Nota da Autora: dia difícil, não Casketters? Sei que os corações estão doendo, por isso fico triste em saber que posso estar contribuindo um pouco mais para isso. Quando pensei nesse arco que estou prestes a introduzir na fic ha duas semanas atras não tinha ideia do que estaria acontecendo na serie. Apesar do cap parecer light, nos minutos finais ha um twist. Lembram que falei de angst psicológico?Bem, ele esta começando. E nem sequer cheguei ao fim da S3 - a montanha russa vai ser intensa! A S4 vem chegando daki a uns 3 capitulos, preparem o cuore. Claro que essa Beckett ainda nao e a msm da S7, então que tal embarcar na jornada? E plagiando Kate: Do you trust me?
Cap.36
Ainda faltavam
dois meses para o lançamento de Heat Rises, o terceiro da serie Heat, mas
Castle andava bastante ocupado com aprovações de material, reuniões na editora,
acerto de agenda e continuava a dividir essas atividades com o trabalho na
NYPD. Kate, por outro lado, encontrava-se em meio a sua rotina principal.
Investigar e prender assassinos. Algumas vezes quando solicitada, ela opinava
sobre o material publicitário a pedido de Castle e por conta dessa ajudinha,
vivia cobrando sua copia do livro que ele educadamente explicava ainda não
estar disponível para sua leitura.
A curiosidade
era um dos pontos fortes e dominantes de Kate assim como a teimosia. Ela não
acreditava que uma editora demorasse tanto
para criar um primeiro rascunho de
um livro, mesmo que Castle explicasse que a demora era devido a revisão e
motivos de segurança para evitar que a obra vazasse na internet.
Desde que
estivera com Dana pela última vez, ela vinha tentando exercitar o lance do
caderninho de sentimentos. Kate surpreendeu-se com o tanto que estava disposta
a escrever sobre seu relacionamento com Castle. Uma das coisas que mais chamara
sua atenção fora a sua reação ao copo de café que ele sempre levava pela manhã
ao distrito. Ela se sentia extremamente feliz e grata pelo gesto. Era quase
como se aquele momento fosse o ponto alto de seu dia, algumas vezes era a única
coisa boa neles.
Também se
pegou escrevendo sobre outros sentimentos, como o que o toque dos dedos leves e
ágeis de Castle a excitavam. Na verdade, ela escrevera boas paginas que tinha
certeza seriam impróprias para o estudo de Dana apesar de saber que a amiga
adoraria os detalhes picantes. Escrevera sobre o prazer de desfrutar uma
refeição em seu apartamento feita pelo namorado e um simples fim de noite
regado a vinho e amassos.
Ao reler parte
do que já escrevera nessas três semanas, Kate percebera que além de valorizar
bastante os momentos em que fazia amor com Castle, ela deixara claro que havia
uma certa dependência da companhia dele. Isso a confundiu. Dependência poderia
ser um problema, não um sinal de que o amava. Sendo assim, era possível que a
relação não fosse saudável? Ou era ela quem estava começando a se amedrontar
diante do que isso realmente significava?
Deixara de
fora a historia de Los Angeles, o quase homicídio doloso que cometera. Era o
momento mais importante. A voz que a salvara. Estava sendo medrosa ao não
escrever sobre isso? Querendo negar o quanto Castle fora essencial naquele
momento? Será que se ela colocasse no papel o acontecimento pensaria algo
diferente? Enxergaria outra explicação? Não, ela já falara sobre isso com Dana
antes dela inventar essa tal tarefa. Já deixara claro o significado daquele
momento. Não estava traindo o exercício ou a si mesmo ao excluir esse fato de
seu caderninho. Ou era disso que Kate tentava tão desesperadamente se
convencer.
XXXXXX
Castle estava
no banco do carona voltando de uma cena de crime ao lado dela quando o celular
tocou. Kate viu o nome de Gina e também ele ignorar a ligação.
- Castle se
você estiver atolado de trabalho para a editora, por que não deixa esse caso de
lado? Acredite, eu posso me virar sozinha. Não quero ganhar o ódio eterno da
Gina.
- Não vou
largar o nosso caso de assassinato por umas duas horas de lenga-lenga de
marketing. Você é mais importante.
- Você quer
dizer a vitima?
- Isso! A
vitima, fazer justiça. Aposto que Gina pode resolver sozinha a suposta urgência
que pensa ter nas mãos. Não precisa de mim.
- Se você
diz... – Beckett parou o carro na sua vaga cativa do 12th distrito. Ao saltarem
do elevador, ela se dirigiu diretamente a minicopa. Desejava uma caneca de
café, Castle seguiu em seu encalço. Vendo-a se aproximar da máquina de café,
ele tomou a sua frente já sabendo da pouca intimidade dela com o objeto.
- Se me
permite... – ele começou a preparar a bebida – viu como não era nada
importante? Gina sequer insistiu na ligação. Então, após a pausa para o café, nós
dois iremos montar o nosso quadro de evidências para começar de fato a
investigação, certo?
- Elementar, Sherlock....
– disse sorrindo.
- Ah! Dando o
braço a torcer, detetive? – ele entregou a caneca nas mãos dela. Beckett não
teve tempo de responder, pois o celular dele voltou a tocar.
- Deixe-me
adivinhar, Gina.
- Não, ligação
internacional – ele respondeu a chamada - Ellen? – ela ouviu a voz do outro
lado da linha cumprimentando-o alegremente – sim, estou um pouco surpreso com a
ligação. Você não vai me pressionar sobre o lançamento do meu novo livro,
certo? – pelo alivio na voz dele, parece que não se tratava disso – ótimo!
Então, qual o motivo? Não quer somente conversar, eu sei. Gina? O que tem ela?
Ah, ela estava me ligando para falar de você... desculpe, Ellen eu estou no
meio de um caso – Beckett tentava segurar o riso diante da situação – sim, a
Beckett está aqui. Colocar no viva-voz? Er...certo, claro! Pronto, Ellen. Já
pode falar, Beckett está ao meu lado.
- Kate! Que
maravilha falar com você! Come stai?
- Benne,
grazie.
- Que parceiro
difícil esse seu! Pedi a Gina para contata-lo porque queria dividir uma
informação importante e ele a ignora completamente! Ela estava bem irritada,
disse para ligar que talvez ele se importasse mais comigo. Adicionou que se não
conseguisse, era só ligar para o distrito e falar com você. Gina garante que
você tem poder para manda-lo fazer qualquer coisa.
- Sério? Ela
pensa assim? Deve ser por causa do distintivo que carrego.
- Nah! Aposto
no olhar matador – as duas riram e Castle torceu os lábios.
- Quando as
duas comadres cansarem de falar mal de mim, talvez você possa me dizer que
informação importante é essa.
- Na verdade,
a minha conversa diz respeito a Nikki e sua receptividade aqui na Itália. Nos
últimos dois meses, venho recebendo muitas perguntas e pedidos com relação a
detetive que inspirou a maravilhosa personagem da série. Tenho muitas cartas
endereçadas a você, Castle querendo saber sobre sua carreira, sobre a
personagem, alguns me contam que dão ideias para futuros livros. Tenho guardado
essas correspondências para envia-las de uma vez até o escritório da sua
editora.
- Isso é
fantástico! Nem sei como agradecer. Não sabia que era tão popular na Itália.
- Você é, os
dois são. O problema é que nas ultimas semanas, seus fãs começaram a escrever
cartas direcionadas a Kate. Fiquei surpresa de ver a quantidade. Eles escrevem
e entregam na editora. Perguntei para um das pessoas que veio entrega-las
porque deixavam aqui. Sabe o que ela me respondeu? Que como nosso escritório
não fornecia um endereço de correspondência para Beckett, eles decidiram
através de um fórum de fãs que iriam usar a editora acreditando que de alguma
maneira elas chegariam ao destino.
- Nossa! Quem
está surpresa agora sou eu.
- Ainda não
terminei. Eu fui checar o tal fórum, conversei com o meu departamento de
atendimento ao cliente e adivinha? Kate Beckett é um sucesso monstruoso. Eles a
amam! Por isso estou ligando. Sei que você não gosta de publicidade e
exposição, mas eu gostaria de saber se a possibilidade de receber essas cartas
existe.
- Bem, eu não
sei... quer dizer, você as mandaria de Roma para cá?
- Claro que
sim, não é problema. Você também não tem obrigação de responder a todas elas.
Talvez possa pedir para Gina fazer uma nota de agradecimento pelo carinho no site
da editora ou algo assim. Tenho certeza que ela não se importara, a
popularidade significa mais dinheiro entrando.
- Não vejo
problema de enviar as cartas da Kate junto com as minhas, Ellen. Mande tudo
para a sede em Nova York. Como você mesma apontou, Kate não gosta de
publicidade então por razoes obvias não iremos divulgar seu endereço pessoal.
Tem alguma objeção quanto a solução que propus, Kate?
- Não. Essa
pode ser a melhor saída. Pode mandar, Ellen.
- Ótimo! Os fãs
italianos irão adorar saber disso – a curiosidade de Castle não deixara passar
em branco com uma pergunta.
- Ellen, de
que volume estamos falando? De caixas?
- Ah, acredite
você ficará bem surpreso! Deve chegar em uma semana. Ciao! – ao desligar o
celular, Kate o olhava pronta para questionar a ultima atitude de Castle.
- Por acaso
você está preocupado com quantas cartas eu irei receber, Castle? Porque foi
isso que esse seu semblante e sua pergunta para Ellen me passou. Se eu já
estava surpresa com a novidade de ter pessoas me escrevendo por causa de Nikki,
vou ficar realmente chateada se descobrir que você está incomodado que eu roube
sua suposta fama.
- Não! Você
entendeu errado, amor. Fiquei surpreso apenas tanto quanto você – Kate não
parecia muito convencida com o discurso – Serio, quando Ellen me procurou com o
interesse de publicar meus livros em italiano, nunca pensei que pudesse render
muita coisa, até mesmo grana. Mas como ela insistiu em fechar o contrato e nos
deu um bom adiantamento assumindo as despesas de publicação e impressão, eu e
Gina decidimos que valia a tentativa. Não esperava que fossemos criar uma base
de fãs tão solida.
- Tudo bem,
vou aceitar sua explicação. Quem diria! Nikki arrasando em italiano... – ela
sorriu para o escritor fazendo uma nota mental para não esquecer o assunto.
Castle podia ser muito competitivo e se tinha algo que ele detestava era ter
alguém que roubasse seu holofote e brilhasse mais que ele – vamos nos
concentrar no nosso caso? Temos uma vitima esperando por justiça.
Uma semana
depois...
Beckett estava
terminando uma consulta com o laboratório para confirmar se o suspeito que
tinha em mãos era de fato a pessoa que disparara o gatilho daquele revolver.38.
O caso que investigavam tinha mexido com os sentimentos dela. A mãe fora morta
pela própria filha simplesmente por ciúmes, as duas estavam namorando o mesmo
cara. Como pode acontecer esse tipo de violência entre mãe e filha? Ainda mais
por causa de homem. Para Beckett, isso lhe causava tristeza e revolta. Aquela
menina não tinha noção do que fizera com a sua vida, tinha uma escolha e optou
pela errada. Kate não tivera a chance de escolher, sua mãe foi tirada de seu
convívio, de sua vida. E todos os dias ela pensa em como poderá fazer justiça
para que realmente siga em frente.
Ao sair do
telefone com a confirmação da identidade, ela precisava de um minuto para se
preparar para confrontar a menina mais uma vez. Vinte e dois anos, uma vida
inteira pela frente jogada no lixo por sexo e desejo. Infelizmente, mesmo
prendendo a assassina, esse caso teria um final trágico. A pena era vinte anos
até a perpétua.
- Castle, eu
realmente preciso de um refil de café – ela estendeu a caneca vazia para ele –
pode me servir? Temos que interrogar um pouco mais a Andrea, as mechas de
cabelo e o sangue encontrado junto ao da nossa vitima eram mesmo dela. Matou a
mãe por um homem.
- Você esta
mexida com esse caso. Completamente natural. Esse é um daqueles que
consideramos improváveis, quase impossíveis. Quando nos deparamos com a
realidade, não deixa de ser chocante.
- Eu apenas
preciso de uns minutos para estar pronta e dizer aquela jovem que ela acabou
com sua vida, duas vezes com um só tiro. Perdera a pessoa mais importante e sua
liberdade. Não se trata de uma tarefa simples.
- Tudo bem. Um
latte caprichado saindo – ela voltou a atenção para o arquivo a sua frente, fez
algumas anotações com as ultimas descobertas. Estava concentrada na
argumentação que preparava para Andrea quando o celular de Castle deixado sobre
sua mesa começou a tocar. Um toque irritante indicando morte. Ao reparar no
visor, estava a foto de Gina. Balançando a cabeça diante da bobagem de Castle,
tomou a iniciativa de atender. Não podia aguentar aquele barulho em seus
ouvidos.
- Alo?
Telefone de Richard Castle.
- Quem está
falando?
- Ah! Oi,
Gina. É a Beckett.
- Ola, Kate. Richard está com você?
- Ele foi
pegar um café. Quer que peça para ele retornar sua ligação ou deixar um recado?
- Prefiro
falar com você mesmo. Tem dois dias que liguei para dizer que a correspondência
da Itália chegou. Pedi para que viesse buscar porque não queria minha sala
abarrotada de coisas, mas quem disse que ele me deu atenção? Imagino que ouvirá
você.
- Estamos
fechando um caso agora a tarde. Será que podemos passar no escritório após o expediente?
Por volta de seis está bem para você?
- Sabia que
poderia contar com você. Se fosse esperar por Rick ia ser soterrada em papel.
- Tanto assim?
- Você vai
ver. Se juntar a quantidade de papel que normalmente já circula na minha sala
com as cartas dava para fazer um bom dinheiro com venda para reciclagem.
Aguardo vocês.
- Até mais,
Gina – ele chegara com duas canecas de café no instante que ela desligava – era
Gina. Disse que as correspondências da Itália já chegaram a dias, de fato
avisou a você uns dois dias atrás. Iremos buscá-los hoje. Por que não me disse?
- Estávamos no
meio de um caso e você sabe que não dou muita importância aos telefonemas de
Gina. Mais da metade do que ela fala posso desconsiderar.
- Mesmo?
Interessante. Só por curiosidade, quanto do que eu falo você desconsidera?
- Nada – ele
respondeu rapidamente – absolutamente nada.
- Mentiroso –
ela disse sorvendo o liquido quente – vamos encerrar esse caso.
Mais tarde,
Beckett dirigiu até o escritório da editora com Castle ao seu lado. Ele parecia
desconfortável em ser obrigado por ela a obedecer o que Gina queria. A editora
e ex-mulher já esperava pelos dois. Logo foram anunciados. Ao entrarem na sala
de Gina, Kate entendeu a frustração. Havia caixas e caixas de materiais
espalhados em toda a área. Banner de livros, caixa com exemplares, folders e em
um canto quatro caixas endereçadas a Castle.
- Você não
estava exagerando. Aquelas quatro caixas são para Castle?
- Não, uma é
dele. As outras três estão endereçadas em seu nome e no de Nikki. Quem diria
que a detetive ia agradar tanto os italianos?
- Deve ter
algo errado, Gina. Ellen deve ter errado na separação – disse Kate.
- Com certeza!
Não tem como Kate receber mais cartas do que eu, o escritor! – disse Castle
prontamente com cara de poucos amigos.
- Não, está
tudo certinho. Ellen é muito organizada. Está tudo descrito aqui na invoice e
no recado que escreveu para vocês. Veja – estendeu o papel para Castle que lera
ainda surpreso com o que estava a sua frente. Ela não mentira quando dissera
que eles iam se surpreender.
- Não tem o
que discutir, precisamos levar essas caixas conosco. Será que pode me dar uma
mãozinha, Castle?
- Não se
preocupe com isso. Vou chamar alguém para carregar isso para você – ela pegou o
telefone sobre a mesa e explicou o que queria. Cinco minutos depois, um rapaz
carregava as caixas levando-as até o carro de Beckett. Castle ainda estava
sentado, calado com o recado de Ellen nas mãos. Kate sabia que ele estava
arrasado por descobrir que sua Nikki roubara sua fama. Ele não lidava bem com
isso. E sinceramente, ela ainda não tinha ideia de qual seria a reação dele ao
conteúdo de tais cartas. Esperava que fossem inofensivas para evitar maiores
problemas.
Ao chegarem no
loft, ela sugeriu subirem com todas as caixas. Cada um carregou duas delas em
uma única viagem usando o elevador. Antes de mergulharem no mundo dos fãs de
Nikki Heat, ela pegou o telefone pediu pizza e serviu aos dois de vinho tinto.
Algo dizia que eles iriam precisar de álcool.
Castle decidiu
abrir primeiro sua caixa enquanto Beckett escolhera a caixa que levava seu
nome. As outras duas eram endereçadas a Nikki, algo que ela usaria a seu favor
para convencê-lo de que eram direcionadas, na verdade, a ele já que Nikki era a
personagem fictícia.
Havia de tudo
entre as cartas. Elogios rasgados ao escritor, a historia encantara, sugestões
de cenas e fotos. Muitas fotos de pessoas se vestindo de Castle ou Nikki
mostrando o apego aos livros. Também não escapavam de cartas escritas apenas
com a intenção de conhecer o escritor, algumas eram cantadas deslavadas e
recebera propostas de casamento com fotos de mulheres em lingerie.
Diante de tudo
que vira, Kate poderia até se sentir ameaçada ou chateada. Contudo, as
correspondências dirigidas a elas não eram de todo diferentes. Havia aquelas
bem bacanas que elogiavam seu trabalho de detetive e o que proporcionou para a
criação de uma personagem maravilhosa como Nikki. Em algumas, as pessoas
agradeciam por servir de inspiração a elas. Infelizmente, as escritas como
cartas de amor tinha um cunho depravado, bem italiano. Ela também recebera
fotos de homens, realmente lindos vale acrescentar, apenas de sunga ou cueca
para sua apreciação.
A reação de
Castle não foi tão compreensiva quanto a dela. Ao ver a foto de um italiano
moreno de olhos verdes e beleza singular, o ciúme veio a tona.
- Que absurdo!
Isso é inaceitável! Esse cara não é um fa, ele só quer... ele quer sexo.
Descaradamente!
- E qual é o
problema? Não é como se as suas correspondências fossem todas comportadas. Tem
mensagens boas aqui, elogiando a sua historia, a minha profissão, servimos de
inspiração para muita gente, Castle. E convenhamos para alguém que costumava
assinar peitos, você não está exagerando um pouco?
- Será que
estou? Olhe essa carta que tirei de uma das caixas endereçadas a Nikki que você
me convenceu de que eram direcionadas a mim devido a minha criação: “querida
Nikki, não consigo dormir sem sonhar com suas curvas sobre o meu corpo, seus
lábios me devorando por inteiro em um sonho erótico e selvagem. Quero possuí-la
na Fontana de Trevi em pleno luar. Fazê-la explodir em mil pedaços da mesma
forma que a cena da pagina 105 me fez gozar com você”
- Ok, isso é
nojento! Mas não é como se eu fosse ligar. Podemos joga-la no lixo e esquecer.
- E você acha
que essa é a única? Podem ter outras ali, algum cara pode ser um maníaco.
Como...como esse cara! – Castle pegou uma foto de um italiano charmoso e lindo
usando apenas uma sunga.
- Ah, não sei.
Ele me parece bem normal e realmente lindo. Não me incomodaria de conversar com
ele, saber o que acha de Nikki, se tem sugestões para novas aventuras... – ela
estava claramente implicando com ele, mas o escritor resolveu levar a
brincadeira bem a sério.
- Você está se
divertindo com isso, não? Adorando a atenção, os holofotes. Isso não é
brincadeira, Kate. Tudo tem limite.
- Limite, sei.
Como a Srta. Perfeição aqui – disse ela mostrando uma foto de uma italiana
peituda com um biquíni minúsculo e os seios de fora – faça-me o favor!
- É completamente
diferente. Ela é inofensiva, o mesmo já não posso dizer do Sr. Salame aqui –
estava visivelmente irritado.
- Diferente...
será que é porque você não admite que outros homens me achem interessante? Que
as pessoas vejam que tenho muito mais a ver com seus livros do que ser uma mera
inspiração? Isso tem nome, Castle. Ciúmes! Você não suporta que eu tenha mais
atenção que você. Não é nem ciúmes de namorado!
- Claro que é!
- Não, você
acaba de agir como um porco machista! Você pode receber fotos de mulheres de
peitos de fora e cantadas ridículas, mas se o mesmo acontece comigo trata-se de
um maníaco, um louco? Deixe de ser infantil. Não é como se eu fosse pegar um
avião e ir correndo ao encontro desses caras! Eles estão a quilômetros de
distancia, pelo amor de Deus! E por que teria que ser o Sr. Salame? Tiveram
cartas e propostas de mulheres também.
Ele arregalou
os olhos diante da revelação. Parece que a discussão tomara proporções
indesejáveis para ambos.
- Por que não
admite logo? Não acredito que estamos discutindo por cartas enviadas do outro
lado do oceano como se isso fosse mudar qualquer coisa entre nos! Eu não quero
sua fama, não pedi para roubar seu brilho, isso aconteceu porque você
simplesmente criou uma personagem que acaba por dar margem a esse tipo de
pensamento. Não foi você mesmo que disse. Nikki Heat detetive de dia, vadia a
noite. Então, lide com a sua criação porque minha contribuição como musa não
incluía isso. A culpa é totalmente sua!
- Eu não
suporto a ideia de dividir você com outros homens, com outros olhares. Não
quero competição. Isso não tem nada a ver com fama!
- Será que
não? O Rick Castle que conheço não admitiria ser deixado de lado por outra
pessoa comum.
- Está
enganada, Kate. Aquele Rick Castle que dava autógrafos em seios de belas
mulheres não é o mesmo que esta aqui na sua frente, mas parece que somente você
não percebeu... claro que me chateia o fato de uma personagem ser mais
requisitada do que eu, na verdade, somente mostra o quão bom eu sou. Mas
desrespeito, sonhos eróticos e oferecimento descarado a você não consigo
engolir. Você quer chamar de ciúmes, ótimo! Que seja! Não me acuse de machista,
porque isso certamente não sou.
- Estava sendo
a alguns minutos atrás quando pensou por um segundo que eu fosse dar bola para
algum desses caras exibicionistas e desesperados. Parabéns, Castle. Você
estragou o que podia ser uma noite divertida. Pensei que íamos sentar no chão,
ler as cartas e rir das historias malucas. Aparentemente, alguém levou a
brincadeira a sério demais. Eu não tenho forças para ficar perto de você agora.
Eu vou deitar e nem pense em me seguir. Se vire com o sofá!
- Mas é a
minha casa!
- Eu não ligo!
Devia ter pensado nisso antes de me insultar com ciúmes bobos e infundados –
ela saiu pisando firme para demonstrar sua raiva. No fundo, estava chateada
pelo exagero, pelo pequeno piti que Castle dera. Estava disposta a não falar
com ele caso não pedisse desculpas por sua atitude.
Frustrado e
desolado, Castle virou o resto do vinho bebendo-o de uma vez. Sentou-se no sofá
com um bolo de cartas endereçadas a Nikki. Não conseguiria dormir naquela
noite, portanto restava-lhe a companhia do objeto da discussão equivocada.
Ele lera mais
de cinquenta cartas endereçadas para Nikki. Dentre elas, pode encontrar de
tudo, mas se havia cinco com linguajar errado ou impróprio fora muito.
Realmente exagerara. A noite foi arruinada por uma demonstração de ciúme
errada. Ele não conseguira explicar porque não gostara daquilo, porque ela era
tão importante para ele. Soara como um porco mesmo, tratara Kate como uma
propriedade. Isso não estava certo. Ele a amava. A crise de ciúmes servia para
exemplificar isso, contudo ele conseguira estragar tudo. Será que Kate não
percebia que aquilo era amor? Afinal, para onde aquela relação estava
caminhando? Seria uma via de mão única?
Ele suspirou
jogando as cartas sobre a mesinha de centro. Calma, Castle. Você sabe que não
pode pressiona-la quando o assunto é sentimentos. A primeira coisa que precisa
fazer e admitir o erro e se desculpar. Haveria um momento certo para discutir o
que o relacionamento deles significava. A ultima coisa que queria era afastar
Kate nesse momento. Esperava sinceramente que quando acontecesse, a descoberta
fosse positiva para ambos.
Na manhã
seguinte, Castle ainda sonolento pelas poucas horas de descanso preparava o
café da manhã para amansar a namorada. As panquecas começavam a cheirar, o café
estava esperando pela aparição dela para que apertasse o botão e ficasse o mais
fresco possível. Foi Alexis quem apareceu primeiro na sala.
- Acordou cedo
para uma manhã de sábado, não pai? O que aconteceu? Beckett te expulsou da cama
com algum morto?
- Quase isso.
Eu meio que estraguei a nossa noite – ele olhava envergonhado para a filha.
- Deu para
perceber, vocês não foram tão silenciosos com a discussão. São aquelas caixas
de cartas o motivo da briga?
- Cartas de fãs.
- Pai, por que
vocês brigariam por cartas? Ela não me parece uma pessoa que se importaria com
suas fãs malucas desde que não oferecessem seus seios para serem autografados,
tudo bem. Aquilo realmente era nojento inclusive para mim. Imagina para ela
como namorada.
- Tem razão.
Fui eu quem perdeu a compostura. A maioria dessas cartas estão direcionadas a
Kate e a Nikki.
- Oh! Então
você se doeu porque ela estava ganhando mais destaque que você. Não me admira
que ela tenha se chateado. Quando vai aprender que Kate não se importa com a
sua fama? Ela é uma detetive de homicídios, não se importa com Best-sellers.
- Eu sei. Na
verdade, a minha crise saiu totalmente errada. Eu não soube me expressar. Foi
uma crise de ciúmes, mas por todos os motivos errados. Exagerei.
- Então, trate
de consertar. Brigas bobas não levam a nada. Vocês dois já tem muito tempo para
ficar de picuinhas – ela pegou uma massa de panqueca nas mãos levando-a
completamente a boca.
- Hey! Não
mandei comer minha massa. Ainda não preparei meu especial.
- Seu especial
deve ser para Kate juntamente com um pedido de desculpas. Eu vou nessa. Marquei
com uns amigos no Central Park hoje. Vamos a uma exposição no museu de historia
natural. Boa sorte!
Kate estava
escorada na parede do escritório de onde pode ouvir a conversa entre pai e
filha. Ficou satisfeita ao ver a menina lhe defendendo e feliz por saber que
Castle estava prestes a admitir seu erro. Como alguém que acaba de acordar, ela
se aproximou lentamente da cozinha.
- Bom dia,
Kate. Já estou de saída. Tchau! – ela olhou espantada para Castle que apenas
balançando a mão dizendo para não se importar.
- Bom dia.
Dormiu bem com a cama somente para você?
- Já vai
começar com a primeira frase? Ainda nem coloquei a primeira gota de cafeína no
meu organismo. Por favor...
- Não seja por
isso – ele já tinha apertado o botão quando a viu surgir na sala, virando-se de
costas serviu a bebida fumegante em uma caneca entregando-a nas mãos de uma
sonolenta Kate. Ela sorveu o liquido sentindo o calor da bebida descer pela
garganta. Já sentia o aroma das panquecas e da calda. Aquilo a fez perceber que
estava com fome – estou vendo que está com fome. Pode se servir, fiz essas
panquecas para você.
- Por que?
- Eu queria
usa-las como uma forma de me desculpar por ontem. Olhe, Kate eu sei que
exagerei nos comentários. Não esperava ver esse tipo de correspondência
dirigida a sua pessoa, mesmo que seja sua representante na ficção. Tive a
oportunidade de ler muitas outras cartas e tem razão, a maioria é boa. Nikki é
um sucesso. Acha que consegue me perdoar? Pode me desculpar?
- Eu não sei
se deveria ceder tão fácil. Não gostei nada daquele seu comportamento de ontem.
Não parecia o mesmo Castle que eu gosto de ter ao meu lado – o homem que eu
admiro, ela pensou – como posso ter certeza que a versão homem das cavernas não
vai aparecer novamente?
- Não vai
porque você sabe que não sou assim. Foi um lapso, passei dos limites. Termine
seu café, quero lhe mostrar alguns elogios que Nikki recebeu – Kate esticou a
mão apertando a dele. Estavam bem. O episodio da noite passada, entretanto ia
parar em seu caderninho. Não perderia a oportunidade de registrar a crise de
ciúmes de Castle.
Durante todo
aquele dia, Castle e Kate remexeram nas caixas lendo muitas cartas escritas
pelos seus fãs. Tinha muita coisa boa ali. Fotos, desenhos, declarações. Uma em
particular chamou a atenção dela. Era de uma mulher de trinta anos que contava
ter sobrevivido ao câncer de mama com a companhia dos livros da serie Heat.
Nikki serviu de inspiração para que lutasse por sua vida. Perto da hora do
jantar, ela resolveu dar uma parada.
- Acho que já
lemos muitas historias por hoje. Que tal prepararmos alguma coisa para o
jantar?
- Alguma
sugestão?
- Não sei, use
sua imaginação – os dois seguiram para a cozinha e se divertiam cozinhando
juntos. Em um dado momento, enquanto distribuía o queijo na lasanha, Kate
resolveu voltar ao papo das cartas – sabe, estava pensando que a sugestão dada
por Ellen merece atenção. Recebemos tantas cartas bonitas, talvez devêssemos
agradecer através da editora. Você podia escrever e a Gina publica no site da
editora. Ellen pode traduzir para os italianos e também publicar por lá.
- Se vamos
agradecer, você também terá que escrever, a maioria das cartas eram para você.
- O escritor é
você. Pode mencionar meu nome apenas.
- Já entendi.
Concordo em fazer algo assim. Faremos amanhã. Vamos nos concentrar no jantar e
mais tarde, devemos recuperar o tempo perdido ontem.
- Se essa
lasanha ficar realmente boa, posso pensar no seu caso – ela riu diante do olhar
pidão de Castle.
XXXXXXX
Dias depois, a
nota de agradecimento fora publicada no site. Beckett estava as voltas com um
caso complicado que acabara prendendo-a até tarde no distrito. Ao voltar para
seu apartamento, desabou na cama sem ao menos ligar para Castle. Por isso não
se surpreendeu com o toque da campainha em plena sete da manhã.
- Castle, o
que faz aqui tão cedo? – reparou que ele estava com o copo de café nas mãos.
- Queria saber
se estava viva. Tem dois dias que não dorme no loft. Que horas saiu da
delegacia ontem?
- Hoje, eram
quase três da madrugada. Estou morrendo de sono. Vou chegar mais tarde hoje. Os
rapazes irão fazer as primeiras pesquisas do dia. Posso voltar a dormir?
- Quer dizer
que não precisa desse café, certo? – ela puxou o copo rapidamente das mãos
dele.
- Nem pense
nisso. Entre. Vou beber e voltar para a cama. Pode me acompanhar, mas já aviso
que é para dormir. Se tentar qualquer gracinha, vai se arrepender – ele ergueu
as mãos indicando que se rendia. Ela realmente dormiu por mais duas horas, ao
acordar novamente, percebeu que ele não estava na cama. Encontrou-o na mesa com
a refeição pronta. Sentaram e tomaram café antes de seguir para o distrito.
Depois de um
dia exaustivo, mas com bons resultados, cada um retornou a sua casa. Kate
estava querendo exercitar a não dependência de Castle. Claro que não dissera
isso a ele, sua desculpa foi alegar cansaço, o que ele aceitara numa boa dadas
as circunstancias do caso que ela investigara recentemente.
Antes de ceder
ao sono, porém, Kate tornara a pensar sobre a questão da dependência. Cada vez
mais ela passava as noites no loft. Ontem quando estava avaliando as pistas do
caso por volta da uma da madrugada, sentiu uma necessidade imensa de ligar para
Castle. Seja para discutir o caso ou para buscar inspiração. A verdade era que
se controlara para não parecer ansiosa ou dependente dele. O que era um
absurdo. Ela era uma detetive capaz de decifrar seus casos sozinha. Fizeram
isso centenas de vezes antes mesmo dele aparecer na sua vida.
Então, por que
essa vontade? Esse seria um ótimo tópico para uma conversa com Dana. Lembrou-se
do caderno e de que ainda não escrevera sobre o episodio das cartas. Quando
Dana sugeriu o uso do caderno para ajuda-la a compreender o que se passava com
seus sentimentos, Kate achou que seria uma perda de tempo. No fundo, ainda
achava. Porém, o ato de escrever acabou por se tornar um ótimo passatempo
contra o stress que enfrentava no dia a dia. Não encontrara as respostas que
Dana gostaria, mas estava se divertindo ao racionalizar algumas situações entre
ela e Castle.
Cansada, ela
decidiu dormir por fim.
XXXXXXXXXX
Era uma tarde
de domingo preguiçoso. Castle estava em seu escritório jogando online. Kate
havia lhe dito que ia dormir um pouco no real sentido da palavra. Sem poder
brincar com a namorada, ele apelara para os eletrônicos. Ela estava no maior
bom humor, o acordara com beijos calorosos e fizeram amor logo pela manha.
Definitivamente, não podia reclamar de seu final de semana. O clima estava
propicio para uma possível conversa sobre a relação deles. Não custava nada
tentar.
Ele se
levantou indo em direção ao quarto. Surpreendeu-se ao encontrar o lugar vazio e
também por ser noite. Consultou o relógio. Sete da noite, perdera a noção do
tempo jogando. Estava admirado que ela não tivesse reclamado por conta disso.
Ela estava na sala sentada no chão com um pequeno caderno de capa vermelha
sobre a mesa de centro. Escrevia algo. Concentrada, nem percebeu sua
aproximação. Sentou-se no sofá para observa-la antes de comentar.
- Está
pensando em se aventurar na carreira de escritora? Por favor, me avise porque a
concorrência será grande. Seu histórico de casos deixaria qualquer leitor de
boca aberta.
- Hey – ela
acariciou o joelho dele – nem vi você chegar. Não se preocupe. Só há espaço
para um contador de teorias malucas e não sou eu.
- E o que
tanto escreve? Pensei que estava dormindo. Tinha preparado um monte de formas
de te acordar...
- Isso é só um
pequeno caderno de anotações. Serve para me deixar mais relaxada. Anotar coisas
importantes, situações que aconteceram no trabalho, comigo, nada de mais.
- Certo, tem
algo falando mal de mim? Porque posso ver meu nome escrito varias vezes nessas
paginas.
- Por que
assume que eu escreveria somente coisas ruins sobre você? Alias, por que você
seria o assunto principal se acabei de dizer que são coisas minhas?
- Coisas
importantes, portanto...
- Você se acha
realmente. Tudo deve ser sobre você?
- Na verdade,
não. Pode ser sobre nós. Estive pensando, se escrever sobre alguns momentos a
faz bem, por que não conversamos sobre a nossa relação? Quer dizer, estamos em
um relacionamento, apaixonados. Tivemos momentos muito bons, passamos por
perdas. Não gostaria de falar sobre o futuro?
- Você esta
sugerindo um DR, Castle?
- Uma conversa,
mas pode chamar de DR. E assim que funciona no mundo dos relacionamentos.
- Bem, no mundo
dos relacionamentos geralmente quem pede para fazer uma DR é a mulher. Isso
acontece quando a relação tem algum problema. Eu digo que estamos muito bem,
não temos problemas, o sexo é excelente, portanto como a mulher dessa relação
eu declaro que não precisamos de uma DR – ela se inclinou para beija-lo.
Perdeu-se por alguns minutos naqueles lábios antes de afastar-se – esta com
fome? Eu não estou muito a fim de cozinhar. Podemos tomar café e comer
sanduiches?
- Por mim,
tudo bem – ele concordou ao vê-la se levantar para providenciar o lanche na
cozinha. Ele suspirou. Não fora dessa vez que conseguira fazer Kate se abrir
com relação aos seus sentimentos. Ele viu o caderno deixado sobre a mesa. Por
mais que tivesse curiosidade, não ia invadir a privacidade dela. Era errado. No
entanto, esse silencio de Kate parecia bem suspeito. O que estaria se passando
naquela cabecinha?
Ela chamou por
ele pelo menos umas três vezes.
- Pensei que
tinha voltado aos jogos. Não respondia. Sente-se. Desisti do café, vamos de
cerveja. Depois você pode fazer um café para fechar a noite – ela entregou uma
garrafa da bebida bem gelada nas mãos de Castle. Sentada ao lado dele, mordeu o
sanduiche aprovando o que fizera. Ergueu sua bebida batendo na dele numa
espécie de brinde antes de beber o liquido – a uma semana tranquila. De
preferência com poucas mortes.
- Alguém anda
cansada do trabalho?
- Claro que
não. Você sabe o quanto amo meu trabalho, mas você tem que concordar que outras
pessoas não ficam nada contentes quando tenho que executa-lo. Alguém sempre tem
que sofrer para que eu o faça.
- Ossos do
oficio, Kate.
- Cada um com
o seu fardo. Qual é o seu?
- Aguentar
minha editora apressando minha mente brilhante! – ela deu um leve tapinha nos
ombros dele rindo – estou sendo sincero.
- Você não
existe. Deixa Gina saber disso.
- Oh,
acredite! Ela sabe. Muitas vezes digo na cara dela. A minha sorte é que a deixo
rica a cada lançamento, portanto ela quem tem a perder se desistir de mim –
Kate revirou seus olhos. Terminaram a refeição e Castle preparou o café
servindo a ambos na sala. Ligou a TV e ficou deitado no sofá com Kate sobre ele
assistindo a um filme antigo. Duas horas depois, as costas começavam a doer
pela posição que se encontrava. Com jeitinho, ele a fez mudar de posição para
que pudesse sentar.
- Acho que vou
tomar um banho e me deitar. Essa posição não fez bem a minha coluna, estou
inclusive com cãibras nas pernas.
- Oh, Castle!
Por que você não disse que estava lhe incomodando?
- Você estava
bem a vontade. Não se preocupe, um banho quente cura tudo – ele se pos de pé –
vai demorar para vir para a cama?
- Não, quero só
terminar de ver o filme. Depois subo – ele inclinou-se beijando rapidamente os
lábios dela – até daqui a pouco. Me chame se precisar, ok?
Castle sorriu
para ela. Kate permaneceu com os olhos na tela da TV por alguns segundos, então
esticou a mão abrindo novamente o caderninho vermelho. Com a caneta na mão, ela
rabiscou algo nas paginas. Mantinha a caneta entre os dentes enquanto pensava.
De longe, Castle a observava voltar a escrever. Perdido em seus próprios
pensamentos, ele decidiu ir para o quarto.
Kate escrevia
sobre o ciúme de Castle. Ela achara que ele não fora completamente honesto. Eis
seu relato: “Algo naquela discussão não se encaixa. Castle parecia querer dizer
outra coisa quando me atacou alegando ciúmes ou preocupação com os italianos.
Ele esteve bem perto de dizer. No exato momento as palavras fugiram. Ele
recuou. Por que? Será que ele desistiu? Recuou por causa de algo que eu disse?”
Em outra
pagina, Kate escrevera um novo tópico. Por que o assunto DR? Castle é a mulher
da relação? Decidiu não ficar mais um tempo pensando sobre isso. Melhor ir para
a cama.
Já deitado na
cama, ele se perguntava o que teria que fazer para ouvir como Kate se sentia em
relação ao relacionamento deles. Temia que a espera acabasse por prejudicar a
dinâmica que tinham. Não que seu amor fosse diminuir ou desaparecer. Longe
disso. Ele a amava demais. Na verdade, tinha amor suficiente pelos dois.
Contudo, a pior sensação que alguém pode sentir em um relacionamento é a
não-reciprocidade de sentimentos.
Sabia que ela
se importava com ele, gostava de sua companhia. Estava apaixonada, mas era
apenas isso? Quando o sentimento dela evoluiria para amor? Kate Beckett era uma
pessoa complicada quando se falava em se expor, ele era um vitorioso por ter
conseguido tanto dela até agora. Ele queria mais. O problema era até quando ele
teria que esperar?
A chegada dela
no quarto acabou por distrair seus pensamentos. Como mantinha os olhos
fechados, Kate deduziu que estava dormindo seguindo para o banheiro. Vinte
minutos depois, deitara ao seu lado. Com carinho, distribuía beijinhos no rosto,
nos ombros e no peito dele até que ele se manifestasse de alguma forma. Ao
vê-lo abrir os olhos e acariciar suas costas, sorriu.
- Como esta a
dor?
- Desapareceu
quase completamente. Talvez mais uns beijinhos apague-a de vez.
- Não são
apenas beijinhos que eu tenho em mente...
- Por favor,
não se prive por mim. Faça o que quiser, detetive... – e a noite de domingo
terminara da mesma forma que o dia começara. Dois corpos ofegantes após um belo
orgasmo provocado pelo ato de fazer amor.
XXXXXXX
Dois dias
depois, Beckett voltava para o loft usando o metro. Castle saira mais cedo da
delegacia já que ela estava fazendo papelada. No caminho, ela resolveu parar
numa delicatessen para comprar algumas frutas e coisinhas gostosas para
jantarem. Encheu a cesta com uma variedade boa que certamente agradariam
Castle. Pagou e deixou o local carregando duas sacolas cheias.
Caminhava pela
rua em direção a estação do metro que ficava a dois quarteirões dali. De
repente, ao olhar para a calçada oposta, Kate viu algo que congelou todos os
seus ossos. Estática, ela começara a tremer sem controle. A imagem a sua frente
a perturbou. Não podia ser! Ele deveria estar na África. Não podia vê-la,
não...
Reunindo todas
as suas forças, Kate conseguiu dar alguns passos entrando feito uma bala em uma
loja de roupas escondendo-se de joelhos atrás de um balcão. Uma das vendedoras
correu até onde ela estava. Kate se encontrava quase em posição fetal, agarrada
aos joelhos, de olhos arregalados. O rosto completamente assustado, os lábios
pálidos. As sacolas de compras espalhadas em torno dela.
- Moça, você
esta bem? Quer que eu chame um médico? Uma ambulância? – ao ouvir a palavra
médico, ela gritou.
- Não, por
favor... eu, eu vou ficar bem.
- Deixe-me
ajuda-la com suas compras. Vou arruma-las para você – a garota fez o possível
para juntar todas as coisas que caíram no chão da loja. A gerente se aproximou
para entender o que estava acontecendo. Depois de argumentar com sua
supervisora, recebeu a permissão para acompanhar Kate até sua casa.
- Consegue se
levantar? – notara que as mãos tremiam ainda e o suor frio escorria pela
tempora e pela espinha – como se chama?
- Kate. Olha,
já esta tudo bem – ela esforçou-se para levantar mostrando que estava em
condições de se virar sozinha – eu agradeço a ajuda, de verdade, mas sou
policial. Tive um pequeno problema nas pernas, só isso.
- Desculpe,
mas o que vi não me pareceu um problema físico. Eu já vi isso antes, sou
estudante de psicologia. Você teve um ataque de pânico, Kate.
- Não, você
está enganada. Estou bem.
- Você quer
estar bem, concordo que o ápice já passou, mas você pode ter outros episódios.
Deixe-me acompanha-la até sua casa.
- Não precisa,
de verdade. Pegarei o metro, são apenas duas estações. Ficarei bem – pegando as
sacolas de compras, ela se despediu sorrindo deixando a loja. Os olhos
treinados de detetive procuravam varrer toda a área ao seu redor em busca do
mínimo sinal de perigo. Convencida de que estava segura, Kate seguiu para a
estação de metro.
Ao descer as
escadas e se encontrar na plataforma a espera do trem, ela tornou a sentir os
sintomas de um novo ataque após ter visto um homem com as mesmas
características físicas de Josh. O coração disparou novamente, o aperto no
peito e os tremores nas mãos retornaram um pouco menos violentos dessa vez. Com
um esforço supremo, ela conseguiu pegar o trem. Manteve os olhos fechados por
quase todo o trajeto, ela tentava retomar a calma.
Assim que a
porta se abriu, Castle soube que não estava tudo bem. A mulher a sua frente
estava em estado quase de desmaio, pálida feito papel.
- Kate, o que
aconteceu? – ela não conseguiu responder. Na verdade, bastou entrar em casa
para desmaiar sendo apoiada pelos braços fortes de Castle.
Continua.......