Nota da Autora: Essa fic estava atrasada. O capitulo é grande mas talvez vcs achem cansativo. Ossos do ofício mas vou avisando... preparem-se para a montanha-russa de emoções. Sei que vão me odiar ao final dele mas a história precisa ser contada. Enjoy!
Cap.9
Na semana
seguinte, Beckett munida de todas as informações possiveis foi convocada para
uma reunião com o seu superior que ordenou a ela para trazer seu time. Assim,
McQuinn e Catherine se juntaram a ela numa das salas de reunião do bureau.
Acostumada a ser quase torturada em situações como essa, Beckett os orientou
para apenas expressarem suas opniões quando solicitados e procurar fornecer o
máximo de dados técnicos com seus comentários. Sentimentos não eram bem recebidos
em avaliações como estas, explicou.
O superior se
juntou a eles e ouviu pacientemente o relato de Beckett e suas observações
desde o último relatório que entregara. Como ela imaginara, Villante fez
questão de perguntar dados aos dois outros agentes provavelmente como um check
de veracidade das informações e uma maneira de entender o quanto de influência havia da agente Beckett
sobre eles. Sabia muito bem quão determinada ela poderia ser com um caso nas
mãos.
Satisfeito com
o que ouvira, ele fez um resumo do panorama do caso até ali.
- O que vocês
estão me dizendo é que todo o contrabando identificado por vocês de eletronicos
e afins não passa de um disfarce para a entrada de entorpecentes pesados no
nosso país. Existe uma nova superdroga que em determinadas quantidades vicia e
pode chegar a matar. Além disso, um dos envolvidos e responsáveis por isso é um
senador ultra conservador do estado de Illinois. Muito surrealismo junto não
acham agentes?
- Senhor, sabemos
que dificilmente gostamos de apontar podridão dentro de nosso próprio país mas
não estamos fazendo suposições. Seguimos uma linha de investigação e as
evidências encontradas nos levaram a isso – Beckett pausou e se aproximou do
telão onde estava a foto do senador – somos americanos e nem de longe esperamos
que nossos representantes nos traiam. Mas nós somos profissionais o bastante
para fazer nosso trabalho. Se o país está sendo lesado, os culpados devem pagar
por isso.
- Concordo com
você agente Beckett. O problema que seu caso ainda não possui provas concretas.
É tudo muito circunstancial. Você não pode chegar com um juiz e exigir um
mandado para vasculhar o escritório ou a casa do senador sem uma base concreta.
Um endereço de ip ligado ao capitólio não prova que o senador esteja por trás
disso, nem mesmo um suposto envolvimento com um assassino no passado.
- Entendo
senhor. Mas se ao menos pudessemos conversar com ele, interroga-lo talvez conseguiremos outra pista ou ligação,
algo que o comprometa.
- Beckett é de
um senador americano que estamos falando!
- Com todo o
respeito, senhor. Ser senador não faz dele intocável e muito menos um Deus.
Acredite em mim, por experiência própria. A justiça é cega e deve existir para
todos.
- Calma,
agente. Nem tudo é regra, preto no branco. Um passo em falso nesse caso e sua
carreira pode acabar num piscar de olhos. Não posso lhe dar permissão para
interrogar o senador ainda. Vasculhem um pouco mais, façam aparecer ligações
concretas entre a máfia chinesa e Robert Denver. Dessa forma eu posso conseguir
uma reunião para questionarmos as suas atividades extracurriculares. Bom
trabalho e continue me mantendo informado do progresso.
- Sim, senhor
– Beckett respondeu frustrada. Antes de deixar a sala, ele virou-se para ela e
deu um aviso.
- Mais uma
coisa. Se não chegarem a qualquer nova pista em um mês, serei obrigado a
encerrar o caso afinal os homicidios já foram resolvidos e a tal superdroga
poderá ser investigada pela narcóticos. Bastou seu superior sair da sala para
Beckett virar-se para os agentes e passar suas determinações.
- Vocês
ouviram o que está em risco aqui não? Preciso que vocês virem a vida desse
senador de pernas para ar, achem alguma coisa que possa incrimina-lo ou
conecta-lo a máfia para pelo menos eu conseguir questiona-lo. Não estou com a
mínima vontade de perder esse caso e muito menos passa-lo para o pessoal da
narcóticos. Há muito em jogo aqui pessoal, dinheiro, impostos, vidas. Conto com
vocês para provarmos que estamos certos. Qualquer nova evidência me avisem.
- Claro!
- Tudo bem.
Infelizmente,
essa busca não seria nada fácil.
Chicago – uma
semana depois
Um chinês de
terno caminhava pelas ruas do centro de Chicago falando ao celular. Uma
conversa aparentemente amigável tornara-se tensa e ele despejava palavras em
chinês a alguém do outro lado da linha. Irritado, ele desligou o telefone. Com
pressa, desceu as escadas do metro e sumiu das vistas. Vinte minutos depois ele
reapareceu saindo de outra estação e após caminhar um quilometro, entrou pela
porta dos fundos de uma suposta casa noturna. O neon apagado revelava o nome do
lugar. Spin.
Lá dentro, ele
gritou com mais alguém em chinês e um rapaz magrinho baixou a cabeça e saiu
correndo. Entrou no escritório onde um outro o aguardava. Sentou-se na cadeira
e ainda muito sério se dirigiu ao homem a sua frente.
- Trouxe o
prometido?
- Sim, o
carregamento foi liberado ontem. Já distribui para New York e Washington, dez e
trinta quilos respectivamente – ele puxou uma valise preta e colocou sobre a
mesa – vinte quilos da pasta conforme o combinado para vocês. O chefe pediu
para pagar metade em dinheiro, quer evitar números grandes rolando por aí nas
suas contas.
- Isso será
prática normal de agora em diante?
- É o que
parece. Pelo menos até algum xereta parar de procurar o que não deve. Sentiram
cheiro de federais.
- Tudo bem –
ele se levantou e dirigiu-se ao fundo da sala, afastou um quadro e digitou a
senha eletronica do cofre, retirou várias notas de lá – aqui. Amanhã o restante
do dinheiro estará na conta. Quando é o próximo carregamento?
- Semana que
vem. Devo aparecer por aqui na quinta. Mesma quantidade?
- Sim. Vou
conversar com o chefe. Essa história está muito estranha. Depois que o Chang
morreu, venho perdendo dinheiro. Faz um mês que não recebo mercadoria, a
clientela está reclamando.
- Era uma questão
de cautela depois que o nosso armazém foi invadido pelos federais suspendemos
alguns carregamentos. Tambem precisavamos encontrar um novo lider. A questão
com o FBI já está encaminhada e faremos a distribuição semanal como antes.
Fique despreocupado.
- Se você
diz...
Uma semana se
passou e nada de novas respostas para encurralar o que parecia ser o principal
suspeito de Beckett. O Senador Denver estava feliz ao constatar os novos
depositos em suas contas e após a visita do novo encarregado de tratar com os
clientes da venda onde recebera uma boa quantia de dinheiro em espécie. O negócio retomava seu patamar anterior.
Munido de parte do dinheiro, entrou em contato com o seu parceiro e pediu para
encontra-lo a fim de entregar o dinheiro. Também fora avisado que novos navios
deveriam atracar no porto na próxima semana com o carregamento que renderia em
torno de quatro semanas da superdroga conforme os números avaliados a partir
das faturas de importação.
O encontro com
o seu parceiro tinha como objetivo entregar o dinheiro e tirar a má impressão
causada da última vez que se falaram. É claro que a possibilidade de haver um
certo rancor entre eles ainda era considerada por Denver. Mas não foi essa a
principal discussão entre os dois. Seu parceiro estava mais interessado em
saber se estavam livres dos federais de vez. Insistiu em ter o nome dos
envolvidos mas Denver reforçou que não havia necessidade dele se preocupar. Ele
os tinha afastado e faria com que sequer voltassem a perturbar-los. A partir de
agora, estavam livres para ganhar muito dinheiro.
De volta ao
seu escritório, ele tratou de relaxar e se preparar para novas negociações com
potenciais compradores indicados pelos chineses.
No fim dessa
semana, Catherine ligou para Beckett e contou que um novo caso de overdose foi
detectado em Washington e por curiosidade ela checou com o necrotério de
Chicago e um novo corpo deu entrada ontem com as mesmas características já
havia pedido para enviarem o relatório da autópsia dos dois casos para que ela
pudesse confrontar com os demais. Também contactara um amigo da polícia de
Chicago que trabalhava na Homicídios e pediu para fuçar o que estava sendo
investigado nessa morte. Beckett agradeceu e pediu que ligasse quando soubesse
qualquer novidade.
Ela já estava
desligando o computador quando o celular tocou. McQuinn.
- Hey, agente
Beckett! Ainda está no quartel general?
- Quase de
saída por que?
- Acredito ter
interceptado outros carregamentos feitos pela mesma empresa de fachada porém
dessa vez achei a carga subfaturada. Pela quantidade de containers e mercadoria
diria que está cerca da metade do valor real. Comparei com outro carregamento
já detectado por nós. E não é apenas isso, o rastro do dinheiro também deu em
uma conta sem qualquer vinculo rastreável. Quer dizer, até agora.
- Como assim?
O que quer dizer com isso?
- Eu troquei
umas idéias com um colega que trabalha no Google. Hacker de mão cheia. Não
comentei nada do caso apenas disse que estava procurando algo novo capaz de
quebrar firewalls de bancos e orgãos governamentais.
- McQuinn!
Você não podia ter dito isso, é um agente federal. Trabalhamos para zelar por
sigilo.
- Relaxe
Beckett. Ele participou de um dos projetos de firewall que foram desenvolvidos
para o governo. Ele me passou um rastreador de última geração e o codigo-fonte
do firewall para ver se consigo quebrar o código ou desenvolver uma solução que
converse com o que achei.
- Desculpa,
mas fale inglês porque eu não sei o que você quer dizer com isso.
- Eu tentarei
tirar a segurança do rastro do pagamento e se funcionar poderemos saber quem está
por trás dos depósitos. Vou levar um tempo para pesquisar e entender mas vou
trabalhar no fim de semana e se conseguir alguma coisa eu aviso para você.
- Tudo bem.
Obrigada – juntou suas coisas e foi para casa. Torcia para avançarem no caso já
na segunda.
Castle estava
sentado no sofá em frente a TV e falava ao telefone. Kate deixou suas coisas
sobre uma cadeira, serviu-se de um copo d’água ficando pensativa enquanto
olhava para o interior da geladeira, o caso parecia estar brincando com sua
inteligência, ela já tentara buscar o máximo de explicações possíveis e nenhuma
fazia sentido ou a levava a um caminho concreto. Esperava sinceramente que
McQuinn descobrisse algo que os ajudasse. Estava tão absorta que quase não
ouviu o que Castle falava em sua conversa, apenas algumas palavras.
- Certo, eu
entendo a importância mas será que não podemos agendar para o início do próximo
mês? O livro está em uma parte crítica não seria bom estar longe de onde a ação
acontece. Quero mesmo estar presente em New York... – ele calou-se e Kate
sentou-se ao lado dele já se aninhando no corpo dele, os lábios já devoravam
lentamente o pescoço dele começando a roubar-lhe a concentração.
- Faremos
assim, eu me organizo e confirmo a data para você até segunda – ele ouviu a
resposta ainda contrariada de Gina mas não se importou – boa noite, Gina.
Assim que
desligou o celular, ele a puxou para seu colo.
- Oi, amor.
Você chegou manhosa hoje... algum motivo especial?
- Não, babe.
Só estava com vontade de te beijar... – e calou-o com seu beijo. Lento e
singelo para então tornar-se mais agressivo buscando o contato com a língua
dele. Uma das mãos deslizou pelo peito dele e se manteve ali, acariciando a
camisa sobre a pele. Quando se distanciou dele, Castle falou.
- Eu te
conheço o suficiente para saber que há algo te incomodando. Vi você admirando o
refrigerador e até onde eu sei isso acontece quando queremos algo mas não
sabemos como agir. É o local preferido dos apaixonados não correspondidos, o
que não é o seu caso, então deve haver outra razão além de fome para você se
perder olhando para a geladeira.
- Apenas
pensamentos. O que Gina queria?
- Ela quer
agendar o lançamento da próxima revista em quadrinhos de Derrik Storm para
meados do próximo mês em New York. Barnes & Noble. Depois quer que eu saia
em turnê na costa leste e vá pelo menos a L.A.
- E qual o
problema? Esse é o seu trabalho, babe.
- Alguns. Por
exemplo, não quero ficar duas semanas longe de você, preciso de material para o
livro continuar e por isso tenho que ficar aqui, quero ajudar você a investigar
o caso... suficiente?
- Apesar de
lisonjeada por não querer se afastar de mim, receio que não poderei ajudar com
material para o seu livro. O caso está realmente parado e isso me preocupa.
Talvez seja até arquivado se não encontrarmos algo para continuar a
investigação na próxima semana.
- Mais um
motivo para eu ficar e te ajudar a achar essa possível pista. Além do mais, se
sou o escritor não deveria estar presente apenas nos eventos onde eu deva dar
autógrafos? O resto é publicidade e esse é o papel da Gina.
- Nossa! Para
alguém que amava um holofote ou um flash de um papparazzi você está bem mudado.
Sei que você gosta da exposição, amor. Quando decidimos morar em Washington
combinamos que não interferiríamos na carreira um do outro. Você é livre para
fazer o seu trabalho. Eu não o impediria disso, especialmente sendo sua fã
número um. Quando realmente é o evento?
- Dia 18 mas
ela quer que eu esteja na cidade para uma série de reuniões e preparação no dia
10.
- Daqui a duas
semanas... certo. Olha, Cas sinceramente não vejo motivos para você não
concordar com Gina. Temos ainda duas semanas para conseguir algo tangível e
depois eu já nem sei se continuaremos com o caso. Porque não fazemos diferente?
Você vai para New York e eu irei encontra-lo para o evento principal. Se
estiver sem caso será bom estar em New York e mesmo que a investigação
continue, tiro uma folga. Afinal, não posso perder de ter outro livro
autografado do meu escritor favorito.
- Se dessa
forma funciona para você, tudo bem.
- Claro que
sim. Agora que tal irmos jantar em algum lugar? Estou desejando comer lula
desde a hora do almoço,muita vontade.
- Acho que sei
onde podemos resolver esse problema. Vá se arrumar – ela beijou-o mais uma vez
e levantou-se indo em direção ao quarto.
Na segunda-feira
ao chegar no prédio do FBI, Beckett encontrou McQuinn esperando por ela. Seria
isso um bom sinal?
- Bom dia, o
que está fazendo tão cedo por aqui, McQuinn?
- Podemos
conversar na sala de conferências? Catherine também está lá.
Bastou Beckett
fechar a porta e já foi logo perguntando.
- Descobriu
algo importante?
- Sim. usando
o programa que consegui com o meu amigo, fui capaz de quebrar o firewall e
continuei seguindo o rastro do dinheiro. Cheguei a um banco nas ilhas Caymãs e
adivinha em nome de quem é a conta? Chang.
- Mas isso
apenas prova que o caso morre aqui. Chang está morto e não teremos nada contra
o senador.
- Exceto por
um detalhe. A conta é conjunta. O outro dono é o filho do senador. E não acaba
aí. O da outra firma supostamente fantasma, encontra-se no nome da mulher dele.
O único detalhe sobre essas duas descobertas relevantes é o fato de que as duas
empresas estão relacionadas à família do senador Denver. Como estou até agora?
- Muito bem,
continue.
- O lance do
IP é um pouco mais complicado. Demorei muito para quebrar parte do código mas
ainda continuo buscando maiores informações. Até agora, posso dizer que o
registro da transferência veio da ala oeste do capitólio exatamente o lado onde
se encontra o gabinete do senador.
-
Interessante. Isso nos dá informação suficiente para procura-lo e fazer umas
perguntas. Nada de mandado ou exposição mas certamente como agentes
investigativos seria natural querer entender porque o nome dos familiares do
senador aparecem vinculados a contas milionárias de um dos chefes da máfia
morto recentemente. O filho dele tem histórico com drogas?
- Já foi pego
com maconha e cocaína na época da faculdade. Vendia para os colegas. Foi tudo
abafado por causa da campanha política e do cargo que o pai ocupava.
Atualmente, o jovem Sean formado em administração não trabalha e mora com a mãe
em Chicago. Na verdade, ele nunca trabalhou realmente desde que formou.
- Típico
filhinho de papai – concluiu Beckett.
- Agente
Beckett como iremos chegar ao senador? Teremos que contar ao chefe. Não seria
errado irmos diretamente a ele? – perguntou Catherine.
- Sei que isso
é o protocolo. Por outro lado, não temos muito para solicitar de um juiz para
vasculhar a casa dele e confiscar o computador do filho apesar da ligação com o
chinês.
- Mas se ele
estava no esquema... capaz de termos algumas provas, articulações de seu
envolvimento no contrabando.
- Não tenho
dúvidas, Catherine porém um passo em falso e perdemos o caso. McQuinn acha que
consegue levantar mais evidências que nos ajude a interrogar o senador?
- Me dê mais
um dia.
- Certo,
enquanto isso irei vasculhar um pouco mais o passado do senador. Mãos à obra.
Beckett
mergulhou em busca de respostas. Resolveu se concentrar no passado do senador a
começar pelo envolvimento dele com o chinês Chang. Foi imediatamente após
absolver Chang de seu crime como advogado que a fama e fortuna de Denver
começou a crescer. Coincidência? Ela acreditava que não. Logo em seguida, ele
se afiliou ao partido republicano pelo estado de Illinois. Primeiro uma cadeira
de vereador, depois deputado e finalmente a eleição para senador, extremamente
expressiva na votação. Naquele ano apenas não superou o senador da Carolina do
Norte, Iowa e New York. Assim que Denver se elegeu vereador, um mês depois
Chang abriu a boate Spin. Outro fato também foi percebido por Beckett foi que o
Senador Denver entrou para carreira política por volta de 1999, um ano marcante
para ela devido a morte da sua mãe. Além disso, ele foi eleito senador no mesmo
ano que Bracken e ambos estavam em seu segundo mandato. Talvez não significasse
nada exceto que estava claro que ambos eram políticos corruptos e assassinos. E
pensando bem, Bracken também se envolveu com máfia e drogas, foi com o dinheiro
sujo que ele chegou ao senado. Não, ela estava misturando as histórias e não
podia deixar o caso da sua mãe interferir na sua investigação. Apesar de tudo,
ela ainda esperava pelo dia que faria realmente justiça da forma como a
conhecia.
Ela olhava
informações do caso quando o telefone tocou.
- Beckett, é a
Catherine. Fiz algumas pesquisas entre as mortes recentes e as anteriores.
Todas tem o mesmo final. Overdose com a tal superdroga causando os efeitos que
já discutimos anteriormente. As duas mais recentes aconteceram num intervalo de
uma semana.
- Será que
está ligada ao último carregamento?
-
Possivelmente. Pensei que parariam por um tempo maior de trazer as drogas para
cá. A ganância falou mais alto. De qualquer forma, tudo o que eu pesquiso sobre
o senador me faz acreditar que ele é culpado só não possuo material suficiente
para acusa-lo. Espero que McQuinn nos ajude nessa. A gente se fala.
Ao fim da
tarde, McQuinn ligou para Beckett dizendo que precisava de mais tempo. Ainda
não conseguira acessar novas informações. Beckett concordou pois não tinha o
que fazer. À noite durante o jantar ela conversava com Castle sobre suas
descobertas e ele teve que concordar com ela. Denver era um bandido mas tudo
era circunstancial. Se McQuinn não encontrar uma brecha para que eles pudessem
pressionar o senador, o caso provavelmente seria encerrado e o senador ficaria
numa boa ganhando seus milhões. Quando ela perguntou se ele tinha alguma ideia
ou teoria do que poderia estar acontecendo, ele negou chateado. O crime contra
o país era tão obvio que não lhe dava ideias malucas.
Dois dias se
passaram e McQuinn não dera noticias. Beckett já estava considerando que
perderia o caso e restaria a Castle inventar o clímax de seu livro para
termina-lo. Quanto a isso não se preocupava. Conhecia a criatividade do marido
muito bem para saber que ele daria um rumo apropriado à historia. Claro que ela
ficava frustrada diante da possibilidade de largar um caso tão longo e
complicado mas era assim que as coisas funcionavam na sua nova instituição. O
FBI era feito de metas.
Ela estava
saindo do prédio do FBI naquela sexta quando o celular tocou.
- Achei! Um
deposito da conta do senador para aquela das ilhas Caymãs e um cartão de
credito em seu nome vinculado a uma das importadoras datado de três meses atrás
pagando a fatura do carregamento de Chicago e New York. Isso é...
- Excelente,
McQuinn! As informações são suficientes para ao menos questiona-lo. Me encontre
segunda no quartel general. Vamos trabalhar a nossa visitinha. Obrigada
novamente – desligou o telefone e sorriu. Agora podiam chegar a algum lugar.
Seis meses
antes...
Na segunda-feira
eles se reuniram para entender todas as novas informações e traçar a estratégia
da visita ao senador. Beckett decidiu que não exporia os dois agentes porque
caso algo desse errado, ela não queria prejudicar a carreira deles. Isso porque
ela iria ao Capitólio sem consultar seu chefe. Seria uma visita informal mas
iria preparada para arrancar o que pudesse do senador. Usaria a investigação da
morte de Chang para chegar até ele.
Ao contar a
Castle o que queria fazer, ele insistiu milhares de vezes para acompanha-la. Ela
temia que envolve-lo pudesse gerar ainda mais problemas para seu lado e Kate já
havia passado por isso logo em um dos seus primeiros casos importantes de DC.
Além de poder coloca-lo em perigo, certamente arranjaria problemas com seu
superior apesar que isso aconteceria com ou sem Castle ao seu lado. Em
contrapartida, seria bom tê-lo ao seu lado quando enfrentasse o senador. Castle
era capaz de observar e encontrar pontos importantes durante um interrogatório
ou como deveria chamar uma visita. Faria com que a situação fosse um pouco mais
natural. Indo sozinha ela podia ser mal interpretada, apenas uma agente
obstinada e sem qualquer evidência completa de um caso. Colocaria em cheque sua
competência. Já a afastaram desse caso uma vez não?
- Kate porque
reluta tanto em me deixar ir com você? Conheço o caso tão bem quanto você,
tenho interesse e o cara é um senador poderoso mas deve respeito a você como
representante da lei. Só tem um problema. Temo pelo que sua ida sozinha até o
gabinete dele pode despertar. Nosso histórico com senadores e poderosos não é
dos melhores.
- É exatamente
por isso que não quero envolve-lo nisso, Castle. Não sei que tipo de interesse
ou retaliação posso despertar depois do meu confromto com ele.
- Kate, já
estou envolvido até o pescoço. O caso virou a historia do meu livro, já estive
no meio do tiroteio naquele armazém. Não me corte agora, quantas vezes
enfrentamos bandidos juntos. Somos uma dupla. Sabe que posso ajuda-la então
deixe-me fazer isso.
- Sei que
posso contar com você. Não queria que tivéssemos consequências em nossa vida
por conta disso. Sabe-se lá do que esse cara é capaz?
- Mais um
motivo para enfrenta-lo juntos.
- Tudo bem,
amanhã faremos uma visita ao Capitólio.
Capitólio –
9am
Beckett e
Castle caminham lado a lado pelos corredores da ala oeste do suntuoso prédio do
capitólio. A postura de ambos sugeriam respeito e autoridade. Kate Beckett
podia facilmente passar por uma poderosa advogada ou mesmo uma senadora.
Ninguém deixava de cumprimenta-los devido a isso. Eles chegaram ao corredor
onde o gabinete de Denver ficava. A antesala era ampla e bem iluminada, móveis
finos e duas secretarias que deveriam atender a vários senadores.
- Bom dia –
disse Beckett – eu gostaria de falar com o senador Denver.
- Bom dia,
você tem hora marcada querida? O senador é bem ocupado. Agenda cheia.
- Acontece que
eu não preciso marcar hora – Beckett mostra a insígnia – acredite é do
interesse dele.
- Qual o seu
nome?
- Beckett. Kate
Beckett. Agente federal.
- Eu verei se
ele poderá recebê-la. E quanto ao cavalheiro charmoso? – já se insinuando toda
para Castle com um enorme sorriso e uma mexida sensual nos cabelos. Beckett se
aproxima dela e responde.
- Ele está
comigo – e abaixou-se a fim de sussurrar para ela – em todos os sentidos devo
acrescentar – lançou um daqueles olhares típicos de Kate Beckett e a secretária
recuou sem graça. Sumiu por um porta bem atrás da mesa onde ficava. Castle se
aproximou intrigado.
- O que
aconteceu com ela? Num instante parecia estar flertando comigo e no outro
ela... – então olhou para Beckett – o que você disse a ela?
- A verdade.
- Acho melhor
não perguntar – ela olhou para ele franzindo o cenho – o que? Conheço o
território onde piso.
- É bom mesmo
– fez um olhar no melhor estilo matador para Castle e depois sorriu. Viu a
secretária voltando séria em sua direção – será que o senador pediu um tempo
para se preparar? Qual o seu palpite, Cas?
-
Provavelmente não ficou muito feliz, isso eu posso dizer.
- Agente
Beckett, o senador irá recebê-los agora. Queiram me acompanhar, por favor. Eles
obedeceram e a secretária abriu a segunda porta à direita do corredor – Com
licença, senador. Aqui estão os federais – ela deu espaço para que eles
entrassem. O senador levantou-se para cumprimentá-los.
- Bom dia,
senador. Sou a agente Beckett e este aqui é Richard Castle. Gostaríamos de
conversar com o senhor sobre um homicídio e possível caso de segurança
nacional.
- Claro, claro
– ele estendeu a mão para Beckett – por favor, sentem-se. Ellen, pode
providenciar café e água para nós e adie o próximo compromisso na minha agenda
em uma hora. Por que esse nome Castle me parece familiar? – ele olhava para
Castle e fez uma cara de curioso, estava ganhando tempo porque não tinha ideia
do que os federais queriam com ele. A investigação tinha sido suspensa – ah,
espere! Minha mulher estava lendo algo. Frozen alguma coisa...
- Frozen Heat.
Sou o escritor.
- E consultor
da polícia quando precisamos de seus conhecimentos.
- Entendo.
Então agente, você mencionou um homicídio? Alguém que eu conheça ou uma possível
ameaça?
- Na verdade
foram três homicídios que nossa investigação chegou ao seu culpado. Michael
Chang. Acredito que o nome lhe é familiar – Beckett esperou pela reação e
aconteceu como ela imaginara – ele era um integrante da máfia chinesa por anos mas
antes era um criminoso qualquer nas ruas de Chicago.
- O nome não
me diz nada. Por acaso, esse Chang ameaçou alguém, a mim?
- Faz um certo
tempo então vou facilitar as coisas para o senhor – ela espalhou uma copia da
foto e do julgamento onde ele defendeu e livrou Michael da prisão – e agora,
reconhece?
- Perdoe-me
faz muito tempo. Não advogo a anos. Deixe-me ler – ele pegou a copia e fingiu
estar se interando no caso – ah! ele era um estudante da minha universidade.
Garotos novos sempre fazem besteiras, demoram a criar juízo, maturidade. Não
havia provas suficientes, deve ter sido um caso fácil de defender. Mas depois
de tanto tempo? O que você procura, agente? Ele não está morto?
- Está. Porém
encontramos algumas coisas bem irregulares na vida de Chang. Existem pelo menos
três empresas de importação vinculadas ao nome dele. Todas fantasmas. Até agora
verificamos que há pelo menos um ano vem importando mercadorias sem pagar os
impostos corretos, valores subfaturados. Eletrônicos, brinquedos, celulares.
Não apenas isso. Drogas.
- Isso é muito
grave agente. É crime contra a união, sonegação de impostos. E quanto a Receita
Federal, a policia federal? Como deixaram isso passar? Você identificou
funcionários corruptos? Por isso veio me alertar?
- Não foi bem
isso. as transações de Chang geraram muito dinheiro que foram depositados em
contas do exterior, paraísos fiscais inclusive. O que chamou nossa atenção
senador foi o dono da conta onde o dinheiro está. Sean Denver, seu filho. Pode
nos explicar como isso aconteceu?
- Meu filho? –
ele parecia surpreso mas Beckett pode perceber que era apenas uma atuação – como
meu filho pode ser usado assim? É por isso que veio me alertar não? O tal Chang
armou para ele. Quero que você descubra como e porque agente – ele procurava se
mostrar indignado mas no fundo, ele temia por cada palavra dita por Beckett.
Eles chegaram perto, muito perto. A questão é o quanto eles descobriram?
-
Infelizmente, não parece uma espécie de doação, senador. O seu filho não me
parece ser tão vítima assim. Na verdade, há algo mais – Beckett puxou os
extratos das contas e a fatura do cartão de crédito em seu nome – como pode
ver, seu filho adminstra uma conta conjunta com Chang de onde grande parte da
investigação aponta para seu filho. Quando à segunda conta corrente, ela está
no nome de sua mulher. Sem mencionar a fatura de cartão de crédito, em seu
nome, usada para pagar um dos seus carregamentos supostamente ilegais. Não me
diga que isso é tudo uma grande coincidência...
- Não percebe,
agente? Armaram para mim usando minha família. Alguém montou esse esquema.
- Então, o
senhor alega que seu filho, mulher e mesmo o senhor não são parte desse
esquema. Mesmo com toda a evidência a sua frente? – perguntou Castle – não me
parece algo passivo de acreditar. Sem esquecer que seu filho tem uma reputação
e tanto com a polícia.
- O que você
quer afinal agente? Essas suas acusações são graves e por um momento sinto que
está me desafiando ou até me desacatando. Lembre-se que sou uma autoridade e
exijo respeito. Você chegou aqui em meu gabinete sem marcar hora e passa a me
acusar de um crime de sonegação e possivel envolvimento com um criminoso. Eu
podia acabar com sua carreira se quisesse pois esse caso que está investigando
não parece estar bem sólido para um tribunal. É isso que espera? – os olhos
dele pareciam fuzilar Beckett. Castle pode notar um ligeiro tremor nas mãos dele.
As revelações dela o afetaram mais do que ele pretendia.
- Senador, não
estou acusando-o de nada. Pelo menos por enquanto. Como investigadora sigo
pistas e elas me trouxeram até aqui. Como cidadã torço para que tudo isso seja
uma armação e que eu possa desmascara-la. Como autoridade da lei é meu dever
não deixar qualquer alternativa ou suspeita em aberto. Independente de quem
for. Já investiguei outras figuras públicas antes e para mim são tratados da
mesma forma quando suspeitos de algo.
Ela era bem segura
de si e determinada. Não seria fácil afasta-la de seu objetivo.
- imagino que
diante de tudo o que expôs, seus argumentos e evidências, sua vinda até aqui
deve ter um propósito – e o semblante de coitadinho acabara de se desfazer
assumindo o de pura irritação, Castle notou.
- Temos duas
opções senador. Se realmente sua familia foi envolvida nessa operação como bode
expiatório, podemos ter sua permissão para olhar sua casa, procurar vestígios
de quebra de segurança e com isso confiscar notebook e qualquer tipo de
dispositivo remoto com acesso a internet que possa provar o não envolvimento da
sua família. Se Chang armou para o senhor, ele tem um parceiro e estamos atrás
dele. Caso se recuse a nos dar acesso por bem, serei obrigada a pedir um
mandado e certamente a sua privacidade será comprometida. Não gostaria de ter o
envolvimento da imprensa nisso e posso afirmar que o senhor também não.
O senador
estava sério. De alguma forma, esses agentes conseguiram furar o esquema de
segurança. Se não aceitasse, ele estaria concordando que era culpado, Não lhe
restava muita alternativa.
- Então,
senador Denver, qual será sua escolha?
- E-eu preciso
avisar minha esposa se vão vasculhar minha casa – ele não estava nada
satisfeito mas se recusasse a solicitação da Beckett daria a ela a chance de
considera-lo culpado – podem me dar alguns minutos?
- Claro. Fique
à vontade para ligar para sua esposa. Assim que terminar com sua permissão
aciono minha equipe técnica para ir até sua casa – mas Beckett sequer mexeu-se
na cadeira.
- Você não vai
me deixar falar a sós com a minha esposa, agente Beckett?
- Infelizmente
não posso fazer isso, senhor. Lembre-se que apesar da sua autoridade, isto
ainda é uma investigação federal da qual o senhor é suspeito de envolvimento
com um assassino.
Contrariado,
ele calou-se. Sabia que se recusasse e a expulsasse do gabinete arrumaria
problemas e ela teria mais motivos para desconfiar dele.
- Tudo bem. O
telefonema foi breve para a esposa. Explicou que ela receberia uma visita ainda
hoje de uma equipe do FBI mas que não precisava se preocupar. Estavam zelando
por nossa segurança. Ao desligar, ele manteve-se sério mas Castle podia ver que
a fuzilava com os olhos.
- Pronto,
agente Beckett. Você já pode fazer seu trabalho. Estarei em casa no final da
tarde. Quero saber o resultado o quanto antes.
- Com certeza,
senhor. Obrigada – ela se levantou e cumprimentou-o. Castle fez o mesmo. Ao
saírem da sala, caminharam até sentirem-se em um lugar seguro para conversar.
Kate já havia ligado para a sua equipe e pedido a presença de McQuinn junto a
equipe técnica. Seria dele a responsibilidade de coordenar e apontar o que
deveria ser checado e recolhido para análise em laboratório. Confirmou que
estaria ali nas próximas duas horas pois precisava resolver alguns assuntos
antes. Desligando o telefone e já no carro, Castle olhava intrigado para ela
curioso por saber o que ela teria para resolver.
- Então, qual
o nosso proximo passo? O que temos a resolver?
- Na verdade
precisava dar apenas uma desculpa pela minha ausência. Vamos almoçar e depois
iremos para a casa do senador. Quero saber suas impressões sobre a conversa com
o senador – ela estacionou o carro em um pequeno restaurante francês. Uma
especie de rotisserie que servia almoço, Sentaram-se em uma mesa na calçada e
pediram o almoço. Kate optou apenas por uma salada Ceasar e um creme de
brocolis. Castle ficou com um frango assado com legumes e a mesma sopa que ela.
Enquanto desfrutavam da entrada, ela voltou ao assunto da entrevista.
- O que achou
do senador?
- O veredito é
culpado. Teve momentos que ele queria te fuzilar com os olhos. Quando começou a
explicar que era poderoso e você não se importou continuando a exigir o que
precisava juro que pensei se ele tivesse poderes mágicos te matava com o olhar.
- Também
percebi e por isso tenho que agir muito rápido. Ele é influente e se está
realmente envolvido com a máfia tem suas conexões. Algumas ordens e podemos não
encontrar mais o que queremos.
- Ele tremeu
algumas vezes e posso dizer que você o deixou preocupado, Kate. E a mim também.
- Do que está
falando?
- Uma pessoa
poderosa e influente como ele tem muito a perder caso seu nome ou o da família
seja envolvido em um escândalo. Eles temem a mídia, mais que isso, temem perder
o poder que conquistaram. É aí que entra o lado inescrupuloso. Ao se sentir
ameaçado, ele joga com as piores armas possiveis. Esse é o meu medo. Que ele
use de armas e truques baixos contra você. Estamos mexendo em casa de
marimbondo,Beckett. Sabesse lá o que ele pode fazer com você.
- Castle, sou
uma policial treinada com experiência, uma agente federal. Sei me cuidar. Se
ele tentar qualquer coisa contra mim, estarei alerta. Não estou trabalhando
sozinha. Não quero te ver preocupado, se ficar assim vou ser obrigada a te
tirar das investigações.
- Você não
faria isso...
- Oh, babe...
– ela acariciou a mão dele – claro que não. Mas a Gina pode fazer isso.
- Não me
lembre disso. Teve outra coisa que eu notei. O senador tem um parceiro, um
investidor talvez. Acredito que o nome do filho esteja sendo usado como laranja
mas sobre a proteção de alguém maior. Não é uma pessoa da máfia, talvez seja
outro americano um empresário ou outro político. Alguém de peso.
- O que o fez
deduzir isso?
- Ele ficou
bastante irritado quando você o conectou a Chang e ao passado. Acho que de
alguma forma, a resposta para o seu parceiro de crime está no passado. É uma
teoria.
- E
incrivelmente plausível... – ela riu.
Terminaram o
almoço e rumaram para o endereço do senador. Desde que a agente federal deixou
o gabinete dele, Denver cancelou todos os seus compromissos e ligou para o seu
encarregado.
- Preciso que
me encontre no parque. Mesmo local em meia hora.
Fort Dupont
Park – meia hora depois
O local
combinado ficava ao sudoeste de Washington à beira do rio Anacostia. O senador
sentou-se no banco, afroxou a gravata e esperou. Passados cinco minutos, um
homem usando um boné e de caminhar leve aproximou-se e sentou ao lado dele.
acendeu um cigarro e fitou o rio por algum tempo. Esperava o outro se
manifestar.
- Tenho uma
missão para você.
- Outro
carregamento?
- Não, uma
pedra no meu sapato que precisa ser eliminada. Você se lembra daqueles federais
que invadiram o armazém em Bethesda?
- Sim, quando
mataram o Chang. O que tem isso agora?
- Eles estão
fuçando demais. Lembra da mulher que atirou nele e o cara com colete? Estiveram
no meu gabinete hoje e farão uma busca em minha casa.
- O senhor
sabe que não esqueço um rosto. Lembro perfeitamente. Ela é uma gata e ele
parece um babaca. O que quer que eu faça?
- Quero me
livrar deles e já sei como faremos isso. Antes que fique animado, você não irá fazer
nenhuma besteira com a mulher que eu não tenha ordenado. Ela é de qualquer
forma uma agente federal. Tudo precisar ser rápido e limpo. Nada de rastros,
pistas ou qualquer suposição que sugira uma ligação comigo. Fui claro?
- Sim, senhor.
O que eu devo fazer?
- Primeiro
achamos a oportunidade, o local. Depois o meio, tenho uma ideia. Se seguir o
que eu determinar à risca, nosso caminho ficará livre e te darei uma ótima
recompensa além de recomendar você para uma patente mais alta dentro da nossa
organização. Quero que você...
E o senador
explicou tudo o que imaginara para se ver livre dos federais. Em detalhes, ele
disse o que deveria ser feito. Duas horas depois, ele deixou o parque. Prometeu
que manteria contato para monitora-lo e finalmente dar a ordem. Entrando em seu
carro, ele ficou parado pensativo ao volante. Não entregaria tudo o que
conquistou durante toda a sua vida a uma agente federal que pensar saber tudo
sobre justiça. Ela não sabe com quem se meteu, ah... não mesmo. Deu a partida e
seguiu para casa.
Quando o
senador chegou, a equipe do FBI já vasculhara quase todos os cômodos da casa
com exceção do escritório e da sala ao lado da pequena edícula que a esposa não
deixou entrarem sem a presença do marido. Claro que o escritório era o cômodo
mais visado da casa após o quarto do filho devido ao notebook já apreendido.
McQuinn esperava encontrar respostas com ele. Ao vê-lo entrar na sala, Beckett
foi ao seu encontro para cumprimenta-lo e apressa-lo a fim de vasculharem o
suposto templo sagrado da casa. Um pouco contrariado, ele abriu a porta do
cômodo e os deixou entrar.
- Apenas
tenham cuidado, há fotos de família e objetos de valor sentimental para mim.
- Teremos
cuidado, senador – disse Beckett que entrou seguida de Castle e começou a
ajudar os técnicos,ambos com luvas para não contaminar o local e quem sabe
possíveis digitais. Ele foi direto procurar algo nas gavetas e entre os livros
afinal não acreditava que as respostas estariam tão visíveis. Beckett
sinalizava para McQuinn confiscar o computador e qualquer CD,DVD ou pendrive
que encontrasse. A esposa do senador estava bastante nervosa desde o momento
que o FBI bateu em sua porta.
- Querido, o
que está acontecendo? Por que o FBI está invadindo a nossa casa e sem um documento
oficial, um mandado?
- Não se
preocupe, querida. Eles estão aqui com o meu consentimento. Para nossa
proteção. Deixe eu cuidar de tudo. Por que não vai lá para cima? Confie em mim,
está tudo sob controle – ele beijou-lhe a testa. A esposa se distanciou dele e
subiu as escadas. Viu que a maioria dos técnicos já tinha deixado o escritório.
Apenas a agente, o escritor e um dos caras da equipe continuavam lá.
Castle
percebeu um livro desalinhado na última prateleira da estante rente ao chão .
Curioso, apanhou o livro e examinou-o. Havia um pequeno envelope pardo preso a
sua capa. Dentro dele uma chave do que parecia ser de um cadeado. Seria de
algum outro cômodo da casa, alguma gaveta? Ele guardou o achado no bolso. Comentaria
com Beckett mais tarde ou caso achasse algum cadeado ou fechadura que sugerisse
o seu uso. Beckett estava satisfeita com a busca e orientou a equipe dos
próximos passos.
- Acredito que
falta apenas um lugar da casa, senador. A edícula.
- Mas o que
uma edícula poderia interessar ao FBI? É realmente necessário?
- Conhece as
regras, senador.
- Tudo bem –
ainda contrariado. Mas a busca não surtiu o efeito desejado nesse cômodo. E
Castle também não encontrou qualquer utilidade para a chave. Reunindo a equipe,
eles deixaram a casa do senador. Beckett agradeceu a paciência e a cooperação
do senador. Disse que manteria contato caso precisasse de alguma explicação.
Assim que entrou no carro, ela ligou para McQuinn e pediu para ele acelerar as
análises. Precisava de respostas o quanto antes.
Em casa,
enquanto preparava um lanche para os dois, Castle fora tomar um banho. Ao
aparecer novamente na sala, sentiu o aroma do queijo derretido e bacon.
- Hum.... que
aroma gostoso. Me deu água na boca.
- Sente-se,
está quase pronto. Quer uma taça de vinho?
- Claro! – ela
o serviu – por que você não está bebendo?
- Não estou
com vontade. Estou com vontade de tomar uma vitaminada de morango, blueberries
e uva com sorvete de baunilha.
- Tudo bem,
você é que sabe. Ela riu.
- Aqui, leve
os sanduiches para mesa. Vou pegar minha bebida, a mostarda e a maionese.
Sentaram-se
para comer e Castle saboreava com vontade o sanduiche. Uma comida tão simples e
tão deliciosa. Um momento simples a dois mas com um teor muito especial
principalmente pelo dia de hoje. Ele sabia que Kate estava satisfeita com os
resultados da busca e torcia para que a equipe dela achasse provas para
incriminar de vez aquele senador de meia tigela.
- Amor, tem
algo que encontrei no escritório do senador. Por enquanto não identifiquei
nenhuma utilidade para o objeto mas pela
maneira que estava guardada deve ser importante.
- O que você
achou?
- Uma chave –
coloca sobre a mesa – aparentemente comum mas estava dentro de um envelope
preso a uma capa de livro. Deve significar alguma coisa, talvez abra um armario
de um cofre, um cadeado de alguma gaveta secreta ou mesmo um imóvel. Acredito
que essa chave esconde um segredo.
- Talvez. Vou
guarda-la. Podemos precisar dela mais tarde.
- Quanto tempo
você acha que a equipe de peritos vai levar para encontrar algo concreto? –
perguntou Castle.
- Não sei.
Espero que seja rápido, estamos correndo contra o tempo – o celular de Castle
tocou – é a Gina não? Por que você não confirma logo essa ida a New York no dia
10?
- Mas o caso,
ele está esquentando e... – apenas de olhar para ela sabia que perdera a
discussão – ok, vou resolver logo isso. Oi, Gina! Eu ia mesmo te ligar... – e
Kate sorriu balançando a cabeça devido ao comportamento dele.
Por volta das
dez horas do dia seguinte, Beckett recebeu um telefonema de McQuinn.
- Hey,
Beckett. Liguei para dar a você um status do que está acontecendo. Desde que
saimos da casa do senador, o time está trabalhando sem parar em busca de
informações que possam conectar a familia e o próprio senador ao caso. Eu
pessoalmente estou com os computadores e adivinha? O filho do senador não é
apenas um malandrinho formado em administração. Ele é um programador e hacker
de primeira. Acho que esquecemos de consultar a ficha dele corretamente. Ele
foi convidado inclusive para estudar no MIT mas a vida boa e um certo período
de revolta com o pai o fizeram jogar fora a oportunidade. Ou seja, os notebooks
estão cheios de códigos e arquivos com criptografias. Estou fazendo o possivel
para conseguir algo sólido nas próximas 24h.
- E quanto ao
laboratório? Algum DNA ou impressão diferente dos membros da família?
- Nada por
hora. Os resultados devem estar disponíveis na parte da tarde – lembrando do
que Castle encontrara, ela perguntou.
- McQuinn por
acaso vocês estão de posse de algum objeto que precise de uma chave. Um suposto
cofre, gaveta...
- Não que eu
tenha visto mas posso checar com a equipe.
- Faça isso. E
me avise qualquer novidade.
Porém, McQuinn
não encontrou nada que precisasse de uma chave ou mesmo com um cadeado. E não
foi apenas isso. O trabalho de investigação demorou mais do que Beckett
gostaria. Apenas três dias depois ela teve resposta do laboratório. Nenhum DNA
suspeito. Todos eram dos moradores da casa. Já os dados digitais começavam a
aparecer e até aquele momento nada revelador o bastante. Beckett aproveitou a
informação anterior sobre o passado do filho de Denver e começou a fazer um
dossiê dele. Solicitou a quebra de sigilo bancário e sua vida financeira e
acadêmica da Universidade de Washington onde se formara.
Haviam
informações curiosas em nome de Sean Denver. Desde seu terceiro ano e mesmo
depois que saíra da faculdade, ele já abrira cerca de oito empresas sendo cinco
delas de importação e exportação. O fato curioso nessa análise foi que nas
cinco a sociedade era com um rapaz chamado Damien Chang Zho. Ao investiga-lo,
Beckett não se surpreendeu ao descobrir que era parente de Michael Chang, primos
por parte de mãe e ambos membros da máfia chinesa. Ao consultar o paradeiro de Damien,
conseguiu o último endereço datado de quatro anos atrás em um dos subúrbios de
Washington. Como pode um cara criar cinco sociedades com um filho de senador e
morar em um bairro de classe média? O que ela não estava enxergando? Pegou o
telefone e discou para McQuinn.
- Hey, preciso
que cheque um cara para mim. Damien Chang Zho. Descubra onde trabalha, salário,
renda e propriedades. Ele pode ser nossa conexão entre o senador e Michael
Chang. Enquanto isso vou visitar o endereço registrado que achei no sistema.
- Ok, vou
fazer e Beckett acredito ter visto algo no hd sobre Damien. Ligou para você
depois. Ela colocou o telefone no gancho e apertou o botão do celular. Ele
atendeu ao segundo toque.
- Hey...
- Hey, Castle.
A fim de um passeio pelos subúrbios de Washington?
- Você nem
precisava perguntar.
- Passo aí em
quinze minutos.
Subúrbio de
Washington
Beckett
estaciona o carro na rua indicada pelo GPS. O prédio em questão estava caindo
aos pedaços. Fazia tempo que não via uma pintura. O número batia e o nome dele
no apartamento também mesmo estando bem apagado.
- Tem certeza
que é aqui? – perguntou Castle.
- Pelo menos é
o que diz a plaquinha confere com o que achei no sistema – ela buzinou um,
duas, três vezes sem resposta. Deveria ter uma forma de saber se ele estava
morando ali. De repente, uma pessoa abre a porta do prédio e beckett vê a sua
chance de descobrir mais.
- Com licença,
quem é o sindico do predio? Ele está? Preciso falar com ele – o cara olhou-a de
cima a baixo.
- Não é da sua
conta, magrela.
- Ah, é sim –
ela mostra a insígnia e o cara arregala os olhos – vai me dizer agora?
- Roger. O
velho Roger. O apartamento dele fica no primeiro andar mas se fosse você, FBI
tomaria cuidado. O pessoal aqui não liga muito pra polícia. Beckett lança um
olhar de desprezo e entra no prédio. Castle a segue apressadamente.
- As vezes me
esqueço que não tenho esse seu sangue frio de policial. Você devia ser menos
afoita, Beckett.
- Isso não
combina com a minha profissão, Castle – tocou a campainha e uma senhora abriu a
porta – o Sr. Roger por favor.
- Roger tem
uma mulher aqui te procurando. Você pagou a conta da lavanderia? Roger surgiu
ao lado dela.
- É claro que
paguei. Quem é você? – Beckett mostrou sua identificação – quem morreu?
- Ninguem por
enquanto mas gostaria de fazer umas perguntas sobre um inquilino do prédio.
Damien Zho. Ele está em casa?
- Lady fazem
cerca de seis meses que não vejo esse cara. Deve estar a sete palmos do chão se
me pergunta. Não andava com gente confiável. Entrem, vou contar o prejuizo que
ele me deu – sentaram-se no sofá e ele continuou – seis meses sem aparecer. O
aluguel está atrasado e nem posso arranjar outro, as coisas dele continuam lá.
Ele simplesmente desapareceu. Pensei em dar queixa e talvez retirar os
pertences dele para um depósito mas desisti porque tinha medo que sobrasse para
mim. Agora me arrependo. O prejuizo teria sido menor.
- O senhor
comentou sobre as companhias dele. Sabe dizer quem eram essas pessoas? –
perguntou Castle.
- Tinham dois
chineses que nem ele mas Damien era mais próximo de um deles. Mal encarados mas
com um certo dinheiro. Damien não vivia mal mas acredito que era alguma coisa
ilegal. Ele dizia que tinha uma firma de importação com um amigo da faculdade
mas era suspeito. Uma vez apareceu dirigindo um porche turbinado por aqui. Quer
dizer se pode bancar um carro como aquele porque morava aqui. Podia ter uma
condição melhor de vida.
- Acha que
consegue descrever o amigo dele?
- Talvez mas
lembro seu nome. Michael – Castle e Beckett se entreolharam – faz tempo que não
aparece por aqui, sumiu na mesma época.
- Se importa
de darmos uma olhada no apartamento?
- Não. Está
bagunçado. Agente, acha... – ele titumbeou ao perguntar – acha que Damien pode
estar morto?
- Não sabemos
mas porque diz isso?
- Da última
vez que o vi ele estava tenso e saiu do prédio discutindo com esse amigo, não
voltou mais – Roger abre a porta do apartamento, o cheiro de mofo faz Castle
espirrar – eu avisei que não estava limpo. Fiquem à vontade, quando terminar é
só descer.
- Obrigada –
disse Beckett já calçando as luvas, Castle fez o mesmo e foi apenas o tempo de
Roger sair para ela completar – talvez tenhamos sorte por aqui. Mãos à obra!
E dessa vez a
exposição a sujeira e à poeira deu certo. Vasculharam cada centímetro do
pequeno apartamento e Castle reparou que ele tinha muita coisa boa. Revirando
livros, ele encontrou uma foto bem interessante. Damien e Michael juntos. Mas
essa não fora a única descoberta.
Remexendo um
armário de vassouras e produtos de limpeza, uma espécie de despensa, Beckett
encontrou uma caixa cheia de livros-caixas e fiscais. Provavelmente das suas
firmas com o filho do senador. Na porta da geladeira, ela achou um post-it
surrado preso por um magnético “Reunião na Spin – dia 05. 3pm”
- Parece que
Damien realmente conhecia o esquema. Aposto que vamos achar muita coisa
interessante nesses livros.
- Finalmente
algo interessante a seguir. Beckett por que não pede o relatório das finanças
de Damien, aposto que ele é bem mais rico do que esse lugar aparenta.
- Era o que
estava pensando. Vou ligar para McQuinn – ela puxou o celular e logo ele
atendeu – hey, McQuinn tenho mais um servicinho para você acrescente a sua
lista de informação de Damien o extrato bancário e amanhã esteja no quartel
general às oito horas. Tenho novidades. Avise Catherine – desligou – afinal que
fim levou Damien?
- Estou
começando a achar que ele está debaixo da terra ou quem sabe dormindo com os
peixes?
- É uma
possibilidade, Castle. Bem, acredito que já vasculhamos tudo por aqui. Vamos?
Eles desceram
até o apartamento de Roger, Castle carregava a caixa. Beckett colocou em sacos
o post-it e a foto encontrada. Também tirou fotos. Agradeceram ao senhor e
pegaram o carro rumo a casa. Na manhã seguinte, Castle fez questão de
acompanhar sua esposa ao FBI para a reunião. Antes porem, fizeram uma parada na
cafeteria próxima ao prédio. Às oito horas, eles estavam na sala de
conferência. McQuinn e Catherine chegaram praticamente juntos. Repararam na
caixa sobre a mesa. Beckett tinha preparado um breve dossiê do que encontraram
e deu uma cópia para cada.
Ela fez um
resumo das novas descobertas e do que Roger contara a eles. Obviamente, Damien
era a chave entre a família do senador e a máfia chinesa, precisavam apenas
ligar os pontos certos. Era aí que a vida de Damien e os livros-caixa entravam.
Beckett sugeriu que Catherine avaliasse parte dos livros e a outra ficaria com
ela e Castle. McQuinn teria que se concentrar com as ligações do passado,
qualquer informação no notebook era importante e Castle a lembrou sobre a
morte. Catherine ficara encarregada de verificar os John Doe’s nos necrotérios
de Washington e suas autópsias para terem certeza de que ele não estava morto.
Munidos de suas tarefas, eles se separaram.
A análise dos
livros era algo extremamente massante que despertava um sono terrível em
Castle. As doses de cafeínas triplicaram para os dois e algumas irregularidades
foram encontradas. Nada que saltassem aos olhos com as ligações que tinham até
agora. Apenas dois dias depois foi que McQuinn retornou com informações
interessantes.
Beckett e
Castle estavam na sala de conferência quase desistindo quando McQuinn apareceu
sorridente.
- Olá,
pessoal! Boas notícias. Consegui o relatório financeiro de Damien. E adivinhem?
O cara tem propriedades. Três para ser mais exato sendo uma comercial. Tamnbém
tem uma boa quantia de dinheiro no banco e numa conta no exterior, Suíça. Acho
que vale uma viagem aos lugares só para nos certificarmos que ele não está
escondido em uma delas e se não encontramos nada especialmente na propriedade
comercial.
- É exatamente
o que pretendo fazer. Amanhã – disse Beckett.
- Amanhã? Mas estarei
viajando já na parte da tarde... – Castle falou frustrado.
- Você tem que
cumprir seus compromissos, amor. Prometeu a Gina. Eu vou mante-lo informado e
ligo caso precise de alguma teoria.
À noite em
casa, eles já estavam na cama. Kate lia algumas informações do caso e Castle
brincava com o controle remoto da tv. Tudo que ouvira hoje no bureau ainda
estava em sua mente e sentia-se frustrado. Na sua opinião, o caso estava pronta
para decolar e atingir outro nível totalmente diferente e ele não estaria lá
para acompanhar.
- Sabe o que
me deixa frustrado? O fato de que perderei boa parte da ação estando em New
York.
- Você não
sabe disso. Pode nem ser grande coisa. Talvez seja uma tentativa sem frutos.
- Não, sinto
que vocês estão prestes a fazer boas descobertas – ela largou o que estava
fazendo e fitou-o – o ponto é que perderei o melhor da festa.
- Castle não
fale assim, você precisa estar em New York e cuidar do seu trabalho. Tem seus
fãs para agradar também – ela começou a se aproximar dele e brincar com a mão
no peito dele, beijou-lhe o pescoço – sabe em vez de você ficar reclamando –
ela mordiscou a orelha dele – podíamos fazer algo mais... – os dedos finos e
frios davam pequenos beliscões na barriga dele sob a camisa – produtivo... você
ficará com saudades – beijou-lhe os lábios rapidamente e com ambas as mãos
ergueu a blusa do pijama dele – quer tornar a noite mais interessante, babe?
Ela se sentou entre as pernas dele e o beijou novamente cheia de desejo. Por
mais de uma hora, Castle esqueceu das reclamações e fizeram amor como eles
tanto gostavam. Entregando-se completamente ao outro.
No dia
seguinte, Castle acompanhou a visita de Beckett a primeira propriedade em nome
de Damien. Catherine também foi. Ainda não tivera sucesso em achar Damien.
Beckett autorizou-a a espalhar a foto dele na mídia sem revelar muito do que
queriam com ele, diziam apenas que ele era procurado para esclarecimento e
estava desaparecido. Castle rumou para New York.
A primeira
visita foi frustrante. O local estava vazio sem qualquer indício de ocupação. O
interessante era ver que tratava-se de propriedades luxuosas da ordem de
milhares de dólares a julgar pelos bairros onde se encontravam. Nos dois dias
seguintes, elas se dedicaram a visitar as outras propriedades sempre
acompanhadas de duas pessoas técnicas. Os responsáveis pelos locais não criaram
dificuldades para que elas olhassem e sequer precisaram usar a insígnia. Por
mais que buscassem, eles não acharam nada.
À noite, Kate
ligara para Castle e conforme prometera relatara o que aconteceu nos últimos
dias. Estava chateada por não ter encontrado nada chocante nas propriedades.
- E você? Está
tudo bem nas suas reuniões? Gina está pegando muito no seu pé?
- Vou levando.
Estava pensando a declaração de imposto de renda desse cara devia ser um prato
cheio para as autoridades.
- Nem tanto. O
cara tem no currículo cinco empresas de importação, mexe com mercadoria e
dinheiro alto. Pode ter imóveis desse tipo.
- Mas
desocupados? Sem fazer qualquer grana? E ainda tem a bendita chave que
encontramos na casa do senador. Precisamos descobrir para que ela serve. Nenhum
sinal de Damien?
- Nada. Amanhã
devo visitar a última propriedade dele. A comercial. Depois tenho que preparar
algum relatório para Villante que prove o avanço da investigação mas não revele
nada comprometedor que faça-o querer me tirar do caso. Preciso dessa ligação
concreta entre Damien e o filho do senador. Isso justificaria um mandado e com
o documento oficial assinado pelo juiz poderia expor o que já sabemos dele.
- Você irá
conseguir, gorgeous. Sua vinda para cá ainda está de pé?
- Claro.
Pretendo sair daqui na sexta à tarde. O que significa que ainda tenho dois dias
para encontrar algo. Eu confirmo as informações do meu voo. Você vai me buscar
no aeroporto ou estará ocupado em reunião?
- Nunca estou
ocupado para você, gorgeous. Falamos amanhã?
- Sim, boa
noite babe.
- Boa noite,
amor.
Kate estava
agitada ao chegar no prédio do bureau naquela manhã. Era como se pressentisse
que algo estava para acontecer. Mal sentou na sua mesa, o telefone tocou. Era
Catherine.
- Bom dia,
Beckett. Tenho novidades. Recebi um email e já entrei em contato com um dos
necrotérios da cidade. Existem dois corpos de indigentes que se encaixam na
descrição do que estamos procurando. Pedi para me passarem o relatório da
autópsia por email mas sugiro irmos até lá conversar com o legista. Posso
agendar para hoje à tarde?
- Ótimo,
Catherine. Agende sim. Podemos ir a propriedade de Damien e depois ao
necrotério. Precisamos agilizar tudo o que temos para fazer hoje porque amanhã
eu viajo na parte da tarde.
- Tudo bem.
Estarei aí em vinte minutos.
Por volta das
dez da manhã, elas partiram para a propriedade comercial que ficava em um
bairro nobre de Washington. Como as outras, essa também estava abandonada e o
cheiro de mofo forte a deixou enjoada. Beckett sentiu uma leve tontura e teve
que parar e respirar fundo até recobrar seu equilibrio. Elas vasculharam a
propriedade de cabo a rabo e não encontraram nada. Havia algumas cadeiras e
mesas espalhadas no salão mas nada de documentos ou sinais que pudessem indicar
algum tipo de atividade do passado ali. Para todos os efeitos era um escritório
desativado.
Beckett fazia
um exame minuscioso no local. Ainda não se conformava com o fato de que aquele
lugar estava limpo. Esse, na verdade, era o maior problema. Tudo estava muito
limpo. Algo não se encaixava e ela não sabia dizer o que era. Nessas horas
sentia falta não apenas das teorias mas do olhos de Castle. Ele sempre
enxergava algo diferente nessas situações. As paredes do escritório era de
concreto mas uma delas se extendia com uma estrutura de compensado, como
aquelas divisórias em mdf que normalmente se usa para expandir o espaço de
determinado lugar. O problema é que não parecia uma extensão. Sem alternativa e
sem mais o que fazer por ali, Beckett decidiu deixar o lugar.
Assim que
entraram no carro, um suposto jovem que lia sentado em um banco na frente do
prédio pegou o celular.
- Oi. Você me
disse para ligar caso houvesse algo suspeito. Três pessoas acabaram de sair
daqui. Duas mulheres e um homem. Uma parece com a descrição que você me deu.
Certo, entendi mas e a minha grana? Ele ouviu o que a pessoa do outro lado
tinha a dizer e em seguida desligou.
O encarregado
gostara de ouvir as boas notícias. Ligou para o senador em sua linha fixa e
contou o que acontecera. Diante do relato sorriu pois sabia o que estava
prestes a acontecer.
- Obrigado
pela informação. É hora de esquentar as coisas. Prepare-se e execute o plano
conforme combinamos. Sem falhas, entendido?
- Sem falhas.
Não se preocupe.
- Me informe
quando tiver concluido o serviço.
Ao desligar, o
senador sorria. Nada como uma pequena caçada para tirar pedras do seu caminho. Logo,
logo essa encrenca com o FBI estaria resolvida e ele poderia se preocupar
apenas com os lucros e em satisfazer seu sócio. Justiça com as próprias mãos,
ou quase. Essa era a melhor maneira de se livrar de um problema. E o melhor?
Seu sócio sequer precisava saber.
XXXXXX
Elas já
estavam atrasadas para o encontro com o médico legista e por isso apenas
pararam no meio do caminho para pegar um café. No necrotério, o Dr. Patrick
Harris as recebeu e levou-as até as gavetas onde geralmente deixavam os John
Doe’s.
- Uma das vitimas
chegou para nós a um mês atras foi encontrada por um grupo de pescadores. Já
estava em estado de decomposição avançado o que nos sugeriu que já estava morta
a pelo menos quatro meses. O segundo caso apareceu há dois meses. Foi
encontrado numa lixeira de um terreno baldio. Aproximadamente o mesmo tempo de
morte.
- E porque
ainda estão aqui? Apenas pelo fato de serem indigentes? – quis saber Catherine.
- Isso e
também porque estamos negociando para doa-los às faculdades de medicina mas o
processo é demorado. Deve estar pronto no mês que vem. Quando vi o APB
distribuido na mídia e recebi o comunicado para avaliarmos todos os indigentes
que tinhamos em nosso necrotério, achei que podia ter o que estavam procurando.
Afinal, não é todo dia que você se depara com um chinês na sua mesa de
autópsia.
- Você disse
vítmas, por que usou esse termo? – perguntou Beckett.
- Porque ambas
foram assassinadas. Eles entraram numa sala menor. Havia uma parede inteira de
gaveteiros. Assim que o legista abriu um dos gaveteiros, o cheiro de formol e decomposição
encheu o ambiente. Beckett levou a mão à boca automaticamente. O enjoo foi
muito forte e ela teve que respirar fundo para não passar vergonha. O médico
sorriu sem graça.
- Desculpe. Às
vezes esqueço que nem todos estão acostumados com o aroma. Vicios da profissão.
Ali naquela mesa de canto tem uma máscara – Catherine percebeu o quanto ela
estava pálida e correu para ajuda-la – preciso que você se aproxime do corpo
para eu mostrar a causa da morte - Beckett obedeceu – este levou um tiro que
atravessou a região da costela e alojou-se no outro pulmão, em seguida foi
jogado na água e terminou afogado. O outro corpo que se encaixa na descrição
sugerida foi asfixiado. Está vendo as marcas? Isso era para ser suicidio mas
não condiz com o tamanho e o peso da vitima. Foi estrangulado e quiseram supor
que tirou a própria vida.
- Deixe-me
olhar o rosto deles – o legista deu passagem a ela – eu não sei. O cara do tiro
se assemelha mais ao nosso suspeito. Tem como fazer um exame de DNA?
- Se tiver
outra amostra para comparar...
- Podemos
arranjar. Você pode retornar no último endereço com o Sr. Roger e colher
amostras, Catherine?
- Claro.
Amanhã logo cedo.
- Ótimo! O
arquivo completo já está conosco?
- Sim, enviei
ontem mesmo e vou pedir para levarem alguns materiais fisicos e a cópia dos
relatórios por causa das fotos.
- Muito
obrigada.
Saindo do necrotério,
Catherine a impediu de entrar no carro. Estava preocupada.
- Agente
Beckett está se sentindo bem? Ainda está pálida.
- Foi apenas o
mal estar causado pelo cheiro da decomposição.
- Você não se
alimentou direito. Aliás, não comeu nada. Antes de irmos vamos fazer uma
refeição decente. Tem um diner aqui ao lado. Me sentiria melhor se visse um
pouco mais de cor no seu rosto.
- Mas já
estamos indo para casa, Catherine... como quando chegar.
- Ligue pro
Castle, tenho certeza que ele me apoiaria – a cara dela disse tudo – já
entendi, ele também não tem moral. Ok, vamos embora.
Ao chegar em
casa, ela fez a refeição e ligou para Castle a fim de atualiza-lo e informar o
horário do voo. Cansada, adormeceu em seguida.
Pela manhã,
Beckett saiu de casa com uma mala pequena pois iria direto para o aeroporto.
Sentada na sua mesa, ela fitava o relatório que redigia. Na tela, apenas a lista
de itens que recolheram no endereço de Damien. O último item era a chave.
Beckett abriu a gaveta e tirou a chave. Ficou brincando com ela na mão. Pensativa,
ela levantou-se e saiu. Na frente do prédio, ela subiu decidida. Ficou várias
vezes rodando o salão procurando por algo que ela julgara estar perdido ou
escondido. Ao olhar novamente para a parede de mdf, ela percebeu uma falha no
rodapé. Intrigada, ela abaixou-se e arrancou parte dele percebeu uma outra
parede por trás. Puxou o compensado com força e a parede cedeu. Beckett ficou
surpresa com o que encontrara. Era uma parede falsa e por trás dela uma porta.
Ela pegou a chave que trouxera no bolso e tentou. A porta se abriu para um novo
cômodo. Beckett pegou sua lanterna e iluminou o ambiente escuro até encontrar
um interruptor. Com o ambiente iluminado, ela abriu um sorriso. Achara uma
pequena linha de produção, outro lugar para fabricar a superdroga supôs. Pegou
o telefone e ligou para McQuinn ordenando uma equipe da CSU para o prédio. Após
explicar o que achara e o que queria, Beckett informou que iria para o
aeroporto. Mesmo com a reviravolta do caso, ela prometera a Castle que estaria
ao lado dele no lançamento.
Enquanto
esperava no aeroporto sua hora de embarcar, Kate ligou para ele.
- Hey,
gorgeous! Já está em New York?
- No aeroporto
esperando meu voo. Devo chegar por volta das quatro e meia. Vai me buscar?
- Claro. Estou
morrendo de saudades.
- O caso está
bem interessante. Achei a utilidade da chave. A propriedade comercial escondia
uma linha de fabricação da superdroga. Quando estiver com você te explico. Não
vejo a hora de te beijar.
- Hum... estou
vendo que você não consegue ficar muito tempo longe de mim.
- Bobo! Não se
atrase. I love you.
- Love ya too.
JFK – NY
Kate já tinha
desembarcado a meia hora e nem sinal de Castle. Pegou o telefone e discou o
número dele pela terceira vez.
“Você ligou
para Rick Castle. Deixe o recado que retornarei quando possivel”
- Droga,
Castle! Está atrasado e ainda não atende o celular. Onde você está? – passando
as mãos pela cabeça em sinal de inquietação, ela avistou um rosto conhecido.
Ryan – que ótimo! Deve ter se enrolado com a Gina e mandou o fiel escudeiro me
buscar – mas percebeu Esposito logo atrás dele. Pareciam tensos. Será que estavam
no aeroporto perseguindo algum suspeito? pensou. Ryan parou na sua frente.
- Beckett, oi
– Ryan disse.
- Hey, o que
vocês estão fazendo aqui? Espero que trabalhando porque se Castle usou vocês
para vir me apanhar, vou mata-lo. Ela riu mas percebeu que eles continuavam
sérios – o que foi?
- Kate
precisamos que venha conosco... aconteceu um acidente. Castle... ele... – Ryan
não teve a oportunidade de concluir, as suas palavras a atingiram em cheio. A
cor sumiu de suas bochechas e ela foi capaz de sentir apenas o chão frio antes
da escuridão. Desmaiara.
- Kate! – Ryan
tentou segura-la e olhou assustado para Esposito – Kate!
Continua....
3 comentários:
Poxa vida.. Castelinho nãoooo!!! Espero q n tenha sido mt grave e pelo q entendi, becks pode tá grávidaaaa??? #IaAdorar
Tais querendo me matar mesmo de curiosidade né mais não vai kkkkkkk quero ver o que vai acontecer no próximo capitulo to ansiosa d+ e acho que a Becks tá grávida e que não tenha acontecido nada com o Castelinho hein ficou boa mesmo <3 pliss
PQP KATIE!!!!!!!!
Gente,quero matar esse desgraçado coitada da Bex e essa equipe dela estou adorando,mas claro nada se compara a NYPD ;)
ACHO QUE A KBEX ESTA GRÁVIDA =0
o que aconeceu com o Castelinho???Como assim acidente?????PRECISO DO PROXIMO CAP.!!!!!!!
Postar um comentário