quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

[Castle Fic] There's Always Tomorrow - Cap.9


Nota da Autora: Essa fic estava atrasada. O capitulo é grande mas talvez vcs achem cansativo. Ossos do ofício mas vou avisando... preparem-se para a montanha-russa de emoções. Sei que vão me odiar ao final dele mas a história precisa ser contada. Enjoy!


Cap.9

Na semana seguinte, Beckett munida de todas as informações possiveis foi convocada para uma reunião com o seu superior que ordenou a ela para trazer seu time. Assim, McQuinn e Catherine se juntaram a ela numa das salas de reunião do bureau. Acostumada a ser quase torturada em situações como essa, Beckett os orientou para apenas expressarem suas opniões quando solicitados e procurar fornecer o máximo de dados técnicos com seus comentários. Sentimentos não eram bem recebidos em avaliações como estas, explicou.

O superior se juntou a eles e ouviu pacientemente o relato de Beckett e suas observações desde o último relatório que entregara. Como ela imaginara, Villante fez questão de perguntar dados aos dois outros agentes provavelmente como um check de veracidade das informações e uma maneira de entender o  quanto de influência havia da agente Beckett sobre eles. Sabia muito bem quão determinada ela poderia ser com um caso nas mãos.

Satisfeito com o que ouvira, ele fez um resumo do panorama do caso até ali. 

- O que vocês estão me dizendo é que todo o contrabando identificado por vocês de eletronicos e afins não passa de um disfarce para a entrada de entorpecentes pesados no nosso país. Existe uma nova superdroga que em determinadas quantidades vicia e pode chegar a matar. Além disso, um dos envolvidos e responsáveis por isso é um senador ultra conservador do estado de Illinois. Muito surrealismo junto não acham agentes?

- Senhor, sabemos que dificilmente gostamos de apontar podridão dentro de nosso próprio país mas não estamos fazendo suposições. Seguimos uma linha de investigação e as evidências encontradas nos levaram a isso – Beckett pausou e se aproximou do telão onde estava a foto do senador – somos americanos e nem de longe esperamos que nossos representantes nos traiam. Mas nós somos profissionais o bastante para fazer nosso trabalho. Se o país está sendo lesado, os culpados devem pagar por isso.

- Concordo com você agente Beckett. O problema que seu caso ainda não possui provas concretas. É tudo muito circunstancial. Você não pode chegar com um juiz e exigir um mandado para vasculhar o escritório ou a casa do senador sem uma base concreta. Um endereço de ip ligado ao capitólio não prova que o senador esteja por trás disso, nem mesmo um suposto envolvimento com um assassino  no passado.

- Entendo senhor. Mas se ao menos pudessemos conversar com ele, interroga-lo  talvez conseguiremos outra pista ou ligação, algo que o comprometa.

- Beckett é de um senador americano que estamos falando!

- Com todo o respeito, senhor. Ser senador não faz dele intocável e muito menos um Deus. Acredite em mim, por experiência própria. A justiça é cega e deve existir para todos.

- Calma, agente. Nem tudo é regra, preto no branco. Um passo em falso nesse caso e sua carreira pode acabar num piscar de olhos. Não posso lhe dar permissão para interrogar o senador ainda. Vasculhem um pouco mais, façam aparecer ligações concretas entre a máfia chinesa e Robert Denver. Dessa forma eu posso conseguir uma reunião para questionarmos as suas atividades extracurriculares. Bom trabalho e continue me mantendo informado do progresso.

- Sim, senhor – Beckett respondeu frustrada. Antes de deixar a sala, ele virou-se para ela e deu um aviso.

- Mais uma coisa. Se não chegarem a qualquer nova pista em um mês, serei obrigado a encerrar o caso afinal os homicidios já foram resolvidos e a tal superdroga poderá ser investigada pela narcóticos. Bastou seu superior sair da sala para Beckett virar-se para os agentes e passar suas determinações.

- Vocês ouviram o que está em risco aqui não? Preciso que vocês virem a vida desse senador de pernas para ar, achem alguma coisa que possa incrimina-lo ou conecta-lo a máfia para pelo menos eu conseguir questiona-lo. Não estou com a mínima vontade de perder esse caso e muito menos passa-lo para o pessoal da narcóticos. Há muito em jogo aqui pessoal, dinheiro, impostos, vidas. Conto com vocês para provarmos que estamos certos. Qualquer nova evidência me avisem.

- Claro!

- Tudo bem.

Infelizmente, essa busca não seria nada fácil.

Chicago – uma semana depois

Um chinês de terno caminhava pelas ruas do centro de Chicago falando ao celular. Uma conversa aparentemente amigável tornara-se tensa e ele despejava palavras em chinês a alguém do outro lado da linha. Irritado, ele desligou o telefone. Com pressa, desceu as escadas do metro e sumiu das vistas. Vinte minutos depois ele reapareceu saindo de outra estação e após caminhar um quilometro, entrou pela porta dos fundos de uma suposta casa noturna. O neon apagado revelava o nome do lugar. Spin.

Lá dentro, ele gritou com mais alguém em chinês e um rapaz magrinho baixou a cabeça e saiu correndo. Entrou no escritório onde um outro o aguardava. Sentou-se na cadeira e ainda muito sério se dirigiu ao homem a sua frente.

- Trouxe o prometido?

- Sim, o carregamento foi liberado ontem. Já distribui para New York e Washington, dez e trinta quilos respectivamente – ele puxou uma valise preta e colocou sobre a mesa – vinte quilos da pasta conforme o combinado para vocês. O chefe pediu para pagar metade em dinheiro, quer evitar números grandes rolando por aí nas suas contas.

- Isso será prática normal de agora em diante?

- É o que parece. Pelo menos até algum xereta parar de procurar o que não deve. Sentiram cheiro de federais.

- Tudo bem – ele se levantou e dirigiu-se ao fundo da sala, afastou um quadro e digitou a senha eletronica do cofre, retirou várias notas de lá – aqui. Amanhã o restante do dinheiro estará na conta. Quando é o próximo carregamento?

- Semana que vem. Devo aparecer por aqui na quinta. Mesma quantidade?

- Sim. Vou conversar com o chefe. Essa história está muito estranha. Depois que o Chang morreu, venho perdendo dinheiro. Faz um mês que não recebo mercadoria, a clientela está reclamando.

- Era uma questão de cautela depois que o nosso armazém foi invadido pelos federais suspendemos alguns carregamentos. Tambem precisavamos encontrar um novo lider. A questão com o FBI já está encaminhada e faremos a distribuição semanal como antes. Fique despreocupado.

- Se você diz...   

Uma semana se passou e nada de novas respostas para encurralar o que parecia ser o principal suspeito de Beckett. O Senador Denver estava feliz ao constatar os novos depositos em suas contas e após a visita do novo encarregado de tratar com os clientes da venda onde recebera uma boa quantia de dinheiro em espécie.  O negócio retomava seu patamar anterior. Munido de parte do dinheiro, entrou em contato com o seu parceiro e pediu para encontra-lo a fim de entregar o dinheiro. Também fora avisado que novos navios deveriam atracar no porto na próxima semana com o carregamento que renderia em torno de quatro semanas da superdroga conforme os números avaliados a partir das faturas de importação.

O encontro com o seu parceiro tinha como objetivo entregar o dinheiro e tirar a má impressão causada da última vez que se falaram. É claro que a possibilidade de haver um certo rancor entre eles ainda era considerada por Denver. Mas não foi essa a principal discussão entre os dois. Seu parceiro estava mais interessado em saber se estavam livres dos federais de vez. Insistiu em ter o nome dos envolvidos mas Denver reforçou que não havia necessidade dele se preocupar. Ele os tinha afastado e faria com que sequer voltassem a perturbar-los. A partir de agora, estavam livres para ganhar muito dinheiro.

De volta ao seu escritório, ele tratou de relaxar e se preparar para novas negociações com potenciais compradores indicados pelos chineses.

No fim dessa semana, Catherine ligou para Beckett e contou que um novo caso de overdose foi detectado em Washington e por curiosidade ela checou com o necrotério de Chicago e um novo corpo deu entrada ontem com as mesmas características já havia pedido para enviarem o relatório da autópsia dos dois casos para que ela pudesse confrontar com os demais. Também contactara um amigo da polícia de Chicago que trabalhava na Homicídios e pediu para fuçar o que estava sendo investigado nessa morte. Beckett agradeceu e pediu que ligasse quando soubesse qualquer novidade.

Ela já estava desligando o computador quando o celular tocou. McQuinn.

- Hey, agente Beckett! Ainda está no quartel general?

- Quase de saída por que?

- Acredito ter interceptado outros carregamentos feitos pela mesma empresa de fachada porém dessa vez achei a carga subfaturada. Pela quantidade de containers e mercadoria diria que está cerca da metade do valor real. Comparei com outro carregamento já detectado por nós. E não é apenas isso, o rastro do dinheiro também deu em uma conta sem qualquer vinculo rastreável. Quer dizer, até agora.

- Como assim? O que quer dizer com isso?

- Eu troquei umas idéias com um colega que trabalha no Google. Hacker de mão cheia. Não comentei nada do caso apenas disse que estava procurando algo novo capaz de quebrar firewalls de bancos e orgãos governamentais.

- McQuinn! Você não podia ter dito isso, é um agente federal. Trabalhamos para zelar por sigilo.

- Relaxe Beckett. Ele participou de um dos projetos de firewall que foram desenvolvidos para o governo. Ele me passou um rastreador de última geração e o codigo-fonte do firewall para ver se consigo quebrar o código ou desenvolver uma solução que converse com o que achei.

- Desculpa, mas fale inglês porque eu não sei o que você quer dizer com isso.

- Eu tentarei tirar a segurança do rastro do pagamento e se funcionar poderemos saber quem está por trás dos depósitos. Vou levar um tempo para pesquisar e entender mas vou trabalhar no fim de semana e se conseguir alguma coisa eu aviso para você.

- Tudo bem. Obrigada – juntou suas coisas e foi para casa. Torcia para avançarem no caso já na segunda.

Castle estava sentado no sofá em frente a TV e falava ao telefone. Kate deixou suas coisas sobre uma cadeira, serviu-se de um copo d’água ficando pensativa enquanto olhava para o interior da geladeira, o caso parecia estar brincando com sua inteligência, ela já tentara buscar o máximo de explicações possíveis e nenhuma fazia sentido ou a levava a um caminho concreto. Esperava sinceramente que McQuinn descobrisse algo que os ajudasse. Estava tão absorta que quase não ouviu o que Castle falava em sua conversa, apenas algumas palavras.

- Certo, eu entendo a importância mas será que não podemos agendar para o início do próximo mês? O livro está em uma parte crítica não seria bom estar longe de onde a ação acontece. Quero mesmo estar presente em New York... – ele calou-se e Kate sentou-se ao lado dele já se aninhando no corpo dele, os lábios já devoravam lentamente o pescoço dele começando a roubar-lhe a concentração.

- Faremos assim, eu me organizo e confirmo a data para você até segunda – ele ouviu a resposta ainda contrariada de Gina mas não se importou – boa noite, Gina.

Assim que desligou o celular, ele a puxou para seu colo.

- Oi, amor. Você chegou manhosa hoje... algum motivo especial?

- Não, babe. Só estava com vontade de te beijar... – e calou-o com seu beijo. Lento e singelo para então tornar-se mais agressivo buscando o contato com a língua dele. Uma das mãos deslizou pelo peito dele e se manteve ali, acariciando a camisa sobre a pele. Quando se distanciou dele, Castle falou.

- Eu te conheço o suficiente para saber que há algo te incomodando. Vi você admirando o refrigerador e até onde eu sei isso acontece quando queremos algo mas não sabemos como agir. É o local preferido dos apaixonados não correspondidos, o que não é o seu caso, então deve haver outra razão além de fome para você se perder olhando para a geladeira.

- Apenas pensamentos. O que Gina queria?

- Ela quer agendar o lançamento da próxima revista em quadrinhos de Derrik Storm para meados do próximo mês em New York. Barnes & Noble. Depois quer que eu saia em turnê na costa leste e vá pelo menos a L.A.

- E qual o problema? Esse é o seu trabalho, babe.

- Alguns. Por exemplo, não quero ficar duas semanas longe de você, preciso de material para o livro continuar e por isso tenho que ficar aqui, quero ajudar você a investigar o caso... suficiente?

- Apesar de lisonjeada por não querer se afastar de mim, receio que não poderei ajudar com material para o seu livro. O caso está realmente parado e isso me preocupa. Talvez seja até arquivado se não encontrarmos algo para continuar a investigação na próxima semana.

- Mais um motivo para eu ficar e te ajudar a achar essa possível pista. Além do mais, se sou o escritor não deveria estar presente apenas nos eventos onde eu deva dar autógrafos? O resto é publicidade e esse é o papel da Gina.

- Nossa! Para alguém que amava um holofote ou um flash de um papparazzi você está bem mudado. Sei que você gosta da exposição, amor. Quando decidimos morar em Washington combinamos que não interferiríamos na carreira um do outro. Você é livre para fazer o seu trabalho. Eu não o impediria disso, especialmente sendo sua fã número um. Quando realmente é o evento? 

- Dia 18 mas ela quer que eu esteja na cidade para uma série de reuniões e preparação no dia 10.

- Daqui a duas semanas... certo. Olha, Cas sinceramente não vejo motivos para você não concordar com Gina. Temos ainda duas semanas para conseguir algo tangível e depois eu já nem sei se continuaremos com o caso. Porque não fazemos diferente? Você vai para New York e eu irei encontra-lo para o evento principal. Se estiver sem caso será bom estar em New York e mesmo que a investigação continue, tiro uma folga. Afinal, não posso perder de ter outro livro autografado do meu escritor favorito.

- Se dessa forma funciona para você, tudo bem.

- Claro que sim. Agora que tal irmos jantar em algum lugar? Estou desejando comer lula desde a hora do almoço,muita vontade.

- Acho que sei onde podemos resolver esse problema. Vá se arrumar – ela beijou-o mais uma vez e levantou-se indo em direção ao quarto.

Na segunda-feira ao chegar no prédio do FBI, Beckett encontrou McQuinn esperando por ela. Seria isso um bom sinal?

- Bom dia, o que está fazendo tão cedo por aqui, McQuinn?

- Podemos conversar na sala de conferências? Catherine também está lá.

Bastou Beckett fechar a porta e já foi logo perguntando.

- Descobriu algo importante?

- Sim. usando o programa que consegui com o meu amigo, fui capaz de quebrar o firewall e continuei seguindo o rastro do dinheiro. Cheguei a um banco nas ilhas Caymãs e adivinha em nome de quem é a conta? Chang.

- Mas isso apenas prova que o caso morre aqui. Chang está morto e não teremos nada contra o senador.

- Exceto por um detalhe. A conta é conjunta. O outro dono é o filho do senador. E não acaba aí. O da outra firma supostamente fantasma, encontra-se no nome da mulher dele. O único detalhe sobre essas duas descobertas relevantes é o fato de que as duas empresas estão relacionadas à família do senador Denver. Como estou até agora?

- Muito bem, continue.

- O lance do IP é um pouco mais complicado. Demorei muito para quebrar parte do código mas ainda continuo buscando maiores informações. Até agora, posso dizer que o registro da transferência veio da ala oeste do capitólio exatamente o lado onde se encontra o gabinete do senador.

- Interessante. Isso nos dá informação suficiente para procura-lo e fazer umas perguntas. Nada de mandado ou exposição mas certamente como agentes investigativos seria natural querer entender porque o nome dos familiares do senador aparecem vinculados a contas milionárias de um dos chefes da máfia morto recentemente. O filho dele tem histórico com drogas?

- Já foi pego com maconha e cocaína na época da faculdade. Vendia para os colegas. Foi tudo abafado por causa da campanha política e do cargo que o pai ocupava. Atualmente, o jovem Sean formado em administração não trabalha e mora com a mãe em Chicago. Na verdade, ele nunca trabalhou realmente desde que formou.

- Típico filhinho de papai – concluiu Beckett.

- Agente Beckett como iremos chegar ao senador? Teremos que contar ao chefe. Não seria errado irmos diretamente a ele? – perguntou Catherine.

- Sei que isso é o protocolo. Por outro lado, não temos muito para solicitar de um juiz para vasculhar a casa dele e confiscar o computador do filho apesar da ligação com o chinês.

- Mas se ele estava no esquema... capaz de termos algumas provas, articulações de seu envolvimento no contrabando.

- Não tenho dúvidas, Catherine porém um passo em falso e perdemos o caso. McQuinn acha que consegue levantar mais evidências que nos ajude a interrogar o senador?

- Me dê mais um dia.

- Certo, enquanto isso irei vasculhar um pouco mais o passado do senador. Mãos à obra.

Beckett mergulhou em busca de respostas. Resolveu se concentrar no passado do senador a começar pelo envolvimento dele com o chinês Chang. Foi imediatamente após absolver Chang de seu crime como advogado que a fama e fortuna de Denver começou a crescer. Coincidência? Ela acreditava que não. Logo em seguida, ele se afiliou ao partido republicano pelo estado de Illinois. Primeiro uma cadeira de vereador, depois deputado e finalmente a eleição para senador, extremamente expressiva na votação. Naquele ano apenas não superou o senador da Carolina do Norte, Iowa e New York. Assim que Denver se elegeu vereador, um mês depois Chang abriu a boate Spin. Outro fato também foi percebido por Beckett foi que o Senador Denver entrou para carreira política por volta de 1999, um ano marcante para ela devido a morte da sua mãe. Além disso, ele foi eleito senador no mesmo ano que Bracken e ambos estavam em seu segundo mandato. Talvez não significasse nada exceto que estava claro que ambos eram políticos corruptos e assassinos. E pensando bem, Bracken também se envolveu com máfia e drogas, foi com o dinheiro sujo que ele chegou ao senado. Não, ela estava misturando as histórias e não podia deixar o caso da sua mãe interferir na sua investigação. Apesar de tudo, ela ainda esperava pelo dia que faria realmente justiça da forma como a conhecia.

Ela olhava informações do caso quando o telefone tocou.

- Beckett, é a Catherine. Fiz algumas pesquisas entre as mortes recentes e as anteriores. Todas tem o mesmo final. Overdose com a tal superdroga causando os efeitos que já discutimos anteriormente. As duas mais recentes aconteceram num intervalo de uma semana.

- Será que está ligada ao último carregamento?

- Possivelmente. Pensei que parariam por um tempo maior de trazer as drogas para cá. A ganância falou mais alto. De qualquer forma, tudo o que eu pesquiso sobre o senador me faz acreditar que ele é culpado só não possuo material suficiente para acusa-lo. Espero que McQuinn nos ajude nessa. A gente se fala.

Ao fim da tarde, McQuinn ligou para Beckett dizendo que precisava de mais tempo. Ainda não conseguira acessar novas informações. Beckett concordou pois não tinha o que fazer. À noite durante o jantar ela conversava com Castle sobre suas descobertas e ele teve que concordar com ela. Denver era um bandido mas tudo era circunstancial. Se McQuinn não encontrar uma brecha para que eles pudessem pressionar o senador, o caso provavelmente seria encerrado e o senador ficaria numa boa ganhando seus milhões. Quando ela perguntou se ele tinha alguma ideia ou teoria do que poderia estar acontecendo, ele negou chateado. O crime contra o país era tão obvio que não lhe dava ideias malucas.

Dois dias se passaram e McQuinn não dera noticias. Beckett já estava considerando que perderia o caso e restaria a Castle inventar o clímax de seu livro para termina-lo. Quanto a isso não se preocupava. Conhecia a criatividade do marido muito bem para saber que ele daria um rumo apropriado à historia. Claro que ela ficava frustrada diante da possibilidade de largar um caso tão longo e complicado mas era assim que as coisas funcionavam na sua nova instituição. O FBI era feito de metas.

Ela estava saindo do prédio do FBI naquela sexta quando o celular tocou.

- Achei! Um deposito da conta do senador para aquela das ilhas Caymãs e um cartão de credito em seu nome vinculado a uma das importadoras datado de três meses atrás pagando a fatura do carregamento de Chicago e New York. Isso é...

- Excelente, McQuinn! As informações são suficientes para ao menos questiona-lo. Me encontre segunda no quartel general. Vamos trabalhar a nossa visitinha. Obrigada novamente – desligou o telefone e sorriu. Agora podiam chegar a algum lugar.

Seis meses antes...


Na segunda-feira eles se reuniram para entender todas as novas informações e traçar a estratégia da visita ao senador. Beckett decidiu que não exporia os dois agentes porque caso algo desse errado, ela não queria prejudicar a carreira deles. Isso porque ela iria ao Capitólio sem consultar seu chefe. Seria uma visita informal mas iria preparada para arrancar o que pudesse do senador. Usaria a investigação da morte de Chang para chegar até ele.

Ao contar a Castle o que queria fazer, ele insistiu milhares de vezes para acompanha-la. Ela temia que envolve-lo pudesse gerar ainda mais problemas para seu lado e Kate já havia passado por isso logo em um dos seus primeiros casos importantes de DC. Além de poder coloca-lo em perigo, certamente arranjaria problemas com seu superior apesar que isso aconteceria com ou sem Castle ao seu lado. Em contrapartida, seria bom tê-lo ao seu lado quando enfrentasse o senador. Castle era capaz de observar e encontrar pontos importantes durante um interrogatório ou como deveria chamar uma visita. Faria com que a situação fosse um pouco mais natural. Indo sozinha ela podia ser mal interpretada, apenas uma agente obstinada e sem qualquer evidência completa de um caso. Colocaria em cheque sua competência. Já a afastaram desse caso uma vez não?   

- Kate porque reluta tanto em me deixar ir com você? Conheço o caso tão bem quanto você, tenho interesse e o cara é um senador poderoso mas deve respeito a você como representante da lei. Só tem um problema. Temo pelo que sua ida sozinha até o gabinete dele pode despertar. Nosso histórico com senadores e poderosos não é dos melhores.

- É exatamente por isso que não quero envolve-lo nisso, Castle. Não sei que tipo de interesse ou retaliação posso despertar depois do meu confromto com ele.

- Kate, já estou envolvido até o pescoço. O caso virou a historia do meu livro, já estive no meio do tiroteio naquele armazém. Não me corte agora, quantas vezes enfrentamos bandidos juntos. Somos uma dupla. Sabe que posso ajuda-la então deixe-me fazer isso.

- Sei que posso contar com você. Não queria que tivéssemos consequências em nossa vida por conta disso. Sabe-se lá do que esse cara é capaz?

- Mais um motivo para enfrenta-lo juntos.

- Tudo bem, amanhã faremos uma visita ao Capitólio.

Capitólio – 9am

Beckett e Castle caminham lado a lado pelos corredores da ala oeste do suntuoso prédio do capitólio. A postura de ambos sugeriam respeito e autoridade. Kate Beckett podia facilmente passar por uma poderosa advogada ou mesmo uma senadora. Ninguém deixava de cumprimenta-los devido a isso. Eles chegaram ao corredor onde o gabinete de Denver ficava. A antesala era ampla e bem iluminada, móveis finos e duas secretarias que deveriam atender a vários senadores.

- Bom dia – disse Beckett – eu gostaria de falar com o senador Denver.

- Bom dia, você tem hora marcada querida? O senador é bem ocupado. Agenda cheia.

- Acontece que eu não preciso marcar hora – Beckett mostra a insígnia – acredite é do interesse dele.

- Qual o seu nome?

- Beckett. Kate Beckett. Agente federal.

- Eu verei se ele poderá recebê-la. E quanto ao cavalheiro charmoso? – já se insinuando toda para Castle com um enorme sorriso e uma mexida sensual nos cabelos. Beckett se aproxima dela e responde.

- Ele está comigo – e abaixou-se a fim de sussurrar para ela – em todos os sentidos devo acrescentar – lançou um daqueles olhares típicos de Kate Beckett e a secretária recuou sem graça. Sumiu por um porta bem atrás da mesa onde ficava. Castle se aproximou intrigado.

- O que aconteceu com ela? Num instante parecia estar flertando comigo e no outro ela... – então olhou para Beckett – o que você disse a ela?

- A verdade.

- Acho melhor não perguntar – ela olhou para ele franzindo o cenho – o que? Conheço o território onde piso.

- É bom mesmo – fez um olhar no melhor estilo matador para Castle e depois sorriu. Viu a secretária voltando séria em sua direção – será que o senador pediu um tempo para se preparar? Qual o seu palpite, Cas?

- Provavelmente não ficou muito feliz, isso eu posso dizer.

- Agente Beckett, o senador irá recebê-los agora. Queiram me acompanhar, por favor. Eles obedeceram e a secretária abriu a segunda porta à direita do corredor – Com licença, senador. Aqui estão os federais – ela deu espaço para que eles entrassem. O senador levantou-se para cumprimentá-los.

- Bom dia, senador. Sou a agente Beckett e este aqui é Richard Castle. Gostaríamos de conversar com o senhor sobre um homicídio e possível caso de segurança nacional.

- Claro, claro – ele estendeu a mão para Beckett – por favor, sentem-se. Ellen, pode providenciar café e água para nós e adie o próximo compromisso na minha agenda em uma hora. Por que esse nome Castle me parece familiar? – ele olhava para Castle e fez uma cara de curioso, estava ganhando tempo porque não tinha ideia do que os federais queriam com ele. A investigação tinha sido suspensa – ah, espere! Minha mulher estava lendo algo. Frozen alguma coisa...

- Frozen Heat. Sou o escritor.

- E consultor da polícia quando precisamos de seus conhecimentos.

- Entendo. Então agente, você mencionou um homicídio? Alguém que eu conheça ou uma possível ameaça?

- Na verdade foram três homicídios que nossa investigação chegou ao seu culpado. Michael Chang. Acredito que o nome lhe é familiar – Beckett esperou pela reação e aconteceu como ela imaginara – ele era um integrante da máfia chinesa por anos mas antes era um criminoso qualquer nas ruas de Chicago.

- O nome não me diz nada. Por acaso, esse Chang ameaçou alguém, a mim?

- Faz um certo tempo então vou facilitar as coisas para o senhor – ela espalhou uma copia da foto e do julgamento onde ele defendeu e livrou Michael da prisão – e agora, reconhece?

- Perdoe-me faz muito tempo. Não advogo a anos. Deixe-me ler – ele pegou a copia e fingiu estar se interando no caso – ah! ele era um estudante da minha universidade. Garotos novos sempre fazem besteiras, demoram a criar juízo, maturidade. Não havia provas suficientes, deve ter sido um caso fácil de defender. Mas depois de tanto tempo? O que você procura, agente? Ele não está morto?

- Está. Porém encontramos algumas coisas bem irregulares na vida de Chang. Existem pelo menos três empresas de importação vinculadas ao nome dele. Todas fantasmas. Até agora verificamos que há pelo menos um ano vem importando mercadorias sem pagar os impostos corretos, valores subfaturados. Eletrônicos, brinquedos, celulares. Não apenas isso. Drogas.

- Isso é muito grave agente. É crime contra a união, sonegação de impostos. E quanto a Receita Federal, a policia federal? Como deixaram isso passar? Você identificou funcionários corruptos? Por isso veio me alertar?

- Não foi bem isso. as transações de Chang geraram muito dinheiro que foram depositados em contas do exterior, paraísos fiscais inclusive. O que chamou nossa atenção senador foi o dono da conta onde o dinheiro está. Sean Denver, seu filho. Pode nos explicar como isso aconteceu?

- Meu filho? – ele parecia surpreso mas Beckett pode perceber que era apenas uma atuação – como meu filho pode ser usado assim? É por isso que veio me alertar não? O tal Chang armou para ele. Quero que você descubra como e porque agente – ele procurava se mostrar indignado mas no fundo, ele temia por cada palavra dita por Beckett. Eles chegaram perto, muito perto. A questão é o quanto eles descobriram?

- Infelizmente, não parece uma espécie de doação, senador. O seu filho não me parece ser tão vítima assim. Na verdade, há algo mais – Beckett puxou os extratos das contas e a fatura do cartão de crédito em seu nome – como pode ver, seu filho adminstra uma conta conjunta com Chang de onde grande parte da investigação aponta para seu filho. Quando à segunda conta corrente, ela está no nome de sua mulher. Sem mencionar a fatura de cartão de crédito, em seu nome, usada para pagar um dos seus carregamentos supostamente ilegais. Não me diga que isso é tudo uma grande coincidência...

- Não percebe, agente? Armaram para mim usando minha família. Alguém montou esse esquema.

- Então, o senhor alega que seu filho, mulher e mesmo o senhor não são parte desse esquema. Mesmo com toda a evidência a sua frente? – perguntou Castle – não me parece algo passivo de acreditar. Sem esquecer que seu filho tem uma reputação e tanto com a polícia.

- O que você quer afinal agente? Essas suas acusações são graves e por um momento sinto que está me desafiando ou até me desacatando. Lembre-se que sou uma autoridade e exijo respeito. Você chegou aqui em meu gabinete sem marcar hora e passa a me acusar de um crime de sonegação e possivel envolvimento com um criminoso. Eu podia acabar com sua carreira se quisesse pois esse caso que está investigando não parece estar bem sólido para um tribunal. É isso que espera? – os olhos dele pareciam fuzilar Beckett. Castle pode notar um ligeiro tremor nas mãos dele. As revelações dela o afetaram mais do que ele pretendia.  

- Senador, não estou acusando-o de nada. Pelo menos por enquanto. Como investigadora sigo pistas e elas me trouxeram até aqui. Como cidadã torço para que tudo isso seja uma armação e que eu possa desmascara-la. Como autoridade da lei é meu dever não deixar qualquer alternativa ou suspeita em aberto. Independente de quem for. Já investiguei outras figuras públicas antes e para mim são tratados da mesma forma quando suspeitos de algo.

Ela era bem segura de si e determinada. Não seria fácil afasta-la de seu objetivo.  

- imagino que diante de tudo o que expôs, seus argumentos e evidências, sua vinda até aqui deve ter um propósito – e o semblante de coitadinho acabara de se desfazer assumindo o de pura irritação, Castle notou.

- Temos duas opções senador. Se realmente sua familia foi envolvida nessa operação como bode expiatório, podemos ter sua permissão para olhar sua casa, procurar vestígios de quebra de segurança e com isso confiscar notebook e qualquer tipo de dispositivo remoto com acesso a internet que possa provar o não envolvimento da sua família. Se Chang armou para o senhor, ele tem um parceiro e estamos atrás dele. Caso se recuse a nos dar acesso por bem, serei obrigada a pedir um mandado e certamente a sua privacidade será comprometida. Não gostaria de ter o envolvimento da imprensa nisso e posso afirmar que o senhor também não.

O senador estava sério. De alguma forma, esses agentes conseguiram furar o esquema de segurança. Se não aceitasse, ele estaria concordando que era culpado, Não lhe restava muita alternativa.

- Então, senador Denver, qual será sua escolha?

- E-eu preciso avisar minha esposa se vão vasculhar minha casa – ele não estava nada satisfeito mas se recusasse a solicitação da Beckett daria a ela a chance de considera-lo culpado – podem me dar alguns minutos?

- Claro. Fique à vontade para ligar para sua esposa. Assim que terminar com sua permissão aciono minha equipe técnica para ir até sua casa – mas Beckett sequer mexeu-se na cadeira.

- Você não vai me deixar falar a sós com a minha esposa, agente Beckett?

- Infelizmente não posso fazer isso, senhor. Lembre-se que apesar da sua autoridade, isto ainda é uma investigação federal da qual o senhor é suspeito de envolvimento com um assassino.

Contrariado, ele calou-se. Sabia que se recusasse e a expulsasse do gabinete arrumaria problemas e ela teria mais motivos para desconfiar dele.

- Tudo bem. O telefonema foi breve para a esposa. Explicou que ela receberia uma visita ainda hoje de uma equipe do FBI mas que não precisava se preocupar. Estavam zelando por nossa segurança. Ao desligar, ele manteve-se sério mas Castle podia ver que a fuzilava com os olhos.

- Pronto, agente Beckett. Você já pode fazer seu trabalho. Estarei em casa no final da tarde. Quero saber o resultado o quanto antes.

- Com certeza, senhor. Obrigada – ela se levantou e cumprimentou-o. Castle fez o mesmo. Ao saírem da sala, caminharam até sentirem-se em um lugar seguro para conversar. Kate já havia ligado para a sua equipe e pedido a presença de McQuinn junto a equipe técnica. Seria dele a responsibilidade de coordenar e apontar o que deveria ser checado e recolhido para análise em laboratório. Confirmou que estaria ali nas próximas duas horas pois precisava resolver alguns assuntos antes. Desligando o telefone e já no carro, Castle olhava intrigado para ela curioso por saber o que ela teria para resolver.

- Então, qual o nosso proximo passo? O que temos a resolver?

- Na verdade precisava dar apenas uma desculpa pela minha ausência. Vamos almoçar e depois iremos para a casa do senador. Quero saber suas impressões sobre a conversa com o senador – ela estacionou o carro em um pequeno restaurante francês. Uma especie de rotisserie que servia almoço, Sentaram-se em uma mesa na calçada e pediram o almoço. Kate optou apenas por uma salada Ceasar e um creme de brocolis. Castle ficou com um frango assado com legumes e a mesma sopa que ela. Enquanto desfrutavam da entrada, ela voltou ao assunto da entrevista.

- O que achou do senador?

- O veredito é culpado. Teve momentos que ele queria te fuzilar com os olhos. Quando começou a explicar que era poderoso e você não se importou continuando a exigir o que precisava juro que pensei se ele tivesse poderes mágicos te matava com o olhar.

- Também percebi e por isso tenho que agir muito rápido. Ele é influente e se está realmente envolvido com a máfia tem suas conexões. Algumas ordens e podemos não encontrar mais o que queremos.

- Ele tremeu algumas vezes e posso dizer que você o deixou preocupado, Kate. E a mim também.

- Do que está falando?

- Uma pessoa poderosa e influente como ele tem muito a perder caso seu nome ou o da família seja envolvido em um escândalo. Eles temem a mídia, mais que isso, temem perder o poder que conquistaram. É aí que entra o lado inescrupuloso. Ao se sentir ameaçado, ele joga com as piores armas possiveis. Esse é o meu medo. Que ele use de armas e truques baixos contra você. Estamos mexendo em casa de marimbondo,Beckett. Sabesse lá o que ele pode fazer com você.

- Castle, sou uma policial treinada com experiência, uma agente federal. Sei me cuidar. Se ele tentar qualquer coisa contra mim, estarei alerta. Não estou trabalhando sozinha. Não quero te ver preocupado, se ficar assim vou ser obrigada a te tirar das investigações.

- Você não faria isso...

- Oh, babe... – ela acariciou a mão dele – claro que não. Mas a Gina pode fazer isso.

- Não me lembre disso. Teve outra coisa que eu notei. O senador tem um parceiro, um investidor talvez. Acredito que o nome do filho esteja sendo usado como laranja mas sobre a proteção de alguém maior. Não é uma pessoa da máfia, talvez seja outro americano um empresário ou outro político. Alguém de peso.

- O que o fez deduzir isso?

- Ele ficou bastante irritado quando você o conectou a Chang e ao passado. Acho que de alguma forma, a resposta para o seu parceiro de crime está no passado. É uma teoria.

- E incrivelmente plausível... – ela riu.

Terminaram o almoço e rumaram para o endereço do senador. Desde que a agente federal deixou o gabinete dele, Denver cancelou todos os seus compromissos e ligou para o seu encarregado.

- Preciso que me encontre no parque. Mesmo local em meia hora.

Fort Dupont Park – meia hora depois

O local combinado ficava ao sudoeste de Washington à beira do rio Anacostia. O senador sentou-se no banco, afroxou a gravata e esperou. Passados cinco minutos, um homem usando um boné e de caminhar leve aproximou-se e sentou ao lado dele. acendeu um cigarro e fitou o rio por algum tempo. Esperava o outro se manifestar.

- Tenho uma missão para você.

- Outro carregamento?

- Não, uma pedra no meu sapato que precisa ser eliminada. Você se lembra daqueles federais que invadiram o armazém em Bethesda?

- Sim, quando mataram o Chang. O que tem isso agora?

- Eles estão fuçando demais. Lembra da mulher que atirou nele e o cara com colete? Estiveram no meu gabinete hoje e farão uma busca em minha casa.

- O senhor sabe que não esqueço um rosto. Lembro perfeitamente. Ela é uma gata e ele parece um babaca. O que quer que eu faça?  

- Quero me livrar deles e já sei como faremos isso. Antes que fique animado, você não irá fazer nenhuma besteira com a mulher que eu não tenha ordenado. Ela é de qualquer forma uma agente federal. Tudo precisar ser rápido e limpo. Nada de rastros, pistas ou qualquer suposição que sugira uma ligação comigo. Fui claro?

- Sim, senhor. O que eu devo fazer?

- Primeiro achamos a oportunidade, o local. Depois o meio, tenho uma ideia. Se seguir o que eu determinar à risca, nosso caminho ficará livre e te darei uma ótima recompensa além de recomendar você para uma patente mais alta dentro da nossa organização. Quero que você...

E o senador explicou tudo o que imaginara para se ver livre dos federais. Em detalhes, ele disse o que deveria ser feito. Duas horas depois, ele deixou o parque. Prometeu que manteria contato para monitora-lo e finalmente dar a ordem. Entrando em seu carro, ele ficou parado pensativo ao volante. Não entregaria tudo o que conquistou durante toda a sua vida a uma agente federal que pensar saber tudo sobre justiça. Ela não sabe com quem se meteu, ah... não mesmo. Deu a partida e seguiu para casa.

Quando o senador chegou, a equipe do FBI já vasculhara quase todos os cômodos da casa com exceção do escritório e da sala ao lado da pequena edícula que a esposa não deixou entrarem sem a presença do marido. Claro que o escritório era o cômodo mais visado da casa após o quarto do filho devido ao notebook já apreendido. McQuinn esperava encontrar respostas com ele. Ao vê-lo entrar na sala, Beckett foi ao seu encontro para cumprimenta-lo e apressa-lo a fim de vasculharem o suposto templo sagrado da casa. Um pouco contrariado, ele abriu a porta do cômodo e os deixou entrar.

- Apenas tenham cuidado, há fotos de família e objetos de valor sentimental para mim.

- Teremos cuidado, senador – disse Beckett que entrou seguida de Castle e começou a ajudar os técnicos,ambos com luvas para não contaminar o local e quem sabe possíveis digitais. Ele foi direto procurar algo nas gavetas e entre os livros afinal não acreditava que as respostas estariam tão visíveis. Beckett sinalizava para McQuinn confiscar o computador e qualquer CD,DVD ou pendrive que encontrasse. A esposa do senador estava bastante nervosa desde o momento que o FBI bateu em sua porta.

- Querido, o que está acontecendo? Por que o FBI está invadindo a nossa casa e sem um documento oficial, um mandado?

- Não se preocupe, querida. Eles estão aqui com o meu consentimento. Para nossa proteção. Deixe eu cuidar de tudo. Por que não vai lá para cima? Confie em mim, está tudo sob controle – ele beijou-lhe a testa. A esposa se distanciou dele e subiu as escadas. Viu que a maioria dos técnicos já tinha deixado o escritório. Apenas a agente, o escritor e um dos caras da equipe continuavam lá.

Castle percebeu um livro desalinhado na última prateleira da estante rente ao chão . Curioso, apanhou o livro e examinou-o. Havia um pequeno envelope pardo preso a sua capa. Dentro dele uma chave do que parecia ser de um cadeado. Seria de algum outro cômodo da casa, alguma gaveta? Ele guardou o achado no bolso. Comentaria com Beckett mais tarde ou caso achasse algum cadeado ou fechadura que sugerisse o seu uso. Beckett estava satisfeita com a busca e orientou a equipe dos próximos passos.

- Acredito que falta apenas um lugar da casa, senador. A edícula.

- Mas o que uma edícula poderia interessar ao FBI? É realmente necessário?

- Conhece as regras, senador.

- Tudo bem – ainda contrariado. Mas a busca não surtiu o efeito desejado nesse cômodo. E Castle também não encontrou qualquer utilidade para a chave. Reunindo a equipe, eles deixaram a casa do senador. Beckett agradeceu a paciência e a cooperação do senador. Disse que manteria contato caso precisasse de alguma explicação. Assim que entrou no carro, ela ligou para McQuinn e pediu para ele acelerar as análises. Precisava de respostas o quanto antes.

Em casa, enquanto preparava um lanche para os dois, Castle fora tomar um banho. Ao aparecer novamente na sala, sentiu o aroma do queijo derretido e bacon.

- Hum.... que aroma gostoso. Me deu água na boca.

- Sente-se, está quase pronto. Quer uma taça de vinho?

- Claro! – ela o serviu – por que você não está bebendo?

- Não estou com vontade. Estou com vontade de tomar uma vitaminada de morango, blueberries e uva com sorvete de baunilha.

- Tudo bem, você é que sabe. Ela riu.

- Aqui, leve os sanduiches para mesa. Vou pegar minha bebida, a mostarda e a maionese.

Sentaram-se para comer e Castle saboreava com vontade o sanduiche. Uma comida tão simples e tão deliciosa. Um momento simples a dois mas com um teor muito especial principalmente pelo dia de hoje. Ele sabia que Kate estava satisfeita com os resultados da busca e torcia para que a equipe dela achasse provas para incriminar de vez aquele senador de meia tigela.

- Amor, tem algo que encontrei no escritório do senador. Por enquanto não identifiquei nenhuma utilidade para o objeto mas pela  maneira que estava guardada deve ser importante.

- O que você achou?

- Uma chave – coloca sobre a mesa – aparentemente comum mas estava dentro de um envelope preso a uma capa de livro. Deve significar alguma coisa, talvez abra um armario de um cofre, um cadeado de alguma gaveta secreta ou mesmo um imóvel. Acredito que essa chave esconde um segredo.

- Talvez. Vou guarda-la. Podemos precisar dela mais tarde.

- Quanto tempo você acha que a equipe de peritos vai levar para encontrar algo concreto? – perguntou Castle.

- Não sei. Espero que seja rápido, estamos correndo contra o tempo – o celular de Castle tocou – é a Gina não? Por que você não confirma logo essa ida a New York no dia 10?

- Mas o caso, ele está esquentando e... – apenas de olhar para ela sabia que perdera a discussão – ok, vou resolver logo isso. Oi, Gina! Eu ia mesmo te ligar... – e Kate sorriu balançando a cabeça devido ao comportamento dele.

Por volta das dez horas do dia seguinte, Beckett recebeu um telefonema de McQuinn.

- Hey, Beckett. Liguei para dar a você um status do que está acontecendo. Desde que saimos da casa do senador, o time está trabalhando sem parar em busca de informações que possam conectar a familia e o próprio senador ao caso. Eu pessoalmente estou com os computadores e adivinha? O filho do senador não é apenas um malandrinho formado em administração. Ele é um programador e hacker de primeira. Acho que esquecemos de consultar a ficha dele corretamente. Ele foi convidado inclusive para estudar no MIT mas a vida boa e um certo período de revolta com o pai o fizeram jogar fora a oportunidade. Ou seja, os notebooks estão cheios de códigos e arquivos com criptografias. Estou fazendo o possivel para conseguir algo sólido nas próximas 24h.

- E quanto ao laboratório? Algum DNA ou impressão diferente dos membros da família?

- Nada por hora. Os resultados devem estar disponíveis na parte da tarde – lembrando do que Castle encontrara, ela perguntou.

- McQuinn por acaso vocês estão de posse de algum objeto que precise de uma chave. Um suposto cofre, gaveta...

- Não que eu tenha visto mas posso checar com a equipe.

- Faça isso. E me avise qualquer novidade.

Porém, McQuinn não encontrou nada que precisasse de uma chave ou mesmo com um cadeado. E não foi apenas isso. O trabalho de investigação demorou mais do que Beckett gostaria. Apenas três dias depois ela teve resposta do laboratório. Nenhum DNA suspeito. Todos eram dos moradores da casa. Já os dados digitais começavam a aparecer e até aquele momento nada revelador o bastante. Beckett aproveitou a informação anterior sobre o passado do filho de Denver e começou a fazer um dossiê dele. Solicitou a quebra de sigilo bancário e sua vida financeira e acadêmica da Universidade de Washington onde se formara.

Haviam informações curiosas em nome de Sean Denver. Desde seu terceiro ano e mesmo depois que saíra da faculdade, ele já abrira cerca de oito empresas sendo cinco delas de importação e exportação. O fato curioso nessa análise foi que nas cinco a sociedade era com um rapaz chamado Damien Chang Zho. Ao investiga-lo, Beckett não se surpreendeu ao descobrir que era parente de Michael Chang, primos por parte de mãe e ambos membros da máfia chinesa. Ao consultar o paradeiro de Damien, conseguiu o último endereço datado de quatro anos atrás em um dos subúrbios de Washington. Como pode um cara criar cinco sociedades com um filho de senador e morar em um bairro de classe média? O que ela não estava enxergando? Pegou o telefone e discou para McQuinn. 

- Hey, preciso que cheque um cara para mim. Damien Chang Zho. Descubra onde trabalha, salário, renda e propriedades. Ele pode ser nossa conexão entre o senador e Michael Chang. Enquanto isso vou visitar o endereço registrado que achei no sistema.

- Ok, vou fazer e Beckett acredito ter visto algo no hd sobre Damien. Ligou para você depois. Ela colocou o telefone no gancho e apertou o botão do celular. Ele atendeu ao segundo toque.

- Hey...

- Hey, Castle. A fim de um passeio pelos subúrbios de Washington?

- Você nem precisava perguntar.

- Passo aí em quinze minutos.

Subúrbio de Washington

Beckett estaciona o carro na rua indicada pelo GPS. O prédio em questão estava caindo aos pedaços. Fazia tempo que não via uma pintura. O número batia e o nome dele no apartamento também mesmo estando bem apagado.

- Tem certeza que é aqui? – perguntou Castle.

- Pelo menos é o que diz a plaquinha confere com o que achei no sistema – ela buzinou um, duas, três vezes sem resposta. Deveria ter uma forma de saber se ele estava morando ali. De repente, uma pessoa abre a porta do prédio e beckett vê a sua chance de descobrir mais.

- Com licença, quem é o sindico do predio? Ele está? Preciso falar com ele – o cara olhou-a de cima a baixo.

- Não é da sua conta, magrela.

- Ah, é sim – ela mostra a insígnia e o cara arregala os olhos – vai me dizer agora?

- Roger. O velho Roger. O apartamento dele fica no primeiro andar mas se fosse você, FBI tomaria cuidado. O pessoal aqui não liga muito pra polícia. Beckett lança um olhar de desprezo e entra no prédio. Castle a segue apressadamente.

- As vezes me esqueço que não tenho esse seu sangue frio de policial. Você devia ser menos afoita, Beckett.

- Isso não combina com a minha profissão, Castle – tocou a campainha e uma senhora abriu a porta – o Sr. Roger por favor.

- Roger tem uma mulher aqui te procurando. Você pagou a conta da lavanderia? Roger surgiu ao lado dela.

- É claro que paguei. Quem é você? – Beckett mostrou sua identificação – quem morreu?

- Ninguem por enquanto mas gostaria de fazer umas perguntas sobre um inquilino do prédio. Damien Zho. Ele está em casa?

- Lady fazem cerca de seis meses que não vejo esse cara. Deve estar a sete palmos do chão se me pergunta. Não andava com gente confiável. Entrem, vou contar o prejuizo que ele me deu – sentaram-se no sofá e ele continuou – seis meses sem aparecer. O aluguel está atrasado e nem posso arranjar outro, as coisas dele continuam lá. Ele simplesmente desapareceu. Pensei em dar queixa e talvez retirar os pertences dele para um depósito mas desisti porque tinha medo que sobrasse para mim. Agora me arrependo. O prejuizo teria sido menor.

- O senhor comentou sobre as companhias dele. Sabe dizer quem eram essas pessoas? – perguntou Castle.

- Tinham dois chineses que nem ele mas Damien era mais próximo de um deles. Mal encarados mas com um certo dinheiro. Damien não vivia mal mas acredito que era alguma coisa ilegal. Ele dizia que tinha uma firma de importação com um amigo da faculdade mas era suspeito. Uma vez apareceu dirigindo um porche turbinado por aqui. Quer dizer se pode bancar um carro como aquele porque morava aqui. Podia ter uma condição melhor de vida.

- Acha que consegue descrever o amigo dele?

- Talvez mas lembro seu nome. Michael – Castle e Beckett se entreolharam – faz tempo que não aparece por aqui, sumiu na mesma época.

- Se importa de darmos uma olhada no apartamento?

- Não. Está bagunçado. Agente, acha... – ele titumbeou ao perguntar – acha que Damien pode estar morto?

- Não sabemos mas porque diz isso?

- Da última vez que o vi ele estava tenso e saiu do prédio discutindo com esse amigo, não voltou mais – Roger abre a porta do apartamento, o cheiro de mofo faz Castle espirrar – eu avisei que não estava limpo. Fiquem à vontade, quando terminar é só descer.

- Obrigada – disse Beckett já calçando as luvas, Castle fez o mesmo e foi apenas o tempo de Roger sair para ela completar – talvez tenhamos sorte por aqui. Mãos à obra!

E dessa vez a exposição a sujeira e à poeira deu certo. Vasculharam cada centímetro do pequeno apartamento e Castle reparou que ele tinha muita coisa boa. Revirando livros, ele encontrou uma foto bem interessante. Damien e Michael juntos. Mas essa não fora a única descoberta.

Remexendo um armário de vassouras e produtos de limpeza, uma espécie de despensa, Beckett encontrou uma caixa cheia de livros-caixas e fiscais. Provavelmente das suas firmas com o filho do senador. Na porta da geladeira, ela achou um post-it surrado preso por um magnético “Reunião na Spin – dia 05. 3pm”

- Parece que Damien realmente conhecia o esquema. Aposto que vamos achar muita coisa interessante nesses livros.

- Finalmente algo interessante a seguir. Beckett por que não pede o relatório das finanças de Damien, aposto que ele é bem mais rico do que esse lugar aparenta.

- Era o que estava pensando. Vou ligar para McQuinn – ela puxou o celular e logo ele atendeu – hey, McQuinn tenho mais um servicinho para você acrescente a sua lista de informação de Damien o extrato bancário e amanhã esteja no quartel general às oito horas. Tenho novidades. Avise Catherine – desligou – afinal que fim levou Damien?

- Estou começando a achar que ele está debaixo da terra ou quem sabe dormindo com os peixes?

- É uma possibilidade, Castle. Bem, acredito que já vasculhamos tudo por aqui. Vamos?

Eles desceram até o apartamento de Roger, Castle carregava a caixa. Beckett colocou em sacos o post-it e a foto encontrada. Também tirou fotos. Agradeceram ao senhor e pegaram o carro rumo a casa. Na manhã seguinte, Castle fez questão de acompanhar sua esposa ao FBI para a reunião. Antes porem, fizeram uma parada na cafeteria próxima ao prédio. Às oito horas, eles estavam na sala de conferência. McQuinn e Catherine chegaram praticamente juntos. Repararam na caixa sobre a mesa. Beckett tinha preparado um breve dossiê do que encontraram e deu uma cópia para cada.

Ela fez um resumo das novas descobertas e do que Roger contara a eles. Obviamente, Damien era a chave entre a família do senador e a máfia chinesa, precisavam apenas ligar os pontos certos. Era aí que a vida de Damien e os livros-caixa entravam. Beckett sugeriu que Catherine avaliasse parte dos livros e a outra ficaria com ela e Castle. McQuinn teria que se concentrar com as ligações do passado, qualquer informação no notebook era importante e Castle a lembrou sobre a morte. Catherine ficara encarregada de verificar os John Doe’s nos necrotérios de Washington e suas autópsias para terem certeza de que ele não estava morto. Munidos de suas tarefas, eles se separaram.

A análise dos livros era algo extremamente massante que despertava um sono terrível em Castle. As doses de cafeínas triplicaram para os dois e algumas irregularidades foram encontradas. Nada que saltassem aos olhos com as ligações que tinham até agora. Apenas dois dias depois foi que McQuinn retornou com informações interessantes.
Beckett e Castle estavam na sala de conferência quase desistindo quando McQuinn apareceu sorridente.

- Olá, pessoal! Boas notícias. Consegui o relatório financeiro de Damien. E adivinhem? O cara tem propriedades. Três para ser mais exato sendo uma comercial. Tamnbém tem uma boa quantia de dinheiro no banco e numa conta no exterior, Suíça. Acho que vale uma viagem aos lugares só para nos certificarmos que ele não está escondido em uma delas e se não encontramos nada especialmente na propriedade comercial.

- É exatamente o que pretendo fazer. Amanhã – disse Beckett.

- Amanhã? Mas estarei viajando já na parte da tarde... – Castle falou frustrado.

- Você tem que cumprir seus compromissos, amor. Prometeu a Gina. Eu vou mante-lo informado e ligo caso precise de alguma teoria.

À noite em casa, eles já estavam na cama. Kate lia algumas informações do caso e Castle brincava com o controle remoto da tv. Tudo que ouvira hoje no bureau ainda estava em sua mente e sentia-se frustrado. Na sua opinião, o caso estava pronta para decolar e atingir outro nível totalmente diferente e ele não estaria lá para acompanhar.

- Sabe o que me deixa frustrado? O fato de que perderei boa parte da ação estando em New York.

- Você não sabe disso. Pode nem ser grande coisa. Talvez seja uma tentativa sem frutos.

- Não, sinto que vocês estão prestes a fazer boas descobertas – ela largou o que estava fazendo e fitou-o – o ponto é que perderei o melhor da festa.

- Castle não fale assim, você precisa estar em New York e cuidar do seu trabalho. Tem seus fãs para agradar também – ela começou a se aproximar dele e brincar com a mão no peito dele, beijou-lhe o pescoço – sabe em vez de você ficar reclamando – ela mordiscou a orelha dele – podíamos fazer algo mais... – os dedos finos e frios davam pequenos beliscões na barriga dele sob a camisa – produtivo... você ficará com saudades – beijou-lhe os lábios rapidamente e com ambas as mãos ergueu a blusa do pijama dele – quer tornar a noite mais interessante, babe? Ela se sentou entre as pernas dele e o beijou novamente cheia de desejo. Por mais de uma hora, Castle esqueceu das reclamações e fizeram amor como eles tanto gostavam. Entregando-se completamente ao outro.     

No dia seguinte, Castle acompanhou a visita de Beckett a primeira propriedade em nome de Damien. Catherine também foi. Ainda não tivera sucesso em achar Damien. Beckett autorizou-a a espalhar a foto dele na mídia sem revelar muito do que queriam com ele, diziam apenas que ele era procurado para esclarecimento e estava desaparecido. Castle rumou para New York.

A primeira visita foi frustrante. O local estava vazio sem qualquer indício de ocupação. O interessante era ver que tratava-se de propriedades luxuosas da ordem de milhares de dólares a julgar pelos bairros onde se encontravam. Nos dois dias seguintes, elas se dedicaram a visitar as outras propriedades sempre acompanhadas de duas pessoas técnicas. Os responsáveis pelos locais não criaram dificuldades para que elas olhassem e sequer precisaram usar a insígnia. Por mais que buscassem, eles não acharam nada.

À noite, Kate ligara para Castle e conforme prometera relatara o que aconteceu nos últimos dias. Estava chateada por não ter encontrado nada chocante nas propriedades.

- E você? Está tudo bem nas suas reuniões? Gina está pegando muito no seu pé?

- Vou levando. Estava pensando a declaração de imposto de renda desse cara devia ser um prato cheio para as autoridades.

- Nem tanto. O cara tem no currículo cinco empresas de importação, mexe com mercadoria e dinheiro alto. Pode ter imóveis desse tipo.

- Mas desocupados? Sem fazer qualquer grana? E ainda tem a bendita chave que encontramos na casa do senador. Precisamos descobrir para que ela serve. Nenhum sinal de Damien?

- Nada. Amanhã devo visitar a última propriedade dele. A comercial. Depois tenho que preparar algum relatório para Villante que prove o avanço da investigação mas não revele nada comprometedor que faça-o querer me tirar do caso. Preciso dessa ligação concreta entre Damien e o filho do senador. Isso justificaria um mandado e com o documento oficial assinado pelo juiz poderia expor o que já sabemos dele.

- Você irá conseguir, gorgeous. Sua vinda para cá ainda está de pé?

- Claro. Pretendo sair daqui na sexta à tarde. O que significa que ainda tenho dois dias para encontrar algo. Eu confirmo as informações do meu voo. Você vai me buscar no aeroporto ou estará ocupado em reunião?

- Nunca estou ocupado para você, gorgeous. Falamos amanhã?

- Sim, boa noite babe.

- Boa noite, amor.

Kate estava agitada ao chegar no prédio do bureau naquela manhã. Era como se pressentisse que algo estava para acontecer. Mal sentou na sua mesa, o telefone tocou. Era Catherine.

- Bom dia, Beckett. Tenho novidades. Recebi um email e já entrei em contato com um dos necrotérios da cidade. Existem dois corpos de indigentes que se encaixam na descrição do que estamos procurando. Pedi para me passarem o relatório da autópsia por email mas sugiro irmos até lá conversar com o legista. Posso agendar para hoje à tarde?

- Ótimo, Catherine. Agende sim. Podemos ir a propriedade de Damien e depois ao necrotério. Precisamos agilizar tudo o que temos para fazer hoje porque amanhã eu viajo na parte da tarde.

- Tudo bem. Estarei aí em vinte minutos.

Por volta das dez da manhã, elas partiram para a propriedade comercial que ficava em um bairro nobre de Washington. Como as outras, essa também estava abandonada e o cheiro de mofo forte a deixou enjoada. Beckett sentiu uma leve tontura e teve que parar e respirar fundo até recobrar seu equilibrio. Elas vasculharam a propriedade de cabo a rabo e não encontraram nada. Havia algumas cadeiras e mesas espalhadas no salão mas nada de documentos ou sinais que pudessem indicar algum tipo de atividade do passado ali. Para todos os efeitos era um escritório desativado.

Beckett fazia um exame minuscioso no local. Ainda não se conformava com o fato de que aquele lugar estava limpo. Esse, na verdade, era o maior problema. Tudo estava muito limpo. Algo não se encaixava e ela não sabia dizer o que era. Nessas horas sentia falta não apenas das teorias mas do olhos de Castle. Ele sempre enxergava algo diferente nessas situações. As paredes do escritório era de concreto mas uma delas se extendia com uma estrutura de compensado, como aquelas divisórias em mdf que normalmente se usa para expandir o espaço de determinado lugar. O problema é que não parecia uma extensão. Sem alternativa e sem mais o que fazer por ali, Beckett decidiu deixar o lugar.

Assim que entraram no carro, um suposto jovem que lia sentado em um banco na frente do prédio pegou o celular.

- Oi. Você me disse para ligar caso houvesse algo suspeito. Três pessoas acabaram de sair daqui. Duas mulheres e um homem. Uma parece com a descrição que você me deu. Certo, entendi mas e a minha grana? Ele ouviu o que a pessoa do outro lado tinha a dizer e em seguida desligou.

O encarregado gostara de ouvir as boas notícias. Ligou para o senador em sua linha fixa e contou o que acontecera. Diante do relato sorriu pois sabia o que estava prestes a acontecer.

- Obrigado pela informação. É hora de esquentar as coisas. Prepare-se e execute o plano conforme combinamos. Sem falhas, entendido?

- Sem falhas. Não se preocupe.

- Me informe quando tiver concluido o serviço.  

Ao desligar, o senador sorria. Nada como uma pequena caçada para tirar pedras do seu caminho. Logo, logo essa encrenca com o FBI estaria resolvida e ele poderia se preocupar apenas com os lucros e em satisfazer seu sócio. Justiça com as próprias mãos, ou quase. Essa era a melhor maneira de se livrar de um problema. E o melhor? Seu sócio sequer precisava saber.  

XXXXXX

Elas já estavam atrasadas para o encontro com o médico legista e por isso apenas pararam no meio do caminho para pegar um café. No necrotério, o Dr. Patrick Harris as recebeu e levou-as até as gavetas onde geralmente deixavam os John Doe’s.

- Uma das vitimas chegou para nós a um mês atras foi encontrada por um grupo de pescadores. Já estava em estado de decomposição avançado o que nos sugeriu que já estava morta a pelo menos quatro meses. O segundo caso apareceu há dois meses. Foi encontrado numa lixeira de um terreno baldio. Aproximadamente o mesmo tempo de morte.

- E porque ainda estão aqui? Apenas pelo fato de serem indigentes? – quis saber Catherine.

- Isso e também porque estamos negociando para doa-los às faculdades de medicina mas o processo é demorado. Deve estar pronto no mês que vem. Quando vi o APB distribuido na mídia e recebi o comunicado para avaliarmos todos os indigentes que tinhamos em nosso necrotério, achei que podia ter o que estavam procurando. Afinal, não é todo dia que você se depara com um chinês na sua mesa de autópsia.

- Você disse vítmas, por que usou esse termo? – perguntou Beckett.

- Porque ambas foram assassinadas. Eles entraram numa sala menor. Havia uma parede inteira de gaveteiros. Assim que o legista abriu um dos gaveteiros, o cheiro de formol e decomposição encheu o ambiente. Beckett levou a mão à boca automaticamente. O enjoo foi muito forte e ela teve que respirar fundo para não passar vergonha. O médico sorriu sem graça.

- Desculpe. Às vezes esqueço que nem todos estão acostumados com o aroma. Vicios da profissão. Ali naquela mesa de canto tem uma máscara – Catherine percebeu o quanto ela estava pálida e correu para ajuda-la – preciso que você se aproxime do corpo para eu mostrar a causa da morte - Beckett obedeceu – este levou um tiro que atravessou a região da costela e alojou-se no outro pulmão, em seguida foi jogado na água e terminou afogado. O outro corpo que se encaixa na descrição sugerida foi asfixiado. Está vendo as marcas? Isso era para ser suicidio mas não condiz com o tamanho e o peso da vitima. Foi estrangulado e quiseram supor que tirou a própria vida.

- Deixe-me olhar o rosto deles – o legista deu passagem a ela – eu não sei. O cara do tiro se assemelha mais ao nosso suspeito. Tem como fazer um exame de DNA?

- Se tiver outra amostra para comparar...

- Podemos arranjar. Você pode retornar no último endereço com o Sr. Roger e colher amostras, Catherine?

- Claro. Amanhã logo cedo.

- Ótimo! O arquivo completo já está conosco?

- Sim, enviei ontem mesmo e vou pedir para levarem alguns materiais fisicos e a cópia dos relatórios por causa das fotos.

- Muito obrigada.

Saindo do necrotério, Catherine a impediu de entrar no carro. Estava preocupada.

- Agente Beckett está se sentindo bem? Ainda está pálida.

- Foi apenas o mal estar causado pelo cheiro da decomposição.

- Você não se alimentou direito. Aliás, não comeu nada. Antes de irmos vamos fazer uma refeição decente. Tem um diner aqui ao lado. Me sentiria melhor se visse um pouco mais de cor no seu rosto.

- Mas já estamos indo para casa, Catherine... como quando chegar.

- Ligue pro Castle, tenho certeza que ele me apoiaria – a cara dela disse tudo – já entendi, ele também não tem moral. Ok, vamos embora.

Ao chegar em casa, ela fez a refeição e ligou para Castle a fim de atualiza-lo e informar o horário do voo. Cansada, adormeceu em seguida.
Pela manhã, Beckett saiu de casa com uma mala pequena pois iria direto para o aeroporto. Sentada na sua mesa, ela fitava o relatório que redigia. Na tela, apenas a lista de itens que recolheram no endereço de Damien. O último item era a chave. Beckett abriu a gaveta e tirou a chave. Ficou brincando com ela na mão. Pensativa, ela levantou-se e saiu. Na frente do prédio, ela subiu decidida. Ficou várias vezes rodando o salão procurando por algo que ela julgara estar perdido ou escondido. Ao olhar novamente para a parede de mdf, ela percebeu uma falha no rodapé. Intrigada, ela abaixou-se e arrancou parte dele percebeu uma outra parede por trás. Puxou o compensado com força e a parede cedeu. Beckett ficou surpresa com o que encontrara. Era uma parede falsa e por trás dela uma porta. Ela pegou a chave que trouxera no bolso e tentou. A porta se abriu para um novo cômodo. Beckett pegou sua lanterna e iluminou o ambiente escuro até encontrar um interruptor. Com o ambiente iluminado, ela abriu um sorriso. Achara uma pequena linha de produção, outro lugar para fabricar a superdroga supôs. Pegou o telefone e ligou para McQuinn ordenando uma equipe da CSU para o prédio. Após explicar o que achara e o que queria, Beckett informou que iria para o aeroporto. Mesmo com a reviravolta do caso, ela prometera a Castle que estaria ao lado dele no lançamento.

Enquanto esperava no aeroporto sua hora de embarcar, Kate ligou para ele.

- Hey, gorgeous! Já está em New York?

- No aeroporto esperando meu voo. Devo chegar por volta das quatro e meia. Vai me buscar?

- Claro. Estou morrendo de saudades.

- O caso está bem interessante. Achei a utilidade da chave. A propriedade comercial escondia uma linha de fabricação da superdroga. Quando estiver com você te explico. Não vejo a hora de te beijar.

- Hum... estou vendo que você não consegue ficar muito tempo longe de mim.

- Bobo! Não se atrase. I love you.

- Love ya too.

JFK – NY

Kate já tinha desembarcado a meia hora e nem sinal de Castle. Pegou o telefone e discou o número dele pela terceira vez.

“Você ligou para Rick Castle. Deixe o recado que retornarei quando possivel”

- Droga, Castle! Está atrasado e ainda não atende o celular. Onde você está? – passando as mãos pela cabeça em sinal de inquietação, ela avistou um rosto conhecido. Ryan – que ótimo! Deve ter se enrolado com a Gina e mandou o fiel escudeiro me buscar – mas percebeu Esposito logo atrás dele. Pareciam tensos. Será que estavam no aeroporto perseguindo algum suspeito? pensou. Ryan parou na sua frente.

- Beckett, oi – Ryan disse.

- Hey, o que vocês estão fazendo aqui? Espero que trabalhando porque se Castle usou vocês para vir me apanhar, vou mata-lo. Ela riu mas percebeu que eles continuavam sérios – o que foi?

- Kate precisamos que venha conosco... aconteceu um acidente. Castle... ele... – Ryan não teve a oportunidade de concluir, as suas palavras a atingiram em cheio. A cor sumiu de suas bochechas e ela foi capaz de sentir apenas o chão frio antes da escuridão. Desmaiara.


- Kate! – Ryan tentou segura-la e olhou assustado para Esposito – Kate! 


Continua....

3 comentários:

Unknown disse...

Poxa vida.. Castelinho nãoooo!!! Espero q n tenha sido mt grave e pelo q entendi, becks pode tá grávidaaaa??? #IaAdorar

Luanasoutranslatw disse...

Tais querendo me matar mesmo de curiosidade né mais não vai kkkkkkk quero ver o que vai acontecer no próximo capitulo to ansiosa d+ e acho que a Becks tá grávida e que não tenha acontecido nada com o Castelinho hein ficou boa mesmo <3 pliss

Unknown disse...

PQP KATIE!!!!!!!!
Gente,quero matar esse desgraçado coitada da Bex e essa equipe dela estou adorando,mas claro nada se compara a NYPD ;)
ACHO QUE A KBEX ESTA GRÁVIDA =0
o que aconeceu com o Castelinho???Como assim acidente?????PRECISO DO PROXIMO CAP.!!!!!!!