terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

[Castle Fic] An Unexpected Visitor - Cap.2


Nota da Autora: Então, prontas para mais uma aventura com tia Teresa? A brincadeira está somente começando... preparem-se para rir ou ter muita raiva diante dos acontecimentos. Afinal, nada é fácil nessa vida... hahaha - Enjoy! 


Cap.2

Na manhã seguinte, Kate não se preocupou em levantar cedo. Era domingo e normalmente Castle se encarregava do café da manhã. Espreguiçando-se na cama, percebeu que ele já levantara. Ela estava completamente nua coberta apenas pelo edredom. Resultado do resto da noite de ontem. Checou o celular. Dez da manhã. Será que Castle levantara agora?

Vestindo o robe, ela se encaminhou para a cozinha. Encontrou Castle na beira do fogão preparando ovos. Com cuidado, se aproximou e abraçou-o por trás enterrando o nariz nas costas dele. Acariciando uma das mãos dela, ele virou-se procurando seus lábios.

- Hey...

- Bom dia, você acordou agora?

- Não, esse já é o segundo café da manhã que preparo. Alexis apareceu mais cedo. Está praticamente pronto. Por que não se senta no balcão para que eu possa servi-la? Vou preparar um café novo do jeito que você gosta.

- Tudo bem – ela se distanciou dele dando-lhe o tempo e o espaço que precisava para concluir as tarefas. Quando ele se virou, tomou um susto. Kate estava sentada literalmente no balcão da cozinha americana olhando para o que Castle fazia.

- O que você está fazendo?

- Você me disse para sentar no balcão. Sou bem obediente – ela o puxou pelo cordão da calça de moletom que ele usava deixando seus corpos colados – para começar o café da manhã, um beijo açucarado – ela sorveu os lábios dele vagarosamente – muito bom, agora o café.

- Nah... acho que não teve açúcar suficiente nesse beijo – ele tornou a beija-la, suas mãos passeavam pelas costas de Kate até chegarem na abertura do robe. Devagar, ele enfiou uma das mãos pela abertura achando o seio, apertou-o. Ela gemeu ao toque. Estava prestes a desfazer o nó que mantinha o robe preso ao seu corpo quando ouviu passos na escada. O susto quase fez Kate derrubar os ovos que Castle havia colocado sobre o balcão.

- Meu Deus... tia Teresa – ela sussurrou descendo rapidamente do balcão tentando parecer o mais natural possível. Segurou o prato de ovos com ambas as mãos e ficou parada no meio da cozinha. A mulher apareceu logo depois.

- Pensei que estivessem dormindo. Ah, vejo que estão providenciando o café. Quero meus ovos pouché – sentou-se na mesa esperando ser servida. Imediatamente, Kate olha para Castle como quem diz, somos seus empregados? – e Kate por favor, leite de soja para mim. Meu estomago não tolera leite comum.

- Não temos. Aqui usamos leite desnatado somente para o café, tia. O resto é leite comum mesmo.

- Por favor! Só falta me dizer que não tem suco de laranja natural.

- É industrializado. Somos pessoas práticas. O café, por outro lado, é expresso – disse Castle – Kate, por que não senta para comer seus ovos? Vão ficar frios. Vou preparar o pouche. Um ou dois, Teresa? – Kate olhou para Castle com aquele olhar característico de Beckett, ele quase podia escutar “o que você está fazendo?”, ignorando o claro sinal dela, Castle voltou-se para o fogão não sem antes entregar-lhe o latte que preparara para a esposa.

- Dois, por favor. Não tempere. Deixa que eu mesma faço. Não quero que salgue meus ovos.

Kate sentou-se ao lado da tia na mesa sorvendo seu café e provando os ovos. Queria permanecer quieta em seu canto, porém lembrou-se do convite de Martha na noite anterior. Resolveu perguntar.

- A que horas é o ensaio no teatro com Martha? Papai vai passar aqui para pega-la?

- Sim, ele me ligou. Disse que vai me levar para um passeio antes, o teatro é somente as duas da tarde. Estará aqui em meia hora. Por isso, desci para o café. Ainda tenho que retocar a maquiagem depois – somente então a sobrinha reparou que Teresa estava pronta para sair.

- Ótimo! – foi Castle quem respondeu – aqui estão seus ovos. E o expresso. Bom apetite – ele sentou-se de frente para Kate pegando um pedaço de pão e colocando bastante manteiga e queijo. Precisava manter a boca ocupada comendo porque se tivesse que conversar não ia dar muito certo. Os dois não viam a hora de Jim aparecer para fazer a tia desaparecer por algumas horas. Ela terminou contrariada seu café da manhã e levantou-se da mesa.

- Amanhã espero que tenham frutas nessa casa, não é à toa que você está acima do peso – sem nem olhar para trás, ela deixou a sala subindo as escadas. Castle e Beckett entreolharam-se.

- Eu disse que ficaria pior – foi o comentário dela logo após beijar o marido novamente.

Felizmente, Jim não tardou a aparecer e tia Teresa sumiu de suas vistas por umas boas horas. Assim que acabaram a refeição, afinal Castle sequer havia tomado um gole de café, eles deixaram as louças na pia para mais tarde. Kate o puxou de volta para o quarto onde deitaram-se novamente e ficaram quietos nos braços um do outro por longos minutos. Então, ela perguntou.

- O que quer fazer hoje, babe?

- Obviamente terei que ir ao mercado. Sua tia precisa de frutas e sei que você também. Quer dar uma volta no Central Park? Podemos esticar as pernas, namorar um pouco, comemos em algum lugar ali perto e dependendo da sua disposição, podemos pegar um cinema no Angelika.

- O passeio no Central Park inclui uma corrida?

- Se você quiser, pode correr. Eu passo.

- Deixa de ser preguiçoso. Você ouviu o que minha tia disse, está acima do peso.

- Kate, se você mencionar sua tia durante o dia de hoje, não tem passeio e nem qualquer outra besteira que você esteja maquinando nessa sua mente. Entendido?

- Claro! Desculpe. E para sua informação, eu gosto de você exatamente do jeito que é – ela colocou seu corpo sobre o dele e beijou-lhe os lábios – nenhuma palavra sobre a minha tia, prometo. Vou me arrumar – dando-lhe mais um beijo, ela correu para o banheiro.

Castle e Beckett tiveram um dia muito agradável. O passeio no Central Park parecia algo que não fazia parte da rotina deles. As últimas vezes que estiveram ali, fora para investigar crimes. Ela deu sua corrida, comeram cachorros-quentes, namoraram. Estavam sentados em um dos bancos abraçados pensando em qual seria seu próximo passo quando Kate mencionou.

- É bom ficar assim, agir como pessoas comuns. Não que sejamos diferentes. Você me entendeu. Esse tempo para nós veio em boa hora, estou com a agenda cheia essa semana. Tenho duas reuniões de orçamento na 1PP e vou discutir uma força-tarefa que o 12th vai dividir com o pessoal de narcóticos, querem fazer uma grande prisão. Estão trabalhando nisso a meses. Provavelmente, terei que emprestar Ryan devido sua experiência.

- Mas vocês são detetives de homicídios. Por que estariam numa operação dessas?

- Por que um dos chefes do cartel foi morto há duas semanas atrás na nossa jurisdição. Foi assim que ficamos sabendo da ligação entre o nosso assassinato e a caçada aos chefes do cartel.

- Você não vai para a linha de fogo, vai?

- Não. Estou apenas coordenando recursos. Solucionamos o caso e isso deu a pista principal para o pessoal da narco. Você está preocupado comigo? – ela sorriu olhando para Castle e acariciando seu rosto.

- Claro que sim. Não quero vê-la metida em casos perigosos. Sei muito bem como costuma agir nessas horas. Agradeço todos os dias pela sua promoção. Pelo menos, sei que a maioria do tempo está presa em reuniões e papeladas. Está segura.

- Mesmo? O que aconteceu com o escritor inconsequente que adorava se infiltrar nos casos perigosos da NYPD e fazer várias besteiras inclusive desarmar bombas e se colocar em frente a uma arma para salvar sua parceira?

- Ele casou-se com a mulher de sua vida e não quer pensar nem por um segundo em perde-la. Você só deveria investigar casos comigo ao seu lado, Kate – ela abriu um sorriso daqueles que sempre fazia o coração de Castle disparar. Beijou-o mais uma vez.

- Gosto muito quando você fala assim...

- É a verdade. E o escritor amadureceu, mas isso não quer dizer que não goste de se meter em aventuras. Especialmente com uma capitã ao seu lado.

- Como está a sua semana? Muitos casos no escritório?

- Dois clientes agendados para a semana, o que é bom porque na verdade deveria estar escrevendo meu livro.

- Castle, por que não disse isso antes? Se soubesse que tinha um prazo nem teríamos saído de casa.

- Não é prazo ainda. Somente preciso escrever. Posso fazer isso durante a semana. Vou passar a maioria do tempo em casa. Posso fazer isso nos próximos dias. Hoje se trata apenas de nós dois. Quer ir ao cinema, Kate?

- Apesar de ser uma ótima ideia, eu estou mesmo com vontade de fazer outra coisa... – o sorriso maroto apareceu no rosto de Castle já entendendo a mensagem escondida naquela frase. Kate queria usufruir do seu tempo ao máximo ao lado dele porque apesar do otimismo de Castle, ela sabia que quanto mais tempo ficasse em casa, pior seria para ele trabalhar com alguém como Teresa por perto.

- O que sugere? – ele perguntou.

- Vamos passar no mercado, fazer nossas compras e correr para o loft. Temos chantilly em casa?

- Ah... posso comprar muitos frascos... – de mãos dadas, eles saíram caminhando rumo a estação de metro. Após as compras, eles chegaram no loft quase ao fim da tarde. Guardaram as compras e Kate sentou-se no balcão da cozinha. Displicentemente, ela tirou a blusa que usava jogando-a no chão. O sutiã preto de renda moldava-se perfeitamente na curvatura de seus seios. Ela fez sinal com os dedos para que Castle se aproximasse. Abriu a blusa de botões que ele usava, a peça também se perdeu no chão. Pegou o frasco de chantilly e espirrou pelo seu peito até o estomago. Uma linha reta. Sorrindo, inclinou-se para lamber o creme enquanto as mãos se divertiam sentindo a pele quente. Castle deixou que ela curtisse a brincadeira por um tempo até que segurou seu queixo fazendo-a olhar para ele. Roubou-lhe um beijo, dois e se perderam na dança de lábios. Suas mãos agarraram-lhe a cintura erguendo-a do balcão colocando-a de pé na sua frente. Sem parar o beijo, ele abriu as calças dela levando junto a calcinha. Kate não ia ser a única nua naquela história e rapidamente se livrou das calças dele.

Nus, eles fitavam um ao outro. Então, Castle pega o frasco de chantilly e espirra entre os seios dela. Kate sente o creme gelado na pele quente e geme. Satisfeito com a reação dela, a empurra contra a parede e começa a devorar-lhe os seios fazendo movimentos maravilhosos capazes de levar qualquer mulher ao prazer quase imediato. Kate enroscou as pernas nele, Castle a segurava pela cintura ainda bolinando seus seios. Ambos estavam excitados, porém ele não tinha pressa. A brincadeira ficava mais interessante quando as preliminares eram cheias de pequenas provocações.

Kate se desvencilhou do corpo dele como uma gata, seu objetivo era pegar a lata de chantilly para acerta-lo mais uma vez. Quase tropeçou nas roupas no chão, mesmo assim fugia dele. Mas Castle foi rápido e agarrou-a pela cintura. Kate espremeu um pouco de chantilly em sua mão e passou nos lábios dele. Quando suas bocas se encontraram nesse novo beijo, ela pretendia pedir para que ele a penetrasse, estava ansiando por tê-lo dentro de si, então a campainha soou.

O susto que levaram quase fez Castle derrubar a esposa no chão. Ambos se entreolharam surpresos. A cara de pânico e os olhos arregalados.

- Meu Deus! – eles olharam ao redor. A campainha soou novamente. Precisavam arrumar a bagunça – Castle, sua mãe tem a chave antiga?

- Droga! – foi tudo que ele respondeu e ambos saíram correndo catando as roupas pelo chão. Kate nem sabe dizer como colocara aquela camiseta tão rápido. Veio do quarto com dois roupões e no instante que Castle amarrava o cordão, a fechadura da porta girou. Ele olhou para ela em pânico murmurando “seu cabelo”. Sim, estava todo emaranhado e com umas gotas de chantilly. Quando ela tentava ajeitar, Martha apareceu a sua frente.

- Ah, vocês estão...em casa – a pausa dada pela sogra era o simples reconhecimento que os dois estavam “ocupados” – não estamos atrapalhando, certo? – ela disfarçou, mas seu olhar dizia tudo. Castle ainda tinha rastros de chantilly no pescoço.

- Não, claro que não. Como foi o passeio?

- Interessante. Aparentemente melhor que o dia de vocês já que ainda estão de roupão pela casa – disse tia Teresa. Martha tratou de ajudar o casal.

- Fiz o meu melhor como anfitriã. E levei-os para comer uma pequena delicatessen em Chelsea que é divina.

- Sim, Martha. Você foi perfeita – disse Jim – inclusive, obrigado pelos ingressos para assistir a peça. Bem, Teresa, tenho que ir. Amanhã tenho uma audiência as nove horas no tribunal. Posso te pegar as duas horas para almoçarmos e irmos ao museu? Aposto que Rick e Kate também tem a semana cheia, não?

- Eu tenho. Estou cheia de reuniões.
- E desde quando policiais fazem reuniões? – Kate se recusou a responder – tudo bem, Jim. Aguardo você. Preciso de um banho. Que horas é o jantar? Você não vai cozinhar novamente, vai Kate?

- Não – Castle se antecipou em responder – daqui a duas horas – ela subiu as escadas.

- O que pensa que está fazendo? Devia ter dito que não iríamos jantar.

- Kate, nada de implicâncias agora. Eu estou com vontade de comer um filé do Le Cirque. Pediremos para três. Você fica mamãe? – ele parecia quase implorar por um sim.

- Desculpa, kiddo. Minha dose de Teresa do dia já se esgotou – ela olhou para Jim – sem ofensas.

- Não se preocupe. Entendo. Vou indo também – deu um beijo na filha e apertou a mão do genro. Martha abraçou Kate e sussurrou ao seu ouvido.

- Desculpe atrapalhar a diversão de vocês, eu notei que estavam bem à vontade – Kate sorriu sem graça. Assim que a porta se fechou, Kate grunhiu. Castle se aproximou dela, acariciou seus cabelos presos displicentemente ainda com algum chantilly nas pontas.

- Quer retomar a brincadeira?

- Não, o clima se foi. Vou tomar um banho.

Mais tarde, eles jantaram juntos e Teresa fez questão de elogiar o filé. Propositalmente já que sabia que não era Kate quem cozinhara. Castle não deu muita atenção ao que ela dizia e a refeição terminou bem rápida. Sem ânimo para conversas, Kate se encarregou de lavar a louça. Para a sorte de Castle, a convidada estava cansada e logo se recolheu. Ao deitarem-se para dormir, Kate suspirou.

- Dois dias a menos, oito para aguentar. Sinto muito, babe. Acho que você ficará com a maior parte do fardo.

- Tudo bem. Talvez apenas comigo ela não seja tão implicante.

- Tomara que esteja certo.

Na manhã seguinte, Kate se levantou bem cedo. Arrumou-se, tomou café e seguiu para sua reunião no 1PP. Tinha um dia longo pela frente. Castle ainda estava dormindo quando ela saiu de casa, aparentemente sua tia também.

Por volta das nove horas, um Castle sonolento chegava a cozinha. Deu de cara com Teresa sentada a mesa como um hóspede que espera ser servido de seu café da manhã. Sem entrar em conflito, Castle colocou um prato de frutas frescas a mesa, queijos, pães e o café quente. Preparou ovos mexidos para ambos e sentou-se de frente para ela.

- Você não vai trabalhar? Ah, esqueci. Escritores “trabalham” em casa.

- É verdade, mas eu não sou somente escritor. Sou detetive particular, tenho meu próprio escritório. Nesse caso, irei para uma reunião com um cliente a tarde.
- Detetive particular? É uma maneira de conseguir favores da NYPD por causa de sua esposa? Ou você faz todo o trabalho e ela leva o crédito? Não é uma espécie de nepotismo? Logo vi que essa história de policial estava mal contada.

- Para começo de conversa, Kate não é uma detetive qualquer. Ela é a capitã de um distrito de homicídios. Ela é a melhor na sua categoria na NYPD. Ninguém investiga casos e honra as vítimas como ela. Você deveria parar de implicar com sua sobrinha e realmente elogia-la pela mulher que é.

- Você fala isso porque ela é sua esposa. Praticamente manda em você. Parece um cachorrinho atrás dela.

- Você não me conhece. Sim, eu faço tudo por Kate porque eu a amo. Não tenho que dar satisfações da nossa história para você.

- Eu entendo seu modo de agir. Afinal, com essa aparência – ela notara que Castle já estava na segunda sanduiche com queijo e ovo – e comendo desse jeito, tem que fazer tudo por ela ou pode te deixar. Não pense que seu dinheiro prende minha sobrinha. Ela não é esse tipo de mulher.

- Sei exatamente como ela é. Aparência não é tudo. E ela cuida da minha alimentação.

- Cuida nada! Ela não tem tempo para isso. De agora em diante, eu vou cuidar de você. Kate vai me agradecer. A primeira coisa que faremos é nos livrar dos carboidratos – ela tirou o pão da mesa – você já comeu bastante para um café da manhã. Vista-se. Vamos dar uma corrida na rua.

- Eu não costumo correr.

- Agora vai se acostumar. Em dez minutos quero você aqui na sala pronto para começar os exercícios do dia.

- Eu tenho que escrever.

- Uma hora de exercício não faz mal a ninguém, você pode escrever depois.

E assim, o pesadelo de Castle estava começando. Tia Teresa o fez correr quatro quarteirões, depois fizeram alguns alongamentos, agachamentos e exercícios para os músculos. Chegou em casa quase duas horas depois, cansado e suado. Após um banho, ele finalmente se sentou no seu escritório para escrever. Já passava de meio-dia quando ele sentiu o estomago reclamar. Nem precisou entrar na cozinha, Teresa entrou no escritório trazendo uma bandeja com um prato enorme de salada e frango grelhado. Para beber, um suco verde.

- Bom apetite e nem pense em carboidratos. Em uma semana prometo que você estará outra pessoa – a cara de desolação de Castle era de dar pena, mas ele não queria argumentar com ela agora. Iria comer. Alexis ligou um pouco antes das duas da tarde para avisar que o seu cliente tinha remarcado a reunião para o dia seguinte no mesmo horário. Sem alternativa, ele optou por continuar a escrever.

Ao chegar em casa à noite, Kate se depara com o jantar a mesa. Salada e frango. Aquilo a surpreendeu.

- Jantar saudável? O que está acontecendo aqui?

- Cortesia de sua tia. Disse que precisamos desintoxicar.

- Obrigada, tia. Eu acho... – ela olhou para a cara de desgosto de Castle.

- Eu não disse que ela ia aprovar? Aqui tem brócolis, coma todos os vegetais.

No quarto, Castle conta para Kate o que acontecera. O exercício, o almoço e que provavelmente seria assim durante toda a semana. Não queria contraria-la, mas também não sabia se iria aguentar. Kate o abraçou. A ideia era boa, porém não gostava do fato de ser sua tia a pessoa que estava obrigando Castle a ter bons hábitos.         

- Kate, por favor, arrume um homicídio onde possa trabalhar e fugir dessa loucura. Só foi um dia e já estou estressado.

- Infelizmente não é tão simples. Eu passarei os dois próximos dias na 54th coordenando a operação com o capitão de lá. Vamos ataca-los a noite. A única coisa que posso dizer é paciência. Você não precisa ficar em casa. Vá para o seu escritório, assim não tem que conviver com a minha tia tanto assim. Talvez se sair de casa mais cedo, ela não tenha a chance de pegar no seu pé.

- Pode ser, só não gosto do fato de acordar cedo. E você falou que não ia participar da operação. Por que vai trabalhar a noite?

- Não vou participar da emboscada. Estou no comando ajudando o time. Só isso. Serei seus olhos e ouvidos. Ryan está na equipe, não quero deixar um dos meus sozinho. Por favor, Castle. Essa tarefa é muito importante, apenas tente conviver com as loucuras dela ou suma. Você tem essa opção – ela o beijou – vamos dormir. Tenho um dia cheio amanhã.

Castle resolveu seguir o conselho de Kate. Assim que ela levantou por volta de seis da manhã, ele fez o mesmo. A sala estava um silêncio. Ótimo, tomaria café com sua esposa, pegaria seu notebook e ia direto para o escritório. Lá trabalharia com calma em seu livro. Satisfeito por a ideia de Kate realmente ter funcionado, ele se despediu dela com um beijo e retornou ao quarto para se arrumar. Mal sabia a surpresa que encontraria na sua volta a sala.

Teresa estava de pé com roupa de ginástica e uma bolsa própria de academia. Esperava por ele.

- Bom dia, onde o senhor pensa que vai vestido desse jeito? Pode dar meia volta e colocar seu moletom. Vamos para a academia do seu prédio. São sete da manhã e não há necessidade de chegar tão cedo em seu escritório. O dia comum de trabalho começa as nove em Nova York. Vamos! Você tem muitas calorias para perder.  

Ele revirou os olhos. Não acreditava que isso estava acontecendo. Contrariado, ele voltou para o seu quarto e trocou de roupa. Acompanhou a tia de Kate até a academia e foi obrigado a correr meia hora na esteira. Depois levantar pesos. Foi uma hora de malhação. Cansado, retornou ao loft tomou um banho e ao chegar na cozinha foi surpreendido com um prato pequeno de cereais e frutas acompanhado do suco verde, de novo. Deus! Isso era um pesadelo.

Frustrado, ele decidiu que não havia porque ir para o escritório mais cedo. O objetivo era escapar do exercício e isso não funcionou. Iria depois do almoço mesmo apenas para encontrar com seu cliente. Ele já se encaminhava para sentar-se em seu escritório particular quando Teresa comentou.

- Não se preocupe com o almoço. Irei preparar algo delicioso para nós. Não se esqueça que amanhã faremos nosso exercício no mesmo horário, garanto que Kate vai me agradecer depois dessa semana.  

E assim Castle sofria nas mãos de Teresa. Ela o transformara numa espécie de projeto fitness. O almoço fora salada e carne grelhada. Ela cozinhou quinoa e disse que faria uma sopa para o jantar. Assim que chegou no escritório, ele pediu a filha.

- Alexis, ligue para o Remy´s e peça para entregarem um cheeseburguer duplo, uma porção de fritas e por favor, um milk-shake de chocolate.

- Você não almoçou, pai?

- Não, definitivamente não sou uma tartaruga para comer folhas – sem entender a colocação do pai, ela tratou de pedir a comida. Seu pai ficava muito contrariado com fome. Ele se esbaldou na comida gordurosa e agradeceu a cada mordida por estar saboreando aquele sanduiche. Mais calmo, sabia que poderia enfrentar a tal sopa no jantar. Ele daria um jeito de comer alguns cookies depois.

Doce ilusão de Castle. Ele teve que se contentar com a sopa e uma caneca de café. Quando resolveu pegar os cookies na cozinha, Teresa estava lá e o impediu. Ele estava se sentindo um prisioneiro em sua própria casa. Estava tentando a todo custo não ser rude diante dessa situação especialmente por causa da esposa, porém estava ficando bem difícil. O pior de tudo era que Kate não podia ouvi-lo. A operação tomara todo o seu tempo e sequer atendera a ligação que ele fizera mais cedo para reclamar. Já passava das onze da noite e nem sinal de Kate.

Ela chegou por volta das três da manhã e encontrou o marido dormindo. Também estava exausta e tinha menos de quatro horas de descanso antes de retornar para a 54th. Se despediu dele com um beijo por volta de seis e meia da manhã. Castle dormia feito pedra.

Ao acordar, sonolento, deu de cara com Teresa esperando por ele. O dia terrível de ontem tornou a se repetir com uma exceção. Ele não conseguira sair para comer besteiras, pois Hayley viera se juntar a ele no loft para discutir alguns aspectos do caso que estavam trabalhando e teve que se contentar com uma tigela de frutas oferecida por Teresa aos dois como lanche. No jantar, sopa e umas torradas integrais muito sem gosto. Não via a hora dessa força tarefa de Beckett acabar. Se demorasse um pouco mais, ele ia enlouquecer.

Infelizmente o pior aconteceu. Eles não conseguiram pegar todos que queriam no flagra, portanto, a operação continuaria sob os cuidados da delegacia de narcóticos. Porém, apesar de chegar novamente as três da manhã, Kate teria uma reunião as sete no 1PP para reportar o trabalho feito em conjunto com a outra delegacia para o comandante. Mais uma vez, ela não falou com Castle.

Voltou para casa na hora do almoço e naquele dia pode presenciar como estava a rotina de Castle. A comida era peixe grelhado com salada grega e melancia de sobremesa. Sem falar no tamanho mínimo das porções. A cara de frustração do seu marido era de dar dó. Decidiu não falar nada na hora e tratou de comer o que a tia preparara. Teriam tempo para conversar depois do almoço.  Teresa não perdeu a oportunidade de comentar.

- Kate, até quando você vai ficar trabalhando de noite? Não é à toa que seu marido está gordo. Você não tem tempo para cuidar dele.

- A operação acabou, ou pelo menos minha parte nela. Por isso estou em casa a essa hora. Preciso descansar. Não devia estar cozinhando para nós. Sei que não costuma fazer isso, tia.

- Desde que Robert morreu, eu tenho cuidado de mim. Não me importo porque seu marido precisa de mim – virou-se para ele - Você tem feições bonitas, Rick. Ficaria bem melhor se perdesse uns quilinhos e você nunca considerou fazer uma plástica? Dar uma levantada no rosto, tirar esses pés de galinha. Um homem com seu dinheiro deveria pensar nisso – Castle fez sinal para Kate o defender.

- Tia, desculpe me intrometer na questão, mas acho que se tem alguém aqui que pode opinar sobre a beleza de Castle, esse alguém sou eu. Ele não precisa de cirurgia. Castle é charmoso, tem olhos lindos e eu gosto da sua beleza natural. Não quero um homem esticado e artificial do meu lado. As marcas do tempo demonstram a maturidade, a experiência de vida de uma pessoa. Combina com o sorriso dele.

- Fala isso porque não quer que lhe tirem sua mina de ouro. Se ele emagrecer e remoçar, as jovens de vinte anos vão querer disputa-lo com você e sinceramente? – a tia a olhou de cima abaixo – do jeito que andam suas olheiras, é bem capaz de perder a guerra. A idade começa a pesar para você também, Kate. Não pense que vai ficar com tudo em cima para sempre. A gravidade é traiçoeira.

- Por enquanto, está tudo bem. E tia, não se preocupe, eu me garanto com as garotinhas de vinte anos. Tem certas coisas que só a experiência proporciona – virou-se para Castle – eu vou dormir um pouco. Você pode me acompanhar até o quarto, Castle? Quero te mostrar um arquivo de um homicídio que apareceu hoje no 12th.

- Claro – entendendo que não passava de uma desculpa para os dois ficarem sozinhos.

Em seu quarto, ela apenas o abraçou forte. Sentia-se culpada por tê-lo deixado com a tia. Ela sabia que seria um problema desde o início devido ao jeito estranho que Teresa pensava. Mas não contava que a operação da narco pudesse acontecer justamente agora. Todo o peso de cuidar da visita caíra sobre Castle e não era justo.

- Babe, eu sinto muito. Deve ter sido os piores dois dias da sua vida. Sei como minha tia é, no fundo não faz por mal só que seu modo de agir é estranho, agressivo. Ela não mede as palavras. O que ela aprontou?

- Além de me colocar para fazer exercício como louca e me deixar morrer de fome? Kate não aguento mais comer folha! Ela está tentando me matar. Escondeu meus cookies! Estou me sentindo um prisioneiro em minha própria casa. Sei que você gosta daqueles trecos natureba, mas como em nome de Deus você consegue comer aquela quinoa e tomar suco verde? Eu preciso de uma refeição decente. Se tomar sopa novamente no jantar eu juro que vou perder a cabeça.

- Tudo bem, vamos mudar essa situação – intrigada, observou o homem a sua frente - Ela realmente fez você se exercitar? Tipo correr?

- Sim, eu nem sabia que tinha uma academia nesse prédio! Ela me botou para correr na esteira.

- Eu frequento o lugar de vez em quando, geralmente após minhas corridas – ela sorriu diante da cara incrédula que ele fizera – ok, entendo que está realmente passando por um momento difícil. Chega de falar de exercícios. O que você quer comer hoje? Eu simplesmente vou usar como desculpa afirmando que sou eu quem está querendo sair e leva-la para jantar.

- Se tiver que escolher vou de italiano. A mulher me proibiu de comer massa!

- Italiano será. Espere aqui enquanto digo para ela que não deve se preocupar com o jantar – Kate desapareceu pelo corredor, ele deitou-se na cama ainda contrariado com toda essa situação, mas hoje se vingaria. Comeria três massas diferentes e muitas bruschettas. Kate voltou afirmando que estava tudo certo. Ele poderia fazer a reserva para oito da noite. Ela deitou-se ao lado dele, viu que tinha o notebook em seu colo, estava trabalhando. Virou-se de lado e adormeceu.

Por volta de sete e meia, Castle e Kate acompanhados de tia Teresa deixavam o loft rumo a cantina italiana. A sobrinha não tinha revelado o tipo de restaurante que iriam, mas a tia não perderia a oportunidade de alfinetar o casal diante da escolha.

Após sentarem-se na mesa designada, Kate cochichou ao ouvido do marido.

- Se tudo der certo, você sairá satisfeito com a refeição e eu provavelmente vou querer uma recompensa mais tarde pela ideia.

- Oh, Kate... se não tivesse com tanta fome, eu iria direto para a recompensa. Temos um acordo – Castle avaliou a carta de vinhos e pediu um Merlot. Também ordenou a entrada que, além do pão italiano e do molho de azeite, balsâmico e pimenta oferecidos como cortesia pelo restaurante, optara por um prato de bruschettas.

Após ter o vinho servido e as entradas postas na mesa, o garçom distanciou-se dando-lhes um pouco mais de tempo para estudarem o cardápio. Feliz por ver as bruschettas a sua frente, ele se serviu de uma delas. Teresa estava de olho nos dois, viu Kate fazer o mesmo saboreando o pão repleto de queijo.

- Hum, isso é bom demais – exclamou Kate.

- De fato, não me admira que seu marido goste tanto dos carboidratos. Você o incentiva a frequentar lugares como esse.

- Comemos de tudo, saudável ou não. Aliás, comer é um dos melhores prazeres da vida. A senhora deveria aproveitar mais – Kate tomou mais um gole do vinho – prontos para pedir? 

- Sei, nem digo mais nada – Castle fez sinal para o garçom que se aproximou para anotar o pedido deles.

- Certo, primeiro você, Kate. O que quer comer?

- Quero penne a putanesca.

- Achei que ia escolher o carbonara... aliás, eu quero esse.

- Não, carbonara somente o seu – ela sorriu e apertou a mão dele. Ele retribuiu o sorriso, enroscando os dedos nos dela – e você, tia, o que vai querer?

- Você deveria seguir meu exemplo. Quero a salada caprese. Aliás, amanhã iremos redobrar a malhação.

- Tem certeza que não quer mais nada?

- Não – ela disse entortando a boca – ao contrário de vocês prezo pela minha saúde – Kate revirou os olhos diante da afirmação da tia, será que não podiam desfrutar de uma refeição sem serem criticados? Isso começava a irrita-la. Respirou fundo para não estragar a noite de Castle.

- Amanhã já avisei ao meu pessoal que não vou trabalhar cedo. Talvez apareça na parte da tarde. Teremos um tempinho para nós – sim, Kate pensava em passar a manhã curtindo o marido. Desde que a tia chegara, eles não conseguiam ter um momento a sós. Tudo bem que o trabalho atrapalhara, mas ela estava prestes a descobrir que teria que adiar seus planos.

- Isso é uma ótima notícia, Kate. Já que estará livre, pode me levar para fazer compras na 5ª avenida. Quero uma companhia que conheça as lojas. Ouvir dizer que o SoHo é um bom lugar para encontrar grandes grifes – diante da intimação da tia, ela olhou indecisa para Castle mordiscando os lábios em sinal de nervosismo.

- Acho que você terá que acompanhar sua tia. Eu tenho uma reunião com meu cliente as nove e terei que seguir uma pista que Hayley encontrou. Sinto muito, amor.

- Não, tudo bem. É trabalho. Eu mesma o abandonei por dois dias. Claro que compreendo. Depois nós podemos resolver nossas “coisas”. Podemos sair amanhã, tia.

- Ótimo! Mas não pense que porque tem que trabalhar escapará do nosso compromisso. Ainda mais depois de todo esse carboidrato que vai consumir – Castle suspirou. Não adiantava argumentar. Ia pedir ajuda de Kate nesse assunto, talvez passando um tempo com a tia, ela conseguisse convence-la de vez que não adiantava querer mudar seus hábitos, jamais funcionaria. Sim, ele iria deixar nas mãos de Kate.

O jantar chegou e Castle pediu outra garrafa de vinho. Com os olhos brilhando, ele se deliciou com o prato de massa a sua frente. Kate sorriu ao ver a alegria dele em poder aproveitar uma refeição decente. Prometera a si mesma que resolveria essa situação de uma vez por todas amanhã ao ficar sozinha com a tia. De fato, fez questão de mostrar a tia que estava curtindo o jantar. Ofereceu um pouco da sua massa para o marido, o que fez a tia balançar a cabeça desaprovando a atitude da sobrinha. Quando Castle fez menção de servir-se pela terceira vez do espaguete a carbonara, Teresa não se segurou.

- Você vai comer novamente? Não acha que está exagerando? Você comeu quase três quartos do seu prato, provou da comida de Kate e ainda comeu as entradas. Aposto que vai querer a sobremesa.

- Obviamente! O tiramisu daqui é de morrer.

- Quem vai morrer é você entupindo suas artérias com tanta gordura e açúcar. Bem, é a sua vida.

- Sim, e vou comer novamente. Tem certeza que não quer provar? Essa sua salada parece tão sem graça!

- Eu e minha salada estamos muito bem – Kate resolveu interromper antes que a discussão ficasse intensa. A última coisa que queria era um vexame ou ver Castle sair do restaurante com a cara emburrada.

- Tudo bem, que tal apenas aproveitarmos o jantar, cada um comendo aquilo que lhe deixa feliz? Não há necessidade de contestar o gosto de cada um. Castle, você pode me servir de mais vinho? – as palavras de Kate pareciam ter trazido um pouco de senso aos seus acompanhantes. Nenhum deles implicou de novo com o outro. Inclusive na hora da sobremesa, Teresa até se arriscou a provar o tal tiramisu, alegando que a salada lhe permitia fazer isso.

Chegaram em casa embalados pelo vinho. Kate ainda não se recuperara das noites mal dormidas devido a operação e o cansaço a dominou com a ajuda da bebida. A promessa que fizera para Castle foi esquecida. Mesmo assim, ele ainda ensaiou alguns amassos, mas acabou se rendendo ao sono. Ultimamente, os seus horários estavam jogando contra sua vida de casados.

Novamente as sete da manhã, após servir uma vitaminada de banana, aveia e leite de soja, Teresa o arrastou para a academia. Ela cumprira sua promessa. Fizera Castle correr durante uma hora na esteira alegando que ele tinha que perder parte do que ganhara com aquele prato de massa. Após tomar seu banho, a tia de Kate já esperava-o com um copo de suco detox.

- Tome. Vai lhe fazer bem – Castle fazia careta quase cuspindo a mistura. Kate olhava para ele com pena. Antes de sair para o escritório, ele praticamente implorou.

- Por favor, Kate. Dê um jeito nisso. Eu não aguento mais.

- Prometo que vou falar com ela. Você vai demorar para voltar para casa? Quero muito tirar um “cochilo” com você antes do jantar que será por minha conta, vou fazer bolo de carne. Pode estar em casa lá pelas cinco?


- Com uma sugestão dessas? Espere por mim as quatro – rindo, ela beijou-o desejando um bom dia de trabalho. Respirou fundo e virou-se para a tia. Era sua vez de lidar com a fera.


Continua...

3 comentários:

rita disse...

Estou adorando, mais sinceramente já teria mandado essa tia para algum lugar, ela está até atrapalhando a vida pessoal deles , que amo tanto ler e me faz relembrar ... deixa para lá, impróprio para menores. Abraços esperando o próximo capítulo.

cleotavares disse...

Gente! Ninguém merece a tia Teresa e todo mundo merece a Martha, o chantili no cabelo foi "mara".

Srta. Rangely disse...

"Cochilo" sei ;)