Brennan sentou-se no sofá e ali ficou durante quase 10 minutos. Booth sentou-se numa cadeira a frente dela. Finalmente, ela começou a falar.
- Como foi de viagem Booth?
- Fui bem, muito bem.
- Deve ter sido mesmo, afinal você esqueceu todos aqui por uns 10 dias.
Ele ficou calado achou que era melhor não responder.
- Porque você não me avisou que ia viajar?
Direta,sempre.
- Ah, é que foi tão depressa, tão corrido que acabei esquecendo.
- Booth, eu sei perceber quando alguém está mentindo, você e o Sweets de certa forma me ensinaram isso. Só não sei porque você mente para mim. Entendo que você talvez não quisesse conversar comigo sobre o seu relacionamento com Hannah, falar de sua vida pessoal, você sempre ficava incomodado comigo quando eu falava de sexo, imagino ser algum problema de intimidade que você ainda não conseguiu resolver. Mas e quanto a nossa parceria? Você devia ter me informado. E tempo aqui não é desculpa. Você não precisava me avisar no mesmo dia, mas acredito que faz parte da etiqueta profissional. Ou nossa parceria não existe mais?
- Bones, é claro que a nossa parceria ainda existe não sei porque você diz isso.
- Não sabe? Bem deixa eu enumerar os fatos. Primeiro, você não me avisou da viagem. Soube pelo Sweets e pela Perotta e além disso tive que aturar os olhares do Sweets me analisando por causa disso e você sabe que eu detesto isso. Segundo, desde sua volta do Afeganistão, está distante. Pensa somente em trabalho. Terceiro, no trabalho aje mecanicamente como se não houvesse uma amizade entre nós. Quarto, desde que Hannah entrou na sua vida você parece ter esquecido os amigos. E não falo somente por mim mas todos sentem a sua falta. Quinto, nós costumávamos sair para beber, comer, conversar quase todos os dias após o trabalho agora, almoço com Angela ou sozinha. Quando foi a última vez que você me convidou para comer e conversar? Sexto e o que acho mais importante. Você mudou. Não é o Booth que eu conheci, está frio comigo e eu que era a pessoa fria e racional. Porque?
- Eu não mudei. Continuo o mesmo. Só não estamos tendo muitos casos ultimamente e não passamos muito tempo livre, e tem a Hannah e...
- Booth, desculpe mas isso não é motivo. Você está distante. Me deixou preocupada várias vezes, eu me senti como se não fosse mais sua amiga, como se minha amizade não fosse mais importante. Então eu comecei a me questionar sobre o que eu poderia ter feito, afinal eu sempre fui péssima em entender e tratar com pessoas e de repente vi o meu melhor amigo me ignorando, se distanciando. Por dias avaliei cada minuto que passamos, lembrei de como éramos antes do Afeganistão e depois. E por fim eu entendi, eu percebi que o único momento em que te magoei, que te machuquei de verdade foi quando te disse não. Naquele dia, ambos saímos diferentes, de certa forma destruídos. Porém, eu mesma te pedi para que pelo menos a nossa parceria continuasse e você disse que tudo bem. Com o passar do tempo, eu vi que algumas coisas que pareciam naturais entre nós tornaram-se estranhas. E então veio a Hannah e eu vi que você realmente seguira em frente. Tudo bem, eu entendo mas não esperava que esse seguir em frente significasse o distanciamento entre nós e o fim da nossa amizade.
Ela tomou fôlego e Booth fez menção de querer falar mas ela levantou a mão e o impediu. Continuou.
- Isso dói Booth. Dói principalmente por lembrar que eu me abri pra você, expus minha vida, meus segredos, você foi a única pessoa que viu minha vulnerabilidade. De repente, tudo isso acabou. Você parece ter esquecido tudo o que passamos juntos. Seis anos, Booth. Seis anos que valeram por todos os outros onde eu me senti abandonada. E veja onde eu estou agora? Com a mesma sensação. Abandono. E por alguém que prometeu não me abandonar.
Ela suspirou e baixou a cabeça, tentava controlar as lágrimas que se formavam nos olhos. Não iria chorar. Ele continuava calado, estava digerindo tudo que ouvira. Porque isso agora? Logo agora? Será que não dá para ele tentar algo diferente nem uma vez? Porque ela vinha falar de abandono com ele?
- Bones, eu acho que você está exagerando. Primeiro porque não te abandonei, segundo porque você não estava exatamente sozinha, você estava namorando aquele professor. Me pareceu muito bem. O que foi ? Ele te deixou?
- Não, ele não me deixou e Jack é meu amigo. Ele vem sendo meu amigo desde que você me abandonou.
- Eu vi como você tratava o seu “amigo”. Você nunca me tratou daquele jeito.
- Ciumes,Booth? Sério? E depois de um comentário desses você ainda me diz que não mudou. Você está amargo. O que eu te fiz Booth? Me fala por favor.
- Eu não estou com ciúmes. E você não me fez nada.
- Porque não consigo acreditar nas suas palavras? Ah, eu lembrei! Porque você está mentindo! Se escondendo atrás de uma desculpa que nem mesmo você acredita. Na verdade, Booth, você nunca aceitou o fato de eu ter dito não naquela noite, você com certeza acha que eu o rejeitei. Não o culpo, qualquer pessoa poderia ter cometido o mesmo erro apenas porque acreditava tanto no sentimento, por saber que era tão real. Porém, eu não o rejeitei. Tudo que eu fiz naquele momento foi explicar o que eu entendia, foi simplesmente falar a verdade, eu apenas queria te proteger. Minha decisão foi apenas essa, te proteger.
- Me proteger do que Bones?
- De mim. Simplesmente de mim mesma. Eu não sou uma pessoa fácil de se conviver e não sei agir direito quando o assunto é relacionamento. Mais que isso, eu cansei de ve-lo sofrer, correr perigo, tudo por minha causa. Por isso parti, precisava pensar, rever minha vida. Eu não queria ser a responsável pela sua morte, por lhe causar dor.
Ela já não segurava o choro, as lágrimas se formavam e corriam pelo rosto antes alvo agora ligeiramente vermelho.
- Tudo o que eu queria era tirar a dor da sua vida, a culpa, e se continuasse ao seu lado você acabaria matando por mim e isso não é justo com você.eu sei o quanto te destrói ter que atirar em alguém que dirá matar alguém mesmo que seja para me salvar. Nunca esqueci suas palavras e sua história sobre a época que você foi um atirador. Equilibrio cármico. Por você eu acreditei e sempre estive ao seu lado para prender os bandidos e de certa forma tirar esse peso das susas costas. Eu parti em busca de novos ares, de algo que me trouxesse uma energia nova, algo que me encantasse. A ironia disso tudo? Mesmo distante, você não me saía do pensamento. Senti demais sua falta e aos poucos eu fui entendendo porque. A cada dia que passava, as peças do quebra-cabeça se encaixavam e percebi que depois de muitos anos eu poderia quebrar uma barreira, derrubar os muros que construí ao meu redor, porque era você quem me estendia a mão. Você, meu melhor amigo, parceiro, companheiro de trabalho. Você me mostrou que sentimentos podem ser controlados e demonstrados sempre que o outro estivesse disposto a recebe-los. Por você, eu me dei uma chance, eu quis arriscar.
Booth estava atônito diante das palavras dela. Ele realmente não esperava por isso. Bones poucas vezes se abrira para ele mas agora, ela estava revelando o que estava no seu coração.
- Quando voltei a Washington e recebi aquele balde de água fria, eu percebi que perdi a minha chance. Vi que você fez o que havia dito naquela noite. Você seguiu em frente. Aquilo foi um choque para mim, não posso negar. Eu tentei me conformar, vi que você estava feliz. Eu persisti no erro de antes, me enganando e fingindo que estava tudo bem. Não estava e isso me fez muito mal. O medo voltou a povoar meus pensamentos e novamente me questionei se você ainda me amava,afinal parecia tão feliz ao lado da Hannah e me deixava de escanteio. Eu tentei mais uma vez fingir que podia também seguir em frente e não me abalar com o seu relacionamento. Vesti a armadura de mulher resolvida e liberal e acabei conhecendo Jack, inventei um relacionamento e acredite, Jack tinha tudo para ser o melhor namorado se eu quisesse, queria poder dizer que conseguiria construir uma vida com ele. Mas não posso. Não poderia. Não seria justo comigo e nem com ele. Já tinha muita gente sofrendo nessa história, Jack não seria mais um.
Temperance esfregou as mãos no rosto limpando as lágrimas.
- Engraçado como as coisas mudam, talvez nunca tivesse passado pela sua cabeça me ouvir dizendo esse tipo de coisa. Isso normalmente era a sua função. Nós invertemos os papéis. Você frio e distante e eu emocional. Como isso foi acontecer,Booth?
- Eu...eu não sei...
Ele se pos de pé, passava as mãos pelo cabelo, nervoso. Era isso mesmo que estava acontecendo? A sua maneira Bones estava dizendo que o amava? Isso era algo tão inesperado. Ela se aproximou dele. Os olhos vermelhos, mordia os lábios. Segurou-o pela camisa e olhou-o fixamente com os olhos brilhantes de um azul profundo.
- Booth, o que mais você precisa ouvir? Fala!
Ela deu um murro no peito dele.
- Booth seu idiota, será que você ainda não percebeu que eu te amo? Sempre foi você. Eu tinha tanto medo de aceitar, de mudar as coisas entre nós, eu não sou boa nisso, eu sou um gênio e não sei nada de relacionamentos mas isso não importa, posso aprender se você ainda quiser me ensinar.
Ele segurava a mão dela na sua, ouvia cada palavra. Ele sentia-se no meio de um furacão, um tsunami chamado Temperance Brennan.
- E se for da sua vontade ficar com Hannah, eu entenderei. Mas não me peça para aceitar numa boa, não mais.
- Bones eu não posso... a Hannah....
Então ela não pensou, apenas fez o que queria fazer quando entrou ali. Ela o puxou para si e beijou-o. Um misto de paixão, tristeza e saudade compunham aquele beijo.
Booth que a princípio permanecia estático, cedeu ao beijo puxando-a para mais perto dele. Sentiu os lábios dela se entreabrirem e a língua penetrar após certa insistência no interior da boca dele. Ele pode sentir os dedos dela acariciando o rosto e o pescoço dele e da mesma forma que o beijo começara, rápido, urgente, ela o quebrara. Ela o olhou mais uma vez e sorriu.
- Bye, Booth. Eu vou entender se não me procurar. Obrigada por tudo que você me ensinou e obrigada principalmente por me fazer amar incondicionalmente.
Ela saiu rapidamente fechando a porta atrás de si. Um Booth ainda perdido em pensamentos estava plantado no meio da sala.
XXXXXXXXX
Brennan não pensou em voltar, rapidamente ela entrou em seu carro e seguiu dirigindo rumo ao seu apartamento. Estava nervosa e ainda não era capaz de controlar as lágrimas teimosas que marcavam seu rosto. Ela tinha feito o possível para fazê-lo entender o que ela estava sentindo. Nada de mentiras, nada de ciência. Pela primeira vez na vida, ela se abrira para ele, Temperance Brennan fora somente sentimentos, somente coração.
Ao chegar em casa, a ansiedade estava ainda maior e ela não aguentou ficar esperando precisava dividir o que aconteceu com alguém. Pegou seu celular e discou.
- Olá,Tempe!
- Jack... é tão bom ouvir sua voz.
Ele percebeu o nervosismo nas palavras dela.
- Como você está?
- Eu fui lá, Jack. Eu criei coragem e o enfrentei. Disse tudo o que queria dizer, sobre amizade, sobre o comportamento dele e sobre meus sentimentos.
- E como foi? Você se sente melhor?
- Uma vez que comecei a falar, parece que a coragem fluia pelas minhas veias. Eu não conseguia parar. Mal dei chance a ele para falar. Eu coloquei tudo pra fora. De certa forma, me sinto mais tranquila por parar de esconder o que estou sentindo dele porém estou nervosa, não sei dizer como ele entendeu tudo isso! Como pode? O que estou dizendo não faz nenhum sentido! Não posso estar tranquila e nervosa ao mesmo tempo! São sentimentos antagônicos, eu ...eu não estou raciocinando eu...
- Shhh hey! Calma. Respire fundo... uma, duas...três vezes... breath in breath out....
Ela obedeceu as palavras de Jack. Foi ficando mais calma.
- Tks,Jack. Você sabe como me trazer para o controle da situação.
- E o que você vai fazer agora?
- Ainda não sei. Acho que vou esperar. Já disse tudo que podia dizer. Mas a ansiedade está me deixando louca, será que tudo o que fiz foi em vão? Será que eu o sufoquei? Será que ele não me ama mais?
- Hey, pare com isso. Você o pegou de surpresa ou você acha que Booth espera ver você se declarando tão abertamente?
- É , acho que não.
- Dê um tempinho a ele, logo você vai saber o que ele fará.
- Jack, e se ele não gosta mais de mim, e se ele ama a Hannah?
- Sem chance.
- Como você pode dizer isso? Ter tanta certeza?
- Eu simplesmente sei. Ele a ama da mesma forma que você o ama. Incondicionalmente.
- Sua certeza me acalma.
- Tempe, você já esteve bem mais longe. Falta pouco agora. Apenas aguente firme. Logo ele estará batendo a sua porta, confie em mim.
- Eu confio, Jack.
- Fique bem, tá?
- Ok.
- Bye,Tempe.
Brennan colocou o celular na cabeceira da cama e deitou-se.
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Apartamento de Booth
Booth permanecia estático no meio da sua própria sala. Toda aquela situação que acontecera a cerca de uma hora parecia surreal para ele. Não sabia o que pensar realmente. Sua parceira invadira seu apartamento fazendo acusações graves e de certa forma parecidas com as que Angela o dissera. Ele sabia que ela tinha razão em todas. Contudo, não foram as acusações que o deixaram perplexo. Foram as declarações claras, precisas, fortes que ela despejara sobre ele. Ouvir tudo o que ela guardara para si durante esse tempo em que se mantinham distantes. Constatar que ela se declarara para ele como um livro aberto. Eu te amo, ela disse. Bones me ama.
Ok, não era a primeira vez que ele a ouvia dizer isso mas dessa vez era diferente. Ela estava falando de amor verdadeiro. O que você vai fazer Booth?
Ele sentou-se no sofá e apoiando a cabeça nas mãos, ele chorou.
Booth assustou-se ao ouvir a porta de seu apartamento se abrir. Será que ela voltara?
Os passos firmes sobre a madeira do assoalho o fizeram levantar a cabeça.
- Hannah? Você não estava viajando?
- Cancelaram o vôo. Fiquei no escritório até agora para enviar todas as informaçõex necessárias e...
Só então ela percebera o rosto vermelho e marcado por lágrimas.
- Seeley, o que aconteceu? Você está chorando?
- É que, é eu estou chorando.
- O que foi? Algum parente seu morreu?
- Não, meu choro é de raiva e alegria ao mesmo tempo.
- Como assim?
Ele tomou fôlego e coragem. Não podia adiar mais isso.
- Estou com raiva de mim mesmo por ter sido tão cego, por ter feito mal a tanta gente de uma única vez. Estou com raiva por ter que causar um pouco mais de tristeza a mais alguém.
- Você não está se fazendo entender, Seeley.
- Hannah, eu sinto muito mas nossa relação acabou. Ela não tem futuro algum. Eu gosto de você, sério e não queria que passasse por isso.
- Mas o que... você está me dispensando?
- Sinto muito, não posso enganá-la. Eu não amo você, eu estou apaixonado por outra pessoa.
Hannah estava boquiaberta. Não era o tipo de recepção que ela esperava ao voltar para casa.
- Apaixonado por outra?
- Na verdade, eu a amo. Sempre amei.
Então Hannah entendeu. Temperance Brennan, só poderia ser ela.
- É a cientista, a sua parceira.
Ele assentiu.
- De certa forma eu já sabia. Não vou discutir nem pedir para você reconsiderar sua decisão. Eu sei quando perdi uma batalha. Não se preocupe comigo, vou ficar bem.
Ele pegou a mão dela na sua e fitou-a mais uma vez.
- Me desculpe, Hannah.
- Tá, que seja. Vou arrumar minhas coisas. Hoje mesmo deixo seu apartamento.
Ela soltou a mão dele e foi em direção ao quarto. Vinte minutos depois, ela saiu do quarto carregando uma valise e uma mala.
- Adeus Seeley.
- Sem ressentimentos,Hannah?
- Não, por hora ainda tenho que digerir isso tudo, talvez no futuro.
Booth suspirou.
- Espero que você saiba o que está fazendo e não se arrependa depois.
- Eu sei.
Ele a acompanhou até a porta e fechou-a atrás de si.
Apartamento de Brennan
2 am
2 am
Brennan revirava-se na cama. Por mais que tentasse, ela não conseguia dormir. Ela se levantou. Resolveu ir até a cozinha para tomar água. Ela ainda considerava se deveria tomar um comprimido para dormir. Estava com o copo nas mãos quando sua campainha tocou assustando-a. O copo por pouco não fora ao chão.
O susto a fizera sentir medo, o coração batendo descontrolado ao peito. Então lhe veio a constatação. Só podia ser ele! Tinha que ser ele! E esse pensamento foi suficiente para trazer a tona todo o nervosismo de antes, agora enquanto se dirigia a porta ao som insistente da campainha, seu coração estava quase saindo pela boca. Pelo olho mágico, ela o contemplou.
Ao abrir a porta, Brennan deu de cara com um Booth bem diferente do que ela estava acostumada a ver. Ele estava abatido e tinha os olhos vermelhos. Ao ve-la porém, abriu o sorriso.
Ela se afastou para deixa-lo entrar. Calado, ele se dirigiu até o meio da sala dela. Brennan se pos na frente dele.
Ela se afastou para deixa-lo entrar. Calado, ele se dirigiu até o meio da sala dela. Brennan se pos na frente dele.
- Desculpe....você tem razão, eu sou um idiota. Eu sempre disse que não queria te fazer sofrer, disse tantas coisas, fiz tantas promessas mas acabei quebrando todas elas. Estou furioso comigo mesmo. Eu pensei que a entrada de Hannah na minha vida ia me fazer bem, de certa forma fez, porém, eu acabei esquecendo de coisas fundamentais na minha vida como minhas amizades, você me cobrou, Angela me cobrou, todos tinham razão. Até Sweets tem razão. Eu afastei a todos vocês. Mais que isso, eu magoei as pessoas que sempre fizeram parte da mnha vida, da minha família.
Ele tomou fôlego.
- Eu que sempre me exibi para todos por ser super intuitivo, agir seguindo meus instintos, não percebi a maior de todas as mudanças, você. Bones eu não soube interpretar a sua rejeição, não soube perceber a grande mudança que aconteceu com a minha parceira e melhor amiga. Parece que eu fiquei cego, alheio ao resto do mundo. Ao fazer isso, eu magoei e fiz você sofrer mesmo conhecendo o seu problema do passado, eu prosegui fazendo besteiras. No ínicio é verdade, eu não percebi, estava empolgado com a nova namorada afinal ela entrou na minha vida num momento onde tudo parecia estar desmoronando, me sentia perdido como você mesma falou. Hannah foi uma espécie de bálsamo para a ferida aberta do meu coração.
Brennan ouvia atentamente, não pretendia interrompe-lo, ele também precisava falar. Booth sentou-se no sofá, passou a mão no rosto e suspirou fundo antes de continuar.
- Você tem razão em mais uma coisa. Eu menti. Sim, quando disse que a viagem a NY foi ótima, eu menti! No começo estava tudo bem até eu visitar o museu de história natural. Para todos os cantos que eu olhava, eu via você, aquele lugar tem seu cheiro, seu jeito, sua cara. Por várias vezes me peguei a ponto de fazer um comentário absurdo ou engraçado apenas para ver você me repreender e falar aquele monte de termos científicos horrorosos que só você acha interessante. Então eu percebia que você não estava ali. Foi ali que minha viagem foi pro espaço. Não conseguia tirar você da minha mente, em tudo eu via você, sonhei com você. Voltei para Washington lutando com meus pensamentos. Tudo o que eu estava passando e bem ao lado de Hannah, não, ela não merecia isso. Eu nunca traí qualquer mulher com quem eu tive um relacionamento e naquele momento, eu me sentia sujo, traindo a confiança e o amor dela. Porém, não poderia negar o óbvio, eu não a amava.
Ele se levantou e foi até Brennan. Tomou as mãos dela nas suas e olhou-a profundamente.
- Eu amo você, Bones. Só você, sempre foi você.
Sem esperar a reação dela, Booth a puxou contra si e beijou-a. Os lábios secos pelo medo de fracassar, recebiam agora o carinho dos lábios sedentos dela. Brennan queria sentir cada pedacinho daquela boca. Ela ansiava por isso a muito tempo. Entreabriu os lábios permitindo a invasão da lingua que roçava a sua intensamente, urgente como um copo d’água perdido no deserto, ele sugava a boca tão desejada. Brennan esperava que esse contato não acabasse nunca. Deixou as mãos vagarem pelas costas dele. As mãos de Booth se dividiam entre o rosto e a nuca dela.
Brennan colou o corpo ao dele e levantando a camisa, passou a deslizar os dedos sobre a pele dele. Booth gemeu. Ele quebrou o beijo e passou a beijar-lhe o pescoço. Brennan puxou a camisa dele pra cima e retirou-a jogando no chão. Em seguida, ela própria tirou a camisola e a peça caiu no sofá. Os seios estavam a amostra. Booth parou para admirá-la por um instante. Ela o olhava intensamente. Segundos depois ele fez menção de voltar a beijá-la mas Brennan o parou colocando a mão sobre o peito dele.
- Booth, lembra quando você me disse que duas pessoas podem se tornar uma só, quebrando as leis da física?
Ele sorriu.
- Sim, eu lembro.
- Essa é a sua chance de provar. Faça amor comigo, Booth.
Ele não esperou. Tomou a nos braços e voltou a beijá-la com paixão. As mãos tocavam os seios perfeitamente ajustados a elas. Os polegares roçavam os mamilos que já eriçados causavam um arrepio na pele dela fazendo-a gemer entre os lábios dele. Booth a levantou do chão acomodando-a em seus braços. Brennan o envolvia pelo pescoço. Ele a levou até o quarto.
Cuidadosamente, ele a deitou na cama. Livrou-se das calças e do boxer. Brennan pode perceber o quanto ele já estava excitado, o quanto o seu pênis estava ereto. Ele se ajoelhou na cama e se pos entre as pernas dela. Beijou-a mais uma vez e com os lábios traçou uma de pequeninos beijos ao longo do pescoço, do colo rumo aos seios dela. Ao tomar um dos seios em sua boca, ela gemeu e arqueou ao sentir o toque dos lábios em uma parte tão sensível do seu corpo. As mãos de Booth acariciavam a pele na lateral do corpo e o abdomen indo brincar provocantemente com a calcinha dela. Ele provou o outro seio, dessa vez a língua rodeava todo o mamilo e o sugou. O gemido dela era música para os ouvidos dele.
Não tinha pressa.
Booth esperara tanto por aquele momento que a pressa era una palavra proibida ali. Os dedos dele provocavam massageando o centro dela sobre o tecido, ela se contorcia. Devagar, ele retirou a calcinha dela, a única peça que ainda o impossibilitava de senti-la por inteiro. Booth deixou seu corpo então tombar sobre o dela. Pele contra pele. O calor dos corpos refletiam o desejo a tanto tempo escondido, controlado. Ela o puxou num beijo urgente, mordiscou o lábio inferior dele, seu olhar revelava o tesão e o prazer que ela ansiava em sentir. Ele tirou o peso dela e abriu as pernas.
Delicadamente, ele posou os lábios no centro dela e o beijou. Ela estava úmida. Ele a provou com a lingua e ela gemeu contorcendo-se contra ele. Não querendo mais resistir, ele a provou de verdade, os lábios e a lingua sugavam a umidade do interior dela, os dedos ágeis massageavam o clitóris com precisão. Brennan gemia com mais frequencia agora, as vezes soltava uns gritinhos. Ele sentiu a mão dela tocando seus cabelos pressionando-o ainda mais contra ela. O calor do momento era intenso demais. O tremor começou a se manisfestar pelo corpo, eriçando os pelos dela e finalmente a explosão a atingiu. Booth pode sentir o gosto dela na boca, eram múltiplos. Brennan arfava e gemia. Ele pode ouvir seu nome sendo pronunciado baixinho por ela. Ele não parou de massageá-la, queria que ela continuasse a sentir prazer. Sentia o próprio membro endurecer ainda mais, se é que era possível, a dor causada pelo desejo era imensa mas ele não iria apressar as coisas. Ela precisa experimentar todo o prazer que ele pudesse lhe dar.
Ele tornou a beijar e apertar os seios dela. Perfeitos. Ele ouviu quando ela gemeu seu nome, chamando-o.
- Booth...
Ele inclinou-se sobre ela nivelando seus olhos aos dela. As pupilas indicavam o desejo ardente do momento. Ele sorriu para ela.
- O que foi?
- Por favor, me preencha. Quero você por inteiro.
Ele a beijou com carinho e por fim a penetrou lentamente. A sensação de te-lo dentro de si era indescritível. Ele moveu-se devagar, fazia questão de olhar para ela, Booth tinha o sorriso no rosto. Era a realização de um sonho já esquecido por ele. Brennan tinha o olhar fixo no dele, o desejo exalando por todos os poros. Ele aumentou o ritmo fazendo-a gemer. Os corpos se completavam, as mãos dele vagavam pelo corpo, ele adorava o perfume dela.
Brennan sentia o coração disparar, te-lo todo para si fazia apenas comprovar o quanto ele tinha razão sobre sentimentos. Algo inmensurável, não dá para explicar racionalmente. Sentiu ele aumentar as estocadas e o corpo começar a ceder ao prazer. Ele beijou-a novamente e acariciou-lhe os seios.
- Você está comigo,Tempe?
Ela gemeu. A voz rouca a excitou ainda mais.
- Repita, diga mais uma vez...
- O que?
- Meu nome, diga...
- Temperance....Tempe.... você está pronta?
Ele tirou o membro deixando a sensação de vazio momentanea ser representada num gemido de descontentamento.
- Não...Boooothiiee...
Mas então ele a penetrou de uma vez. Brennan não resistiu. Junto ao grito, a sensação de orgasmo invadiu sua mente e cada poro do corpo impedindo-a de pensar em mais nada. Ela apenas sentia. Booth ainda mantinha os movimentos mas estava no seu limite e ao ouvi-la gemer o seu nome novamente, ele se entregou.
O quarto era pequeno para tanto amor e prazer. Corpos suados, exauridos pelo desejo enfim se encontravam e se abraçavam. Booth deixou o corpo sobre o dela por um momento. Beijou-lhe o ombro ainda recuperando o fôlego. Ao voltar a olhar para ela, percebeu as lágrimas entre o sorriso de satisfação. Devagar, ele deitou-se ao lado dela apenas para ouvir as reclamações.
- Não... quero sentir seu corpo aqui.
- Sou pesado, Bones...
- Então me abrace, quero o calor do seu corpo junto ao meu.
Ele obedeceu. Abraçou-a em posição de conchinha. Beija-lhe o rosto.
- I love you,Bones.
Ela riu.
- O que foi?
- Nada. Estava pensando. A algum tempo atrás, eu sequer cogitava pronunciar essas palavras. Sempre tive dificuldade de entender o seu significado. Sei que parte disso se deve ao abandono que sofri quando criança. Então, você entrou na minha vida... como um furacão, me desafiou e eu como uma pessoa ávida por desafios e por querer provar que estava sempre certa, aceitei a parceria. Quem diria que íamos nos tornar bons amigos, mais ainda quem diria que você me fizesse querer amar novamente. Eu não me arrependo de ter entrado no taxi e ido embora naquele dia a seis anos atrás, do contrário, eu não teria percebido o quanto você é importante na minha vida, não teria aprendido o tanto que aprendi sobre pessoas e sentimentos. Mais que isso, ao estar longe de você, não teria percebido o quanto te amava. I love you too, Booth.
Ela virou-se para ele e sorveu os lábios que agora seriam somente seus. Ao quebrar o beijo, um sorriso lindo se formou no belo rosto a sua frente. Ele reparou no brilho dos olhos da mulher a sua frente.
- Como você pode ser tão linda? Eu vou adorar me perder nesses olhos profundos que me deixam várias vezes na dúvida. São azuis sempre a luz do sol, agora parecem de um verde-esmeralda que lembram o oceano. Você já ouviu a frase, não lembro quem disse agora, “Os olhos são o reflexo da alma”? Então, para mim os seus olhos refletem exatamente a sua alma, misteriosa. E adoro poder vivenciar esse mistério a cada dia.
- Booth poeta... gosto disso.
- Vida nova, Temperance?
- Vida nova, Booth.
Exausta por todas as emoções da noite, ela dormiu imediatamente. Booth ficou velando o sono da amada, feliz pela realização de um sonho a tanto perseguido, um futuro vasto de oportunidade para uma vida nova, a dois.
Continua....
Continua....