quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

[Bones Fic] Between Love & War - Cap.2

Cap.2




Brennan sentou-se embaixo da árvore, olhava para a camisa suja ainda incomodada. Por um momento, observou a paisagem a seu redor. Várias crianças brincavam ali por perto. Alguns casais olhavam os filhos. Ela se perguntava se esse pessoal não trabalhava afinal era uma terça à tarde! Ela realmente estava por fora da vida social. Onde será que aquele homem se meteu? Não devia ter aceitado a sugestão dele. Nem o conheço.


Então, ela o avistou novamente. Agora podia ve-lo com mais detalhe. De andar sorrateiro, ele vestia uma calça jeans e camiseta com alguma referência a rock, não que ela conhecesse bem o assunto mas como tinha uma guitarra, deve ser isso. A camiseta realçava os músculos. Ele era realmente bonito mas tinha algo no rosto dele, nos olhos que transmitiam a ela uma calma tão estranha, algo tão natural, não sabia dizer o que era. Ele se aproximou mais e ela pode ver que tinha algo nas mãos.

- Prontinho! Desculpe a demora.

Ele estendeu uma camiseta do combate ao câncer de mama a ela.

- O pessoal está fazendo um evento no parque e lembrei que tinham camisetas para vender. Pode trocar logo ali. É só seguir aquela trilha.

Ele apontou o caminho para ela. Brennan se levantou e seguiu a trilha.

- Vou ficar te esperando...

Ele sentou-se encostado na árvore e esperou. Cerca de cinco minutos depois, ela apareceu. De certa forma, a camiseta realçou suas formas e Booth pode perceber que além do rosto, ela era linda como um todo.

- Posso comprar seu hotdog ?

- Agora pode.

Ele seguiu até a carrocinha e voltou em tempo recorde. Entregou a ela o hot dog e sentou-se a seu lado.

- Desculpe mais uma vez...eu nem sei como se chama...

- Temperance.

- Hum, nome forte. Eu sou Seeley Booth. Mas pode me chamar de Booth.

Ele estendeu a mão para ela e eles se cumprimentaram.

- Booth me responde algo. Como pode ter tanta gente,incluindo você a essa hora no parque?

- Ora, é verão, as crianças ainda estão em férias escolares, época de turistas e dependendo do ramo em que trabalhe, você pode ter folga ou horários alternativos. Você é de New York mesmo?

- Sou, quer dizer moro aqui desde a época da faculdade...mais de dez anos.

- E como você pode fazer uma pergunta dessa?

- Você não respondeu o que faz aqui? Está desempregado?

- Ouch! Bem direta você hein?

Ela deu de ombros enquanto dava mais uma mordida no hot dog.

- Eu trabalho lecionando, tenho horários alternados. E gosto de vir ao Central Park sempre, seja para caminhar, sentar a sombra de uma árvore ou apenas para ver as pessoas passarem. Não existe nada mais novaiorquino que um passeio no Central Park.

Ele sorria para ela. Um sorriso solto e cativante.

- Onde leciona? Colégios, universidades?

- Não, sou do exército. Treino jovens soldados na academia.

- Ah...

- Você parece não aprovar o que eu faço...

- Não é você, apenas acho as guerras atuais muito sem propósitos, as guerras antigas eram mais convincentes. Na verdade, todas são apenas uma forma de beneficiar poucos e fazer mal a uma maioria. A única coisa boa das guerras são as contribuições médicas e tecnológicas. Todos os anos mandamos milhares de jovens soldados para a guerra que nem sabem porque ou quem estão lutando. Pior, muitos morrem.

- Nossa! Já vi que não tenho chances em me justificar. E o que você faz?

- Sou médica. Cirurgiã Neo-natal.

- Então você traz vida ao mundo.

- Sim, entre outras coisas.

- Agora entendo, você deve ser uma workaholic.

- Sou e me orgulho disso.

- Pena que por conta disso você acaba perdendo uma parte da sua vida. As oportunidades, as coisas boas da vida, um bom jogo de baseball ou basquete, um piquenique no Central Park...

Brennan ficou calada. Como poderia alguém que ela conheceu a minutos falar coisas tão certas sobre ela e a forma como ela lida com a vida.

- Engraçado, você fala tanto de aproveitar a vida mas estava aqui sozinho.

- Gosto de estar sozinho as vezes, porém agora estou em ótima companhia.

- É, sua companhia precisa ir. Eu trabalho. Entro às 7 no plantão.

Ela se levantou e ajeitou a roupa. Colocou a bolsa sobre o ombro e fez menção de ir embora.

- Ah,Temperance não vá...

Ele tocou a mão dela. Brennan sentiu um choque elétrico, uma onda de arrepio percorreu o corpo dele. O que era aquilo?

- Eu vou trabalhar...

- Tempe... posso te chamar de Tempe?

- Não vejo muito sentido já que não vou te ver mas tudo bem, é melhor que o nome completo.

- Quem disse que você não vai me ver?

Ele puxou um cartão e deu a ela.

- Por favor, nem vou pedir o seu cartão. Ligue sempre que quiser ou precisar de uma camisa, um hot dog...

Ela riu. Pegou o cartão e colocou na bolsa.

- Tchau Booth.

- Tchau Tempe, foi um prazer te conhecer. Se cuida e pensa no que te falei. Aproveite a vida!

Ela deu as costas para ele e saiu sorrindo a caminho do metrô. Sentia-se bem, leve. Ainda não conseguia entender o que acontecera naquela tarde.


Dias depois...


Brennan estava se arrumando para o plantão noturno. Resolveu trocar de bolsa. Ao transferir os pertences para a nova bolsa, ela encontrou o cartão de Booth. Encostou-se no sofá e ficou brincando com o pedaço de papel na mão. Porque aquele cara mexera tanto com ela? Sorriu. Guardou o cartão na carteira.

Terminou de se arrumar e saiu.

As coisas estavam relativamente calma nesse dia. Não aparecera nenhuma cirurgia de emergência e ela fizera apenas dois partos e o acompanhamento de pacientes. Não deixou de reparar porém o jeito de Mark com uma das enfermeiras da área pediátrica. Não que seu relacionamento com Mark fosse algo monogâmico mas ele deveria ter pelo menos um pouco mais de respeito por ela, afinal ela estava no mesmo ambiente que ele.

Suspirou e foi atender mais uma paciente. Como não tinha nenhum atendente na ala pediátrica e todos os internos pareciam ter sumido, ela resolveu ir atrás da gaze e do antibiótico que precisava para terminar um curativo em um garotinho de cinco anos. Ao abrir a porta do depósito, ouviu uns barulhos estranhos. Acendeu a luz. Lá estava Mark se agarrando com a enfermeira. Quando a viu, a enfermeira se afastou sem graça. Brennan não se abalou com isso.

- Continuem, não se preocupem comigo só vim pegar suprimentos e já estou de saída.

Mark sentiu-se incomodado mas permaneceu calado. Brennan deixou o depósito.

- Droga! É um galinha!

Brennan deixou o plantão e foi direto para casa. Mal disse bom dia para Angela e desabou na cama.

- Hey, você não vai comer nada?

- Estou sem fome. E cansada.

- Ah, por favor Bren...

- Angie você é chata! Só um iogurte.

- Feito.

Ela sentou na mesa e Angela entregou a ela o copo de iogurte.

- Seu plantão foi pesado?

- Não, acho que é cansaço acumulado.

Ela não queria falar de Mark com Angela logo de manhã cedo.

- Já falei que você está trabalhando demais.

- Você comprou jornal hoje?

- Tá na sala. Tenho que ir.

- Bom dia pra você,Angie e bons sonhos para mim.

Angela seguiu até a porta antes de sair porém, ela fez uma última pergunta a Brennan.

- Hey, Bren. Lavei aquela blusa do cancêr de mama. Não sabia que você apoiava a campanha.

- É apareceram vendendo no hospital e eu comprei para ajudar. Tudo pela ciência.

- Certo. Tchau.

Brennan se arrastou até o quarto, tomou um banho e desabou na cama.

Booth acabara de dar mais uma aula. Estava sentado a mesa esperando a proxima turma. O pensamento viajou. Ele lembrou daquele rosto lindo. Temperance. Havia um que de mistério naquela mulher e isso o instigava. Ela não era igual as outras mulheres que conhecia. Médica e de personalidade forte. De alguma forma, ela lhe pareceu meio distante, infeliz, seria solidão?

A entrada dos recrutas tirou Booth dos seus desvaneios e ele voltou a se concentrar nas aulas.


Hospital Presbiteriano


Brennan saira cedo de casa. Hoje eles receberiam os novos internos e precisavam estar lá para explicar como tudo funcionava. A orientadora deles seria a Chefe dos residentes e cirurgiã pediátrica Dr. Alice Forbes. Brennan esperava ter alguns internos disponíveis para auxiliá-la nas cirurgias e nos pós-operatórios.

Com as primeiras instruções dadas pela Dr.Forbes, eles se apresentaram para os demais médicos. Logo em seguida, Dr. Forbes levou todos eles para fazer a ronda com ela e Brennan foi para o centro cirúrgico.

O dia estava sendo pesado, após dois partos, um acidente horroroso trouxe 4 vítimas em estado grave ao PS. Uma delas era criança e Brennan acabou ajudando. Ela resolveu ir a cantina almoçar e quem sabe descansar um pouco as pernas. Doce ilusão! Nem bem pegou a sua salada, o bipe soou. Outra emergência? Ela engoliu o suco e pegou uma maçã. Saiu depressa para o andar da ginecologia.


Quando chegou lá, viu uma das suas pacientes do pré-natal que estava apenas com 6 meses.

- Anna? O que está fazendo aqui?

- Dr.Brennan...eu estou...muita dor... acho que...

Ela deu um grito agudo de dor. Brennan rapidamente calçou as luvas e examinou a paciente. Isso não era bom. Ela pegou o sensor do ultrasom, espremeu o gel e passou na barriga de Anna. O que viu não a agradou. O bebê estava em sofrimento.

- Anna, você perdeu parte do seu líquido aminiótico e o seu bebê está sofrendo. Eu vou tentar retardar o parto mas temo que terei que submete-la a uma cesariana.

- Oh, não... meu bebê...

- Força Anna, aguente. Pelo seu filho.

Brennan voltou-se para a enfermeira.

- Prepare ela para a injeção, vou tentar achar um interno para me ajudar na possível cirurgia.

- Doutora a senhora acha que ela vai para a OR?

- Tem grandes chances.

Brennan pediu a atendente de enfermagem na recepção contactar a Dr. Forbes. Ela a colocou no telefone rapidamente com Brennan.

- Alice, preciso de uma ajuda. Tenho um caso grave de aborto espontâneo aos seis meses. Vou tentar salvar a mãe e o bebê. Preciso de um par extra de mãos, pode me arranjar um interno?

- Oh, droga! Claro! Vou te mandar o Dr.Bray.

- Perfeito! Obrigada. Estarei na OR3 do 5º andar.

Ela desligou o telefone e voltou para o quarto onde estava a mãe.

Enquanto ela monitorava pelo ultrasom se a injeção surtira algum efeito, ela pensava em como salvaria os dois. O correto era salvar a vida da mãe em primeiro lugar só que Brennan não desistia fácil, era teimosa, não desistiria sem lutar.

- Com licença, a Dr.Forbes mandou eu procurar a Dr.Brennan...

- Sim, Dr.Bray por favor venha até aqui. Leia o prontuário da paciente.

Ele obedeceu.

- Anna, querida.... eu preciso levar você para a sala de cirurgia.

- Ah, doutora não... isso quer dizer...

- Sim,Anna mas vou fazer o possível para salvar você e seu bebê.

- Dr.Bray você pode preparar a paciente junto com a enfermeira Robbins?

- Claro,Dr.Brennan.

- Eu presumo que você já preparou e participou auxiliando numa cirurgia antes não?

- Somente em cirurgias improvisadas do exército doutora,sem muitas condições.

- Tenho certeza que você se sairá bem.

Ela saiu da sala para se preparar para a cirurgia. Wendell virou-se para a enfermeira e perguntou.

- Algum conselho de última hora?

- Não a decepcione. A Dr.Brennan é muito rígida e não tolera erros se você se sair bem, terá o reconhecimento e a confiança dela, se falhar bem pode dar adeus ao seu futuro como médico, pelo menos na especialidade dela.

- Wow! Agora você me animou...

- Só estou dizendo a verdade.

- Ok,manterei isso em mente.

Eles seguirão com a paciente para a OR. Foi uma cirurgia tensa, sua duração foi de quatro horas. No meio da cesária, a paciente desenvolveu uma hemorragia profunda e Wendell ajudou Brennan a conter a mesma sozinho enquanto ela tentava realizar o parto.

Após longas horas, Brennan acabou de certificar-se se o útero da mãe estava em boas condições e mandou Wendell fecha-la. Ela saiu da OR com o bebê na encubadora,ainda queria fazer uns testes e examina-lo para verificar se ele estava bem para receber o cuidado que precisaria para lutar contra o tempo.

Wendell terminou os pontos e foi até a UTI neonatal. Ele viu a Dr.Brennan conversando com o bebê.

- Hey,pequenino... eu sei que você é um lutador então lute pela sua mãe. Sei que você pode. Por favor. Você será um menino muito amado...

Wendell que já admirava o trabalho da médica, ao ve-la com aquela criança ficou mais impressionado. Ela realmente tinha o que precisava para ser uma médica famosa e naquele momento ele soube. Queria seguir a mesma especialidade dela, ele queria ser como ela.

- Dr.Brennan?

- Sim, Dr.Bray.

- Anna já foi transferida para o quarto. Ela aparenta estar estável.

- Bom, Dr.Bray quero dizer a você que hoje terá um desafio muito importante. Você ficará responsável por cumprir o monitoramento do bebê e da mãe. As 24 horas do pós-operatório são cruciais para a recuperação dos pacientes. Sua função é monitorá-los cuidadosamente assegurando que nada aconteça a eles nesse intervalo. Fui clara?

- Sim, Dr.Brennan.

- Ótimo! Vou me retirar e amanhã estarei de volta para ver o seu progresso.

Ela saiu da UTI e procurou a enfermeira.

- Patricia se você notar qualquer problemas com a minha paciente ou o bebê, me avise. Pode bipar,ok?

- Claro doutora.

Brennan dera a missão a Wendell mas ela sabia que as chances de sobrevivência do bebê eram mínimas. Por esse motivo, ela preferiu ficar no hospital. Estaria no conforto médico até que pudesse ter certeza que as coisas estavam sob controle. Antes porém, ela foi falar com o pai. Explicou a ele o estado atual da mãe e do filho e as probabilidades de sobrevivência. Sabia que ele ficaria devastado mas tinha que dizer a verdade.

Ela se refugiou no conforto médico. Depois de seis horas sem nenhuma surpresa, ela decidiu ir para casa.


XXXXX


Booth estava de folga hoje. Depois de jogar basquete com os garotos da vizinhança, ele voltou para casa e tomou um banho. Sem muito o que ver na tv, ele acabou adormecendo no sofá com o controle remoto na mão.

Sonhou. E no sonho lá estava ela, linda. Eles estavam se divertindo numa feirinha de NY. Estavam de mãos dadas e tudo parecia perfeito, tranquilo. Ele inclinou-se para beijá-la e Temperance recebeu-o de braços abertos. De repente, o sonho mudou. Ele se viu como espectador, ela parecia estar no aeroporto e chorava demais.

Booth acordou assustado. Fazia mais de uma semana que ele a conhecera e a tinha sempre em seus pensamentos. Como se arrependera de não ter forçado a barra para pegar o telefone dela. Bem, talvez não fosse algo tão difícil assim afinal, quantas médicas com o nome Temperance haveriam em NY?

Ele foi para a frente do computador.

Assim que a conexão estabeleceu, ele acessou o google. Usando “Dr. Temperance médica” como palavras chave, ao apertar enter ficou surpresa com a quantidade de links relacionados ao nome dela. Vários artigos científicos, reportagens em revistas médicas e o nome completo: Temperance Brennan.

Onde ele tinha ouvido esse nome? Não lembrava. Viu um link que chamou sua atenção: Hospital Presbiteriano. Ao entrar na página,clicou no link da equipe médica e lá estava o nome dela – Temperance Brennan, ob-gyn e cirurgiã neonatal. Não havia contato telefônico pessoal apenas o do hospital.

Ótimo! Agora bastava descobrir quando ela estava trabalhando. E aí,Booth? Você vai aparecer lá no hospital, no meio do trabalho dela e fazer o que? Ela é uma workaholic e certamente não vai querer ficar de conversinha com você. Só você mesmo pra achar isso...

Não importava, ele daria um jeito de falar com ela novamente.


XXXXXXX


Eram 8 da noite quando Temperance Brennan chegou ao hospital. Assim que colocou o jaleco, ela dirigiu-se a UTI. Ao entrar, viu que Wendell cochilava na cadeira. A enfermeira estava lá.

- Alguma novidade? Como está o quadro, Patrícia?

- Estável,Dr.Brennan e o rapaz aí nem pregou o olho a noite toda. Ele é bem dedicado.

- E a mãe?

- Também estável agora. Teve uma pequena hemorragia de madrugada mas o Dr. Bray cuidou bem dela por isso nem avisei a senhora.

Brennan se aproximou do berço e começou a falar com o bebê.

- Hey,pequenino! Você está melhor? Acho que sim... continue lutando e se der hoje trago uma visita especial pra você...

Wendell acordou quando ela começou a conversar com o bebê. Ele se assustou.

- Dr.Brennan...

- Boa noite, Dr. Bray. Cansado?

- Não é que eu cochilei e ...

- É isso acontece na maratona de 36h e você tem mais de dez ainda pela frente.

- O bebê está estável.

- Sim, bom trabalho mas não vamos elevar nossas expectativas, ele corre risco ainda.

- Claro.

- Vou ver a mãe.

Brennan entrou no quarto de Anna. Ela estava acordada.

- Boa noite, Anna. Como está se sentindo?

- Cansada de estar nessa cama e sem poder fazer nada. Cadê meu filho?

- Ele está bem. Resistindo. Por agora vou fazer alguns exames em você e se tiver bem, vou levá-la para fazer uma visita a ele. Já escolheu o nome?

- Estive pensando, estou em dúvida.

- Só quero lembrar que não posso garantir que seu filho sobreviva, cuidado com as expectativas.

- Eu sei. Quero sua opinião, qual o nome que você prefere: David ou Alexander?

- Alexander você pode chamar de Alex mas tenho que dizer que ele se parece mais com David.

- David... está decidido, ele se chamará David.

Brennan fez o exame e chamou a enfermeira. Juntas elas auxiliaram Anna e a levaram até a UTI. Ao ver o pequeno David na encubadora, tão indefeso, tão lindo, a mãe caiu no choro.

- Oi, meu lindo...

Brennan pediu para a enfermeira deixá-la sozinha por uns instantes. Brennan aproveitou para checar os prontuários deles. Não achou o do bebê. Viu Wendell na recepção.

- Você viu o prontuário do bebê?

- Está aqui comigo, estou analisando. Sabe Dr.Brennan, acho que esse pequeno tem chances, ele é um lutador.

- Vamos confiar na vontade dele de viver e na ciência.


Sexta-feira


Hoje o dia estava uma loucura. Brennan não conseguira parar um minuto. Eram 4 da tarde e após 3 cirurgias, ela finalmente conseguira ver o bebê David. Ele estava melhor a cada dia. Daqui a uma semana faria 7 meses e agora ela estava ainda mais confiante. Infelizmente, essa foi a única notícia boa que ela recebera no dia. Meia hora depois, uma adolescente chegou ao hospital em trabalho de parto e o bebê estava sentado. Apesar de todo o esforço dela e de Wendell, o bebê não resistiu.

Em seguida, durante uma consulta de rotina, ela checando os resultados de exame de uma paciente, detectou um tumor e ao encaminhar para o oncologista, ela já sabia – câncer de colo de útero.

E para não dizer que o dia não podia piorar, um bebê recém-nascido foi encontrado por uma adolescente na lixeira da esquina de sua casa. Ela o trouxe às pressas para o hospital. Brennan lutou com ele por duas horas mas o tempo que ficara na lixeira o levou a uma infecção generalizada. Arrasada, ela declarou o óbito e saiu da sala. Ela procurava não chorar, o que sentia era uma mistura de raiva e pena. Como podem fazer isso com uma criança? O abandono mexia demais com ela. Como queria encontrar essa mulher que largou esse bebê... era capaz de bater tanto nela sem dó.

O que faltava para acontecer nesse dia ainda? Brennan estava exausta. Queria esticar as pernas nem que fosse por meia hora. Seguiu para o conforto médico. Assim que abriu a porta, ouviu um grito. Mas o que... ela não estava acreditando! Mark estava transando com uma das internas da do 4º ano. Ah, não! Aquilo já era demais!

Brennan não sabia se fora o stress do dia, o bebê abandonado, fato é que ela simplesmente desistiu. Não podia mais aguentar essa situação com Mark, tudo bem que o sexo era ótimo mas ele é muito galinha e o fantasma da traição sempre a perseguia, a perturbava. A raiva que havia se discipado, estava voltando. Bufava de raiva. Quando isso acontecia somente uma coisa a fazia se acalmar. O berçario.

Brennan entrou na sala. Vários bebês estava ali. Ela não resistia a eles, abriu o sorriso. Tinha uma menininha muito esperta na segunda fila. Ela foi até lá. Começou a mexer com ela e fazer o que ela adorava com os bebês.

- Phalanges! Dancing phalanges! Dancing phalanges!

Ela mesma ria ao ver como a bebezinha prestava atenção. Aos poucos, ela se recuperou do momento dark. Renovada, voltou para checar seus pacientes. Antes de ir embora, ela chamou Wendell.

- Dr.Bray gostaria de falar com você.

- Claro,Dr.Brennan.

- Quero dizer que gostei da forma como você vem trabalhando, se dedicando. Sua postura também é muito boa.

- Obrigado.

- Você já decidiu em que vai se especializar?

- Antes de começar o estágio queria fazer cirurgia pediátrica.

- É uma boa escolha.

- Só que agora, quero seguir a obstetrícia e a cirurgia neonatal. Esses últimos dias foram decisivos para mim.

- Interessante. Se continuar se esforçando, eu posso lhe ajudar. Gosto de pessoas batalhadoras.

- Eu agradeço, Dr.Brennan.

- Agora, cuide bem do David. Vou para casa.

- Bom descanço.


Apartamento de Brennan e Angela


Brennan chegou em casa e foi direto a geladeira. Pegou o vinho e serviu uma taça. Sentou-se no sofá e relembrou todos os acontecimentos do dia. Todo o turbilhão de emoções. Que diabos estavam acontecendo na minha vida? Parece que tudo estava andando para trás. A imagem do corpo inerte do bebê abandonado voltou a mente dela. E todos aqueles traumas e dificuldades do seu passado, época da vida que ela tentava sempre manter a sete chaves, afloraram. E ela chorou.

Uma hora depois, já com a garrafa de vinho vazia, ela cambaleou até o quarto. Dormiu quase que instantaneamente.


Sábado

Booth estava fazendo compras na delicatesse próxima a sua casa quando o celular tocou.

- Booth.

- Fala professor! É o Ryan. Estou ligando para lembrar da festa de hoje a noite. Posso contar com a sua presença?

- Claro, promessa é promessa.

- Beleza! Te aguardo as 8h.

- Ok. Tchau.

Booth aproveitou e ligou para Wendell avisando que o esperaria na Grand Central Station as 8h.


XXXXXX


Angela estava cozinhando quando Brennan finalmente deixou o quarto.

- Até que enfim! Pensei que ia hibernar hoje.

- Bom dia...

Angela notou as olheiras. A amiga tinha o rosto cansado.

- Bom dia. Você está de folga hoje?

- Estou.

- Ótimo! Tome café e se arrume vamos fazer uma limpeza de pele e depois massagem. Precisamos estar relaxada para hoje a noite.

- Hoje à noite?

- A festa do exército, esqueceu? Você vai comigo nem que seja amarrada!

- Não precisa me amarrar...

- Ahn? Eu ouvi direito? Aleluia!

- Preciso me distrair...

Angela arregalou os olhos e tocou a testa da amiga.

- Não, você não está com febre. Wow.

- Parece tão estranho eu ter decidido seguir seus conselhos?

- Er...não, fico feliz. Mas o que aconteceu para você estar pensando assim?

- Acho que tenho uma queda por figuras de poder como os homens do exército.

- Hum... gostei. A noite promete!

Brennan sorriu. no fundo, ela via nessa festa uma chance de estravasar. E um pequeno pensamento povoava sua mente.




Continua.......

2 comentários:

Amanda e Ana Carolina disse...

Por favor escreve mais o mais rapido possivel, estou muito animada com esta fic...
Continuaaaa por favor!!!!

lekaalbuquerque disse...

Nossa, simplesmente impressionante! Super criativa, adorei =] Quero mais! rsrs, posta logo!