Nota da Autora: Sei que deixei vocês no vácuo, mas sabemos como essa história termina não? O capítulo está grande, espero que gostem e no próximo algumas boas reflexões. E ainda não sei o que farei com o Demming... sério, ele parece desnecessário nessa história, mas ainda não será no próximo capítulo, já ouviram falar da saga do apartamento? Aguardem... Enjoy!
Cap.9
- Kate! – o
segundo de pânico passou e tudo o que ele pensava era em encontra-la. Precisava
salvá-la. Sem se importar muito com o que acontecia ao seu redor, Castle
atravessava a linha de carros ao som de buzinas e xingamentos. O tempo virara
um inimigo. As labaredas do fogo consumiam as janelas do apartamento tornando a
angústia dele maior a cada passo que dava em direção a ela. Meu Deus! Como isso
foi acontecer? Ela podia estar... não! Nem por um instante devia pensar assim.
Cometeram um erro grave nessa investigação, erro de principiante. Talvez pela
pressão, o significado. Pare Castle, não é hora de procurar os porquês, tinha
que encontra-la ou não se perdoaria por isso.
Jogando o
corpo contra a porta do apartamento, ele gritava por Kate. Não podia ser assim,
não era para terminar assim. Tentou uma, duas, três vezes, nada. Respirou fundo
para reunir todas as suas forças e tentar mais uma vez. A porta veio abaixo.
Castle chamava por ela a cada passo que dava.
- Kate! – não
acreditava no que via, o estado do apartamento estava horrível. Fogo e
labaredas por todos os lados – Kate? - Onde ela se metera? Então, ouviu uma
respiração fraca seguida de um acesso de tosse. Apressou o passo entrando no
quarto dela – Kate! – viu a mão segurando-se na borda da banheira prestes a
levantar. Ela estava ali – Kate? Kate! Você está viva! Nossa, e está nua.
- Castle, se
vire!
- Sabe, seu
apartamento está em chamas. Talvez não seja o melhor momento para modéstia.
- Castle, me
passe uma toalha.
- Suas toalhas
estão em chamas.
- Que tal o
roupão?
- O... – em chamas
também - Tem algo para vestir que seja inflamável? – virou-se para fita-la e
levou uma tapa de Beckett - Desculpe.
- Me dê sua
jaqueta.
- Tudo bem –
ele tirou a jaqueta entregando-a para ela tentando manter o rosto longe de
observa-la. Ele estava preocupado em saber se estava tudo bem, ela preocupada
em não ficar nua e vulnerável na frente dele.
- Não olhe!
- Não estou.
- Não olhe!
- Eu não estou
olhando. Apesar de já ter visto isso antes, então não sei porque... – mas parou
de falar para dar um minuto a ela - Tudo certo?
- Sim.
Mergulhei na banheira assim que explodiu – ele se virou para ajuda-la.
- Pode andar?
– colocando seus braços ao redor do corpo dela, Castle a ajudou a sair da
banheira. Estava mancando. O rosto também estava ferido. As demais partes do
corpo, ele não podia notar. Aliás, ela nem deixaria o que para ele não fazia
sentido uma vez que já tinham se vistos nus, na verdade apenas um dia
atrás.
- Sim, só
estou um pouco ferida.
- Vamos. Com
calma. Sim, com calma – ele a guiava pelo apartamento destruído pelas chamas - Está
com dor?
- Bem, não
tanto quanto você. Está te matando, não é?
- O quê?
- Ter que
esperar para me contar como derrubou a porta.
- Quer que eu
conte do começo? – Isso! Um pouco de bom humor seria ideal para acalma-la,
manter a força e o foco ao invés de sucumbir. Sabia fazer isso muito bem.
Levou-a até a rua onde os bombeiros já trabalhavam para apaziguar e mais tarde
exterminar o fogo por completo. Chegando até a ambulância, Castle acompanhou
atento o trabalho dos paramédicos mantendo uma certa distância para não
deixa-la desconfortável. Conseguiu uma roupa para que ela trocasse. Ao ver que
estava tudo em ordem, Castle resolveu voltar ao apartamento. Ver como estava o
andamento das coisas. Avistou a agente Shaw indo em direção a ambulância. Seria
bom as duas conversarem sozinhas.
- Beckett,
como está?
- É, estou bem
– ainda com os cabelos desalinhados, um curativo no braço e o ferimento com
sangue seco na testa, ela mantinha a aparência calma embora por dentro
estivesse sendo devorada por um turbilhão de sentimentos.
- O que viu
quando veio para casa?
- As portas
estavam trancadas, como as deixei, as janelas fechadas e... Eu não sei. Nada
parecia fora do lugar. Mas não sei, sabe, porque achei que o caso tinha
acabado.
- Não está,
mas você sim.
- O quê?
- Até acharmos
o cara certo.
- Espera. Este
é meu apartamento. Certo? Minha vida e meu caso.
- Certo,tudo
bem. Minhas regras. Fará o que eu disser, quando eu disser e da forma que eu
disser. E terá uma unidade de segurança com você o tempo todo – disse Shaw.
- Tudo bem.
- Ótimo – viu
o capitão se aproximando.
- O fogo está
apagado. Pode subir, se quiser.
Ela voltou ao
apartamento. Era a primeira vez que percebia os estragos deixados pelo
incêndio. Muitos objetos de decoração e pessoais se perderam, provavelmente
suas roupas, sapatos. Felizmente, existiam alguns itens muito valiosos que não
estavam ali. Kate os mantinha guardados em um depósito pessoal por falta de
espaço no apartamento. O cenário causava-lhe dor e tristeza. Enquanto tentava
compreender o tamanho do estrago buscando por alguns objetos, a agente do FBI e
sua equipe avaliavam e procuravam por evidências do que causara o incêndio.
Tateando pelo
chão, encontrou o solitário de sua mãe. Imediatamente perguntou.
- Alguém achou
o relógio do meu pai?
- Não está no
corredor – Castle respondeu.
- Os danos não
são tão ruins no seu quarto. Mas suas roupas cheiram à fumaça e explosivos –
disse Esposito. Isso era um bom sinal. Pelo menos ainda tinha o que vestir.
- Alguém sabe
se o seguro paga por lavagem a seco? – ela perguntou tentando manter a situação
de maneira controlada e fingir que estava bem com o rebuliço causado por essa
explosão em sua vida. Shaw estava abaixada checando o chão.
- Tenho o
centro da explosão aqui – disse ela mostrando o local para Beckett que se
agachara para olhar.
- Tinha que
ter sido um artefato pequeno, ou eu teria visto.
- O
laboratório terá o resultado pela manhã, mas isto é ciclonita. Mesma coisa que
achamos no apartamento de Ben Conrad. O que te alertou?
- Não fui eu.
Foi o Castle – ela procurou o olhar dele, pode ver em seu semblante que estava
agradecida,feliz de certa maneira por estar viva.
- Nosso
suposto assassino, Ben Conrad, se matou com a mão direita. O homem que Det.
Beckett e eu vimos na janela segurava a arma com a mão esquerda. O tiro foi
disparado assim que ele saiu de vista. Ele não teria tempo para trocar de mãos
tão rápido. Nosso assassino verdadeiro matou Ben Conrad, colocou a arma em sua
mão, fazendo parecer suicídio.
- Estávamos do
lado de fora. Ouvimos o tiro. Não havia ninguém fora daquele apartamento. Então,
se Ben Conrad não se matou...
- Então nosso
assassino estava no apartamento o tempo todo – disse Beckett.
- Como diabos
o perdemos? – era o que a agente Shaw se perguntava.
- Vamos
descobrir – disse Castle.
Eles voltaram
ao apartamento de Ben Conrad. Vasculhavam cada cômodo em busca de respostas,
evidências, qualquer coisa que pudesse indicar a presença do assassino e seus
passos. Beckett vestia um uniforme da NYPD. Era incansável, queria respostas.
Felizmente, encontrou um fundo falso através do guarda-roupa, um possível
esconderijo. Lá dentro, havia roupas, sapatos e as barbas falsas, tudo para o
assassino se parecer com Conrad corroborando para a investigação encontra-lo. O
rapaz fora mantido prisioneiro por todo esse tempo. Beckett estava frustrada.
- Enquanto
isso, nosso assassino estava aqui, escondido na passagem secreta. Ele estava
aqui o tempo todo, e nós o perdemos – nesse instante, o celular dela toca –
Beckett.
- Você deveria
estar morta.
- Sinto muito
te desapontar.
- Deveria ter
acabado, Nikki. Deveria ter terminado! – ele estava com raiva - Mas agora... Agora
tenho que continuar – ouviam-se os gritos da mulher e disparos. Dessa vez ele
usara o celular da vítima para que eles encontrassem o corpo. Gloria Rodriguez
estava voltando para casa. Esse assassinato era diferente, fora cometido por
raiva, em vez de ser planejado como os demais. A bala não trazia letras como
antes.
- Só porque eu
sobrevivi.
- Não pode se
culpar por isso – disse Shaw – como ele sabe que sobreviveu?
- Ele estava
olhando... As consequências.
- Tudo no
perfil desse cara me diz que ele estava observando as cenas dos outros crimes –
então foi aí que chegaram à conclusão correta. Ao comparar as cenas dos crimes
procuraram na multidão, mas o camaleão como a agente Shaw gostava de apelida-lo
não se deixaria ver porque era como eles, estava vestido de policial. De volta
ao distrito, eles compararam as fotos e encontraram. O mesmo policial em trinta
fotos. Nenhuma com uma visão clara de seu rosto porque é esperto, sabe onde as
câmeras estavam, ele conhece a estratégia. Quando Beckett sugeriu colocar Ryan
e Esposito para falar com os outros policiais, Castle disse que não ia
adiantar. Chateada, ela retrucou.
- Tudo bem,
tem uma ideia melhor? Porque não tenho nenhuma. E se não o pegarmos logo, ele
matará novamente.
- Não pode
levar para o lado pessoal – disse Shaw.
- O diabo que
não. Ele explodiu meu apartamento. Acho que é bastante pessoal.
- Sabe como
capturaram o Filho de Sam? – perguntou a agente.
- Uma multa de
estacionamento. Berkowitz estacionou perto de um hidrante – respondeu Castle.
- Só temos que
achar nossa multa, e pegaremos esse filho da puta – disse Shaw - Inteligente
como é, ele tem uma falha fatal, a arrogância. Não basta ser inteligente. Ele
quer que saibamos isso. Ele quer que saibamos que ele nos enganou. Todas suas
primeiras vítimas, o advogado, a baba de cães, a taxidermista, todas estavam
ligadas à morte do cão de Ben Conrad. Como poderia nosso assassino conhecer
todas as figuras da vida de outra pessoa?
- Ele deve ter
conhecido Ben Conrad – sugeriu Castle.
- É onde
começamos. Tratamos Ben Conrad como a primeira vítima nesse caso. Então
descobrimos onde ele cruza com nosso assassino.
Castle pediu
licença para retornar ao loft para ver a filha e trocar de roupa. Perguntou se
Beckett queria algo, o que ela recusou. Agora, mais do que nunca queria focar
no trabalho e pegar esse cara. Montara um novo quadro de evidências sobre Ben
Conrad. O cara era um solitário. Não tinha amigos, namorada. Apenas o cachorro.
Nem isso depois. A irmã confirmou o que Beckett já imaginara. Além disso, ele
perdera o emprego há alguns meses, desde então enviava currículos sem sucesso
em cafeterias com internet grátis, fora o cachorro sua única alegria era o
Knicks. Castle retornou trazendo café para ela. Diante de discussões, ele
sempre cotava algo que Shaw dizia. Isso começava a irrita-la. Observando a foto
do apartamento de Conrad, percebeu que faltava uma televisão. Sendo assim,
deveria assistir os jogos do Knicks em algum bar da vizinhança.
- Certo,
procurem em todas as cafeterias no raio de cinco quadras do apartamento de
Conrad. Vejam se alguém se lembra dele conversando com um cliente. Castle e eu
ficamos com os bares – virou-se para Castle com um olhar incisivo - E se
continuar citando Jordan, aumentarei muito o rádio.
- Ciúmes... –
ele disse brincando com os rapazes sem que ela ouvisse. No fundo, estava
adorando isso vindo de Beckett.
Eles rodaram
por vários bares sem qualquer chance de reconhecimento da vítima. Castle estava
frustrado por não terem nada, ao entrarem em mais um bar, ele quase jogou a
toalha. Mas, tudo indicava que vieram ao lugar certo. Havia uma faixa pendurada
saudando o serial killer com o nome de Conrad. Após conversar com a dona do
estabelecimento, Beckett descobriu que Ben conversara com outra pessoa e juntos
tomaram um taxi para casa. O endereço era no West Village na esquina da Varick
com Downing. Julgando pela descrição que receberam do cara, era um tiro no
escuro.
Jordan Shaw
juntou-se a eles com várias informações sobre a suposta personalidade do
assassino. Detalhes que poderiam formar seu caráter. Suspeitava que ele vivia
sob uma identidade falsa. Beckett argumentou que eram muitas informações que os
deixavam em um ângulo bem amplo. Da mesma forma que o endereço, seria difícil
achar um suspeito. A agente concordou, porém às vezes tinha-se sorte ao
compilar tudo o que sabia em busca de uma resposta. Colocando os dados no
potente computador do FBI, eles encontraram dezessete possíveis suspeitos.
Reduzindo o número através dos registros criminais, Shaw esperava encontrar
algo. Beckett assistia a tudo um pouco descrente. Quando tudo parecia perdido,
uma identidade se destacou.
- Chris
Doherty. Temos uma habilitação recente, mas, de acordo com o número de sua
previdência social, Chris Doherty morreu há 6 anos – disse o agente.
- Ele vive sob
uma identidade falsa – disse Beckett olhando surpresa para o quadro digital -
Então quer dizer que nosso morto, supostamente, está vivo?
- Seu endereço
o coloca a meio quarteirão da Downing e Varick.
- Certo. Agora
estou oficialmente impressionada – confessou Beckett.
- Não fique.
Não até que ele esteja sob nossa custódia – disse Shaw - Vamos!
Ao chegarem ao
endereço do suspeito, a primeira coisa que chamava a atenção era um bando de
folhas escritas penduradas no teto, o conteúdo de um manuscrito provavelmente.
Isso até Beckett se deparar com um mural em sua homenagem, tecnicamente. Ali
estavam fotos, entrevistas, o nome de Nikki Heat, a capa do livro de Castle, os
jornais reportando o crime. Ver aquilo a sua frente, fez seu estomago revirar.
Sentia-se explorada de uma forma inexplicável. Ela não era a única incomodada
com tudo aquilo. Castle também estava enojado com o que vira. Ele era um louco,
um insano. Ainda assim, era o seu trabalho que o motivara a matar. Como
escritor, Castle nunca evidenciara algo assim. Ao se deparar com uma cópia de
Heat Wave, Castle abriu a capa e encontrou sua assinatura.
- Eu assinei
isso. "Para Scott, escreva o que você sabe."
- Scott? Você
se lembra dele?
- Não, mas eu
assino centenas de livros – observando ao seu redor, ele encontrou um calhamaço
de papel. Sabia bem o que era.
- Seu
manifesto? – perguntou Shaw.
- Seu
manuscrito – disse Castle.
- Dead Heat? –
Beckett se aproximou dele para ver o material.
- "Heat
examinou as balas, cada uma delas perfeitamente gravada com uma letra. Ela as
reorganizou como peças de scrabble, até seu nome ser escrito".
- Um livro?
Tudo isso sobre um maldito livro – Beckett reclamou frustrada.
- Escrevia
sobre seus assassinatos muito antes de Nikki Heat – disse Shaw folheando outro
manuscrito - Noites de Terror. Parece que é sobre ele matando prostitutas em
Seattle.
- Me lembro
desse caso. Pensei que tinham pego o cara.
- Não só o
pegamos, como o encontramos morto. Ele se enforcou.
- Outro bode
expiatório, como Ben Conrad.
- Ele escapa
como assassino. Por que escrever sobre isso? Por que arriscar? – Beckett se
fazia essa pergunta tentando entender o motivo que o levava a matar.
- A escrita é
provavelmente um sintoma de sua psicose, como um troféu. Ele quer memorizar a
façanha e se distanciar disso, virando realidade em ficção. E, então, vem Nikki
Heat, feita sob medida para sua psicose. Uma parte real, uma parte ficção,
assim como ele. Quem melhor para ele desafiar? – a análise da agente fazia
sentido.
- Ele devia
saber, ao ir atrás de Beckett, que perceberíamos que Ben não era o assassino. Para
que revelar o plano?
- É parte da
emoção – disse Beckett - Ele precisa agravar, para se sentir vivo.
- Ou... Ele é
um psicótico, obsessivo-compulsivo, e já decidiu como isso tem que acabar – ela
segurou o manuscrito indo direto para a última pagina. Seus agentes constataram
que não havia uma digital sequer no apartamento, o que a fez deduzir que devido
a ser incendiário, pode ter perdido as digitais. Decidiram ficar de tocaia.
Apesar da agente Shaw ter falado para Castle colocar o livro onde achara e
desocupar o local, ele acabou escondendo em seu casaco. A curiosidade de
conhecer o que o assassino pensava fora maior.
Escondidos em
um trailer, elas monitoravam o lugar esperando pela volta de seu morador.
Castle passava o tempo lendo a historia escrita para Nikki pelo psicótico.
Estava se sentindo muito mal por tudo aquilo. Claro que não podia deixar de
comentar sobre o que lia.
- Cara, está
tudo aqui, as balas gravadas, os telefonemas de gato e rato, o código. Só que é
Nikki Heat investigando, e ela sempre está um passo atrás dele.
- Até agora –
disse Beckett.
- Castle, qual
parte do "desocupar" você não entendeu? – perguntou Shaw.
- Tudo –
fazendo cara de desentendido.
- Para futuras
referências, significa: "Sai fora e não leve nada".
- Desocupar.
Legal. Desocupar...
- Ele é sempre
assim? – perguntou a agente para Beckett.
- Castle tem a
necessidade de atenção de um Cocker Spaniel.
- E a
lealdade...- complementou a agente - O modo como ele te segue. Pelo que
observei, esta parceria não ortodoxa... funciona bem para você – Jordan disse
sorrindo.
- Por enquanto
– concordou Beckett.
- É
suficiente? – essa era uma pergunta que Beckett evitava responder mesmo para si
apesar de estar sempre em sua mente. Ao invés disso, optou por devolver a
pergunta de outra forma.
- É o
suficiente para você subir em um avião 6 vezes por ano, capturando serial
killers por todo o país?
- Eu estaria
mentindo, se dissesse que é fácil.
- Como
gerencia isso? – Beckett começava a sentir uma certa admiração pela mulher a
sua frente.
- Você perde
uns aniversários e faz muitas ligações. Meu marido a coloca na cama todas as
noites, diz a ela que a mamãe está matando dragões – isso fez ambas sorrirem.
Ao observar o monitor, a agente Shaw notou um cara no telhado dando bandeira,
exceto que não era um dos agentes. Era o suspeito. Saíram em busca dele, porém
ordenando que Beckett permanecesse na van, já que era o alvo. O problema era
que a agente Shaw não conhecia a teimosia de Beckett. Ao observar o monitor,
percebeu que o suspeito estava indo na direção contrária aos agentes. Sem
pensar duas vezes, engatilhou sua arma e saiu da van fechando a porta na cara
de Castle.
Numa caçada
desenfreada de gato e rato pelas ruas de Nova York, Beckett corria para
alcançar seu inimigo. Das ruas, eles foram parar em uma estação de metrô.
Pulando catracas, correndo pelas escadas e fazendo malabarismos ela o seguia
com sangue nos olhos. Queria prende-lo a qualquer custo. Infelizmente, por um
breve segundo, ele conseguiu entrar no trem deixando-a para trás, mas não sem
antes fazer uma ameaça simbólica de que ia mata-la.
Com as imagens
da câmera do metrô, eles finalmente identificaram o cara. Scott Dunn. Problemas
psicológicos, registros juvenis e claro queimara as mãos ainda jovem em um
incêndio onde foi condenado. Além disso, ele sumira do radar desde 2004
passando a viver sob identidades falsas desde então. Jordan Shaw exigiu todas
as informações sobre o assassino em suas mãos em uma hora e chamou Beckett para
segui-la.
- Você está
fora.
- Desculpe, o
quê?
- Eu disse
para ficar na van.
- Acabei de
solucionar o caso – replicou Beckett.
- Preciso de
pessoas em quem posso confiar.
- Espera aí...
– ela estava irritada, porém a agente não iria voltar atrás.
- Desculpe,
está fora do caso. Com muita raiva, Beckett invadiu a sala do seu capitão
acompanhada de Castle exigindo ficar no caso. Montgomery sabia que era uma luta
perdida e para Beckett era melhor que ficasse longe de tudo.
- Ela tem a
jurisdição. Não há nada que eu possa fazer.
- Senhor, este
caso é meu. Ele está atrás de mim. Goste ou não, já estou na linha de frente.
- Você e
Castle o encontraram. Fizeram o mais difícil. Eles congelaram suas finanças, alertaram
as autoridades de transporte. Seu rosto está nos jornais, ele está encurralado.
- Você me
ensinou que, quando um animal está encurralado, é quando ele é mais
imprevisível.
- Sim, e
também é quando comete erros. Ele faz algo estúpido e nós o pegamos. E você
está esgotada há dias. Precisa ir para casa e dormir.
- Senhor, eu
não tenho uma casa – a realização do fato a pegara em cheio.
- Sim, você
tem – Castle respondeu - É um prédio seguro, com um quarto extra, com pessoas que
se preocupam com você, e com federais na porta. É o prédio mais seguro na
cidade.
- Obrigada, mas
não poderia – disse olhando para Castle.
- Você pode e
você irá – ele fora gentil e enfático na sua colocação, o que fez Beckett o
olhar incrédula.
- Detetive,
tirei a segurança do seu apartamento, isso deu a ele a chance de chegar até
você, não cometerei o mesmo erro duas vezes. Considere uma ordem.
Castle
ergueu-se da cadeira indicando que deveriam sair dali. Sabia que ela estava
irritada e poderia até descontar nele. Não importava. Tinha motivos de sobra
para estar assim. O cara comprara uma briga pessoal com ela mesmo que através
de seu alterego. E pensar que ele era responsável por parte disso. Ele quem a
expusera daquela forma, à mídia, a uma cidade, ao país e principalmente ao
lunático. No corredor do distrito, ele arriscou.
- Podemos ir?
- Pode me dar
um minuto? Vou ao toalete – andando a passos largos, ela sumiu pelo corredor.
Bateu a porta com força e chutou a lixeira próxima a pia. Olhando-se no
espelho, falava mentalmente para se acalmar. Não havia muito o que fazer pelo
menos naquele momento. Não tinha um apartamento graças a um lunático. Parte de
sua vida destruída e nem poderia vingar-se apropriadamente. Passou uma água no
rosto, suspirou depois de enxugar o rosto. Não precisava chegar de cara
amarrada na casa de Castle. Ele estava apenas sendo gentil. Era como o ditado,
o que não tem remédio, remediado está. Ela pegou a bolsa e o casaco
encontrando-o em frente ao elevador.
Com uma muda
de roupa que mantinha em seu armário no distrito, eles seguiram calados até o
apartamento dele. Porém, antes de subir, Beckett decidiu por pedir desculpas.
- Castle,
antes de subirmos, eu gostaria de me desculpar. Eu sei que você está se
sentindo culpado. Da mesma maneira que eu também tive esse sentimento. Estamos
errados ao pensar assim. Nós não podemos nos render. Obrigada pelo apoio. Foi
importante para mim.
- Era o mínimo
que eu podia fazer por você me aguentar seguindo-a todo tempo e por ter
quebrado sua porta.
- Como se isso
fosse realmente o grande problema – disse sorrindo. Entrando no loft, ele mostrou
onde ela dormiria, o banheiro e informou que ficasse à vontade. Pediu licença
para trocar de roupa, na volta, preparou um café. Sentados um de frente para o
outro. Era inevitável falar no caso.
- Quem
imaginaria que eu viraria sem-teto e sem caso no mesmo dia?
- Sei que sou
o rei de não seguir ordens, mas estava certa em perseguir Dunn.
- E Agente
Shaw estava certa em me tirar do caso. Teria feito o mesmo se estivesse no
lugar dela. Estou muito perto dele.
- Tenho
certeza que depois disso tudo, está um pouco arrependida por me deixar te
seguir.
- Não, não
isso. Todas as coisas irritantes que faz, mas não isso – acho que você não tem
ideia, Castle, ela pensou - E você? Está arrependido de ter escrito "Heat
Wave"?
- Da forma que
vejo agora, se não fosse por Nikki Heat, esse cara continuaria matando, porque
não teria achado ninguém inteligente para pegá-lo – ao vê-la começar a abrir um
sorriso, implicou - Estou falando, é claro, da Agente Especial Shaw – fazendo
biquinho mas entrando na brincadeira, ela jogou um pano na direção do rosto
dele e se despediu.
- Boa Noite,
Castle.
- Boa noite.
Após um banho
e a troca de roupa, Kate deitou-se na cama. Apesar do cansaço, não conseguia
simplesmente dormir. Sua mente estava cheia de pensamentos, os mais variados
possíveis. O fato de que quase morrera, a perda de seu apartamento, o maníaco
matando inocentes por causa de um livro, a perda do comando, Castle.
Ele salvara a
vida dela. Estava em dívida com o escritor. Não era apenas isso. O modo como
ele se preocupara com ela era muito doce. Tudo bem que ele estava meio
hipnotizado pela agente do FBI, porém não era essa lembrança que persistia em
sua mente. Era a última noite que passaram juntos, o cuidado, o carinho, a
preocupação. A pergunta da agente ainda pairava em sua mente. Seria suficiente?
Também ainda não agradecera Castle de maneira apropriada por salvar sua vida.
Melhor não pensar muito sobre isso agora. Podia ter sido tirada do caso, mas
isso não significava que talvez não precisassem dela. Afinal, Nikki era a chave
de tudo. Após um longo suspiro, ela deixou as lágrimas escorrerem pelo seu
rosto.
Castle também
demorava a dormir. Mesmo confiante no trabalho da agente Shaw, não havia
dúvidas de que a vida de Kate estivera por um fio. Se tivesse demorado alguns
minutos mais, ela poderia não ter resistido. Falara da boca para fora quanto ao
arrependimento de escrever o livro, essa não era a palavra. Continuaria
escrevendo sabendo que a cada nova história estaria incentivando um ser vil ou maluco a praticar
atos de violência, a matar. Em cada momento desses, ele estaria colocando-a em
risco. Apesar de saber que ela podia se cuidar, somente de imagina-la em perigo
sentia um frio percorrer-lhe a espinha. Esperaria essa loucura acabar e então
ajudaria Beckett a encontrar um novo apartamento. Ela poderia ficar ali o
quanto precisasse.
Kate
mostrava-se uma fortaleza, uma leoa diante da situação de extremo perigo. No
fundo, porém, ele já conhecia um pouco daquela personalidade teimosa e
determinada. Ela estava sofrendo. Sua vontade era abraça-la, acalenta-la. Dar o
carinho que precisava naquele momento. Infelizmente não podia fazer isso. Ela
não admitiria mesmo querendo.
Uma nova
reviravolta acontecia no caso. Ao deixar o distrito, agente Shaw falava ao
telefone com a filha. Tranquila, ria e conversava indo em direção ao seu carro.
Quando desligou o celular e girou a chave na ignição, foi surpreendida por
ninguém menos que o serial killer. Fora sequestrada.
Na manhã
seguinte, Kate estava na cozinha lidando com panelas enquanto preparava o café
da manhã no loft. Uma forma de retribuir o que Castle fizera por ela não apenas
após a noite que lhe fizera companhia como também por dar-lhe abrigo.
- Martha! –
meio sem graça por ser pega na cozinha quase que bem à vontade.
- Kate.
- Estou aqui por
ordens do FBI.
- Querida, não
sou eu quem vai julgar.
- Sinto muito,
não ia me impor a isso, mas minha casa...
- Virou
cinzas. Não, eu sei. Bem, isso explica revista pelo belo rapaz com fones de
ouvido. Achei que fosse Richard fazendo um relato dramático, sobre as condições
de minha visita sem aviso prévio.
- Acabei de
acordar e, literalmente, senti cheiro do café e do bacon. Visita para devolver sua
chave? – ele brincou beijando o rosto da mãe.
- Muito
engraçado... – enquanto ela falava, Castle esticou a mão para roubar um pedaço
de bacon, mas Beckett o impediu batendo com a espátula em sua mão - Não, estou
procurando por minhas luvas azuis, pois estas não combinam. Bem, ela cozinha.
- Na verdade,
minha mãe era uma cozinheira incrível. Ela costumava fazer o brunch de domingo,
e eu tinha que escolher entre panquecas, omeletes, waffles.
- Isso é
engraçado. Nos domingos, minha mãe me mandava preparar gelo e um Bloody Mary.
- Não escute
ele. Isso só aconteceu 2 vezes. No máximo.
- Vovó! – e
Alexis pulou para abraça-la deixando os dois novamente sozinhos.
- Parece que
foram meses. Faz só um dia – disse Castle fazendo Beckett sorrir ao observar a
cena. O celular dela tocou.
- Com licença.
Beckett – aproveitando que estava ao telefone, Castle provou os ovos - Certo.
Já estou indo. Castle, era o agente Avery. Jordan, não chegou em casa ontem à
noite.
Eles seguiram
com Avery para o local onde o carro de Jordan fora abandonado. Ela lutou com
ele, mas não evitou ser levada em outro carro roubado. Do momento que chegara
ao local, Beckett assumira tudo mesmo com a presença do FBI ao seu redor.
Tomando a frete, ela descreveu exatamente como tudo acontecera. Nesse instante,
o celular tocou.
- Beckett.
- Não ha nada
como o laço entre namoradas, não é, Nikki? Deve sentir mesmo falta dela.
- Onde ela
está?
- Em
segurança, por enquanto.
- Se você
machucá-la, irei...
- Isso depende
de você, não é? Esta é sua história, Nikki, não dela. Ela é só um adicional. A
revelação dos fatos só funciona se for entre eu e você. Venha para o Terminal
de Barco do Battery Park, à meia-noite. E venha sozinha, ou ela morre.
- Como posso
ter certeza que ela ainda está viva?
- Te mandarei
um e-mail – de volta ao distrito, Beckett checou sua caixa e lá estava o vídeo
com a imagem de Jordan amarrada em um quarto qualquer. Para ela, ver uma cena
assim somente aumentava sua raiva e a vontade de caça-los.
- Não me
importo se é sua história, Detetive. Eu a trarei de volta viva – disse Avery.
- Não é minha
história, é dele – retrucou - E se Agente Shaw estivesse aqui, ela diria a
mesma coisa.
- O que ele
tem planejado, é uma armadilha – afirmou Castle.
- Se eu não
aparecer, ela morre – disse Beckett.
- Mas se
aparecer, as duas morrem.
- Temos que
chegar até ele antes da troca – analisando a imagem da filmagem, Montgomery viu
uma possibilidade no canto da tela. Sabendo que poderia usar os recursos do
FBI, ela dirigiu-se ao agente – Agente Avery, se não se importa que eu volte à
investigação, sugiro que levemos esta festa para outra patamar.
Na sala de
guerra montada pelo FBI, era Beckett quem comandava, indicava o que fazer,
pesquisar. Descobriram que o prédio ficava no sul e leste da cidade de costas
para a ponte Whitestone. Ela pediu para tocar o áudio novamente, mas dessa vez
sem as vozes e o trânsito. Barulho de metro, estrutura elevada. Ordenou que
cruzasse os mapas com a visão do local. E o sistema do FBI fez maravilhas
indicando exatamente o endereço do prédio onde ele estava mantendo a agente
refém. Com a equipe tática, eles montaram a operação. O prédio era monitorado
pelos artefatos do FBI incluindo o equipamento térmico que indicava duas
pessoas no prédio naquele exato momento. Castle olhava para tudo aquilo sem
realmente sentir a verdade naquilo. Não fazia sentido.
- Isso é errado.
- O que é
errado?
- Me sinto a
Princesa Leia quando a Millenium Falcon escapou da Estrela da Morte. É muito
fácil.
- Como assim?
- Quero dizer
a falha na janela, esperando para gravar a mensagem quando o trem passava. Ele
nos trouxe aqui. Se lembra como era perfeito com Conrad?
- É, eu
entendi a parte da armadilha, mas não significa que ficarei parado. É minha
parceira lá.
- Ela estará
morta no momento que você entrar.
- Por isso não
entraremos. A troca de reféns acontecerá à meia-noite. Isso significa que ele
tem que movê-la antes. Iremos em silêncio, assumiremos nossas posições. E,
assim que Dunn sair...o pegarei... Como o cão raivoso que é – saiu para
juntar-se a equipe. Castle olhava o monitor pensativo. Estavam apenas os dois
ali e de alguma forma, ela talvez tivesse o mesmo sentimento.
- Não sei como
ele está fazendo isso, mas ele não está lá.
- E em que
está baseando isso?
- Não sei como
sei. Eu só...
- Você só o
quê? Castle, nós nos conhecemos o suficiente para eu saber que, às vezes, suas
teorias bobas estão certas. Então, se tem motivos para acreditar que ele não
está lá, tem que me dizer o porquê, agora.
- Só porquê...
Não é como eu escreveria.
- O que
acontece na sua versão? – ela perguntou.
- Ele nos
deixa pensar que o achamos, para nos atrair até aqui. Deixar o FBI se encontrar
no prédio, só que ele não está lá.
- Onde ele
está?
- Próximo,
assistindo. Assistindo o desenrolar. Ele tem algo planejado. Se fosse eu, esperaria
até todos entrarem, tomarem posição e, então, explodiria o prédio.
- De onde ele
estaria assistindo? – ela continuava a perguntar já achando a ideia dele
completamente aceitável.
- Eu não sei. Ele
quer mostrar que é mais esperto que nós, então estaria em algum lugar próximo e
fora do caminho.
- Castle, se
fosse você, de onde estaria assistindo?
- Não
assistiria do prédio onde eles estão. Assistiria daqui – apontando para o
prédio da frente – ela analisou por uns segundos, no fundo ele já a convencera
bem antes.
- Vamos – eles
deixaram a van e subiram as escadas laterais do outro prédio. Quase chegando ao
andar correto, ela estendeu a arma para ele.
- Você quer
que eu segure enquanto amarra os sapatos?
- Não, quero
que pegue só para garantir – eles subiram cautelosamente. Entrando no local,
ela avaliava todos os espaços a sua frente. Então, pode vê-la sentada na
cadeira presa, tal qual o vídeo. Escorada a parede, chegara a hora do tudo ou
nada, ela sussurrou para ele.
- Castle, ele
está lá. Vou afastá-lo. Liberte Agente Shaw e consiga ajuda. Castle, você é meu
único backup – a confiança impressa no olhar trocado - Certo, vá.
- Achei que
fosse de mim que estivesse atrás – ela apareceu de arma em punho.
- Nikki...
Você veio.
- Mãos para
cima, Dunn, ou te derrubarei.
- Tenho uma
ideia melhor, Nikki. Por que não abaixa sua arma? – mostrando o controle em sua
mão - Ou detonarei os 19 kg de ciclonita que tenho no prédio do outro lado da
rua, transformando Agente Avery e toda sua equipe em vapor. Se atirar em mim,
Nikki, meu corpo pode ficar tenso e apertar o botão. Você quer mesmo arriscar?
- Eles não
estão mais no prédio. Só os mandei entrar lá para te confundir.
- Está
mentindo.
- Por que
estariam lá, se eu sabia que você estava aqui? – ela falava com firmeza, para
instiga-lo - Encare isso, Dunn. Eu te derrotei. Nikki Heat venceu.
- Não. Não! –
desesperado ele jogou o controle para assusta-la com intuito de pegar a arma e
sair correndo. Beckett atirou e saiu correndo atrás dele. Castle entrou nesse
instante soltando parte dos nós da corda que amarrava a agente.
- Onde está
meu pessoal?
- Do outro
lado da rua, sentado em 19 kg de ciclonita.
- Ela estava
blefando?
- Estava
traçando o perfil.
- Vá ajudá-la!
Ele pode atacá-la. Vai, eu me livro disso.
Beckett
caminhava com cuidado pelos corredores. Olhos atentos a qualquer movimento
suspeito.
- Dunn...
Desista! – a arma sempre empunhada esperando por um elemento surpresa,
preparada para atacar e se defender caso seja preciso - Ninguém precisa morrer
- Mas ela não esperava que o ataque viesse de cima. Dunn pulou bem próximo a
ela agarrando-a por trás. Beckett não se deixou abater, ela lutava procurando
livrar-se da arma. Castle assistia a luta até o momento que o vira derruba-la
no chão fazendo-a perder a arma. Sem defesa, Beckett viu a arma apontada para
sua cabeça.
- É assim que
minhas histórias acabam. Com um outro alguém morto.
- Não! – o
grito de Castle ecoou seguido de um tiro que acertou a mão em cheio fazendo a
arma voar para longe dele caindo aos pés da agente Shaw.
- Acredito que
seja sua chance – disse Shaw para Beckett. Ela se ergueu agarrando as mãos de
Dunn prendendo-as na algema.
- Isso não
acabou, Heat.
- Não é Heat –
travou as algemas - É Beckett. Você tem o direito de permanecer em silêncio,
então cale a boca – ela o entregou a Shaw - Obrigada.
- Idem –
respondeu escoltando o maníaco para fora do prédio. Virando-se, ela fitou
Castle. Ele estava assustado e abatido. Não é todos os dias que você testemunha
algo assim, uma experiência tão próxima da morte.
- Ótimo tiro,
Castle – ainda assustado, ele confidenciou.
- Estava
mirando a cabeça dele.
De volta ao
distrito no dia seguinte, Beckett encontrou o pessoal do FBI já desmontado e
levando os equipamentos da sala de guerra. Ao chegar a sua mesa, viu a agente
durona Jordan Shaw. Ela queria mesmo trocar algumas palavras antes dela partir.
- Agente Shaw.
- Estava te
escrevendo um recado. Dunn está sendo levado para a Tombs, onde aproveitará sua
estadia na UTI, com os criminosos mais perigosos do estado.
- Bem, ele
conseguiu seus 15 minutos de fama. Era o que ele queria o tempo todo.
- É, mas será nas
nossas condições.
- Quero que
saiba que aprendi muito com você neste caso – disse Beckett.
- Você fez a
maior parte do trabalho pesado. Honestamente, o que mais me impressionou foi
você entrar com o Castle.
- Sabe algumas
pessoas achariam imprudente – confessou Beckett.
- Tomou uma
decisão difícil, usou os recursos que tinha. Diria que isso é heroico e, de
certa forma, poético. No fim, Dunn, de fato, encarou Nkki Heat. Afinal de
contas, ela é parte você, parte Castle – a agente esperou um tempo antes de
completar seu pensamento - Ele se importa com você, Kate. Você pode não ver,
pode não estar pronta para isso, mas... Ele se importa.
- É, bem, a
situação com Castle é... – ela o viu chegando de elevador - complicada – ela
nem acreditou que dissera aquilo a Jordan, não comentava esse assunto com
ninguém além de sua terapeuta. Talvez falara por saber da discrição e do modo
como ela era boa em perfis. Já sacara que entre eles havia um algo mais. Tanto
que a forma com a qual retribuíra o olhar de Beckett deixava claro que acertara
mais uma vez.
- Senhoras –
Castle se aproximou cumprimentando-as. Chegara a hora das despedidas.
- Detetive
Beckett. Foi um prazer – disse apertando a mão dela.
- Nos vemos
por aí.
- Castle.
Obrigada por sua ajuda. Você é um bem valioso na equipe da Detetive Beckett –
disse sorrindo, o que fez Beckett sorrir também principalmente pelo comentário
de Castle em seguida.
- Seria legal
se ligasse para ela e a lembrasse disso, às vezes. Com a agente indo embora,
Castle sentou-se na sua cadeira cativa colocando uma pequena sacola na frente
dela.
- O que é
isso?
- Abra – ela
obedeceu.
- O relógio do
meu pai. Obrigada.
- De nada. Eu
o encontrei destruído, mandei consertar. Tenho boas notícias.
- É?
- Falei com
Avery sobre comprar um desses carros incríveis, sem as armas, claro, mas posso
enchê-lo com minhas próprias máquinas. Poderia ter "Escritor" pintado
na janela de trás – ela se levantou sorrindo em busca de café, ele continuava
falando - Ryan e Esposito têm um carro melhor que o seu. Estou envergonhado de
levar criminosos no banco de trás daquela coisa, e não sei do seu assento, mas
o meu terá uma mola que acerta...
- Castle, cala
a boca e tome um café – ele a obedeceu por um momento. Enquanto tomava a
bebida, aproveitou o tempo para ficar observando-a. Estava esperando o momento
certo para saber se ela trabalharia até tarde ou iria se dar um descanso após
esse caso complicado. Queria muito preparar um jantar especial para
comemorarem. Somente não gostaria de parecer muito insistente, teria que ser um
convite casual.
- Vai
trabalhar até tarde?
- Ainda tenho
o relatório do caso para concluir, arquivar a papelada, desmontar o quadro.
Enfim, talvez consiga sair no horário caso outro homicídio não apareça. Por que
pergunta?
- Para que eu
possa te esperar para jantar.
- Sobre isso,
eu conversei com o capitão e ele conseguiu uma autorização para que a NYPD
pague por uma semana num hotel até eu encontrar meu próximo apartamento.
- Você está
recusando minha hospedagem? Para que gastar recursos do governo quando você
pode ficar comigo? Deixe de bobagem. Volte para o loft, jantaremos juntos e conversaremos
um pouco mais sobre esse assunto. Vou espera-la.
- Tudo bem.
Até mais tarde, Castle. Voltou a sua mesa para focar em seu relatório. Por
volta das seis da tarde, ela terminara todas as suas atividades. Somente então,
ela lembrou-se do convite de Castle. Era um simples jantar, nada demais. Seria
bom relaxar um pouco depois de tudo que acontecera nesses últimos dias. Dobrou
a sacolinha onde estava o relógio. Tocou o visor carinhosamente em seu braço.
Ele se importa. As palavras da agente Shaw voltaram-lhe à mente. Salvara sua
vida novamente. Duas vezes no mesmo caso. Recordou-se do que dissera sobre sua
relação. Complicada, mas por que? Não era uma questão de confiança, caso contrário
não teria feito o que fizera diante do perigo. Atração, também existia. Desejo,
comunicação. Diversão. Por que diacho julgara complicado? Era uma questão deles
ou exclusivamente dela? De entender seus sentimentos? Passando as duas mãos no
rosto e nos cabelos, ela decidiu não pensar mais sobre isso, pelo menos naquela
noite.
De casaco na
mão, ela se encaminhou para a saída. Antes de ir para o loft, Kate passou na
lavanderia para pegar uma nova muda de roupa que mandara lavar. Perdera algumas
peças naquele incêndio, mas a maioria estava intacta. Bem como os sapatos.
Alguma coisa teria que ser a seu favor. Ela tinha tanto por fazer... o caso a
consumira e por conta disso, sequer conseguiu dar entrada no seguro para
resgatar a franquia e o valor para ajuda-la a procurar um novo lugar. Já de
frente para o loft, ela sacudiu a cabeça para que esquecesse esses pensamentos
pelo menos por essa noite.
Ao abrir a
porta, ela sentiu o aroma do alho inundando a sala. O que quer que fosse o
jantar, aquele refogado já ganhara sua devoção e a de seu estomago também. De
repente, percebeu o quanto estava com fome. Castle estava de costas mexendo em
algo sobre o fogão. Vestia uma calça jeans e uma camisa de malha com mangas
três quartos. A imagem combinava com ele. Casual, bonito, doméstico. Parecia
bem à vontade naquele lugar.
- O que cheira
tanto?
- Ah, você
chegou. Meu jantar surpresa. Você não perde por esperar – ele virou-se para
fita-la com a frigideira na mão – terminou seu relatório chato?
- Terminei –
ela se aproximou do balcão curiosa para ver se descobria qual era o menu.
Quando ela tentou olhar o que ele fazia, Castle escondeu o jogo virando-se de
costas para a detetive.
- Por que você
não vai tomar um banho, trocar de roupa? É o tempo que eu termino por aqui. Ficará
mais relaxada. Preciso de mais uns quinze minutos.
- Tudo bem, já
volto – o banho fez bem, o cansaço tinha atingido todos os seus ossos. A água
agiu como um bálsamo. Vestindo uma calça legging e uma blusa branca com o
símbolo da NYPD, ela desceu as escadas. O cheiro estava ainda melhor. Bacon,
sentia o odor delicioso de bacon.
- Bem na hora,
detetive. Sente-se e sirva-se de uma taça de merlot. É muito bom – ela fez o
que ele dissera. Viu Castle colocando a massa no prato, o vapor espalhava-se
pelo ar. Estava fumegando. Ele colocou a travessa sobre a mesa. Voltou até o
balcão para pegar o queijo parmesão fresco que cortara em grandes lascas –
Carbonara. Minha especialidade – ela bebericava o vinho.
- Hum...
segredos de Rick Castle. Não sabia que era cozinheiro também. O vinho está
ótimo.
- Tenho meus
pequenos truques, não são muitos nessa área, mas me servem bem.
- Estou com
água na boca, louca para provar essa massa. Podemos comer?
- Claro! Pode
deixar que lhe sirvo – Castle tomou a frente dela colocando o macarrão muito
cheio de creme – sugiro você prova-lo antes do queijo somente para saber o real
sabor, depois o parmesão é mandatório – em seguida serviu a si sentando-se ao
lado dela. Viu quando Beckett levou a primeira garfada à boca. Ela fechara os
olhos para assimilar melhor o gosto.
- Castle, isso
aqui está delicioso! Meu Deus! O bacon, o ovo, o creme. Bom demais.
- Fico feliz
que tenha apreciado – eles jantaram conversando numa boa sobre vários assuntos
que não exigiam muito pensar dos dois, um deles foi sobre culinária, o ato de
comer e saborear diversas comidas de culturas diferentes. Terminado o jantar,
ele buscou a sobremesa na geladeira. Que melhor companhia para uma massa que um
tiramisú? E a torta estava deliciosa, apesar da confissão de que fora comprada,
Beckett não deixou de elogiar. Enquanto ela degustava mais uma taça de vinho,
Castle fazia um café para os dois. A bebida, o jantar, o ambiente a fizeram
relaxar.
Ela estava
sentada no sofá. Castle se aproximou entregando uma caneca de café vendo que a
mesma já tinha colocado a taça sobre a mesa. Beckett sorveu um primeiro gole.
Estava precisando dessa bebida quente. Naquele momento, a vontade de beija-la
era enorme, porém não podia avançar o sinal e colocar tudo a perder. Ele queria
explorar problemas maiores e mais significativos que o simples fato de estar
com ela ali, em sua sala.
- Acho que
esse foi o caso mais difícil que já enfrentamos juntos. Não sei se deveria
estar contando isso para você, mas houveram momentos que pensei não haver
saída. Duvidei que fóssemos pegar esse serial killer e meu maior medo era que
isso tivesse uma consequência drástica. Não iria me perdoar se algo acontecesse
a você, Kate. Falei algumas coisas da boca pra fora, mostrando uma confiança
que eu não tinha.
- Pensei que
confiasse no trabalho da agente Shaw. Você me pareceu um fã. Queria até
escrever um livro sobre ela! O que mudou? Eu já disse que não é sua culpa o que
aconteceu.
- Admiro muito
a agente, ela é fantástica. Competente, inteligente, mas ela não é você, Kate.
Naquele prédio diante do perigo iminente, você foi fundamental. Soube agir numa
rapidez e precisão incrível. Jogou com ele, blefou. Ali tive certeza de que não
poderia ter escolhido melhor inspiração para Nikki Heat. Você fez justiça à minha
personagem exatamente como imaginei.
- Exceto pela
parte em que quase morri atingida pelo meu inimigo. Fiquei feliz por ter
entregue minha arma a você. Devo lhe agradecer por salvar minha vida, aliás por
duas vezes. Só espero que isso não se torne um hábito.
- Por mais que
seja muito bom ouvir você dizendo que salvei sua vida, prefiro que esteja bem.
Sem arranhões, sem tiros, sem visitas ao hospital. Ainda tenho muitas historias
para escrever sobre Nikki. Muitos casos a solucionar ao seu lado.
- Mesmo? Você
pelo menos tem ideia do número? Só para eu me preparar.
- Não sei,
você não pode apressar a mente do escritor. Não é assim que funciona, detetive
– ela sorriu terminando o café. Não terminara de agradecer como gostaria.
- Castle,
brincadeiras à parte, eu realmente devo minha vida a você. Não teria pensado a
tempo para sobreviver aquele incêndio se você não tivesse me alertado. Eu já
havia baixado a minha guarda, para mim o caso estava encerrado. Além de me
ajudar, me ofereceu um lugar para ficar e recuperou o relógio do meu pai. Não
sei como retribuir. Não sou uma pessoa apegada a coisas materiais, mas algumas
são muito importantes.
- Como o
relógio do seu pai, eu sei.
- Sim, você
não precisava fazer tudo isso por mim. Não tinha a obrigação de me socorrer,
sou bem grandinha para me virar sozinha. Mesmo assim, obrigada – ela apertou a
mão dele esboçando um sorriso sincero e lindo. Apenas por segurar sua mão, ela
já sentia os efeitos do toque. Castle aproximou-se um pouco mais dela, roçava o
polegar nas costas da mão.
- Kate, não
fiz por obrigação ou culpa. Fiz porque me importo com você. Quando ouvi a
explosão e as chamas saindo pelas janelas do seu apartamento eu não sabia o que
pensar. Precisava que estivesse bem, viva. Eu temi que o pior acontecesse e eu
não iria me perdoar por isso – ele passou as costas da mão acariciando-lhe o
rosto – nunca me perdoaria.
- Não pode
pensar assim. Sou uma policial, esses são os riscos da minha profissão.
- Mas eu criei
Nikki Heat e foi isso que atraiu Dunn em primeiro lugar. Quantas vezes você
precisar da minha ajuda, para qualquer coisa, estarei aqui. Do seu lado – Kate
olhou para aqueles olhos azuis, como poderia resistir? Ela inclinou-se em sua
direção, acariciou o queixo dele com a ponta dos dedos e tomou os lábios dele
nos seus. O beijo começou lento, doce. Então ao afastar os lábios, deixou sua
língua deslizar para o interior da boca de Castle intensificando o contato. Ele
a puxou para perto de si, diminuindo a distância entre os dois. O balé dos
lábios era suficiente para acender a chama do desejo que sempre os tomava logo
após o contato de seus corpos.
Lutar contra
essa sensação tornava-se difícil a cada minuto que o beijo era prolongado. Kate
ainda estava confusa com os acontecimentos, os sentimentos da última vez que
cederam à vontade de seus corpos. Querer ir adiante seria simples, fácil. Não
podia. As consequências, teria que encara-las em seguida. Estava na casa dele,
a filha estava ali.
Quando sentiu
as mãos de Castle acariciarem seus seios, sabia que era a hora de parar antes
que o inevitável acontecesse. Empurrando-o de leve, ela quebrou o beijo.
- Não,
Castle... não – ele escorou a testa na dela, havia algo incomodando-a.
- Por que? –
ele sussurrou.
- Eu não sei,
sua filha está aqui, estou na sua casa, esse relacionamento... é profissional
não vamos misturar as coisas.
- Realmente é
esse o motivo, ser profissional ou você está escondendo alguma coisa?
- Castle, por
favor... – ele podia ver a dúvida em seus olhos. A briga que enfrentava entre
dizer sim ou não. Queria poder convencê-la de que não havia mal nenhum em
ceder. Porém, conhecia Beckett o suficiente para compreender que se a forçasse,
estragaria tudo e certamente eliminaria todas as suas chances de conseguir o
que desejava.
- Tudo bem, a
escolha é sua. Terei que respeitar somente quero que considere tudo o que
aconteceu, o que falei e lembre-se que sempre irei me importar. O que quer que
aconteça, estarei aqui. Nem que seja para irrita-la – Kate ficara mexida pelas
palavras – agora relaxe e descanse – ele se levantou do sofá recolhendo as
canecas – Ah! Antes que me esqueça, se precisar de ajuda para encontrar um novo
apartamento, estou às ordens. E Montgomery me entregou os papeis do seguro,
falta apenas você ir até o escritório assinar para liberarem o dinheiro.
- Você fez
isso? – não sabia se estava irritada pela intromissão ou surpresa.
- Não quis me
intrometer, eu só achei que com tudo que acontecia adiantar o serviço não faria
mal. Pedi ao meu advogado. De qualquer forma, não precisa pressa. Você é
bem-vinda para ficar aqui o tempo que quiser. Mi casa es su casa.
- Eu não sei o
que dizer...
- Não diga
nada, você já me agradeceu demais para um dia, Kate. Boa noite.
- Boa noite.
Kate seguiu
para o quarto de hóspede. Trocou a roupa pelo pijama e sentou-se na cama. Deus!
O que estava acontecendo com ela? Você rejeitou um homem maravilhoso porque não
sabe ao certo o que sente. Porque está em dúvida sobre o que significa tudo
isso? Ele salvou sua vida, duas vezes. Quantos já fizeram o mesmo? Lembrou-se
do que dissera a agente Shaw. É complicado. Sim, ela era uma mulher muito
complexa quando se tratava de sentimentos, de entrega, de confiança.
Por que não
podia esquecer o significado, as consequências e deixar a análise para depois e
obedecer apenas o desejo? Ele estava ali tão perto, estavam tão envolvidos. E o
toque... Kate passou a mão nos cabelos, pensativa. Querer, poder. Levantou-se
da cama, abriu a porta do quarto. Na ponta dos pés, seguiu até as escadas.
Quando chegou a sala, a droga da razão a encontrou. O que eu estou fazendo?
Mas, a curiosidade de desbravar o desconhecido apartamento de Castle parecia
ser mais forte que ouvir o chamado racional. Ela encaminhava-se para o lado do
escritório quando se deparou com o próprio escritor parado em frente à tela da
televisão olhando para a estática com um copo de whisky na mão. Pressentindo
sua presença, ele virou o rosto em sua direção.
- Beckett?
Está perdida ou não consegue dormir? – como ela não respondeu, ele continuou –
se for insônia, pode me fazer companhia – ela se sentiu pressionada diante da
possibilidade a sua frente, não seria um erro. Então, ela desconversou.
- Eu só ia...
água... não, esquece. Vou voltar para a... – contudo Castle já estava de pé. O
rosto quase colado no dela.
- É água que
você quer? – a voz de Castle saiu como um sussurro. Fora involuntário, de
verdade. Mas vê-la de pijamas a sua frente afetou sua mente – desculpe, eu... –
ele não terminou a frase. Kate o puxou pela nuca e envolveu-o em um beijo
intenso. Deslizou seu corpo querendo sentir o corpo dele junto ao seu, o calor,
a proteção. Queria sentir o desejo exalando pelos poros. As mãos de Kate
deslizaram pelas suas costas perdendo-se por baixo da camisa que ele usava. O
calor da pele em contato com a ponta dos dedos frios dela era tão gostoso. Para
Castle aquele toque era um ativador de desejo, como um clique que despertasse a
libido. O membro já estava ereto, esperando por ela.
Castle não
queria dar o próximo passo. Deveria vir dela, afinal fora Kate quem jogara o
balde de água fria. Ela o segurou pelos ombros empurrando-o contra o sofá. Se
ela estava pensando em seguir adiante com o que começaram, melhor levar essa
festa para outro lugar.
- Não aqui,
Kate – puxando-a pela mão, Castle a levou para seu quarto. Assim que fechou a
porta atrás deles, ela levou um tempo para se movimentar. Estava observando o
ambiente. A parada dela, causou um certo medo nele. Será que ela desistiria?
Porém, Kate se aproximou envolvendo seus braços na cintura dele deixando as
mãos vagarem pelas costas quentes. Sem avisar, retirou a camisa dele jogando-a
no chão. Os lábios tocaram-lhe o peito vagando apenas para sentir o gosto da
pele. Imediatamente, Castle livrou-se da blusa do pijama expondo os seios dela.
Com cuidado, deitou-a na cama colocando seu corpo sobre o dela. Sorriu ao
encontro dos olhares.
A partir de um
novo beijo extremamente sensual, eles se entregaram ao momento de prazer.
Toques, beijos, cheiros. As mãos se perdiam sentindo a pele, os lábios sugavam os
poros e sabores. As pernas enroscadas aprofundavam o contato. O momento entre
os dois tornou-se leve, íntimo e sedutor. Não era uma transa apenas. Eram duas
pessoas completamente atraídas pela outra, necessitadas de carinho, cheiro,
desejo. Uma entrega sincera. Nada para atrapalhar. Com sentimentos ou não,
ambos usufruíram da noite como se fossem um só. O orgasmo intenso a fez gemer
alto pelo menos duas vezes na noite. No último encontro de prazer, eles juntos
sucumbiram ao poder da explosão tão ansiada.
Kate ficou uns
minutos deitada ao lado dele. Contemplava a silhueta do corpo deitado de lado
com o rosto virado para fita-la. Aqueles olhos azuis realmente eram sua
perdição. Suspirando, ela levantou-se da cama sorrindo, vestiu novamente o
pijama. Castle sentou-se na cama.
- Onde você
vai?
- Para o meu
quarto. Não quero provocar nenhuma situação inconveniente.
- Não seria
nada disso. Fique. Por favor...
- Não, Castle.
É melhor assim. Boa noite – antes dela abrir a porta, ele levantou-se segurando
o braço puxando-a para si. Os lábios tomaram os dela em um beijo carinhoso. Ao
quebrar o contato, deslizou a ponta dos dedos acariciando a pele dos braços
expostos.
- Boa noite,
Kate.
Ela subiu as
escadas vagarosamente. As pontas de seus dedos tocando os lábios. Um pequeno
sorriso se formava no rosto dela.
Pela manhã,
Kate foi brindada por um café da manhã especial. Bacon, ovos e panquecas. O
cheiro do café quentinho atiçou suas narinas. Alexis já estava sentada no
balcão quando ela apareceu pronta para ir para o distrito. Castle, ao vê-la,
adiantou-se para servi-la da bebida que era fundamental para a detetive logo
cedo pela manhã.
- Bom dia,
Detetive Beckett.
- Bom dia,
Alexis. Olá, Castle – recebendo a caneca de café das mãos dele.
- Nossa,
detetive! Está realmente com pressa de voltar ao trabalho, não?
- Na verdade
Castle, irei à seguradora resolver o lance da apólice. Devo chegar ao distrito
praticamente na hora do almoço. Não tenha pressa em sair para me encontrar.
- E eu vou
correr antes que chegue atrasada na escola – beijou o pai – tchau, Beckett.
- Boa aula –
ela sentou-se no balcão. Serviu-se de uma panqueca e roubou um pedaço de bacon provando-o
– você manda bem nas panquecas. Estão bem gostosas.
- Obrigado.
Tem certeza que não quer minha companhia para enfrentar os caras do seguro? Sou
uma testemunha de qualquer modo e você sabe como esse pessoal tende a ser
chato.
- Não precisa
mesmo, Castle. Essa etapa da seguradora não será tão difícil assim. Vou passar
no meu apartamento, ver como ficaram as coisas realmente. Preciso ter uma ideia
do tamanho do prejuízo antes de negociar com os agentes. Posso fazer isso
sozinha. O que certamente me fará perder tempo e algumas noites de sono será
encontrar outro lugar para morar. Talvez sua ajuda seja boa quando estiver sem
saber o que fazer.
- Não por
isso. Posso contatar um amigo meu que é corretor. Se me disser como pretende
que seja seu novo apartamento, eu adianto algumas opções, marco até visitas
para você. Que tal?
- Não seria má
ideia. Eu te falo à noite – terminou a panqueca e comeu um pouco mais do ovo e
bacon. Levantou-se pensando em retocar a maquiagem para sair o quanto antes,
não podia perder o primeiro horário já que não agendara nada. Castle cobriu sua
mão com a dele, fixando o olhar nela.
- Está tudo
bem conosco?
- Está sim,
Castle. A detetive e o escritor estão bem. E sobre ontem, não pense que eu
mudei de ideia foi apenas uma fraqueza de corpo, resultado do stress dos
últimos dois dias. Vamos deixar de lado essa história. Tudo bem?
- Por
enquanto, faremos como você quiser.
Quinze minutos
depois, Kate deixava o loft. Ela iria até a seguradora resolver o problema de
sua moradia. Contudo, havia algo bem mais urgente para ser analisado. Ao subir
as escadas e abrir a porta, sentiu o coração palpitar. Tinha que desabafar.
- Ela já
chegou? – Kate perguntou à secretaria.
- Daqui a
quinze minutos. Você não tem consulta agendada hoje, Srta. Beckett.
- Não, é uma
emergência. Sei que ela irá me atender.
- Ela tem o
horário das dez livre, se quiser terá que esperar.
- Não me
importo, tenho a manhã toda – a terapeuta chegou ao consultório com apenas
cinco minutos de folga para sua primeira consulta. Sorriu para Kate. Para ela
estar ali, o assunto só poderia ser um: Rick Castle. Checou a agenda percebendo
que a secretaria a colocara para as dez da manhã. Faria o possível para atendê-la
o quanto antes. Por volta das nove e quarenta, o paciente sai da sala. Kate prendeu
a respiração por uns segundos.
- Vamos lá,
Kate? – Dana indicou o caminho fechando a porta atrás de si. Foi até o canto da
sala, serviu um café para as duas entregando a caneca nas mãos da detetive. Sentou-se
na sua cadeira observando o jeito como ela mordia os lábios, clássico sinal de
nervosismo. Era melhor acabar com toda a ansiedade que a rodeava nesse instante
– então, Kate, faz um tempo que não a vejo. Estranhei sua ausência. O que a trás
aqui hoje?
Kate passou a
mão pelos cabelos, bebeu um novo gole do café e suspirou.
- Aconteceu de novo...
Continua.....
5 comentários:
To amando tanto essa fic que nem sei.. Essa interação entre eles ta demais!!!! Amoo o cuidado dele com ela e o fato de um não resistir ao outro.
Katezinha se entrega logo a esse sentimento, todo mundo já percebeu que você ama esse homem.
E acho desnecessário o Demming na história, quero mais é eles se entendendo.
Parabéns Karen <3
Ave Maria que meus elogios estão se esgostando hahaha
Mas a Fic é muito perfeita e merece muitos elogios!
A continuação do episódio duplo foi ótima. Mas o restante foi ❤
O cuidado do Castle com ela é lindo. Kate quer, mas tem medo e, aos mesmos tempo, ele a traz segurança. Mesmo com essa relação "complicada", amo esses momentos fofos deles. O beijo na sala foi tão amorzinho *-* estou cada vez mais encantada.
Parabéns, Karen!
Amei... foi tudooooooo!!!!!!
O jantar, o papo e o beijo.... Depois broxei com ela dizendo não. Então,depois foi um"Ah que se dane"e se deixou levar (thank You God ) o jeito que ele cuida e se preocupa com ela é PERFEITO!
Ah! Kate, que medo de amar é esse, mulher?
Que capítulo maravilhoso foi esse? O coração chega até parar de bater com todas essas emoções!
Pense em uma pessoa difícil e multiplique por 450 vezes,o resultado dar dona Kete...!
Lê o "dane-se" dela não têm preço.O cuidado,carinho,atenção,companheirismo e o amor que ele sente por ela é instigante.
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