Nota da Autora: Nesse novo capítulo, criei um caso da minha cabeça. Nada relacionado com a série. Resolvi dedicar mais uns quinze minutos de fama para um certo alguém não apreciado pela maioria com o propósito de criar um angst moderado entre os nossos babies, aguardem o próximo. Ainda estou pensando se voltarei a abordar um outro ponto no futuro. De qualquer forma, enjoy!
Cap.28
Na manhã
seguinte, Kate acordou bem cedo. O relógio ainda não marcava sete, mesmo assim
ela não tinha pressa de deixar o aconchego quentinho dos braços de Castle. Quer
dizer, ela estava sendo esmagada por seu braço possessivo sobre seu estomago, o
calor do corpo dele era o item convidativo para ficar na cama. Você pensa que
as pessoas são estranhas quando dizem que preferem passar um longo tempo
deitadas enroladas nos lençóis com alguém que gostam até experimentar. A
sensação de proteção e carinho é algo recompensador.
Com cuidado
para não acorda-lo totalmente, ela retirou o braço dele para que pudesse deitar
seu corpo sobre as costas dele. O vento frio da manhã que entrava pela janela
aberta obrigou-a a puxar o edredom para cobrir o próprio corpo. Sobre ele, Kate
começou a cheirar o pescoço, acariciar os ombros roçando os dentes sobre a pele
provocando de leve. Adorava passar um tempo admirando os músculos dos braços e
costas de Castle. Eram firmes, largos, uma fortaleza. Talvez fosse esse o
motivo de sentir-se segura em seu abraço. A ponta dos dedos acariciavam os
cabelos enquanto ela mexia o corpo vagarosamente. Uma das mãos deslizou pela
lateral até conseguir acesso ao bumbum. Apesar de estar usando o boxer depois
das rodadas de sexo da noite anterior, podia ver a circunferência dos glúteos
que tanto adorava empinado abaixo dela.
Sentiu o corpo
dele mover-se. Podia estar despertando finalmente se dando conta do peso extra.
Era a hora de entrar em ação com seu ataque de beijos. Se não aproveitasse
esses poucos minutos para retribuir seus carinhos, somente teria chance à noite,
pois precisava trabalhar.
Kate começou a
beija-lo devagarzinho formando uma linha de pequenos beijos da extensão dos
ombros até o pescoço seguindo pelo meio das costas obrigando-a a erguer o
próprio corpo. Não resistindo, baixou um pouco o boxer e mordiscou o bumbum.
Sentiu um dos braços segurar-lhe pela cintura empurrando-a levemente de volta
para o colchão. Virando-se para encara-la, tinha um sorriso despontando no
rosto.
- Bom dia,
amor... – ele passou a mão ajeitando uma mecha teimosa de cabelo que insistia
em cair em seus olhos. Estes estavam mais claros essa manhã, o verde sobressaía
sobre o tom amendoado. Acariciando-lhe o rosto, aproximou-se para beija-la. O
contato dos lábios foi preguiçoso, sutil como se testassem limites. Uma
brincadeira de apaixonados até renderem-se ao encontro mais certeiro e real.
Não resistindo, ela se deixou grudar no corpo dele. O peito nu confortava-a
pelo calor que emanava. Era muito gostoso estar em seus braços.
Apertando o
bíceps dele, ela afastou-se dos lábios sem perder o contato visual.
- Bom dia...
- Que horas
são?
- Passa um
pouco das sete. Tenho que ir trabalhar. Deveria estar no distrito às oito da
manhã, mas vou abrir uma exceção hoje para ficar deitada um pouco mais com
você. Meia hora de atraso não mata ninguém. Opa! Trocadilho ruim – completou
rindo. Castle a puxou aconchegando-a me seus braços em uma posição na qual era
possível manter o rosto dela entre seu pescoço sentindo a respiração quente de
Kate.
- Nossa! É
você mesmo, detetive? Meia hora atrasada é quase como cabular aula para você –
sentiu o beliscão na pele pelo seu comentário – ouch! Nada de violência.
Kate... você já se deu conta de quantas vidas salvamos ontem? Milhares! Que
poderíamos estar mortos e sobrevivemos duas vezes? Isso serve para mostrar que
ainda temos muito a realizar. Fico orgulhoso de ver o quanto é possível fazer
pelos cidadãos de Nova York. Orgulhoso de você e de ser parte disso, da NYPD.
- Eu sei.
Cheguei a pensar que era mesmo o fim. Quando você segurou a minha mão, eu
congelei. Não tinha palavras para descrever o que sentia, o único pensamento
que se mantinha vivo na minha mente era de que acabara. Tudo acabara. Vou
morrer e a última imagem que ficará comigo será a do homem de olhos azuis
penetrantes que me fazia feliz. Era uma sensação agridoce. Então você puxou os
fios e pudemos respirar novamente. Você foi o herói.
- Não, agi por
instinto. Esposito tem razão fomos muito sortudos e eu sei o quanto. O fato de
estarmos deitado nessa cama, você em meus braços, prova exatamente isso – ele
ergueu o queixo dela para um novo beijo – por mim não deixava esse lugar tão
cedo.
- Cas... você
sabe... – ele a calou beijando-a – Castle – outro beijo – preciso... – outro
beijo e uma mordida nos lábios – trabalhar... – e mais outro – café... –
puxando-a pela nuca, ele aprofundou o beijo prendendo-a contra o colchão e seu
corpo impossibilitando-a de levantar. Ficaram um minuto sem largar um do outro.
Ao quebrar o contato, Kate podia ver os tons escuros nos olhos provocados por
desejo – isso é uma tentação, mas preciso de café.
- Por que você
vai trabalhar hoje? – perguntou ainda segurando sua mão quando Kate tentava
levantar-se da cama.
- Porque
estamos vivos, a cidade precisa de segurança e tenho uma missão muito
importante com o meu capitão hoje. Alguém me fez um convite para ir a Roma... –
ela disse já de pé colocando o roupão – espero que ainda esteja valendo.
- Você sabe
que sim. Vai convencer Montgomery?
- Tentarei.
Milhares de vidas e conter um ato terrorista podem contar a meu favor, não?
Mexa-se, Castle. Vá preparar o café enquanto tomo banho.
- Estava bom
demais, um clima muito carinhoso. A mandona está de volta – ele disse
implicando ao levantar-se da cama. Ela aproximou-se segurando o rosto dele com
as duas mãos para um beijo rápido, mordendo-lhe o queixo falou.
- Não tenho
culpa se você é bom em fazer café...
- Essa não é a
única coisa que sou bom! – ele replicou.
- É verdade –
ela gritou do banheiro – ninguém ganha de você no quesito irritação!
- Não foi isso
que quis dizer, Kate... um dia vou gravar seus gemidos para provar que sei do
que estou falando – ele pode ouvir a gargalhada dela ecoando embaixo do
chuveiro. Sorrindo, pegou o celular cheio de mensagens e seguiu para a cozinha.
Quando ela apareceu já vestida com sua calça social e blusa roxa, Castle sentiu
o aroma característico dela espalhar-se pelo ambiente. Os cabelos longos e bem
escovados, a maquiagem simples destacando os olhos e os lábios. Estendeu a
caneca com o café bem quente. Simulando um brinde, ela virou o liquido
aromatizado com vanilla na boca. Suspirou. Deus, isso era bom! Tão bom quanto
os beijos dele, pensou. Como estou melosa, será que Dana tem razão? As
experiências estressantes e arriscadas me deixam ver com maior claridade o que
não costumo avaliar no dia a dia? Nah... isso é apenas resultado de uma boa
noite de sexo, carinho e uma dormida dividindo um edredom.
- Hey, no que
está pensando?
- Nada – um
sorriso bobo no rosto.
- Resposta
errada. Conheço você o suficiente para saber que está pensando em algo. Está
muito calada, mas posso ver seus neurônios agitados dentro dessa cabecinha. Vem,
fiz ovo para você. Sente-se.
- Só estava te
admirando. Você fica bem mais bonito depois de uma noite prazerosa. Pode me
agradecer, as olheiras sumiram e as pequenas rugas de preocupação também – ela
estava sentada a mesa provando os ovos. Castle sentou-se ao lado dela,
beijando-lhe o rosto.
- E depois o
convencido da relação sou eu. Olhe, eu terei que adiar minha ida ao distrito
essa manhã – mostrou o celular com o recado de Gina – preciso ir à editora.
Últimos acertos da viagem e aprovação da capa de Heat Rises. Você está ciente
que viajamos na próxima semana, certo? Quero sair daqui na quinta. O evento é
no sábado. Uma entrevista na sexta e outra sessão de autógrafos na segunda.
Isso se Gina não mudou toda a agenda. Pensei em voltarmos na quarta. Domingo e
terça serão exclusivos para você.
- Tudo bem,
promete que aparece mais tarde com o meu café?
- Assim que
sair da reunião, estarei lá – ela se levantou da mesa abraçando-o por trás
mordiscando o lóbulo da orelha dele, sussurrando.
- Obrigada
pelo café, Castle – quinze minutos depois, ela retornava à sala já de casaco e
bolsa em punho. Beijou-lhe novamente e deixou o loft – ligo se alguém morrer!
- Contando com
isso – ele respondeu.
A manhã no
12th distrito foi tranquila. Montgomery pediu para que ela revisasse alguns
depoimentos que seriam usados pela promotoria naquela semana. Ela prontamente
atendeu, qualquer atividade serviria como moeda de troca para conseguir seus
dias ao lado de Castle. Quando recebeu a ligação de um novo assassinato próximo
à estação Fulton já passava de meio-dia, ela sequer tinha almoçado ainda.
Resolveu avisar Castle, porém assim que pegou o celular, ele surgiu no elevador
carregando dois copos de café.
- Espero que
já tenha almoçado, detetive. Café?
- Obrigada,
esse aparentemente será meu almoço. Nem pense em ficar confortável. Temos um
caso.
A vítima era
uma jovem de 24 anos, aluna da NYU. Um tiro no peito era a causa da morte, a
qual não ocorreu sem lutar. O corpo da moça estava cheio de hematomas e
arranhões, inclusive no pescoço. Pela roupa que vestia, sugeria ser da alta
sociedade. Os pais deveriam ter dinheiro. Com sorte, haveria DNA suficiente no
corpo para chegarem ao assassino. Na bolsa não havia identidade nem carteira,
provavelmente o suspeito levara todo o dinheiro que tinha e as pistas para que
pudessem identificar a pessoa. Após uma busca num raio de 2 km, Ryan encontrou
um fichário numa lata de lixo. Eram anotações de aulas do curso de direito,
além de referencias à universidade. Devia estar cursando o segundo ano. Na capa
traseira, havia um nome e um endereço de um rapaz. Tom Bennet. Na outra capa, o
nome da vítima. Claire Thompson.
Uma busca
rápida pelo sistema, indicou o melhor e o pior de dois mundos. Ela era rica e
filha de um empresário britânico. Ele, um fotógrafo de uma agência de modelos.
- Quer apostar
quanto que a riquinha estava envolvida com drogas? Além de modelar, claro! –
disse Beckett.
- Eu aposto
que era sexo. Algo me diz que ela estava cansada da vidinha de filhinha de
papai ou ficou sem mesada e arranjou um jeito de ganhar dinheiro e se divertir
– disse Castle – se ganhar você me dá um par de algemas oficial da NYPD.
- E se eu
ganhar? Você fará o relatório do caso – ela estendeu a mão para fechar o
acordo. Castle apertou em concordância.
- Já estou me
imaginando com o mais novo item da minha coleção – disse Castle. Ryan e
Esposito se empolgaram com os dois e decidiram apostar.
- Cinquenta
dólares na Beckett – disse Espo.
- Eu fico com
Castle. Também me parece caso passional – disse Ryan.
- Não tão
rápido, rapazes. Não há sinal de estupro por aqui. Saberei mais quando leva-la
para o necrotério. Meu dinheiro está com Beckett. Melhor ir escolhendo suas
melhores palavras, escritor – disse Lanie sorrindo enquanto o corpo era
carregado – ligo quando tiver noticias.
- Obrigada, Lanie.
Castle, temos que avisar a família e fazer uma visita a uma certa agência de
modelos.
Sozinhos no
carro, ele questionou-a.
- Você
realmente não quer apostar um relatório. O que deseja afinal? Pode falar,
estamos só eu e você aqui.
- Não, foi
apenas uma desculpa para despistar os meninos. Se eu ganhar, quero um strip
tease.
- Hum...
adorei a ideia. Se eu ganhar, quero o mesmo com uma condição. Calda de
chocolate – ele a fitava com olhar sacana.
- Pervertido! Isso
não anula as obrigações anteriores, lembre-se que tenho uma reputação a zelar.
- Tudo bem, as
algemas virão bem a calhar após o seu strip – Beckett apenas revirou os olhos
diante da colocação.
Na disputa
pessoal entre Castle e Beckett, tudo indicava que ela levaria a melhor. Após
conversar com os pais de Claire, descobriram que não apenas a família era uma
daquelas britânicas super tradicionalistas como de uns dois meses para trás,
eles perceberam mudanças no comportamento da menina. Ou melhor, os empregados
perceberam já que a mãe estava muito ocupada organizando eventos beneficente e
chás com as mulheres da alta sociedade. Nenhum deles sabia da ligação da filha
com uma agência de modelos.
- Claire sabe
muito bem nossa opinião sobre essas mulheres que exibem o corpo em roupas de
moda. Ela estava estudando para ser advogada. Iria assumir o departamento
jurídico da nossa empresa – disse o pai.
- Ainda iremos
averiguar, mas encontramos o nome de um fotógrafo entre os pertences dela. O
que a senhora poderia me dizer sobre o comportamento estranho de sua filha? Era
agressivo? Aparecia de olhos vermelhos? Claire poderia estar usando drogas,
senhora Thompson?
- Não. Nossa
família não se mete em problemas com substâncias ilícitas. Temos tradição e uma
reputação a zelar. Como se atreve a dizer que minha filha usava drogas?
- Ela possuía
muitos hematomas na região dos braços. Geralmente características de viciados –
a mãe pareceu compreender que a detetive pudesse ter razão – o que Claire
andava fazendo? – insistiu Beckett – modelava?
- Mary. Você
terá que falar com Mary. É a sua ama e a pessoa que passa mais tempo com Claire
– disse o marido – James, pode pedir para que Mary venha aqui? – assim que a
moça de no máximo trinta anos apareceu, Beckett repetiu a pergunta. Vendo que
ela estava obviamente constrangida por falar na frente dos patrões, a detetive
sugeriu que fossem até a cozinha. Reservadamente, ela contou que Claire
conheceu um rapaz que a levou para a agência de modelos, tirou fotos e fez
alguns catálogos de moda. Ao perguntar se o nome dele era Tom, a moça
confirmou. Depois, ela frequentava festas e dizia ter descoberto umas pílulas
muito boas.
- Então, ela
se drogava?
- Sim, mas
apenas contou para mim. Os demais empregados percebiam também.
- Sabe se ela
usava heroína? Partilhava agulhas?
- Não posso
afirmar, mas já encontrei uma seringa na bolsa dela quando arrumava o quarto. Por
favor, não vou perder meu emprego por isso, vou?
- Não. Você
está ajudando a encontrarmos o assassino de Claire. Obrigada pelas informações.
Caso se lembre de algo mais, pode me ligar – Beckett estendeu um cartão a ela.
Saindo da casa dos ingleses, a próxima parada era na agência. Beckett pediu
para Esposito fazer uma visita ao apartamento de Tom e leva-lo ao distrito. No
caminho, resolveu implicar com Castle – parece que você estava errado. Pronto
para redigir o relatório, Castle? – ela riu ao ver a careta dele. O celular
tocou. Lanie. Ela colocou no vivavoz – o que você tem para nós, Lanie?
- O exame
toxicológico deu negativo para heroína e cocaína. Encontrei traços de êxtase no
conteúdo do estomago. Examinei os hematomas e não há sinal de uso de drogas
injetáveis em seus braços. Ela deve ter apanhado. As pernas estão marcadas pelo
que parece ser um cinto. Apesar de não ter sinais de abuso, ela fez sexo recentemente.
Havia restos de sêmen na barriga. Estão com o laboratório.
- Então, não
podemos descartar a possibilidade de crime sexual? – perguntou Castle
triunfante.
- Não. Assim
que souber a identidade do cara, aviso.
- Obrigada,
Lanie – desligou o telefone olhando séria para ele – nem pense em comemorar.
Eles foram até
a agência de modelos. Falaram com a proprietária que confirmou os trabalhos de
Claire para algumas grifes. Quando questionada sobre prostituição, a dona negou
veementemente qualquer envolvimento da sua empresa com isso. Beckett insistiu,
mas a mulher foi firme. Ao perguntar de Tom, ela teceu elogios e confirmou ter
usado seus serviços em vários trabalhos de Claire. Ele sabia como capturar as
melhores imagens da garota. Estavam de saída do local, quando uma das modelos
abordou Castle.
- Vi que vocês
estavam interessados em Claire e em um programa... se quiser, estou a sua
disposição bonitão... – ela disse alisando o casaco de Castle já se insinuando
para ele. Percebendo que Beckett estava pronta para acabar com a graça, fez
sinal para que ela esperasse.
- Você faz
programa? Claire também? Qual é o seu nome?
- Claro que
sim. Sou Grace, Grace Kelly como a princesa, mas na cama sou rainha – ela
passava a língua nos lábios provocando. Beckett estava incomodada com a cena,
Castle também não demonstrava interesse - As melhores sempre descolam alguns
caras ricos e interessantes. A grana é boa. Claire adorava isso. O submundo da
moda. Posso te apresentar maravilhas, pode pedir.
- Quem arranja
o programa? A dona da agência?
- Não... ela
pode desconfiar, mas quem é o manda-chuva é Tom. Ele conhece muita gente,
empresários, artistas – a garota continuava se insinuando para Castle, sempre
que podia dava um passo à frente aproximando-se dele ou deixando
propositalmente seu corpo esbarrar nele - Escolha o hotel e mostro um pouco do
que sou capaz... – ela puxou-o pelo casaco querendo beija-lo. Felizmente,
Beckett furiosa com a cena intercedeu empurrando-a para longe dele. Segurando
seu pulso, puxou o distintivo. Castle estava surpreso com a atitude da garota
que parecia ter somente alguns anos a mais que Alexis.
- NYPD. Conte
tudo que sabe ou vou arranjar uma forma de passar alguns dias na prisão. A
escolha é sua. Enquanto decide, vamos dar uma volta até o distrito. Empurrou-a
na parte de trás do carro e seguiu para o volante bufando. Castle sabiamente
manteve-se calado. Nesse momento, tinha a vantagem de ser a vítima da situação.
No meio do caminho, recebeu uma ligação de Esposito falando que Tom estava
fazendo um trabalho no Central Park. Iria pegá-lo por lá.
Chegando ao
distrito, foram direto para a sala de interrogatório onde Beckett deitou e
rolou do seu jeito com a menina. Estava com a veia do ciúme atiçada, o que só
ajudou a pressiona-la. Para azar dela, a menina era esperta e a provocação sua
especialidade.
- Qual o
problema de convidar seu parceiro para um programinha? Sou maior de idade e se
ele quiser não vejo crime nenhum nisso. Gostei demais dos olhos azuis e seu
traseiro não é nada mal. A menos... por acaso você é uma dessas policiais frígidas
que acham que podem usar o poder para tudo inclusive descontar suas frustrações
sexuais nos outros ou ele é seu parceiro de cama nas horas vagas? Ah, ciúmes.
Como não saquei antes?
- Cala a boca.
Mais uma palavra e eu adiciono desacato a uma policial no seu currículo.
- Hum...
parece que não anda correspondendo muito, gatinho – Castle pulou da cadeira ao
sentir os pés da mulher subindo pelas suas pernas – ela está bem estressada. Se
quiserem topo os dois... – Beckett irritada bateu com as duas mãos na mesa
prestes a avançar na mulher.
- Eu não estou
brincando. Conte o que sabe ou não respondo pelo número de implicações que
colocarei na sua ficha. Quero ver modelar novamente.
- Beckett,
acalme-se – ele segurou-a pelos ombros fazendo-a sentar na cadeira ao seu lado
– agora, obedeça a detetive e conte-nos como funciona o esquema de Tom e qual a
participação de Claire nisso.
- Por que está
tão interessado em Claire? Ela é uma inglesa sem graça que pensa que pode
ganhar os homens por causa do seu sotaque e dos cabelos ruivos. Eu sou melhor
que ela.
- Claire está
morta – disse Beckett.
- Morta? –
pela primeira vez, ela viu o espanto nos olhos de Grace.
- Exato, sendo
assim você não vai me negar confirmar onde estava entre onze da noite e cinco
da manhã de ontem.
- Você acha
que eu matei Claire? Está louca? O pai dela é um figurão!
- Confirme
onde estava - Beckett insistiu.
- Tive um
desfile seguido de festa na galeria Trust no SoHo. Deixei o local com Mandy por
volta das duas da manhã. Fomos para casa, um apartamento no Brooklin. Pode perguntar
para o porteiro, eu saí por volta das nove essa manhã para ir a agência.
- Estava
sozinha?
- Não. Mandy e
Zack estavam comigo. Ele divide o apartamento. É escultor.
- Vamos
verificar. Enquanto isso, fale de Tom – Grace contou como a operação
funcionava. Ele oferecia um modo fácil de ganhar uma boa grana, cada programa
rendia cerca de dois mil dólares no mínimo. Fazia clientela, acostumava-se.
Revelou que Claire gostava muito dos programas. Foi uma das primeiras a entrar
no esquema. A ideia de ser garota de programa fascinava provavelmente pelo
perigo e pelo sexo. Ultimamente tinha um parceiro fixo, um cara muito influente
da informática era tudo o que sabia. Devia faturar uns cinco mil por programa,
além de roupas e presentes.
- Apesar de
ter um parceiro fixo, notei que ela passava muito tempo na maquiagem quando se
preparava para um evento. Uma semana atrás, eu a flagrei saindo do chuveiro.
Tinha um hematoma na coxa. Parecia uma lapada de cinto. Perguntei se ela estava
apanhando do parceiro. Ela disse que se batera na escada de casa. Não
acreditei. Claire curtia um lance sadomaso, mas talvez tenha ido longe demais.
- Tudo bem,
Grace. Iremos verificar seu álibi.
- Eu não matei
ninguém, Claire era um pé no saco, não nego. Quem a matou fez por raiva. Aposto
que foi o milionário.
Beckett saiu
da sala direto para a mesa de Ryan. Pediu para checar o álibi de Grace. Depois,
foi para a minicopa. Ainda estava um pouco irritada. Precisava de uma dose de
café. Castle a seguiu. Deixou que ela servisse o café, deu uns minutos para que
estivesse calma e bem. Kate, porém, já notara a presença dele ali.
- Fale,
Castle. Vá em frente, diga que eu exagerei. Sei que está morrendo por dentro.
- Não estou
aqui para mostrar quem tem razão. Sim, você exagerou. Pode me explicar porque o
súbito ataque de ciúmes com uma garota? É só isso que está te incomodando? Porque
se está pensando que eu me sujeitaria a sair com uma garota que tem quase a
idade da minha filha, você não me conhece mesmo, Kate – ela o olhou. O
semblante fechado demonstrava o quanto estava indignado com a situação – olha,
fico lisonjeado pela crise de ciúmes, porém estamos no trabalho e você precisa
manter a calma. Tem uma reputação a zelar, esqueceu?
- Não... – ela
sentou-se na cadeira, a caneca já estava vazia então Castle tratou de enche-la
preparando o café expresso do jeito que ela gosta – tive ciúmes sim, mas isso
não é uma discussão para agora. Estou um pouco chocada. Vê-la se insinuando
para você, mostrando o quão acostumada com a prostituição ela está. Aceita
isso. Por que garotas se sujeitam a isso? Pelo dinheiro? Status social? Eu já
vi casos, não é minha primeira vez. Contudo, o jeito dela me chocou. Assim como
nossa vítima, parece confortável fazendo isso.
- Entendo –
disse ele entregando a caneca com o café – também me choca. Ela disse algo que
faz sentido. Se realmente as atividades sexuais de Claire envolviam requintes
de sadomasoquismo, há uma grande chance de ter evoluído para sexo selvagem ou o
tal parceiro curte violência domestica. Precisamos do nome desse cara.
- Temos que
aguardar o laboratório – nesse instante, Ryan entra na minicopa. O álibi de
Grace confere. Beckett checou o relógio. Mais de sete da noite. Até o momento
Esposito não trouxera o fotógrafo – Ryan, libere-a, mas avise que podemos
precisar de seu depoimento contra Tom, diga para ela não fazer nada estúpido ou
a ficha ficará recheada. Ela sabe do que estou falando. Vou ligar para Espo –
acionando algumas teclas do celular, esperou que atendesse a ligação.
- Yo, Beckett!
- Onde você
está?
- Você devia
ter me avisado que essas coisas de modelo demoram uma eternidade. Ele ainda
está fotografando. Como não temos nada concreto contra ele, não posso
simplesmente parar tudo e obriga-lo a ir comigo para a delegacia. Tenho a
impressão de que isso irá entrar pela madrugada.
- Espo, tudo
bem. Vá para casa. Amanhã você o apanha no apartamento ou na agência. Meu
instinto diz que ele não vai a lugar nenhum. A morte de Claire ainda não é
conhecida pela imprensa. Começamos cedo pela manhã.
- Certo.
- Pensei que
ia querer solucionar logo esse assassinato – disse Castle assim que ela largou
o telefone – as pistas parecem muito claras.
- Tom não vai
revelar mais do que os tipos de drogas que vendia a Claire. Duvido que vá nos
entregar o nome do parceiro.
- Já
desistindo? A detetive que eu conheço pressionaria o suspeito, ameaçaria e
bateria na mesa para arrancar a informação que precisa e sua confissão. O que
deu em você?
- Nada. Tom
pode alegar qualquer coisa em relação a drogas. Se queremos fazê-lo falar, é
melhor termos os resultados do laboratório e um nome. Precisamos de algo
concreto, o que não estará disponível até amanhã – ela olhou sorrateiramente
para o escritório de Montgomery. As luzes estavam apagadas indicando que já
fora embora – parece que perdi a chance de falar com o capitão sobre a minha
folga. Vamos para casa. Ao que me lembre, você está me devendo uma massagem e
um banho de espuma.
No loft,
Castle a viu despir-se e entrar na banheira assim que ficaram a sós no quarto.
Beckett ainda estava bolada. Seria com a aposta? Ou esse caso da modelo
despertou o ciúme interior e aparentemente irracional dela já que ele não dera qualquer
indicio de ter gostado da provocação da garota? Despiu-se para se juntar a ela
na banheira. Sentando-se de frente para Kate, começou a prepara-la para a
conversa massageando seus pés.
- Hum... isso
é bom, Castle.
- Vai me
contar porque estava tão irritada hoje à tarde? Ciúmes ou algo mais?
- Admito que
perdi um pouco o controle ao ver aquela menina se oferecendo para você. Meu
Deus! Ela podia ser sua filha. Agia como uma prostituta. Eu...aquilo me
revoltou. Lembrei que você gostava de sair com mulheres assim, novinhas e
belas. Já circulou com muita modelo por aí, eu sei. Grace podia muito bem ser
um delas. Isso me deixou possessa.
- Em minha
defesa, eu não incentivei em nada a provocação dela. Como você mesma atestou,
ela podia ser minha filha.
- Eu sei...
você não teve culpa, eu me excedi. Fiquei insegura. Você é a isca perfeita para
modelos como ela, solteiro, bonito, charmoso e milionário. Um alvo fácil para
qualquer alpinista de plantão – ele podia perceber a insegurança pelo jeito
envergonhado como ela falava, evitava olha-lo nos olhos e mordiscava os lábios
– não devia tê-la ameaçado... – ele se aproximou dela envolvendo-a em seus
braços, beijando-lhe o ombro.
- Ah, Kate...
primeiramente, obrigado pelos elogios. Tudo o que você disse era verdade – ele
virou o rosto dela para o seu a fim de fita-la - antes de conhecer você. Não
precisa ficar insegura. Eu adoro você! – beijou-a no pescoço – adorei vê-la
irritada, foi muito sexy. Não me importo que você faça algumas cenas de ciúmes,
fica linda brava. Ela é somente mais uma garota deslumbrada com a moda e
insegura o suficiente para se enveredar por caminhos escusos e turbulentos.
Espero que ela não acabe como Claire.
- Elas
geralmente são presas ou morrem de overdose. Já vi muitos casos parecidos,
inclusive uma colega de escola – ah, agora as coisas começavam a fazer sentido
– Maggie. Ela parecia uma boneca de porcelana. Cabelos negros, olhos verdes.
Ela se inscreveu numa agência através de um anúncio que viu na lanchonete em
frente a nossa escola. No começo tudo era bacana, trabalhos, capas de revistas,
desfiles. De repente, ela começou a ficar agressiva, as notas baixaram, faltava
escola e andava com umas pessoas estranhas. Foi encontrada no ginásio de
esportes próximo a igreja. Morreu de overdose. Cocaína.
- Por isso
você disse que eram drogas. Você se lembrou dela – Kate anuiu – Claire é
diferente. Mesmo assim, você irá solucionar esse caso por Maggie. Fará justiça
como sempre. Sendo a melhor detetive de homicídios – beijou-a carinhosamente.
- Obrigada,
Cas. Estava precisando desabafar.
- Quanto aos
ciúmes, não me importaria que um dia fizesse aquela cena do interrogatório
comigo. Devo lembra-la também detetive que em Roma haverá muitas modelos
querendo conhecer o escritor de Nikki Heat. Talvez uma delas queira sair
comigo, portanto sugiro que decida logo se irá me acompanhar. As italianas
podem ser bem persuasivas.
Ela segurou a
orelha dele e girou arrancando gritos de Castle.
- Nem ouse
pensar nisso. Se eu sonhar que alguma mulher se insinuou ou o agarrou, você é
um homem morto.
- Mensagem
recebida. Alto e claro, detetive – respondeu devorando os lábios e o pescoço
enquanto sua mão descia ao encontro do centro dela, fazendo Kate arfar ao
sentir o toque das carícias invadindo a umidade entre as pernas.
Na manhã
seguinte, Beckett já encontrara sobre sua mesa os resultados do laboratório. A
amostra do sêmen recolhido por Lanie pertencia a Jonathan Parks, um milionário
dono de uma empresa de software para aviação. Ryan informou que tentara contata-lo
através da secretária, porém o empresário está num congresso em Chicago e só retornará
amanhã. Tom, ao contrário dele, já aguardava por Beckett na sala de
interrogatório. Após seu primeiro café, ela arrastou Castle consigo para uma
conversinha nada amigável com o fotógrafo.
Beckett passou
quase uma hora fazendo uma dança de vai e vem com o suspeito. Entregava um
pouco, ameaça outro tanto. Era um jogo de paciência principalmente porque o ego
de Tom era gigante. Por fim, ameaçou-o de prostituição e obstrução de
investigação de assassinato para então ter sua colaboração. Ele confirmou que
Jonathan era o parceiro fixo de Claire e revelou que tinha fixação por garotas
novas e por bater em mulheres. A surpresa maior ainda estava por vir, o
milionário era amigo e parceiro de negócios do pai de Claire, frequentava a
casa em festas e jantares íntimos. Seria um choque para a família se Beckett
confirmasse Jonathan como assassino.
Mais tarde,
Lanie ligou para Beckett com uma nova evidência.
- Beckett, eu
reparei em algo importante para a sua investigação. Deixei passar a marca
porque estava escondida na nuca e o pescoço tinha claramente as marcas de dedos
além de linha reta numa tentativa de estrangulamento. A verdade é que a vítima
teve seu pescoço amarrado com um cinto. Na nuca, encontrei a marca quadrada do
que sugere ser uma fivela com as iniciais JP. Isso lhe diz alguma coisa?
- Muita. Pode
ser a peça que faltava para fechar a investigação. Pode enviar a foto para o
meu email?
- Já está a
caminho.
- Obrigada,
Lanie.
Na
quinta-feira, Beckett e Castle amanheceram na empresa de Parks. Após uma
conversa nada amistosa, Beckett o quebrou pedindo para ver a fivela do cinto
que usava. Pensando ter sido esperto, ele mostrou uma fivela redonda com as
iniciais.
- CSU estava
até meia hora atrás fazendo uma varredura na sua casa através de um mandado.
Curiosamente, encontramos um cinto com uma fivela quadrada escondido na gaveta
de primeiros socorros. Testamos, sabe o que achamos? Sangue e DNA de Claire –
ela se aproximou dele com as algemas em mãos, atracou-as em seu pulso –
Jonathan Parks você está preso pelo assassinato de Claire Bennett. Tem o
direito de permanecer em silêncio, qualquer coisa que diga pode e será usado
contra você no tribunal.
De volta ao
distrito, ela colheu o depoimento e a confissão de Parks. Esposito se
encarregou do resto. Conforme suspeitara, os pais de Claire ficaram chocados
com a notícia tanto de que a filha se prostituía quanto sobre o assassino ser
alguém intimo da família.
- É, alguém
vai ter que fazer o relatório do caso sozinha. Quanto ao meu par de algemas,
aceito um igual ao seu Beckett.
- E pode
passar meus cinquenta, Espo. Ganhei. Sabia que Castle tinha razão nesse – ele
recebeu a nota do parceiro – que tal um café para comemorar a vitória, Castle?
- Aceito,
Ryan. Vamos antes que o recalque dos perdedores nos atinja.
- Baixe a
bola, Castle ou nem receberá essas algemas – disse Beckett. Ele entendeu
perfeitamente o significado da palavra algema naquela frase, tanto que
rapidamente ergueu as mãos em sinal de rendição.
Castle saiu
cedo do distrito avisando que esperava por ela no loft para o verdadeiro
pagamento da aposta. Beckett ficou terminando o relatório, esperando por uma
oportunidade de falar com seu capitão. Duas horas depois, ela enviara seu
parecer para Montgomery e arquivava a pasta com as evidências. Checou o
relógio, seis da tarde. Um pensamento ocorreu a Beckett. Se fosse pagar a
aposta essa noite, definitivamente deveria acontecer em seu apartamento, pois
se sentiria mais à vontade, afinal estavam falando de um striptease. Convencida
de que era a melhor opção, acionou Castle pelo celular.
- Hey, Kate.
Já está a caminho?
- Mudança de
planos.
- Ah, não! Por
favor, não diga que temos um caso. Hoje não quero que ninguém morra. A noite
deveria ser nossa... – ela pode ouvir a frustração na voz dele.
- Não é um
assassinato. Estive pensando e decidi que é melhor pagar a aposta na minha
casa. Ficaremos mais à vontade para aproveitar. Eu me sentiria melhor. Pode me
encontrar no meu apartamento daqui a uma hora? Se chegar antes de mim, tem uma
chave extra escondida debaixo do vaso de plantas.
- Um lugar bem
clichê para deixar uma chave não, detetive? Você ainda vai demorar tanto assim?
- Não muito.
Espero falar com o capitão antes de ir embora.
- Torcendo
para que consiga. Te vejo depois. Um beijo.
Desligando o
telefone, Beckett percebeu que seu superior estava sozinho. Arrumou sua mesa,
pegou o casaco e a bolsa. Bateu levemente na porta anunciando sua presença.
Montgomery fez sinal para que ela entrasse.
- Senhor,
desculpe atrapalha-lo, mas eu estava de saída e resolvi aproveitar para
perguntar sobre a nossa conversa da semana passada. Por acaso pensou no meu
pedido? Nos cinco dias de folga? – um pouco insegura se devia pressiona-lo,
Beckett insistiu – é na semana que vem, pensei que depois desse caso da bomba
eu poderia...
- Não esqueci
o que me pediu, Beckett. Com esses acontecimentos dos dias anteriores, estive
muito ocupado em reuniões com os federais e a justiça fechando as pontas do
caso e do relatório. Não tive a oportunidade de falar com o comandante.
- Eu achei que
era apenas uma decisão sua.
- Sim, é.
Contudo, devido a situação do meu distrito, se for ceder esses dias a você
prefiro alertar meu comandante por causa do que você representa aqui dentro,
Beckett. Claro que usarei a sua performance no último caso para justificar a
sua folga que foi mais que merecida.
- E quando o
senhor acredita que terá a resposta? Desculpe a insistência é que preciso de
uma confirmação, o tempo é uma variável complicada, eu teria que sair já na
quinta. Tenho menos de uma semana para me organizar e deixar as atividades em
andamento nas mãos dos rapazes. Inclusive sugiro colocar Esposito como detetive
principal dos casos na minha ausência. Ele e Ryan trabalham bem juntos, mas
Kevin é o rei da mídia então precisa de dedicação para procurar pistas.
Beckett nem
estava acreditando no seu nível de cara de pau naquele instante. Enquanto
pensava na sua diversão, fingia que estava preocupada com o trabalho. Tudo bem,
não era fingimento. Ela pretendia fazer o melhor para que sua ausência não
fosse notada e que ela não fosse incomodada pelos amigos, imagina atender ao
telefone na madrugada devido ao fuso horário? Não, precisava evitar.
- Vou anotar
sua sugestão. Peço até segunda para lhe dar a resposta, Beckett. Não vejo
motivo para que o comandante tenha qualquer objeção ao meu pedido. Falando em
compromisso, você será chamada para depor e trabalhar com a promotoria nesse
caso da bomba, provavelmente Castle também. É bom alerta-lo antecipadamente,
não podem chegar na frente do juiz e dizer que não sabia o que estava fazendo.
- Claro,
senhor. Amanhã mesmo terei uma conversa com ele a respeito disso – uma nova
preocupação a afligiu – tem ideia de quando acontecerá o julgamento?
- Devido ao
envolvimento do FBI, acredito que teremos pelo menos um mês de preparação.
- Certo, eu
aguardo sua resposta na segunda-feira. Boa noite, capitão.
- Boa noite,
Beckett. Ah! E bom trabalho no caso da modelo. Pena que não pudemos evitar a
dor dos pais. É sempre mais difícil quando envolve jovens. Tanta vida pela
frente...
- É verdade.
Triste realmente.
Beckett
caminhava em direção ao elevador mais confiante do que quando entrara na sala
de seu superior. A menos que acontecesse uma tragédia de grandes proporções,
ela não vira motivo para não confirmar sua viagem a Roma para Castle. Ele iria
ficar radiante. Antes de sair do prédio da NYPD, ela enviou uma mensagem
avisando que estava de saída. Se conhecia bem o escritor, ele era capaz de
chegar primeiro que ela no apartamento tamanha a ansiedade. Entrou em seu Crown
Victoria e torceu para que o trânsito em Manhattan estivesse tranquilo. Para
ser sincera, ela também não via a hora de começar a brincadeira. Ligou o radio
e seguiu batucando sobre o volante. Desligou-se do mundo ao seu redor já
sonhando com os passeios que faria em Roma. Se não fosse esse detalhe,
certamente Beckett teria percebido o carro que a seguia.
Quinze minutos
depois, ela encostava seu carro no estacionamento que ficava no mesmo
quarteirão de seu apartamento a menos de quinhentos metros de onde morava.
Caminhava despreocupada na calçada sentindo o cheiro de uma carrocinha
característica que vendia kebab. Aquele vendedor sempre estava por ali nos dias
de semana. Ela mesma já comprara dele. Com um pequeno aceno, ele a
cumprimentou. Beckett retribuiu.
Estava bem
próxima ao seu prédio quando foi agarrada por trás. Até o presente momento, ela
não tinha percebido que estava sendo seguida, o vulto era forte e alto. Somente
quando a pessoa empurrou-a contra a parede foi que pode identifica-la com certo
espanto. Ele a prendia firme com as mãos e o peso de seu corpo.
- O que você
pensa que está fazendo? Sou uma policial! Solte meus braços agora.
- Kate... por
que? Sinto tanto sua falta... eu te peço, nada de escândalo. Só quero conversar
e trocar uns beijinhos.
- Estou
avisando, Josh. Me largue.
- Você me
deixou louco, sabia? Desde a primeira vez que a vi. Nunca me aconteceu nada
parecido. Depois daquele beijo, tudo se amplificou. Não consigo trabalhar
direito. Quando a vi no hospital, eu pensei é a minha chance! Mas aquele idiota
apareceu e me atacou.
- Porque você
me atacou! Ele não é idiota, estava me defendendo de você. Isso está virando
sua cabeça, Josh. É como uma obsessão. Não faz bem a mim nem a você. Me solte
logo, será melhor para ambos – Josh balançou a cabeça negativamente. Kate
percebeu que as pupilas dele estavam dilatadas – você está sob o efeito de
drogas? Tomou algum remédio? Está me perseguindo?
- Eu só quero
você, Kate. Precisa ficar comigo. Esquece aquele idiota, venha comigo para a
África. Faremos grandes coisas juntos – ele apertava um pouco mais o braço dela
– eu estou apaixonado por você, sonho com você.
- Josh, se não
me largar agora eu não responderei pelos meus atos. Está me machucando – ao
invés de soltá-la, o médico a imprensou contra a parede beijando-a a força.
Kate se debatia contra ele arranhando-se na parede. Mordeu os lábios dele, o
sangue molhou a boca e o queixo dela, porém não o fez parar acabara servindo
como um incentivo. Concentrando-se e reunindo todas as suas forças, Kate
acertou o meio das pernas dele com o joelho. A dor o fez afrouxar a força nos
braços possibilitando livrar-se do peso dele.
Ela não
esperou que se recuperasse da dor. Simplesmente acertou um chute na região do
abdômen. A raiva começou a correr em suas veias estimulando-a a continuar
chutando o corpo do médico a sua frente. Esperto, Josh segurou a perna dela
quase deixando-a cair no chão ao perder o equilíbrio. Kate sentiu o joelho
torcer, instintivamente tentou alcançar sua arma querendo acertar a testa dele
com o cabo, não pretendia atirar. Porém, ele fora mais rápido desviando do
golpe. Apertava o pulso dela querendo fazê-la largar a arma. A dor no joelho
acabou dando a chance dele a agarrar novamente.
De repente,
ela se viu caindo no chão. Josh tinha as costas contra a parede. Castle o
segurava esmurrando-lhe o rosto. Kate precisava prender o médico e acabar com a
briga. Pegou seu par de algemas e se aproximou dos dois no exato instante que
Josh revidara o soco de Castle acertando o escritor no queixo. Ela viu o sangue
escorrer pelo canto da boca enquanto ele caía no chão batendo a cabeça com
força.
- Oh, não!
Castle! – sem perder tempo, ela acertou um soco em Josh e o prendeu com a
algema em um cano de aço que descia pela lateral do prédio vizinho ao seu.
Ouvia a sirene de uma patrulha crescer em sua direção até parar na frente do
seu prédio. Alguém chamara a emergência. Os policiais falavam com Beckett, mas
ela só tinha olhos para o homem deitado na calçada. Ajoelhando-se ao lado dele,
ela falava com desespero na voz.
- Castle, pode
me ouvir? Você está bem? – ele tinha os olhos abertos, a cara demonstrava dor.
Instintivamente, ele levou a mão à cabeça – Castle, responde. Pode me ouvir,
está me vendo?
- Kate... você
está bem? Ele a feriu? – ele tentou se levantar, mas foi impedido por Beckett
que preferiu mantê-lo sentado na calçada.
- Shhh...
calma. Não quero correr o risco de você não estar bem. Devagar – ela virou-se
para o policial – leve-o daqui. Pode ficha-lo por agressão a uma policial e a um
civil. Fale com Jackson no 36th distrito. Vou providenciar as fotos dos
machucados. Chame uma ambulância precisamos ir ao hospital.
- Kate, eu
estou bem.
- Não adianta
teimar. Quero uma tomografia. Você bateu com a cabeça, pode ter sofrido algo
internamente. Não vou arriscar.
- Apenas não
me leve para o hospital onde esse almofadinha babaca trabalha.
- Prometo – em
menos de cinco minutos, a ambulância chegou. Kate tinha o corpo dolorido e com
vários arranhões, mesmo assim toda sua atenção era para Castle. Sentia-se um
pouco tonto, o que fez sua preocupação aumentar. Pancadas na cabeça podiam
gerar tumores e aneurismas. Ela subiu com ele na ambulância, aflita para ouvir
de um profissional que ficaria tudo bem.
Após ser
atendido na emergência pelo neurologista de plantão, Castle foi levado à
tomografia. Beckett foi obrigada a ficar esperando, pois não tinha parentesco
com o paciente, mesmo apresentando seu distintivo. Ela não conseguia permanecer
sentada. Andava de um lado a outro mesmo sentindo pontadas no joelho direito. Seu
celular tocou, no visor identificou que a chamada vinha do 36th provavelmente Jackson
com notícias. Precisava atender.
- Beckett, é o
Jackson. Acabei de ser informado do que aconteceu pelo policial Steven. Como você
está?
- Estou bem. No
hospital.
- Certo,
melhor aproveitar para colher as evidências. Você sabe que tenho que fazer
algumas perguntas, na verdade colher seu depoimento oficial para registrar a ocorrência
de agressão. Conhece o sujeito?
- Sim, ele é
médico. Olha, Jackson agradeço a sua preocupação e ajuda, mas eu não estou com cabeça
para isso no momento. Eu...
- É o civil? Beckett
tem um caso sólido de agressão com testemunha. Não há motivo para não punirmos
o agressor corretamente, mas você conhece o procedimento. Temos que realizar
depoimentos, anexar fotos dos machucados de ambos, testemunho e opinião médica.
Se quiser posso ir até o hospital, não me importo.
- Hoje
realmente não será um bom dia.
- Eu entendo. Você
sabe ao menos por que ele a atacou?
- Está
obcecado e Jackson...acredito que ele esteja sob influência de – ele a cortou.
- Foi a
primeira coisa que reparei assim que o vi. Já mandei fazer um exame toxicológico.
Se for melhor, podemos concluir o processo amanhã cedo. Você vem ao meu
distrito acompanhada do civil. Adiantarei o relato da testemunha.
- Jackson, eu não
sei se Castle estará apto para fazer isso, eu ainda não sei o estado de saúde dele.
- Tudo bem,
estava falando do outro rapaz, o que chamou a polícia. Disse que a conhece,
vende kebab próximo ao seu prédio. Ele presenciou tudo, Beckett. Não se
preocupe. No que depender de mim, esse cara não irá importuna-la.
- Jackson,
obrigada, mas eu... – Kate estava insegura quanto a levar o processo adiante, também
não tinha condições de pensar com clareza a respeito enquanto não tivesse
notícias concretas de Castle. Ele estar bem era sua prioridade. Viu o médico
aparecer na recepção do hospital – eu preciso desligar, falo com você depois.
- Detetive
Beckett? – ela apressou-se para ficar frente a frente com o médico.
- Ele está
bem? Não me esconda nada.
- Ele vai
ficar bem. Foi apenas um tombo. Uma concussão, um galo. Precisa ficar em
observação por algumas horas, mas a tomografia está limpa, nenhum sinal de
tumor ou coágulo – viu que a mulher respirou aliviada – quer vê-lo?
- Por favor! –
ele fez sinal para que ela o acompanhasse até o apartamento onde Castle se
encontrava. Ao abrir a porta, ela o viu sentado na cama olhando o celular. Ao
vê-la, o sorriso despontou no rosto. Beckett correu ao seu encontro. Sua
primeira reação foi de entrelaçar uma das suas mãos na dele. Com a outra
acariciou o rosto deixando a ponta dos dedos tocarem levemente o machucado no
canto da boca e no queixo.
- Como você
está?
- Melhor agora, a cabeça ainda lateja um pouco, resultado da pancada – ele respondeu – Kate, você está machucada. Seus braços.
- Eu sei... não
é nada. Só uns arranhões e os hematomas roxos sumirão logo.
- É tudo. Você
passara por um exame minucioso. Eu disse para emitir uma ordem de restrição, Kate
e não iremos deixar o hospital sem o exame de corpo delito. Não é uma sugestão,
eu exijo como seu namorado e parceiro. Não vou arriscar perder você.
Continua...
3 comentários:
Eu vou acabar com esse filho de uma mãe. Acabou com a festinha.hahahaha
Josh n vale um tostão furado!!! Agarrando a mulher a força.. te toca homem, ela n te quer e depois dessa é q n vai querer mesmo!!
... Rick sempre aparecendo nos melhores momentos e livrando sua mulher do perigo!!
Amando essa fic e sempre ansiosa pelo próximo cap..
Mais gente que Josh repugnante 😒 Forçar uma coisa que não vai dar é chato pra caramba. Não tá claro que ela não te quer ô criatura 😒 inda bem que o Castle chegou logo! 😩
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