domingo, 14 de novembro de 2010

[Bones Fic] Six Months or a Lifetime? - Cap.14

Cap.14

Angela ficou calada por uns segundos encarando Booth.

- O que foi,Angela?

- Ah, você pergunta? Bem, por onde devo começar? Ah, que tal pelo fato de você ter voltado da guerra depois de um ano com uma namorada? Ou o seu comportamento devido essa nova namorada?

- Você tem problema com a Hannah?

- Ah, não! Só acho ela meio irritante e de certa forma metida, sabe? Nariz empinado? Ela não gosta da gente e não faz sequer algum esforço para esconder isso. Mas na verdade, não sou eu quem deve gostar da Hannah, é você. Meu problema é outro.

- Hannah irritante? Angela você está exagerando!

- Viu? Taí o problema! Você está cego! Você não consegue enxergar o que anda fazendo, está tão encantado com a nova namorada que não percebe o que está fazendo com as outras pessoas ao seu redor. Você deixou seus amigos de lado, deixou de fazer certas coisas que eram rotineiras na sua vida antes da Hannah. Há quanto tempo você não almoça ou janta com a Brennan? Você deixou de lado uma amizade de seis anos como se fosse algo normal! Parece que você esqueceu a amiga que tem! Você esqueceu quem é a Brennan!

- É claro que não esqueci quem a Bones é, Angela! Que besteira.

- Pois parece que esqueceu. A Brennan tem problemas de abandono, confiou a vida toda dela a você, tem problemas para se relacionar com a maioria das pessoas mas com você, ela foi além, você sabia que em todos esses anos de amizade comigo, Brennan nunca havia chorado na minha frente? Ela demonstrava emoções para você que escondia de todos os outros. Como você pode esquecer isso? Vocês tem uma história de amizade e amor que talvez você não tenha com mais ninguém.

- Angela, você está parece estar vendo só o lado da Bones mas e o meu? Será que não tenho o direito de ser feliz?

- Sim, você tem todo o direito para ser feliz desde que isso não machuque as outras pessoas ao seu redor. Apesar de achar que você está procurando a felicidade no lugar errado. Me responda uma coisa com sinceridade, você ama a Hannah?

Booth abriu a boca para responder mas fechou-a imediatamente. Não era essa a pergunta que ele esperava.

- É claro que não! E sabe porque? Porque por mais que você se esforce, tente mudar, o óbvio não precisa ser dito. Você é apaixonado pela Brennan. Sempre foi. O problema é que bastou você se afastar por um longo período para balançar e se encantar com a Hannah. Você não funciona longe da Brennan, não adianta negar.

- Você fala como se eu não tivesse tentado. A Bones me rejeitou. Fui fragilizado para a guerra e a Hannah me mostrou um outro lado, me fez sorrir novamente.

- Como você pode dizer que a Brennan te rejeitou? Ela foi honesta com você! Ela colocou o seu coração nas suas mãos. Você desistiu. Você decidiu seguir em frente. Booth, mais do que ninguém você sabe que a Brennan não se abre, ela não sabe lidar com sentimentos como eu e você. Do jeito dela, Brennan disse que não podia fazer algo que não era sua especialidade e você não soube aproveitar essa chance. É tão difícil ver o quanto ela te ama? O quanto ela abriu mão por você? Tudo que interessa a Brennan é que você esteja feliz mesmo que isso signifique o sofrimento dela.

- Não concordo com tudo que você falou. Bones não tá sofrendo tanto assim, ela também seguiu em frente. Ou você esqueceu aquela noite na boate? Onde ela bebeu, dançou e até se agarrou? Ela também tá namorando com aquele cara!

O rosto vermelho de Booth denunciava o ciúme. Exatamente como Angela queria.

- Ah, então o problema é o Jack agora... ao contrário de você, ele está presente na vida dela. Ele consegue preencher o vazio que você deixou na vida dela. Se você acha que a culpa é da Brennan por ter dado a ele uma chance, você está errado.

- Ela me pareceu muito bem da última vez que a vi com o tal Jack. Porque o mesmo sermão não vale pra ela também? Brennan escolheu o Jack.

- Resposta errada, Booth! Jack procurou Brennan e fragilizada ela encontrou nele o amigo que perdeu em você. Booth concordo que você queira ser teimoso e não dar o braço a torcer querendo ficar com a Hannah mas não posso acreditar que você ache normal a forma como você se afastou dela. Você excluiu a Brennan da sua vida! Você nem avisou a ela que ia viajar! Isso não se faz! Você não teve a decência de avisar... que não seja pela amizade mas profissionalmente você deveria ter ligado pra ela. Sabe o que você fez, Booth? Você a abandonou.

Angela segurava as lágrimas que enchiam os olhos nesse momento. Tomou fôlego e continuou.

- Para alguém que se diz movido por instinto, você está muito mal porque você não percebeu o que estava acontecendo ao sua volta. Você está cego! A Brennan está apaixonada por você. Ela voltou dessa última viagem disposta a tentar, você sequer percebeu isso. Você se isolou.

- Porque você está aqui defendendo a Bones? Se ela está apaixonada, porque ela não veio falar comigo?

- Booth, você bateu com a cabeça? Tá delirando? É a Brennan! Você nem deveria fazer essa pergunta. Tapado, isso é o que você é, um tapado!

- Angela não fala assim comigo.

- Falo e provo o quanto você é tapado!

Ela pegou o telefone e acionou o vídeo.

- Me diga quem é essa pessoa que está cantando e pra quem ela está cantando,Booth?

O som da voz de Brennan invadiu a sala. Booth calado, ouvia e via algo que de certa forma o surpreendeu. Mordeu os lábios tenso. Sentiu o coração apertar. Quando o vídeo finalmente acabou, Angela o olhou séria. Percebeu a mudança no semblante de Booth.

- Eu nunca imaginei ver Brennan cantando Mariah Carey. Confesso que fiquei surpresa com essa cena também.

Booth tomou o celular da mão de Angela. Repassava o vídeo.

- Foreigner.

- O que você disse?

- Não é da Mariah, essa música é do Foreigner, um dos grupos preferidos da Bones.

Ele parecia tocado pelo gesto que claramente foi dirigido a ele. Angela não deixou o comentário passar em branco.

- Eu não sabia disso. Mais uma prova de que você a conhece como ninguém. Acho que não preciso mais falar nada depois dessa demonstração de amor.

Booth ainda assistia o vídeo, olhando com cuidado.

- Sei que você tem condições de perceber agora como a sua parceira mudou, o quanto ela está disposta a arriscar. Booth, seis anos não são seis meses. A decisão é sua, o que vai ser: um romance de momento ou um amor pra toda vida?

Ele estava concentrado na tela. Reparando detalhes. Viu quando Jack a abraçou depois de cantar. A raiva o dominava.

- O que vai ser Booth?

- Eu não sei, Angela. Porque essa decisão é só minha? Porque sou eu quem deve abrir mão de um relacionamento quando ela parece não estar disposta a deixar esse cara?

Angela revirou os olhos. Não acreditava no que Booth estava dizendo.

- Eu não posso fazer isso com a Hannah, ela não merece. Ela me ajudou num momento difícil. Ela me trata bem, se preocupa comigo...

- Mas ela não te ama realmente,mais importante: você não a ama! Porque essa teimosia?

- Não quero magoar a Hannah, não é justo Angela.

- Ah, tá não é justo com a Hannah e quanto a Brennan? É justo o que você está fazendo com ela? A Brennan pode ser magoada, ferida, abandonada? Francamente, Booth! A Brennan não está com ninguém.

Ele passava as mãos na cabeça claramente mexido com as palavras de Angela.

- Não sei realmente o que aconteceu nesse momento, você é outra pessoa,Booth. Eu me enganei quanto a você. Pensei que era um cara de decisão, de coragem. Acho que você se acovardou depois de ter ido ao Afeganistão. Você é o coração da questão, ou pelo menos era. O verdadeiro Seeley Booth que conheci saberia exatamente o que fazer.

Ele permanecia de rosto fechado. Calado. Angela se rendeu as lágrimas pela primeira vez, mesmo contra a vontade, passou a mão rapidamente no rosto.

- A minha amiga está sofrendo por sua causa e entre ve-la sofrendo e sua felicidade, eu prefiro que ela o esqueça.

Angela suspirou profundamente.

- Nunca pensei em dizer isso mas se esse é o novo Booth, você não merece a Brennan. Fique com a sem graça da Hannah. Você se perdeu e não é nem de longe metade do homem que Brennan conheceu. Panaca! Você é um panaca, Booth.

Ela levantou rapidamente e saiu batendo a porta atrás dela. Booth respirou fundo e deixou o corpo cair na poltrona, a cabeça explodia confuso e torturado. Pela primeira vez em muito tempo, Seeley Booth sentia-se derrotado.

XXXXXX


Brennan acabava de entrar no restaurante onde encontraria com Jack. Ontem durante o jantar, ele conversou muito com ela sobre o momento que ela vivia. Deu conselhos e fez com que ela refletisse muito à noite. Ele dormiu novamente na casa dela mas dessa vez não acontecera nada, ele apenas deu a ela um conforto, ele sabia que ela estava carente. Sorriu ao ve-lo na mesa de fundo do restaurante. Sentou-se ao lado dele.

- Oi, Jack!

Beijou-o na bochecha.

- Tudo bem?

- Está sim. Estou morrendo de fome. Já pediu?

- Não, o que quer comer?

- Lasanha de beringela.

Ele chama o garçon, faz o pedido e inclui um chá gelado para ela. Depois que ela tomou o primeiro gole da bebida, ele voltou a falar.

- Sabe,você não me convenceu. Como está o seu coração?

- Batendo...

- Tempe não seja literal. Fale a verdade. Todas as respostas que você procura estão aqui.

Ele apontou para o peito dela indicando o coração.

- Você teve notícias de Booth?

- Não, acho que volta hoje.

- Ele não ligou né?

Ela balançou a cabeça negativamente. As vezes não entendia essa dinâmica de relacionamentos.

- Jack, porque você está preocupado com o Booth? Na linguagem dos relacionamentos ele seria seu rival. Parece que está querendo me jogar pra ele.

- Tempe eu não sou rival do Booth, eu sou alguém capaz de perceber a hora de sair do jogo, recuar. Eu já perdi antes mesmo de jogar. Quando cheguei, seu coração já estava tomado. Porém nada do que eu faça irá valer a pena se você continuar infeliz, eu quero ve-la feliz, isso é a coisa que mais me interessa nesse momento. Sua felicidade.

Ela sorriu e tomou a mão dele na sua.

- Como você pode ser tão maravilhoso?

- Engraçado você dizer isso. Você não é tão diferente de mim nesse sentido. Na verdade, somos iguais.


- Não entendo a sua lógica. Você é muito mais emocional que eu e lida melhor com os sentimentos do que eu.

- Será Tempe? Vamos fazer uma comparação entre nós dois. Primeiro: ambos somos pessoas racionais, defensores da ciência cada um na sua área, acreditamos em fatos e dados. Até aqui tudo bem?

- Sim, concordo mas você se deixa levar pelas emoções, eu não.

- Discordo e posso provar. Ambos reprimimos nossas emoções até o limite que aguentamos evitando com isso demonstrar fraqueza, o que é ilógico pois ter momentos difíceis não quer dizer que somos fracos essencialmente. Você não reprime suas emoções pelo contrário já demonstrou-as para mim e todos os seus amigos mais de uma vez, seja cantando ou chorando. Mesmo em uma conversa comigo ou com Angela, o tom da sua voz denuncia o sentimento que está te incomodando naquele momento.

Ele tomou um pouco de água para recuperar o fôlego. Ela o fitava e intimamente se perguntava se o homem a sua frente era real. Novamente ele tinha razão no que dizia.

- Posso seguir para o próximo ponto ou você quer acrescentar algo?

- Pode seguir, aceito os fatos.

Ele riu da seriedade nas palavras dela.

- Continuando, o próximo ponto onde somos iguais é que ambos já sofremos muito na vida.

- Como assim? O que você sabe sobre minha vida?

- Sei que você perdeu seus pais cedo e teve que lidar com o abandono deles. Isso a afetou naturalmente.

Brennan arregalou os olhos. Jack sabia a sua história?

- É claro que você não me contou a história completa, achei estranho alguns comentários seus e fui pesquisar, por favor, não fique com raiva de mim por bisbilhotar sua vida assim porém, eu precisava saber como uma mulher brilhante e inteligente como você se mostrava tão vulnerável quando se falava de sentimentos especialmente o amor. Foi aí que descobri.

Ele olhou para ela, suspirou.

- Você ficou chateada. Desculpe, Tempe. Não foi minha intenção.

Ele procurou a mão dela e levou aos lábios, beijou-a.

- Não estou. Não consigo ficar chateada com você. Estou curiosa porque eu não imagino como você pode dizer que somos iguais nesse sentido.

- Eu me casei aos 23 anos e perdi alguém muito querido quando tinha 27 anos, Kate era o amor da minha vida, minha namorada desde o colegial. Era minha vida. Ela, ela sofreu um acidente de carro e faleceu. Kate estava grávida de 6 semanas, ela planejara um jantar especial naquela noite para me contar a novidade. Eu perdi minha alma gêmea e minha chance de ser pai na mesma noite e a vida nunca mais foi a mesma desde então. Mergulhei nos estudos, fiz doutorado e as pessoas mais importantes na minha vida passaram a ser meus alunos. Meus amigos sempre me apoiaram mas queriam que eu voltasse a namorar, tentaram alguns encontros, sejam às cegas ou mesmo com mulheres que conhecia, não deu certo. Eu sempre procurava Kate em todas elas. Parei de procurar quando me convenci que ela era minha alma gêmea e que um dia eu a encontrarei.

- Nossa Jack, eu não imaginava... eu sinto muito.

Ele deu um sorriso triste.

- Só uma coisa não explica seu raciocínio, como um homem da ciência, você acredita que a encontrará então você acredita em Deus como o Booth?

- Acredito em uma força superior porém minha certeza ao poder encontrá-la é apenas uma demonstração do meu amor incondicional por ela. Talvez de tanto estudar mitologia e história antiga, eu tenha me identificado com o filho de Vênus, Cupido. Pensar que viveria para tocar as pessoas que precisam de amor seria uma forma de manter Kate amada e sempre presente na minha vida.

Brennan tinha os olhos mareados. Não sabia o que dizer. Jack continuou.

- Tem mais um ponto que nos torna iguais. Ambos amamos tão incondicionalmente que somos capazes de abrir mão desse amor se isso significar a felicidade do outro. Você foi a única mulher que me tocou depois de Kate. Fiquei encantado com você, com seu jeito de ver o mundo, me identifiquei com a sua dor. E o mais interessante é que você não se parece em nada com Kate. Ela era totalmente passional. Mesmo dessa maneira, eu me deixei envolver mas bastou perceber o que se passava em seu coração para eu saber exatamente que deveria recuar em nome do verdadeiro amor, pela sua felicidade.

Brennan chorava. Abraçou-o tão forte que sentiu as batidas do coração dele junto ao seu. Beijou-lhe o rosto. Acariciou-lhe os lábios com o polegar. Sorriu.

- Obrigada, Jack.

- Você não tem que me agradecer, eu não fiz nada que qualquer um dos seus amigos faria. Agradeça a você mesma por entender tudo o que está acontecendo com você. Eu só dei uma ajudinha.

Ela riu.

- Não, Jack. É sério, só uma pessoa conseguiria causar o mesmo efeito em mim.

- Booth, como a Kate em mim. Mais um ponto em comum.

- É, mais um ponto.

- Tempe, faz um favor para o seu amigo Cupido? Vai atrás dele, Temperance. Não deixe a oportunidade passar. Não se deixe esmorecer pela segunda opção dele. Siga seu coração, não espere mais.

Ela abriu o sorriso e inesperadamente Jack se viu envolvido num beijo carinhoso. Ele retribuiu o gesto da mesma forma. Ela quebrou o beijo e o abraçou mais uma vez e sussurou no ouvido dele.

- I love you, Jack.

Ele a olhou sorrindo.

- Eu também, Tempe. É impossível não te amar mesmo que seja como amiga.

- Foi exatamente isso que queria dizer.

- Eu sei. Agora some daqui. Você tem algo muito importante a fazer.

Ela se levantou rindo. Quando estava no meio do restaurante, tornou a olhar pra trás. Ele sorria. Fez sinal para ela correr com as mãos.

Brennan deixou o restaurante e Jack levantou o copo de whisky.

- A você, Kate. E a mais uma bela história de amor.

E virou a bebida de uma vez.


XXXXXXX



Booth saiu do FBI ainda afetado pelo que Angela havia lhe dito. Chegando em casa, ele encontrou um recado de Hannah na geladeira.

“Complicações no trabalho, tive que viajar urgente para Chicago. Volto em 2 dias.”

Incrível, depois de tudo que acontecera hoje essa foi a melhor notícia do dia. Ele não tnha condições de encarar Hannah depois do que ouviu hoje. Abriu a geladeira e tirou uma cerveja. Deu um primeiro gole e sentou-se no sofá. Esfregava a garrafa gelada na testa tentando minimizar a dor de cabeça que insistia em incomodá-lo. Voltou a tomar a cerveja esvaziando a garrafa. Pegou mais uma na geladeira e voltou a se sentar. O celular estava ao lado dele. Pegou-o nas mãos e mexeu até ter o número dela na tela. O polegar dançava sobre o display decidindo se iria apertar a tecla verde. Por fim, suspirou e jogou o celular de volta no sofá.

Ele já estava na metade da cerveja quando ouviu as batidas na porta. Levantou-se intrigado.

Booth nem abrira a porta completamente e ela já entrava no apartamento.

- Oi, Booth. Tudo bem?

- Bones... oi.

- Você está sozinho?

- Estou mas o que você...

- Ótimo! Nós dois precisamos conversar.



Continua.....

Um comentário:

Rubine disse...

A Angela disse exatamente TUDO oq q eu qria dizer ao Booth... vai ser frouxo assim no inferno!