê um pouco de privacidade a sua esposa.

- Mas eu estava indo ajuda-la. Segurar o bebê, por exemplo, enquanto ela se arruma para coloca-lo no colo e ...

- Pare! – Martha disse levantando a mão – tudo que você disse não justifica. Ela terá que se acostumar em fazer isso sozinha. Faz parte de sua nova rotina. Respeite – Castle ficou pensativo por um momento porém acabou acatando a sugestão da mãe.

Kate entrou no quarto do bebê apoiando-se no berço para pegar o filho. Antes porém se higienizou. Mãos, seios e braços. Depois, pegou o bebê no colo, brincando e falando com ele para fazê-lo parar de chorar. Sentada na poltrona, ajeitou-se oferecendo o seio. Ávido por comer, abocanhou sem problemas o mamilo sugando com vontade. Acariciando a cabeça e os bracinhos, começou a conversar.

- Isso, Alex. Coma direitinho porque quero ver você bem gordinho. Sempre gostei de bebê cheinho e sendo o seu pai fofinho você tem obrigação de exibir fofura. Meu filho, sabe que quando aquele homem do futuro, ou assim Castle o chama, disse que eu teria três filhos, não acreditei. Acho que não queria dar o braço a torcer com a possibilidade de um desconhecido saber o que ia acontecer na minha vida. Hoje, você está aqui no meu colo, eu estou amamentando e faço isso com o maior prazer. Alex, será que você tem ideia de quanto eu te amo? Como não consigo imaginar não tê-lo na minha vida mesmo você só estando a dois dias comigo? Nunca entendi essa história de amor maternal, doação, até você chegar na minha vida. Entendo bem o que diziam. Não vejo a hora de crescer, ficar maior. Seu pai está louco para lhe exibir para os outros, andar nas ruas, vestir as roupas que comprou. Confesso que eu também – vendo o filho soltar o seio, cuidadosamente o trocou de lado a fim de alimenta-lo um pouco com o outro seio, ao fazer isso o choro dele voltou reclamando – calma, Alex, só um instante... aqui, pegue. Tome o leite, meu amor – e por fim ele pegou o mamilo novamente voltando a mamar – isso, muito bem – sorrindo, Kate suspirou começando a cantar.


“Twinkie, twinkle little star
How I wonder what you are
Up above the world is high like a diamond in the sky
Twinkle, twinkle little star
How I wonder what you are – e emendou - You are my sunshine, my only sunshine. You make happy when skies are grey. You never know, dear how much I love you so please don´t take my sunshine away”.


Ela percebeu que o filho soltara o seio e já cochilava. Vagarosamente, colocou-o na posição para arrotar. Continuou murmurando a canção enquanto dava palmadinhas leves nas costas do bebê. Em dez minutos, ele já arrotara fazendo com que Kate o ninasse um pouco mais antes de coloca-lo de volta no berço. Ficou admirando o sono do filho por mais uns quinze minutos até decidir seguir os conselhos de Martha deitando-se na cama ao lado do moisés.

Acordou com Castle deitando a seu lado acariciando seus braços e beijando seu pescoço. Sorrindo se virou para fitá-lo recebendo o carinho dos lábios junto aos seus.

- Ele ainda está dormindo?

- Sim, não se preocupe. Eu troquei a fralda que estava cheia e tornei a coloca-lo para dormir.

- Quanto tempo eu dormi?

- Meia hora no máximo. Alex gosta de uma boa soneca, pode dormir mais se quiser. Eu vou ligar para a Gina. Ainda não falei da notícia, queremos nossos momentos de paz, não?

- Sim, por favor. Castle, não seria melhor acorda-lo? Se dormir demais pode ficar acordado durante a noite, não é ruim para ele?  

- Não, amor. É assim mesmo. Cada bebê tem um ritmo. Não podemos interferir. Durma agora porque se ele estiver esperto a noite precisaremos estar bem e alertas. Vou para o escritório – beijou-lhe a testa saindo.

No escritório, tratou de ligar para a ex-mulher contando as novidades e pedindo para manter a discrição nos próximos dias. Precisavam se acostumar ao novo ritmo de vida. Além disso, pelo tempo que já convivia com Kate deveria saber que não gostava de grandes exibições. Gina acatou o pedido e também prometeu uma visita daqui a alguns dias, tinha novidades para os dois também.

Nos dias que se seguiram, Castle e Kate dividiam as tarefas domesticas relacionadas ao bebê. A maratona de amamentação, troca de fraldas, cuidados em geral com Alex consumiam seus dias e noites. Bastava olhar para o rosto dos dois para entender a maratona que estavam passando. Apesar do cansaço, Kate sentia-se muito bem. Alimentava-se de comidas saudáveis, bebia bastante sucos e agia como mãe coruja. Castle ainda implicava com ela por várias coisinhas no intuito de instigar o espírito protetor dela. Sua mãe tinha razão. Kate precisava se adaptar à nova fase de sua vida, o que o fizera de maneira admirável. Quem a visse pensava tratar-se de uma mãe super experiente. Dava gosto de ver. Era o quinto dia da vida de Alex, ou melhor, noite. Castle estava mexendo com o filho quando começou a reclamar. Fome. Ao virar-se para chama-la, percebeu que Kate estava na porta então lembrou-se da babá eletrônica.

- Hey... nosso menino quer jantar, não?

- Já está reclamando ou seria chamando “quero o leite gostoso da mamãe”? Aposto que esses resmungos chorosos são, na linguagem dele, as várias formas de chamar seu nome.

- Hum… é mesmo? E desde quando você entende de linguagem de bebês, Castle? E não vem com a desculpa de que aprendeu com “Olha quem está falando” – ele fez uma careta para Kate e revirou os olhos – posso alimentar meu filho, Castle?

- Nosso filho, mas pode – já se direcionou para a porta quando ela o chamou.

- Onde você vai? 

- Para a sala, vou deixar você à vontade para cuidar do nosso Alex – disse Castle. Carregando o filho nos braços, se aproximou dele tocando-lhe o peito.

- Não precisa ir. Fique. Pode segura-lo enquanto eu faço a higienização. Estou com muito sono, se ficar você pode me distrair – entregou o filho e já começou a se limpar - Bem que você me avisou naquele caso com Cosmo. As noites de sono viram horas, são fraldas, amamentação, lavar roupinhas, enxaguar tudo, excesso de cuidado não faz mal a ninguém nesse caso – sentou-se na poltrona expondo o seio para começar a alimenta-lo, Castle o colocou novamente no colo dela. O pequeno Alex logo estava sugando o leite – sabe, minha mãe sempre dizia depois que se tem filhos você não dorme nunca mais, estou começando a dar razão a ela.

- Sim, eles crescem se tornam independentes mas para nós serão eternas crianças. Você tem que aprender a lidar com isso, não é fácil, não vê meu caso com Alexis? – sorriu ao ver que ela se desligara da conversa, com o polegar fazia pequenos círculos na bochecha do filho observando-o sugar o líquido. Castle julgou ouvir um som reconfortante. Demorou alguns segundos para compreender que era Kate quem cantava baixinho.

Suspirou diante da cena. Uma bela mulher, com o corpo cansado pelo dever da maternidade porém de espírito iluminado pelo dom que julgara não possuir e agora iluminava seus dias. A imagem era digna de um quadro. O sorriso no rosto, o jeito que segurava o filho. Uma madona. Castle procurava eternizar aquele momento em sua memória. Podia se perguntar todos os dias se era possivel amar alguém mais do que no dia anterior, a cada amanhecer constatava que sim, seu amor por Kate e por seu filho apenas crescia, incondicionalmente. Engoliu em seco ao tentar segurar a ardência que rondava os seus olhos. O bebê já estava satisfeito, agora cuidava para que arrotasse e depois o colocasse para dormir.

Ficou de pé andando lentamente pela área a fim de esconder as lágrimas dela enquanto as limpava. A voz de Kate soava mais forte enquanto entoava uma das mais belas canções de ninar. Castle a admirava de longe.


“Lullaby and good night, with roses bedight
With lilies o'er spread is baby's wee bed
Lay thee down now and rest, may thy slumber be blessed
Lay thee down now and rest, may thy slumber be blessed
Lullaby and goodnight, thy mother's delight
Bright angels beside my darling abide
They will guard thee at rest, thou shalt wake on my breast
They will guard thee at rest, thou shalt wake on my breast”


Encantado. Era a palavra que melhor descrevia a condição de Castle no momento. Simplesmente encantado ao vê-la cantar para o filho. Estava encostado na porta do quarto sorrindo vendo-a colocar o pequeno Alex no berço. Continuava cantando olhando-o dormir tão tranquilo e sereno. Vendo que ela começava a se afastar do berço, comentou.

- Sempre achei que você levava jeito para cantar. O Alex parece concordar comigo. Dormiu quase que instantaneamente ao som da sua voz.

- Ficou me observando, então. Minha mãe cantava essa música para mim quando eu era bebê. Pelo menos foi o que me contou alguns anos depois. Minha recordação é por volta dos quatro, cinco anos. Após um momento de leitura todas as noites, cantava para mim “Somewhere over the rainbow”. Eu adorava ouvir sua voz, era como um calmante. Ás vezes cantava junto. Quando Alex estiver maior, farei o mesmo com ele.

- É reconfortante vê-la falar assim de sua mãe. Vejo que conheço pouco da sua infãncia. Pode me contar mais histórias sempre que quiser – se aproximou do berço, envolvendo-a pela cintura – nesse momento, o melhor que tem a fazer é vir se deitar. Vamos para cama porque daqui a pouco ele irá chama-la novamente com fome.

- Tem razão – colou seus lábios nos dele em um beijo preguiçoso antes de seguirem para o quarto.

Uma semana se passou e a atmosfera no loft dos Castle mudara completamente de meses atrás, havia muitas coisas de bebê espalhadas pela casa. O único lugar totalmente imune ao efeito do bebê era o quarto de Alexis, o que Kate imaginava ser apenas porque a menina ainda não viera para casa apesar de ligar todos os dias para saber do irmão, e o escritório. Fazia meia hora que havia amamentado Alex, claro que ele já havia deixado um presente na fralda. Cuidadosamente, colocou o bebê no trocador e começou a retirar as fitas. Dessa vez, ele caprichara, pensou. Livrando-se da suja diretamente para o cesto ao lado do trocador, Kate pegou os lencinhos umidecidos e começou a limpa-lo. Não percebeu que Castle estava logo atrás de si observando o que ela fazia. Aos poucos ela pegava o jeito de trocar o bebê mas gostava de implicar somente para ver a reação. Não falaria nada ainda. Kate limpou o bumbum de Alex e sorriu beijando seus pezinhos. Colocou a fralda limpa embaixo do corpinho dele, aplicou um pouco de creme contra assaduras e beijou a barriguinha. Reparou nos olhos, estavam alerta. A cor já mudara do tom de cinza para um azul um pouco mais escuro que o do pai, ou pelo menos era assim que parecia na luz. Soltou um comentário.

- Danadinho, não é que seu pai tinha razão. Você terá olhos azuis como os dele. O que era exatamente o que desejava mas será apenas mais um motivo para Castle ficar se gabando. É sim, Alex, papai se acha, se acha sim... sabe o que é pior? Ele pode. Quem mandou ser charmoso ao extremo e safado, viu? Não caia na lábia dele... vamos aproveitar enquanto estamos sozinhos e promete pra mamãe que não vai contar para ele? Promete, meu bebê, meu amor...

- Acho que é tarde para isso... – ao ouvir a voz dele atrás de si mesmo que suave, Kate deu um pulo.

- Castle! Você me assustou! A quanto tempo está ai?

- Tempo suficiente para ouvir você me elogiando. Além de perceber que você esqueceu de esfolar o pintinho do nosso filho.

- Nem fechei a fralda ainda! E pare de se meter! Acha que só você sabe cuidar dele?

- Hey, calma... só estou lembrando você – viu que ela ficara chateada – além do mais adorei ouvir você conversando com o nosso pequeno. Especialmente porque falava de mim.

- Sei, sei... você é o máximo.

- Pelo menos era o que você estava dizendo a Alex, não? – aproximou-se acariciando a parte baixa das costas. Beijou-lhe o ombro – sabe, quando você estava sob efeito de medicamentos antes de dar a luz falou tanto que me amava, me chamou de babe tantas vezes. Ah, disse que eu era lindo. Não adianta negar, seu subconsciente reconhece a verdade mesmo que você insista em dizer o contrário. Adoro quando faz isso – ela franzia a testa formando uma pequena ruga entre os olhos a qual ele tocou com a ponta do indicador – vou deixar a mamãe terminar com você, filho mas estou de olho. Ela ainda está no período de experiência – piscou para o bebê e levou um murro no braço assim que se calou – ai! Juro que vou atrás daquele remédio pra você, Kate.

- Deixa de falar mentira, Castle. Não fiz nada disso. Só fica dizendo essas coisas para me irritar.

- Tenho testemunhas. A médica, a enfermeira e o Mark – observando que ela já terminara de fechar a fralda, perguntou – vai vestir a calça ou o macacão? Está quente, deixe-o sem meia.

- Quer parar de se meter no que estou fazendo? – mas foi pega de surpresa com um beijo no rosto.

- Aprenda essa lição, Alex. Irritar sua mãe é bom desde que não esteja armada, a dica para desmonta-la? Um beijo sempre resolve.

- Sai daqui, Castle – disse rindo das bobagens dele.

Mais tarde naquele dia, Castle se deparou com o anúncio no New York Ledger do nascimento de seu filho. Guardaria o jornal com orgulho. A nota falava da esposa, conhecida pelo seu trabalho no FBI e NYPD bem como da formação da familia com o escritor. Ia mostrar para Kate assim que ela saisse do banho.

No dia seguinte, vários amigos de Castle mandaram presentes, flores e cumprimentos pelo mais novo membro da família Castle. Martha adorou poder aproveitar para encher a casa de flores. Alexis chegara naquela tarde indo logo matar a saudade do irmão trazendo um exemplar do New York Times com o pequeno artigo do nascimento de Alexander Beckett Castle. Uma casa com uma criança tinha outra energia, era alegre, descontraida, bagunçada e claro com um cheirinho caracteristico de bebê. Porém a filha não passou sequer uma hora no loft. Precisava ir a biblioteca terminar um trabalho. Aproveitando a deixa, Martha sugeriu que Castle fosse fazer compras pois não tinham mais frutas e verduras suficientes em casa. Esperta, sugeriu que ele também aproveitasse a chegada de Alexis e fizesse um jantar. Protelando um pouco a ideia da mãe, acabou acatando. Era a primeira vez que ele saía de casa desde que o filho nascera deixando Kate com o pequeno e a mãe.      

Nora e sogra conversavam um pouco sobre a rotina que dominava completamente as horas de Kate quando Alex chorou. Não fazia nem meia hora que havia amamentado. Deduziu que deveria estar agoniado e precisasse de fralda limpa. Ao chegar no quarto porém, o choro parecia bem mais intenso do que ouvira pela babá eletrônica. Checou a fralda percebendo que ainda estava limpa, notou que a barriguinha parecia grande. Alex contorcia as perninhas encolhendo-as, o rosto estava vermelho devido ao esforço provocado pelo choro. Kate se assustou. Era a primeira dificuldade que tinha com o filho. O choro tornou-se alto e constante, chegando a provocar soluços. Com o bebê no colo, ela procurava acalma-lo andando pelo quarto e cantando. Nada parecia fazer efeito. O choro diminuía até que conseguisse recuperar o fôlego aumentando novamente. Acabou golfando parte do leite que tomara a pouco sobre o ombro de Kate.

Ainda agoniada com a situação colocou o filho no trocador para limpar a boquinha e se livrou da camisa que usava jogando-a no chão. Voltou a encostar o bebê em seu corpo conversando para acalmar o pequeno. Infelizmente, a criança não estava melhorando, na verdade chorava ainda mais e suas lágrimas se misturavam com o soluço. O desespero tomava conta de Kate. Não entendia o que estava acontecendo. Sentiu o estômago revirar.

- Meu Deus, meu bebê. O que você tem? – Kate notou a barriga inchada, apertou ouvindo o choro ainda mais intenso – Alex, o que você está sentindo? – os olhos dela já estavam mareados quando lembrou-se de chamar por Martha.

- Martha... Martha! – o jeito de chamar não foi natural o que fez a sogra correr ao seu encontro, o desespero dela era tão grande que não viu a mulher ao seu lado – Martha! Por favor... – o bebê estava no berço com as pernas encolhidas.

- Katherine – disse tocando-lhe o ombro – o que foi?

- É o Alex, Martha. Eu não sei o que fazer, ele não para de chorar. Olhe a barriga dele. Ai, meu Deus...eu não sei...

- Shhh, olhe para mim – Kate se virou para fitá-la – não adianta se desesperar, isso não irá ajudar o seu bebê nem a você. Acalme-se. Respire fundo – Martha se aproximou do neto e tocou o estomago, no mesmo instante, o grito de dor ecoou pelo quarto. Pegando Alex no colo, ela começou a embala-lo – Oh, pequeno está doendo é? E esse soluço... poxa, vovó vai cuidar de você. Katherine, por favor, acredito que você tem uma bolsinha de água quente, se não serve uma fraldinha mesmo. Aqueça um pouco no ferro, vamos já acalmar essa dor, pensando bem, deixe que eu faço isso. Pegue um pedacinho de algodão e umideça. Depois venha até a sua cama e deite-se.

Sem entender o que tudo aquilo significava, Kate fez o que a sogra pediu. Entregou o pedaço de algodão e já deitada na cama esperou as próximas orientações. Martha colocou o sumaço umidecido sobre a testa do bebê. Aproximou-se da cama e colocou Alex sobre o corpo da mãe de bruços.

- Segure-o bem próximo ao seu corpo. Aqui – estendeu uma outra manta para a mãe – enrole o corpinho dele bem rente com essa manta. O que ele tem é uma crise de cólicas. Normal em um bebê da idade de Alex. Não existe remédios, apenas alguns modos de alívio da dor. Deitar ou colocar pele contra pele ajuda. Massagear a barriguinha ou fazer compressas com algo quente também. Fique deitada nessa posição, depois sente-se e com ele em seu colo faça movimentos similares a uma massagem em sua barriga. Vou buscar a fralda quente para usarmos também.

Kate procurou recobrar o ritmo de sua respiração e pressionou o filho contra seu corpo quente. Passados dez minutos, ela sentou-se e virou o filho enrolado na manta colocando-o na posição de mamar. Seguindo a orientação de Martha, com a ponta dos dedos realizou movimentos circulares na barriga enquanto cantava baixinho para o filho. Martha voltou com a fralda aquecida e colocou sobre a barriga. O choro foi diminuindo gradativamente. Ao fitar a nora, percebeu o alívio se formando em seu rosto.  

- Eu realmente não sabia o que fazer. Quando ele chorava, eu entrei em pânico.

- Eu sei querida, acontece. Mas saiba que você terá que conviver com a cólica por um bom tempo. É um problema típico de  recém-nascido. Seu estomago e intestino ainda não estão completamente aptos para funcionarem. Por isso, é importante que você aprenda esses truques. Ele ainda chora mas é um pouco menos, espaçado e não constante. Repita a massagem e o coloque de bruços alternadamente após cada dez minutos. Vai ajudar. Como mãe, você terá que descobrir a melhor maneira para Alex se acalmar.

- Como saberei? Quer dizer não tenho experiência nisso – disee Kate preocupada.

- Você encontrará a solução. Quando menos perceber, virá natuaralmente. Não me peça para explicar o inexplicável. Só posso considerar parte da obra divina. Toda essa maneira de ser mãe está dentro de nós, cada uma das mulheres, guardada em algum lugar do nosso cérebro e do nosso coração. Imagine um motor desligado por anos acionado por um interruptor. Do momento em que segurou Alex em seus braços, ele ativou esse interruptor que acionou o motor. Pode estar desligado a um bom tempo, mas assim que reconhece o sinal, começa a funcionar e encontra seu ritmo - Martha checou o relógio - são sete da noite, vou fazer um chá para você. Richard já deve ter voltado das compras, provavelmente deve estar preparando o jantar.

- Obrigada, Martha. Realmente nem sei como agradecer. Você me salvou. É tão dificil fazer isso sozinha, descobrir tudo sem...- Kate engoliu em seco não querendo completar a frase, sua mãe deveria estar ali para ajuda-la. Martha segurou-lhe a mão sorrindo explicou a ela.

- Você não está sozinha. Eu estou aqui. Sei que não sou sua mãe mas gosto de pensar que hoje posso dar a ajuda que não tive quando precisei. Além disso, você é como uma filha para mim, cuidarei de você e do meu neto da mesma forma que você cuida do meu próprio filho,Katherine. Não tenha medo ou vergonha de pedir ajuda, basta chamar – Kate apertou a mão dela visivelmente emocionada.

O choro de Alex estava mais brando mesmo que ainda sentisse dor. Lembrando-se da orientação da sogra, ela seguiu repetindo os gestos para tentar acalma-lo. Queria muito que ele dormisse para poder relaxar. Deus sabe como ela também precisava desligar. Seu corpo todo doía de tanta tensão. Os olhos ardiam porém, dificilmente conseguiria fecha-los diante da situação do filho.

Martha chegou na cozinha e encontrou Alexis e Castle preparando o jantar juntos. Era algo que não faziam a muito tempo. Ao ver a mãe pegar a chaleira e se dirigir ao fogão, reclamou.

- O que a senhora pensa que está fazendo? Estamos cozinhando o jantar. Não pode chegar desse jeito, atrapalhando. E cadê a Kate? Está babando no Alex? – virou-se para a filha – incrível como ela não consegue tirar os olhos dele. Acho que é uma forma de ficar me admirando, sabe?

- Pai, para de falar besteira.

- É Richard, concordo com a Alexis. Não quero atrapalhar seu jantar mas creio que sua esposa não virá comer. Vou fazer um chá, Alex está tendo uma crise de cólicas e Katherine está com ele.

- Ele está bem? É grave? Precisamos ir ao hospital – de repente, o pânico se instalou nele.

- Quer parar, Richard? É exatamente esse tipo de comportamento e reação que não podemos ter perto do bebê e de Katherine. Ela está nervosa, se apavorou, certamente não precisa de outro desesperado ao seu lado. Vai ficar tudo bem. Vou fazer um chá para ajuda-la a se acalmar. As dores já estão cedendo e se quer ajudar sua mulher, deixe-a sozinha. Vamos jantar somente nós três e depois você pode vê-la.

- Desde quando sua vó se tornou tão mandona a ponto de ditar regras na minha casa? – perguntou olhando para Alexis.

- Desde que me tornei sua mãe. Sendo a pessoa mais experiente com bebês, estou informando o que você deve fazer se quiser ajudar na situação.

- É pai, esse argumento você perdeu. Melhor deixar a vovó cuidar disso.  

Enquanto Castle terminava o jantar, Martha preparou o chá e seguiu para o quarto onde Kate estava. Encontrou-a sentada do mesmo jeito que a deixou. Alex estava deitado no peito dela de bruços ainda chorando, menos do que quando começou era verdade, ainda assim preocupava a mãe. Martha deixou a xícara na cabeceira para pegar o neto no colo. Ao afastá-lo da mãe, o choro aumentou o que Martha julgou ser pela falta de contato corporal. Balançando o bebê, ordenou que Kate bebesse o chá.

- Será que essa cólica não vai passar? Já fazem horas que estamos aqui.

- Tudo a seu tempo, melhorou bastante o choro, sinal que a dor diminuiu. Paciência, Katherine, paciência. Você quer que eu traga alguma coisa para comer? Também precisa se alimentar.

- Quero ver meu filho bem. Só isso.
- Ele vai ficar, viu como ele está quase sem chorar? Acredito que logo vai fazer a disgestão do leite. Quer tentar amamenta-lo? Veja se ele pega o peito. Se não, apenas faça massagem novamente e mantenha-o encostado no calor do seu corpo – devolveu o bebê para Kate – vou ver como estão os outros.

Kate refez o procedimento de massagem na barriga do filho mais umas vezes até que percebeu o ronronar dele. Adormecera. Cuidadosamente, levantou-se da cama colocando o bebê no berço. Inspecionou a fralda. Estava limpa. Mesmo com Alex adormecido, Kate não deixou o lado do berço. Velava seu sono.

Uma hora se passou quando novamente inspecionou a fralda e reparou que estava suja, pouco era verdade, porém o suficiente para dar alívio ao bebê e a ela. Suspirou sentindo o corpo esmorecer diante do fato. Devagar foi soltando a fralda para limpar o bebê. Terminada a tarefa, estava limpando as mãos no momento que Castle entrou no quarto com uma bandeja contendo comida. Apoiando-a sobre uma mesa, aproximou-se dela e beijou-lhe o ombro.

- Como ele está? Mamãe não me disse nada depois que trouxe o chá para você. Achei que poderia estar com fome, trouxe seu jantar. Tem que se alimentar, Kate – puxando-a pela mão forçou para que deixasse o lado do berço, porém não se mostrou muito favorável a ideia – vem cá, amor. Coma um pouco. Assim você poderá ajudar nosso filho. Enquanto você come, cuido dele.  Por fim, aceitou sabendo que ele tinha razão.

- Parece estar melhor. O que você preparou? – perguntou enquanto observava o jeito de Castle olhando para o filho. Virou-se colocando uma parte do cabelo dela para trás da orelha acariciando a sua bochecha. Reparou no cansaço iminente embaixo de seus olhos além da palidez do rosto. Merecia muitas horas de sono porém, nem adiantava sugerir pois conhecendo bem Kate, seria difícil convencê-la disso.   

- Uma refeição saudável. Salada de folhas verdes regadas no azeite, peito de frango grelhado, batata souté. De sobremesa, morangos e para beber um suco de laranja e mamão, fará bem para você e para o Alex, estimula o estomago e a digestão. Sente-se, coma devagar apreciando a refeição. Não tenha pressa, dedique algum tempo a você. Cuido do nosso filho enquanto isso. Talvez ele durma melhor a partir de agora e vou dizer mesmo sabendo que não irá concordar,mas precisa dormir também.

- Não enquanto não tiver certeza que Alex está realmente bem.

- Eu já imaginava que essa seria sua resposta. Não pode dizer que não tentei. Tome pelo menos um banho – reparou que continuava apenas de soutian e bermuda - vai ajudar a relaxar.

- Vou pensar – disse dando um sorriso cansado na direção dele. Castle sentou-se ao lado do berço assumindo o lugar antes ocupado por Kate. Queria evitar que ela se alimentasse depressa para retomar logo o posto de guardião do sono do bebê. Cerca de quarenta minutos depois, aproximou-se dele colocando as mãos em seus ombros – que horas são? Estou perdida no tempo.

- Quase dez horas. Por que não vamos para a cama?

- Não, Castle. É melhor eu ficar aqui, me sentirei mais segura se estiver ao lado dele. Você não se importa em deitar sozinho, certo?

- Claro que vou sentir sua falta na cama, ficará um vazio. Mas, sei que será melhor assim. Só faça um favor para você, em algum momento dessa noite procure dormir porque amanhã Alex estará descansado e aceso. Já você... – aproximando-se dela, beijou-lhe os lábios suavemente – vou aproveitar para ler uns emails, a Gina encheu minha caixa. Recolheu a bandeja e rumou para a cozinha.

Após lavar o rosto e escovar os dentes, Kate retomou seu posto. Com a ponta dos dedos, ela tocava a cabeça do filho fazendo uma prece silenciosa pedindo para que o pior já tivesse passado. Ficou sentada velando o sono dele por quase cinco horas quando um chorinho começou chamando sua atenção. Um sinal de alerta se formou na mente dela, estampando no rosto a preocupação com o motivo disso. Seria a dor novamente? A cólica retornara? Ou dessa vez podia ser fome? Checou a fralda. Limpa. Procurando manter a calma, Kate o pegou no colo conversando para procurar acalma-lo. Faria a primeira tentativa com a amamentação. Se Alex não aceitasse o peito, começaria o processo de massagens. Ainda estava vestindo apenas o soutian, o que facilitaria o contato com a pele do bebê.

Sentou-se na poltrona de amamentação, acomodou o filho no colo e ofereceu o peito. Conversava mansamente com o bebê. Na terceira tentativa, finalmente pegou o peito e sugou o leite materno. Kate respirou aliviada, dessa vez parecia ser apenas fome. Depois bastava torcer para que a digestão acontecesse naturalmente e sem sofrimento. O esforço e a fome do filho acabaram não sendo notados pela mãe como gostaria. O cansaço dominou-a de tal maneira que adormeceu durante a mamada. O apagão aconteceu por poucos minutos, contudo ao despertar, assustou-se ao perceber o que aconteera consigo.  Passada meia hora, Alex sentiu-se satisfeito. Colocando-o sobre o ombro, estimulava-o a arrotar para que a digestão fosse correta. A reação do bebê foi ótima porém, acabou golfando uma parte do leite nela. Limpou o filho e tirou o excesso do leite que havia em seu corpo. No intervalo de vinte minutos, Kate percebeu que ele fazia força e sujara a fralda. Após a troca, embalou-o em seu colo até vê-lo adormecer retornando-o ao berço. Seu corpo estava muito além do automático. Faltava-lhe energia para manter os olhos abertos, os músculos doíam, mal conseguia raciocinar. Tateando pelo quarto, conseguiu chegar até a cama onde desabou exatamente do jeito que estava sem qualquer cerimônia. Castle percebeu o movimento na cama e ao observa-la, sentiu uma mistura de orgulho e pesar. Era admirável a dedicação de Kate ao filho mas não podia cansar-se a ponto de beirar uma estafa. 

Cinco da manhã, Kate já despertara com o choro do filho indicando a fralda suja e o desejo de se alimentar mais uma vez. Quando Castle acordou, encontrou-a sentada na poltrona amamentando o filho.

- Bom dia, gorgeous... – esfregava os olhos ainda sonolento – nossa! Você está com a mesma roupa de ontem. Quanto tempo você dormiu?

- Talvez umas duas horas. Acho que a cólica passou.  

- Que bom, sendo assim, após amamenta-lo eu cuidarei dele enquanto você irá tomar um belo banho para sentarmos à mesa e tomar um bom café da manhã. Alex precisará se adequar a nossa vida. Deverá aprender que existem momentos da mamãe, do papai e dele. Exceto quando se tratar de alimentação, você terá que aprender a equilibrar tudo na sua nova rotina. Percebi que estou sendo desleixado nesse sentido. Deveria dividir parte da responsabilidade com você, portanto hoje tomo conta de Alex durante o dia, fraldas, colo, são por minha culpa. Você dará de mamar apenas. À noite, eu me levanto se ele chorar. Não precisa fazer tudo sozinha. Alexis está em casa também e duvido que ela não queira passar um bom tempo com o irmão. Se trabalharmos nossos horários, não haverá problemas e você não se cansará tanto.

- Castle, eu não me importo, de verdade. Quero cuidar do meu filho e garantir que está tudo bem com ele.

- Nosso filho, exatamente por isso que você não pode fazer tudo sozinha. De que adianta Alex estar bem e a mãe cansada, estafada e mal alimentada? Ele depende de você estar saudável e bem para que isso se reflita nele. Deixe a teimosia de lado e aceite a minha sugestão, amor. Será benéfica para todos.

Ela tirou o filho do peito e já ia se colocar na posição para fazê-lo arrotar. Castle a impediu. Colocando uma fralda limpa sobre o ombro, tirou o menino dos braços dela e o aninhou em seu corpo assumindo a responsabilidade dali para frente.

- Pode ir tomar seu banho, Kate. Ficaremos bem, eu garanto. Sem muito o que argumentar, levantou-se da poltrona e seguiu para o banheiro. Um banho demorado faria maravilhas ao seu estado letárgico. Quase uma hora depois, com os cabelos molhados e uma roupa simples, sentiu-se relaxada. Somente então percebeu o quanto estava com fome. Ao chegar ao quarto, viu Alexis debruçada no berço brincando com o irmão.

- Alexis, cadê seu pai?

- Foi preparar o café para você. Melhor ir logo para a cozinha. Eu cuido do pequeno.

Castle estava à beira do fogo preparando panquecas. Sobre o balcão havia um prato de frutas frescas, cereal, iogurte, queijo e pães. Assim que a viu, ligou a cafeteira para providenciar o café. Sabia que ela não podia abusar mas o aroma já tornava a manhã bem mais prazerosa.

- Caprichando, Castle?

- Claro! Tudo para a mamãe mais linda desse mundo – piscou para ela – sente-se à mesa que já levo suas panquecas.

- Podemos comer aqui no balcão mesmo.

- Nada disso. Faremos como manda o figurino – sorrindo dirigiu-se à mesa e juntos tomaram o desjejum como um casal normal. Estavam finalizando a refeição quando Martha chegou da rua cheia de sacolas com frutas e verduras.

- Bom dia, meus queridos! Trouxe ótimas frutas para a dieta alimentar de Katherine. Essa é a vantagem de se morar no Soho. Sempre encontramos produtos frescos e de qualidade pelas ruas durante nossa caminhada matinal. Não é maravilhoso?

- Ah, seria mãe se as suas sacolas não fossem da Dean & Deluca, o que revela a sua preferência por delicatesses e desmente totalmente o lance de comprar produtos na rua.

- A escolha certa deve ter estilo, Richard – o comentário fez Kate rir – e cadê o nosso mais novo homenzinho da casa?

- Está com a mais nova babysitter, Alexis.

- Excelente! Assim Katherine pode descansar – Castle olhou para a esposa com uma cara de quem diz “ viu como tenho razão?”, o que fez ela balançar a cabeça e sorrir concordando apesar de tudo.

XXXXXXXXXXXX

Alex completava hoje dez dias. Com Alexis de volta ao campus, os dois continuavam a se revesar no cuidado do filho. Castle chegou a sugerir para Kate a contratação de uma babá ou enfermeira para auxilia-los, o que foi recebido negativamente por ela com o argumento de que não se tratava de dinheiro porque Castle teria condições de ter até três babás se quisesse para o seu filho, porém a ideia de ter uma pessoa estranha, mesmo que experiente, cuidando de Alex era inaceitável na visão de Kate. Os pais devem assumir a responsabilidade para com o bebê não somente por segurança mas também como uma forma de criar vínculo com a criança e gerar o senso de família ao seu redor. Colocado dessa maneira, ele acatou dando razão à esposa.

Era por volta de seis da manhã quando o chorinho foi ouvido através da babá eletrônica. Ainda sonolenta, empurrou as costas de Castle para desperta-lo. Ele não havia percebido o choro. Voltou a sacudi-lo com uma das mãos, dessa vez chamando seu nome.

- Castle... o Alex... – repetiu o gesto de empurrar – sua vez... Castle...

- Já sei...vou vê-lo... eu vou... – resmungando, levantou-se vagarosamente da cama ouvindo por fim o filho reclamando. Durante a noite, repetiu esse gesto umas quatro vezes. Kate, apenas uma, quando o bebê quis mamar. O motivo do choro era a fralda suja, tão logo colocou uma limpa, pressentiu que ela se arrastava para ver o filho também. Deixando o bebê sobre o trocador por um instante para beija-la, adiou o fechamento da fralda – bom dia....

- Bom dia... tudo bem por aí?

- Sim, apenas uma troca de fralda para o superpai – ao virar-se para terminar de fechar, Alex agitava as perninhas e fez xixi. O jato atingiu a boca de Castle em cheio fazendo Kate se acabar de rir da cena – Alex! Não faça isso com o papai. Temos que ser parceiros e unidos – o bebê continuou a farra molhando o rosto e a camisa do pijama dele.

- Estava torcendo para ver isso uma vez – disse Kate ainda rindo – parece que o ás da fralda foi pego de surpresa. Termine logo de trocar essa fralda que preciso amamentar, Castle. Essa merecia ser filmada.

- Você ri, pois não vejo qual a graça. Não pense que está imune a isso.

- Claro que não, pode acontecer. Só que a primeira vez é sempre mais divertida e aconteceu com você.

- Hoje você tira sarro da minha cara. Esqueceu que não sabia sequer fazer isso? Trocar fraldas ou segurar um bebê eram sinônimos de pesadelo para Kate Beckett ou já esqueceu de Cosmo? Eu acabei fazendo o trabalho sujo.

- Não esqueci. Aquela experiência nos mostrou o quanto estávamos despreparados para cuidar de um bebê. Ficamos exaustos.

- Você estava despreparada. Eu apenas estava sem ritmo.

- Sei, sei. Já acabou? Hora de mamar – ela empurrou-o com o quadril de forma graciosa e pegou o menino nos braços preparando-se para alimentá-lo.

Na parte da tarde, Castle e Kate recebem uma visita inesperada de Gina. Após conhecer o novo herdeiro, ela aproveitou para colocar a conversa em dia, visto que tinha novidades para o casal. Confirmou se o anúncio do nascimento de Alex publicado no jornal estava de acordo com o que queriam, Castle respondeu que sim. Dentre as melhores notícias, tinha uma exclusivemente para Kate.

- Recebi uma ligação de Nadine. Era só elogios para o resultado da entrevista que fez com você e sua repercussão para a revista. Acredito que você ganhou uma fã de peso. Tive que burlar algumas ligações insistentes dela porque com sua sagacidade era capaz de arrancar de mim a notícia sobre o nascimento do bebê. Ontem, como as coisas estavam encaminhadas com o novo herdeiro resolvi atendê-la. Não sei se você sabe mas Nadine é uma repórter muito versátil, seu foco é a área de jormalismo investigativo. O fato dela fazer uma ponta na Vanity Fair parece não corroborar isso, no fundo ela me confidenciou que aceitou fazer a sua entrevista pelo interesse em você.

- Espere um pouco, você está falando de Nadine Furst? A entrevistadora de lingua afiada conhecida por arrancar segredos de grandes figurões e deixar celebridades e pessoas famosas atordoadas ao serem questionadas? Ela não faz trabalhos para revistas do porte da Vanity Fair.

- Ela mesmo, Rick. E sim, não é esse o foco de Nadine. 

- Nadine não costuma ter muitos aliados ou admirar pessoas, bem mais fácil verificar sua lista de inimigos porque nem todos gostam da forma como faz seu trabalho. Futilidades não a atraem. Eu sou um escritor de best-seller e até hoje não fui entrevistado por ela!

- Exatamente o meu ponto, Rick. Nadine não aceitou a entrevista com Kate por acaso, o fez com outra intenção – voltou a fitar Kate para continuar – ela me revelou que gostaria de fazer um outro trabalho com você. Fez uma proposta para lhe acompanhar em um dia normal de trabalho, relatando o seu cotidiano e o importante papel que desempenha como agente federal.

- Gina, eu já passei por algo parecido antes. Não por minha escolha, um certo alguém – indicou a cabeça na direção de Castle – uma vez combinou de ser seguido por uma repórter sem me consultar. Não bastava ter que aturá-lo ainda havia uma reporter sem noção fazendo perguntas inapropriadas a ele como se fosse o melhor detetive da NYPD além de ficar se derretendo toda. Um verdadeiro pesadelo! Sinceramente, não gostaria de repetir a experiência.

- Concordo com Kate, isso não é bom – Castle se antecipou a Gina, claramente inclinado a fazê-la declinar o convite movido puramente pelo ciúme, afinal a repórter sequer parecia ter se lembrado do escritor, seu interesse era em Kate – você esqueceu que o FBI não costuma tolerar esse tipo de invasão. Dificilmente aprovariam algo assim dentro do headquarters deles.

- Pensei nisso e expus a situação a ela. Mas nem preciso dizer que Nadine tem os seus contatos. Então me disse que a aprovação do FBI não seria um problema. Tinha fontes e conhecia alguns diretores assistentes – nesse instante, Kate gelou. Não podia deixar que uma repórter expusesse sua situação profissional antes mesmo de revela-la a Castle.

- Gina, esse é exatamente o motivo que não gosto de repórteres. Eles encontram um jeito de vasculhar sua vida. Quase como invasão de privacidade.

- Entendo perfeitamente, Kate. E acredite, Nadine também. Tanto que garantiu manter a proposta em sigilo até obter o seu consentimento. Não faria nada sem que você autorizasse. Isso diz muito da profissional que ela é. Informei que você, ao contrário do seu marido, não gosta de publicidade, disse que é uma pessoa reservada e não podia garantir a sua aceitação dessa proposta. Prometi a ela que a procuraria para conversar deixando claro que a resposta poderia demorar mais do que ela gostaria devido ao estado que você se encontrava com um recém nascido em casa. Agora, quer minha opinião sincera?

- Por favor! – respondeu Kate.

- Nadine não é o tipo de pessoa que se importa com qualquer um. A insistência dela em me contatar para chegar a você deve ser levada em consideração ao tomar sua decisão. Os elogios também comprovam a teoria de que você despertou nela algo bem mais interessante que uma simples entrevista devido ao trabalho do livro que concluiu. Jornalismo investigativo é uma área de destaque apenas para aqueles com certas habilidades. Nadine é a melhor e tem um tino muito aguçado para julgar pessoas. Se estivesse em seu lugar, escutaria o que ela tem a falar. Existe algum propósito maior nessa história. A forma como falou de você, demonstra uma empatia instantânea dela para você. Não sei se posso dizer ser algo mútuo, mas creio que sim. Afinal, você também tem um senso muito bom para ler pessoas, é uma das qualidades que a torna excelente na sua profissão. Como disse antes, Nadine é insistente naquilo que deseja mas não ao ponto de mendigar atenção. Pense nisso, Kate, antes de responder definitivamente a proposta.

- Tudo bem, Gina. Você fez bem em me contar e também em mencionar que a resposta poderia demorar. Assim que digerir melhor sobre isso, posso informa-la da minha decisão. Talvez precise conversar com ela pessoalmente.  

- Garanto que não teremos nenhum problema quanto a isso.

- Hey! E quanto a mim? De repente me senti sobrando completamente nessa história e devo acrescentar nessa sala. Eu ainda estou aqui. Gina, desde quando você se tornou defensora e aparentemente empresária de Kate? – as duas riram diante do desabafo frustrado causado por um típico ataque de ciúmes de Castle.

- Desde que sua mulher decidiu terminar seu livro e encher sua conta bancária com mais alguns milhares de dolares. Menos, Rick. Ninguém está lhe colocando para escanteio, pode se livrar desse ciuminho bobo. Já que mencionou sua preocupação quanto a minha função na sua vida de escritor, vamos falar do segundo assunto que me trouxe hoje aqui. A série Heat. Tive uma reunião ontem com o pessoal de marketing e vendas da Hyperion. Um dos assuntos na pauta foi a evolução e o resultado do último livro de Nikki Heat nas listas dos mais vendidos do país. O nosso gerente de criação me questionou sobre o status do seu contrato com a editora querendo saber quantos livros você ainda tinha como compromisso para o grupo. Comentei que por contrato, faltava apenas um. Foi assim que ele juntamente com o diretor de marketing me questionaram sobre seu interesse em renovar o contrato por mais três livros. Comentei que, à primeira vista, não via dificuldades em você aceitar a proposta, porém ele comentou que havia uma condição. Pelo menos dois desses livros deveriam ser escritos em conjunto com Kate. O resultado das vendas contribuíram para que isso fosse colocado na mesa. Até o diretor financeiro apoiou a ideia. Sobre a condição, comentei precisar consulta-lo porque a disponibilidade de Kate era diferente. Tinha seu trabalho e agora um bebê. Sua profissão não era a de escritora como o marido – abriu a pasta retirando um envelope pardo de lá e entregando a Castle – essa é uma decisão conjunta. O bom é que estão dispostos a negociar.

Ao abrir o envelope e retirar de lá a proposta de contrato prévio, Castle quase engasgou ao ver o quanto estavam dispostos a pagar pelos três livros, além do valor do adiantamento. Piscou várias vezes, alternando um olhar surpreso entre Kate e Gina, criando coragem para falar.

- É isso mesmo? Essa quantia? – Gina afirmou balançando a cabeça e sorrindo – mas, isso é quase o dobro do que me pagaram da última vez.

- Para você ver, Castle. Sua Nikki ou melhor dizendo, sua esposa é uma mina de ouro. Bem mais valiosa em muitos sentidos se comparada a Storm. Devo reconhecer que graças ao final de Storm Fall, você evoluiu muito em sua carreira. Achei que aquele seria o fim.

- É um acordo muito atrativo capaz de fazer escritores como eu tremer nas bases – passou o contrato para Kate que ao olhar a cifra quase não conseguiu suprimir o grito.

- Meu Deus, Castle.... isso é...

- Empolgante, não? Grande parte do fundo para a universidade de Alex pode estar garantido com esse dinheiro.

- Parte? Isso aqui paga a universidade, a pós-graduação e o mestrado, Cas.

- Não se você contar que tiraremos um pouco disso para nós mesmos. Uma oferta tentadora realmente, Gina. O que você acha, Kate? Precisaremos pensar um pouco quanto a isso. Se estão dispostos a negociar, quem sabe não conseguimos chegar a um consenso sobre a quantidade de livros e o tempo de contrato para escreve-los?

- Sim, vocês terão esse tempo para analisar a proposta mas o número de livros escritos em conjunto com Kate é inquestionável. Qualquer outra coisa, está aberta a negociação. Parece que depois de muitos desafios, a vida resolveu brinda-los com excelentes oportunidades, não?

- É verdade, estamos atravessando uma maré de sorte adorável e espero que continue por muito tempo – disse Castle.

- Vamos avaliar bem todas as propostas e retornaremos. Prometo – disse Kate.

- Ótimo. Bem, vou deixa-los cuidar do pequeno Alex. Qualquer dúvida, não exitem em ligar – cumprimentou Kate e Castle a levou até a porta. Virando-se para Kate, exclamou.

- O que você disse a Nadine para despertar tamanho interesse assim?

- Não sei, Castle... – se aproximou dele envolvendo seus braços no pescoço dele – talvez seja meu charme natural – jogou querendo implicar com ele – funcionou com você.

- Espera, isso soou como eu. O que você fez com a Kate Beckett, a policial mandona e rabugenta que conheci?

- Ah, ela ainda está aqui em algum lugar.... talvez a convivência com toda a sua “modéstia” esteja me afetando – beijou-lhe os lábios – relaxa, Castle. Quem gosta de publicidade é você. Não há espaço para ninguém mais nessa casa, você deixa isso bem claro. Vou ver meu filho.

Por volta das três da manhã, a babá eletrônica acusou o choro de Alex. Como a última mamada havia sido antes de Kate deitar, um pouco antes de meia-noite, Castle deduziu que era fralda suja. Mesmo cansado, ele não se importava em levantar-se no meio da madrugada para cuidar do filho. Precisava dar um tempo de descanso a Kate. Antes de sair da cama, percebeu que ela dormia profundamente ao seu lado. Ao chegar perto do bercinho, viu que Alex estava agitado.

- Oi, garotão... aposto que tem um presente nada agradável nessa fralda para mim, certo? Tudo bem, já estou acostumado a ficar com a parte suja do cuidado – ao abrir a fralda, torceu o nariz – nossa! Você caprichou nesse. Vamos lá, hora de limpar esse bumbum. Depois papai vai contar uma história para você. Sou muito bom nisso. Sua mãe é cética sobre muitos assuntos inclusive sobre a minha habilidade com pequenos seres, disse a ela que sou o encantador de bebês. Adivinha? Não me levou a sério nem por um segundo. E veja a ironia disso. Ela está dormindo e eu cuidando de você – enquanto falava limpou o filho e fechou a fralda nova, erguendo-o em seu colo continuou – pronto, Alex. Vou sentar contigo na poltrona da mamãe e conversar – acomodou-se da melhor maneira com o garoto e enquanto acariciava a cabecinha dele, Castle divagou falando o que vinha em sua mente.

- Sabe filho, tenho tantas coisas importantes para lhe ensinar. Falar da vida, de comida, de lugares para conhecer. A importância de estudar, o que sua irmã fará até melhor que eu. Quero apresentar o mundo dos quadrinhos, dos superherois, videogames. Vamos nos divertir muito juntos do mesmo jeito que fiz com sua irmã, a diferença é que dessa vez deixaremos sua mãe doida. Ela é daquele tipo que gosta das coisas certas, organizadas, bagunça ou loucuras somente em assuntos impróprios que ainda não posso discutir com você. Precisa ter mais idade. Não pense que estou dizendo isso dela para que pense em Kate como uma megera. Nada disso! Apesar de segurar uma arma e arrombar uma porta como ninguém que conheço. Sua mãe é uma mulher corajosa, inteligente e linda. Talvez de tantas informações e conhecimentos que eu preciso passar a você, o principal seja sobre o amor. Alex, eu já fiz muita besteira na vida, acertei outras tantas vezes, é verdade. Mas a minha maior decisão, a que definiu toda a minha vida aconteceu no momento em que eu soube estar apaixonado pela sua mãe. É incrivel como nós podemos mudar nossos conceitos apenas por conhecer as pessoas certas. Kate, sua mãe, é uma dessas pessoas que entram na sua vida, fazem uma bagunça a seu modo te virando de ponta cabeça e quando parecem querer ir embora, ao invés de alívio provoca em você uma dependência, do jeito bom, você percebe que não pode deixa-la escapar e se isso acontecer mesmo que temporariamente, arrasa cada minuto do seu dia. Em outras palavras, isso é amor. Depender, precisar tanto de outra pessoa quanto o ar que respira. Incondicionalmente. Não é o amor de mãe e filho porque esse laço dela e seu, bem não há nada igual em todo o mundo. É parecido, porque quando se ama de verdade, você se torna parte do outro – Castle beijou a cabeça do filho – nossa, como eu amo a sua mãe... – riu sozinho – você não deve estar entendendo nada. Prometi uma história a você e acabei me perdendo entre pensamentos somente falando de sua mãe. Posso contar um de nossos casos, que tal? – brincando com a mão e os dedinhos do filho, percebeu os olhos azuis o observando com atenção como se entendesse tudo o que o pai falava. De repente, agarrou o indicador de Castle como se quisesse prolongar o contato. O gesto fez o pai bobo suspirar – Alex, eu te amo. Nunca esqueça disso – sentiu os olhos tomados pelas lágrimas, concentrou-se e brincou – deixa eu te contar logo essa história antes eu seja vencido pelas lágrimas. Você sabia que sua mãe fala russo?

Ficou conversando sobre o caso por vários minutos com o bebê. Do quarto, Kate escutava toda a conversa através da babá eletrônica. Pelo tom da voz de Castle, sabia distinguir a emoção de cada momento da conversa. Estava tão feliz por conseguir alguém com quem começar sua própria família. Ouvi-lo falar dela também provocava-lhe os mais diversos sentimentos. Ao mencionar a dependência, Kate relembrou os momentos passados naquele hospital. Descobrira durante aqueles seis meses de espera, o quanto eles se completavam e dependiam um do outro. Agora deixara escapar um riso ao escutar a história da máfia russa. Castle sempre se ateve aos detalhes menos importantes da história do caso em si, preocupava-se em falar de suas reações e da maneira como se vestia ou cortava alguma sugestão dada por ele. Pensando bem, era exatamente o que ele buscava quando começou a segui-la. Aprender a lê-la para dar vida a Nikki.

Levantando-se da cama, com a babá eletrônica nas mãos, Kate se aproximou do quarto do filho. Reduzindo o volume da babá para não chamar atenção de Castle, encostou-se na porta do quarto. No fundo, Castle estava tão absorto na história e no cuidado com o filho que sequer percebeu a presença dela ali. Estava concluindo o caso falando exatamente do tipo de respostas e reações dela quando Kate se meteu.

- Você precisa começar a contar as histórias como elas aconteceram e não da forma que você gostaria, Castle.

Ele ergueu o olhar e a viu já bem próxima de onde estava. Kate se inclinou abraçando-o por trás colocando seus braços envolta do pescoço dele e beijou-lhe o rosto.

- Não foi assim que aconteceu. Alex terá que ouvir a minha versão.

- A quanto tempo está ouvindo? – Castle perguntou ao ver a babá eletrônica em sua mão.

- O suficiente para saber o quanto amo vocês dois – beijou-o novamente, dessa vez nos lábios – então, vai fazê-lo dormir antes de voltar para cama comigo ou prefere que eu use o leite para fazer isso?

- Sua porção mágica ganha disparado dos meus poderes encantados – ela riu sussurrando “bobão” ao ouvido dele – está vendo Alex, sua mãe já quer atrapalhar nosso papo entre homens.

- Você que sabe, posso voltar a dormir numa boa – claro que sabia a escolha dele. Viu Castle levantar da poltrona ainda com o filho nos braços. Bem ali, ficava fácil de perceber o quanto ele era um pai babão. Esperou Kate sentar-se para então entregar o menino. Abrindo a camisa do pijama que usava, ofereceu o peito que Alex aceitou de bom grado. Em menos de dez minutos, adormecera. Colocou de volta no berço permanecendo um pouco apenas admirando o bebê dormir. Castle apoiou a cabeça no ombro dela.

- Tem sonífero nesse leite? Ele dormiu quase que instantaneamente.

- Deve ser os meus poderes mágicos – procurou a mão dele logo após sentir os lábios em seu rosto – vamos dormir. Abraçados, voltaram para cama.

No dia seguinte, após alimentar Alex, Kate se juntara a ele na mesa para o café da manhã. A cópia do New York Ledger estava sobre a mesa marcando a página de uma reportagem de Nadine Furst, provavelmente ele deixara para que lesse. Leu o texto publicado e sorriu. Simples e objetivo, com pequenas alfinetadas. Belo jogo de palavras e crítica. Como ela gostava de ver. Castle aproveitou o momento para conversarem sobre as propostas trazidas por Gina no dia anterior.

- Então, o que você achou das propostas de ontem? Sobre os livros? Acha que conseguimos escrever dois livros juntos?

- Eu não sei. Quer dizer, como dividiríamos a história? Uma coisa é eu terminar algo que você começou, outra é misturar nossos pensamentos durante a escrita.

- Não seria tão difícil. Obviamente você já pensou em alguma continuação para o que escreveu. Se desenvolver a partir daí, podemos chegar a um consenso. Quanto ao segundo, pensaremos em algum caso para nos inspirar. Como Gina falou que o contrato é negociável, estava pensando em incluir mais um livro escrito por mim que já está atrelado ao contrato anterior, anulando-o e aumentar minha parcela de vendas para 30%. É um acordo razoável. O que acha? Se concordar posso ir até lá na segunda para discutir.

- Eu não sei, Castle. Fico preocupada com o tempo. Alex, o trabalho, quer dizer como daremos conta? Precisamos de muito tempo.

- Posso negociar tempo também – a porta do loft se abre e Alexis chega com o Times nas mãos.

- Já viram a nota do jornal? – entrega para Kate – Gina foi bem simples. Legal essa ideia de colocar o anúncio depois de quase uma semana. Cadê meu irmão? No quarto?

- Sim, dormindo provavelmente – Kate apontou para o dispositivo eletrônico – sente-se para comer, Alexis.

- Já tomei café mas tem panqueca? – o pai estendeu o prato a ela, servindo-se continuou a conversa – quais as novidades?

- Gina quer novos livros em parceria com seu pai. E você se lembra daquela repórter da Vanity Fair? Nadine? – Alexis assentiu – ela quer me entrevistar novamente, agora sobre meu trabalho ou assim Gina explicou.

- Wow! Que máximo! Nadine é ótima. Você vai aceitar, claro. Quando vão fazer a entrevista? Depois que voltar para o trabalho?

- Caramba! Você está mais animada que Kate – resmungou Castle.

- Quem não estaria? Oh! Entendi. Pai, você está com ciúmes de Kate, é isso? Não acredito! É uma ótima oportunidade para Kate. Se Nadine quer conversar com ela novamente, posso garantir que não será sobre bebês ou livros de mistérios. Deve ser algo bem melhor – olhou para Kate que se manteve calada diante dos argumentos da filha com Castle, estava se divertindo ao ver a cara que ele fazia ouvindo Alexis – e quanto a você, não se deixe levar pelo lado cuimento e imaturo do meu pai. Sei que você não gosta de exposição demais, porém talvez a aparição pública não seja o melhor que você pode tirar dessa parceria. Devia falar com ela e na minha opinião, aceitar.

- Acho que vale uma conversa, não agora porque preciso me dedicar ao Alex. Obrigada, Alexis – sem querer a menina levantara algo que Kate não havia considerado para o futuro. Pesquisaria sobre a repórter e pensaria um pouco mais a respeito.

- Que bom. Agora vou ver meu irmãozinho.

- Acho que você terá que se contentar com os livros por enquanto. Diga a Gina que ainda não tenho a resposta de Nadine.

Durante todo o domingo, Kate teve a oportunidade de ver Castle lidando com telefonemas de amigos e da imprensa que ligavam para saber um pouco mais sobre o herdeiro e congratular o papai orgulhoso. Claro que pediam fotos e Castle desconversava dizendo que ainda não era o momento. Incrível como lidava com tudo aquilo de forma magnífica. Alguns enviaram flores e cartões como acontecera da primeira vez. Como Alexis estava em casa, Kate pode descansar enquanto a irmã paparicava o bebê, até dormiu um pouco à tarde. Castle pediu comida do Le Cirque para jantarem juntos. Alexis decidiu dormir no loft pegando o trem na manhã seguinte de volta para a universidade.

Castle saiu cedo na segunda para encontrar Gina e o pessoal da Hyperion. Depois de amamentar Alex e deixa-lo bem fresquinho após um banho, Kate veio para sala com o filho e pegou seu ipad para pesquisar com relação a Nadine. Alexis lhe dera algumas boas idéias se realmente a jornalista fosse o que todos afirmavam sobre ela. Estava distraída quando Castle chegou carregando mais um buquê de flores.

- As pessoas se empolgam com esse lance de flores, recebi esse buquê do porteiro ao chegar. Está com o cartão em seu nome apenas, será da tia Teresa? Ou de uma amiga? – sentou-se ao seu lado com as flores nas mãos, beijando-lhe os lábios, em seguida brincando com o cartão em seus dedos.   

- Não tenho ideia. Leia o cartão. Castle puxou do envelope todo prosa mas assim que leu o cartão fechou a cara – o que foi? Quem mandou as flores, um ex-namorado? – ia continuar a implicância quando viu o semblante nada amigável do homem a sua frente. Puxando o cartão da mão dele, prendeu a respiração ao ler as palavras, mas principalmente pela assinatura. Rapidamente Castle percebeu a palidez no rosto de Kate.

“Kate, seja feliz com o lindo bebê. Lembre-se: a vida de sua famíla depende da promessa que fez. William Bracken”

- O que significa isso? – Castle perguntou – o que esse cara quer conosco? Com você?

- Filha da... – Kate passou a mão no cabelo visivelmente nervosa. Era a hora da verdade.

- Kate? – tocou a mão dela percebendo que estava gelada – você está bem? O que significa isso, Kate? – insistiu.


- Castle, precisamos conversar. 


Continua... 

3 comentários:

Unknown disse...

OMG!!! muuito fofa a Kate cuidando do bebê de um jeito que eu nem imaginava ahaha o Castle cuidando da Kate ownn e a Martha entãoo nossa sensacional ajudando a Kate e dando conselhos… agora to super ansiosa para ver a Kate contando tudo oq aconteceu enquanto ele estava em coma!

cleotavares disse...

Ahhh! Que fofo o Castle falando do amor dele pela Kate para o bebê. E esse final? ai, ai, ai.

Unknown disse...

QUE LINDO DE SE LER!!!!!
Esses momentos de mãe e filho muito lindo,ela desesperada sem saber o que Alex tinha tadinha e entrou a Martha sempre digo DIVANDO.
E o aperto no peito que senti quando ela lembrou da vó Joh,falando do Cas pro filho e depois ele falando dela,esses lindos.
Baaaaaah Nadine vai voltar ,mal posso esperar =)
e esse fim foi =0
Aguardo o proximo cap.