Nota da Autora: E agora a continuação de Knockout e o começo de Rise. Sei que as pessoas perguntam sobre angst, sim... esse capítulo e o que seguirá será nesse nivel. Faz parte do que a série se propos a contar, porém com algo a mais. Lembram dos 3 meses que Castle e Beckett ficaram separados sem se falar... hum, eu irei abordar o que aconteceu! Portanto, aproveitem a viagem e nem preciso dizer que Dana terá um papel fundamental nesses capitulos.
PS.: Adoro ser escritora e poder decidir o que fazer com quem não gosto (aka Josh!), mas acho que fui boazinha ...kkkkk.... Enjoy!
Cap.41
Montgomery começou a contar a história de um
tempo obscuro da sua vida. Revelando alguns detalhes, omitindo outros, ele
pediu a Castle para que independente do que acontecesse cuidasse de Kate e
garantisse que ela estivesse segura e longe dessa investigação no futuro. O
arquivo que tinha em mãos e enviaria para alguém de sua inteira confiança iria
salva-la desde que Castle cumprisse sua parte – fui claro, Castle?
- Sim, capitão. Entendi perfeitamente – Dana
olhava ansiosa para o escritor querendo captar algo a mais. O motivo da
conversa era óbvio. Kate Beckett. Será que algo acontecera com ela? A terapeuta
estava nervosa por não saber o que se passava. Não queria que nada acontecesse
com a amiga. Do outro lado da linha, a conversa continuava.
- Preste atenção no que vou fazer. Irei
telefonar para Beckett e dizer que tenho uma pista... – e assim, Montgomery
explicou o que pretendia fazer. Atrair Lockwood e seus capangas. Extremamente
arriscado. Castle compreendeu que o capitão iria sacrificar sua vida por ela,
somente esperava que valesse a pena pois em se tratando de Lockwood, as chances
dele e de Kate também eram pequenas. Mais de uma pessoa sairia morta naquele
confronto. Ele lutaria o quanto pudesse para que não fosse Kate.
Ao desligar o telefone, viu a cara angustiada
de Dana. Não devia ter sido fácil ficar de frente para ele sabendo que algo
muito sério estava sendo discutido e estar alheio a tudo.
- O que aconteceu? Pegaram a Kate? Deus! Ela
está ferida?
- Não, Dana. Montgomery tem um plano para
tentar salva-la. É tudo que posso dizer agora. Eu preciso ir. Quero estar na
minha casa quando ela ou ele me procurarem novamente. Eu agradeço por sua
ajuda, de verdade. Você é uma boa amiga para Kate. Se algo acontecer conosco,
comigo, peço que não a abandone. Sinto que ela precisará muito de um de nós
daqui para frente.
- Castle, o que você não está me contando? Por
favor não vá fazer nenhuma loucura. Não vá se jogar na frente do inimigo
querendo bancar o herói e acabar com uma bala no peito. Lembre-se do pesadelo
de Kate. Ela o vira morrer com um tiro no coração todas as noites. Se isso de
fato acontecer, irá devasta-la.
- Dana, eu a amo. Chegarei a esse extremo se
for preciso. Não quero, obviamente. Porém, não posso prever o que irá
acontecer. Apenas peço que cuide dela – ele levantou-se do divã caminhando para
a porta do consultório. Dana se pôs de pé seguindo-o. Antes que ele chegasse na
saída, ela segurou-lhe o braço fazendo-o virar-se para fita-la.
- Tome cuidado, Castle. Ainda quero ver os dois
sãos e salvos longe desse pesadelo – ela o abraçou – boa sorte e, por favor, me
mantenha informada.
- Eu irei. Obrigado mais uma vez – Castle
deixou o consultório rumo ao loft.
XXXXX
Montgomery suspirou ao desligar o celular.
Focado no que precisava fazer, ele reuniu todos os papeis e informações que
precisava colocou-as em um envelope, selou-o endereçando a única pessoa em que
poderia confiar aquele material para obter alguma proteção adicional para a sua
detetive. Ele torcia para que não fosse tarde demais. Em seguida, carregou a
sua arma com balas novas, estava pronto para a batalha. Era hora do próximo
passo.
Beckett estava no distrito revirando cada papel
referente ao caso em busca de provas quando o seu celular tocou. Castle. Ele
vinha ligando para ela a manhã toda. No total, já somava 23 ligações perdidas,
ela recusou novamente. Não queria encara-lo, não queria falar com ele. A sua última
conversa, os deixou machucados, irritados e por mais que o sentimento ainda
estivesse presente, ela não sabia como lidar com isso nesse momento. Não podia
parar a sua investigação para fazer DR com Castle. Acabou, ou era assim que ela
tentava se enganar.
Os rapazes trabalhavam avidamente no mesmo
caso. Eles queriam ajudá-la a deixar todo esse peso para trás. Assim como
Castle, entendiam o que o caso representava para Beckett e não queriam vê-la se
afundar com ele. Ryan recebe um telefonema com uma pista bem interessante. De
comum acordo, os rapazes decidem averiguar antes de contar o que descobriram
para Beckett.
Novamente, o celular toca. Irritada, ela pega o
aparelho disposta a desliga-lo quando vê quem estava ligando. Montgomery.
- Senhor.
- Beckett, temos uma pista.
- O que encontrou?
- Encontre-me no hangar onde encontramos o
helicóptero roubado. Explico tudo quando chegar lá.
- Certo. Estou a caminho.
Enquanto isso, Ryan e Esposito estavam no bar
de um ex-policial, Mike Yanavich. Ele trabalhou nos registros do 12th distrito
além de ter graduado na academia junto com Raglan e McCallister. Eles perguntam
se os dois policiais costumavam andar com outro policial. Mike confirma que
sim, um novato negro e melhor do que descreve-lo, Mike mostra uma foto antiga
dos três. Ao ver a foto de Montgomery sorrindo, Esposito rasga o papel e sai
com raiva.
A primeira reação dele é desacreditar. Quando
Ryan fala em voz alta que Montgomery é o terceiro policial e que ele vem
mentindo para eles todo esse tempo. Esposito movido pela raiva começa a brigar
com o parceiro. Após alguns socos, a verdade os atinge como um raio. Foram
traídos e precisavam avisar Beckett.
Do outro lado da cidade, Kate Beckett chegava
ao hangar para encontrar seu superior. Ela não tinha ideia do que estava
prestes a descobrir e a presenciar. O lugar estava silencioso. Ela chamou por
ele.
- Capitão? Capitão?
- Aqui – Beckett o viu sair por uma porta no
instante em que o celular recebe uma mensagem de Ryan “Montgomery é o terceiro
policial”. Ela olha para o seu superior desconfiada e novamente para o visor. Vê
que ele está de arma em punho. Ela guarda o celular, já alcançando a própria
arma, diz.
- Abaixe a arma, Roy.
- Kate, eu não vou para a prisão por isso. Não
posso arriscar minha família.
- Por que?
- Eu era um novato quando aconteceu, Kate. McCallister
e Raglan eram heróis para mim, eu acreditava no que eles estavam fazendo.
Estávamos indo pega Pulgatti naquela noite. Bob Armen não deveria estar lá.
Armen pegou minha arma, foi quando eu ouvi o tiro. Eu nem sabia que era a minha
arma que disparou até Armen cair. Então, McCallister me puxou para dentro da
van. Lembro-me dele dizendo, ok, garoto não é sua culpa. Acontece nessa cidade
todos os dias. McCallister e Raglan tentaram abafar, mas eu não. Me entreguei
ao trabalho. Eu me tornei o melhor policial que pude. Quando você chegou na
delegacia, senti a mão de Deus. Sabia que ele estava me dando outra chance e
pensei se pudesse te proteger do jeito que deveria tê-la protegido...
- Você matou minha mãe? – a voz demonstra medo
da resposta.
- Não, isso foi anos depois. Mas ela morreu por
causa do que fizemos naquela noite.
- Então, quem a matou?
- Não sei como, mas ele descobriu o que fizemos
e poderia ter nos delatado. Mas, ao invés disso, pediu o dinheiro do resgate.
Ele usou aquele dinheiro para se transformar no que é. Deve ter sido meu pior
pecado.
- Me dê um nome. Você me deve isso, Roy.
- Ok, se eu falar irá atrás dele. Seria melhor
atirar em você.
- Por isso me trouxe aqui, para me matar?
- Não, eu a trouxe aqui para atrai-los.
- Armou uma cilada para eles?
- Agora eles estão vindo. Preciso que saia
daqui, eles estão vindo para te matar e eu não vou deixar, vou pôr um fim
nisso.
- Não vou a lugar nenhum, senhor.
- Vai, sim – afirmou Roy – Castle! Tire-a daqui
– ela virou para trás e o viu parado ali. Após escutar toda a história, Castle
também não tinha certeza que sair dali com ela fosse o melhor.
- Capitão... – mas Montgomery não o deixou
continuar.
- Te chamei para isso. Tire-a daqui, agora!
- Capitão, por favor... você não tem que fazer
isso...
- Kate... – Castle tentava chamar sua atenção.
- Não, por favor... Senhor, eu te perdoo. Eu te
perdoo.
- Esse é o meu fardo, Kate. É aqui que devo
ficar.
- Não... – ela já estava quase chorando. Seu
emocional interferindo na razão, Montgomery chamou Castle mais uma vez.
- Castle.
- Não, senhor – ela insistia – por favor, me
escute, você não precisa fazer isso – um carro se aproximava.
- Castle, tire-a daqui agora! – Castle a
agarrou pela cintura erguendo-a.
- Não, Castle...
- Kate, Kate... – ele não sabia o que mais
dizer.
- Não, Castle me solta! Me solta! – mas ele não
soltou. Ele a carregou para fora do hangar enquanto Kate chorava e esperneava
querendo se livrar dos braços firmes dele. Do lado de fora, ela chorava e pedia
por favor, por favor... aquilo partia o coração de Castle, porém sua obrigação
naquele momento era salva-la. Não deixaria que aqueles homens imundos a
matassem, Montgomery estava se sacrificando por ela. Então, não podia falhar
com ele. Castle a apoiou em um dos carros.
- Eu sinto muito, sinto muito – ajeitou os
cabelos dela, manteve-se o mais próximo que podia para garantir que ela não
escapasse de seus braços. Conforme Roy previra, os bandidos vieram ansiando por
encontrá-la. Ao se depararem com Montgomery dizendo que eles não a teriam, a
batalha começou. Fora Montgomery quem dera os primeiros tiros. Matou os dois
comparsas de Lockwood, mas já estava ferido. Procurando pelo inimigo, eles
entraram num jogo de gato e rato. E como todo rato, Lockwood jogou sujo e
acertou um tiro no capitão vindo por trás.
- Você está acabado, Roy. Sabe que eu a acharei.
- Você não vai matá-la, nem ele. Você está
acabado, Lockwood. Nós dois estamos – e então Montgomery dá o último tiro
matando seu inimigo. Ao ouvir o estrondo, Kate sai dos braços de Castle e
começa a correr de volta ao hangar. Castle sabe que é o fim, Roy cumpriu sua
promessa. Correndo, ela chega até onde o capitão está deitado. A poça de sangue
no chão. Kate se ajoelha ao seu lado, acariciando seu rosto e desata a chorar.
Ela sabe que Montgomery dera sua vida por ela. Seu capitão seria para sempre seu
herói na NYPD.
Castle deixou que ela tivesse seu momento com o
superior. Na verdade, nunca vira Kate tão arrasada antes. Exceto quando estava
com muito medo nas crises de pânico e quando o assunto era o caso da mãe. Ele
permaneceu ali de pé até o momento que ela julgou ser suficiente para dar o
próximo passo. Sentada ao lado do corpo de Roy, ela olhou para Castle com o
rosto marcado de lágrimas e os olhos tristes. Kate não precisou dizer nada. Ele
pegou o telefone e ligou para 911. Em seguida, ligou para Esposito.
As providências para o enterro foram tomadas.
Castle e os rapazes se encarregaram de tudo. Beckett ainda se recuperava, era
tão difícil para elas como era para a família dele. Beckett fez questão de conversar
com os rapazes para fazê-los entender que Montgomery era um herói e ninguém
além dessa pequena família que incluía Castle saberia da verdade.
A sós, Castle decide perguntar como ela está
apesar de saber a resposta. Queria apenas abrir um contato com ela, estabelecer
uma conexão.
- Hey, como você está se sentindo, Kate?
- Castle, esse não é o melhor momento para uma
conversa dessas. Temos muito o que fazer para o enterro do capitão.
- É uma pergunta simples, apenas responda e não
adianta dizer “Estou bem” porque essa é a resposta errada – ela o fita com raiva.
- O que você acha, Castle? Nada está bem! Meu capitão
acabou de falecer por minha causa, para me defender, então bem é o último nível
de sentimento que me encontro agora.
- Kate, não é sua culpa. Montgomery fez o que
achou certo fazer. Esse peso não é seu para carregar – ela o olhou por uns
instantes e suspirou virando-se de costas e saindo de perto dele. Castle já poderia
prever que por um bom tempo isso martelaria em sua cabeça.
Como capitão da NYPD, Roy Montgomery teria um
enterro de herói, com todas as honras. Beckett usando sua farda de gala, era a
pessoa que discursaria pelos policiais que ele ajudara a formar e a se
desenvolver.
- Roy Montgomery me ensinou o que significa ser
um policial. Me ensinou que somos moldados por nossas escolhas. E que somos
maiores que nossos erros. Capitão Montgomery uma vez me disse que, para nós, a
vitória não existe. Existem apenas as batalhas. E no final, devemos ter
esperança de encontrar um lugar para deixarmos nossa marca. E se tivermos muita
sorte, encontraremos alguém disposto a nos apoiar sempre – nesse instante ela
olha para Castle – nosso capitão iria gostar que continuássemos na luta...
De repente, Castle se deu conta que poderia
dizer o quanto a amava naquele instante, ele também percebeu um brilho estranho
refletindo o sol bem a sua frente. Algo estava errado. Ela continuava discursando
sem saber que estava sobre a mira de uma arma. Então, ouviu-se o tiro e Castle
gritou por ela.
- Kate! – ele correu se jogando com ela no
chão, rapidamente os presentes entraram em pânico. Ele tentara salva-la, mas
tinha medo que fosse tarde demais. Ela tinha sido atingida. Com o corpo sobre o
dela, ele procurava deixa-la acordada. Ele precisava que ela aguentasse – não,
não Kate. Por favor, fique comigo, Kate. Não me deixe, por favor. Fica comigo,
está bem? – ela o olhava, percebia que chorava. A mente começava a enevoar,
estava cansada, a voz de Castle ecoava em seus ouvidos, pedindo, suplicando –
Kate... eu te amo. Eu te amo, Kate – e após essas palavras, Kate fechara os
olhos desmaiando por fim.
Desesperado, Castle envolveu-a nos braços. Lanie
se aproximou junto com os paramédicos. Tudo aconteceu muito rápido. Por alguns
instantes o mundo parou. Ele ficou estático diante da fisionomia pálida e sem
vida de sua amada. Com cuidado, Lanie afastou-o de Kate dando vez aos
paramédicos. Ele insistiu em ir com a médica na ambulância. No caminho, Castle
viu sua namorada, sim mesmo que ela tivesse dito que eles terminaram nada
mudara, ser entubada. Pegou o telefone e ligou para Dana. Sabia que ambos
precisariam dela.
A chegada no hospital foi tensa. Castle se
sentia desnorteado ao ver a detetive sendo levada para a sala de cirurgia. Não
sabia exatamente o que fazer. A cena repetia-se a cada minuto em sua mente. Até
aquele momento, Castle não tinha reparado que o que acontecera com Kate era
exatamente o pesadelo que ela tinha com ele.
Castle estava andando de um lado para outro.
Não havia nada que pudesse fazer naquele lugar. Sentia-se inútil. Sua filha e a
mãe estavam lá, queriam conforta-lo, porem tudo que ele queria era saber de
Kate. Ele não suportaria perde-la. Logo agora que revelara o que sentia de
verdade? Não, a história deles não podia terminar assim.
Dana chegou correndo pelo corredor até onde
Castle estava.
- Como ela está? Meu Deus! Como isso foi
acontecer?
- Eu não sei, ninguém diz nada! Não era para
ter levado aquele tiro, Montgomery me garantiu que ela ficaria segura. Dana, eu
disse a ela... eu disse que a amo. E agora, se ela não sobreviver... eu não
vou...
- Pare, Castle. Kate vai ficar bem. Ela é uma
lutadora, uma guerreira. Não desistirá fácil. Você vai ver, logo o médico que
está operando-a irá aparecer e dizer que a cirurgia foi um sucesso e que ela
está se recuperando muito bem – ela acariciou o braço dele e puxou-o num abraço
para conforta-lo. A confiança que Dana tentava passar para ele, era algo que
ela também pretendia acreditar, mas temia pela vida da amiga.
O que aconteceu depois não foi bem o que Dana
descrevera. Eles estavam no saguão. A terapeuta havia ido até a cafeteria do
hospital pegar um café para Castle. Voltara no exato momento que ninguém menos
que Josh aparecera. Ele caminhava na direção de Castle com o punho fechado
acertando um soco na cara dele.
- Seu idiota! Ela foi ferida por sua causa! Se
ela morrer, eu mato você – Castle tentou revidar e Dana empurrou o médico
gritando.
- Saia da minha frente ou te denuncio agora!
Você vai preso ou se esqueceu da ordem de restrição? – o segurança do hospital
chegou no mesmo instante que o chefe de Josh. Segurou o médico a força – você é
testemunha como todos aqui que ele atacou Castle. Eu posso denuncia-lo por
agressão! Vai querer que eu faça isso? Se não, tire-o agora do hospital. Não
quero vê-lo perto de Castle e Beckett, entendeu?
- Claro, perfeitamente. Vamos, Josh. Você não
deveria estar aqui – o médico saiu lutando com o segurança resmungando e
culpando Castle.
- Você vai se arrepender. Vai carregar a culpa
por ela ter sido baleada – ele escapou dos braços do segurança e avançou
novamente em Castle. Dessa vez, acertou o lábio e o fez sangrar. O escritor
revidou com um soco no estomago e outro no olho. O segurança agarrou-o outra
vez.
- Chega! Cadê a minha filha? Cadê a Katie? –
Jim olhava sério para os dois marmanjos. Dana foi até a direção dele procurando
acalma-lo. Virou-se para o superior de Josh e falou.
- Isso não ficará assim. Castle irá fazer um
exame de corpo delito e vou denuncia-lo para a polícia e se eu sonhar que ele
chegou pelo menos a um quilometro de Kate, a junta médica será meu próximo
passo – virando-se para Jim, ela continuou – venha comigo Sr. Beckett, sente-se
aqui. Ainda estamos aguardando os médicos, ela continua em cirurgia. Castle, eu
preciso cuidar dos seus ferimentos. Terei que fazer um relatório para entregar
ao juiz.
- Eu posso ficar com ele – disse Martha – vá
cuidar de Richard.
- Eu não vou sair daqui sem notícias de Kate,
pode esquecer Dana.
- Você está sangrando, pai.
- Já disse, nada é mais importante que saber
como ela está – uma enfermeira aparece no saguão. Ainda vestia as roupas
cirúrgicas.
- Vocês são os parentes de Kate Beckett?
- Eu sou o pai dela. Como ela está?
- Ainda em cirurgia. Ela teve duas paradas
cardíacas quando os médicos tentavam remover a bala. Ela perdeu bastante
sangue. Eles conseguiram estabiliza-la e irão remover a bala do coração.
Imagino que mais uma hora até que deixe a sala. Assim que tiver mais notícias,
eu aviso.
- Com licença – disse Dana – você pode me dizer
onde fica a área de curativos? Preciso tratar de Castle. Sou psicóloga e será
meu dever fazer com que esse homem faça um exame de corpo delito. Ele foi
agredido e iremos prestar queixa.
- Você pode me acompanhar. Mostro o caminho. Eu
volto com notícias – Dana e Castle saíram seguindo a enfermeira até uma pequena
sala. Lá foram apresentados a outra moça chamada Jane. Enquanto Dana explicava
o que pretendia, Castle ouvia sem dar muita atenção. Seus pensamentos estavam
em Kate. Duas paradas cardíacas, como isso fora acontecer? Tudo isso era muito
grave. Ela teria que ficar um tempo afastada do trabalho. Pensou no medo e no
ataque de pânico. Será que eles estariam de volta? Ele queria vê-la bem.
- Dana, você acha que Kate pode sofrer
novamente do ataque de pânico?
- Tudo é possível, mas nesses casos temos que
esperar. Normalmente, as pessoas desenvolvem o que chamamos de PTSD. Kate é
forte, Castle. Ela resistirá a isso.
- Duas paradas, Dana. Eu trocaria de lugar com
ela...
- Não, você não pode pensar assim. Precisa
estar bem para ajudá-la depois que isso acabar. A bala e a cirurgia foram
apenas o começo. Kate precisará de muito apoio para não sucumbir por causa do
caso de sua mãe. Nós somos as pessoas mais importante na vida dela agora, será
nosso dever evitar que ela se destrua.
- Eu faço tudo por ela, Dana. Eu a amo.
- Eu sei – ela passou o chumaço de algodão
limpando o resto de sangue dos lábios e colocando um pequeno curativo no lugar
– pronto, tenho tudo o que preciso para o juiz. Josh irá pagar pelo que fez.
- Pai? – Alexis apareceu na porta da enfermaria
– eles terminaram a cirurgia. Manterão Kate na UTI em coma induzido até amanhã
para que ela se recupere mais rapidamente. O médico deixou apenas o pai dela
entrar. Visitas só poderão ser feitas amanhã após o meio-dia. Não temos nada
mais para fazer aqui.
- Você deveria ir para casa, Castle. Precisará
estar descansado amanhã para falar com ela.
- Eu preciso vê-la, Dana – ele olhava para a
terapeuta quase suplicando – eu tenho que saber se ela está bem.
- Eu sei, querido. Mas, são ordens médicas. E
você não é parente ou família. Terá que esperar até amanhã. Você quer
conversar? Precisa de mim?
- Não. Eu não tenho cabeça para isso hoje.
Mesmo assim, obrigado.
- Não agradeça, faço isso por vocês dois. Vá
para casa com sua filha, Rick. Eu vou cuidar disso aqui – disse mostrando as
evidências que pretendia levar para o juiz – cuide dele.
Resignado, Castle aceitou ser levado por sua
filha até o saguão. Lá, ele viu o pai de Kate esperando para vê-la. O médico
voltou para busca-lo e Castle teve sua chance de perguntar.
- Ela vai ficar bem, doutor? Diga a verdade,
por favor.
- Como já disse, ela sofreu um ataque cardíaco
durante a cirurgia. Precisará ser monitorada de perto. Ela é uma lutadora. As
próximas 48 horas são cruciais. Sugiro que vá para casa. Todos vocês.
- Não irei para casa enquanto esse filho da
puta estiver a solta – disse Esposito.
- Estou com você, bro – confirmou Ryan. Castle
olhou para sua mãe que entendeu o que ele faria em seguida. Deu sua benção e
deixou-o manter a mente ocupada. Ela entendia o quanto seria importante para o
filho naquele momento.
XXXXX
Como bem avisara a Dana, ele não conseguira
dormir naquela noite. Sentado na sua cadeira cativa, ele se pegava pensando no
que poderia ter dado errado. Cada vez que fechava os olhos, revia a cena do
tiro. A mesma dor era sentida, a impotência e a falta de respostas. Castle
havia entendido que Montgomery iria agir e se sacrificar para que isso não
acontecesse. Então, por que ela fora baleada? Lockwood estava morto, quem era o
seu novo inimigo?
Ryan trouxe a arma usada pelo sniper. Nada de
digitais, estavam procurando DNA. Não havia pistas. A arma pertencia a um
oficial morto a sete anos em combate. Havia alguém grande por trás de toda essa
conspiração.
Em algum lugar em Nova York, um sujeito
desconhecido recebe um pacote importante enviado por Roy Montgomery. Ao ver o
nome do remetente, soube que precisava agir rapidamente ou a detetive não
sairia do hospital.
Castle acordou com o celular tocando. Ele
cochilara sobre a mesa de Beckett no 12th. Ainda zonzo e sem noção de onde
estava, ele demorou para atender a ligação. Felizmente, era algo bom. Kate
havia acordado e poderia receber visitas. Ele deixou o distrito a mil. Correu
para casa a fim de tomar um banho e voltar ao hospital. Comprou um belo buque
de flores. Antes de entrar no quarto dela, ele parou. Respirou fundo, olhou-se
em um pequeno vidro ajeitando o cabelo e abriu a porta.
No quarto, o pai dela estava sentado
conversando com a filha.
- Hey, Castle... – o pai ergueu-se beijando-lhe
a testa.
- Vou deixar vocês conversarem um pouco. Vou
pegar um café para mim – Castle sorriu de leve não conseguia parar de
encara-la.
- Você está me encarando, eu devo estar
horrível – ela tentava ajeitar os cabelos.
- Não, eu apenas pensei que não a veria
novamente. Eu ouvi que está abrindo uma floricultura, então pensei em trazer
mais essa.
- Estavam todas aqui quando eu acordei, devem
ser da delegacia. Acho que não precisarei me despedir, Castle.
- Provavelmente, não.
- Soube que tentou me salvar... – ela sorriu.
- É, eu... espere você soube? Você não se
lembra de mim te amparando?
- Não, eu não me lembro de muita coisa. Eu me
lembro que estava no púlpito, e eu me lembro de ter ficado tudo preto.
- Você não se lembra... – ele não podia dizer o
que queria – do tiro?
- Não. Dizem que há certas coisas que é melhor
não serem lembradas – essa frase atingiu como uma flecha o coração de Castle.
Ela não se lembrava das palavras dele e aparentemente não faria qualquer
esforço para reverter isso.
- Eu continuo vendo o rosto dele, Castle. Todas
as vezes que fecho meus olhos, eu vejo Montgomery deitado no chão daquele
hangar. Devia ter me deixado entrar lá.
- Eles a teriam matado.
- Você não sabe disso.
- Kate, eu sei. Toda vez que fecho meus olhos
eu a vejo caindo sem vida na grama, em meus braços. Não faria nada diferente.
Eu...
- Castle, eu estou muito cansada agora.
- É claro. Claro, nos falamos amanhã.
- Você se importa se não falarmos? Só preciso
de um pouco de tempo – ele olhou para ela surpreso. Mas, tinha que reconhecer
que não era fácil para ela reviver esse momento e não precisar respirar um
pouco.
- Claro, quanto tempo?
- Eu ligo para você, certo? – ele assentiu.
Abriu a porta do quarto e olhou uma vez mais para ela. Suspirou e saiu fechando
a porta atrás de si. Kate baixou a cabeça após vê-lo sair.
Castle andou pelos corredores do hospital
sentindo-se sozinho e perdido. Ela não se lembrava. Nem do tiro, nem do que ele
dissera antes dela desmaiar. Fora tudo em vão? O semblante dela indicava que
ela não estava bem. Ela sofrera bem mais do que ele esperava o baque. Por conhece-la
muito bem, Castle sabia que ela estava querendo distância dele por imaginar que
ele iria persuadi-la a falar, se tratar e talvez esquecer o que acontecera.
Sendo assim, ele poderia estar longe, mas tinha alguém que ficaria por perto
pelos dois.
Ele pegou o telefone e ligou para Dana.
- Castle, queria mesmo falar com você. Estou de
saída para ir ao escritório do juiz entregar o que tenho sobre Josh.
Provavelmente ele irá querer uma declaração sua. Se importa em vir comigo?
- Dana, acredito que temos problemas maiores
que Josh. Eu acabei de ver Kate no hospital. Ela não se lembra de nada. Não
lembra do tiro e não lembra que eu... que tentei salva-la e...
- Não lembra que você disse que a ama. Eu temia
que isso pudesse acontecer. Castle, esse tipo de comportamento é comum em
pessoas que sofrem grandes traumas. Kate viu seu mentor ser morto para salva-la
e logo em seguida levou um tiro que a colocou a beira da morte. Isso é reflexo
do stress. Chamamos de síndrome de estresse pós-traumático.
- Dana, eu não estou interessado no significado
médico ou técnico disso. Ela não se lembra! E para piorar, ela praticamente me
expulsou do quarto, disse que estava cansada e quando falei que falávamos
amanhã, ela pediu um tempo. Disse que me ligava.
- O que você queria, Castle? Que ela esquecesse
tudo e caísse em seus braços? Você pensa que é fácil para ela estar revivendo
tudo o que ela passou? Nós dois sabemos que Kate é uma pessoa complicada e
confusa quanto a sentimentos e relacionamentos. Ela acaba de perder mais uma batalha
para os inimigos, perdeu mais alguém querido para os mesmos homens que tiraram
sua mãe. Coloque-se em seu lugar.
- Dana, eu sei que é difícil. Eu só quero
ajuda-la! Eu estive ao lado dela durante todo o caso, eu quase morri ao vê-la
sem vida naquela grama!
- Eu sei! E exatamente por isso que você deve
respeitar a vontade dela. Dê esse tempo para Kate. Ela irá se recuperar e
contatar você novamente.
- Dana, pelo que conheço de Kate, ela precisará
de alguém ao lado dela durante esse caminho de volta, ou ela poderá se esconder
na toca do coelho mais uma vez. Por isso liguei para você. Se Kate não me quer
ao seu lado, eu aceito. Desde que você esteja lá por nós dois. Eu preciso que
seja meus olhos e meus ouvidos agora, preciso de você, Dana. Por favor... ela
precisa de você.
- Tudo bem, Castle. Você tem razão. Eu vou até
o escritório do juiz e depois vou visita-la no hospital. Mas quero que se
lembre do meu papel nessa história. Sou a terapeuta dela. Qualquer confissão ou
declaração que Kate faça estará protegida sob a confidencialidade de
médico-paciente.
- Eu entendo. Apenas preciso saber notícias
dela, se ela ficará bem. É tudo que peço nesse momento.
- Combinado. Imagino que ela não voltará a
trabalhar logo se é isso que você espera. As condições do tiroteio requerem
acompanhamento físico e psicológico até que ela esteja apta a usar seu
distintivo e sua arma outra vez. Ficará um tempo longe do 12th. Talvez por isso
tenha dito que precisava de um tempo. Não quis dizer que estaria afastada para
não parecer fraca a sua frente.
- Ela não é fraca.
- Você sabe e eu sei, mas na cabeça de Kate
Beckett quando ela precisa de apoio sente-se covarde e ela detesta passar por
covarde ou coitadinha. Eu mantenho você informado.
- Obrigado, Dana – desligou o telefone e voltou
para a delegacia. Tinham um caso para investigar.
Na parte da tarde, Dana chegou ao hospital para
ver a amiga. Encontrou com o pai dela na saída do quarto. Jim revelara que a
filha iria com ele para a sua cabana que ficava a quatro horas de Nova York.
Ambos concordaram com o médico de que Kate precisava de repouso e de um tempo
longe da cidade. Era primordial para sua recuperação.
Dana assentiu, porém algo lhe dizia que havia
mais nessa história que a simples recuperação de Kate. Conhecia a detetive o
suficiente para saber que seu primeiro desejo seria investigar seu tiroteio e
caçar o culpado com as próprias mãos. Não via a hora de colocá-lo atrás das
grades. Essa definitivamente não era uma atitude de Beckett e Dana iria
descobrir o que estava por trás da submissão dela.
- Hey... não é todo o dia que se ressurge dos
mortos para receber tantas flores! Bom te ver, Kate. Você está com uma cara
péssima.
- Obrigada. Pelo menos alguém foi sincero
comigo. Oi, Dana – a amiga sentou-se ao lado dela.
- Como você está?
- Ainda zonza. Perdida. Não consigo pensar
direito.
- O que você queria? Deixa eu ver, a morte de
seu mentor, um funeral, um tiroteio seguido de quatro horas de cirurgia lutando
por sua vida, duas paradas cardíacas e um ataque cardíaco. Realmente, nada
comparado a um passeio no parque! Você pulou uma super fogueira, Kate. Está
viva!
- Você faz parecer tanto quando fala e ao mesmo
tempo tão pouco.
- Não se iluda, é bem mais que a maioria das
pessoas tem que enfrentar na vida. O jeito como se sente é totalmente
aceitável. Seu pai me disse que vai com ele para longe da cidade, para a
cabana.
- Ordens médicas. Preciso de repouso absoluto
para me recuperar.
- Hum, eu sei. Mas, por outro lado, isso não
combina com você. Está fugindo, Kate?
- Fugindo? De onde você tirou essa ideia?
- Kate, nós duas sabemos que numa situação
dessa o comportamento da detetive Beckett seria correr do hospital diretamente
para o 12th distrito e cavar tudo o que pudesse desse atirador que quase a
matou. Ficaria obcecada com o caso e não sossegaria enquanto não encontrasse
nada. Sendo assim, sua reação somente me indica uma coisa. Você está com medo
ou há outra razão para sair da cidade – Kate desviou o olhar da médica, Dana já
entendera que havia mais do que a amiga estava contando. Ela pegou a mão de Kate
na sua.
- Kate, em uma situação dessas é natural que o
paciente desenvolva PTSD. Você já passou por uma fase de síndrome do pânico.
Não me surpreende se apresentar sintomas de PTSD. Não há nada do que se
envergonhar. Por causa disso, eu farei questão de acompanhar sua recuperação.
Não somente como sua terapeuta, o que você irá precisar para voltar ao serviço,
mas principalmente como sua amiga. Irei visita-la duas ou três vezes na semana
dependendo do seu progresso. Quero que saiba que qualquer assunto abordado será
parte do nosso acordo de confidencialidade, portanto não precisa temer, pode
falar tudo o que está sentindo. Será apenas entre eu e você. Nem seu pai
saberá.
- Eu não tenho PTSD. Eu só preciso de um tempo.
Eu quase morri, Dana...
- Eu sei. Entendo mais do que você imagina.
Você falou com Castle?
- Ele esteve aqui mais cedo. Parecia que estava
vendo um fantasma.
- Bem, diante de tudo é compreensível. Ele se
culpa pelo que aconteceu.
- Eu percebi. Disse que precisava de um tempo.
- Você estava se referindo a sua recuperação ou
ao relacionamento de vocês? – Dana não podia deixar de cutucar a ferida.
- Não temos um relacionamento. Ele acabou antes
disso tudo acontecer. Eu não quero falar sobre isso agora.
- Tudo bem. Mas do ponto de vista de quem
acompanhou as quatro horas em que você lutava para permanecer viva, não me
pareceu que ele tivesse desistido de você. O relacionamento não acabou para
Castle, achei que você deveria saber. O resto, eu contarei mais tarde.
- Que resto?
- Mais tarde, Kate. Procure descansar. Eu
estarei na sua cabana daqui a três dias. Terá tempo para descansar e pensar
sobre os assuntos que irá conversar comigo. Por volta das três da tarde.
Teremos muito o que explorar nesses dias – ela se levantou deu um beijo na amiga
e seguiu para a porta, antes de sair virou-se para fita-la – ah, mais uma
coisa. Não esqueça de levar seu caderninho vermelho para a cabana. Tenho
certeza que precisaremos dele. Vejo você em breve, Kate – fechou a porta atrás
de si. Fitando o nada, Kate mordiscou os lábios. Odiava admitir o fato de que
Dana a conhecia tão bem. Tinha razão, em outros tempos ela estaria no distrito
caçando seu algoz. Não agora. Sua vida acabara de ser revirada de ponta cabeça.
Ela precisava organizar seus pensamentos, entender o que estava sentindo para
de fato dar o próximo passo. Se pudesse, ela tiraria um tempo dela mesma.
Naquela noite, Castle deixara o 12th por volta
das oito. Não havia feito grande progresso na investigação. Amanhã será um novo
dia, foram suas palavras para os rapazes. Os três estavam determinados a
encontrar respostas e precisaria ser rápido. Logo a 1PP nomearia um novo chefe
para o 12th distrito e Castle sabia que seus dias naquele lugar estavam se
esgotando.
Ele bebia um copo de whisky enquanto olhava
para uma foto de Kate sobre sua mesa no escritório. Era a foto do arquivo que
abriram em seu nome para investigar o tiroteio no funeral de Montgomery. Tudo
bem, tiroteio era o nome errado para aquilo. Claramente, sabiam que era uma
execução, queima de arquivo se preferir o termo. Felizmente, a vítima era
alguém que não se entregava tão facilmente. Kate Beckett sobrevivera para que
pudessem fazer justiça e era exatamente isso que buscavam.
O celular tocou. Respirou fundo ao ver o nome
de Dana.
- Dana. Finalmente. Diga que tem boas notícias.
- Não sei se boas, mas definitivamente notícias.
Estive com ela hoje. Como eu imaginei, ela está abalada e sofrendo com tudo,
Castle. Precisa de um refúgio e isso é exatamente o que conseguiu. Kate irá
para a cabana do pai, fica a quatro horas da cidade. Ela me disse que foram
ordens médicas, o que eu e você sabemos ser a verdade parcial. Kate precisa
fugir nesse momento. Está confusa e embora não queira admitir, ela sofre de
PTSD. Eu praticamente a obriguei a me aceitar por três dias na semana. Precisa
de acompanhamento e de alguém que a faça enxergar o que de fato significou todo
o acontecimento.
- Ela lhe disse que não se lembra de nada?
- Não chegamos a conversar sobre isso.
Perguntei se ela tinha lhe visto. Ela disse que sim. Também não mencionei o
ocorrido com Josh, mas pretendo. Ele deverá ser preso amanhã. Castle, eu sei
que é difícil para você aceitar apenas a minha palavra quando digo que é
imprescindível que ela se afaste de tudo e de todos, isso inclui você.
- Eu posso visita-la, Dana.
- Não, você não pode e não deve. Kate irá
entrar em um momento de reflexão, de descoberta e deve fazer isso sozinha. Não
se preocupe, eu estarei lá para garantir que ela entenda e enxergue o quadro
completo. Kate pode estar com os pensamentos confusos e embaralhados. Pode não
se lembrar do que aconteceu naquele cemitério ainda, porém eu pude ver em seus
olhos que o sentimento que ela tem por você permanece o mesmo. Essa será a
maior batalha que ela enfrentará e eu estarei ao lado dela guiando-a, pode
contar comigo. Não vou fazê-la esquecer você, Castle. Tem minha palavra.
- E o que devo fazer agora?
- Faça o que sempre fez. Investigue, ache
pistas e continue esperando. Ela disse que ligaria, então aguarde o celular
tocar. Não apresse as coisas. E se precisar conversar, estou aqui.
- Isso é frustrante!
- Sei que sim, mas está fazendo isso pela
mulher que ama. Isso deve bastar para convence-lo – ele suspirou.
- Eu sei. Obrigado novamente, Dana.
- Boa noite, Castle.
Seguindo o conselho de Dana, Castle voltou a
delegacia no dia seguinte para continuar o trabalho com os rapazes. Havia
algumas pistas e vários becos sem saída. A investigação era lenta e frustrante.
Estavam correndo contra o tempo. Havia rumores que o substituto de Montgomery
estaria na delegacia ao final daquela semana, o que significava depois de
amanhã.
Quando o celular de Castle tocou naquela quinta-feira,
ele olhou esperançoso para o visor querendo que fosse Kate. Não era. Quem
ligara era o juiz do seu caso intimando-o a comparecer no tribunal em uma hora
para prestar depoimento quanto a agressão do Dr. Josh Davidson. Ele avisou os
rapazes que precisava sair.
No tribunal, encontrou com Dana. Juntos, eles
contaram tudo o que acontecera no saguão do hospital e havia também duas
enfermeiras e o chefe de Josh como testemunha. Não havia como negar. O médico
teria duas opções: embarcar em um voo para a África naquela noite para
continuar a trabalhar com o programa “Médicos sem fronteira” sem previsão de
retorno aos Estados Unidos nos próximos cinco anos, ou três anos de reclusão e
uma multa de duzentos mil dólares. É claro que Josh escolheu a África.
Ao saírem do tribunal, Dana confirmou que
pegaria a estrada para visitar Kate no dia seguinte. Castle contou a ela sobre
a investigação e seu medo de que pudesse ser afastado do distrito com o nosso
superior. Estava praticamente de mãos atadas.
Ao voltar para o distrito, Gina ligara em seu
celular. Heat Rises, o terceiro livro da série Heat estaria nas livrarias dali
a duas semanas e Castle precisava atender a reuniões na editora e começar o
tour pelo país. Com raiva, ele brigou com Gina.
- Será que você é insensível? Não lê jornais?
Não soube o que aconteceu com Kate? Não posso pensar no meu livro ou em campanha
de marketing agora. Quero prender o responsável por quase tirar a vida dela!
- Richard, sei muito bem o que você está
passando. Sinto muito pelo que aconteceu com Kate, mas a investigação é
trabalho da NYPD, não seu. Você está muito envolvido, precisa se afastar. Fazer
essas viagens irá ajudá-lo.
- Como quer que pense em livro e fãs quando o
assassino da mulher que eu amo está a solta e pode ataca-la novamente?
- Certo e por isso você vai jogar tudo para o
alto e sair numa caçada para pega-lo? Ele é um assassino, já pensou que pode
mata-lo também? Um pouco de bom senso não faz mal a ninguém, Richard. Pense na
sua filha. Vou esperar sua ligação.
Castle desligou o telefone com raiva. Sua
vontade era jogar o aparelho na parede. O pior de tudo era que Gina tinha
razão. Essa investigação tinha tudo para ser abafada, era perigosa demais. E
sabe lá se o próximo capitão irá querer mexer em casa de marimbondo? Ele teria
suas respostas no dia seguinte.
Naquela sexta-feira, Victoria Gates, a nova
capitão do 12th distrito reuniu seus funcionários para apresentar-se e
salda-los. Também prestou sua homenagem e suas condolências pela morte de
Montgomery e tratou de dizer como a banda iria tocar a partir daquele instante.
Após dispensa-los, Gates chamou Ryan e Esposito em sua sala, Castle os
acompanhou.
Gates pediu para ouvir seus relatos quanto ao
tiroteio contra a detetive Beckett. Esposito contou a capitã tudo que
descobriram. Ryan mostrou as evidencias e os relatórios da arma, balística e
DNA. Ela examinou com cuidado o que tinha a sua frente.
- Detetives, vocês sabem o quanto entendo que
querem achar o culpado por atirar na detetive Beckett não apenas como
parceiros, mas por serem amigos. Também sei que a perda de seu superior os
motiva a isso. Infelizmente, como aprendemos na academia e ao longo dos anos. O
fator tempo em uma investigação é crucial para encontrarmos o caminho que nos
leva ao culpado. Nesse caso, a sua trilha já esfriou a um bom tempo. Não há
novas pistas ou fatos para serem checados e por esse motivo eu declaro esse
caso encerrado.
- Não pode fazer isso, senhora. Estamos
verificando a conta bancaria que Castle descobriu. Tivemos um monte de
respostas falsas, porem será questão de tempo até chegarmos a certa. E...
- Detetive Ryan, eu já disse que o caso está
encerrado. O que me leva a um outro assunto. Mr. Castle, eu não vou tolerar
ninguém brincando de detetive no meu distrito. Não sei como Montgomery
costumava a gerir esse lugar, mas agora as regras são minhas. Pouco me importa
sua ligação com o prefeito. Não permitirei que nenhum civil se arrisque ou
ponha em risco e evidência a vida de meus policiais, portanto considere-se
dispensado do 12th.
- Capitã, a senhora não pode fazer isso. Castle
nos ajudou em muitas investigações, ele é importante para o distrito e para a
NYPD e...
- Detetive Ryan, acredito que o Sr. Castle não
precisa de um advogado de defesa. E, a propósito, dirija-se a mim como sir.
- Sim, desculpe sir.
- A capitã tem razão. Não preciso de um
advogado. Aliás, com o fechamento dessa investigação não há nada importante que
me prenda a esse lugar. Passar bem, espero que tenha uma boa jornada na frente
do 12th distrito. Sinto muito, rapazes – sem pensar duas vezes, ele saiu pela
porta. Ryan e Esposito se entreolharam sem saber o que fazer. Não precisaram
descobrir.
- Estão dispensados.
Ao saírem da sala da capitã, Ryan comentou.
- Beckett irá odiar Gates. Só quero ver a cara
dela quando o prefeito a obrigar a aceitar Castle de volta.
- Bro, não ouviu? Castle não voltará aqui
enquanto Beckett estiver fora. Não interessa o que o prefeito ache. E quanto ao
caso, eu não vou deixar ele esfriar. Devo isso a Beckett.
- Javi, eu te entendo, mas se Gates sonhar que
estamos remexendo nisso...
- Eu não quero saber. Estou pouco me lixando
para o que a capitã acha.
Castle estava de pé na calçada olhando para o
prédio do 12th distrito. Era estranho deixar aquele lugar sabendo que não
voltaria por um tempo. Se Kate o chamasse, ele estaria ali. Seriam tempos
difíceis para os rapazes com a nossa capitã. Ele olhou para o celular.
Resignado, ele apertou a tecla para retornar a ligação de Gina. Não havia outra
coisa a fazer a não ser voltar a sua vida normal de escritor.
XXXXXX
Dana dirigiu por longas três horas até chegar
na cabana onde Kate se refugiara. Durante o caminho, ela pensara em como
abordaria a amiga em primeiro lugar. Tomara uma decisão. Evitaria perguntar
sobre o tiro. Esse assunto viria à tona quando Kate se sentisse à vontade para
falar dele. Agora, concentraria seus esforços em entender como ela estava, seus
pensamentos e seus sentimentos com a perda de outra pessoa querida.
Antes de sair do carro, ela precisou de um
minuto para se preparar. Esperava que a amiga estivesse bem e pronta para
falar. Saiu do carro, caminhando para a casa. Avistou Kate na varanda sentada
numa cadeira com uma caneca na mão. Dana sabia que era café. O rosto estava
mais fino, pálido. As olheiras demonstravam que não vinha dormindo bem.
Pesadelos, sintomas característicos de PTSD. Suspirou e abriu o sorriso se aproximando.
- Olá, Kate. Espero que esteja feliz em me ver.
Continua...
3 comentários:
Rick mais uma vez a sofrer por ela, ela gosta dele mas acaba por o por de parte, em certos pontos depresa a presença dele. Ela merecia que ele partisse para outra, para alguém que lhe desse o devido valor. Ele esteve e está sempre ali para ela, já ela com os seus medos e receios só o faz sofrer. Junta logo eles, que lutem juntos....
Um dos momentos mais "sofríveis" da série, e você expressou esse sofrimento com a mesma intensidade.
Espero que o Castle faça uma visitinha nessa cabana....
Nem preciso comentar que esse capítulo está no tópico 10 dos capítulos mais sofridos! 😭 Esse episódio é ferir não só o coração mais como o corpo todo 😢😭 Coisas boas POR FAVOR 😩
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