domingo, 11 de outubro de 2015

[Castle Fic] One Night Only?! - Cap.37


Nota da Autora: Enfim, saiu! Esse e o ultimo post no blog antes da minha viagem e já gostaria de começar pedindo desculpas por dois motivos: primeiramente por qualquer erro de grafia e afins que vocês encontrem no texto. Os dias foram corridos e apesar de ficar vesga na frente do computador revisando, posso ter deixado passar algo. Segundo, desculpem pela parte que parei, mas prometo postar assim que possível apesar de não poder dar uma data! E comentem! Vou ficar doida para saber o que acharam. Esse capitulo estava escrito uns dias, precisava apenas de ajustes. Nem preciso dizer que o angst continua presente. Sorry! 

Enjoy! E ate o próximo post diretamente de Vancouver. Bjks! 


Cap.37


Cinco minutos depois, ela voltara a si. Castle estava sentado ao seu lado na cama. O semblante preocupado. Alexis também estava no quarto. Ela apoiou-se no colchão para ficar sentada. Suspirou ao olhar para Castle. Provavelmente o interrogatório estava prestes a começar.

- Como você está se sentindo? O que aconteceu, Kate?

- Eu tive uma indisposição. Só isso. Está tudo bem agora.

- Indisposição? Kate nem de longe isso é apenas indisposição. Eu vi como você chegou aqui. Estava pálida, suas mãos tremiam, seus olhos estavam arregalados. Dois segundos depois que eu abri a porta você simplesmente desabou em meus braços.

- Sério, Castle. Já passou. Estou me sentindo bem melhor – Alexis que até aquele momento não falara nada, resolvera intrometer-se na conversa dos dois. Primeiro, estendeu um copo d’água para Kate. Ela agradeceu com um sorriso e bebeu vários goles.

- Kate, desculpe antecipadamente, mas eu tenho que perguntar. Você, por acaso, não está grávida? – assim que Alexis acabou de falar, foi a vez de Castle arregalar os olhos boquiaberto. Mesmo sabendo que não era possível, sentiu-se o coração disparar.

- Não, ela usa pílula e não pode estar grávida. O desmaio não era sintoma de gravidez. Não...

- Alexis, seu pai está certo. Não tem chance de eu estar grávida. Não estou atrasada, na verdade aconteceu na semana passada.

- Tudo bem, tinha que descartar essa possibilidade.

- O que vi quando Kate entrou pela minha porta é bem mais que sintomas de gravidez. Será que você podia me contar o que aconteceu realmente?

- Eu já disse, Castle. Eu estava na rua, passei no mercado antes de vir para casa. Com as sacolas nas mãos estava caminhando para o metro quando senti a perna adormecer e a vista falhar. Eu passei a tarde toda a base de café. Deve ter sido falta de açúcar. Deixe uma das sacolas cair e acabei sendo ajudada por uma vendedora de loja. Melhorei, então continuei minha caminhada para o metro e cheguei aqui. O esforço de caminhar deve ter contribuído para me fazer desmaiar.

- Kate, você está mentindo. Primeiro porque seu condicionamento físico não a faria desmaiar. Depois, enquanto você contava o que aconteceu, você não me olhou nenhuma vez diretamente para mim. Evitando o olhar porque sabe que eu notaria que está me escondendo algo. A razão de você estar aqui e não numa cama de hospital é simplesmente porque eu conheço sua teimosia e respeito o fato de que se eu a forçasse iria ficar fula da vida comigo. Então, que tal pular a parte que você inventa uma historia e conta de uma vez por todas a verdade?

Alexis notou a apreensão no rosto de Kate. Para ganhar tempo, ela passou as mãos nos cabelos respirou profundamente. Com uma certa preocupação que a discussão pudesse agravar a condição dela, a menina tomou a frente para amansar os ânimos.

- Pai! Chega. Você ficar insistindo em saber o que aconteceu só está deixando Kate estressada. Ela pode passar mal novamente. Está cansada e precisa se alimentar. Então, por que ao invés de ficar instigando não prepara algo para ela comer? Está fraca. Com alguma comida no estomago, ela pode raciocinar melhor. Vou fazer um chá também – Alexis olhou outra vez para o pai – anda, pai. O que você está esperando?

- Tudo bem... – ele levantou-se da cama, beijou-lhe a testa e se dirigiu para a porta – você não vem?

- Te encontro na cozinha em um minuto – disse a menina. Assim que Castle saiu, Kate sorriu para Alexis.

- Obrigada. Eu ainda não estou completamente bem, porem não quero preocupar seu pai. Sei o quanto ele se apavora com essas coisas.

- Eu sei que ele estava pegando pesado. Por isso resolvi interceder. Mas, você sabe que ele está certo. Está escondendo algo. Ele a conhece muito bem para notar, eu também percebi. O que estou querendo dizer é que ele não ira desistir de entender o que aconteceu. Cedo ou tarde terá de contar. Posso tentar tirar a ideia de questiona-la hoje da mente dele. Talvez consiga, mas a teimosia será vencedora aqui.

Percebeu que Kate baixara a cabeça. Pegou sua mão, estava fria.

- Hey, olhe para mim – Kate encontrou o olhar de Alexis – você não devia guardar essas coisas para você. Meu pai só quer te ajudar. Você sabe que ele fará o que puder, o que pedir desde que não o corte. Não faça isso com ele, Kate. Sou eu quem está pedindo. Se não se achar pronta para contar, diga a ele. Eventualmente, você terá que fazer isso. Pode achar que consegue sozinha, não é verdade. Agora, descanse um pouco. Vou ajuda-lo.

Kate mordeu os lábios. Tornou a se deitar na cama. Suspirou. Não sabia como lidaria com Castle. Precisava contar a verdade, mas tinha medo da imagem que Castle faria dela depois disso. 

Quando chegou na cozinha, encontrou o pai terminando de preparar um sanduiche. Também tinha um copo de iogurte na bandeja e a xícara esperando para receber o chá quente.

- Pensei que ia ter que fazer o chá sozinho. Como ela está?

- Cansada, pai. O que esperava? O que quer que seja que tenha passado foi pesado. Quer minha opinião? Concentre-se em fazê-la se sentir bem. Alimente-a, ofereça seu abraço, deixe-a dormir. Mostre apoio sem ser chato, insistente. Ela está escondendo algo de você, porem deve estar confusa. Precisa de uma boa noite de sono para clarear as ideias. Ela vai contar, só precisa de um tempo. Consegue fazer isso por ela?

- Acho que sim. Quem diria, minha filha me dando conselhos em relacionamentos.

- Eu sempre fui a adulta da relação. Vou fazer chá de camomila, vai ajuda-la a relaxar melhor – cinco minutos depois, ele deixava a cozinha carregando a bandeja. Kate estava deitada de lado com as costas para a porta. Ele apoiou a bandeja na cabeceira. Sentou-se na cama acariciando os cabelos dela.

- Kate... precisa comer. Amor, acorda – ela virou-se para fita-lo – sente-te. Fiz um sanduiche para você, Alexis fez chá e ainda coloquei um iogurte caso queira um pouco de fruta. Se preferir um docinho, não me importo de ir pegar um cookie para você.

- Então, você viu minhas sacolas de compras... – ela sorveu um pouco do chá. Era reconfortante. Deixou a xícara de lado pegando o sanduiche – você pode não acreditar, mas estou realmente com fome. Comprei aqueles biscoitos com gotas de chocolate para você. Sei o quanto gosta. Hummm... você usou o patê de gorgonzola que trouxe para fazer meu sanduiche.

- Eu imaginei que você fizera essas compras para o nosso jantar. Ficou bom?

- Não sei se pode ser reflexo da fome – ela sorriu – está ótimo! E quer saber? Leve esse iogurte e traga dois cookies para mim.

- Resolveu abusar de mim?

- Você se ofereceu para me ajudar... e agradeça a Alexis pelo chá.

Quando Castle voltou ao quarto, trouxe consigo o pacote de biscoitos. Kate se contentou com apenas dois, já ele comeu metade do pacote, isso porque ela puxou o saco das mãos dele impedindo de acaba-lo de uma vez. Levantou-se da cama espreguiçando-se. Informou a Castle que iria tomar um banho para se deitar. Ela estava curtindo uma ducha tentando esquecer a ultima parte de seu dia. Não queria pensar na reação que teve hoje ao se sentir em perigo. Queria apenas por uma noite extrair esses pensamentos de sua mente. Pedia a Deus que conseguisse.

No quarto, Castle já trocara de roupa e remoia se devia dar um calmante para ajuda-la a dormir. Não aceitaria o comprimido por livre e espontânea vontade. Se oferecesse com uma bebida, talvez. O problema era que ela acabara de comer e naturalmente recusaria qualquer coisa. Devia ter pensado antes nisso e colocado no chá. Ao vê-la sair do banheiro já de pijama, ele pediu licença para ir buscar água na cozinha.

Encontrou Alexis tomando um suco. Ela beliscava umas amoras que encontrara na sacola de compras de Kate.

- Pensei que estivesse dormindo.

- Não, vim fazer um lanche porque ainda tenho um trabalho para terminar. Minha noite será longa. E Kate, dormiu?

- Acabou de tomar banho e deitar-se. Eu errei quando vim fazer o lanche. Devia ter colocado um calmante naquele chá. Tenho medo que ela não consiga dormir, Kate precisa aliviar a mente.

- E nesse instante, você agradece por ter uma filha maravilhosa que pensa em tudo. Coloquei cinco gotas de calmante na camomila. Dosagem mínima para deixa-la sonolenta rapidamente. Não fará mal algum, somente a relaxara. Mereço um beijo depois disso?

- Claro que merece – ele abraçou e beijou a bochecha da filha – o que seria de mim sem você? Obrigada por pensar proativamente em momentos de crise como esse.

- Ótimo. Então, se gostou tanto fique sabendo que tenho uma festa no sábado e você acaba de me dar um vestido novo e o direito de chegar depois de meia-noite em casa – ela levantou-se do banco, beijou o rosto do pai – boa noite, pai. Ah! Lembre-se do que eu disse sobre dar um tempo para Kate respirar. Fará toda a diferença.

- O que aconteceu com as ações altruístas.... que coisa feia, Alexis – a garota apenas sorriu e ele observava sorrindo de volta sua filha subir as escadas. Após beber água, ele retornou ao quarto.

Não ficou surpreso ao ver Kate deitada, enrolada no edredom. Deitando-se ao lado dela, percebeu que estava quase cedendo ao sono por completo. Ao perceber sua presença na cama, ela se aninhou em seus braços sentindo a mão de Castle acariciar suas costas.

- Estou com tanto sono... muito, muito cansa...da – mal terminou de falar, caiu em sono profundo. Aliviado, Castle massageou o corpo dela fechando os próprios olhos. Não iria dormir ainda. Sua mente fervilhava em busca de alguma explicação para aquele súbito desmaio de Kate. Não era o comportamento normal da detetive. O que acontecera para deixa-la daquele jeito foi bastante serio.
Ele acabou dormindo ouvindo a respiração pesada dela sobre seu peito. O ultimo pensamento que lhe veio a cabeça foi em pedir ajuda de Dana. Alem dele, ela era a única pessoa com quem Kate se abria de verdade.

Kate caminhava pelas ruas de Nova York ao encontro de uma nova cena de crime. Castle ficara de se encontrar com ela no endereço indicado. Curiosamente, ela fora a primeira pessoa a chegar. Nem mesmo o corpo médico e os peritos estavam por lá. Fez um exame preliminar na vitima e avistou a ambulância se aproximando. Ela estava agachada analisando os ferimentos do corpo quando uma pessoa se aproximou. Deduziu ser Lanie, mas ao virar-se para fita-la, deparou-se com ninguém menos que Josh.

Ela sequer teve tempo de pensar. Ao se levantar já buscando sua arma, sentiu um empurrão contra a ambulância e um aperto no braço direito para evitar que alcançasse a arma. Desesperada ela tentava se desvencilhar do corpo de Josh que a pressionava contra o carro.

- O que você está fazendo? Josh... por favor me larga!

- O que você acha que estou fazendo, Kate? Estou me dando o direito de ter você, de beijar você, possuí-la... não sabe o quanto eu sonhei com esse momento na África. Foram dias e noites pensando em te encontrar outra vez. Sentir seu cheiro, seu calor. Eu sou louco por você e agora que estamos sozinhos, você não me escapa. Nada nem ninguém vai me impedir de ficar com você.

- Você não pode, vai ser preso....a ordem de restrição e Castle, ele está a caminho! Me solte! – o corpo de Kate começava a tremer. As pernas bambeavam, o coração disparava.

- Acha que eu ligo para ordens? E quanto aquele escritor de meia tigela, ele não é ameaça para mim. Você é minha, Kate. Só minha!

- Não, por favor... Castle! – tudo aconteceu muito rápido. Castle chegou correndo em direção onde ela estava. O desespero acabara denunciando sua chegada e Josh teve tempo suficiente de agir. Kate sentiu quando o médico puxou sua arma da cintura. Então veio o tiro e um grito ensurdecedor. Tido o que ela vira fora o corpo de Castle sangrando estirado no chão.

- Naoooooo.... – o grito acordou Castle de supetão. Ele assustou-se ao ver Kate sentada na cama aos prantos, suada e com uma expressão de completo pavor no rosto.

- Kate...olhe para mim – ela parecia em transe, chamou-a novamente – Kate....Kate! – ele a pegou nos braços puxando-a de encontro ao seu corpo – está tudo bem... estou aqui... foi um sonho ruim.

- Não, você morreu.... eu... medo....Castle....eu sinto muito, minha culpa – definitivamente Kate tivera um pesadelo, o que em partes explicava o fato dela estar apavorada diante do ocorrido ao chegar no loft naquela noite. Os detalhes do que desencadeou essa situação ainda não estavam claros para ele, porém o dever dele nesse instante era acalma-la.

- Josh, ele atirou em você, era minha arma... sangue, tanto sangue... – ela o abraçou com toda a força que podia.

- Kate, você está segura. Está em casa comigo. Esqueça tudo e apenas respire. Você quer água? Talvez um comprimido para dormir? Ou para dor de cabeça... – ela não respondeu. Ficaram calados por pelo menos cinco minutos até que o choro cessasse e a respiração dela voltasse ao normal. Encarando-o novamente, ela falou. 

- Eu preciso ir ao banheiro. Lavar meu rosto e recuperar meu fôlego.

- Tudo bem, tem certeza que não quer nada?

- Vou aceitar a água e o comprimido para dor de cabeça. Ela está explodindo – disse massageando a tempora em direção ao banheiro. 

Quando voltou a aparência estava um pouco melhor. Castle estendeu o copo e o vidro de remédio. Não queria que ela pensasse que ele iria engana-la. Após tomar o comprimido, ela voltou a se deitar na cama fazendo sinal para que ele a acompanhasse.
Deitado de conchinha com ela, Castle acariciava seus cabelos deslizando os lábios levemente sobre a pele da nuca, dos ombros. Sentiu Kate relaxando. Bem melhor do que o corpo tenso que abraçara minutos atrás. Finalmente relaxada, ela voltou a dormir. Cansado, Castle fez o mesmo.

Na manhã seguinte, ele levantou primeiro que Kate. Se dedicou a preparar o café da manhã. Foi surpreendido com Kate já completamente vestida com roupas de trabalho. Não era o que ele esperava ver logo cedo.

- Você vai trabalhar?

- Claro, por que não iria? Tenho obrigações, Castle. A propósito, Esposito ligou. Temos um caso.

- Você está se sentindo bem? Quero dizer, dada as circunstancias?

- Por que não estaria? – sim, ela estava tentando seguir sua rotina. Não queria se perder em momentos de ansiedade.

- Kate... você sabe bem que teremos que conversar sobre isso, mais cedo ou mais tarde – ela permaneceu calada, dessa vez não evitou o olhar. Pensando em como lidaria com a situação, escolheu o caminho mais fácil. Prioridades.

- Tenho uma vitima me esperando para ter sua justiça. Trata-se de prioridades, Castle. Você vai me acompanhar? – a verdade era que Kate não gostaria de chegar naquela cena de crime sozinha desde o pesadelo. Ele percebeu a urgência no seu olhar esperando a resposta –vou escovar os dentes.

Ela seguiu para o quarto com uma certa insegurança. Enquanto fazia sua higiene bucal, ela se perdia olhando no espelho. Ainda não se recuperara totalmente dos últimos acontecimentos e não estava pronta para se abrir com detalhes. Teria que enfrentar Castle porque não podia esconder algo importante assim. Ela estava tão absorta em seus pensamentos que não notou a chegada dele.

Ele encostou a mão nas costas dela. Foi o suficiente para Kate pular com o toque em meio ao susto.

- Hey... está tudo bem. Desculpe se te assustei. Estou pronto para irmos trabalhar.

- Obrigada.

O dia passou normalmente. De fato, apesar de um certo incomodo ao primeiro contato com a cena, ela relaxou e fez seu trabalho como sempre. Ainda não se recuperara completamente do susto. Evitava o assunto próximo a Castle mesmo percebendo que ele mais do que ninguém sabia que tinha algo muito errado com ela. Durante a investigação, ela agiu normalmente dentro do que conseguia controlar. Isso era o que mais aborrecia Beckett. Não ter controle sobre o corpo e suas reações.

Ela estava na minicopa preparando um café para manter-se alerta. O sono era pouco desde a noite do pesadelo e a cafeína sua amiga para permanecer alerta e fazer seu trabalho. Não percebeu a aproximação dele, estava com a caneca na mão tomando o primeiro gole de café quente quando ele a tocou na cintura acariciando-lhe as costas.

Beckett deu um pulo devido ao susto derrubando café na sua blusa branca. O calor do liquido a fez gemer. Só então percebeu que se tratava de Castle. Assustado, ele prontamente pegou alguns pedaços de papel para tentar enxugar o excesso do liquido.

- Está tudo bem? Desculpe, Kate, desculpe.

- Ok, Castle. Não precisa – ela afastou as mãos dele com o papel – tenho uma outra blusa no armário, posso troca-la. Não foi nada.

- Kate... você se assustou com o meu toque mais simples. E como se você estivesse no limite. Isso não e nada – ele notara que uma das mãos ainda tremia.

- Castle, por favor... – ele balançou a cabeça em concordância. Se calaria. Ela deixou-o sozinho na minicopa. O caso durou por três dias durante os quais nenhum dos dois comentou a crise dela. Castle estava dando um tempo para que ela se sentisse mais segura diante de tudo. Quando finalmente chegou a sexta-feira, ele se dedicou a criar uma atmosfera agradável para os dois. Quem sabe assim, conseguiria fazê-la se abrir.

Kate estava sentada no sofá usando seu pijama com o robe de seda por cima. Tinha as duas pernas sobre o sofá. Ele se aproximou com as taças de vinho. Com um brinde rápido, ela tomou o primeiro gole vendo-o sentar no sofá ao lado dela. Castle aproximou-se roubando um beijo. Depois de beber metade do liquido servido, Kate colocou o copo sobre a mesa e aconchegou-se no colo dele. Acariciando seus cabelos, Castle pegou uma almofada para melhor acomoda-la.

Brincava com os fios de cabelo dela enquanto uma das mãos usava os dedos para tocar-lhe a pele exposta pela camiseta do pijama. Em sua mente, ele ensaiara várias formas de questiona-la sobre o ocorrido dias atrás, porem nenhum de seus discursos parecia suficiente para convencê-la a falar.

- Você está com sono? Quer conversar?

- Estou bem. Um pouco cansada, o dia foi puxado hoje – ela virou-se para Castle, podia ver a ansiedade no olhar. Conhecia-o muito bem para saber que estava preocupado e curioso. Não podia dizer que estava pronta para contar tudo, porem precisava acalmar aquele coração.

- Kate, você precisa falar... – ela se levantou do sofá. Ficou de frente para ele sentada na mesinha de centro.

- Tudo bem, você tem razão. Para contar eu preciso de um favor, tem que me prometer uma coisa. Não quero vê-lo surtando ou querendo fazer loucuras. Escute a historia. Eu estava vindo para casa, passei no mercado e quando caminhava na rua eu o vi, Josh. Caminhando na calçada oposta. Eu não sei o que deu em mim, congelei, tive medo que ele me visse e me atacasse. Eu não sei como arranjei forcas para correr até uma loja para me esconder. Não sei... na volta para casa, ainda tinha a sensação de que ele estava me seguindo.

- Kate, isso foi fruto de sua imaginação. Josh está na África. Não precisa ficar preocupada com isso, provavelmente você viu alguém parecido com o médico.

- Eu sei o que vi, Castle. Era Josh.

- Tudo bem... e o sonho?

- Você não acredita em mim, então porque devo perder meu tempo contando sobre o sonho para você?

- Kate, por favor, estou tentando ajudar. Por mais que você não admita, esse assunto esta lhe corroendo por dentro. Finge que está tudo bem, mas infelizmente para seu azar eu reconheço como você lida com a dor, o medo. Se não confia em mim para se abrir ou dividir suas emoções, não está em minhas mãos convencê-la do contrário.

- Castle não se trata de confiança...

- Hey, tudo bem. Só escute o que vou pedir. Sim, você me pediu para ouvi-la, não estou julgando. Longe de mim! – ele tomou coragem para o que estava prestes a dizer, ela tornou a ver a angustia nos olhos azuis – Kate, se você não quiser conversar comigo sobre isso, eu peço. Não, a palavra correta não é pedir, eu imploro – ele pegou as mãos dela nas suas – procure Dana, converse com ela. Sei que será mais fácil se você puder expor tudo o que sentiu nesse momento, suas experiências. Você confia muito nela, faça isso por mim e por você. Por favor...

- Você não está chateado comigo por não conseguir falar?

- Chateado? Não. Um pouco triste por vê-la em uma situação na qual não posso ajuda-la. Gostaria que você tivesse vontade e coragem suficientes para revelar o que sente para mim. Se isso não é possível, espero que faça com Dana.

- Eu sinto muito, Castle...

- Eu também. Achei que nessa altura nossa relação já permitisse algo desse tipo – ela notara o desapontamento em sua voz. Por mais que não quisesse, ela sabia que acabara de magoa-lo por mais que ele negasse – melhor irmos deitar – ele levantou-se do sofá soltando a mão.

- Castle, por favor...

- Vamos, Kate está tudo bem – ela ficou de pé ao lado dele fazendo questão de entrelaçar os dedos aos dele.

- Eu vou procurar Dana. Eu prometo.

Naquela noite, eles deitaram lado a lado sem qualquer interação maior que um beijo de boa noite. Ambos demoraram a dormir presos em seus próprios pensamentos. Castle imaginava o que teria que fazer para quebrar essa barreira que Kate criara em seu coração. Também estava preocupado com a informação que lhe dera. Será que realmente vira o Josh? Ela não costumava se enganar com esse tipo de coisa, afinal era uma detetive treinada, tem boa visão. Talvez para sua sanidade e dela própria ele devesse averiguar.

Kate deitada de costas para Castle, pensava nas palavras dele. Sobre confiança, coragem e sobre sua relação. Ele definitivamente queria algo mais. Detestava admitir, mas no momento que prometeu ver Dana concordara que alguma coisa estava errada. Ficou pensando se isso poderia abalar sua relação com Castle. Se estivesse mesmo magoado, podia desistir dela. Se isso acontecesse, o que significaria para ela? Queria aliviar sua mente desses pensamentos pesados e angustiantes. Pela manhã ligaria para Dana. Agora teria que se forçar a dormir.

Ela ligou para a amiga e terapeuta cedo pela manhã. Mesmo sendo um sábado, Dana conhecia-a para saber que se ela ligasse deveria ser algo bem serio. Não deu outra. Dana combinou de recebê-la em seu consultório logo após o almoço. Duas da tarde. E lá estava ela, sentada na entrada da casa onde ficava o consultório da amiga, Kate segurava seu caderninho nas mãos enquanto esperava por Dana.

Pensativa, abriu o caderno nas suas ultimas anotações logo após a menção de DR por parte dele. Escrevera os seguintes pensamentos “meu relacionamento com Castle está bem. Não precisa de mais nada. Trabalhamos bem juntos, somos uma equipe. Temos nossos momentos de prazer, romance, sexo...ah! não posso reclamar do sexo! Conhecemos defeitos um do outro, compartilhamos da mesma teimosia. Por que arriscar tudo? “

Depois de reler o que escrevera, Kate tinha duvidas se aquelas palavras refletiam a verdade. As preocupações eram diferentes agora. Não se tratava apenas de relacionamento. Havia muitos sentimentos envolvidos. Precisava entender tudo o que se passava com ela, porque Castle tinha razão, esse não era seu comportamento normal.

- Oi, Kate! Estou aqui – Dana apareceu na sua frente. Vestia uma calca jeans e uma camiseta preta. Os óculos escuros no rosto protegiam os olhos do sol – vamos entrar? – Kate levantou-se para acompanha-la – confesso que estranhei o telefonema. Deve ter acontecido algo muito urgente para fazê-la vir aqui conversar em pleno sábado – ela permaneceu calada. Subiram as escadas, Dana abriu o consultório indo direto para sua sala. Ligou o ar condicionado e a cafeteira. Algo lhe dizia que precisariam de cafeína – sente-se, Kate.

Kate sentou-se no diva colocou o caderno ao seu lado. As mãos estavam sobre o joelho indicando claramente ansiedade e nervosismo através de sua linguagem corporal. Dana voltou para sua poltrona com duas canecas de café latte. Entregou uma a Kate tomando um primeiro gole antes de comentar qualquer coisa.

- Vi que trouxe seu caderninho.

- Se acha que é por causa dele que estou aqui, está errada.

- Ok, então o que a traz ao meu consultório? Estou no escuro aqui, Kate. Nem sei como começar a aborda-la. A bola esta com você – Kate tomou um pouco do café para buscar a calma antes de começar.

- Na verdade até para mim é difícil começar. Tenho medo do que possa estar acontecendo, não sei se estou pronta para falar e ouvir você me decifrar com suas técnicas, mas se não consigo com Castle ou se ele não quer acreditar em mim... não tenho muita escolha. Aconteceu algo muito intenso e estranho comigo há quatro dias. Estranho, não. Assustador. Eu estava bem, vinha voltando para o loft de Castle. Pretendia fazer um jantar leve para nos. Sai do distrito com a intenção de passar no mercado... – Kate relatou todo o acontecido detalhadamente para Dana. O que vira, suas reações, quem a ajudou e o episodio que se passou logo que chegara em casa quando desmaiara na frente de Castle.

Dane permanecera calada por toda a narrativa. Fazia algumas anotações em seu caderno a medida que a historia era contada. Não interrompeu a amiga nem uma vez. Observara a reação corporal e de expressões ao ouvi-la. Começava a montar um quadro em sua mente do que exatamente poderia estar perturbando Kate. Ao vê-la calar-se, Dana arriscou a perguntar.

- Você já acabou? Não tem mais nada para me contar? – viu Kate suspirar, estava claro que ela não terminara.

- Tem mais uma coisa, um pesadelo, mas prefiro ouvir sua opinião sobre o que realmente está acontecendo.

- Tudo bem, antes de emitir minha avaliação previa, tenho algumas perguntas. Você contou a Castle tudo o que disse a mim? Sobre essa outra informação, também conversou com ele?

- Eu contei com menos detalhes. Eu não me senti a vontade para contar tanto.

- Por que? Não confia nele?

- Não se trata de confiança, isso é algo intimo e eu... – era bem complicado para ela dizer aquelas palavras – eu tive medo.

- Medo de Castle ou medo do que ele faria?

- Um pouco dos dois e mais alguma coisa.

- Ok, vamos falar do medo depois. Tenho uma boa ideia do que possa estar se passando nessa cabecinha. Kate, depois de ouvir todo o seu relato para mim não há duvidas. Você teve um ataque de pânico. Tudo o que você me descreveu aponta para isso. O gatilho também está bem claro. Josh.

- Não! Eu não posso ter ataque de pânico, isso não combina comigo. Sou uma policial. Não tenho isso. Você está errada.

- Você sabe que não estou. E seu estado psicológico e emocional não tem nada a ver com a sua profissão. Além do mais, você já teve episódios no passado, já foi tomada por uma grande obsessão chegando ao fundo do poço. Isso foi claramente um ataque de pânico. Taquicardia, tremores nas mãos, ansiedade, suor frio e desmaios. E seu histórico com Josh foi o detonador da crise. Eu realmente preciso perguntar. Você viu Josh ou pensou ter visto?

- Você também, Dana! Eu vi! Castle também teve duvidas, foi um dos motivos que não quis contar todos os detalhes a ele. Infelizmente ele já deve ter uma imagem clara na cabeça por causa do pesadelo. Ele sabe que tornei a sonhar com Josh. Era ele, Dana. Ele não esta mais na África como Castle insiste. Eu sei o que vi.

- Tudo bem, acredito em você da mesma forma que espero que considere meu diagnostico. Só que não é apenas a questão física atrelada ao fato de ver Josh. Isso mexeu com a sua cabeça. Existe algo atrelado a esse ataque, a pessoa de Josh e as consequências de como isso afeta a você e Castle. Conte-me o sonho. Em detalhes.  

- Dana, eu não sei... – porém bastou um olhar da amiga para obedecer – foi muito assustador. Era uma cena do crime, um novo chamado de trabalho – ela descreveu o pesadelo para a terapeuta de maneira pausada, devagar. A imagem parecia nítida em sua mente e não demorou para o pavor tornar a deixa-la nervosa. Sentiu o coração acelerar ao chegar no ápice do sonho – ele estava ali caído. Era tanto sangue, tanto. Castle não podia morrer, eu me desesperei... – ela sentiu a garganta arder, fazia um esforço imenso para não ceder as lagrimas.

Ao ver o estado em que se encontrava, Dana levantou-se indo até ela, abraçando-a. diante do gesto, mesmo surpresa, a respiração de Kate foi melhorando. Fazendo olhar para Dana, a amiga iniciou outra série de perguntas.

- Você contou isso a Castle?

- Não, quer dizer, ele estava comigo quando acordei no meio da noite. Sabe que foi com Josh e que ele estava ferido. Mas não falamos sobre o sonho. Eu não tive coregem, Dana. Simplesmente estaria... não quero vê-lo magoado, triste ou fazendo qualquer besteira.

- Esse não foi o motivo porque você omitiu os detalhes do sono. Esta com medo e preocupada. Castle não esta aqui, portanto você pode contar a mim exatamente o que sentiu diante dessas duas situações. Por que você não quer compartilhar um episodio que diz respeito aos dois com a pessoa mais interessada nele? Você e Castle foram vitimas de Josh. Se há qualquer sinal de perigo, isso diz respeito a ambos. Não pode ser egoísta nesse momento, Kate. Acredito que seu sonho pretendia passar exatamente essa mensagem. Abra o jogo.

Era isso. Dana chegara no ponto mais temido por Kate quando prometera vir procura-la. Sabia que a terapeuta entenderia quase que imediatamente como ela se sentia. Deveria mentir para ela? Com que objetivo? Se não colocasse para fora tudo o que a afligia com Dana, não o faria com mais ninguém. O resultado disso poderia ser devastador em muitos aspectos. Suspirando, involuntariamente ela passou a mão nos cabelos.

- Eu tenho medo. Muito medo. De me deixar afetar pela possível presença de Josh. Deixar com que ele me atinja a ponto de atrapalhar minha vida. Não quero voltar a toca do coelho. Você sabe do que estou falando. Não entendo porque isso aconteceu comigo. Logo agora que as coisas estavam tão bem. O trabalho, a minha relação com Castle. Mas esse não é o meu único medo. Não foi o motivo de não ter conversado com Castle.

- E qual foi então? – Dana forçou achando que ela fosse finalmente revelar seus verdadeiros sentimentos pelo escritor. A resposta de Kate, porém, era bem diferente. Algo esperado baseado na pessoa que ela era, ainda assim inesperada.

- Tenho medo que se Castle conhecer esse meu outro lado, o confuso, obsessivo, a detetive sem coragem atormentada por um homem, que vive no limite. Sou uma pessoa fraca nesse momento, bem diferente da mulher que ele pensou conhecer, a detetive destemida, poderosa que luta por justiça na qual ele inspirou sua personagem. Tenho medo que ele se decepcione comigo. Não quero magoa-lo e muito menos fazê-lo correr perigo. Se algo acontecer com Castle, eu não irei me perdoar. A culpa será minha – ao terminar de dizer essas palavras, Kate baixou a cabeça colocando-a sobre os joelhos.

Dana decidiu dar um momento a ela. Conhecia bem como o psicológico de Kate funcionava. Essa era uma típica reação dela para negar o real sentimento. Infelizmente, diante da situação que ela acabara de lhe contar, Dana sabia que tocar no assunto amor seria catastrófico. Teria que focar no mais importante agora. Precisava fazer Kate entender que Castle estava ao lado dela para enfrentar qualquer problema. Tinha que combater essa insegurança que a dominava.

- Kate, eu sei o quanto é difícil enfrentar uma situação que a leva ao ataque de pânico. Isso se agrava pela sua profissão. Ser policial te faz cobrar alem do necessário de você mesma. Ninguém quer admitir que pode ser vencida pelo psicológico. Nem parecer frágil ou insegura. Mas não controlamos tudo na vida. O que aconteceu com você prova isso. O problema é que ao invés de aceitar ajuda, apoio de alguém que se preocupa em demasia com você, escolheu se fechar. Na verdade, procura maneiras de mante-lo longe de algo que diz respeito a ele também. Você realmente acredita que Castle está preocupado com a sua imagem?

Kate ergueu a cabeça tornando a olhar para a amiga. Dana continuou. Já

- Acha mesmo que esse ataque de pânico, o sonho, te diminuem perante a ele? Castle não está pensando se você é uma fraude, se não é Nikki. Ele está querendo ajuda-la. Sua insegurança não é demérito e não muda o que ele sente por você. Isso é algo que bolou em sua cabeça e se obrigou a acreditar piamente para que não mostrasse exatamente como se sentia a ele. Acha que ele não gostaria de saber que você se importa com a vida dele, que se culpa por expô-lo todos os dias ao perigo? Ele confia e acredita em você.  

- Ele sequer acreditou em mim quando contei sobre Josh.

- Não, Kate. Você assumiu que ele não acreditou simplesmente porque pareceu mais fácil para afasta-lo. Será que não passou pela sua cabeça que a reação de Castle foi normal? E claro que tendemos a negar a existência de algo que nos aflinge. Castle é tão vitima quanto você nessa historia. Acha mesmo que gostaria de ouvir que seu inimigo estava de volta aterrorizando a sua namorada. Alguém que ele mesmo jurou proteger por se importar demais com ela? Lógico que não! Se a situação fosse inversa, você não teria a mesma reação? Claro que sim! Como detetive iria querer provas, não apenas a palavra dele. Estou errada?

- Não...

- Ótimo! Que bom que reconhece. Já que esclarecemos esse ponto, vamos falar da sua recuperação. Eu sugiro que você saia daqui e conte tudo o que aconteceu para Castle, fale do sonho, do seu medo. Ele faz parte disso. Merece estar na mesma pagina que você. Não o mantenha no escuro, Kate. Ambos estão protegidos por uma ordem de restrição, a lei está do lado de vocês independente da volta de Josh para Nova York. Ele não pode atingi-los. Seria muito burro se fizesse.

- Não sei até que ponto estamos protegidos realmente. Dana, eu nem sei como agir algumas vezes ao lado de Castle! Eu não sou eu! Sabia que já fiquei assustada com meros carinhos dele? É como se eu o associasse ao inimigo. Aconteceu uma vez em casa e outra no distrito. Ele deve pensar que eu estou com medo dele. Agindo dessa forma, posso afasta-lo ou deixa-lo ainda mais preocupado. Outro dia, eu pedi ou melhor eu implorei com o olhar para que me acompanhasse a uma cena de crime. Eu estava com medo de chegar ao local sozinha por causa do sonho.

- É resultado dos ataques, Kate. Não posso dizer que sumirá de uma hora para outra. Contudo, existem meios de controla-los.

- Você está falando de drogas? Acha que eu quero ficar por ai andando pelas ruas da cidade tentando resolver homicídios feito um zumbi?

- Deixe de ser exagerada. Não funciona assim. O remédio em questão ajuda a controlar a ansiedade no seu dia a dia, assim caso ocorra um episodio ele será bem diferente do primeiro, pode até chegar a um nível bem fraco, quase imperceptível. A escolha é sua.

- Sem remédios. Tem que ter outra alternativa.

- E tem. Você tem a melhor saída bem ao seu lado. A ajuda de Castle. Ele está ali estendendo a mão para você, querendo apoia-la, protegê-la. Se dispondo a enfrentar os problemas juntos. Não há cura melhor, Kate. Quer saber por que? Não pode enfrentar isso sozinha. Pessoas com ataque de pânico que se isolam como você está pensando em fazer, apenas se maltratam cada vez mais. Se afundam a cada crise, sem apoio ate o momento que não conseguem dar um passo. Chegam ao fundo do poço. Se optar por fazer isso sozinha, sem a ajuda de Castle, não terá como escapar da toca do coelho. Não faça isso a si mesma. Ninguém é uma ilha, Kate.

- Você fala como se fosse fácil. Chega a ser humilhante! Eu, uma detetive competente com medo, não! Apavorada é a palavra com um médico que decidiu ser obsecado pela minha pessoa.

- Sei que não é fácil, Kate. Pensa que não sei a luta que você está travando entre sua mente e seu coração? Não esperava nada diferente vindo de você. Luta com seus sentimentos, seus medos por longos anos. Aprendeu a viver mantendo uma certa distancia das outras pessoas. Mas sua tática não ira funcionar agora, não com um diagnostico de pânico. Aceite meu conselho. Ninguém quer vê-la se entregar ao fracasso. Nem eu, Castle e principalmente você. Vá para casa, converse com Castle. Abra o jogo com ele, sem reservas. Você se sentirá muito melhor.

- -Eu não sei se consigo.

- Você consegue, Kate. Castle ira ajuda-la. E não descarte o remédio tão rapidamente – ela viu Kate mordiscar os lábios. Travava dentro de si uma luta pessoal – hey, não fique assim. Vem cá – ela puxou Kate em um novo abraço – você tem uma pessoa muito especial ao seu lado. Não deixe de aproveitar isso. Sabe qual a melhor para iniciar um papo complicado como esse? Depois de uma ótima noite de amor. E olha que interessante, hoje é sábado. Dia perfeito para um programinha a dois.

- Meu Deus! Como você consegue sugerir algo assim em um momento como esse?

- Simplesmente porque e uma ideia maravilhosa, você esta precisando relaxar e Castle precisa entender que nada mudou no relacionamento de vocês. Ah! Um pedido de desculpas vem bem a calhar – Kate se levantou do diva pegando sua bolsa e o caderno, Dana seguiu-a. Segurando-a pela mão, ela perguntou – sente-se melhor? Valeu a pena vir até aqui conversar?

- Sim, obrigada. Melhor eu ir para casa.

- Precisando, basta ligar. A qualquer hora.

Quando Kate deixou o consultório, Dana voltou a sentar-se na sua poltrona. Fez mais algumas anotações no caderno que iriam diretamente para a ficha de Kate. Era duro quando se tinha uma ligação a mais com a paciente. Naquele momento, ao pensar em tudo que Kate já vivera, ela não podia deixar de sentir um pouco de pena dela. Por quantas mais provações aquela mulher teria que passar antes de finalmente ter seu descanso, curtir o gostinho da felicidade? Amar e ser amada?

Enquanto relia as anotações, Dana se viu imaginando a angustia da amiga durante aquele pesadelo. Não fora a toa que acordou em desespero. Sobressaltada e chorando. Talvez ela mesma tivesse uma reação assim. O que Dana não podia vislumbrar era que o pesadelo de Kate era um recado de algo que estava próximo de acontecer, não exatamente da forma que se mostrara para ela.


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Castle estava impaciente. Perdera a conta de quantas vezes checara o relógio. Fazia três horas que Kate saira para visitar Dana. Sim, porque apesar dela ter dito que ia em seu apartamento e tentaria contatar Dana, ele sabia que era apenas isso que ela faria. Devia ter marcado um encontro com a terapeuta. Só que na visão de Castle, ela já deveria ter voltado. Depois do incidente com Kate, ele se tornara mais cauteloso e preocupado.

Não sabia até que ponto o suposto encontro de Kate fora real. Ela podia ter imaginado, não? Josh deveria estar na África. Ela deve ter se confundido. Era o que dizia a si mesmo querendo se convencer. Exceto que estava falhando completamente nesse caso. Kate era uma detetive treinada. Não se enganaria a esse ponto. Varias ideias se formavam em sua cabeça. O que fazer, o que não fazer, porém esse emaranhado de duvidas podia esperar. A primeira coisa que precisava garantir era a sanidade de Kate, teria que trazê-la para perto de si. Convencê-la a confiar nele o suficiente para dividir suas preocupações e medos. Esperava que Dana pudesse orienta-la nesse sentido.

Ele estava parado na frente da geladeira quando Alexis apareceu descendo as escadas com a bolsa na mão.

- O que está fazendo, pai? Você não está com fome. Até onde sei, Kate não está na geladeira – ele fechou a porta olhando para a filha com um olhar resignado.

- Ela já devia ter voltado. Daqui a pouco são seis da tarde. E se aconteceu alguma coisa?

- Não aconteceu nada. Pai, não adianta ficar ansioso. Isso apenas trará tensão para a relação de vocês. Sabe que é melhor para Kate conversar sobre o que aconteceu. Se a terapeuta é a pessoa mais indicada, que seja. Tenho certeza que você conseguirá do seu jeito fazê-la falar também – ela se aproximou do pai dando-lhe um beijo na bochecha – eu estou indo, vou ao cabeleireiro. Tenho hora para cabelo, unhas e maquiagem, por sua conta.

- Eu sou o máximo, não? – ele disse sorrindo – melhor pai do mundo?

- Está se encaminhado para isso, ainda tenho mais uns testes para você.     

Kate se viu caminhando de volta para o loft fazendo o mesmo caminho do outro dia. Dessa vez, fez um pequeno desvio. Entrou numa cafeteria pensando em fazer um mimo para Castle, o que ajudaria com seu pedido de desculpas e a prepararia para encara-lo quanto ao diagnostico que precisava aceitar e contar a ele. Ainda não sabia ao certo como dividiria seus pensamentos com Castle. Não seria de imediato. O café era um gesto de compromisso, de iniciativa para aproxima-los. Dependendo da reação dele, ela decidiria o que fazer.

Não podia enganar-se quanto ao seu próprio eu, Kate Beckett não chegaria em casa após uma sessão de terapia compartilhando todos os seus medos e sonhos, transformando sua vida em um livro aberto apenas porque a sua terapeuta lhe incentivou. Não, com ela seriam doses pequenas quando se sentisse pronta.  

Com dois copos de café nas mãos, ela tocou a campainha. Dois minutos foram necessários para que Castle abrisse a porta. Fazia uns vinte minutos da saída de Alexis, ao vê-la na sua frente, respirou aliviado.

- Amor, finalmente.

- Trouxe café para você – ela estendeu a bandeja – e uns muffins também. Sei que já esta perto do jantar, mas imaginei que se eu estava com vontade de beber café, Castle também poderia estar.

- Será um prazer saborear essa bebida a seu lado – segurando a bandeja com uma mão, ele enroscou os dedos nos dela guiando-a até o balcão da cozinha. Sentados um ao lado do outro, ele bateu levemente seu copo no dela como um brinde sorvendo o liquido quente – e sempre delicioso tomar um café na companhia de quem se am-gosta – quase cometera um deslize inaceitável, esperava que ela não houvesse notado – então, como foi a sua tarde? Conseguiu falar com Dana?

- Sim, eu estava com ela até a pouco.

- E está melhor depois de conversar? – ele a viu voltar a atenção ao copo de café. Imediatamente, tentou corrigir o que fizera – você sabe que não precisa me dizer nada agora. E particular, intimo e só diz respeito a você. Desculpe, não devia ter perguntado.

- Não, está tudo bem – ela deixou o copo sobre o balcão, examinava as mãos sem fita-lo ao falar – na verdade, estava errada. Não devia ter escondido nada de você – finalmente, dirigiu seu olhar para os olhos azuis meigos que a admiravam – Castle, esse assunto é importante para nos dois, não devia ter te mantido no escuro, eu errei – ela acariciou o rosto dele – eu sinto muito, Castle – por impulso, ela se lançou nos lábios dele em um beijo ansioso e cheio de culpa - De verdade. Tudo isso é difícil para mim.

- Hey, tudo bem. Não estou te cobrando nada. Se você precisar de mais um tempo, eu entenderei.

- Não, Castle. Eu quero falar, mas e um assunto intimo, algo que diz respeito a nos dois, não apenas um comentário sobre um programa de TV ou uma cena do crime. Precisamos estar a sos, sem interrupção. Não sei se conseguirei te contar tudo de uma vez, prometo tentar.

- Eu sei. Não precisa ser agora. Estava pensando, que tal sairmos para jantar? Alexis vai para essa tal festa, estamos sozinhos. Podíamos aproveitar para namorar – ele já enlaçava a cintura dela.

- Não sei, eu não gostaria de nos expor assim, Castle.

- Nova York é uma cidade imensa. Tenho o lugar ideal para irmos, bem reservado e não precisamos nos preocupar com ninguém.  

- Tá , você sabe mais do que eu quanto a isso. Vamos sair. Espairecer um pouco e mais tarde.... – ela o olhou por um longo instante, Castle pode ver a ansiedade e um outro sentimento que não conseguia descrever, seria medo, derrota? Kate matutava sobre a sugestão dele. Talvez fosse o melhor a fazer para lhe dar coragem.


– Mais tarde, nós precisamos conversar.


Continua... 

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