Nota da Autora: Demorei mas consegui terminar um capítulo para vocês, aos poucos vou pagando minhas dívidas. É um capítulo angst até certo ponto, nada de prolongar essa angústia! Afinal, na ficção nosso casal existe e pode tudo, certo? Enjoy!
Atenção.....NC17!
Cap.42
Stana não derramou nenhuma
lágrima a caminho de casa. Encontrava-se na fase da irritabilidade. A sensação
de impotência era a pior que poderia sentir. Ainda não se recuperara do choque
de ver aquela mulher se esfregando nele. Imagina se ela tivesse ouvido as
propostas indecentes da tal Krista.
Estacionou o carro na garagem e
entrou em sua sala. O apartamento estava bem cuidado. Sua irmã tinha um zelo
muito grande pelas coisas. Dirigiu-se até a geladeira, pois sabia que Gigi
teria uma garrafa de vinho esperando por ela. Tinha. Serviu-se de uma taça e
bebeu-a de uma vez. Ia encher a segunda, porém decidiu-se por um banho e
esperar a irmã para conversarem.
Ao sair do banheiro já em um
roupão que encontrara no armário, Stana deu de cara com Gigi sentada na cama.
Um único olhar bastou para perceber que a irmã não estava bem.
- Hey, sis... que bom que ainda
faz dessa sua casa. Você me pegou de surpresa, me deixou preocupada. Quer comer
alguma coisa? Posso fazer umas panquecas ou bolinhos... não, você está
precisando de vinho ou sorvete.
- Vamos de vinho primeiro, pelo
menos uma taça. Estou com muita dor. Cólica – pelo olhar de Gigi, ela confirmou
– é isso mesmo. Estou naqueles dias e isso somente torna tudo pior.
- Vou servir a bebida, me
encontre na cozinha assim que estiver pronta. Quinze minutos depois, ela
encontrou a irmã na sala com um prato de queijos e nachos além das taças e a
garrafa de vinho. Sentou-se ao lado dela para poderem conversar. A fim de criar
coragem, Stana mordiscou um nacho, tomou um pouco do vinho ainda decidindo por
onde começar. Gigi resolveu pela irmã.
- Deixe-me adivinhar. Nathan.
Ele aprontou com você? Brigaram?
- Sim, não. Quer dizer, eu
estou com raiva. Não quero falar com ele.
- Desse jeito você me deixa
mais confusa. Afinal, brigaram ou não?
- Não ainda, porque sai sem
falar com ele. Não podia. Gigi eu nem sei se há motivo para brigar, não posso
afirmar que ele fez alguma coisa, eu estou irritada por causa dos hormônios e
porque... eu tive uma crise de ciúmes!
- Ele te deu motivo para tal?
- Não por vontade.
Inconscientemente. Tudo começou com uma atriz convidada – enquanto Stana
contava o ocorrido na minicopa, o lance do café e a forma como Anne colocara
ordem na casa, Gigi observava o comportamento da irmã. Para ela ficou claro que
tudo se resumia a ciúmes, não apenas o sentir, mas o não expressar. Após terminar
de contar a primeira história, Gigi quis dar sua opinião.
- Olha! Tenho que tirar o
chapéu para Anne. Que garota ligada! Colocou a oferecida direitinho em seu
lugar. Que orgulho dessa minha sobrinha. Stana, tenho que ser sincera com você.
Pela historia que contou, eu não consigo entender porque está com raiva de
Nathan. Ok, o lance do café foi uma pisada de bola, porém não há motivo claro e
iminente que ele estaria dando bola para a mulher. Ela tentou, entregou até o
telefone. Isso não quer dizer nada. Não tem como eu concordar com você.
- Eu sei, mas ainda teve outra
situação. No dia seguinte, eu já tinha visto aquela mulher em uma foto com ele
no evento de games que ele compareceu. Era apenas uma foto e não queria parecer
paranoica, então guardei somente para mim a suspeita. Não fui com a cara dela e
tinha razão. Krista Allen, esse nome lhe lembra algo?
- Não sei....Krista...ah, fala
logo!
- Atriz pornô, Emanuelle...
resumindo típica piriguete. A mulher é terrível.
- Stana é uma foto! Não está
exagerando?
- Era uma foto, Gigi. Do nada a
mulher apareceu no estúdio. Toda se insinuando para ele. Nathan tem uma mania
de ser um ótimo anfitrião para quem chega ali. Trata todos bem, bajula, sorri
demais e acaba mandando a reação errada. Principalmente quando se trata de
mulheres interesseiras. Ele não percebe que faz isso, sabe aquele tipo de
mulher que se aproxima apenas para ter ascensão pessoal e profissional? Olha,
ela namora o Nathan Fillion, sortuda! Vamos convida-la para isso ou aquilo.
Sempre foi assim, um bando de interesseiras, alpinistas sociais.
- Tudo bem, resume a história.
O que ela fez?
- Ela o agarrou! Ela
imprensou-o na parede e beijou-o, fez pior a mão dela apertou a calça dele. Eu
não aguentei ver mais o resto, sai correndo. Dara deu um jeito, a piranha foi
embora, mas eu não consigo parar de sentir raiva. Eu me sinto tão... ele é meu
marido! Será que não tenho direito a uma crise de ciúmes?
- Espera, ele correspondeu? Ele
a beijou de volta ou deu qualquer sinal de interesse?
- Não, acho que não. Por que eu
nem posso expressar minha raiva? Eu devia dar uns socos nele!
- Stana, claro que não. Ele não
fez nada para que você nutrisse essa raiva toda. Ele foi atacado. Você mesma
disse que a piriguete não tinha vergonha na cara. Eu imagino como você está se
sentindo. A raiva, a frustração e os hormônios não estão deixando você pensar corretamente.
Há outra explicação para tudo isso, vou tentar... – Gigi foi interrompida pela
campainha – quem será a essa hora?
Ao abrir a porta, deu de cara
com Nathan. Pode perceber que tinha o semblante preocupado.
- Oi, Nathan.
- Ela está aqui?
- Sim, estava me contado o que
aconteceu. Não é uma boa ideia vocês se falarem agora, ela está muito irritada,
está tudo recente.
- Tudo o que, Gigi? Eu não fiz
nada! Preciso falar com ela. Quero entender porque ela está me ignorando, me
tratando como se fosse minha culpa.
- Nathan, é isso que estou
tentando fazê-la enxergar, se for falar com Stana agora pode colocar mais lenha
na fogueira, ela vai se irritar mais e pode dizer coisas que não deveria. Ela
está com ciúmes, é natural. Tem esse direito apesar de não poder demonstrar.
Esse é o problema. Deixe-me lidar com isso.
- Eu sinto muito, Gigi. Mas, eu
preciso arriscar. Eu me recuso a ver Stana com raiva por algo que não fiz – ele
entrou na sala contrariando o pedido de Gigi. Suspirou ao vê-lo ficar cara a
cara com a irmã. Não seria nada bom esse encontro.
- Stana... amor, converse
comigo.
- O que você está fazendo aqui,
Nathan? Eu disse que não quero conversar.
- Sei o que disse, mas não
concordo com a sua atitude. Não concordo em ser ignorado e desprezado sem ter
feito absolutamente nada. Não saio daqui enquanto você não me falar o motivo
dessa raiva toda.
- Motivo? É isso que você quer?
Motivo? Que tal um bando de piriguetes dando em cima de você? Uma mulher
descarada te passando o telefone, pedindo para ligar e eu sem poder botar ordem
na casa?
- Stana, eu joguei o papel
fora! Eu não ia ligar para ela. Como você pode pensar isso?
- E a sua amiguinha pornô? Meu
Deus, Nathan como você pode atrair tanta gente interesseira? Uma mulher
dissimulada, sem pudor algum. Ela te agarrou no seu trabalho, parecia um
desentupidor de pia na sua boca e ainda fez pior. O que você quer que eu pense
de uma mulher vulgar que é capaz de apertar suas partes intimas em pleno
público? Coloque-se no meu lugar. Imagine como eu fiquei ao me deparar com
aquela cena?
- Stana eu não tive culpa, ela
me agarrou!
- Culpa ou não, de alguma forma
você criou uma expectativa, uma brecha para que ela fizesse isso. Apesar de que
acredito que ela é cara de pau o bastante para ataca-lo sem qualquer abertura.
Eu tive que assistir a tudo, calada. Você é meu marido e simplesmente não posso
fazer nada quando esse tipo de mulher se aproxima de você. Eu me sinto
impotente, como um nada.
- Você está irritada e com
ciúmes à toa, nenhuma mulher me interessa.
- Não estou com ciúmes à toa! –
ela gritava – eu tenho o direito de ter ciúmes do meu marido especialmente se
ele tem um péssimo habito de atrair piriguetes e aventureiras. Alpinistas
sociais dispostas a trocar favores sexuais por aparição na mídia. Krista não
foi a primeira nem será a última. Minha vontade era pular no pescoço dela e
da-lhe um soco no meio das fuças. Mas não posso, isso é irritante. Não quero
sofrer desse jeito, engolir calada cada sapo.
- Você está sendo exagerada.
Entendo você sentir ciúmes, porém eu não tenho nada com essas mulheres. Minha
paixão é você, só tenho olhos para você. Por que não esquece isso? Estamos
juntos, casados. Temos tanto para aproveitar, não podemos nos deixar levar por
essas brigas sem fundamentos... por favor, esqueça isso amor.
- Você acha que não quero? Eu
me sinto sufocada por não poder agir nesses casos. Minha sobrinha me defendeu
de uma oportunista, uma menina de sete anos, Nathan.
- Stana, você está dizendo que
não quer continuar com o segredo?
- Não, eu não estou dizendo
isso. Somente não sei se posso suportar esse tipo de situação, não sei. Quantas
piriguetes você irá bajular a cada evento? Quantas vão se aproveitar do seu
jeito galanteador, do seu sorriso e da sua ingenuidade? – ele viu os olhos
brilharem com as lágrimas que se formavam.
- Espere, você realmente acha
que faço isso de propósito? Que bajulo essas mulheres? É isso que pensa de mim?
Porque agora você me ofendeu, se é assim, melhor eu ir embora e quando você
recuperar o juízo talvez pense em se desculpar. Não posso ser acusado de algo
que não fiz.
Ele rumou até a porta. Stana
acompanhou-o com os olhos. Estava tudo errado, a briga, a raiva, ele e ela. Infelizmente
não conseguia fazer nada agora. Precisava entender o que se passava com ela,
acalmar-se. Eu preciso de um tempo
longe, preciso pensar, era tudo o que tinha a declarar, porém as palavras não
saíram antes de Nathan fechar a porta atrás de si.
Stana sentou-se no sofá
derrotada. O coração disparado diante da situação. Brigara com Nathan sem
motivo? Ele tinha razão? Será que chegara ao seu limite? O segredo deles virara
um peso para ela? O que fazer agora? Viu quando a irmã se aproximou
agachando-se ao seu lado. Fitou-a com uma certa compreensão no olhar, mas Stana
também notou um ar de preocupação.
- Stana, acho que você deveria
se deitar, esfriar a cabeça.
- Você não aprova o que eu fiz.
Acha que exagerei, não?
- O que eu acho ou não, nesse
momento não interessa. Você tem que pensar e ponderar. Depois, quando você se
sentir melhor, podemos conversar. Vem, vamos para o quarto – Gigi colocou-a
deitada, apagou as luzes do quarto e sentou-se ao lado dela na cama. Sabia que
a irmã estava errada por acusar Nathan, porém compreendia a pressão de estar
numa relação tolida de ações. Viver em segredo é difícil para qualquer um, para
sua irmã deveria ser ainda pior apenas pelo fato de conviver com o marido 24
horas por dia. Gigi sentiu pena de Nathan, ele saiu derrotado. Não sabia até
que ponto deveria se manter calada. Defender a irmã é sua obrigação, porém
depois da cena que assistira entre os dois, qualquer comentário adicional
poderia ser mal interpretado.
Deitou-se fechando os olhos.
Cerca de uma hora se passou até que ela ouvisse o choro da irmã cessar. Stana
sentou-se na cama, começando a falar sozinha, mas certa de que Gigi estaria
acordada para opinar caso achasse válido.
- Eu não agi corretamente.
Forcei uma situação extrema. Eu sei que temos um acordo. Nosso segredo foi
proposto por mim. Quis o anonimato porque imaginei que nos daria maior
privacidade para usufruir da nossa relação, do nosso amor. Tem funcionado muito
bem. O problema é que nunca pensei que pudesse ser dominada pelo ciúme. Ao
manter a relação apenas no profissional, não tenho direito de opinar sobre o
que ele faz da sua vida. Pelo menos aos olhos dos outros. Isso é estranho.
Alguém flerta ou agarra meu marido e eu não posso externar que não gostei ou
que estou com ciúmes ou mesmo marcar meu território porque realmente para quem
nos vê, não há nenhum território, eu não mando absolutamente nada. É como se o
nosso casamento, nossa união, existisse apenas na minha fantasia. Como posso
lidar com isso?
Ela passou as mãos na cabeça,
depois cobriu o rosto. Estaria conseguindo expressar sua frustração ou não
estava falando nada coerente? Seu casamento com Nathan era real. Essa era uma
briga de casal real. Queria poder dizer que ele errara para tornar seu fardo
menos pesado, contudo não podia. Ele viera atrás dela, querendo uma explicação
que Stana não sabia dar. Gigi sentou-se na cama. Passou a mão pelas costas
dela, beijou-lhe o rosto e puxou-a num abraço para então falar.
- Primeiro de tudo, Nathan te
ama. O que vocês tem é real. Sobre o segredo, bem, a decisão envolve sacrifício
dos dois, vocês escolheram, está funcionando. No ambiente de trabalho onde
estão inseridos, isso é importante. Uma união como essa causa burburinho. Já se
deu conta que se tivessem ido a público com a noticia, talvez as brigas e
intrigas fossem maiores? Ciúmes faz parte. Na relação de vocês, ele tem um peso
diferente. Sabe o que deve fazer?
- O que? – perguntou Stana
olhando concentrada para a irmã.
- Deve conversar com Nathan
abertamente. Seja sincera e exponha seus sentimentos, como você se vê diante do
ciúme. Mostre o quanto se importa. Eu duvido que ele ficará chateado diante
disso. Aposto que se falar, ele vai perceber que tudo aconteceu por excesso de
amor. Vai se sentir realizado, feliz. Mas primeiro você terá que pedir
desculpas, Stana.
- Desculpas por sentir ciúmes?
- Não, desculpas por gritar com
ele, despejar sobre Nathan uma frustração e reconhecer que ele não teve culpa. Não
precisa ser de imediato, encare o problema e se convença de que o entendeu
antes de falar com ele. Leve o tempo que precisar – Gigi acariciou os cabelos
dela – vamos dormir. Você ainda terá trabalho amanhã.
Raleigh Studios
Stana chegou para trabalhar bem
cedo. Tinha compromissos com o cronograma do episódio já que saíra no meio da
tarde de ontem. A primeira pessoa que a viu foi Dara. Estava com o rosto
abatido, um pouco de olheiras. Abraçou a amiga carinhosamente arrastando-a para
a minicopa. Serviu café para elas sentando-se frente a frente.
- Dara, eu preciso ir gravar...
- Não se preocupe. Os rapazes
ainda estão ajeitando as câmeras e a iluminação. Você está adiantada hoje. Está
melhor? – Stana deu de ombros - Certo, é uma pergunta retórica. Bobagem minha.
Preciso contar uma parte da historia que você não viu. Talvez isso ajude a
tomar sua decisão ou melhorar seu humor.
- Quem disse que eu preciso
tomar uma decisão?
- Ora, você brigou com seu
marido por um motivo errado, não sabe como lidar com a situação e tem que
resolver essa confusão entre você. Uma das decisões é voltar para sua casa.
Outra é conversar de maneira civilizada com Nathan, deixando claro para ele
como está se sentindo. Estou errada?
- Não, nem você nem Gigi. Ela
falou sobre isso ontem depois que Nathan foi atrás de mim no meu apartamento.
- Então imagino que a conversa
não foi promissora. Óbvio, basta olhar para você. Sendo assim, o que tenho para
falar é válido. Apenas me escute. Vou contar exatamente como a cena de ontem terminou.
Dara relatou tudo o que
presenciara entre Krista e Nathan, palavra por palavra além da saída muito
desagradável da mulher do estúdio. Observava as reações de repulsa à mulher
quando repetiu as palavras pronunciadas pela tal piriguete, vulgares e ofensivas
para o ambiente. Também notou quando Stana mordeu os lábios no momento que
relatava qual fora a atitude de Nathan. Naquele gesto estava a prova de que ela
acreditava nele. Então, o que a impedia de fazer as pazes de vez com o marido?
Esquecer tudo isso...
- Stana, você deveria conversar
com ele. O que falta para se acertarem?
- Eu já entendi o que você está
dizendo. Reconheço que Nathan não teve culpa, mas o problema é com a situação.
Esse lance do ciúme, ainda não tinha sentido nada assim. Nunca fui uma pessoa
ciumenta, isso também não quer dizer que aturo abusos. Sou uma pessoa que adora
indiretas, sempre coloquei mulheres em seu lugar com palavras e olhares. Sou
sagaz quanto a isso. Poderia colocar qualquer uma no chinelo que se atrevesse a
dar em cima dos meus namorados. Já com Nathan, não posso fazer isso. Fico
tolida diante dele porque não sou sua esposa oficialmente para todos. O que vão
pensar de mim se resolvesse ficar dando lição de moral em mulheres que se jogam
para o Nathan? Seria entitulada a chata da vez e sem motivo aos olhos deles.
- É, não é tão fácil assim. Consigo
entender o seu dilema. Acredito que tudo é uma questão de diálogo. Tire um
tempo para sua reflexão, pense no que irá dizer. Quando estiver preparada,
chame-o para conversar. Iria sugerir um lugar neutro, mas na verdade o melhor
lugar é a casa de vocês. Nas próximas horas, concentre-se em trabalhar. E por
favor, sem agressão ou xingamento entre vocês. Já foi difícil o bastante
convencer que tinha passado mal ontem.
- Tudo bem, Dara. Não vou sair
na tapa ou rolando com o Nathan pelo estúdio. Sou profissional acima de tudo.
Melhor ir para a maquiagem.
Stana sumiu pelos corredores.
Para sua sorte, as cenas hoje eram do distrito. Não tinham cenas de casal. Era
investigação pura. Nathan chegou meia hora depois dela. Estava emburrado, mal
dormira. Era impressionante como ele se acostumara a tê-la ao seu lado.
Ressentia a briga com a esposa, não admitia seu comportamento diante da
injustiça que ela parecia inclinada em cometer. Ao passar pela frente da sala
dos escritores, ele procurou por Dara. Ela não estava lá. Ás vezes, Nathan se
surpreendia em quanto era bobo por aquela mulher. Ficara parado na frente do
trailer dela por dez minutos, apenas querendo ouvir sua voz. Em outros tempos,
consideraria a atitude um pouco patética, hoje culpava o bom e melancólico
amor.
Achou Dara no set do distrito.
Ao avista-lo, tratou de se aproximar do ator notando que ele tinha o mesmo
semblante de Stana, aborrecido e cansado.
- Hey, Nathan...
- Onde ela está?
- No camarim, provavelmente
terminando a maquiagem. Nathan, evite falar desse assunto com ela. Stana
precisa desse tempo para então conversar adequadamente com você. Não force nada
– ela percebeu que ele ia retrucar – antes que me diga, eu sei que você não fez
nada. Eu presenciei tudo. Apenas quero que tenha em mente que essa situação é
bastante complicada para Stana. Tente se colocar em seu lugar. Como você se
sentiria se encontrasse alguém flertando com sua mulher, insinuando-se e de
repente lhe agarrando bem na sua frente? Louco, não? Possivelmente, gostaria de
avançar no sujeito, não? – ele assentiu com um suspiro. Dara deixou a mão
pousar no ombro dele, sorriu.
- Exato! Só que você não iria
poder bater no cara. Você teria que se controlar porque existe um acordo entre
os dois. Um segredo. Estão casados, são marido e mulher, porém apenas aos olhos
um do outro. Para o resto de nós, vocês são colegas de trabalho, nada mais.
Entende porque é tão difícil para ela? Ter ciúmes e não poder se expressar,
colocar ordem na casa? Dizer que você é somente dela?
- Eu sei, mas ela não precisa
ter ciúmes. Eu sou dela, só quero essa mulher. Devia saber disso.
- Acredite em mim, ela o ama e
sabe que você sente o mesmo. Porém, tem o direito de sentir ciúmes. Isso faz
bem a qualquer relação e convenhamos, se o que aconteceu com você fosse com
Chad, eu enchia você de porrada e depois ela, piriguete não tem vez comigo –
isso fez Nathan sorrir pela primeira vez desde que começaram a conversar –
agora sim, vamos nos concentrar no trabalho. Tenho certeza que logo vocês
estarão numa boa – o diretor chamou por ele e novamente sorrindo, ele caminhou
até o rapaz.
Stana apareceu no set bem na
hora de gravar a cena, procurando evitar qualquer conversa com o marido. Uma
hora depois, terminaram as duas cenas. Uma nova deveria ser gravada entre os
três detetives. Ela pediu licença para ir ao banheiro antes de gravar. Quando
retornou, Seamus se aproximou dela.
- Stana, está tudo bem? Você me
parece cansada ou chateada com algo. Quer conversar?
- Estou bem, eu realmente não
dormi direito. É somente isso.
- Certeza? – ela deu um sorriso
para o amigo. Era incrível como eles prestavam atenção em tudo. Eram mesmo como
uma família.
- Sim, apenas cansaço. Vamos
logo gravar – ela sugeriu evitando prolongar a conversa.
A tarde passou bem rápido
diante de todo o trabalho que tinha para fazer. Fizeram uma pequena pausa à noite
por volta das sete horas. Ela contentou-se com um muffin e um café deixados por
Dara na sala dos escritores. Nathan seguira o conselho da amiga e se recolheu
em seu trailer. Estava odiando essa situação toda, não aguentava essa
indiferença de Stana. Mesmo compreendendo o dilema devidamente exposto, ele
queria acabar com tudo aquilo. Esquecer o que aconteceu. Estava com saudades de
abraça-la, beija-la. Dormir mais uma noite sozinho seria uma tortura.
Faltavam mais duas cenas da
investigação a serem filmadas para que fosse dispensado. Ela ainda precisaria
continuar no estúdio. Pelo menos foi o que ouvira o diretor conversando assim
que terminaram a outra cena. Uma das assistentes veio chama-lo. Hora de voltar.
Primeiramente, eles avaliavam
as posições na área para que fizessem um primeiro ensaio. Nathan não podia
evitar de olha-la com ternura. Inconscientemente, ela passava a língua nos
lábios, o gesto era tão ingênuo para os outros e tão sensual para ele que
chegava a doer o coração. Outra vez, mexia no cabelo como quem não quer nada
fazendo-o imaginar uma porção de coisas. Deus! Quanto tempo mais teria que
aguentar essa distância, essa indiferença?
O diretor comentou algo
perguntando a opinião de ambos. Foi a primeira vez que Stana encarou-o. Trocaram
uma ideia e acabaram por concordar com a maneira para filmar, ele percebeu a
forma como ela se perdeu um pouco mais, prolongando o contato. Aquele gesto,
fez o coração de Nathan pular uma batida. Não percebeu que segurava a
respiração. Os olhos estavam amendoados. Não sabia se era sua imaginação, porém
em sua mente parecia que ela queria esboçar um sorriso. Ensaiaram a cena por
duas vezes. Satisfeitos, deram o sinal para o diretor seguir em frente com a
gravação.
Quarenta minutos depois, a
última cena era finalizada. Nathan despediu-se de todos os integrantes no set.
Ao passar por ela, tomou coragem e a cumprimentou.
- Boa noite, Stana. Se quiser
conversar, sabe onde me encontrar. Bom trabalho para você.
- Boa noite, Nathan – respondeu
quase sussurrando ainda sem querer demonstrar qualquer sinal de que estava próxima
de terminar essa briga entre os dois. Percebeu o semblante cabisbaixo dele,
sentiu-se culpada. Ainda iria trabalhar, não podia pensar nisso.
Depois de duas horas, Stana
finalmente deixou o estúdio rumo ao seu apartamento. Os conselhos de Dara
ficaram em sua mente por grande parte do dia. Reconhecera que precisava se
desculpar, porém não se sentia completamente pronta para uma conversa cara a
cara. Não negaria que estar longe dele era extremamente difícil. Encontrou Gigi
na cozinha tomando uma tigela de cereal.
- Hey, sis... quer lanchar?
Deve estar com fome. Sinceramente não a esperava aqui hoje. Coloquei um resto
de comida chinesa na geladeira.
- Não se preocupe comigo –
Stana pegou uma caixinha de blueberries, sentou-se ao lado da irmã jogando um
pouco de granola e iogurte natural no recipiente. Gigi observava o jeito da
irmã. Queria que ela decidisse de vez sua situação com Nathan. Ficar longe dele
fazia mal aos dois. Percebeu que não estava usando a aliança. Seria esquecimento
ou um mau sinal? O dilema para Gigi era grande. Sob qualquer circunstância, ela
tinha a obrigação de ficar ao lado da irmã. O problema era que nesse caso,
encontrava-se entre a cruz e a espada, era a única pessoa que podia abrir os
olhos de Stana. Defender Nathan deveria ser sua prioridade, mas tinha medo da
reação da irmã.
- Stana, como foi seu dia?
- Trabalhoso. Cansativo –
respondeu sem olhar para Gigi.
- E Nathan? – ergueu os olhos
para encontrar os da irmã. Suspirou. Antes que qualquer outro comentário fosse
feito por Stana, Gigi continuou – sis, não me leve a mal ou fique chateada, mas
eu realmente pensei que vocês tinham se acertado. Esperava que caísse em si e
voltasse para sua casa, ao lado dele. Eu sou sua irmã e te amo, quero vê-la feliz.
E definitivamente você não está feliz. Desculpe ter que falar isso novamente,
contudo se isso é sua ideia de castigo para fazer Nathan provar do suposto
veneno, não irá funcionar. Não quando a ação afeta a ambos. Por que não vai até
ele, abre seu coração e pede desculpas de uma vez para se reconciliar e transar
loucamente?
- Gigi! Você só pensa nisso?
- Claro que não. Estou apenas
lhe dizendo o óbvio. Você está arrasada com a situação, machucada. Mas, sabe o
que é pior? Você está se roendo por dentro, deixando o orgulho a dominar quando
tudo o que queria era estar em seus braços. E sim, precisam de uma DR, precisa
colocar para fora e sexo, minha querida Stana, é parte obrigatória do pacote.
Descarte esse sentimento ridículo e besta, troque-o por carinho, amor e vários
orgasmos.
Stana não aguentou a colocação
da irmã rindo pela primeira vez desde que chegara em casa. Tinha razão. Deveria
dar o braço a torcer, porém uma interrogação perdurava em sua cabeça.
- E se ele não tiver disposto a
me perdoar? E se me acusar de insensível, neurótica ou outra coisa?
- Bem, isso pode acontecer. O
risco existe – Gigi calou-se propositadamente ao ver o semblante da irmã
demonstrar extrema preocupação – Stana como você pode ser tão insegura? Você é
linda, talentosa, inteligente e tem um pedaço de homem ao seu lado. Ele podia
arrasar com você se quisesse, mas não irá fazer isso. Ele é absolutamente louco
por você! Qual a parte de que Nathan te ama que ainda não entendeu? Por que
perder mais tempo remoendo essa briguinha idiota? Vai logo atrás dele, sis.
Termine com essa agonia.
- Eu não sei... eu preciso
pensar.
- Esqueça o pensamento, o
coração é o que importa.
Stana levantou-se calada.
Deixou as louças na pia e seguiu para o quarto. Após um banho rápido, ela
deitou-se na cama com o olhar fixo no celular. A vontade de ligar era imensa.
Na sua cabeceira, estava o script com as cenas do dia seguinte. Folheando-o,
percebeu que havia somente três cenas para amanhã. Duas no distrito e uma no
loft. Cena de casal. Seria o último dia de gravação daquele episódio que tanto
desconforto causara aos dois. Era bom virar a página, começar uma nova
história. Contudo, não poderia iniciar um episódio brigada com Nathan. Na
verdade, não poderia filmar essa cena estando de mal com ele.
Olhou mais uma vez para o
celular, deciciu por não ligar. Levantou-se vestindo uma calça jeans e uma
camiseta branca. A jaqueta de couro completava o visual. Pegou as chaves do
carro, a bolsa e calçou seu tênis de corrida. Gigi estava certa, chega de
sofrer criando um clima ruim entre os dois. Queria muito olhar para o rosto
dele, toca-lo, estar perto dele. Antes, porém, tinha que dizer exatamente como
se sentia.
Passava da meia-noite quando
Stana girou sua chave na porta. O silêncio e a escuridão na sala provava que
ele já deveria estar dormindo. Subiu as escadas vagarosamente mantendo o mesmo
clima. A luz do quarto estava apagada exceto por uma nesca percebida pela
fresta de baixo da porta. Provavelmente originária do abajur de cabeceira.
Podia estar lendo ou apenas adormecera esquecendo-se de desliga-la.
Vagarosamente, abriu a porta. A
silhueta dele despontava na cama por baixo do edredon. Stana parou no meio do
quarto para observa-lo. Apenas por estar no mesmo lugar que ele sentia a leveza
tomar conta de seu coração. Criando coragem, ela se aproximou dele, sentou-se
no colchão ao lado dele, esticando a mão para toca-lo no rosto com cuidado.
- Nathan – sussurrou repetindo
o gesto – Nathan... – viu quando ele abriu os olhos azuis sonolentos para
fita-la. Virou-se no colchão para ter a certeza de que não estava sonhando.
- Amor? É você? – esfregou os
olhos erguendo-se no colchão ficando sentado a seu lado – você voltou...
- Eu sei que é tarde, mas eu
preciso conversar – ele bateu palmas acendendo as luzes do quarto – desculpe
pela hora. Acordei você e temos gravações cedo pela manhã.
- Tudo bem. Eu disse que quando
quisesse, podia me procurar – ele abriu um sorriso. Ela estava ali, mesmo com
os olhos cansados ainda estava linda – estou pronto para ouvi-la – Stana
subitamente levantou-se da cama, começou a caminhar de um lado para o outro no
quarto. Durante o caminho até a casa, ela pensara e repensara em tudo que ia
dizer. Repetira e ensaiara tudo. Agora, sua mente era um branco total. Como um
quadro de evidências ainda por ser montado.
- Droga! Eu achei que sabia
tudo o que tinha para dizer. Eu não sei por onde começar.
- Pelo começo. Conte-me tudo o
que está lhe incomodando. Ponha tudo para fora – permanecendo de pé, ela respirou
fundo e deixou as palavras fluírem, oriundas diretamente do coração.
- Nathan, eu sinto muito. Os
dois últimos dias foram extremamente estressantes e frustrantes para mim. Devo
considerar que para você também. Mas, não poderia deixar de ser afetada pelo
que presenciei. Odiei o fato do ciúme ter subido à minha cabeça. Não irei me
desculpar por sentir ciúmes, por ser passional e humana. Consegue entender o
quanto me doeu ver aquela mulher vulgar se insinuar e agarra-lo sem que eu
possa fazer exatamente nada? Minha vontade era dar uns tabefes naquela
piriguete e mostrar que ninguém dá em cima do meu marido! Nunca me senti tão
impotente na vida. Nós somos casados. Mesmo assim, não podia exercer meu
direito de esposa – ela passou a mão pelos cabelos.
- Eu sei que concordamos com
isso, temos um segredo a zelar, ainda assim não podia aceitar tão facilmente o
fato de ver aquela demonstração ridícula de mau gosto. A mulher praticamente
queria te engolir, Nathan! Como pode atrair tanta mulher aproveitadora? Meu
estomago embrulhou, meu sangue ferveu. Eu precisava sair dali. É tão estranho
não poder expressar o que sinto diante de uma situação como essa... – dessa
vez, Stana se aproximou dele tornando a sentar-se na cama de frente para o
marido.
- Desculpe, sei que você não
teve culpa. Nunca duvidei de você. Eu te amo tanto... eu só... – segurou a mão
dele – eu somente queria que entendesse meu lado.
- Você está dizendo que não
quer manter nossa relação em segredo? Tem medo que isso se repita?
- Não. Precisamos do segredo
porque muito provavelmente expostos, esse tipo de problema triplicaria. O
segredo continua, não desisti disso. Eu apenas queria poder ter mais controle
diante de uma situação dessas. Não sei se teremos como evitar uma nova briga no
futuro, ou uma exposição seja de qualquer lado, quero que entenda que não fiz
nem farei por mal.
- Eu sei que sim, Stana. Não se
preocupe quanto a isso. Sentir ciúmes, achei bem bonitinho da sua parte e meio
estranho, devo acrescentar. Você é linda, é a mulher que amo, como pode pensar
que a trocaria por alguém? Ainda mais por uma mulher como Krista? Acho que
precisamos esquecer tudo isso – ele ergueu a mão esquerda apontando para a
aliança – vê essa aliança aqui? Ela é o símbolo do meu amor. Exibo-a com
orgulho, mesmo que para tantos seja somente um objeto cenográfico. Eu e você
sabemos que é real e isso basta – então Nathan percebeu que ela não usava a
sua. O olhar de ternura desapareceu de
seu rosto dando lugar ao semblante sério. Stana sabia que a reação era pela
ausência do mesmo objeto em sua mão.
- E-eu deixei a minha aliança
no trailer. Eu esqueci de coloca-la quando terminei de me trocar hoje. Por
favor, Nate, não fiz por mal. Minha cabeça estava confusa. Pode me perdoar?
- Você tirou a aliança... isso
é... eu nunca pensei... – ele respirava profundamente várias vezes, puxava o ar
querendo manter a calma. Murmurava mentalmente um pequeno mantra para que
acreditasse que o gesto não fora proposital “tudo bem, ela estava nervosa, não
fez por mal”. De repente, viu a mulher a sua frente se debulhar em lágrimas. A
imagem de Stana chorando partia-lhe o coração.
- Nate, por favor... e-eu te
amo...e-eu prometo que não tiro mais, me perdoa – Nathan enxugou as lágrimas
com seus polegares. Ainda mantinha a expressão séria ao fazer esse pequeno
gesto.
- Stana, eu não posso mentir
para você. Sua atitude me magoou. A demonstração de dúvida quanto a uma
possível traição foi algo que me ofendeu e irritou profundamente. Entendo que
não foi fácil assistir ao ataque de Krista. Porém, não esperava que você
considerasse ou escolhesse brigar ao invés de me ouvir. Perdoar? Sim, eu perdoo
porque eu te amo. Mas meu coração ainda dói ao me lembrar disso.
- Nathan, eu... – ele a impediu
de falar.
- Não, Stana, ainda não
terminei. Mesmo com a dor, o problema é que simplesmente não consigo ficar
longe de você. Eu preciso tê-la ao meu lado. É algo inexplicável. É mais forte
que eu. Consegue entender isso? Você é meu vício, Stana. Um vício que não quero
me livrar para o resto da nossa vida juntos – ele puxou o rosto dela com as
duas mãos sorvendo os lábios em um beijo intenso. Dor, mágoa, amor e desejo
misturados davam tom ao reencontro. A cada minuto de beijo, as sensações ruins
desapareciam deixando o sentimento puro do coração reinar soberano enquanto o
sentimento dominante do corpo explodiu em um gesto rápido e viril diante da
bela mulher.
Nathan a deitou sobre o
colchão, prendendo-a com as mãos enquanto suas pernas a prendiam embaixo de si.
Seus lábios devoravam cada centímetro de pele que encontrara. Stana sequer
reparou quando ele livrou-se da camiseta, da calça, da lingerie. Apenas as
sensações de prazer dominavam seu corpo. A pele quente rendia-se ao toque por
vezes bruto, por vezes excitante. Ele devorou-lhe os seios, mordiscando,
instigando e sugando-os a ponto de fazê-la gritar. Stana sentia a umidade
aumentar em seu centro. Arqueava o corpo clamando por mais. Quando os lábios de
Nathan provaram o local mais desejado, ela imediatamente sentiu o corpo
arrepiar-se e explodir de prazer.
Como um exímio comandante, ele
fazia uma viagem saboreando cada centímetro do corpo de Stana. Encheu seu corpo
de beijos, fazendo uma trilha até encontrar os lábios que tanto amava. Um novo
beijo apaixonado se seguiu. As línguas realizavam um balé sincronizado que
apenas aumentavam o prazer e necessidade de nunca parar de se tocarem. Se
amarem. Ele a penetrou vagarosamente prolongando o prazer de vê-la contorcer-se
e pedir por mais e mais. O ato de mordiscar o lábio inferior era um convite irrecusável
para beija-la novamente.
Como acontecera tantas outras
vezes, a sincronia de movimentos continuava perfeita. Ele amava voltar para
casa. Deslizava dentro dela provocando sensações indescritíveis. Puxou-a em sua
direção mantendo o contato de seus corpos mesmo sentados. Envolvendo seus
braços no pescoço de Nathan, ela se dedicou a provoca-lo com movimentos
eróticos que apenas aumentavam o prazer de tê-lo dentro de si. O orgasmo os
arrebatou com força, quase como se os tirasse de seus próprios corpos findando
em um último beijo avassalador.
Os corpos estavam jogados sobre
o colchão. Stana sobre Nathan. Ele beijou-lhe o ombro.
- Deus! Como eu sou dependente
de você, Staninha... dois dias sem estar aqui, foram dois dias mal dormidos.
Seu corpo me completa na cama. Seu cheiro, seu calor. Adoro o meu vício.
- Não podemos nos magoar desse
jeito. Ambos sofremos demais. Por que eu tenho que ser tão apaixonada por você
a ponto de fazer besteira? Somos dois loucos, isso sim!
- Sim, tenho que concordar. Dois
loucos de amor.
- Pelo menos amanhã não teremos
que gravar emburrados um com o outro. Temos uma cena de casal...
- Esse foi o motivo de você ter
vindo a essa hora me procurar? – perguntou Nathan intrigado – pelo trabalho?
- De certa maneira, sim. Mas,
não foi o principal motivo.
- Era saudade, então?
- Também... – ela sorriu ao ver
o arquear de sobrancelha de Nathan – principalmente o sexo.
- O que? – ela caiu na
gargalhada.
- Sexo de reconciliação é o
melhor que existe, não? Estava com saudades de tudo, sexo inclusive é parte
fundamental dessa equação.
- Eu devia ficar chateado com
essa declaração. Mas, confesso que você tem razão – eles trocaram um novo beijo
– vamos dormir, Staninha. Amanhã tudo volta ao normal – aconchegando-a de conchinha
ao seu corpo, dormiram quase que imediatamente.
Na manhã seguinte, Stana
acordou primeiro que ele. Quando Nathan a encontrou na cozinha, já totalmente
pronta para sair, foi surpreendido com um café fresquinho e panquecas,
exatamente como ele adorava. Meia hora de refeição, eles finalmente deixaram a
casa rumo ao estúdio. Ela entrou primeiro, cumprimentando a todos com um belo
sorriso. Ao passar pela sala dos escritores, deu um tchauzinho para Dara que
entendeu na mesma hora que ela fizera as pazes com Nathan. Finalmente!
A atmosfera do set era ótima. O
dia do trabalho fora um passeio. Depois de dois dias, ouvia-se a risada de
Stana pelos corredores. A última cena gravada foi a Caskett. Quando Stana
completou sua frase subindo no estomago de Nathan, sabia que o deixaria sem
ação novamente. Foi exatamente o que aconteceu. Stana se projetou sobre o
membro dele quando inclinou-se para beijar-lhe o pescoço, a surpresa foi tanta
que Nathan sequer teve a atitude de toca-la. Ao ouvir o corta, ela deu um
sorrisinho safado para Nathan. Quando fez menção de sair de cima dele, sentiu a
mão a segurando. Stana entendera o recado. Afastou um pouco o corpo a fim de
não estimular as partes íntimas dele. Cuidadosamente, sentou-se ao seu lado na
cama.
- E encerramos por hoje. Chad
acabou de me avisar que David e Rob estão esperando vocês na sala dos
escritores, querem falar sobre o próximo episódio.
- Obrigada. Você vem, Nathan?
- Vou já. Preciso passar no meu
trailer antes – ela entendia o motivo. Provavelmente, queria um tempo para se
recompor antes de encarar uma reunião. Tudo estava bem novamente. Muito bem. Não
conseguia tirar o sorriso do rosto. Dara quando a avistou entrando na sala, foi
logo implicando.
- Parece que o dia de trabalho
foi leve, não? Você está relaxada, sorrindo e são quase onze da noite...
- Foi um dia bom, sim. Isso não
quer dizer que esteja querendo mais. Preciso comer alguma coisa.
- Tome um café para repor as
energias. A reunião não deve demorar muito e tenho certeza que vai precisar
estar bem para mais tarde – Dara a fitou com um sorriso sarcástico no rosto – cadê
o Nathan?
- Ele foi ao trailer, disse que
logo estaria aqui – encaminhou-se para a máquina de café servindo-se da bebida
quando ele apareceu na porta também sorrindo.
- Estou louco por um café! –
ele exclamou já se colocando ao lado de Stana. David apareceu com um calhamaço de
papeis nas mãos. Deixou sobre a mesa.
- Sirvam-se de café e depois
sentem-se. Prometo que serei rápido, sei que estão cansados e amanhã tem mais. Na
verdade, talvez tenha uma boa noticia para os dois, diria até que bem melhor
para Stana – ambos entreolharam-se e voltaram sua atenção ao produtor. Devidamente
acomodados na mesa sorvendo o café quente, prepararam-se para ouvi-lo.
- Fiquei curiosa agora, David –
ela disse.
- Bem, finalizamos o episódio
de número dezessete hoje. Amanhã faremos qualquer ajuste fino necessário, porém
já teremos nossa reunião de produção e as primeiras cenas para filmar. O episódio
é centrado no Ryan, portanto a pessoa que mais irá trabalhar nele é Seamus. Já tive
uma conversa preliminar com ele. O que me leva ao nosso assunto. Provavelmente vocês
terão alguns dias de folga nesse período. De oito dias irão filmar quatro
talvez. Ainda preciso repassar o cronograma completo com Rob. Animem-se, amanhã
é sexta-feira e devo ter uma resposta para vocês na segunda.
- E não é somente isso. Meu
episódio solo também pode proporcionar um novo break para você, Stana. Ainda não
finalizei, mas vocês saberão quando possível – disse Dara.
- Alguma razão especial para vocês
estarem dando essas folgas para nós? – perguntou Stana desconfiada.
- Não se anime muito. Estamos
em inicio de fevereiro e as filmagens do meu episodio devem ocorrer no fim de
março. É apenas uma questão de assuntos e cronogramas, nenhuma teoria da conspiração
– disse Dara.
- Estão dispensados – disse David
– amanhã estejam aqui às sete, ok? – entregou o script a ambos.
- Tudo bem. Boa noite a vocês –
disse Nathan.
- Até amanhã – respondeu Stana.
Quando ia saindo da sala, Dara a puxou.
- Você não vai me contar o que
rolou? Eu te ajudei!
- Depois, Dara. Boa noite –
piscou para a escritora rindo.
No estacionamento, cada um
pegou seu carro e deixaram o estúdio. Chegando em casa, Nathan foi direto ao
refrigerador pegar uma cerveja. Estava com vontade de beber ao menos uma
garrafa. Sabendo que ela preferia uma taça de vinho, tratou de servi-la já entregando
a bebida a Stana assim que ela cruzara a sala de casa. Sentaram-se no sofá. Ela
não resistiu e foi logo comentando.
- Você não achou estranho o
fato de David nos comunicar que poderíamos ter dias de folga? Não lhe pareceu
um pouco combinado ou forçado como se quisessem nos agradar de alguma forma?
- Não sei, Staninha. Na verdade,
esse lance de folgas é meio difícil de acontecer, quer dizer “folga” deve ser
um dia, dois no máximo. Você ouviu David dizer que o cronograma ainda não estava
totalmente fechado. Não fique tão animada.
- Não estou animada e sim,
preocupada. Será que estão tentando nos agradar por causa dos nossos contratos?
Algo a ver com a negociação que deve ocorrer a partir do final de março, início
de abril?
- É difícil dizer, talvez seja
resultado do nosso bom trabalho. Estávamos atrasados, ainda acredito que
estamos. Pode ser que após reverem as datas e a quantidade de episódios,
perceberão que não estamos tão ruins assim – ele virou a garrafa bebendo o
último gole restante da cerveja – esquece isso, amor. Que tal aproveitarmos um
bom banho relaxante no chuveiro? Prometo esfregar suas costas direitinho – ele pegou a mão esquerda dela
na sua, beijou o dedo com a aliança, feliz por vê-la usando-a novamente.
.
- Você ficou bem animado com
aquela última cena, não? – brincou Stana já acariciando o peito dele deixando a
mão deslizar até as calças.
- O que você esperava depois
daquela insinuação? Você não presta, Staninha... arrasa comigo com essas provocações.
Foi sempre assim, e ainda se faz de desentendida. Que coisa feia... – ele ria já
inclinando-se para beijar-lhe os lábios. O toque de Stana em seu membro
apertando-o, fez Nathan gemer entre seus lábios.
- Vamos para o chuveiro, Nate. Quero
relaxar – assim que ele levantou-se do sofá, ela mordiscou a orelha dele,
provocando – quero ver estrelas durante o banho. Sua responsabilidade – apertou
o bumbum dele gargalhando quando Nathan beijou-lhe a garganta. Não importava
que horas dormiriam ou se estariam cansados amanhã, ela queria perder-se em
seus braços agora, sem qualquer reservas. Aproveitar o hoje era seu objetivo. Carpe
diem, pensou.
Continua....