terça-feira, 5 de janeiro de 2016

[Caskett Fic] One Night Only !!! - Cap.41


Nota da Autora: E agora a continuação de Knockout e o começo de Rise. Sei que as pessoas perguntam sobre angst, sim... esse capítulo e o que seguirá será nesse nivel. Faz parte do que a série se propos a contar, porém com algo a mais. Lembram dos 3 meses que Castle e Beckett ficaram separados sem se falar... hum, eu irei abordar o que aconteceu! Portanto, aproveitem a viagem e nem preciso dizer que Dana terá um papel fundamental nesses capitulos. 

PS.: Adoro ser escritora e poder decidir o que fazer com quem não gosto (aka Josh!), mas acho que fui boazinha ...kkkkk.... Enjoy! 



Cap.41


Montgomery começou a contar a história de um tempo obscuro da sua vida. Revelando alguns detalhes, omitindo outros, ele pediu a Castle para que independente do que acontecesse cuidasse de Kate e garantisse que ela estivesse segura e longe dessa investigação no futuro. O arquivo que tinha em mãos e enviaria para alguém de sua inteira confiança iria salva-la desde que Castle cumprisse sua parte – fui claro, Castle?

- Sim, capitão. Entendi perfeitamente – Dana olhava ansiosa para o escritor querendo captar algo a mais. O motivo da conversa era óbvio. Kate Beckett. Será que algo acontecera com ela? A terapeuta estava nervosa por não saber o que se passava. Não queria que nada acontecesse com a amiga. Do outro lado da linha, a conversa continuava.

- Preste atenção no que vou fazer. Irei telefonar para Beckett e dizer que tenho uma pista... – e assim, Montgomery explicou o que pretendia fazer. Atrair Lockwood e seus capangas. Extremamente arriscado. Castle compreendeu que o capitão iria sacrificar sua vida por ela, somente esperava que valesse a pena pois em se tratando de Lockwood, as chances dele e de Kate também eram pequenas. Mais de uma pessoa sairia morta naquele confronto. Ele lutaria o quanto pudesse para que não fosse Kate.

Ao desligar o telefone, viu a cara angustiada de Dana. Não devia ter sido fácil ficar de frente para ele sabendo que algo muito sério estava sendo discutido e estar alheio a tudo.

- O que aconteceu? Pegaram a Kate? Deus! Ela está ferida?

- Não, Dana. Montgomery tem um plano para tentar salva-la. É tudo que posso dizer agora. Eu preciso ir. Quero estar na minha casa quando ela ou ele me procurarem novamente. Eu agradeço por sua ajuda, de verdade. Você é uma boa amiga para Kate. Se algo acontecer conosco, comigo, peço que não a abandone. Sinto que ela precisará muito de um de nós daqui para frente.

- Castle, o que você não está me contando? Por favor não vá fazer nenhuma loucura. Não vá se jogar na frente do inimigo querendo bancar o herói e acabar com uma bala no peito. Lembre-se do pesadelo de Kate. Ela o vira morrer com um tiro no coração todas as noites. Se isso de fato acontecer, irá devasta-la.

- Dana, eu a amo. Chegarei a esse extremo se for preciso. Não quero, obviamente. Porém, não posso prever o que irá acontecer. Apenas peço que cuide dela – ele levantou-se do divã caminhando para a porta do consultório. Dana se pôs de pé seguindo-o. Antes que ele chegasse na saída, ela segurou-lhe o braço fazendo-o virar-se para fita-la.

- Tome cuidado, Castle. Ainda quero ver os dois sãos e salvos longe desse pesadelo – ela o abraçou – boa sorte e, por favor, me mantenha informada.

- Eu irei. Obrigado mais uma vez – Castle deixou o consultório rumo ao loft.    

XXXXX

Montgomery suspirou ao desligar o celular. Focado no que precisava fazer, ele reuniu todos os papeis e informações que precisava colocou-as em um envelope, selou-o endereçando a única pessoa em que poderia confiar aquele material para obter alguma proteção adicional para a sua detetive. Ele torcia para que não fosse tarde demais. Em seguida, carregou a sua arma com balas novas, estava pronto para a batalha. Era hora do próximo passo. 

Beckett estava no distrito revirando cada papel referente ao caso em busca de provas quando o seu celular tocou. Castle. Ele vinha ligando para ela a manhã toda. No total, já somava 23 ligações perdidas, ela recusou novamente. Não queria encara-lo, não queria falar com ele. A sua última conversa, os deixou machucados, irritados e por mais que o sentimento ainda estivesse presente, ela não sabia como lidar com isso nesse momento. Não podia parar a sua investigação para fazer DR com Castle. Acabou, ou era assim que ela tentava se enganar.

Os rapazes trabalhavam avidamente no mesmo caso. Eles queriam ajudá-la a deixar todo esse peso para trás. Assim como Castle, entendiam o que o caso representava para Beckett e não queriam vê-la se afundar com ele. Ryan recebe um telefonema com uma pista bem interessante. De comum acordo, os rapazes decidem averiguar antes de contar o que descobriram para Beckett.

Novamente, o celular toca. Irritada, ela pega o aparelho disposta a desliga-lo quando vê quem estava ligando. Montgomery.

- Senhor.

- Beckett, temos uma pista.

- O que encontrou?

- Encontre-me no hangar onde encontramos o helicóptero roubado. Explico tudo quando chegar lá.

- Certo. Estou a caminho.

Enquanto isso, Ryan e Esposito estavam no bar de um ex-policial, Mike Yanavich. Ele trabalhou nos registros do 12th distrito além de ter graduado na academia junto com Raglan e McCallister. Eles perguntam se os dois policiais costumavam andar com outro policial. Mike confirma que sim, um novato negro e melhor do que descreve-lo, Mike mostra uma foto antiga dos três. Ao ver a foto de Montgomery sorrindo, Esposito rasga o papel e sai com raiva.

A primeira reação dele é desacreditar. Quando Ryan fala em voz alta que Montgomery é o terceiro policial e que ele vem mentindo para eles todo esse tempo. Esposito movido pela raiva começa a brigar com o parceiro. Após alguns socos, a verdade os atinge como um raio. Foram traídos e precisavam avisar Beckett.

Do outro lado da cidade, Kate Beckett chegava ao hangar para encontrar seu superior. Ela não tinha ideia do que estava prestes a descobrir e a presenciar. O lugar estava silencioso. Ela chamou por ele.

- Capitão? Capitão?

- Aqui – Beckett o viu sair por uma porta no instante em que o celular recebe uma mensagem de Ryan “Montgomery é o terceiro policial”. Ela olha para o seu superior desconfiada e novamente para o visor. Vê que ele está de arma em punho. Ela guarda o celular, já alcançando a própria arma, diz.

- Abaixe a arma, Roy.

- Kate, eu não vou para a prisão por isso. Não posso arriscar minha família.

- Por que?

- Eu era um novato quando aconteceu, Kate. McCallister e Raglan eram heróis para mim, eu acreditava no que eles estavam fazendo. Estávamos indo pega Pulgatti naquela noite. Bob Armen não deveria estar lá. Armen pegou minha arma, foi quando eu ouvi o tiro. Eu nem sabia que era a minha arma que disparou até Armen cair. Então, McCallister me puxou para dentro da van. Lembro-me dele dizendo, ok, garoto não é sua culpa. Acontece nessa cidade todos os dias. McCallister e Raglan tentaram abafar, mas eu não. Me entreguei ao trabalho. Eu me tornei o melhor policial que pude. Quando você chegou na delegacia, senti a mão de Deus. Sabia que ele estava me dando outra chance e pensei se pudesse te proteger do jeito que deveria tê-la protegido...

- Você matou minha mãe? – a voz demonstra medo da resposta.

- Não, isso foi anos depois. Mas ela morreu por causa do que fizemos naquela noite.

- Então, quem a matou?

- Não sei como, mas ele descobriu o que fizemos e poderia ter nos delatado. Mas, ao invés disso, pediu o dinheiro do resgate. Ele usou aquele dinheiro para se transformar no que é. Deve ter sido meu pior pecado.

- Me dê um nome. Você me deve isso, Roy.

- Ok, se eu falar irá atrás dele. Seria melhor atirar em você.

- Por isso me trouxe aqui, para me matar?

- Não, eu a trouxe aqui para atrai-los.

- Armou uma cilada para eles?

- Agora eles estão vindo. Preciso que saia daqui, eles estão vindo para te matar e eu não vou deixar, vou pôr um fim nisso.

- Não vou a lugar nenhum, senhor.

- Vai, sim – afirmou Roy – Castle! Tire-a daqui – ela virou para trás e o viu parado ali. Após escutar toda a história, Castle também não tinha certeza que sair dali com ela fosse o melhor.

- Capitão... – mas Montgomery não o deixou continuar.

- Te chamei para isso. Tire-a daqui, agora!

- Capitão, por favor... você não tem que fazer isso...

- Kate... – Castle tentava chamar sua atenção.

- Não, por favor... Senhor, eu te perdoo. Eu te perdoo.

- Esse é o meu fardo, Kate. É aqui que devo ficar.

- Não... – ela já estava quase chorando. Seu emocional interferindo na razão, Montgomery chamou Castle mais uma vez.

- Castle.

- Não, senhor – ela insistia – por favor, me escute, você não precisa fazer isso – um carro se aproximava.

- Castle, tire-a daqui agora! – Castle a agarrou pela cintura erguendo-a.

- Não, Castle...

- Kate, Kate... – ele não sabia o que mais dizer.

- Não, Castle me solta! Me solta! – mas ele não soltou. Ele a carregou para fora do hangar enquanto Kate chorava e esperneava querendo se livrar dos braços firmes dele. Do lado de fora, ela chorava e pedia por favor, por favor... aquilo partia o coração de Castle, porém sua obrigação naquele momento era salva-la. Não deixaria que aqueles homens imundos a matassem, Montgomery estava se sacrificando por ela. Então, não podia falhar com ele. Castle a apoiou em um dos carros.

- Eu sinto muito, sinto muito – ajeitou os cabelos dela, manteve-se o mais próximo que podia para garantir que ela não escapasse de seus braços. Conforme Roy previra, os bandidos vieram ansiando por encontrá-la. Ao se depararem com Montgomery dizendo que eles não a teriam, a batalha começou. Fora Montgomery quem dera os primeiros tiros. Matou os dois comparsas de Lockwood, mas já estava ferido. Procurando pelo inimigo, eles entraram num jogo de gato e rato. E como todo rato, Lockwood jogou sujo e acertou um tiro no capitão vindo por trás.

- Você está acabado, Roy. Sabe que eu a acharei.

- Você não vai matá-la, nem ele. Você está acabado, Lockwood. Nós dois estamos – e então Montgomery dá o último tiro matando seu inimigo. Ao ouvir o estrondo, Kate sai dos braços de Castle e começa a correr de volta ao hangar. Castle sabe que é o fim, Roy cumpriu sua promessa. Correndo, ela chega até onde o capitão está deitado. A poça de sangue no chão. Kate se ajoelha ao seu lado, acariciando seu rosto e desata a chorar. Ela sabe que Montgomery dera sua vida por ela. Seu capitão seria para sempre seu herói na NYPD.

Castle deixou que ela tivesse seu momento com o superior. Na verdade, nunca vira Kate tão arrasada antes. Exceto quando estava com muito medo nas crises de pânico e quando o assunto era o caso da mãe. Ele permaneceu ali de pé até o momento que ela julgou ser suficiente para dar o próximo passo. Sentada ao lado do corpo de Roy, ela olhou para Castle com o rosto marcado de lágrimas e os olhos tristes. Kate não precisou dizer nada. Ele pegou o telefone e ligou para 911. Em seguida, ligou para Esposito.

As providências para o enterro foram tomadas. Castle e os rapazes se encarregaram de tudo. Beckett ainda se recuperava, era tão difícil para elas como era para a família dele. Beckett fez questão de conversar com os rapazes para fazê-los entender que Montgomery era um herói e ninguém além dessa pequena família que incluía Castle saberia da verdade.

A sós, Castle decide perguntar como ela está apesar de saber a resposta. Queria apenas abrir um contato com ela, estabelecer uma conexão.

- Hey, como você está se sentindo, Kate?

- Castle, esse não é o melhor momento para uma conversa dessas. Temos muito o que fazer para o enterro do capitão.

- É uma pergunta simples, apenas responda e não adianta dizer “Estou bem” porque essa é a resposta errada – ela o fita com raiva.

- O que você acha, Castle? Nada está bem! Meu capitão acabou de falecer por minha causa, para me defender, então bem é o último nível de sentimento que me encontro agora.

- Kate, não é sua culpa. Montgomery fez o que achou certo fazer. Esse peso não é seu para carregar – ela o olhou por uns instantes e suspirou virando-se de costas e saindo de perto dele. Castle já poderia prever que por um bom tempo isso martelaria em sua cabeça.  

Como capitão da NYPD, Roy Montgomery teria um enterro de herói, com todas as honras. Beckett usando sua farda de gala, era a pessoa que discursaria pelos policiais que ele ajudara a formar e a se desenvolver.

- Roy Montgomery me ensinou o que significa ser um policial. Me ensinou que somos moldados por nossas escolhas. E que somos maiores que nossos erros. Capitão Montgomery uma vez me disse que, para nós, a vitória não existe. Existem apenas as batalhas. E no final, devemos ter esperança de encontrar um lugar para deixarmos nossa marca. E se tivermos muita sorte, encontraremos alguém disposto a nos apoiar sempre – nesse instante ela olha para Castle – nosso capitão iria gostar que continuássemos na luta...

De repente, Castle se deu conta que poderia dizer o quanto a amava naquele instante, ele também percebeu um brilho estranho refletindo o sol bem a sua frente. Algo estava errado. Ela continuava discursando sem saber que estava sobre a mira de uma arma. Então, ouviu-se o tiro e Castle gritou por ela.

- Kate! – ele correu se jogando com ela no chão, rapidamente os presentes entraram em pânico. Ele tentara salva-la, mas tinha medo que fosse tarde demais. Ela tinha sido atingida. Com o corpo sobre o dela, ele procurava deixa-la acordada. Ele precisava que ela aguentasse – não, não Kate. Por favor, fique comigo, Kate. Não me deixe, por favor. Fica comigo, está bem? – ela o olhava, percebia que chorava. A mente começava a enevoar, estava cansada, a voz de Castle ecoava em seus ouvidos, pedindo, suplicando – Kate... eu te amo. Eu te amo, Kate – e após essas palavras, Kate fechara os olhos desmaiando por fim.

Desesperado, Castle envolveu-a nos braços. Lanie se aproximou junto com os paramédicos. Tudo aconteceu muito rápido. Por alguns instantes o mundo parou. Ele ficou estático diante da fisionomia pálida e sem vida de sua amada. Com cuidado, Lanie afastou-o de Kate dando vez aos paramédicos. Ele insistiu em ir com a médica na ambulância. No caminho, Castle viu sua namorada, sim mesmo que ela tivesse dito que eles terminaram nada mudara, ser entubada. Pegou o telefone e ligou para Dana. Sabia que ambos precisariam dela.     

A chegada no hospital foi tensa. Castle se sentia desnorteado ao ver a detetive sendo levada para a sala de cirurgia. Não sabia exatamente o que fazer. A cena repetia-se a cada minuto em sua mente. Até aquele momento, Castle não tinha reparado que o que acontecera com Kate era exatamente o pesadelo que ela tinha com ele.

Castle estava andando de um lado para outro. Não havia nada que pudesse fazer naquele lugar. Sentia-se inútil. Sua filha e a mãe estavam lá, queriam conforta-lo, porem tudo que ele queria era saber de Kate. Ele não suportaria perde-la. Logo agora que revelara o que sentia de verdade? Não, a história deles não podia terminar assim.

Dana chegou correndo pelo corredor até onde Castle estava.

- Como ela está? Meu Deus! Como isso foi acontecer?

- Eu não sei, ninguém diz nada! Não era para ter levado aquele tiro, Montgomery me garantiu que ela ficaria segura. Dana, eu disse a ela... eu disse que a amo. E agora, se ela não sobreviver... eu não vou...

- Pare, Castle. Kate vai ficar bem. Ela é uma lutadora, uma guerreira. Não desistirá fácil. Você vai ver, logo o médico que está operando-a irá aparecer e dizer que a cirurgia foi um sucesso e que ela está se recuperando muito bem – ela acariciou o braço dele e puxou-o num abraço para conforta-lo. A confiança que Dana tentava passar para ele, era algo que ela também pretendia acreditar, mas temia pela vida da amiga.

O que aconteceu depois não foi bem o que Dana descrevera. Eles estavam no saguão. A terapeuta havia ido até a cafeteria do hospital pegar um café para Castle. Voltara no exato momento que ninguém menos que Josh aparecera. Ele caminhava na direção de Castle com o punho fechado acertando um soco na cara dele.

- Seu idiota! Ela foi ferida por sua causa! Se ela morrer, eu mato você – Castle tentou revidar e Dana empurrou o médico gritando.

- Saia da minha frente ou te denuncio agora! Você vai preso ou se esqueceu da ordem de restrição? – o segurança do hospital chegou no mesmo instante que o chefe de Josh. Segurou o médico a força – você é testemunha como todos aqui que ele atacou Castle. Eu posso denuncia-lo por agressão! Vai querer que eu faça isso? Se não, tire-o agora do hospital. Não quero vê-lo perto de Castle e Beckett, entendeu?

- Claro, perfeitamente. Vamos, Josh. Você não deveria estar aqui – o médico saiu lutando com o segurança resmungando e culpando Castle.

- Você vai se arrepender. Vai carregar a culpa por ela ter sido baleada – ele escapou dos braços do segurança e avançou novamente em Castle. Dessa vez, acertou o lábio e o fez sangrar. O escritor revidou com um soco no estomago e outro no olho. O segurança agarrou-o outra vez.

- Chega! Cadê a minha filha? Cadê a Katie? – Jim olhava sério para os dois marmanjos. Dana foi até a direção dele procurando acalma-lo. Virou-se para o superior de Josh e falou.

- Isso não ficará assim. Castle irá fazer um exame de corpo delito e vou denuncia-lo para a polícia e se eu sonhar que ele chegou pelo menos a um quilometro de Kate, a junta médica será meu próximo passo – virando-se para Jim, ela continuou – venha comigo Sr. Beckett, sente-se aqui. Ainda estamos aguardando os médicos, ela continua em cirurgia. Castle, eu preciso cuidar dos seus ferimentos. Terei que fazer um relatório para entregar ao juiz.

- Eu posso ficar com ele – disse Martha – vá cuidar de Richard.

- Eu não vou sair daqui sem notícias de Kate, pode esquecer Dana.

- Você está sangrando, pai.

- Já disse, nada é mais importante que saber como ela está – uma enfermeira aparece no saguão. Ainda vestia as roupas cirúrgicas.

- Vocês são os parentes de Kate Beckett?

- Eu sou o pai dela. Como ela está?

- Ainda em cirurgia. Ela teve duas paradas cardíacas quando os médicos tentavam remover a bala. Ela perdeu bastante sangue. Eles conseguiram estabiliza-la e irão remover a bala do coração. Imagino que mais uma hora até que deixe a sala. Assim que tiver mais notícias, eu aviso.

- Com licença – disse Dana – você pode me dizer onde fica a área de curativos? Preciso tratar de Castle. Sou psicóloga e será meu dever fazer com que esse homem faça um exame de corpo delito. Ele foi agredido e iremos prestar queixa.

- Você pode me acompanhar. Mostro o caminho. Eu volto com notícias – Dana e Castle saíram seguindo a enfermeira até uma pequena sala. Lá foram apresentados a outra moça chamada Jane. Enquanto Dana explicava o que pretendia, Castle ouvia sem dar muita atenção. Seus pensamentos estavam em Kate. Duas paradas cardíacas, como isso fora acontecer? Tudo isso era muito grave. Ela teria que ficar um tempo afastada do trabalho. Pensou no medo e no ataque de pânico. Será que eles estariam de volta? Ele queria vê-la bem.

- Dana, você acha que Kate pode sofrer novamente do ataque de pânico?

- Tudo é possível, mas nesses casos temos que esperar. Normalmente, as pessoas desenvolvem o que chamamos de PTSD. Kate é forte, Castle. Ela resistirá a isso.

- Duas paradas, Dana. Eu trocaria de lugar com ela...

- Não, você não pode pensar assim. Precisa estar bem para ajudá-la depois que isso acabar. A bala e a cirurgia foram apenas o começo. Kate precisará de muito apoio para não sucumbir por causa do caso de sua mãe. Nós somos as pessoas mais importante na vida dela agora, será nosso dever evitar que ela se destrua.

- Eu faço tudo por ela, Dana. Eu a amo.

- Eu sei – ela passou o chumaço de algodão limpando o resto de sangue dos lábios e colocando um pequeno curativo no lugar – pronto, tenho tudo o que preciso para o juiz. Josh irá pagar pelo que fez.

- Pai? – Alexis apareceu na porta da enfermaria – eles terminaram a cirurgia. Manterão Kate na UTI em coma induzido até amanhã para que ela se recupere mais rapidamente. O médico deixou apenas o pai dela entrar. Visitas só poderão ser feitas amanhã após o meio-dia. Não temos nada mais para fazer aqui.

- Você deveria ir para casa, Castle. Precisará estar descansado amanhã para falar com ela.    

- Eu preciso vê-la, Dana – ele olhava para a terapeuta quase suplicando – eu tenho que saber se ela está bem.

- Eu sei, querido. Mas, são ordens médicas. E você não é parente ou família. Terá que esperar até amanhã. Você quer conversar? Precisa de mim?

- Não. Eu não tenho cabeça para isso hoje. Mesmo assim, obrigado.

- Não agradeça, faço isso por vocês dois. Vá para casa com sua filha, Rick. Eu vou cuidar disso aqui – disse mostrando as evidências que pretendia levar para o juiz – cuide dele.

Resignado, Castle aceitou ser levado por sua filha até o saguão. Lá, ele viu o pai de Kate esperando para vê-la. O médico voltou para busca-lo e Castle teve sua chance de perguntar.

- Ela vai ficar bem, doutor? Diga a verdade, por favor.

- Como já disse, ela sofreu um ataque cardíaco durante a cirurgia. Precisará ser monitorada de perto. Ela é uma lutadora. As próximas 48 horas são cruciais. Sugiro que vá para casa. Todos vocês.

- Não irei para casa enquanto esse filho da puta estiver a solta – disse Esposito.

- Estou com você, bro – confirmou Ryan. Castle olhou para sua mãe que entendeu o que ele faria em seguida. Deu sua benção e deixou-o manter a mente ocupada. Ela entendia o quanto seria importante para o filho naquele momento.  

XXXXX

Como bem avisara a Dana, ele não conseguira dormir naquela noite. Sentado na sua cadeira cativa, ele se pegava pensando no que poderia ter dado errado. Cada vez que fechava os olhos, revia a cena do tiro. A mesma dor era sentida, a impotência e a falta de respostas. Castle havia entendido que Montgomery iria agir e se sacrificar para que isso não acontecesse. Então, por que ela fora baleada? Lockwood estava morto, quem era o seu novo inimigo?

Ryan trouxe a arma usada pelo sniper. Nada de digitais, estavam procurando DNA. Não havia pistas. A arma pertencia a um oficial morto a sete anos em combate. Havia alguém grande por trás de toda essa conspiração.

Em algum lugar em Nova York, um sujeito desconhecido recebe um pacote importante enviado por Roy Montgomery. Ao ver o nome do remetente, soube que precisava agir rapidamente ou a detetive não sairia do hospital.

Castle acordou com o celular tocando. Ele cochilara sobre a mesa de Beckett no 12th. Ainda zonzo e sem noção de onde estava, ele demorou para atender a ligação. Felizmente, era algo bom. Kate havia acordado e poderia receber visitas. Ele deixou o distrito a mil. Correu para casa a fim de tomar um banho e voltar ao hospital. Comprou um belo buque de flores. Antes de entrar no quarto dela, ele parou. Respirou fundo, olhou-se em um pequeno vidro ajeitando o cabelo e abriu a porta.

No quarto, o pai dela estava sentado conversando com a filha.

- Hey, Castle... – o pai ergueu-se beijando-lhe a testa.

- Vou deixar vocês conversarem um pouco. Vou pegar um café para mim – Castle sorriu de leve não conseguia parar de encara-la.

- Você está me encarando, eu devo estar horrível – ela tentava ajeitar os cabelos.

- Não, eu apenas pensei que não a veria novamente. Eu ouvi que está abrindo uma floricultura, então pensei em trazer mais essa.

- Estavam todas aqui quando eu acordei, devem ser da delegacia. Acho que não precisarei me despedir, Castle.

- Provavelmente, não.

- Soube que tentou me salvar... – ela sorriu.

- É, eu... espere você soube? Você não se lembra de mim te amparando?

- Não, eu não me lembro de muita coisa. Eu me lembro que estava no púlpito, e eu me lembro de ter ficado tudo preto.

- Você não se lembra... – ele não podia dizer o que queria – do tiro?

- Não. Dizem que há certas coisas que é melhor não serem lembradas – essa frase atingiu como uma flecha o coração de Castle. Ela não se lembrava das palavras dele e aparentemente não faria qualquer esforço para reverter isso.

- Eu continuo vendo o rosto dele, Castle. Todas as vezes que fecho meus olhos, eu vejo Montgomery deitado no chão daquele hangar. Devia ter me deixado entrar lá.

- Eles a teriam matado.

- Você não sabe disso.

- Kate, eu sei. Toda vez que fecho meus olhos eu a vejo caindo sem vida na grama, em meus braços. Não faria nada diferente. Eu...

- Castle, eu estou muito cansada agora.

- É claro. Claro, nos falamos amanhã.

- Você se importa se não falarmos? Só preciso de um pouco de tempo – ele olhou para ela surpreso. Mas, tinha que reconhecer que não era fácil para ela reviver esse momento e não precisar respirar um pouco.

- Claro, quanto tempo?

- Eu ligo para você, certo? – ele assentiu. Abriu a porta do quarto e olhou uma vez mais para ela. Suspirou e saiu fechando a porta atrás de si. Kate baixou a cabeça após vê-lo sair.

Castle andou pelos corredores do hospital sentindo-se sozinho e perdido. Ela não se lembrava. Nem do tiro, nem do que ele dissera antes dela desmaiar. Fora tudo em vão? O semblante dela indicava que ela não estava bem. Ela sofrera bem mais do que ele esperava o baque. Por conhece-la muito bem, Castle sabia que ela estava querendo distância dele por imaginar que ele iria persuadi-la a falar, se tratar e talvez esquecer o que acontecera. Sendo assim, ele poderia estar longe, mas tinha alguém que ficaria por perto pelos dois.

Ele pegou o telefone e ligou para Dana.

- Castle, queria mesmo falar com você. Estou de saída para ir ao escritório do juiz entregar o que tenho sobre Josh. Provavelmente ele irá querer uma declaração sua. Se importa em vir comigo?

- Dana, acredito que temos problemas maiores que Josh. Eu acabei de ver Kate no hospital. Ela não se lembra de nada. Não lembra do tiro e não lembra que eu... que tentei salva-la e...

- Não lembra que você disse que a ama. Eu temia que isso pudesse acontecer. Castle, esse tipo de comportamento é comum em pessoas que sofrem grandes traumas. Kate viu seu mentor ser morto para salva-la e logo em seguida levou um tiro que a colocou a beira da morte. Isso é reflexo do stress. Chamamos de síndrome de estresse pós-traumático. 

- Dana, eu não estou interessado no significado médico ou técnico disso. Ela não se lembra! E para piorar, ela praticamente me expulsou do quarto, disse que estava cansada e quando falei que falávamos amanhã, ela pediu um tempo. Disse que me ligava.

- O que você queria, Castle? Que ela esquecesse tudo e caísse em seus braços? Você pensa que é fácil para ela estar revivendo tudo o que ela passou? Nós dois sabemos que Kate é uma pessoa complicada e confusa quanto a sentimentos e relacionamentos. Ela acaba de perder mais uma batalha para os inimigos, perdeu mais alguém querido para os mesmos homens que tiraram sua mãe. Coloque-se em seu lugar.

- Dana, eu sei que é difícil. Eu só quero ajuda-la! Eu estive ao lado dela durante todo o caso, eu quase morri ao vê-la sem vida naquela grama!

- Eu sei! E exatamente por isso que você deve respeitar a vontade dela. Dê esse tempo para Kate. Ela irá se recuperar e contatar você novamente.

- Dana, pelo que conheço de Kate, ela precisará de alguém ao lado dela durante esse caminho de volta, ou ela poderá se esconder na toca do coelho mais uma vez. Por isso liguei para você. Se Kate não me quer ao seu lado, eu aceito. Desde que você esteja lá por nós dois. Eu preciso que seja meus olhos e meus ouvidos agora, preciso de você, Dana. Por favor... ela precisa de você.

- Tudo bem, Castle. Você tem razão. Eu vou até o escritório do juiz e depois vou visita-la no hospital. Mas quero que se lembre do meu papel nessa história. Sou a terapeuta dela. Qualquer confissão ou declaração que Kate faça estará protegida sob a confidencialidade de médico-paciente.

- Eu entendo. Apenas preciso saber notícias dela, se ela ficará bem. É tudo que peço nesse momento. 

- Combinado. Imagino que ela não voltará a trabalhar logo se é isso que você espera. As condições do tiroteio requerem acompanhamento físico e psicológico até que ela esteja apta a usar seu distintivo e sua arma outra vez. Ficará um tempo longe do 12th. Talvez por isso tenha dito que precisava de um tempo. Não quis dizer que estaria afastada para não parecer fraca a sua frente.

- Ela não é fraca.

- Você sabe e eu sei, mas na cabeça de Kate Beckett quando ela precisa de apoio sente-se covarde e ela detesta passar por covarde ou coitadinha. Eu mantenho você informado.

- Obrigado, Dana – desligou o telefone e voltou para a delegacia. Tinham um caso para investigar.

Na parte da tarde, Dana chegou ao hospital para ver a amiga. Encontrou com o pai dela na saída do quarto. Jim revelara que a filha iria com ele para a sua cabana que ficava a quatro horas de Nova York. Ambos concordaram com o médico de que Kate precisava de repouso e de um tempo longe da cidade. Era primordial para sua recuperação.

Dana assentiu, porém algo lhe dizia que havia mais nessa história que a simples recuperação de Kate. Conhecia a detetive o suficiente para saber que seu primeiro desejo seria investigar seu tiroteio e caçar o culpado com as próprias mãos. Não via a hora de colocá-lo atrás das grades. Essa definitivamente não era uma atitude de Beckett e Dana iria descobrir o que estava por trás da submissão dela.

- Hey... não é todo o dia que se ressurge dos mortos para receber tantas flores! Bom te ver, Kate. Você está com uma cara péssima.

- Obrigada. Pelo menos alguém foi sincero comigo. Oi, Dana – a amiga sentou-se ao lado dela.

- Como você está?

- Ainda zonza. Perdida. Não consigo pensar direito.

- O que você queria? Deixa eu ver, a morte de seu mentor, um funeral, um tiroteio seguido de quatro horas de cirurgia lutando por sua vida, duas paradas cardíacas e um ataque cardíaco. Realmente, nada comparado a um passeio no parque! Você pulou uma super fogueira, Kate. Está viva!

- Você faz parecer tanto quando fala e ao mesmo tempo tão pouco.

- Não se iluda, é bem mais que a maioria das pessoas tem que enfrentar na vida. O jeito como se sente é totalmente aceitável. Seu pai me disse que vai com ele para longe da cidade, para a cabana.

- Ordens médicas. Preciso de repouso absoluto para me recuperar.

- Hum, eu sei. Mas, por outro lado, isso não combina com você. Está fugindo, Kate?

- Fugindo? De onde você tirou essa ideia?

- Kate, nós duas sabemos que numa situação dessa o comportamento da detetive Beckett seria correr do hospital diretamente para o 12th distrito e cavar tudo o que pudesse desse atirador que quase a matou. Ficaria obcecada com o caso e não sossegaria enquanto não encontrasse nada. Sendo assim, sua reação somente me indica uma coisa. Você está com medo ou há outra razão para sair da cidade – Kate desviou o olhar da médica, Dana já entendera que havia mais do que a amiga estava contando. Ela pegou a mão de Kate na sua.

- Kate, em uma situação dessas é natural que o paciente desenvolva PTSD. Você já passou por uma fase de síndrome do pânico. Não me surpreende se apresentar sintomas de PTSD. Não há nada do que se envergonhar. Por causa disso, eu farei questão de acompanhar sua recuperação. Não somente como sua terapeuta, o que você irá precisar para voltar ao serviço, mas principalmente como sua amiga. Irei visita-la duas ou três vezes na semana dependendo do seu progresso. Quero que saiba que qualquer assunto abordado será parte do nosso acordo de confidencialidade, portanto não precisa temer, pode falar tudo o que está sentindo. Será apenas entre eu e você. Nem seu pai saberá.   

- Eu não tenho PTSD. Eu só preciso de um tempo. Eu quase morri, Dana...

- Eu sei. Entendo mais do que você imagina. Você falou com Castle?

- Ele esteve aqui mais cedo. Parecia que estava vendo um fantasma.

- Bem, diante de tudo é compreensível. Ele se culpa pelo que aconteceu.

- Eu percebi. Disse que precisava de um tempo.

- Você estava se referindo a sua recuperação ou ao relacionamento de vocês? – Dana não podia deixar de cutucar a ferida.

- Não temos um relacionamento. Ele acabou antes disso tudo acontecer. Eu não quero falar sobre isso agora.

- Tudo bem. Mas do ponto de vista de quem acompanhou as quatro horas em que você lutava para permanecer viva, não me pareceu que ele tivesse desistido de você. O relacionamento não acabou para Castle, achei que você deveria saber. O resto, eu contarei mais tarde.

- Que resto?

- Mais tarde, Kate. Procure descansar. Eu estarei na sua cabana daqui a três dias. Terá tempo para descansar e pensar sobre os assuntos que irá conversar comigo. Por volta das três da tarde. Teremos muito o que explorar nesses dias – ela se levantou deu um beijo na amiga e seguiu para a porta, antes de sair virou-se para fita-la – ah, mais uma coisa. Não esqueça de levar seu caderninho vermelho para a cabana. Tenho certeza que precisaremos dele. Vejo você em breve, Kate – fechou a porta atrás de si. Fitando o nada, Kate mordiscou os lábios. Odiava admitir o fato de que Dana a conhecia tão bem. Tinha razão, em outros tempos ela estaria no distrito caçando seu algoz. Não agora. Sua vida acabara de ser revirada de ponta cabeça. Ela precisava organizar seus pensamentos, entender o que estava sentindo para de fato dar o próximo passo. Se pudesse, ela tiraria um tempo dela mesma.

Naquela noite, Castle deixara o 12th por volta das oito. Não havia feito grande progresso na investigação. Amanhã será um novo dia, foram suas palavras para os rapazes. Os três estavam determinados a encontrar respostas e precisaria ser rápido. Logo a 1PP nomearia um novo chefe para o 12th distrito e Castle sabia que seus dias naquele lugar estavam se esgotando.

Ele bebia um copo de whisky enquanto olhava para uma foto de Kate sobre sua mesa no escritório. Era a foto do arquivo que abriram em seu nome para investigar o tiroteio no funeral de Montgomery. Tudo bem, tiroteio era o nome errado para aquilo. Claramente, sabiam que era uma execução, queima de arquivo se preferir o termo. Felizmente, a vítima era alguém que não se entregava tão facilmente. Kate Beckett sobrevivera para que pudessem fazer justiça e era exatamente isso que buscavam.

O celular tocou. Respirou fundo ao ver o nome de Dana.

- Dana. Finalmente. Diga que tem boas notícias.

- Não sei se boas, mas definitivamente notícias. Estive com ela hoje. Como eu imaginei, ela está abalada e sofrendo com tudo, Castle. Precisa de um refúgio e isso é exatamente o que conseguiu. Kate irá para a cabana do pai, fica a quatro horas da cidade. Ela me disse que foram ordens médicas, o que eu e você sabemos ser a verdade parcial. Kate precisa fugir nesse momento. Está confusa e embora não queira admitir, ela sofre de PTSD. Eu praticamente a obriguei a me aceitar por três dias na semana. Precisa de acompanhamento e de alguém que a faça enxergar o que de fato significou todo o acontecimento.

- Ela lhe disse que não se lembra de nada?

- Não chegamos a conversar sobre isso. Perguntei se ela tinha lhe visto. Ela disse que sim. Também não mencionei o ocorrido com Josh, mas pretendo. Ele deverá ser preso amanhã. Castle, eu sei que é difícil para você aceitar apenas a minha palavra quando digo que é imprescindível que ela se afaste de tudo e de todos, isso inclui você.

- Eu posso visita-la, Dana.

- Não, você não pode e não deve. Kate irá entrar em um momento de reflexão, de descoberta e deve fazer isso sozinha. Não se preocupe, eu estarei lá para garantir que ela entenda e enxergue o quadro completo. Kate pode estar com os pensamentos confusos e embaralhados. Pode não se lembrar do que aconteceu naquele cemitério ainda, porém eu pude ver em seus olhos que o sentimento que ela tem por você permanece o mesmo. Essa será a maior batalha que ela enfrentará e eu estarei ao lado dela guiando-a, pode contar comigo. Não vou fazê-la esquecer você, Castle. Tem minha palavra.

- E o que devo fazer agora?

- Faça o que sempre fez. Investigue, ache pistas e continue esperando. Ela disse que ligaria, então aguarde o celular tocar. Não apresse as coisas. E se precisar conversar, estou aqui.

- Isso é frustrante!

- Sei que sim, mas está fazendo isso pela mulher que ama. Isso deve bastar para convence-lo – ele suspirou.

- Eu sei. Obrigado novamente, Dana.

- Boa noite, Castle.   

Seguindo o conselho de Dana, Castle voltou a delegacia no dia seguinte para continuar o trabalho com os rapazes. Havia algumas pistas e vários becos sem saída. A investigação era lenta e frustrante. Estavam correndo contra o tempo. Havia rumores que o substituto de Montgomery estaria na delegacia ao final daquela semana, o que significava depois de amanhã.

Quando o celular de Castle tocou naquela quinta-feira, ele olhou esperançoso para o visor querendo que fosse Kate. Não era. Quem ligara era o juiz do seu caso intimando-o a comparecer no tribunal em uma hora para prestar depoimento quanto a agressão do Dr. Josh Davidson. Ele avisou os rapazes que precisava sair.

No tribunal, encontrou com Dana. Juntos, eles contaram tudo o que acontecera no saguão do hospital e havia também duas enfermeiras e o chefe de Josh como testemunha. Não havia como negar. O médico teria duas opções: embarcar em um voo para a África naquela noite para continuar a trabalhar com o programa “Médicos sem fronteira” sem previsão de retorno aos Estados Unidos nos próximos cinco anos, ou três anos de reclusão e uma multa de duzentos mil dólares. É claro que Josh escolheu a África.

Ao saírem do tribunal, Dana confirmou que pegaria a estrada para visitar Kate no dia seguinte. Castle contou a ela sobre a investigação e seu medo de que pudesse ser afastado do distrito com o nosso superior. Estava praticamente de mãos atadas.

Ao voltar para o distrito, Gina ligara em seu celular. Heat Rises, o terceiro livro da série Heat estaria nas livrarias dali a duas semanas e Castle precisava atender a reuniões na editora e começar o tour pelo país. Com raiva, ele brigou com Gina.

- Será que você é insensível? Não lê jornais? Não soube o que aconteceu com Kate? Não posso pensar no meu livro ou em campanha de marketing agora. Quero prender o responsável por quase tirar a vida dela!

- Richard, sei muito bem o que você está passando. Sinto muito pelo que aconteceu com Kate, mas a investigação é trabalho da NYPD, não seu. Você está muito envolvido, precisa se afastar. Fazer essas viagens irá ajudá-lo.

- Como quer que pense em livro e fãs quando o assassino da mulher que eu amo está a solta e pode ataca-la novamente?

- Certo e por isso você vai jogar tudo para o alto e sair numa caçada para pega-lo? Ele é um assassino, já pensou que pode mata-lo também? Um pouco de bom senso não faz mal a ninguém, Richard. Pense na sua filha. Vou esperar sua ligação.

Castle desligou o telefone com raiva. Sua vontade era jogar o aparelho na parede. O pior de tudo era que Gina tinha razão. Essa investigação tinha tudo para ser abafada, era perigosa demais. E sabe lá se o próximo capitão irá querer mexer em casa de marimbondo? Ele teria suas respostas no dia seguinte.

Naquela sexta-feira, Victoria Gates, a nova capitão do 12th distrito reuniu seus funcionários para apresentar-se e salda-los. Também prestou sua homenagem e suas condolências pela morte de Montgomery e tratou de dizer como a banda iria tocar a partir daquele instante. Após dispensa-los, Gates chamou Ryan e Esposito em sua sala, Castle os acompanhou.

Gates pediu para ouvir seus relatos quanto ao tiroteio contra a detetive Beckett. Esposito contou a capitã tudo que descobriram. Ryan mostrou as evidencias e os relatórios da arma, balística e DNA. Ela examinou com cuidado o que tinha a sua frente.

- Detetives, vocês sabem o quanto entendo que querem achar o culpado por atirar na detetive Beckett não apenas como parceiros, mas por serem amigos. Também sei que a perda de seu superior os motiva a isso. Infelizmente, como aprendemos na academia e ao longo dos anos. O fator tempo em uma investigação é crucial para encontrarmos o caminho que nos leva ao culpado. Nesse caso, a sua trilha já esfriou a um bom tempo. Não há novas pistas ou fatos para serem checados e por esse motivo eu declaro esse caso encerrado.

- Não pode fazer isso, senhora. Estamos verificando a conta bancaria que Castle descobriu. Tivemos um monte de respostas falsas, porem será questão de tempo até chegarmos a certa. E...

- Detetive Ryan, eu já disse que o caso está encerrado. O que me leva a um outro assunto. Mr. Castle, eu não vou tolerar ninguém brincando de detetive no meu distrito. Não sei como Montgomery costumava a gerir esse lugar, mas agora as regras são minhas. Pouco me importa sua ligação com o prefeito. Não permitirei que nenhum civil se arrisque ou ponha em risco e evidência a vida de meus policiais, portanto considere-se dispensado do 12th.

- Capitã, a senhora não pode fazer isso. Castle nos ajudou em muitas investigações, ele é importante para o distrito e para a NYPD e...

- Detetive Ryan, acredito que o Sr. Castle não precisa de um advogado de defesa. E, a propósito, dirija-se a mim como sir.

- Sim, desculpe sir.

- A capitã tem razão. Não preciso de um advogado. Aliás, com o fechamento dessa investigação não há nada importante que me prenda a esse lugar. Passar bem, espero que tenha uma boa jornada na frente do 12th distrito. Sinto muito, rapazes – sem pensar duas vezes, ele saiu pela porta. Ryan e Esposito se entreolharam sem saber o que fazer. Não precisaram descobrir.

- Estão dispensados.

Ao saírem da sala da capitã, Ryan comentou.

- Beckett irá odiar Gates. Só quero ver a cara dela quando o prefeito a obrigar a aceitar Castle de volta.

- Bro, não ouviu? Castle não voltará aqui enquanto Beckett estiver fora. Não interessa o que o prefeito ache. E quanto ao caso, eu não vou deixar ele esfriar. Devo isso a Beckett.

- Javi, eu te entendo, mas se Gates sonhar que estamos remexendo nisso...

- Eu não quero saber. Estou pouco me lixando para o que a capitã acha.

Castle estava de pé na calçada olhando para o prédio do 12th distrito. Era estranho deixar aquele lugar sabendo que não voltaria por um tempo. Se Kate o chamasse, ele estaria ali. Seriam tempos difíceis para os rapazes com a nossa capitã. Ele olhou para o celular. Resignado, ele apertou a tecla para retornar a ligação de Gina. Não havia outra coisa a fazer a não ser voltar a sua vida normal de escritor.

XXXXXX

Dana dirigiu por longas três horas até chegar na cabana onde Kate se refugiara. Durante o caminho, ela pensara em como abordaria a amiga em primeiro lugar. Tomara uma decisão. Evitaria perguntar sobre o tiro. Esse assunto viria à tona quando Kate se sentisse à vontade para falar dele. Agora, concentraria seus esforços em entender como ela estava, seus pensamentos e seus sentimentos com a perda de outra pessoa querida.

Antes de sair do carro, ela precisou de um minuto para se preparar. Esperava que a amiga estivesse bem e pronta para falar. Saiu do carro, caminhando para a casa. Avistou Kate na varanda sentada numa cadeira com uma caneca na mão. Dana sabia que era café. O rosto estava mais fino, pálido. As olheiras demonstravam que não vinha dormindo bem. Pesadelos, sintomas característicos de PTSD. Suspirou e abriu o sorriso se aproximando.


- Olá, Kate. Espero que esteja feliz em me ver.


Continua... 

3 comentários:

Unknown disse...

Rick mais uma vez a sofrer por ela, ela gosta dele mas acaba por o por de parte, em certos pontos depresa a presença dele. Ela merecia que ele partisse para outra, para alguém que lhe desse o devido valor. Ele esteve e está sempre ali para ela, já ela com os seus medos e receios só o faz sofrer. Junta logo eles, que lutem juntos....

cleotavares disse...

Um dos momentos mais "sofríveis" da série, e você expressou esse sofrimento com a mesma intensidade.
Espero que o Castle faça uma visitinha nessa cabana....

Silma disse...

Nem preciso comentar que esse capítulo está no tópico 10 dos capítulos mais sofridos! 😭 Esse episódio é ferir não só o coração mais como o corpo todo 😢😭 Coisas boas POR FAVOR 😩