quinta-feira, 29 de março de 2012

[Castle Fic] Rise Again - Cap. 16


Nota da Autora: Está cada vez mais difícil escrever sobre momentos shippers sem interferir no contexto da temporada. Não tem sido fácil. Espero que gostem dos pequenos toques. No próximo capitulo estou pensando em como descrever um último momento shipper antes da tempestade do 47 seconds pq esse sim será um cap bem difícil de escrever... anyway, enjoy!




Cap.16


Naquela noite ao voltar para casa, Beckett sentia-se mais leve. Ela não tinha acreditado completamente quando Castle disse a ela no distrito que estava bem. Conhecendo bem quem ele era, sabia que mesmo com o choque da traição, ele estava abalado pela morte de Sophia. Beckett sabia o que era ser surpreendida além disso, por causa de decisões ruins ele não anularia a importância de Sophia na vida dele, ou estaria errada?


Ela suspirou e tentou se colocar no lugar dele. Se ele recriminara Sophia pela traição, faria o mesmo com ela? Ao descobrir que ela ouvira as palavras dele, ele também a anularia da sua vida? Ela mentira, reconhecia. Porém, não por maldade, não por descaso. Medo. Ele entenderia?

Pela primeira vez, naquela noite, ela teve vontade de jogar tudo pro ar e abraça-lo, beijá-lo buscando consolar o homem à sua frente. Mais do que isso, ela lutou contra o desejo de colar seus lábios nos dele quando ele reafirmou que ela seria sua eterna musa. Resistira e o motivo era simples. Nos últimos momentos, ambos passaram por muita provação, correram risco de vida, brigaram entre si. Qualquer coisa que fizessem agora seria puro impulso. E morria de medo que caso isso acontecesse, ela fosse entendida como consolo, ele pensasse em Sophia... não, quando fosse a hora certa, sabia que aconteceria da maneira que sempre imaginara, um momento especial.

Reconhecia que tinha parte da culpa. Esse seu medo, sua insegurança, às vezes a irritava. Infelizmente, era parte de quem era. Irônico vindo de uma detetive ousada que não teme ao perseguir bandidos, asssassinos e enfrentar situações de emergência. Quando se tratava de relacionamentos, sentimentos, Kate Beckett era um oceano de contradições. Muitas vezes uma adolescente, insegura, romântica e apaixonada. Outra hora demonstrava uma racionalidade extrema e o medo de se entregar a dominava. Não era inexperiente em relacionamentos. Sofrera, se entregara e amara. Porém, agora era bem diferente.

Com Castle, ela sentia pela primeira vez que não estava preparada para se jogar de cabeça embora isso fosse tudo o que seu coração lhe pedia para fazer. A verdade era que Kate nunca se sentira assim antes. O que para ela começou como uma obrigação, transformou-se em parceria, amizade e amor. Kate apaixonou-se tão perdidamente por Castle que isso a assustava, deixava-a confusa.


Tinha muito em jogo, seu trabalho, sua responsabilidade, sua vida pessoal e sua felicidade. Queria muito ter Castle na sua vida mas ainda não encontrara a forma correta de arriscar e tomá-lo completamente como seu. A cada dia que passava, a tensão entre eles tornava-se maior. Uma pergunta martelava constantemente na sai cabeça: quando estarei pronta realmente para entregar meu coração e Castle estará pronto para ouvir e aceitar o fato que escondi que sabia sobre seus sentimentos?

Ela ainda bolou por algum tempo na cama pensando nele até cair no sono.

No dia seguinte, ela levantara-se cedo e assim que chegara ao distrito foi direto para a academia. Depois de uma noite muito agradável com Castle e de toda aquela reflexão sobre seus sentimentos, ela julgou que o melhor a fazer para relaxar era um pouco de luta livre. Em sua roupa de malha colada no corpo, ela distribuia golpes precisos no saco à sua frente. Fazia sua própria dança de pernas e socos num balé sincronizado, alheia a tudo e todos à sua volta. Satisfeita consigo mesma, ela enxugou o rosto e rumou para o chuveiro.

Kate voltara ao salão principal do distrito já trajando sua roupa de trabalho. Calça jeans, blusa de gola alta branca e os cabelos ainda molhados. Na mão, um strawberry shake que ela saboreava com gosto. Ao chegar na sua mesa, encontrou Castle sentado esperando por ela.

- Bom dia, Castle.

- Hey, você chegou agora?

- Não, estava na academia.

Ela sentou-se e continuou saboreando seu shake. O cheiro incontestável de cerejas encheu o ar, o cheiro dela. Sem perceber, ela brincava com o canudo e ele não deixou de notar o quanto isso parecia sexy aos seus olhos. Permaneceu mudo por um bom tempo. Ela notou.

- O que foi? O gato comeu sua lingua, Castle?

- Ahn? Não! O que você está tomando? Não quer café?

- Strawberry shake, minha bebida preferida depois do café.

- Hum, entendido.

- Mas eu não dispenso o café se você quiser pegar um copo para mim...

- Ah, seu desejo é uma ordem.

E se levantou para satisfazer a vontade dela. Aquele dia foi bem calmo e nada de casos.

Na manhã seguinte ao levantar-se e ainda na sua primeira xícara de café, Castle teve mais uma surpresa. Sua mãe estava preparando um evento e com isso ensaiando pela casa.

- Ela gritava enquanto a dor a dilacerava. Entre cada respiração profunda, ela pensou que de forma alguma teria aquele bebê em um metrô no Bronx.

- Escreveu tudo isso?

- Teve mesmo seu filho em um metrô?

- Não. Ela não teve – Castle respondeu - Nem correu uma maratona uma semana antes de me ter nem bateu em um ladrão aos 9 meses de gravidez.

- Chama-se "licença poética", querido.

- Na verdade, chama-se "exagero extremo". Licença poética é para escritores.

- E eu escrevo. Este é Marcus, o maravilhoso roteirista de peças de quem falei. Está me ajudando a montar a peça de única atriz.

- Sr. Castle, sou um grande fã. Estar neste escritório é um sonho realizado.

- Para mim também. Só que nos meus sonhos, eu... normalmente, estou sozinho.

- Sentimos que este cômodo traria sorte criativa.

- Traz, traz mesmo. Escrevi 20 best-sellers aqui.

- Certo.

- E gostaria de escrever outro. Agora.

- Não pode esperar, querido? Estamos dando retoques finais no primeiro ato. No qual eu supero os desafios de ser mãe solteira e trabalhadora.

- Sabe que está escrevendo uma ficção, não é?

O celular toca.

- Castle.

Caminhando com Beckett para a cena do crime, ele desabafa.

- Primeiro Alexis fazendo estágio com Lanie. Obrigado. E minha mãe se apossa do meu escritório. Sinto minha vida sendo invadida.

- Você se acostumará. Eu me acostumei. Beckett ri provocando.

- Não é a mesma coisa – ela olha pra ele como quem diz mesmo?! - É similar, mas menos invasivo.

- Oi, Lanie. O que temos aqui?

-Boa pergunta. Só posso dizer, pela temperatura e coloração corporal, que a vítima morreu entre 22h e 0h.

- Marcas de patas? Foi atacada por um animal?

- Ela estava fugindo de algo. Há sujeira nos pés dela.

- Qual animal no Central Park poderia matar uma pessoa?

- Não tenho certeza se foi isso que ocorreu. Os ferimentos parecem superficiais, não letais, mas não saberei o que a matou até levá-la ao necrotério.

-Identificação?

- Sem carteira nem bolsa, então não sabemos quem é.

Castle fez um som com a boca para chamar a atenção de Beckett.

- Não é óbvio? Sou o único a ver?

-O quê?

- Capa vermelha, floresta, ataque animal. Ela é a Chapeuzinho Vermelho.

O sorriso dele de satisfação era o melhor. Beckett resolveu brincar com ele.

- Ótimo, Castle. Emitirei alerta para o Lobo Mau.

- Tem uma teoria melhor?

Droga! Ela odiava quando ficava sem argumentos para as teorias malucas de Castle.

- Ryan. Ligue para a Central e veja se houve relato de animal violento andando pelo parque.

- Tipo um lobo? Um bem grande e mau?

- Sério?

- É exatamente como eu a imaginava. É assustador. Minha irmã mais velha lia essa história.

- Quando terminar de reviver sua infância, pode examinar a área por testemunhas ou alguém que saiba o seu nome? E aposto que não será a Chapeuzinho Vermelho.

- Pode deixar.

De volta ao distrito, Castle continuava insistindo na sua história.

- "Para comer você melhor. Assim que o Lobo disse essas palavras, ele devorou a pobre Chapeuzinho Vermelho". O bom é que o Lobo sabe falar. Se o acharmos, podemos conseguir uma confissão. Só que na história original, o Lobo não mata Chapeuzinho. O caçador a tira do estômago do Lobo e depois ela mata o Lobo.

-Alguém é fã dos Irmãos Grimm.

- É, não amenizam a história. Sabem que contos de fadas são tipo histórias de terror.

- Isso mesmo, por isso eles lutam com o desconhecido, que brincam com nosso medos primários, como ficar sozinhos na floresta ou ser comidos por monstros.

Esposito se mete na conversa.

- Não são histórias de terror. São lições de moral. Se fizer o certo, vive feliz para sempre.

-Só nos contos de fadas. Beckett remendou.

-Falando nisso, parece que a vítima era mesmo Chapeuzinho Vermelho.

- Está bebendo o mesmo suquinho de Castle?

- Ela vestia mesmo uma fantasia de Chapeuzinho. Dizia isso na etiqueta.

E por que a usava numa floresta e à noite?

-Ia à casa do vovozinha? Castle respondeu erguendo a mão.

-Duvido. A avó dela vive em Tallahassee.

- Ótimo. Temos identificação?

- As digitais estão nos registros do DETRAN, Amy Morgan. A irmã, Leslie, está a caminho.

- Não entendo. Amy foi atacada por um animal? Vocês sabem por que ela estava no parque? Amy nunca ia lá. Ela não tinha tempo. Era muito ocupada.

- O que fazia?

- Era advogada na Sampson/Briggs, litígios. Ela trabalhava umas 100 horas por semana.

- Ela tinha um namorado, alguém com quem estaria ontem?

- Amy é solteira. Ela mora sozinha. Ela é muito independente. Era. Ela era. Sabem por que ela estaria vestindo isto? O que é isso, uma capa?

-A capa da Chapeuzinho Vermelho.

-Ela estava vestindo isso? Conheço as roupas da Amy. Isto não é dela. Até mesmo seus moletons eram Prada.

- Talvez fosse a uma festa. Ela mencionou alguma festa?

- Estou dizendo, ela nunca vestiria algo assim.

- Leslie, sua irmã mencionou algo fora do comum acontecendo no trabalho ou na vida pessoal?

- Não sei. Não tive notícias dela a semana inteira.

- E isso foi fora do habitual?

- Sim. Normalmente conversávamos todos os dias e quando ela não ligava, eu assumia que estava ocupada com um caso ou algo assim. Mas talvez algo estivesse acontecendo.

- Certo, tchau. Beckett acabava de sair do telefone e Castle estendeu uma caneca de café pra ela.

- Obrigada. Era o Ryan. Ele acabou de sair do Controle de Animais e havia só um caso recente de animal solto no parque. Um beagle chamado Fred.

- Ou Fred é um beagle perverso ou este mistério acaba de ficar mais profundo – e Castle começa a divagar - Como uma poderosa advogada acaba morta numa fantasia de Chapeuzinho Vermelho? Amy trabalhava muitas horas sob pressão, certo? E se ela tinha uma forma secreta de aliviar que nem sua irmã sabia?

- Por exemplo? Beckett começava a prestar atenção a ele.

- Há toda essa subcultura adulta de RPG obcecada por contos de fadas – Beckett olhou intrigada para ele e Castle logo consertou - Não, não esse tipo de jogos adultos, embora, haja um desse tipo também.

-E como você sabe isso?

-Fiz uma pequena pesquisa. Bo Peep. Essas pessoas se fantasiam, interpretam personagens, reencenam as histórias. Talvez fosse o que Amy estava fazendo quando tudo deu terrível e tragicamente errado.

- Castle, é uma teoria surpreendentemente, razoável e fundamentada.

-É? Sinceramente, estou desapontado comigo mesmo.

- Todos estamos, cara – Esposito falou e Beckett sorriu - Estava procurando alguma atividade incomum nas finanças de Amy. Há 4 dias, ela sacou US$ 60,505 de suas economias, tudo em dinheiro.

- US$ 60,505? É uma quantia bem específica, principalmente em dinheiro.

- E os US$ 60 mil não estão no apartamento dela e não os relaciono com compras recentes.

- Contate o banco e veja se sabem o motivo da retirada.

- Como quiser.

Um sinal de mensagem tocou e Beckett checou o celular - Lanie tem novidades.


Já no necrotério...


- Tenho novidades, mas não sei se irão gostar. Achei cabelos como este em uma ferida no braço da vítima. Ele não veio dela, então recorri ao DNA.

- Já temos o resultado?

- O cabelo não é humano. É pelo de lobo – Castle arregalou os olhos e exclamou mas Lanie o cortou - Acalme-se, Castle. Não terminei a história.

- Desculpe. O que mais temos?

- Pela profundidade e comprimento das feridas, parece que as marcas foram feitas por somente uma garra.

- Um lobo de uma pata só?

-Não acho que seja um lobo.

-Mas e o pelo e a garra?

- O assassino quis nos confundir parecendo ser um lobo.

- O que explicaria não haver mordidas no corpo. Os ferimentos foram feitos por um assassino humano usando uma garra de lobo.

- Então qual é a verdadeira causa da morte?

- Achei duas marcas recentes de agulha, ambas nas costas da vítima, logo, não foi ela que aplicou.

- Ela estava drogada? Algum sinal de violência sexual?

- Não, mas o resultado toxicológico apontou para cetamina e oxicodona. Acho que nosso cara sedou-a com cetamina, então colocou-a na fantasia, mas a dose não a derrubou.

- Então ela tentou fugir do assassino.

E quando ele a pegou, ele usou oxicodona e ela apagou.

- As drogas, a garra... Isso é assassinato planejado e premeditado. O assassino montou a cena do crime para parecer a Chapeuzinho Vermelho.

- Mas por que faria isso?

Eles estavam de volta ao distrito.

- Estou pouco preocupada com o porquê. O que estou querendo saber é quem.

Beckett recebe um papel com um recado, e volta sua atenção a Castle.

- O assassino deve tê-la atraído para o parque.

- O que significa que ela o conhecia e confiava nele.

- Como a Chapeuzinho confiava na Vovozinha.

- Ryan, o que os colegas de trabalho dela disseram?

- Que recentemente ela não era ela mesma. Andava agitada desde que perdeu uma reunião obrigatória na última sexta por motivos pessoais.

- Na mesma época que ela parou de ligar para a irmã. Ryan, pode checar os e-mails e ligações? Quero saber o que estava acontecendo.


Esposito que acabara de largar o telefone chamou por ela.

- Beckett, há algo que precisa ver.

Mais um crime. Novamente no Central Park.

- Bem ali. Castle sinalizou para ela. Beckett observou o corpo de uma jovem sentada ao pé da arvore com um objeto nas mãos.

- É o que acho que é na mão dela?

- Uma maçã envenenada.

No peito da vítima estava escrito: BRANCA COMO NEVE VERMELHA COMO SANGUE NEGRO COMO O ÉBANO

-Ela é a Branca de Neve.

-Parece que temos um assassino de contos de fada em nossas mãos.

- Beckett.

- Com licença.

- Sua pulseira de alerta médico nos deu um nome. Ela é Kristina Curtis, 25 anos. Mora no Upper East Side.

-Algum parente próximo?

- O marido. Seu nome é Noah Curtis.

- Preciso que o interroguem. Descubram o que ele sabe disso e vejam se Kristina estava conectada à outra vítima.

- Se o assassino está fantasiando as vítimas, aposto que podemos identificar o fabricante e descobrir onde as conseguiu.

-Boa ideia. Veja isso.

- Aqui está. "Branca como a neve, vermelha como o sangue, negro como o ébano." Ele está citando diretamente dos irmãos Grimm "Branca de Neve." Diz Castle.

- As vitimas não estão reencenando os contos de fadas, o assassino está.

- Só que ela não morreu por uma maçã envenenada – disse Lanie - Ela tem as mesmas marcas de agulhas que Amy Morgan.

-Sabe a hora da morte?

-Entre 5h e 7h desta manhã.

- Então ele mata a Chapeuzinho Vermelho e 6 horas depois ataca de novo? É muito rápido.

-São todas as marcas de um serial killer.

-É, mas tecnicamente, tem que matar três vezes para ser um. Castle fala e Beckett concorda.

- É, vamos nos certificar que ele não chegue lá.


XXXXXX


Os rapazes entrevistaram o marido da segunda vitima e aarentemente ele não tinha muito a acrescentar. Também mostraram a foto de Amy e ele não a reconheceu. Kristina trabalhava numa galeria de arte da família e a única coisa estranha que o marido notou foi o cancelamento do almoço deles na última sexta devido a uma suposta emergência na galeria. Coincidentemente, mesmo dia e horário da saída de Amy do trabalho.

- Kristina mentiu para o marido sobre o motivo de ter faltado ao almoço. Ela não estava na galeria. Eles não sabem de nada.

- Certo, então ambas as vítimas sumiram exatamente na mesma hora pouco antes de serem assassinadas.

-Então aonde elas foram?

-Ainda estou vendo isso. Com licença. É, Ryan aqui.

-Talvez se conhecessem.

-Não, as famílias disseram que não se conheciam. Elas tinham carreiras diferentes e moravam em partes diferentes da cidade. Parece que suas vidas nunca se cruzaram.

- Até que morreram nas mãos do mesmo assassino.

- Então por que essas mulheres e por que contos de fada? O assassino tinha algum tipo de obsessão ou existe um significado por trás disso tudo?

- Ele está tentando contar uma história. Só não sei qual.

Esposito veio até eles.

- Talvez seja sobre dinheiro. Kristina mexeu na herança dela. Adivinha quanto ela sacou? US$ 60,505.

- Então ambas as vítimas sumiram na sexta e ambas sacaram a mesma quantia em dinheiro. Não é coincidência.

-É uma ligação. Pode falar com a família de Kristina, ver para que queria o dinheiro?

-Falarei com o marido.

- Ryan, o que descobriu?

- Posso ter encontrado o caminho para o assassino. As fantasias foram feitas pelo mesmo fabricante.

- Sabe onde foram vendidas?

- Ainda estou esperando uma lista de lojas que vendam as fantasias, até mesmo online. Devemos ter respostas pela manhã.

Castle se despediu e foi pra casa. Martha estava fazendo uma pequena revolução na sala.

- Coloque aquela cadeira ali. Richard, chegou na hora. Precisamos da sua ajuda.

- Para pôr meus móveis onde não quero?

- É temporário. Faremos uma leitura do meu monólogo, aqui, amanhã à noite.

- Que pena que você não tem um estúdio de atuação para fazer esse tipo de coisa. Espere. Você tem.

- O pequeno Teatro Black Box não serve. Preciso de algo mais íntimo.

- Vai ser muito avant-garde.

- Exatamente. Acho que essa cadeira deveria ficar aqui, Marcus. Quero criar um...

Castle se aproxima da filha e pergunta.

- Querida, não poderia ter feito algo para desencorajar isso?

- Eu tentei, pai, mas ela me transformou em diretora. Não é tão ruim quanto parece. Só 20 ou 30 pessoas... e colocaremos tudo no lugar. Essa peça significa muito para a vovó e, na verdade, é muito boa. Agora entendo coisas sobre ela que nunca entendi antes... e sobre você também.

- Sobre mim?

Castle começa a folhear o script da peça e lê algumas coisas que certamente não concorda.

- Não, não, não, não. Esse espaço precisa ser maior. Um ator precisa de espaço.

- "Richard sempre teve uma imaginação obscura. Estava destinado a ser um serial killer ou um escritor de mistérios." Mãe, sério?


- É só um pouco de exagero.

- E de acordo com isto, é a responsável pelo lançamento da minha carreira de escritor... Dormiu com o meu 1º editor?

- Sr. Castle, tenho certeza que seu talento teria te levado lá.

-Meu talento me levou lá. Não fui publicado por causa dela.

- Tecnicamente, dormi com ele depois que seus livros saíram. Isso é só para ser mais lasciva.

- Ele não era praticamente da minha idade?

- Sabe que sempre adorei homens mais novos. Eles têm tanta energia, o bastante para me acompanhar... na maioria das vezes.

Castle estava embaraçado, fechou os olhos tentando não pensar no que a mãe acabara de dizer.

- Eu vou... apagar essa imagem da minha mente com uma garrafa de uísque.

E quando ele pensou que não podia ficar pior, Martha joga a bomba.

- Querido, convidei Beckett para a leitura amanhã à noite, vocês devem querer marcar um encontro para ir.

Vai ser uma longa noite pensou Castle.

No dia seguinte no distrito, Castle questionava Beckett que respondia não fazendo algo maior do que realmente aquilo poderia ser.

- O que eu deveria fazer, dizer não?

- É.

- Por que é contra a interpretação de sua mãe?

- Porque está reescrevendo a história... minha história. Acredite, eu vivi isso. Ela está fazendo parecer seu próprio conto de fadas.

Beckett tinha um sorriso no rosto, isso ia ser muito divertido.

- Então não gosta quando alguém escreve sua própria versão da sua vida? Interessante.

- Refere-se aos livros de Nikki Heat? Porque isto é diferente.

-Diferente como?

- Primeiro, não digo que o que escrevo é verdade.

- Acho que nem ela. Qual é, Castle, você mesmo disse, todos precisam de um conto de fadas. Que mal há em deixar sua mãe ter o dela?

- Certo, vamos... mudar de assunto... para algo menos provável de me dar um úlcera. E quanto aos misteriosos US$ 60,505?

- Certo. Falamos com todos os mais íntimos de Amy e Kristina e parece que ninguém sabe por que sacaram esse dinheiro.

- E sobre onde estavam a 1h na sexta?

- Nada apareceu no e-mail ou telefonemas de Amy e os peritos ainda estão vendo o computador de Kristina.

- Oi, pessoal. Ryan e Esposito foram até eles - Podemos ter uma pista. Rastreamos o site que vendeu as fantasias. A capa e o vestido usados pelas vítimas foram enviados há 8 dias.

-Para quem? Têm o nome?

-Temos, Jamie Isaacson. Mora na Rua 11 com a 7ª Avenida. E não pediu duas fantasias. Havia uma terceira no pedido de Bela Adormecida.

-Bela Adormecida? Ele vai matar novamente.

- Não se o pegarmos primeiro.

Ryan e Esposito foram buscar o cara. Invadiram o apartamento apenas para descobrir que Jamie Isaacson, era na verdade uma senhora que morava sozinha com suas bonecas. Ela também não ordenara nenhuma fantasia e após checar com o porteiro souberam que houveram entregas anônimas que eram deixada nas caixas de correio por orientação do comprador. De volta ao distrito, Ryan atualizava Castle e Beckett. Ela acabara de sair do telefone e relatou.

- O Correio confirma que a encomenda foi entregue no prédio da Sra. Isaacson, mas ninguém assinou por instrução do comprador.

- Mais más notícias. Não há câmeras de segurança no saguão nem fora. E pelo que vimos, o prédio não é muito seguro.

- O assassino sabia disso, daí a entrega sem registro.

- Se sabia o número do cartão da senhora, talvez a conheça.

- Pode ser. Pode ser que achou faturas do cartão no lixo. É antiquado, mas eficiente.

- Pessoal, ele está escolhendo a Bela Adormecida agora mesmo.

- Galera, tenho algo. Era Esposito.

- Aquela hora de almoço que Kristina sumiu na sexta? Peritos acharam um mapa no tablet dela de 12h50 indo ao Glassman's Café de Upper West Side.

- Ótimo. Vão ao Café. Vejam com quem ela se encontrou.

-Beleza.

- Vou acionar os policiais e pedir que dobrem o patrulhamento nos parques.

Mas Castle lembrou a ela.

- Ele não atacará em um parque desta vez. Nas histórias, Chapeuzinho e Branca de Neve foram encontradas na floresta, mas a Bela Adormecida...

- Foi encontrada em seu quarto.

- Exato.

Ótimo. Restringe a milhões de apartamentos só em Manhattan.

- Isso não faz sentido. E Castle se levantou para olhar o quadro de evidências novamente.

- O que não faz sentido?

- O motivo dele. Os serial killers expressam um impulso psicológico. Em algum lugar lá no fundo, há uma lógica distorcida para a insanidade deles.

Ele estava formulando um possível teoria e ela encorajou-o a continuar.

-Está bem. Continue.

-Nos contos originais dos Grimm, Chapeuzinho, Branca de Neve, Bela Adormecida quase morrem, mas são salvas no último minuto.

- É como se ele tentasse tirar os finais felizes das vítimas. Beckett complementou.

- Não apenas isso. Ele podia pegar quaisquer fantasias, mas escolheu essas. Preocupou-se com detalhes. A garra de lobo, a maçã... Ele escolheu esses personagens por um motivo. Escolheu essas mulheres por um motivo. Eu só... não o descobri ainda.

- Seja o que for, deve estar conectado com o dinheiro que sacaram.

- Talvez as escolha pelas contas bancárias.

-Banco! E Beckett achou uma linha de investigação.

-Como é?

- Kristina e Amy sacaram a mesma quantia de dinheiro. Talvez a Bela Adormecida também.

- A Receita Federal faz os bancos relatarem transições superiores à US$ 10 mil, então devem ter um registro.

-Exatamente.

Então Beckett sentou-se de frente ao computador e começou sua busca.

- A busca na Receita mostra 10 transações entre US$60,000 e US$70,000 naquele dia. Há a da Chapeuzinho Vermelho e a da Branca de Neve. Então sobram 8. 5 foram feitas por homens. Sobram três mulheres...

Ela deu um comando para mostrar as informações delas com foto na tela. Castle acompanhava olhando para o monitor.

- Jessica Harper, Charlotte Boyd e Dana Wilson.

- Harper e Wilson já passaram dos 50. Não encaixam no perfil.

-Então nos resta... Charlotte Boyd.

O celular dela toca.

- Beckett.

- Confirmamos que Kristina esteve aqui com Amy Morgan e uma terceira mulher na sexta-feira. Achamos que ela pode ser o 3º alvo. Não conseguimos um nome, mas temos sua descrição.

- Deixe-me adivinhar. 20 anos, olhos e cabelos castanhos, aparência exótica.

-Como sabia?

-Não está atendendo.

-É Charlotte Boyd. Ryan, mandarei o endereço dela. Encontrem-nos lá.

Beckett e Castle encontraram o apartamento de Charlotte com a porta aberta. Em silencio, eles entraram. Enquanto se dividiam procurando por algo, Castle abriu uma das portas e encontrou na cama.

- Beckett!

- Castle?

Ele se aproximou da cama e checou por sinais vitais.

- Chame uma ambulância. Ela ainda está viva.

Eles continuavam no apartamento procurando por pistas. Beckett estava ao telefone.

- Certo, tudo bem. Mantenha-me informada. Obrigada. Era do Pronto-Socorro. Charlotte está estável, mas ainda inconsciente.

-Ketamina e oxicodona?

-Sim. Sem tratamento, morreria. O médico disse que chegamos bem na hora.

-Exatamente como no conto.

- Então você é o Príncipe Encantado agora? Ela sorri para ele.

- Se a carapuça serve... Não. Só estou feliz por termos um final feliz.

- Não será um final feliz até que o mal seja vencido e trancado na masmorra.

-Estamos chegando perto.

- Mas ele ainda está um passo à frente. Espero que ele tenha deixado alguma evidência.

Esposito se aproxima.

- Fizemos uma varredura completa. Nenhum sinal dos US$ 60,505.

- Um condomínio de luxo e essa quantia... Onde essa garota trabalha?

- Em uma imobiliária como corretora VIP. Precisaria ter US$ 10 mil para colocar em um apartº para ser atendido por ela.

- Temos três mulheres, todas na casa dos 20 anos e bem sucedidas, tiveram um encontro secreto na sexta e depois sacaram a mesma quantia no banco.

- Talvez investiram o dinheiro em algo.

- Podemos descartar a loteria.

- Não estamos vendo alguma coisa. Algo que conecte as três.

E Ryan chegou com a resposta.

- Gente, vejam isto. Achei no fundo de uma das gavetas dela.

A foto das três vitimas em suas fantasias de conto de fadas com um rapaz desconhecidos.

- Achamos a conexão. Amy, Charlotte e Kristina. As 3 vítimas.

-Todas vestidas como princesas.

- Com os mesmos personagens com que o assassino as vestiu.

- Vejam a data - Castle alertou - "06/05/05"

- É de 7 anos atrás.

- E é o valor que sacaram.

- US$ 60,505.

- E vejam atrás. Ryan virou a foto.

- "Quem é a mais culpada? Se pagar, viverá para ver mais um dia."

- Estavam sendo chantageadas?

- Então aconteceu algo nessa data que as conecta.

- Algo que levou a seus assassinatos.

- Quem é o cara tirando a foto?

- Talvez ele possa dizer o que houve.

De volta ao distrito, eles continuaram a investigação. A pericia informou que as digitais da foto eram de Charlotte e que foi revelada a duas semanas atrás. Tinha um código de identificação nas costas que talvez lhes dissesse quem as revelou. Mas não parecia fazer sentido para Beckett.


- Esta foto foi tirada há 7 anos. Por que só veio à tona agora?

Esposito parecia ter a resposta.

- Tinha razão. Algo aconteceu nessa data. Há até um relatório policial.

-E nele há o nome do Príncipe Encantado.

-Com certeza. O nome dele é Owen Thomas. Mas ele não pode ser nosso suspeito. Ele está morto. Foi morto há 7 anos. 6 de maio de 2005.

-06/05/05.

-Na noite que a foto foi tirada.

- Na noite em que foi a uma rave com o tema "Contos de Fadas". Foi visto pela última vez às 22h45.

- A foto foi tirada às 23h23.

- Como ele morreu? Beckett perguntou.

- Hemorragia interna agravada por altas doses de ketamina e oxicodona.

-Explica o método do assassino.

- Então ele estava drogado, mas o que causou hemorragia interna?

- Um carro. O corpo dele foi achado perto da rodovia. Foi considerado como atropelamento e fuga. Nenhuma testemunha, a trilha esfriou. Nunca resolveram o caso.

- "Sei o que fizeram no verão passado" – disse Castle - "Quem é a mais culpada?" O assassino acha que uma delas é culpada pela morte dele.

-E talvez sejam. A foto prova que foram as últimas a vê-lo vivo, mas nenhuma delas falou com a polícia.

- E por que as mortes de agora, 7 anos depois?

- Talvez só agora acharam essa foto. Esposito, pode checar a família e os amigos do Owen? Alguém pode estar se vingando pela morte dele.

-Pode deixar.

O celular dela toca.

-Beckett. Já estamos à caminho. A Bela Adormecida acordou.


No hospital...


- Charlotte? Sou a detetive Beckett. Este é o sr. Castle. Sente-se bem para responder algumas perguntas?

- Sim.

O que pode nos dizer sobre o ataque?

- Eu estava no meu computador, só escutando música, e... de repente, fui empurrada para o chão.

- Viu quem fez isso?

- Não. Disseram que fui drogada. Por que alguém faria isso comigo?

- Charlotte, acho que sabe o motivo. Vocês 3 receberam uma cópia desta foto – Beckett estendeu a foto para ela - Amy e Kristina tiveram menos sorte que você. Não sobreviveram.

- Meu Deus. Fizemos o que ele pediu. Pagamos a ele.

- O que ele sabe sobre vocês? O que aconteceu com Owen naquela noite?

- Charlotte?

- Teve essa estúpida...rave de contos de fadas. Só queríamos dançar e nos divertir. Owen conseguiu um pouco de Special K. Ela é bem forte, mas Kristina pegou um pouco de Oxi da mãe e disse que equilibraria o efeito. De alguma forma, acabamos no carro de Amy e foi lá que essa foto foi tirada.

- Como Owen acabou no lado da estrada?

- Ele estava com alucinações, ficava... gritando, segurando-nos. Então paramos o carro e o fizemos descer. Pensamos que ele voltaria para a rave. Mas estava em todos os jornais na manhã seguinte que... houve um atropelamento e ele estava morto.

- E por que não se pronunciaram?

- Éramos só crianças. Estávamos aterrorizadas. Precisam entender que tínhamos muito a perder. Somos de boas famílias, havíamos sido aceitas na faculdade... Fizemos um pacto e prometemos não contar à ninguém o que houve naquela noite. E que nunca nos veríamos de novo. Não estou dando desculpas para nossas ações. Éramos tontas, mas... não fizemos nada.

- Alguém acha que fizeram.

- O que fizeram com o dinheiro?

- O bilhete dizia para colocar em uma lixeira na esquina da Bleecker com a Thompson. Não queríamos um escândalo estragando nossas vidas, então fizemos. Pagamos. Então por que ele veio atrás de nós?

De volta ao distrito, Beckett circulava o mapa.

- Esquina da Bleecker com Thompson... Não há câmeras de segurança lá e, até agora, nada de testemunhas.

-Ele foi cuidadoso.

-Eu sei – Beckett estava frustrada - Isso está começando a me irritar.

Num impulso, Castle deixou escapar.

- Você fica fofa quando está brava – ela olha para ele surpresa, Castle completou - Mas não quando fica brava comigo.

Beckett não pode deixar de sorrir ao comentário mas infelizmente o momento íntimo entre eles foi interrompido por Esposito.

- Chequei a família de Owen. Encontrei alguém com motivo. Ele tem um irmão mais velho e parece que eram próximos.

- Alguma conexão com as vítimas?

- Com certeza. Veja você mesma. E estendeu uma foto para Beckett.

- Espere. É o marido de Leslie, Darren.

- O irmão de Owen é casado com a irmã da primeira vítima? Quais as chances, certo?

Talvez Darren descobriu que a irmã de sua esposa era a responsável pela morte do irmão.

- Talvez se conhecessem socialmente. Não prova que seja o assassino.

-Isso não, mas isto pode – Ryan interrompeu - Os peritos rastrearam a foto. É de um rolo de filme e o cara que entregou tinha 3 cópias.

- E a descrição bate com a de Darren?

- Melhor ainda. Eles tinham câmeras. E mostra a foto para Beckett.

É ele.

- Vim assim que ligaram. Alguma novidade? Descobriram quem fez isso com minha irmã?

- Primeiro, deixe-me perguntar, qual era a relação de Amy com o irmão de seu marido...

- Owen? Eram amigos de escola. Todos éramos. O que isso tem a ver com Amy? Owen morreu anos atrás.

- Já viu isto? E Esposito mostrou a foto.

- Não. Esta é Amy e Owen. Essas duas não conheço.

-É da noite que ele foi morto.

-Certo.

- Seu marido a imprimiu há duas semanas. Tem ideia de como ele a conseguiu?

- No mês passado, estávamos limpando o porão do meu pai e achamos uma câmera com um rolo de filme. Darren pensou que seria divertido ver o que era. Não acham que ele tenha algo a ver com Amy... Acham?

E assim ela começou a se preocupar. Na sala de interrogatório, Beckett e Castle conversavam com Darren.

-Não sei do falam. Não chantageei ninguém.

- Então não reconhece esta foto? Beckett coloca a foto dos quatro na mesa.

-Claro que não.

-E então... esse não é você, certo, Darren? E ela volta a mostrar a imagem da câmera.

- Só posso imaginar como se sentiu. Depois desses anos, descobrir que sua cunhada estava envolvida na morte do seu irmão.

- Encontramos o dinheiro em seu armário, no Queens... US$ 181,515.

- Valor que, por coincidência, é exatamente US$ 60.505 multiplicado por três.

- Owen estava drogado. Ele estava confuso. Elas sabiam e o que fizeram? Abandonaram-no. Deixaram-no morrer como um animal.

- Poderia ter ido à polícia.

- Porque ela fez um ótimo trabalho na primeira tentativa? Só queria que pagassem algo pelo o que fizeram. Usaria o dinheiro para uma bolsa universitária no nome de Owen.


- Sério, uma bolsa? E a parte do assassinato?

- O dinheiro não foi suficiente. Você queria vingança. Queria que elas morressem como seu irmão, vestidas naquelas fantasias, sob o efeito das mesmas drogas.

Castle espalhou as fotos dos crimes na frente dele, para chocá-lo.

- O quê? Não. Não sei quem as matou, mas não fui eu.

- É difícil de acreditar, Darren. Você tinha motivo, culpava-as pela morte de Owen e acabou de admitir que as chantageava.

- Quero um advogado.

- Claro que quer.


XXXXXXXXX


Beckett desfazia o quadro de evidências.

- Darren não precisa de um advogado. Precisa de um milagre. A esposa dele disse a Ryan que ele não estava em casa na hora dos assassinatos.

-Então é isso?

-Para este caso, sim.Fizemos tudo, mas a finalização é para a promotoria.

No momento que Ryan acompanhava a saída de Leslie, os policiais levavam Darren e eles ficaram frente a frente.

- Por aqui, sra. Morgan.

- É verdade, Darren? É verdade? Olhe para mim e diga que não é verdade!

-Não machuquei ninguém.

-Você chantageou minha irmã! Você mentiu para mim.

-Não, escute. Estou dizendo a verdade. Não matei ninguém. Só queria que pagassem.

-Quem então? Tinha a foto.

-Não. Eu juro...

-Foi você!

-Eu juro.

-Sabe de uma coisa? Precisa se afastar de mim!

-Escute! Les...

-Fique longe.

Beckett e Castle observavam a cena até que ele soltou um comentário.

- Assassinato faz mais estragos aos vivos.

- Sim. Tudo por causa de um segredo terrível.

E de repente, Beckett não pode deixar de pensar no que ela mesma estava fazendo. Castle continuou.

- Segredos são como bombas.

E Beckett complementou a frase desviando o olhar de Castle, temendo que se o encarasse não conseguisse esconder o quanto essa frase mexia com ela.

- Uma hora, eles... explodem.

Então ela emitiu uma opinião pessoal.

- Não estou dizendo que desculpo Darren, mas eu entendo.

- Sim. Entendo querer vingança. Já o modo não faz sentido.

-O que quer dizer?

Chantagem é vingança à distância. Homicídio é próximo e pessoal.

-Não faz sentido fazer ambos.

-Não o subestime. A única razão pela qual confessou a chantagem foi para evitar as acusações de homicídio. E como qualquer psicopata, ele é um ótimo ator.Falando de...

-Psicopatas ou atores?

-Pensei na sua mãe.

-Então um pouco de ambos.

-Acho que podemos ir à peça.

-Sério?

- Você quer se aventurar pela floresta assustadora?

Ela sorriu.

- Não se preocupe, Castle. Tenho uma arma. Protegerei você do Lobo Mau.

- Usaria sua arma na minha mãe? E Beckett de repente achou aquilo tão estranho - Estou comovido. Obrigado.

Ainda intrigada pela declaração de Castle ela resolveu não passar muito tempo pensando nisso. Já no apartamento de Castle, eles estavam bem à vontade. Assim que entraram receberam bebidas. Castle entregou uma taça de espumante a ela.

- Nossa, Castle. Esta é uma ótima recepção.

- É uma marca da família. Tendemos ao muito. Saúde.

-Saúde

Viu Alexis fazendo sinal a ele e pediu e entregou a sua taça para ela.

-Pode me dar licença?

-Claro.

-Oi.

-Você veio. Significa muito para mim, querido.

-Ela pensou que não viria. Disse Alexis.

-Boa sorte, mãe.

- Temos um horário a manter. Começamos em dois minutos.

- Não consigo amarrar esse laço direito. Disse Martha.

- Permita-me.

- Talvez devesse chamar Alexis. Quantos laços já amarrou na sua vida?

- Amarro meus sapatos todos os dias. Foi você quem me ensinou.

-É verdade.

Então ele teve um insight.

- O laço... foi amarrado de forma errada.

- Eu disse, deveríamos ter deixado para Alexis.

- Não o seu laço, o outro. Aquele na fantasia dela. Nós prendemos o homem errado.

Eles voltaram ao hospital para ver Charlotte.

- O quê? Não entendi. Está dizendo que não foi Darren?

- Ele é culpado pela chantagem, mas é até onde vai.

- O assassino está solto? E se vier atrás de mim?

- Ele não virá. Temos policiais lá fora 24h por dia. Nós o encontraremos, Charlotte, só... precisamos

de sua ajuda.

- Claro. O que eu puder fazer.

- Nós achamos que a chave para encontrar o verdadeiro assassino é compreender o que houve na noite da morte de Owen. Responderia algumas perguntas?

- Sim... acho que sim, mas já disse tudo que sei.

- Na última vez, você disse que todos estavam no carro de Amy?

-Exato.

-E quem estava dirigindo?

-Ela estava. Por quê?

- Fizemos uma verificação. Após a morte, Amy levou o carro a uma oficina. Com a grade quebrada e o vidro traseiro amassado.

- Alguma ideia de como isso ocorreu?

- O que realmente aconteceu naquela noite? Owen tentou voltar para dentro do carro? Talvez Amy entrou em pânico, acidentalmente o atropelou e foi embora? Castle especulava.

- Charlotte? Beckett falava com ela.

- Eu implorei para que Amy voltasse. Kristina e eu imploramos, mas ela continuava dirigindo. Ela não queria ferir ninguém. Foi um acidente. Essa é a verdade. É o que realmente aconteceu.

- É? Dê uma olhada na forma como os laços foram amarrados nas fantasias das vítimas. Castle espalhou as fotos das vitimas na frente dela.

- O que tem isso?

- O assassino fez esses laços, depois que as vítimas foram drogadas. Veja como se parecem, como são simetricamente horizontais. Agora veja o laço na sua roupa de Bela Adormecida. Vê como o laço é vertical? Isso é um pouco estranho. Se o assassino amarrou os três laços, por que o seu seria diferente?

- É porque você amarrou os três laços. Este é diferente porque você mesma o amarrou por trás de suas costas.

-Não. Eu fui atacada. Eu sou uma vítima.

- No entanto, o médico disse que você recebeu metade da dose de oxicodona dada às outras, uma dose não letal.

- Assim que chegamos ao prédio, você aplicou a dose em si.

- Isso é loucura. Por que simularia um ataque a mim mesma?

- Para ninguém suspeitar que calou as 2 testemunhas de seu crime.

- Do que está falando?

- Na época, Kristina e Amy estavam dispostas a enterrar seu segredo, mas depois... esta foto apareceu.

- Quanto poderia esperar que guardassem o segredo, especialmente sendo você a culpada?

- E poderia pensar no quanto o escândalo... a prisão... arruinariam a sua vida. Tudo porque Kristina e Amy sabiam a verdade.

Beckett a pressionou.

- Charlotte, você estava atrás do volante do carro de Amy. Foi você quem atropelou e matou Owen.

- Não, Amy estava dirigindo. Eu te disse.

- Então por que você pagou pelos reparos no carro? Nós temos o recibo.

- Vocês não sabem o que houve naquela noite. Não podem provar que atropelei Owen nem que matei Amy ou Kristina.

- Sim, eu posso. Sua firma cuidou da reversão de hipoteca de uma idosa chamada Jamie Isaacson. Ela pagou o serviço no cartão de crédito. É o mesmo cartão que você usou para pagar pelas 3 fantasias. Charlotte Boyd, você está presa pelo assassinato de Amy Morgan e Kristina Curtis, e pela morte culposa de Owen Thomas.

- Os laços? Sério? Charlotte não acreditava que tinha sido pega por isso.

Ainda no distrito, Castle se divertia com o caso.

- Ela é a perfeita vilã de contos de fadas. Como o Lobo Mau, disfarçou-se de inocente, mas como a madrasta malvada da Branca de Neve, estava disposta a tudo, até a matar, para proteger sua imagem.

-Após esses anos, a família de Owen poderá encerrar o assunto.

-A que preço? Duas mulheres mortas, Darren acusado de chantagem e seu casamento já era.

E Beckett acabou por revelar sua queda por contos de fadas.

- Por isso precisamos de contos de fadas, para encarar tamanha realidade, para nos lembrar que finais felizes ainda são possíveis.

- Vejo vocês pela manhã.

-Até mais.

- Por falar em contos de fadas, minha mãe está pronta para sua performance dramática.

-Hora de voltar para a floresta?

-Ainda está com sua arma?

E eles voltaram ao apartamento de Castle para uma sessão especial do drama de Martha. Beckett estava sentada no sofá ao lado de Castle atenta as palavras de Martha com uma taça de espumante na mão.

- Foi a maior oportunidade de minha vida... a chance de interpretar o papel da Bruxa Má na Broadway. Mas isso significaria estar longe de casa por 6 noites por semana, duas matinês. O que eu deveria fazer?

- Percebe que nada disso aconteceu? Ele sussurou e piscou para ela.

- Francis Bacon uma vez escreveu: "Aquele que tem filhos entregou reféns ao destino." Se eu fosse uma refém, então meu filho, Richard, foi meu captor, meu feitor...

- Eu estou bem aqui. Castle reclamou e Beckett sorria não só pelo jeito dele mas também porque estava achando tudo muito interessante. Ela estava de certa forma envolvida. E a atuação dramática continuou

- Recusei o papel, dei as costas ao destino. E... foi a melhor decisão profissional que tomei, por um papel ainda maior que surgiu em meu caminho. Um papel... talvez o maior que já interpretei...é o de... mãe.

Beckett olhou para ele e falou.

-Que lindo.

-Tem razão. É lindo.

Alexis chamou a atenção do pai por atrapalhar a cena.

-Desculpe.

-Mas se Richard tivesse sido capaz de abraçar o papel de filho com o mesmo nível de comprometimento...

Beckett tentava segurar o riso porque sabia que a melhor parte estaria por vir.

- E para a floresta nós vamos.

Castle sussurrou apreensivo com todas as coisas que sua mãe teimava em despejar na frente daquelas pessoas sobre ele. Isso não passou desapercebido por Beckett e sorrindo num sinal de compreensão e apoio, envolve a mão dele na sua.

E para a floresta nós vamos... ela pensou.

À medida que Martha proferia as palavras contando sua história, Kate sentia a mão de Castle suada na sua. Ela apertava sua palma contra a dele intensificando o contato. Algumas situações inusitadas arrancavam risos da própria Beckett e ela acabava por perceber o quanto mãe e filho eram parecidos. Tinham o mesmo tom dramático e uma super imaginação. A troca de olhares seja por um comentário ou mesmo para passar confiança a ele, acontecia naturalmente. Sem perceber, ela se pegou acariciando a mão de Castle com o polegar de maneira parecida como ele já havia feito com ela a algum tempo atrás. O ato a surpreendeu mas nem por isso deixou de faze-lo.

Terminada a apresentação de Martha, ela entendeu que a pior parte já havia passado. Tornou a olhar para ele e sorriu. Um sorriso capaz de tirar o peso da aflição do rosto de Castle. Sem emitir um som sequer, ela moveu os lábios.

- Acabou...

Ele sorriu ainda tenso. Beckett fez menção de se levantar e soltar a mão dele mas Castle não deixou.

- Acho que ambos precisamos de uma bebida agora, Castle. Vou pegar...

E ele se rendeu. Martha não pode deixar de observar o jeito dos dois durante a sua apresentação e seguiu atrás de Beckett para tentar pescar alguma coisa.

- O que você achou, Kate?

- Gostei bastante. Posso entender de quem Castle herdou certas caracteristicas. Você é muito boa.

- Obrigada, querida. Você acha que Richard vai me perdoar?

- Não tem o que perdoar, Martha. Ele estava nervoso, só isso. Não se preocupe, posso acalmá-lo se preciso.

- Eu sei. Você certamente tem poder sobre ele, maior do que você até imagina. Tenho que agradecer por você entrar na vida dele. Trouxe alegria, responsabilidade, perigo com certeza mas isso é apenas uma pequena parte do que realmente importa. Fez ele perceber que não é o centro do universo. Acho que está mais do que na hora de você deixa-lo retribuir tudo o que você fez por ele. O tempo é relativo, Kate, um dia estamos aqui e no outro desaparecemos.

E sorrindo Martha a deixou sozinha no balcão segurando as taças de vinho. Recompondo-se, ela caminhou até onde estava. Castle não estava lá. Então, ela se lembrou onde poderia ter se escondido. Ao chegar ao escritório, o viu parado de frente para a estante.

- Hey...

- Você demorou...

- Talvez se não estivesse se escondendo... e estava conversando com a sua mãe.

Castle arregalou os olhos em sinal de pânico. Beckett riu.

- Calma! Não é tão ruim assim. Martha é uma mulher sábia.

- Você não disse isso para ela, disse?

- Não. Mas poderia. Você se parece com ela. Tem a mesma energia, a mesma paixão pela vida. Devia se orgulhar dela.

- Eu sei e me orgulho.

Ele notou que os olhos dela estava marejados de lágrimas. Provavelmente lembrara-se da sua mãe. Ele foi até ela e acariciando de leve seu braço tentou tirá-la daquele momento triste.

- Cheers! Eles beberam um pouco do vinho e Castle puxou conversa para o assunto dos contos de fadas.

- Falando em encenação, contos de fadas afinal Beckett qual o seu preferido?

- Ah, Castle. Histórias de ficção, como disse contos de fadas parecem mais histórias de terror.

- Não foi o que você me disse algumas horas atrás quando trabalhávamos no caso. Vou tentar de outra forma, qual personagem dos contos de fadas você acha que mais se parece comigo?

- Essa é fácil! Peter Pan.

- Devo considerar isso um elogio?

- De certa forma, Peter é o garoto que nunca cresceu. Vive num mundo seu onde a imaginação é lei e a alegria e a brincadeira estão sempre presentes. Além da aventura e da busca pelo perigo ao desafiar o seu inimigo Capitão Gancho. Gosto disso em você, Castle.

- Obrigada, por um momento achei que você repetiria os mesmos “elogios” tão dóceis de Sophia.

- Às vezes, eu acho que você não me conhece realmente Castle.

- Ah, conheço. Tanto que digo qual personagem você se parece: Bela, da Bela e a Fera. E não estou falando de beleza somente, é a personalidade. Você é centrada, pé no chão, inteligente. As outras princesas vivem em um mundo que não parece real, esperar pelo principe encantado apenas e se preocupar com vestidos e bailes. Claro que a pequena Kate Beckett sonhava em encontrar alguem para dividir os sonhos, as dificuldades, as alegrias da vida. Você ainda quer, ele só precisa ser real.

- Hum bem interessante sua análise. Exceto que não tem nenhuma fera na minha vida além de você.

O comentário saiu naturalmente e assim que percebeu, ela virou o copo de vinho tentando disfarçar a situação mas o olhar de Castle mostrava que ele tinha entendido a insinuação. Ai Kate! Só você mesmo para dar essas ratadas! Ele também percebeu que ela ficara constrangida. Apesar de provocar, Beckett sempre demonstrava sua insegurança em alguns momentos. Visando liquidar a tensão presente no ar, ele brincou.

- Poxa! Sou tão feio assim? Eu falando de príncipes e sou comparado com um animal?

- Foi você mesmo que falou que eu sou a Bela...

Ela virou de costas para ele a fim de esconder o rubor do rosto. De novo! Eu só estou piorando a situação! Cala a boca, Kate! Ele pode entender de outra forma e... isso seria um problema?

Castle porém, não insistiu. Poderia, é verdade. Ele também tinha suas reservas, depois de tantas tentativas frustradas de relacionamentos e dois casamentos, o medo de arriscar tudo ainda o segurava.

- Esqueça os contos de fada, Kate... é muita ficção.

- Certo, tem razão. Prefiro mesmo os romances policiais, são mais intensos. Tem mais heat...

- Entendo, detetive. Algum escritor em especial?

- Oh, Castle....

O jeito que ela falava o nome dele era tão sensual que ele acabava por prender a respiração. Beckett abriu o sorriso e tomou o ultimo gole da sua taça.

- Ok, acho que está na hora de ir.

- Logo agora que ia começar a discutir possíveis casos de Nikki Heat com você!

- Castle você nunca precisou discutir as aventuras de Nikki Heat comigo, nem quis, esse é o seu conto de fadas. Posso te dar uma dica.

Ela se aproximou dele e com os lábios bem próximos ao ouvido dele, sussurrou.

- Algemas...

E saiu sorrateiramente do escritório. Estava despedindo-se de Martha e Alexis quando ele tornou a aparecer já recomposto da imagem que ela provocara na mente dele com aquela sugestão.

- Querido, a Kate já vai. Se despeça. Onde estão os seus modos?

Beckett morde os lábios segurando o riso. Martha se distancia e deixa os dois sozinhos. Beckett libera o riso.

- Você acha tudo isso hilário, não Beckett?

- Não posso dizer que não é divertido observar a família Castle. E relaxe, não vou contar nada para os rapazes sobre hoje. Seu segredo está seguro comigo.

Ela abriu a porta, voltou-se a ele e sorriu.

- Boa noite, Castle.

- Obrigado por entrar na floresta comigo. De verdade.

E se inclinou e beijou-lhe o rosto pegando Beckett de surpresa.

- Boa noite, Kate.

E ainda zonza pela surpresa inesperada do beijo, ela deixou o apartamento de Castle sorrindo.


Continua....

2 comentários:

val disse...

vc estava um tanto quanto inspirada,kkk adorei foi bem gostoso de ler.
no meu ver mostrou realmente o que a Beckett sente.E lembrando que amanhã temos Limey meu Deus eu já estou ficando louca...só de imaginar.
Boa Noite fofa!

Eliane Lucélia disse...

Awwwnnn, minha gêmea, como eu disse no TT, às vezes tenho vontade de te apertar, eu ia falar te agarrar e apertar bastante, mas aí iria ficar meio estranho, então vamos ficar só com o apertar mesmo, mulher que começo e fim de fic, os primeiros 8 parágrafos foram maravilhosos, já disse aqui umas mil vezes, sei que é redundante, mas eu amo a sua parte argumentativa, as reflexões dos personagens, é tão elaborado, enxuto e claro, isso me emociona, minha Nora Roberts particular kkkk lindo, lindo. Mas não foram só os 8 primeiros parágrafos que ficaram bons não, a fic toda ficou ótima, deu um "TUDO" a mais no epi, que foi meio sem sal, non gostei muito do caso, achei meio Surreal o caso ser resolvido por causa de um laço, sei lá, ficou meio estranho, não engoli muito bem, agora a Martha deu um Show, amei ela nesse epi, aquele pequeno “monólogo” dela foi muito bonito e o melhor ainda o que resultou dele, na hora que a Beckett pegou na mão do Castle eu surtei, eles tem a tensão entre eles, mas quase não se tocam, poderiam fazer mais isso, aquela faísca que a gente adora tanto, sabe? Então, e amei o toque que ela deu em Beckett “O tempo é relativo, Kate, um dia estamos aqui e no outro desaparecemos.” Se toca dona Kate, o recado foi dado, enfim, vou dizer de novo, amei muitoooo, ela dizendo “algemas” no ouvido dele então aiai kkkk. Bjossssssss, gata :)