Nota da Autora: Demorei, mas saiu o capitulo. Li as mensagens e as sugestões. Como essa é uma fic AU, resolvi dar uma misturada tirando o foco do que realmente iria acontecer da 2a para a 3a temporada. Reflexões e reflexões. Kate está mesmo confusa e cega porque no fundo morre de amores pelo escritor. Nesse capitulo também veremos a saga do apto. E quanto aos Hamptons... fica pra próxima postagem! Enjoy!
Cap.10
Dana não falou
nada a princípio. Gostaria de deixa-la tomar a iniciativa completando seu
primeiro pensamento. Kate caminhou até o divã tentando ficar mais à vontade
diante da terapeuta. Vendo que sua paciente tinha dificuldades para continuar a
conversa, ela tomou a frente da situação perguntando, o que daria a Kate uma
chance de falar abertamente.
- Imagino
pelas suas palavras que “aconteceu de novo” significa que você dormiu com
Castle. Estou certa?
- Sim, foi
exatamente isso. Só que... isso não foi tudo o que aconteceu.
- Por que você
não me explica melhor o que aconteceu? De preferência com o máximo de detalhes.
- Eu não sei
como explicar o que exatamente essa situação representou. Na verdade, Castle e
eu dormimos juntos, porém mais coisas aconteceram desde a última vez que estive
aqui. Eu encontrei a pessoa que atirou na minha mãe, a mando de alguém
poderoso. Infelizmente, eu não consegui descobrir quem era porque ele tomou
Castle como refém em pleno distrito. E-eu atirei nele, em Coonan, para salvá-lo.
Ele se sentiu culpado por ter me feito perder a pista sobre o assassino da
minha mãe. Chegou a dizer que estava tudo terminado entre nós, a nossa parceria
– ela corrigiu rapidamente antes que passasse a ideia errada.
- E foi por
isso que dormiu com ele? Para não deixa-lo partir? Como se sentiu sobre isso?
- Não! Eu
disse a ele que não foi sua culpa, falei que era importante tê-lo ao meu lado,
tornando meu trabalho mais fácil. E se não fosse pela sua insistência, não
teria encontrado o algoz da minha mãe. Quando vi Castle na minha frente dizendo
que ia embora, eu fiquei triste, senti um vazio. Quer dizer, eu me acostumei a
tê-lo ao meu lado. Suas ideias idiotas me fazem rir.
- Então, você
dormiu com ele?
- Não, Dana.
Tivemos um caso complicado com a intervenção do FBI. Um serial killer estava
matando em nome de Nikki Heat e me desafiou a pegá-lo. O problema é que quando
se tem o FBI à frente de uma investigação, a probabilidade de você ser expulsa
do seu próprio caso é bem iminente. Meu capitão concordou em me afastar do caso
porque o assassino queria me matar. Ele apareceu no meu apartamento. Disse que
não me deixaria ficar sozinha porque se tudo aquilo estava acontecendo, era por
sua causa, afinal ele criara Nikki Heat. Claro que não era bem assim, mas eu
estava muito cansada para argumentar qualquer coisa com Castle. Por conta do
caso, eu não conseguia dormir, também ficava me lembrando que ele estava bem ao
lado, na minha sala – Kate passou a mão nos cabelos. Suspirou.
- Eu acabei
encontrando-o acordado. Conversamos e... nós transamos. Só que... dessa vez foi
diferente. Eu não sei dizer porque. Acho que estou falando bobagens. Devo ter
sido envolvida pelo efeito do caso, acabei interpretando sinais de maneira
errada. Não aconteceu somente dessa vez – ela deu uma pausa percebendo que Dana
fazia algumas anotações - O assassino colocou uma bomba no meu apartamento, se
não fosse por Castle, eu poderia estar morta. Ele me ajudou, me deu abrigo. Não
tenho um lugar onde morar, estou procurando apartamento. Enquanto isso, estou
no loft de Castle. Foi onde dormimos juntos novamente.
- Então, dessa
segunda vez, você atribui o ato a uma espécie de gratidão pelo que ele fez? –
instigou Dana sabendo que essa não era nem de longe a resposta. Kate estava
apaixonada pelo escritor e não conseguia admitir ou ainda não caíra a ficha.
- Não.
Aconteceu porque eu estava com vontade. Porque o corpo falou mais alto – Kate
suspirou uma vez mais – tudo bem, acredito que as circunstâncias foram propícias
para isso acontecer. Estava muito mexida com tudo que acontecera, não é todo o
dia que você se vê expulsa de seu próprio caso, sem teto e sem noção do que
fazer. Castle foi realmente atencioso diante de toda a situação. Foi parceiro.
Era um caso difícil. Pela primeira vez em muito tempo, eu posso dizer que a
parceria funcionou muito bem. Ele foi meu backup e não decepcionou. Ele salvou
minha vida novamente.
- Parece que
Castle tem uma tendência a príncipe encantado. Já lhe salvou algumas vezes,
não? – provocou a terapeuta.
- Não é bem
assim. Ele não é nenhum príncipe.
- Não é o que
o seu comportamento me diz. Dormiu com ele duas vezes em um mesmo caso. O que
isso significou para você?
- E por que
tem que significar algo? – Kate retrucou sabendo que a terapeuta se referia ao
lance do comportamento da relação. Viu quando a mesma ergueu a sobrancelha – eu
estava com os nervos à flor da pele, preocupada com as mortes, as ameaças. Sexo
foi uma válvula de escape. Talvez tenha exagerado na minha maneira de explicar.
- Você não
está sendo honesta, Kate.
- Tudo bem –
ela soltou um longo suspiro – eu me senti segura. Confortável. Não foi apenas
sexo. Talvez ambos estivéssemos procurando um conforto, a companhia um do outro
para nos dar uma certa confiança. Precisava de forças para enfrentar o que
vinha pela frente. Castle proporcionou isso com seu toque, seus beijos, seus
carinhos.
- Kate, você
percebe o que acabou de me falar? A meu ver, seu ato deixou de ser uma questão
de desejo, apenas sexo. Para mim, você dormiu com Castle por vontade própria,
guiada por seu coração. Seus sentimentos. Diria que o seu diferente significa
íntimo. Você sabe que estou certa. Pode negar, mas tem sentimentos por Castle.
- Se por achar
que diferente é um algo mais, está errada. Eu não tenho um relacionamento com
Castle. Não tenho sentimentos por ele. Como eu disse, foi um impulso causado
pelo misto da emoção.
- Kate, seja
sincera. Sim, vocês tem um relacionamento profissional, são parceiros e quer
você aceite ou não, existe cumplicidade e sentimento. Você pode não estar
pronta para aceitar o que sente, pode preferir não enxergar o óbvio, porém seu
coração continua mandando os sinais. A culpa, o zelo, que outro homem faria
tudo o que Castle está fazendo para você se não se importasse? Ele criou uma
personagem inspirada em você, ele se importa, Kate. Pode escolher não
acreditar, ignorar, se fingir de cega. No fundo, sabe que existe um algo mais.
Se prefere ser teimosa, se recusa a admitir que poderia estender seu
relacionamento para o âmbito pessoal, é uma decisão exclusivamente sua. Não
posso obriga-la a ceder. Apenas gostaria de ressaltar que da forma que
enfrentou as dificuldades, suas experiências de quase morte, manter a carapuça
de cabeça dura pode ser um mau negócio, Kate. A vida é muito curta para
perdermos tempo com discussões filosóficas ou sem sentido. Viva o presente.
- É
complicado.
- Não, a vida
é simples. Nós que gostamos de complica-la, Kate.
- Não posso
ficar aqui discutindo o que deveria fazer. Meu relacionamento com Castle não é
a prioridade. Preciso de um lugar para morar.
- Concordo,
sua moradia é importante. Só que você não está desesperada, tem onde ficar.
Além do mais, você não viria até aqui conversar comigo se o seu lance com
Castle não fosse relevante, se não tivesse balançada pelos últimos
acontecimentos. Pode tentar se enganar por algum tempo, viver na cegueira,
contudo sentimentos sempre falam mais alto. Não importa o que aconteça, haverá
um modo dele atingi-la. Espero sinceramente que você perceba o quanto antes que
está lutando em vão. Torço para que escute seu coração. Derrube os muros, Kate.
Esse é o caminho.
Kate
permaneceu calada. As palavras da terapeuta sendo absolvidas vagarosamente por
ela. Nada era fácil entre eles e Kate não se sentia pronta para encarar seus
sentimentos como deveria ser.
- Melhor ocupar
minha mente com um teto para morar.
- É sua
escolha. Se precisar conversar, estarei aqui – a detetive se levantou do divã. Embora
tivesse ido ao consultório da terapeuta em busca de conselhos e respostas, Kate
saiu dali com mais dúvidas do que chegara. Confusão era o que sentia diante dos
argumentos de Dana. Por que as pessoas insistiam em imaginar um relacionamento
entre ela e Castle? Era algo tão óbvio assim? Ela não estava pronta. Havia
tanto o que fazer, sua vida estava uma bagunça e precisava deixar esses
sentimentos estranhos de lado para se organizar, necessitava tomar as rédeas,
ter o controle para se sentir segura novamente.
A tarde
resumiu-se a visitas a órgãos públicos e à seguradora. Recebera um telefonema
de Esposito sobre um caso, porém pediu para que ele e o parceiro cuidassem
dele. De volta ao loft por volta de seis da tarde, Kate encontrou a casa em
silêncio. Ou era assim que imaginara. Castle estava em seu escritório
rearrumando as coisas. Ao vê-la cruzar a sala de estar, ele levantou-se para
encontra-la. Ao ver a preocupação claramente em sua testa, ele sorriu sabendo
que precisava alegra-la.
- OI, Beckett.
Pensei que chegaria mais tarde, não estava no distrito. Onde esteve durante à
tarde? – ao ver o pequeno bico se formar, ele optou por mudar de tática – deixa
pra lá. Tenho boas noticias para você, se quiser conversar agora.
- O que foi,
Castle?
- Tomei a liberdade
de conversar com uma amiga corretora. Ela me passou uma relação com cinco
apartamentos potenciais para venda. Disse que pode nos levar até os endereços
para que você avalie os imóveis. Fica a sua disposição.
- Castle, eu
disse que ainda ia pensar sobre o assunto. Demorei mais tempo do que pretendia
nesse lance de resgate de seguro – de repente, uma outra ideia lhe ocorreu –
espera, você está insistindo em encontrar um apartamento... estou incomodando?
Quer que eu vá embora?
- Claro que
não, Kate. Não seja temperamental. Eu quero ajuda-la, me sinto responsável pelo
que aconteceu ao seu apartamento. Por isso, quis encontrar algumas soluções. É
lógico que a escolha será sua, se quiser desconsiderar o que consegui, tudo
bem. Não ficarei chateado.
- Desculpe,
Castle. Sei que você só está querendo ajudar. É meio complicado escolher uma
nova moradia. Eu tenho um dinheiro fixo para encontrar o local ideal, numa
vizinhança relativamente barata próxima do trabalho e de preferência que não
tenha que gastar muito em reforma. Poderei aproveitar alguns móveis do meu
apartamento.
- Isso é
ótimo. Aqui – ele estendeu o papel para ela – dê uma olhada sem compromisso,
caso queira conversar com a corretora, posso pedir para vê-la no distrito.
- Obrigada. Eu
vou analisar e aviso. Vou tomar um banho, estou realmente cansada.
- Não quer
jantar?
- Depois... –
Kate subiu as escadas rumo ao quarto que ocupava no loft de Castle. Após um
banho demorado, ela se viu avaliando os endereços que ele havia lhe entregado.
Queria muito tornar fácil essa experiência de caçar um novo imóvel e estava
considerando seriamente a possibilidade de pedir a opinião dele e sua companhia
para as visitas. Incrível como por mais que tentasse manter sua relação com
Castle no âmbito profissional, algo sempre a colocava de volta no terreno
considerado por si mesma nebuloso. Ele estava pronto para ajuda-la, então por
que não aproveitar-se disso? Não era como se estivesse dependendo da opinião
dele para escolher sua nova moradia, nem que estivesse estendendo um convite
para morarem juntos. Chacoalhando a cabeça, ela se assustou com seu último
pensamento. De onde veio essa ideia? Não podia deixar as colocações de Dana
dominar sua mente.
Café.
Definitivamente precisava de uma dose de café. Talvez um bom sanduiche ou uma
salada para satisfazer seu estomago. Desceu para a cozinha já desejando aquele
café encorpado da máquina de expresso que ele tinha em casa. Encontrou-o
sentado no sofá assistindo o noticiário com um copo de vinho nas mãos.
- Hey, quer um
pouco de vinho?
- Até que não
seria má ideia, mas meu corpo grita por cafeína.
- Ah, o eterno
vício. Fique à vontade. Quer comer? Posso preparar uma refeição rápida. Uma
saborosa omelete. Que tal?
- Não quero
dar trabalho. Pode deixar que eu me viro – ele se levantou seguindo em direção
a cozinha. Ao ver que ela apanhava com a máquina de expresso, sorriu.
Aproximou-se dela retirando a caneca de sua mão.
- Sente-se,
Kate. Você e essa máquina realmente não se conversam. Deixe-me preparar um
Castle especial para você. E seu café preferido, com essência de vanilla –
abriu a geladeira retirando os ovos, queijo mussarela, provolone – vejamos,
cebola, alho, salsa. Definitivamente, salsão. Bacon e cogumelos. Tempero...
pimenta do reino, sal marinho. Orégano, quer algo picante detetive?
- Por que não?
– ela respondeu já salivando diante da mistura proposta por Castle.
- Sendo assim,
pimenta calabresa. Prepare-se, pois você não vai querer parar de comer essa
omelete. Eu garanto – Castle manejava habilmente a frigideira mostrando sua
facilidade em preparar esse tipo de alimento. Enquanto esperava, Kate sorvia um
pouco do café. Puxou o papel do bolso com as sugestões de imóveis dadas por
ele. Vendo que ela se mostrava receptiva as suas sugestões, resolveu comentar –
vejo que está considerando os imóveis que sugeri. Parecem atrativos?
- Realmente
não sei como responder a sua pergunta. Se sua corretora considerou você como
padrão, tenho um grande problema nas mãos. Você é milionário. Eu sou uma
simples policial.
- Eu não disse
que era para mim. Usei Alexis e segui uma ideia que se aplicasse bem a você.
- Sendo assim,
você acha que podemos marcar as visitas para sábado? São cinco imóveis. Creio
que conseguimos avalia-los em um dia.
- Avalia-los?
Você está me pedindo para acompanha-la?
- Seria um
problema para você, Castle?
- Claro que
não. É um prazer ajuda-la, detetive. Vou agendar logo pela manhã – ele retirou
a omelete com a espátula colocando-a no prato a sua frente – aqui está, bon
appetit, ma cherie!
- Merci - Assim
que provou o primeiro pedaço, Kate fechou os olhos – Castle, isso está
realmente delicioso! Você não vai comer? Devia.
- Está bom
mesmo? – ele perguntou sorrindo por ver que conseguira fazê-la abrir um sorriso
maravilhoso. Sem pensar duas vezes, ela encheu o garfo levando até a boca de
Castle – hum... acertei mesmo. Vou fazer um para mim. Então, ele se entreteve
cozinhando enquanto Kate se divertia saboreando a comida. Ainda conversaram um
bom tempo antes dela pedir licença e se recolher para dormir.
No dia
seguinte no distrito, o trabalho estava devagar. Beckett auxiliou Ryan e
Esposito a fechar o caso do dia anterior, restando aos dois terminar o
relatório. Um outro colega detetive pediu a ajuda dela para encontrar uma nova
pista. Castle, como sempre se intrometera no assunto acabando por contribuir
para a investigação, o que animou bastante o policial. Claro que ele não perdeu
a oportunidade de se autoelogiar.
- Está vendo,
detetive Beckett? Eu sou realmente útil para vocês, policiais. A NYPD deveria
mandar fazer uma foto gigante minha e pendurar na parede bem no meio do
distrito.
- Sei, sei.
Seria uma boa ideia se nosso distrito tivesse um problema com insetos e moscas.
- Ouch! Que
insensível você é, Beckett. Tudo bem, sei que está falando da boca pra fora.
Afinal, você é uma grande admiradora desse escritor. Devo acrescentar, em todos
os sentidos – foi terminar a frase que Castle sentiu o beliscão com vontade em
sua orelha – ai, ai, ai...
- Cala a boca,
Castle – virou-se dando as costas para ele sorrindo.
Por ser
sexta-feira, ela organizou suas pastas, respondeu os emails e arquivos todos os
casos fechados que ainda estavam sobre sua mesa. Após uma nova caneca de café
preparada por Castle, decidiu declarar o expediente como encerrado. Ao procura-lo
nos arredores, percebeu que ele sumira. Aliás, fazia pelo menos quinze minutos
que não ouvia sua voz. Com a caneca vazia em mãos, ela dirigiu-se para a
minicopa. Castle estava de costas aparentemente discutindo ao telefone.
- Gina, eu
sei. Conheço minhas responsabilidades muito bem. Tenho um compromisso para
escrever minha próxima história de Nikki Heat e vou fazê-la. Não espero que
você entenda os últimos acontecimentos, o quanto estou envolvido com a NYPD. Não
estou falando de distração, Gina. A minha musa quase morreu, eu quase levei um
tiro. Será que você consegue compreender a extensão disso? – Beckett manteve-se
escorada na porta sem fazer qualquer barulho para não indicar sua presença,
ouvia atentamente a discussão – Gina, eu já disse para você. Até o fim do verão
você terá seu manuscrito em mãos. Tem minha palavra. Não, quer um manuscrito em
duas semanas? Por que? Não é assim que funciona. Certo, falamos depois – ele
desligou o celular e deixou um suspiro frustrado escapar-lhe entre os lábios.
Ele vinha
planejando ir até os Hamptons no verão para escrever o segundo volume da série.
Começara logo após fechar o contrato com a editora, porém diante dos últimos
acontecimentos, ele sequer lembrou-se de escrevê-lo. Parara no capitulo cinco.
Na verdade, Castle queria aproveitar a oportunidade e convidar Kate para
acompanha-lo aos Hamptons durante o verão. Depois de todo o stress que vinha
vivenciando, ela merecia um descanso, uma parada. Seria uma forma de relaxar e
estar perto dela. Somente não encontrara a maneira de convida-la
apropriadamente sem parecer metido, arrogante ou denotar segundas intenções.
Percebendo que
era seguro entrar na minicopa agora, fez propositalmente um certo ruído para
chamar a atenção dele. Castle virou-se para encara-la.
- Ah! Você
está aí. Por um momento de felicidade achei que tinha desaparecido da minha
vida – disse provocando-o.
- Não será tão
fácil assim, Beckett. Quer mais café? – disse ao ver a caneca vazia que ela
trazia em mãos.
- Não. Estou
de saída. É sexta-feira. Parece que os assassinatos resolveram tirar folga no
fim de semana. Você conseguiu falar com a corretora?
- Sim, está
agendado. Ela nos encontrará no loft às 9 horas. Veremos os cinco endereços do
papel que lhe dei e se algum a agradar, ela está aberta a negociar.
- Ótimo –
colocou a caneca dentro da pia e dirigiu-se à porta, ao notar que ele não se
mexera, ela se manifestou – vai ficar de plantão, Castle? Você vem ou não?
- Claro!
Vamos. Estava com vontade de comer uma massa. O que acha da gente sair? Jantar
numa cantina deliciosa que eu conheço no início da Union Square. As almôndegas
são de morrer.
- Eu passo.
Prefiro um hambúrguer suculento e bem cheio de gordura. Eu pago.
- Seu desejo é
uma ordem. Estou dentro.
Na manhã
seguinte, às nove horas em ponto a corretora estava na porta do loft. Juntos,
eles se dirigiram para o primeiro apartamento. Em menos de quinze minutos já
deixaram o local. Kate simplesmente detestou. O lugar era o oposto do que ela
gostava, a decoração ridícula e o espaço muito mal aproveitado.
- Eu realmente
sinto muito pelo local. Deveria saber que o estilo não era bem o que vocês
procuravam. Minha escolha foi baseada na vizinhança, pois é um bairro muito
bom. Vamos para o segundo.
Na segunda
tentativa, o apartamento era muito clean, as cores claras davam uma atmosfera
de amplitude muito boa. Kate adorou o quarto, o escritório e a pequena varanda.
Esse era um potencial candidato.
- Que lugar
encantador! – ela deixou escapar. Castle admirava o espaço com cuidado,
realmente gostando do que vira.
- O quarto é
muito bom, tem um closet para todos aqueles seus casacos. Gostei
particularmente da sala com a pequena varanda. Ótima para beber um vinho ao fim
da noite – disse ele sorrindo para a policial. A corretora ficou animada por
ver a alegria dos dois.
- Sim,
certamente é um ótimo espaço. Tem tudo que um jovem casal gosta podendo
desfrutar de todos os momentos a dois. combina com vocês para ser sincera.
- Não somos um
casal – retrucou Kate.
- Ah, desculpe
– disse a corretora sem graça – é que eu pensei... desculpe.
- Tudo bem, é
um erro comum. Afinal, quem dispensaria um cara bonitão como eu? – disse Castle
todo faceiro para irritar Beckett.
- É verdade –
disse a corretora – poucas como eu e Kate. Sou casada – diante da cortada
recebida, Kate caiu na gargalhada.
Apreciando um
pouco mais do que via a sua frente, Kate estava balançada com aquele
apartamento. Sua localização era ótima e tinha tudo para ser sua nova moradia,
exceto o preço. Kate quase caiu para trás quando ouvia a quantia, porém
manteve-se calma e séria para não demonstrar seu choque diante da profissional.
O terceiro era
um loft localizado em um bairro ruim. Velho conhecido de confusões pela
detetive em seus dias de patrulha. A fama do bairro era lastimável, portanto
descartado na avaliação de Kate. Na quarta tentativa, ela torceu o nariz e
Castle foi bem enfático na sua análise.
- Quanto mau
gosto distribuído em tão poucos metros quadrados! Kate, esse é definitivamente
um não. Horrível!
- Castle, menos!
– ela resmungou baixinho - Caramba! Desculpe, Alice.
- Tudo bem, é
importante ser sincero. Para mim é uma avaliação para futuras referências.
Vamos para o próximo?
O quinto e
último apartamento trazia um estilo bem diferente e próprio de todos os demais.
Localizado na mesma vizinhança do antigo apartamento, o loft ficava no último
andar de um prédio de cinco. Com um visual eclético e meio industrial, vinha
com grande parte dos moveis, estantes para vários livros, uma cozinha
agradável, um pequeno escritório antes do quarto e separado da sala de estar
igualmente aconchegante. Tinha uma pequena lareira e uma excelente iluminação
proporcionada por uma daquelas surpresas que só se encontrava em Manhattan,
janelas que vão do teto até o chão e uma metade de parede onde uma escada
levava a uma porta com acesso ao telhado.
Observando o
lugar, Kate chegou à conclusão que poderia viver ali. Claro que tudo dependeria
do preço, porque não queria criar expectativas diante do que já presenciara
anteriormente com o segundo apartamento. Castle estava calado ainda observando
o lugar. Percebendo detalhes. Ela estava curiosa para saber qual a opinião
dele. Voltando a rua, a corretora entregou a tabela com todos os preços das
unidades visitadas. Eles agradeceram e voltaram para o loft, não sem antes
pegar comida chinesa no caminho. Eram quase quatro da tarde e estavam famintos.
Já no loft de
Castle, devidamente sentados para fazer a refeição, Kate colocou a informação
de preços diante de si para digerir valores e possibilidades. Ainda queria
ouvir a opinião de Castle quanto ao que vira.
- Deixe isso
de lado por hora. Vamos aproveitar nossa comida. Prometo que faço um café e
podemos conversar depois. Pela minha avaliação, acredito que você pode escolher
um dos cinco para morar. Não terá necessidade de sair pelas ruas de Nova York
novamente procurando outras opções.
- Você fala
isso porque não depende do dinheiro. Afinal, você é um escritor de Best-seller
milionário.
- Você não me
mostrou os valores... – ele disse querendo tirar por menos o comentário dela.
- Não foi você
que me disse para aproveitar o almoço? – respondeu fazendo-o provar da mesma
moeda.
- É justo.
Preso pela mesma armadilha que lancei - eles terminaram a refeição enquanto
conversavam sobre outros assuntos que não fossem imóveis. Ela ria das histórias
malucas de Castle e aproveitou para perguntar sobre como e porque ele roubara
um cavalo no Central Park. Beckett sempre teve curiosidade de saber.
Infelizmente, o conto não era tão bonito assim - Tem certeza que quer saber?
- Sou uma
pessoa curiosa, Castle e algo me diz que essa sua aventura é boa.
-
Infelizmente, sinto decepciona-la, detetive Beckett. Você não fará bom juízo da
minha pessoa.
- Não seria
novidade...
- Ok... eu
mereci – disse entortando a boca - De qualquer forma, eu estava em uma festa
daquelas, muito boa mesmo. Bebida à vontade, comida e mulheres, muitas
mulheres. Eu perdi a conta de quanto bebi. Eles tinham uns coquetéis
maravilhosos à base de whisky e vodca que te faziam querer vira-los um atrás do
outro. Também perdi a noção do que acontecia ao meu redor. O salão de festas do
prédio dava para o parque. De repente, uma loira muito louca se aproxima de
mim. Claro que ela também estava muito chapada. Começamos a dançar e virar
copos. Tudo era diversão até que o clima esquentou...
- Nossa!
Poupe-me dos detalhes, principalmente a parte que você tira a roupa e faz sexo
com ela.
- Não foi o
que aconteceu. A maluca simplesmente deu a entender que queria transar, até aí
nada de mais. O problema foi quando ela começou a tirar minha roupa e cismou que
eu era o amor da vida dela. Eu nunca tinha sido agarrado em público de maneira
tão estranha. Ela queria transar ali mesmo, gritava juras de amor. Eu não
conseguia me livrar dela, era forte ou talvez era a loucura falando mais alto.
Estava desesperado. De verdade. Consegui escapar um instante dela e sai
correndo rumo ao parque, só que a maluca veio atrás. Não pensei duas vezes. Ao
me ver correndo em pleno Central Park nu, sabia que precisava arranjar uma
forma de ir imediatamente para casa. Então, eu vi o cavalo. Foi instinto puro.
Acho que aquele cavalo nunca correu tanto na vida. Ainda bem que o prefeito é
um fã. Muito tosca essa história, não?
- Muito. Mas
ainda estou intrigada com o fato de você ter sido dominado por uma mulher e
fugir de sexo.
- Ela era
muito forte e eu estava muito bêbado!
- Pensei que
gostasse de fazer sexo com pessoas loucas, não foi o que você me disse sobre
Meredith?
- Até a
loucura deve ter limites, Kate – a cara de espanto de Castle ao declarar isso
fez Kate gargalhar. Ele levantou-se para preparar o café enquanto ela recolhia
as louças sujas. Sentaram-se no sofá para falarem das visitas e trocarem
opiniões sobre o que viram.
- Vamos lá.
Vou fazer um resumo sobre o que vi. Apartamento número um. Feio e mal
aproveitado. O segundo, definitivamente meu preferido. Combina com você,
estiloso, com classe e clean. Perfeito para a detetive Beckett. O terceiro em
um bairro muito perigoso. O quarto nem merece comentário. Já expus minha
opinião. O quinto também é muito bom. Achei interessante a vista, a iluminação.
É uma boa opção, não sei se gosto tanto da decoração assim, tem uma certa
leveza e pode ser funcional. Mesmo assim, fico com o segundo. Agora é sua vez.
- A minha
avaliação é bem parecida com a sua, portanto irei resumi-la. Estou em dúvida
quanto ao segundo e o quinto. O problema é o valor. Não posso pagar pelo
segundo. Está acima do meu orçamento em duzentos mil dólares. Já o outro, está
me deixando com cinquenta mil a mais para reparos e decoração, além da parcela
mensal do financiamento do resto.
- Kate, você
tem que morar no lugar que mais te agrada. Aquele que você consiga chamar de
lar. Não deve pensar no que pode ou não pagar. Tem que se dá uma chance de
escolher o melhor.
- Você fala
isso porque não tem problemas com dinheiro. Não posso arcar com um lugar
desses, Castle.
- Se quiser,
posso financiar o restante para você – Kate olhou para ele intrigada. Como ele
poderia estar dizendo isso a ela?
- De jeito
nenhum! Não quero seu dinheiro. Eu trabalho desde meus quinze anos, sempre vivi
dentro do meu orçamento. Não será agora que fugirei disso. Sou uma detetive,
sei qual é o meu limite e a única maneira de conseguir comprar um novo
apartamento agora é por causa do seguro. Tenho umas economias, mas nem de longe
poderia arcar com isso.
- Tem certeza?
Poderia ser um empréstimo...
- Não, Castle.
A decisão está tomada. Eu realmente gostei do último apartamento que vimos. Em
especial aquela escada e a passagem para o telhado. Está dentro do que posso,
no mesmo bairro e acredito que posso ser bem feliz ali. É aconchegante,
moderno. Também posso colocar alguns dos meus objetos do antigo apartamento.
- Tudo bem.
Você apenas deve ter certeza de que está fazendo o que te agrada, sendo
assim...
- Vou ligar
para a Alice. Espero que não demore com tanta burocracia – pegando o telefone,
ela discou o número no cartão. Começou a negociar com a corretora ali mesmo na
frente de Castle. Conversa vai, conversa vem e ele percebeu que a cara de
Beckett não era das melhores. Esperaria o contato acabar para entender o porquê.
Dez minutos depois, ela desligou.
- Então?
- Então que o
apartamento pode ser vendido, porém eu somente poderei me mudar daqui a quinze
dias! Isso é tão frustrante! Depois de muita negociação consegui reduzir esse
prazo para dez dias.
- Kate, tudo
bem. Ninguém está te expulsando. Fique o tempo que precisar.
- Eu sei
disso, Castle. Porém, é muito chato. Aqui não é realmente minha casa. Sinto que
estou, de certa forma, incomodando, tirando seu conforto, da sua mãe, de
Alexis.
- Nada disso.
Você não está atrapalhando ninguém.
- Pelo menos
eu já encontrei um novo lugar. Segunda-feira tenho que encontrar com ela no
banco para concluir a transação. Além disso, vou precisar encaixotar o que
sobrou do incêndio no meu antigo apartamento.
- Você tem dez
dias para fazer isso. Posso ajuda-la sem problemas. E talvez chamar Espo e
Ryan. Aposto que não se recusariam.
- É uma boa
ideia. Vou propor a eles para o próximo fim de semana.
- Agora que
você já acertou tudo, que tal uma taça de vinho para comemorar sua nova casa? A
ocasião merece.
- Tem razão.
Eu aceito – Castle levantou-se sorridente para buscar o vinho.
Nos dias que
se seguiram, muitas novidades cruzaram o caminho de Castle e Beckett. Além de
estarem em contagem regressiva para a saída dela do loft, a atmosfera na
delegacia mudou no último caso. Um antigo companheiro de Esposito apareceu
pedindo ajuda em um caso. Até aí, nada demais se o rapaz não fosse simpático,
charmoso e bonito. Logo à primeira vista, Castle percebeu o olhar comprido dele
para sua musa. Da mesma maneira que pegou a detetive observando Tom Demming.
Castle fazia o possível para prolongar a estada de Kate em seu loft,
transformando as noites em eventos divertidos ou jantares gostosos. Beckett
conseguira convencer os amigos a fazerem a mudança dela. Aconteceria no próximo
sábado. Quer dizer, encaixotaria tudo. A mudança mesmo somente três dias depois.
Beckett
conhecera Demming antes de ser apresentada por Espo. Encontrara com ele na
academia do distrito. Não escapara a detetive o belo corpo do policial, o
sorriso e a postura. Também percebeu a reação nada amigável de Castle ao
conhecê-lo. De repente, ela considerou isso uma boa oportunidade de implicar
com o escritor. Visivelmente tomado pelo ciúme, ele costumava desprezar tudo
que o detetive sugeria. Beckett aproveitava-se disso deixando-o de escanteio, o
que aborrecia ainda mais o seu suposto parceiro.
Os dias foram
passando, o caso foi concluído, mas não sem antes Castle acusar Demming de
policial corrupto e aparentemente as coisas voltavam ao normal no distrito. Ou
assim pensou o escritor. Demming parecia não querer deixar a divisão de
homicídios. Felizmente, Castle e Beckett tinham outra preocupação em mente.
Fazer a mudança. Trabalharam juntos desde a sexta à noite até à tarde de
domingo. Beckett tinha razão, o apartamento ficara muito gracioso quando ela
colocou seu toque lá dentro. Bem ao estilo de Kate Beckett.
Terminado os
trabalhos, Castle abriu uma garrafa de vinho que trouxera para comemorar. Em
seguida, sugeriu que eles voltassem para seu loft, tomassem um banho e saíssem
para jantar. O plano não funcionou como ele gostaria. Kate afirmou estar muito
cansada, sem ânimo para sair. Essa ainda não seria a primeira noite que
passaria em seu novo apartamento. Ela ainda tinha roupas e objetos pessoais no
loft que pretendia trazer no dia seguinte. Fizeram uma refeição leve naquela
noite e Castle já estava um pouco triste pela partida iminente dela.
Na segunda
seguinte, outro caso caiu no colo de Beckett. Novamente, o detetive Demming
estava presente para ajudar. Ciente da dinâmica existente entre Castle e
Beckett, ele sabia que deveria ir com calma se quisesse ter uma chance com a
detetive. Primeiramente, ele aproximou-se do escritor para saber que tipo de
relacionamento eles tinham. Quando Castle muito a contragosto revela que a
natureza era apenas profissional, fica claro que acabara de deixar o caminho
livre para Demming. Da sua posição, Beckett foi brindada por uma competição
interessante entre dois homens charmosos, inteligentes e teimosos que decidiram
disputar sua atenção.
Kate estava
lisonjeada com a atenção dedicada de ambos. Que mulher não ficaria? O problema
era que mesmo vendo em Demming um potencial relacionamento para se desvencilhar
de vez daquele desejo que nutria e sentia por Castle, ela não se sentia
confortável em experimentar essa nova situação. Estava dividida. Tom a
convidara para jantar, convite que aceitara apesar de ainda não ter revelado
nada a Castle. Passara um tempo convivendo com o escritor quase que 24 horas
por dia, enfrentaram momentos difíceis juntos, criaram um vínculo diferente.
Por mais que ela tentasse negar ou fugir, uma espécie de amizade crescia entre
os dois. Havia respeito. Havia desejo. Kate não queria feri-lo, não depois de
tudo que ele fizera para ajuda-la.
Castle também
estava apreensivo com o lobo rondando sua área. Era a última noite de Kate no
loft e ele ainda não estava preparado para não encontra-la sentada de frente
para o seu balcão todas as manhãs na hora do café. Também não encontrara a
forma ideal para convida-la aos Hamptons no verão.
À noite, eles
jantaram depois de Kate arrumar todos os seus pertences. As caixas estavam na
sala de Castle esperando por ela. Prometera a Castle que jantaria com ele essa
última noite. Felizmente, estavam somente os dois no loft. Sentada no sofá
bebericando mais uma taça de vinho, criava coragem para ir embora e agradecê-lo
por tudo. Claro que continuaria tendo-o como sombra, porém nesses tempos em que
dividiram o mesmo teto, acabaram desenvolvendo uma dinâmica diferente. Kate
tentava imaginar o que Dana falaria se soubesse disso.
- Eu realmente
preciso ir – disse Kate colocando a taça sobre a mesinha de centro – me ajuda a
levar as caixas para o carro?
- Claro. Vem,
são apenas duas. Posso leva-las – Castle se levantou pegando as duas caixas de
uma vez. Não estavam tão pesadas, imaginou. Estava errado – caramba! O que você
colocou aqui? Chumbo?
- Roupas,
maquiagens, cremes. Vamos, posso levar uma.
- Meu Deus!
Melhor levar uma de cada vez ou posso dar um jeito na coluna. E a resposta é
não. Você irá ficar sentada aqui apenas observando, não quero ferir minha
masculinidade mais do que ela já foi afetada hoje.
Beckett sabia
que ele estava falando de Demming. Percebeu a mudança clara no olhar do
escritor. Mesmo sem ter feito nada, sabia que já o machucara. Isso é tão
estranho, pensou. Por que Castle ficaria tão enciumado com a presença de Tom? As
palavras de Dana ecoaram em sua mente “ele se importa”. Precisava ser honesta
com ele. Não iria esconder que havia uma possibilidade dela namorar o detetive.
Assim que ele voltara ao apartamento com o dever cumprido, ela tinha duas
missões. Agradecer pelo apoio dado e contar sobre o encontro.
- Estão na
mala do seu carro. Tem certeza que não quer que a acompanhe até o apartamento?
Pode precisar de uma mãozinha com aquele peso todo.
- Eu me viro –
ela se aproximou dele. Ficaram alguns segundos frente a frente olhando um para
o outro. Como se quisessem prolongar o momento daquela despedida. Torna-la real
era difícil – Castle, gostaria de agradecer por tudo. Poucas pessoas fariam o
que você fez por mim. Salvando minha vida duas vezes, me dando abrigo, me
apoiando. Tenho uma dívida com você.
- Não, Kate.
Fiz o que era certo, o que estava ao meu alcance. Você não me deve nada. As
minhas ações foram altruístas, fiz porque a admiro, gosto de você e tive minha
contribuição nessa confusão toda. Acredite, você merece cada um dos gestos –
ele aproximou o rosto dela. Milímetros separavam seus lábios. Castle não
esperou um sinal. Inclinou-se sorvendo os lábios a sua frente carinhosamente. O
contato que iniciava devagar, com cautela, começava a despertar as mesmas
reações que sempre aconteciam quando ambos se tocavam. Automaticamente, as mãos
dela enroscaram-se no pescoço dele deixando os dedos deslizarem pelos cabelos
dele enquanto aprofundava o beijo. Castle a envolvia pela cintura,
aproximando-a da parede, colando seu corpo no dela.
Por mais que
ansiasse por esse contato, Kate entendia que era errado continuar e atravessar
o próximo nível. Com as mãos no peito dele, empurrou-o de leve, querendo
afasta-lo de si antes que fosse tomada pelo desejo que acendia dentro de si e
cometesse uma nova loucura.
- Castle...
por favor... pare... – agora, ele devorava o pescoço dela fazendo o coração
palpitar e a voz ficar rouca – Castle... não! – conseguiu empurra-lo. No rosto
dele, uma grande interrogação se formara – prometemos que não faríamos mais
isso. Não podemos complicar as coisas. Eu tenho outra noticia para falar.
Prefiro ser honesta com você.
- Você ainda
acredita que o que fazemos esporadicamente é para passar o tempo, curtição?
- Não quero
discutir sobre isso. Falamos em manter nossa relação no âmbito profissional. Não
vamos misturar as coisas. Realmente estou muito agradecida por sua ajuda. Por
me aturar todo esse tempo e ainda oferecer seus conhecimentos para encontrar um
novo apartamento. Significou muito – Beckett se afastou ainda mais dele, passando
as mãos nos cabelos. Certamente o que iria contar não era agradável. Ele já
conhecia alguns trejeitos da detetive e esse gesto era sinal de nervosismo.
- O que foi,
Kate? Sei que não vai me contar uma coisa boa. Seu rosto, sua linguagem
corporal já a entregaram. Melhor falar de uma vez.
- Demming. Ele
me convidou para sair. Um jantar. Um encontro – como suspeitava, a expressão de
derrota e tristeza se fizera presente nos olhos azuis – eu aceitei, Castle.
Será melhor dar uma chance a mim, a ele. Não sei se dará certo, não estou me
sentindo preparada para começar um relacionamento, mas talvez seja o melhor a
fazer nesse momento. Quanto a nós, nada muda. Você continuará me seguindo, Tom
não trabalha no mesmo distrito que eu, então...
- Então será
mais fácil para que eu não veja o que acontece entre vocês. Entendi, Beckett.
Aprecio sua honestidade mesmo não entendendo sua escolha. Não se preocupe, não
irei atrapalhar a sua vida. Estou correndo contra o tempo com o segundo livro
da série, preciso me concentrar em escrever. A pesquisa irá continuar, seremos
bons profissionais.
- Castle, eu
não quero que pense... não queria magoa-lo, eu só pensei... – ele a cortou
procurando dar um fim aquela conversa.
- Não importa
mais o que pensou, Beckett. Você tomou uma decisão, cabe a mim respeita-la – a
forma como ele pronunciara seu nome. Beckett, não Kate. Foi frio, distante. Uma
apunhalada em seu coração.
- É melhor eu
ir agora. Mais uma vez, muito obrigada de verdade – ela caminhou para a porta,
engoliu em seco ao olhar novamente para o loft e em seguida para ele – boa
noite, Castle. Vejo você amanhã no distrito?
- Claro.
Afinal, tenho trabalho a fazer. Boa noite, detetive Beckett – a porta fechou
atrás de si. Boa noite. Seco, rápido não o tão agradável “até amanhã”.
Suspirando, Kate desceu pelo elevador rumo ao seu novo apartamento. Sua
primeira noite ali seria bem diferente do que imaginara. Resignada, ela
colocara na cabeça que se convenceria que fizera a coisa certa.
Duas semanas
depois...
Castle tentava
se adaptar ao novo modo de vida de Beckett. Aparentemente, sua relação com o
detetive estava caminhando bem. Ele percebia o cuidado da detetive ao se
pronunciar quanto ao assunto. Kate conseguia ser bastante discreta, o que
ajudava evitando que ele presenciasse algo desagradável entre os dois
namorados. Mesmo em um relacionamento, Castle não estava completamente
convencido de que a mudança fizera bem a Kate. Para alguém vivendo uma suposta
nova paixão, ela não parecia nem um pouco empolgada.
Na verdade, durante
um caso que investigavam ela encontrara uma antiga amiga Maddie. Castle
aproveitou-se da oportunidade para tentar descobrir segredos de Kate Beckett.
Convidando-a para jantar, ele acabou usufruindo de um momento gastronômico
extremamente agradável na companhia dela o que parecia ter despertado um pouco
de ciúmes na detetive. Tanto que ela acabou por atrapalhar o jantar.
Quando Beckett
se trancou na sala com a amiga, Maddie a acusou de estar querendo sabota-la
novamente como já fizera no passado, quando ambas gostavam do mesmo garoto e
acabaram brigando e se separando depois disso. Maddie a acusou de estar tendo
uma crise de ciúmes e sacara logo que a amiga gostava de Castle. Acusou-a de
querer ficar e transar com ele. Beckett entrou em pânico, pois não só a
suposição da amiga não estava totalmente errada, como ele ouvira tudo o que
conversavam da sala de observação.
Mesmo que o
real motivo por interromper o jantar tivesse referência com o caso, Beckett
admitia para si mesma que ver Castle com a amiga foi duro. Sim, tivera ciúmes
principalmente por saber que Maddie era uma mulher inteligente e atraente.
Podia certamente dormir com o escritor se quisesse, quanto a ela? Não havia
nada que pudesse fazer. Fora ela quem decidira se comprometer com Tom em um relacionamento.
Ao contrário de Castle que estava livre para fazer o que quisesse. O que isso
importava? Era a pergunta que não queria calar em sua mente. Talvez fosse a
hora de visitar Dana novamente.
Para Castle, a
noticia serviu de estimulo. A declaração de Maddie e a expressão que ele vira
no rosto de Beckett, amansaram seu coração indicando que nem tudo estava
perdido. Apesar de machucado com o novo relacionamento da detetive, talvez
ainda houvesse esperança. Infelizmente, nem tudo são flores. Até ali, a relação
de Beckett com o namorado era algo distante do escritor, como uma situação
hipotética sendo descrita em sua mente criativa. Conforme o ditado, o que os
olhos não veem, o coração não sente. Invariavelmente, o ditado podia se tornar
real algum dia. E aconteceu. Castle presenciou um beijo trocado entre Demming e
Beckett na saída da minicopa, estraçalhando seu coração.
Ver é bem pior
que imaginar. Arrasado, Castle decidiu ir mais cedo para casa alegando que
precisava escrever. Uma mentira leve que não faria mal a ninguém. Ele não podia
ficar naquele lugar olhando para ela após ter presenciado aquela cena
lamentável.
Em seu loft,
ele se serviu de um copo de whisky. O liquido desceu rápido, de uma vez,
queimando toda a extensão da garganta. A imagem continuava passando em sua
mente como se fosse um vídeo em constante looping. Não estava acostumado a
perder, doía. Contudo, não foi o beijo em si que o incomodou. Foi o fato de que
nem de longe aquele beijo se parecia com os dele. Faltava paixão, química, desejo.
Beckett optara por estar em um relacionamento apenas para não se envolver com
ele. Era isso? Ele não era homem suficiente para ela? O que a fizera fugir dele
e se entregar para um estranho? Perguntas e mais perguntas. Todas sem uma
resposta coerente ou certa.
Talvez fosse a
hora de recuar. Tirar seu time de campo por um tempo. Passar o verão nos
Hamptons escrevendo ainda era sua melhor opção para afastar-se do que lhe fazia
mal sem que criasse um clima estranho entre eles. A verdade é que sua parceria tornara-se
incerta. Até que ponto ele estava disposto a encara-la com outro? Castle estava
desistindo até mesmo de convida-la para acompanha-lo no verão. Não parecia
certo se analisasse racionalmente.
Ele se
preparava para tomar uma nova dose de whisky quando sua mãe apareceu em seu
escritório.
- Olá, kiddo.
Escrevendo? – perguntou ao vê-lo sentado a frente do notebook. Porém, logo
percebeu o semblante triste do filho – o que aconteceu? Brigou com a detetive
Beckett? Esse seria o único motivo dessa tristeza em seus olhos – Castle olhava
espantado para a mãe, Martha entendeu aquele gesto – o que? Sou sua mãe.
Conheço você muito bem a ponto de saber quem é capaz de afetá-lo desse jeito.
Quer conversar sobre isso?
- Eu não
briguei com a Beckett. Eu só não estou acostumado a perder.
- Perder? Até
onde sei a relação de vocês estava indo muito bem. Quero dizer a convivência
porque até hoje ainda não entendi o que vocês realmente tem. Via a interação
aqui em casa, as risadas, o tempo que passavam juntos conversando. O que mudou?
- Ela parece
estar namorando um detetive engomadinho.
- Ah! – ciúme
detectado, Martha pensou – filho, você está com ciúmes dela. Richard, desculpe
minha sinceridade, mas como você pode ter perdido algo que nunca teve? Você
disse como se sentia em relação à Katherine? Chegou a sugerir um outro tipo de
relacionamento entre vocês? Se não fizer, como ela vai saber que você está
interessado em mais? Quando você começou com a ideia de segui-la, não a
agradou. Porém, ela se adaptou e as coisas começaram a fluir entre vocês. A
questão é ela gostou dessa nova etapa, quer mais? Você não sabe.
- Mãe, eu sei
o que quero. Estava pensando em convida-la para ir passar o verão nos Hamptons
comigo, agora já não sei se é uma boa ideia.
- Por causa do
detetive. Richard, você a conhece mais do que eu. Acha que tem chance dela
aceitar uma proposta como essa? Lembre-se que Beckett não é uma das suas
garotas de uma noite que usa e depois manda embora. Ela é uma pessoa centrada,
que não aceita casualidades.
- Eu não
sugeriria se não soubesse que a possibilidade do sim existisse. Não havia
segundas intenções no convite. Pelo menos, não aparentemente.
- Não há, você
quer dizer. Ou já desistiu de convencê-la? Vai deixar esse detetive ficar com a
garota? Não foi isso que lhe ensinei, Richard – ela estava de frente para o
notebook do filho, percebera a pagina em branco – além do mais, se você não
resolver logo isso, talvez nem consiga escrever seu livro. Bloqueio, hum? Gina
não irá gostar nada de saber disso. Você já está atrasado com os prazos. Tome
uma decisão. Ou Beckett ou talvez não haja uma Nikki Heat – ela beijou o rosto
do filho e subiu para o seu quarto. Castle estava pensativo. Valia a pena
arriscar?
XXXXXX
Beckett seguia
com seu relacionamento mantendo o pé atrás. Nada contra o seu par. O problema
era ela. Tom era um cara atencioso, divertido, alguém que ela podia conversar
sobre trabalho sem criar aquele clima tedioso. Estavam saindo há quase um mês e
não passavam de jantares, cinemas, bares. Quanto ao nível do envolvimento, Kate
não passava dos beijinhos e uns esporádicos amassos. Faltava algo. Ela também
percebera que sua união com Tom, começava a ter um efeito ruim em sua relação
com Castle. Continuavam desvendando crimes, trocando ideias e teorias. Porém,
havia uma nova atmosfera, uma animosidade no ar. Ele saia cedo do distrito,
estava se dedicando ao seu livro. Isso era bom, contudo Kate desconfiava que
tinha mais que apenas o compromisso de escrever. Será que ele estava
evitando-a?
A própria Beckett
se perguntava por que ela não conseguia avançar em seu namoro com Tom. Por que
ainda não dormira com ele? As perguntas geravam dúvidas que martelavam em sua
cabeça sem trazer qualquer conclusão sensata. Por esse motivo, decidiu marcar
uma conversa com Dana.
Estava
esperando sua vez e arquitetando como contaria à terapeuta que estava namorando
outra pessoa que não era o Castle. Precisava passar a ideia como uma coisa boa.
Fazê-la acreditar que estava tudo bem. Seu papel ali era identificar como tratar
o próximo passo, avançar para a terceira base como os jovens gostam de dizer.
De repente, aquilo soou tão ridículo para Kate. Ela era uma mulher feita, podia
tomar suas decisões sozinha. Por que estava indo atrás de uma terapeuta para
ouvir o que deveria fazer? Fora um erro vir ali? Ela já se encontrava de pé
prestes a deixar o consultório quando a porta se abriu e Dana apareceu
sorrindo.
- Olá, Kate.
Estarei com você em um minuto. Preciso passar uma orientação para as meninas na
recepção. Pode entrar na sala – Kate não teve coragem de dizer não. Entrou e
esperou sentada no divã. A terapeuta voltou logo em seguida. Sentando-se de
frente para Kate, Dana pegou seu caderno de anotações, caneta, verificou suas
últimas notas e achou um assunto confortável para começar a conversa. Sabia que
da última vez, forçara uma situação com a detetive. Jogara em seu colo a falta
de decisão e a definição de seus sentimentos por Castle. Escolhera um tópico
tranquilo e neutro para fazê-la relaxar.
- Então, Kate.
Lembro de você comentar sobre o seu apartamento. Já conseguiu um lugar novo?
Está devidamente instalada?
- Ah, sim –
Dana viu a mulher a sua frente relaxar com a pergunta – deu um pouco de
trabalho, em especial a mudança e a papelada. Felizmente, tive ajuda.
- Até que você
encontrou um lugar rápido. Pensei que ia levar mais tempo.
- Eu também,
mas Castle tem bons contatos no ramo imobiliário e isso facilitou muito.
- Ele te
ajudou a encontrar o apartamento?
- Sim,
conseguiu a corretora e visitou os candidatos comigo. Na verdade, ele preferia
que tivesse demorado mais. Estava gostando de me ter por perto praticamente 24
horas no dia.
- E você? Se
sentiu confortável durante o período que esteve no loft?
- Foi
interessante. Claro que não era uma coisa definitiva. Todos nós queremos nosso
canto, nosso espaço. Ali eu era uma hóspede, mas todos fizeram eu me sentir em
casa.
- Imagino que
isso tenha fortalecido sua relação com Castle, sua parceria. Como se sentiu
quanto a isso?
- Bem, Castle
é um ótimo anfitrião. Tem aquela necessidade de fazer com que você se sinta
bem, à vontade. Nossa parceira ia bem até um mês atrás – ela fitou a terapeuta
para escolher bem as palavras – eu conheci alguém. Um detetive que apareceu no
meu distrito pedindo uma ajuda em um caso. Tom. Eu vi que Castle não gostou
muito disso. Eu me aproveitei disso para provoca-lo, mas agora que estou
namorando, percebo que houve uma mudança no modo de tratarmos um ao outro. No
trabalho, as atividades fluem, porém sinto que ele está mais distante. Anda escrevendo
muito ultimamente, segundo ele está apertado com o seu prazo para a editora. Só
que... não acredito que seja apenas isso.
- O seu namoro
com Tom afetou sua relação profissional com Castle. É essa a conclusão que
chegou?
- De certa
forma, sim – Kate percebera o tom usando pela terapeuta ao dizer profissional –
não é que ele torça o nariz para o meu namorado, ou diga que ele não serve.
Noto as diferenças em pequenos gestos. Eu faço o possível para não comentar
nada sobre Tom e o nosso relacionamento perto dele, sou bastante discreta.
Mesmo assim, percebo. Ele sempre me entrega o primeiro café da manhã. Isso não
aconteceu durante a primeira semana que comecei a sair com Tom. Quis ser
honesta com ele achando que seria melhor. Acho que errei.
- Não, honestidade
é sempre o melhor caminho. O que acontece com Castle é natural. Você não gosta
de ver alguém que se importa desfilando por ai com outro. É estranho.
- Eu não
desfilo por ai, não fico esfregando o namoro na cara dele.
- Claro que
não. Porque se preocupa com ele, com o que pode pensar. Não quer magoa-lo,
estou certa? – Kate balançou a cabeça em concordância – foi o que pensei. Kate,
posso fazer uma pergunta? Como está seu relacionamento com Tom?
- Tom é uma
pessoa ótima. Divertido, charmoso, ótimo detetive. Educado. Aquela pessoa que
você relaxa ao olhar nos olhos. Estamos bem.
- Deixe-me ser
um pouco mais objetiva. Você já dormiu com ele? – a pergunta pegou Beckett de
surpresa. Enrubesceu na hora com o comentário – pela sua reação, a resposta é
não.
- Ainda
estamos nos conhecendo.
- Estão juntos
há quanto tempo? – perguntou Dana.
- Um mês.
- Certo, um
mês. E você dormiu com Castle após dois dias. Kate, essa sua desculpa de que
estão se conhecendo é bem ridícula vindo de alguém como você. Sejamos francas.
Está adiando o acontecimento porque está dividida pelos seus sentimentos por
Castle. Teme magoa-lo ou pior, não se sente atraída por Tom da mesma maneira
para dar esse próximo passo.
- Isso não tem
nada a ver com a minha atração por Castle. Nós, nós ...
- Estão se
conhecendo. Pelo menos você admitiu que sente atração. Como é o beijo de Tom,
Kate? Ele te faz viajar? Sente os pés levitarem ou aparecem as borboletas no
estomago em antecipação ao que está por vir? – a face e o silêncio de Kate confirmaram
o que a terapeuta já sabia – sim, foi o que pensei. Estava meio óbvio. Por que
investir em um relacionamento fadado ao fracasso ao invés de apostar em um que
tem potencial para dar certo? Qual o problema em arriscar e seguir sua vontade,
seus sentimentos por Castle?
- Você insiste
em dizer que deveria me relacionar com Castle. Às vezes, acredito que você
esquece que não sou uma pessoa fácil de se lidar, que tenho problemas de
relacionamentos. Você conhece minha história. Desde a morte da minha mãe, algo
mudou aqui dentro. Não consigo me entregar, confiar. Tenho medo de fracassar,
me machucar ou até colocar tudo a perder. Não estou pronta. Não posso me
envolver sem sentir-me segura.
- E ainda
assim, está em um relacionamento falso com Tom, sem sentido, simplesmente por
não conseguir lidar com o desejo e a atração por Castle, porque é mais fácil
prender-se a uma relação apática do que procurar entender o que sente realmente
por Castle. Você falou de se entregar, confiar. Não esqueci seu passado, Kate.
Conheço-o muito bem. Castle foi a primeira pessoa em anos, desde William, que
você deixou entrar na sua vida. Mesmo que de maneira torta ou forçada. Confiou
sua vida a ele. Não apenas uma única vez. Sendo assim, você pode optar por
esconder-se atrás de Tom. Porém, isso não tornará sua vida fácil. Castle
continuará lá – a terapeuta fitou os olhos amendoados da detetive antes de
continuar.
- Não estou
dizendo para se atirar nos braços do escritor. Você precisa estar pronta para
investir em algo mais sério. Estou sugerindo analisar aquela opção que
realmente a faz sentir-se bem – Dana consultou o relógio – somente lembre-se
que a possibilidade de Castle desistir de você também existe, se ele virar a
pagina, será tarde demais. Nossa hora acabou. Se quiser pode marcar a próxima
sessão. Espero que tenha ajudado você a tomar a melhor decisão.
Kate sorriu.
- Todas as
vezes que saio daqui, estou mais confusa do que quando cheguei. Você tem esse
poder sobre mim, Dana.
- Não é
verdade – Dana riu - Você tem esse poder. Estou aqui para orientar, porém toda
a decisão sempre será sua.
Beckett saiu
caminhando pelas ruas, a mente vagando em meio às palavras que ouvira. Dana
tinha razão? Estava sabotando o seu relacionamento com Castle ao tentar algo
com Tom? De toda a história revisada na companhia da terapeuta, ela tinha uma
certeza: não podia enganar Tom, dar a ele falsas esperanças. Precisava
encontrar uma maneira de terminar a relação sem fazê-lo sentir-se culpado.
Castle estava
em casa na manhã seguinte, de frente para o seu notebook. Em vez de escrever,
ele assistia um filme antigo. Desde a última conversa com a mãe, ele não tinha
um pingo de criatividade para escrever. Não estava gostando do rumo que seus
personagens estavam tomando. Na verdade, ele se deixara afetar pelo
relacionamento de Beckett. Como escrever sobre Nikki e Rook enquanto sua musa
estava distribuindo suas atenções e carinhos para Demming.
Para piorar, Gina
não parava de ligar. Ou melhor, o telefone não parava de tocar insistentemente,
ele sabia que era ela querendo o tal manuscrito que não tinha. Alexis decidira
ir para um curso de verão em Princeton. O que significava que provavelmente
estaria sozinho nos Hamptons. Era uma fase complicada de sua vida. Logo quando
esperava ter Kate ao seu lado, talvez convencê-la a ficar com ele... tudo
desmoronara. Estava desanimado. Alguém podia morrer para anima-lo. Atendendo
aos seus pedidos, o celular tocou. Beckett.
Combinou de
passar na casa dele para irem juntos à cena do crime. Ainda abalado pela
ausência de Alexis por todo o verão, Castle tentava se recompor do baque. Se
tinha algo que prezava eram as tradições criadas na família. As atividades do
verão nos Hamptons eram algumas delas. Assim que entrou no carro, Beckett notou
o semblante triste. De imediato, pensou ser sua culpa por conta do
relacionamento com Tom. Então, ele comentou que seus planos para o verão
estavam sendo destruídos um a um. Sorrindo, Beckett instigou.
- Anime-se,
Castle. Temos um assassinato – ele sorriu de volta.
A caminho da
cena, enquanto caminhavam pelo parque, Castle contava das tradições de verão.
Ao enumera-las, sentiu-se esperançoso e o convite que evitava fazer à Kate
acabou saindo naturalmente.
- Fogueiras,
marshmallows assados, contar histórias de terror, dormir tarde. Fazemos isso
desde que ela tinha cinco anos.
- Parece
legal. Meio mágico, na verdade – disse Beckett. Isso serviu de estímulo para Castle
dar o próximo passo.
- É, sabe,
deveria vir. Vista para o mar, tem piscina. Pode se deitar na borda, se
bronzear...
- Castle, você
está mesmo se esforçando para me ver em um biquíni – provocou.
- Se não se
sente confortável com um, pode nadar nua – Beckett virou o rosto para sorrir.
Mentalmente, ela pensava “touché”.
Coletaram tudo
o que precisavam da cena do crime e retornaram para o distrito. Tudo indicava
que esse caso seria dos bons. Ele logo sugeriu CIA. Novamente, Castle a tentou
mostrando uma foto do mar tirada da varanda de seu quarto. Agora que pegara o
jeito com a forma de aborda-la sem parecer intrometido ou muito insistente,
poderia fazer muitas tentativas ao longo do dia. Não tinha nada a perder, para
ser sincero, o “não”, ele já tinha.
Continua....
5 comentários:
Como você ousa parar ali???
Volte aqui, Karen! Hahahaha
Vamos falar do capítulo.
As conversas com a Dana são simplesmente maravilhosas! Amo demais.
Ela e o Castle estavam indo tão bem, até aparecer o Demming, ave isso dói demais!
''- Então será mais fácil para que eu não veja o que acontece entre vocês. Entendi, Beckett. Aprecio sua honestidade mesmo não entendendo sua escolha. Não se preocupe, não irei atrapalhar a sua vida.'' SOCORRO QUE ISSO MATOU, ESTOU CHORANDO EM POSIÇÃO FETAL!
Adorei o capítulo, apesar dos pesares hahaha
Ansiosa pela continuação!
Parabéns, Karen!
Gosto do Tom..... Gosto muito!
Ele concerteza é alguém na fila do pão,se tem um que tenho nojo é o Josh... Esse não é nadinha na fila do pão.
Esse trecho que Tata citou tive que começar a juntar meus caquinhos :"(
Ela foi honesta,achei certo mas magoou,Dana é tudooooooo adoro ela,pelo simples fato de tentar acordar a Beckett,tem um homem incrível ao lado e ainda não vê ou tem medo de aceitar o que ele tem a oferecer.. .. Agora é ver o que tem pela frente!
E aí? Será que vai ou não vai. Ou a Gina vai atrapalhar. Hummmm Indo pro próximo.
História envolvente, prende a atenção e faz desejar pelo próximo capítulo. Parabéns!
Particularmente não gosto do tempo verbal utilizado, mas isso modifico mentalmente na leitura. Quanto a Dana, ela poderia simplesmente ser a Lanie Parish; os conselhos não são profissionais e imparciais a colocando numa posição de amiga intima.
Vedo o Tom aparecer o coração começa acelerar!
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