Nota da Autora: Esse cap trata de decisões, confesso que me imaginei no lugar de Beckett. Ainda não sei se foi o melhor approach e se consegui passar tudo o que queria mas está feito. Aos ávidos por NC, calma, no proximo compenso vcs! Enjoy!
Cap.9
Gates
desligou o telefone. Pensativa, ela sabia que o dia seguinte ia ser tenso. Não
imaginava qual seria a resposta de Kate Beckett. Gostaria de acreditar no
possível não, porém mesmo não conhecendo a ex-detetive tão bem, era capaz de imaginar
Beckett se debatendo entre qual resposta considerar. Apesar de não comentar,
ela tinha uma admiração pela mulher que era Kate Beckett. Sabia da condição que
ela enfrenta todos os dias ao procurar vencer em um ambiente puramente
masculino. Gates passou por muitos testes e sabia que em sendo Kate uma mulher
inteligente e bonita, as insinuações sobre a forma como evoluiu na sua carreira
sempre gerava aqueles comentários maldosos por parte de alguns membros da
força. Beckett merecia seu respeito, principalmente agora que conhecera um
pouco mais do passado dela.
Para
o seu distrito, seria muito bom ter Beckett de volta. Porém, certamente a sua
volta significaria que a detetive teria mais poder do que antes. E se já
cometia algumas infrações antes, como ficaria nessa nova etapa? Victoria Gates
poderia considerar Beckett uma ameaça exceto que ela não era. Uma mulher como
Kate Beckett não desiste de seu distintivo, da sua carreira, porque sua
superior a criticou ou xingou. Havia algo mais nessa história, algo relacionado
a vida pessoal dela, as ameaças de morte sofridas, ao futuro de Beckett.
Pedir
desculpas formais foi difícil para Gates apenas porque se tinha alguém capaz de
fazer Victoria engolir seu orgulho e fazer aquilo, esse alguém era Kate
Beckett.
XXXXXXXX
Naquela
noite, após o jantar Kate comunicou para Castle que deveriam estar no distrito
amanhã às 9h para a reunião com Gates e o Chefe dos detetives. Disse também que
não ia fugir daquilo que já haviam combinado. Eles conversavam na cama. Castle
que tinha um livro na mão apoiou-o nas pernas para prestar atenção a ela.
-
Você já sabe como vai proceder realmente?
-
Sim, apenas exporei os fatos como conversamos. A única reação que consigo
imaginar é a de Gates. Não sei o que os demais irão pensar.
-
Eu não me preocuparia.
Ela
se aconchegou mais próximo dele colocando uma das mãos sobre o peito dele.
-
O que sua editora falou sobre a parte do livro hoje?
-
Que estamos no caminho certo. E as vendas de Frozen Heat estão indo muito bem.
Além de musa, você me traz muita sorte.
Ela
sorriu e beijou-lhe os lábios.
-
Vamos dormir, amanhã o dia vai ser bem complicado.
-
É descanse, Kate. Eu vou ler mais um pouco. Tenho que dar uma opinião sobre
essa obra.
Ela
tornou a beija-lo e virou-se de costas para ele, instintivamente ele deixou uma
das mãos deslizarem sobre as costas dela, o que fez Kate adormecer quase
instantaneamente.
12th
Distrito
Assim
que o elevador se abriu, Kate Beckett e Rick Castle saíram de lá de maneira
imponente. O semblante dela estava bem sério do jeito como ela se mostrava
quando estava prestes a interrogar algum assassino. Castle também estava
concentrado. Ele tinha que estar preparado para trazê-la de volta a serenidade
caso ela perdesse as rédeas da situação na frente deles, especialmente de
Gates. Beckett ainda estava magoada com as opiniões da
Capitã
sobre ela.
Beckett
bateu na porta da sala de Gates levemente. A Capitã fez sinal com a mão para
que entrasse. Dessa vez, estavam todos lá. O prefeito, o chefe dos detetives e
ela. Cumprimentou-os.
-
Bom dia a todos.
-
Bom dia, Srta. Beckett. Sente-se – o chefe dos detetives apontou uma cadeira,
em seguida viu que ela novamente não estava sozinha – Sr.Castle, fique à
vontade também.
Quando
estavam todos acomodados e olhando fixamente para Beckett, o silêncio no
recinto era quase palpável. Ela sentiu um arrepio percorre-lhe a espinha. Era a
hora da verdade. Quem falou primeiro foi o chefe dos detetives.
-
Então, Srta. Beckett, acredito que já tenha uma resposta para nós. Poderia
dividir seus pensamentos conosco?
-
Sim, senhor. Antes de dizer a vocês minha decisão final, gostaria de explicar
algumas considerações que me fizeram fazer isso. Acredito que o motivo correto
para que eu tivesse entregado meu distintivo não tenha ficado claro para os
senhores e por isso acabaram me chamando aqui para me oferecerem um trabalho. Naquele
dia cerca de seis meses atrás, após quase morrer, estive bem aqui nesta sala de
frente para a Capitã onde ela disse que eu era uma vergonha para a força.
Porém, esse insulto não foi o motivo da minha demissão – Kate olhava séria para
Gates, queria fazê-la sentir-se mal da mesma forma que fez com ela – não seria
um insulto ou uma suspensão que me faria pedir para deixar a polícia, foi algo
muito maior. Quase quinze anos vivendo crimes e os resolvendo a cada dia, dando
conforto a muitas pessoas e vendo todos seguirem em frente com suas vidas
enquanto eu estava presa ao passado,estagnada emocionalmente. Me entendam, não
vivo de passado mas o simples fato de continuar a saber que não obtive um
encerramento e justiça no caso mais importante da minha vida, era motivo de
frustração para comigo mesma. Exatamente por causa desse caso, eu levei um
tiro, virei um alvo e quase morri. Para que? Qual o sentido de tudo isso?
Naquele momento eu percebi que estava deixando o distintivo me consumir e isso
não podia acontecer. A minha cegueira quase fez eu perder momentos e coisas
mais importantes na minha vida. Esse foi o motivo pelo qual pedi demissão, para
viver.
Kate
parou de falar por uns minutos. O chefe dos detetives e o prefeito permaneciam
calados e sérios porém, ela quase podia ver um pequeno sorriso de satisfação no
canto dos lábios de Gates. Suspirou e continuou.
-
Diante de tudo o que expus, como os senhores acham que me senti ao ser
arrastada até aqui e escutar vocês falando novamente sobre o meu tiroteio, meu
algoz e o caso da minha mãe? Vocês
reabriram feridas, mexeram com sentimentos que eu deixei para trás da mesma
forma que havia deixado o distintivo. Foi errado, completamente errado. Eu dediquei
anos da minha vida pela NYPD e sai por aquela porta sem olhar para trás, de uma
maneira jamais pensada. Sempre imaginei deixar o distrito a base de festas ou
premiações. O que posso dizer? A vida
normamente não se apresenta da maneira que sonhamos ou gostaríamos. Eu não sou
mais a mesma pessoa de antes. Kate Beckett mudou.
-
Eu acredito que a Srta.Beckett está tentando dizer é que não deseja voltar ao
12th distrito. Não quer fazer parte do quadro da polícia de New York – Gates
olhava primeiramente para Beckett e depois para cada um dos seus chefes, as
autoridades naquela sala, ela quase sorria. Parecia tão segura de si, pronta
para soltar foguetes diante do que ouvia – Beckett,tenho que reconhecer que
você é uma mulher decidida e forte. Conheci poucas assim. Já havia lhe falado
uma vez que se você se dedicasse, podia ter uma carreira brilhante na força. É
uma pena que não considere esse seu futuro. Era uma ótima detetive.
Kate
olhou para Castle e um sorriso de satisfação se formou no rosto dela. Agora sim
ela se sentia corajosa novamente como sempre fora. Antes que ela pudesse
continuar, o chefe dos detetives falou.
-
Então Srta. Beckett, sua resposta a nossa proposta é não. Está certa disso? Não
há volta? É sua última palavra?
-
Pelo que me recorde, eu ainda não respondi sua pergunta, senhor. Capitã,
obrigada pelo elogio. Significa muito. Tenho apenas uma correção: eu sou uma ótima detetive. Tudo que aprendi
sobre investigação, interrogatórios, análises continuam comigo, fazem parte da
minha vida. Ainda tenho meu instinto de policial, o mesmo que me auxilia
estando longe da polícia. É por esse motivo, senhores, que para eu voltar a
esse distrito o farei mediante a algumas condições. Estão prontos para
ouvi-las?
Dessa
vez, foi Kate quem surpreendeu a todos. Castle podia ver a sensação de triunfo
presente no rosto de Gates desaparecer como num passe de mágica dando lugar a
rigidez que denotava a preocupação. Ele estava se segurando para não rir.
Estava orgulhoso de ver a forma como Kate conduzia aquela situação.
-
Estamos prontos para ouvir. Vá em frente.
Kate
trocou olhares com Castle antes de continuar.
-
Como expliquei anteriormente, minha vida mudou, meu foco. Portanto, não
pretendo passar horas a fio no distrito. Quero horário flexível para que eu
possa desenvolver meus outros projetos de vida. Não serei uma detetive em tempo
integral, serei uma consultora que soluciona homicídios. O que eu quero dizer é
que estarei ausente durante algumas horas do dia para me dedicar à carreira de
advogada.
Como
ninguém demonstrou desacordo, Beckett continuou.
-
Segundo ponto: mesmo sendo uma consultora atuando como detetive, quero meu
distintivo e minha arma. Afinal preciso de proteção, conforme os senhores mesmo
já afirmaram. Enquanto estiver no distrito, quero estar mais presente as
defesas e casos que vão à corte. Será uma espécie de treinamento para minha
vida de advogada. Sobre o caso da minha mãe e o meu próprio, quero ser
informada de todas as novidades. Quero saber qual o rumo das investigações e
seu progresso. Posso aceitar não ter a sua autorização para investigar por
conta própria desde que esteja a par de tudo. Sou a maior interessada.
Ela
tomou um pouco de ar e tornou a falar.
-
Em sendo consultora, fiquei pensando em como ficaria dentro da hierarquia da
NYPD. Sendo assim, minha proposta é que eu responda diretamente ao chefe dos
detetives e tenha a Capitã Gates como facilitadora. Também ficarei baseada aqui
no distrito e portanto os detetives Ryan e Esposito dividiriam casos comigo,
fazendo parte da minha equipe. Acredito que isso seria melhor para todos e
também dará a Capitã a chance de trabalhar com a sua equipe visando um melhor
sucessor para meu cargo de detetive sênior visto que meu tempo nessa volta a
NYPD terá uma data pré-estabelecida. Meu contrato encerrará no dia em que
solucionar ou o meu tiroteio, pegando o meu algoz, ou o caso de minha mãe. Nem
um dia a mais nem um a menos.
-
Por último e não menos importante. Minha volta a NYPD está condicionada a uma
pessoa: Rick Castle. Quero ele reintegrado e apto a circular comigo nesse
distrito como meu parceiro e consultor civil.
De
todas as exigências da lista de Beckett, essa era a mais importante junto com o
assassinato de sua mãe e aquela que ela não estava disposta a abrir mão. Era
inegociável. Imaginava que a reação das pessoas na sala poderia ser positiva
para alguns pontos e negativa para outros. Como num jogo de pôquer, ela montara
uma estratégia que terminava com o seu lance mais alto. Castle era o seu
all-in. Ela pode perceber a agitação e a linguagem corporal dos presentes e a
julgar pelo que via, a discussão estava longe de chegar a um consenso. Depois
de digerir as condições impostas por Beckett, o chefe dos detetives finalmente
se pronunciou.
-
São muitas exigências, Srta. Beckett. O que nos faz pensar novamente em quão
boa negociadora você é. Entendemos que tenha outros objetivos de vida e suas
colocações deixam claro isso. Você poderia nos informar se está disposta a
negociar?
Castle
mantinha seus olhos e ouvidos atentos à discussão. A cada minuto, ele se
orgulhava mais de Kate. Ela conduzia a conversa com maestria e ainda mantinha o
controle da situação. Observar como os demais encaravam tudo isso era a outra
parte maravilhosa de ser espectador. Ele segurara o riso por várias vezes,
tinha que manter a seriedade. Eles acabaram de deixar a bola quicando e Beckett
não ia deixar barato. Tudo que Castle queria agora era um saco de pipoca, pois
o show ia decolar.
-
Sim, posso negociar algumas condições. Como o senhor pode observar, em nenhum
momento falei de salário. Aceito receber por horas trabalhadas. Porém, há uma
condição que eu não abro mão. Essa é inegociável.
-
As informações do caso de sua mãe?
-
Não. Castle. Não abro mão do meu parceiro.
Gates
não aguentou ficar calada após essa ultima frase.
-
Parceiro? Você considera esse civil um parceiro? Ele é um escritor de ficção! O
que sabe de crimes e vida real? Estamos falando do prestigio de um distrito, da
idoneidade da polícia de New York! Senhor, não está considerando mesmo essa
possibilidade, certo?
-
Com todo o respeito Capitã, o Castle nos ajudou a solucionar vários
assassinatos no 12th. A senhora mesmo presenciou. Senhor, caso não aprove,
estou fora. E ficando exijo respeito para mim e para ele. De outro modo, não
vejo muito propósito para voltar a NYPD.
Aquilo
foi o cheque mate de Kate. Ela sabia que o prefeito acataria e tinha 99% de
certeza que o chefe dos detetives também. Castle tinha razão, Gates era voto
vencido. O tempo fechara, apesar de estar muito tranquila, não podia dizer o
mesmo do clima da sala. Beckett notou uma troca de olhares com o prefeito quase
imperceptível antes de lhe dirigirem a próxima pergunta.
-
Levando em consideração suas condições, eu diria que me preocupa sua dedicação
ao trabalho. Tenho duvidas se você ainda encararia a função da mesma maneira
visto que isso não parece ser uma prioridade para você.
-
Senhor,sou uma profissional. Respeito meu trabalho e cumpro com minhas
obrigações. Meu comprometimento não mudou. Caso eu volte ao 12th tem minha
palavra de que durante o período que estiver aqui terá 100% da minha dedicação.
Eu trato homicídios com muita seriedade, honro as famílias e os mortos. Já
estive do outro lado e sei o quanto é difícil não obter respostas, viver no
escuro. Pode contar comigo e com Castle.
-
Senhor Prefeito, algum comentário?
-
Apenas que confio no profissionalismo de Kate Beckett e não faço qualquer
objeção para suas exigências.
Gates
revirara os olhos. Sabia que era inútil, perdera essa batalha. Teria que
aceitar não só a volta da detetive sem poder controla-la e geri-la como também
teria que deixar livre o acesso do escritor que adorava brincar de detetive.
-
Sendo assim, confirmo que estou de acordo com os termos. Como procedemos daqui?
Beckett
puxou uma pasta e entregou a ele.
-
Eu tomei a liberdade de preparar uma minuta de contrato para facilitar. Leiam
com calma, não tenho pressa. A propósito, estarei apta e disponível para
começar em meados de novembro.
-
Você pensou em tudo não, Beckett? A
pergunta vinda de Gates tinha o tom irônico mas a Capitã tinha que dar o
crédito a ela. Soube conduzir muito bem a situação. Era realmente uma pena que
Kate Beckett não quisesse seguir carreira na policia. Ela teria um futuro
brilhante no mais alto escalão.
-
Apenas para ajudar em acelerar o processo.
Castle
segurava o riso. Como Beckett ficara assim tão cínica?
-
Bem, encaminharei isso ao jurídico. Quando tiver um parecer, você será
informada. Acredito estar tudo em ordem e para evitar que vocês voltem para
mais uma audiência aqui no distrito, aviso sobre o status do contrato e você
poderá assinar no seu primeiro dia de volta ao trabalho. Podemos agilizar
algumas formalidades. Capitã, entregue a arma e o distintivo a Srta. Beckett. Creio
que ela saberá cuidar muito bem desses objetos.
Gates
respirou fundo e abriu a gaveta. Tirou de lá o distintivo e a arma que
apreendera de Beckett. Entregou a ela. Beckett sem demonstrar qualquer atitude
diferente, colocou a arma e o distintivo no bolso do casaco. Procurando
encerrar a conversa, falou.
-
Nos vemos em 19 de novembro então, Capitã?
-
Sim, detetive. Conto com você e com o Sr. Castle no 12th distrito.
-
Obrigada. Senhores, se nos derem licença. Bom dia a todos.
E
com essas palavras, Beckett e Castle deixaram a sala rumo ao elevador.
Gates
se deixou despencar na cadeira. Essa foi uma das reuniões mais estressantes que
já vivenciara na NYPD.
-
Espero que estejam satisfeitos.
-
Estamos, por hora. Precisamos nos dedicar ao caso dela e da mãe. Desatar os nós
e desvendar essa corrupção. Você precisa comunicar a sua equipe sobre a volta
deles. Conto com sua discrição e liderança para conduzir esse distrito para sua
normalidade.
-
E Capitã Gates, - era o prefeito que falava -
isso inclui o bom tratamento a Rick Castle e a detetive Beckett. Passar
bem.
E
ambos deixaram Gates a sós com seus pensamentos.
XXXXXX
Beckett
manteve a compostura e a pose de detetive até chegar ao carro. Quando se viu
sozinha com Castle, ela abriu o sorriso e voou para encontrar os lábios dele.
Ela o abraçou com vontade e deixou o riso escapar, aliviada após quase três
horas de reunião. Castle não aguentava mais segurar seus comentários.
-
O que foi aquilo? Você simplesmente os colocou no bolso! Eu sabia que você era
boa em interrogatórios e poker mas você arrasou como negociadora e devo
acrescentar que deixou Gates muito irritada e eu extremamente excitado. Aquilo
foi quente...
-
Castle!
-
Mas foi! Sexy, poderosa e excitante. Ah, Kate... você me deixa zonzo.
-
Cala a boca, Castle e dirige! Quero ir para casa – apesar do tom autoritário
ela sorria. Beckett estava realmente preocupada com a reunião e agora que tudo
passara, ela poderia respirar um pouco.
Chegando
em casa, ela tirou o casaco e se jogou no sofá. Castle sentou-se ao lado dela
procurando apertar a mão dela na sua. Sorria. Beckett fechou os olhos por um
momento e suspirou. Ele sabia que ela tinha voltado atrás na sua decisão tomada
e aquilo não a agradava totalmente. Os motivos pelos quais aceitara voltar a
NYPD não estavam relacionado ao trabalho de detetive propriamente dito,
devia-se ao fator segurança. Ambos temiam pela vida dela e estar vinculada a
NYPD era uma maneira de controlar mesmo que parcialmente a sua condição de
vítima. Maddoxx fizera dela um alvo e não desistira facilmente.
-
Hey... está tudo bem por hora. Você fez a coisa certa.
-
Espero que sim, Castle. Essa foi apenas a primeira parte. Não sabemos o que
virá pela frente...
Ela
pegou no casaco o distintivo, passou o polegar sobre o numero 41319, sentiu uma
certa nostalgia misturada a emoção. Fizera tanto por aquele símbolo, tanto por
vítimas, famílias. Por um outro espaço de tempo, teria a chance de fazer um
pouco mais. Torna a olhar para ele.
-
De repente, será bom voltar por um tempo. Ajudar pessoas – ela entrelaçou seus
dedos aos dele – estou com medo, Castle. Não tenho ideia do que pode acontecer.
-
Eu sei, Kate. Também estou com medo, não esconderei isso de você. Temos um ao
outro, agora mais que antes e isso faz toda a diferença. Vem, vamos subir e
relaxar um pouco.
De
mãos dadas, eles subiam as escadas. Castle se virou para ela e comentou.
-
Estou pensando seriamente em reproduzir aquela cena de hoje no meu livro. Acho
que ficaria muito boa. Eu realmente não esperava aquele lance do contrato. Me
pegou, Kate. Que sacada! Aposto que muitos leitores acharão sexy o jeito de
Nikki Heat.
-
Sério, Castle? O que foi? Está faltando imaginação para escrever cenas quentes?
-
De jeito nenhum! Se bem que aceito sugestões...
E
eles seguiram para o quarto.
12th
Distrito
Esposito
acabara de chegar ao distrito. Tinha ido ao necrotério e se programado de
voltar para casa com Lanie não fosse o telefonema que recebera de Ryan. Porque
diachos Gates queria fazer uma reunião no fim do expediente? Só falta ser para
dizer que os indicadores do distrito estão ruins blablabla.... como se todos já
não soubessem disso. Ele nem entendia porque ainda não tiraram a Capitã de lá.
-
Hey, bro! O que é isso agora? O que a Iron Gates pretende dessa vez?
-
Não tenho ideia mas disseram que a Beckett esteve por aqui hoje de manhã.
Gates
se aproximou do centro do salão e fez sinal para todos se aproximarem. Respirou
fundo e preparou-se para dar a noticia a sua equipe.
-
Senhores, prometo não tomar muito o tempo de vocês. Farei apenas um comunicado.
Como já expus para vocês anteriormente, os números do nosso distrito não vão
bem. É certo que deram uma melhorada nas ultimas semanas porém estamos longe de
chegar a nossa performance ideal. O motivo de reuni-los é para informar que
teremos dois reforços adicionais no nosso time a partir de meados de novembro.
A NYPD contatou a ex-detetive Kate Beckett e ela concordou em retornar ao 12th
por um tempo determinado.
A
reação das pessoas foi super positiva. As vozes aumentavam comentando a
novidade, alguns assobios foram ouvidos e ficou visível para Gates o quanto
Beckett era admirada e querida pela equipe. Ela viu Ryan erguer a mão
provavelmente com alguma pergunta. Ela fez sinal para ele ir em frente.
-
Capitã, a senhora mencionou dois reforços... quem é o segundo?
-
Bem, estaremos admitindo novamente o Sr. Castle como consultor civil. Alguém
tem mais uma pergunta? Se não estão dispensados. Exceto Ryan e Esposito, quero
vocês na minha sala.
Eles
se entreolharam e sorriram. A primeira vista, tudo parecia se ajeitar, voltar a
ser como antes. Apesar de acharem essa situação um pouco estranha pela ultima
conversa com Beckett, era bom poder contar com ela de volta ao distrito. Assim
que fecharam a porta da sala de Gates, ela começou a falar.
-
Muito bem, vamos esclarecer algumas coisas. A volta da Detetive Beckett é
temporária por esse motivo as regras são muito claras. Vocês trabalharão
novamente com ela mas não fiquem dependendo dela. Vocês precisam desenvolver-se,
podem sugar experiências e todo o tempo que ela estiver nesse distrito. Um de
vocês deverá estar apto a assumir a vaga dela quando se for. Fui clara?
-
Quanto tempo Beckett ficará conosco?
-
Isso Detetive Ryan, não posso revelar. Apenas digo que será temporário. Vocês
não me responderam, entenderam que sua responsabilidade é para comigo e esse
distrito?
-
Sim, senhora.
-
Ótimo. Estão dispensados.
Eles
deixaram a sala de Gates e Esposito foi logo falando.
-
Tem algo que Gates não está nos contado. Precisamos falar com Beckett.
XXXXXXX
Ela
estava deitada no sofá com a cabeça no colo de Castle. Tinha os últimos capítulos
escritos por ele nas mãos. Estava absorta nas palavras enquanto Castle
ocupava-se com o ipad nas mãos. Vez ou outra, ele acariciava os cabelos dela ou
deslizava a mão até onde alcançava do corpo dela. Ela comentava algumas partes
da leitura ou ria das tiradas engraçadas. O celular de Beckett começou a tocar.
Levantou-se e pegou o aparelho na mesinha.
-
Esposito... oi! Tudo bem? Ela olhou para Castle que erguia a sobrancelha sem
entender. Kate continuou a escutar o que ele queria. Tapando o autofalante, ela
sussurrou a Castle “Gates contou para eles...” e viu Castle arregalando o olho
– Sim, Espo, é verdade. Estaremos voltando a equipe por tempo determinado....
sei...não prefiro não falar por telefone – ela viu que Castle estava
sinalizando a ela querendo chamar sua atenção – Um minuto, Espo.
-
O que foi Castle?
-
Acho que devemos uma explicação a eles e não poderemos fazer isso no distrito.
O que acha de irmos – ele consultou o relógio – daqui a meia hora no Old Haunt?
Lá podemos conversar com mais calma. Diga para ele chamar Ryan.
-
Espo, Castle está sugerindo que nos encontremos em meia hora no Old Haunt.
Chame Ryan e Lanie claro – ela escutou o amigo confirmar e se despediu – ok,
até mais tarde.
-
Melhor abrirmos o jogo com eles, assim quando sairmos eles já estarão
preparados. De certa forma, podemos nos divertir um pouco e também comemorar.
Ela
franziu o cenho – Comemorar?
-
Sim, temos que tirar proveito da nossa volta ao distrito, estaremos entre
amigos. Resolveremos casos como parceiros, e devo acrescentar, agora em todos
os sentidos e hoje tivemos um ótimo resultado. Vamos, Kate, precisamos ver o
lado bom de todas as coisas...
-
Só você mesmo para pensar dessa forma, Castle. Ela sorria.
The
Old Haunt
Castle
e Beckett já estavam no bar quando Esposito chegou acompanhado de Lanie. Após se
cumprimentarem, sentaram-se à mesa e Castle logo providenciou os drinks.
Estavam bebendo vodka mas Esposito preferia a cerveja. Conversavam um pouco
enquanto esperavam por Ryan e a esposa. Quinze minutos depois, eles finalmente
chegaram.
-
Então, vocês dois, desembuchem! Afinal o que aconteceu em tão pouco tempo para
vocês mudarem as decisões de vida de vocês?
-
Direto ao ponto não, Ryan? O que a Gates disse a vocês?
-
Disse que teríamos dois reforços temporários no distrito. Vocês precisavam ver
a reação do pessoal! Eles vibravam ao saber que você estaria de volta, Beckett.
A Iron Gates não gostou nada de presenciar aquilo.
-
Ui! Depois do que ela já tinha enfrentado hoje não deve ter gostado mesmo.
-
O que aconteceu hoje?
-
Fomos ao distrito confirmar a nossa volta, se bem que é melhor começar a
história do inicio. Lembra aquela vez que fomos ao distrito sem saber o que
Gates e o tal chefe dos detetives queriam com a Kate? Pois é, eles falaram do
motivo da demissão dela, do que aconteceu depois da saída dela do distrito com
o caso da sua mãe e seu tiroteio. Eles falaram que não avançaram nas
investigações mas que o caso foi reaberto e será acompanhado pessoalmente pelo
Chefe dos detetives. Essa não foi a melhor parte.
-
Eles convidaram você para voltar, Kate? Foi isso? Lanie perguntou. Mas Castle
não deixou ela responder. Continuou contando a história de um jeito que só ele
sabia fazer.
-
Não!!! O chefe dos detetives fez a Iron Gates se desculpar formalmente! Vocês
precisavam ver a cara dela. apertaram as mãos e sabe aquele olhar fatal da
Beckett? Ela fuzilou a Gates.
Eles
não se aguentavam de ver a forma como Castle contava o ocorrido e riam muito.
-
Foi ai que ela convidou Beckett para voltar?
-
Não, o convite partiu do Chefe. Ela com certeza estava odiando tudo aquilo.
Eles fizeram a proposta e Kate disse que ia pensar.
-
O que a fez mudar de ideia? Você estava tão decidida a seguir a carreira de
advogada, ajudar Castle com os livros... estou surpresa mesmo Kate! Disse Lanie.
-
É, eu imaginava que essa seria a reação de vocês. Surpresa. Não foi uma decisão
fácil, acreditem. Eu e Castle ponderamos cada aspecto antes de tomarmos a
decisão. Nós não voltamos porque essa é a minha carreira, algo que eu não possa
me imaginar sem. Como já havia falado para vocês, meu foco não mudou. A polícia
não é meu futuro. Continuo estudando e trabalhando com Castle. O que nos levou
a voltar para o distrito foi algo um pouco mais complicado. Depois de quase
morrer, fui ameaçada. Fiquei marcada. O tal Madoxx não desistiu de me caçar, eu
apenas sai de cena por um tempo sei que ele virá a minha procura. Por isso
aceitei voltar a NYPD, por proteção. Não que isso garanta alguma coisa, o modo
como olhamos a proteção é de certa forma ilusória. Se ele quiser me enfrentar e
terminar essa história, ele me achará. O chefe dos detetives ofereceu proteção
e o cargo de detetive. Eu aceitei mediante algumas condições.
-
É daí que vem o lance do temporário?
-
Sim, assim como não estarei com 100% do meu tempo para o distrito.
-
Ah, Kate. Você conta de uma maneira sem emoção! Kate fez uma série de
exigências, ela dominou a conversa e hoje vi Gates quase morrer com as
condições impostas. Foi sexy...
-
Castle, quer parar com isso?
-
Mas é verdade! Ela tirou a Gates do sério principalmente quando exigiu que eu
voltasse com ela para o distrito. Ela colocou essa como a condição mandatória,
inegociável. Sabe como é, ela não consegue mais viver sem mim.
Castle
olhou para ela sorrindo e arqueando as sobrancelhas. Kate revirou os olhos e
mesmo sorrindo discordou dele – Já tínhamos combinado todas as condições,
incluindo essa. Concordamos que era uma forma de fazer Gates aprender a lição.
Para ela pensar duas vezes antes de querer menosprezar alguém. Tem outro ponto,
ela não é minha chefa, apenas facilitadora. Respondo diretamente ao chefe dos
detetives.
Ryan
e Esposito se entreolharam. Agora as coisas começavam a fazer sentido.
-
Foi por isso que ela nos chamou com aquele papo de que devemos trabalhar com a
Beckett mas que responderemos a ela. Deve estar com medo de perder as rédeas
dentro do distrito.
-
Isso ela pode ficar despreocupada. Não quero o lugar dela, nem o de ninguém.
Fui bastante clara quanto a isso.
-
Quanto tempo Beckett? Ryan perguntou.
-
Não sei ao certo, vai depender das investigações. A condicional para deixar o
12th é a resolução do meu caso ou do da minha mãe. Em outras palavras, apenas
ficarei tranquila quando souber que meu maior inimigo está atrás das grades ou
morto.
Todos
eles balançaram a cabeça em concordância. Castle pediu mais uma rodada de
drinks e resolveu dar um tom mais animado ao assunto do dia. Imitando as falas
de Gates, ele divertia os rapazes e acabava por arrancar risos de Lanie e
Beckett o que renderam a ele alguns beijinhos. Entre amigos, Kate esqueceu-se
de vez do peso incontestável daquele dia. Independente de quem fosse o chefe
deles, ela sabia que sempre poderia contar com a lealdade de seus amigos.
XXXXXXXX
Apartamento
de Castle
Cansada,
Beckett foi logo trocando de roupa para se jogar na cama. O corpo moído de
tensão, foi amortecido pelo álcool consumido no bar. Tudo que ela precisava
agora era de um banho rápido e ficar debaixo das cobertas. Saiu do banheiro já
de pijama e estranhou o fato de Castle não estar por perto. Ela estava sem
disposição para descer as escadas e procurar por ele. Talvez tenha decidido
escrever. Assim que deitou, o sono a dominou.
Sentiu
algo puxar suas cobertas fazendo-a arrepiar por causa do vento frio. Reconheceu
o aroma do perfume no ar ao mesmo tempo que recebeu um beijo na nuca. Sorrindo
abriu os olhos. Ele se aninhou perto dela e falou após outro beijo no rosto.
-
Nem faz uma hora que chegamos e você já está dormindo? Eu nem agi essa noite
para você estar tão arrasada!
Ela
virou-se para ele rindo – Oh, Castle... o dia foi bem difícil, muita pressão e
adrenalina.
-
Então você vai dispensar a sua dose de endorfina de hoje?
-
Uma parte sim, mas isso não impede de você me dar um bom beijo de boa noite
não?
Ele
inclinou-se sobre ela e sorveu os lábios com vontade. As línguas se
cumprimentavam como se não se encontrassem há décadas. Mesmo com o cansaço a
urgência por beijos de Castle sempre a animava. Kate envolveu seus braços ao
redor das costas dele e acariciava sentindo os músculos flexionarem-se aos
movimentos. Ela não sabia dizer quanto tempo eles ficaram executando essa dança
de braços, pernas e lábios. Ela apenas sabia dizer que por causa deles, dormira
ainda mais relaxada descansando sua cabeça no peito dele.
Continua......