terça-feira, 4 de agosto de 2015

[Castle Fic] One Night Only?! - Cap.30



Nota da Autora: Um novo capitulo. Um pouco de angst, mas tem coisinha boa vindo ai. Quem esta pronto para Roma? Quero pedir desculpas porque meu computador deu uma pane e meu corretor ficou louco, podem ter erros de português. Outro ponto importante: passaremos bons tempos felizes. Para relaxar! E depois... ah, fica na espera...


Cap.30


Sentadas no pequeno restaurante. Beckett permanecia calada tomando um suco pensando em como iniciaria a conversa. Dana antecipou-se à amiga para incentiva-la a romper o silêncio.

- Achei que você e Castle estavam bem.

- Estamos, muito bem. Viajaremos para Roma na próxima quinta. Precisamos de um tempo sozinhos.

- Que notícia excelente! Uma pequena lua de mel. Então, se tudo está fluindo entre vocês dois, qual o problema? O que te aflige a ponto de quase ser atropelada?

- Josh. Você se lembra dele? Eu fui atacada ao chegar ao meu prédio. Ele estava sob o efeito de drogas e insistia em me agarrar alegando estar apaixonado. O que ele possivelmente sentia por mim, virou uma obsessão. Eu lutava contra ele, cheguei a puxar minha arma, mas a verdade é que se Castle não tivesse aparecido, talvez as consequências do meu confronto com Josh tivessem sido muito piores. Acabamos parando no hospital porque na briga, Castle levou uma pancada na cabeça. Eu me apavorei. Não ia me perdoar se algo acontecesse com ele por minha causa. Felizmente, está tudo bem com Castle e acabei concordando em não apenas registrar a queixa da agressão, exigiu uma ordem de restrição.

- Nossa! Chegou a esse ponto? Castle está certo em querer protege-la, da mesma forma que você ficou preocupada com a vida dele. Essa ordem acaba por ajudar aos dois. Quer dizer, pode ter sido a primeira vez, mas se já foi a ponto de colocar a vida de vocês em risco nem preciso dizer que é o melhor a fazer. Quem diria, drogas? Isso foi comprovado?

- Sim, através do exame toxicológico. E não foi o primeiro ataque, Dana – ela aproveitou para contar-lhe os detalhes do outro ataque sofrido no hospital, a amiga prestava atenção não somente na história como também na reação corporal de Kate. Ela contou sobre a possibilidade do médico ir para a África e por fim, resolveu colocar para fora suas aflições – não nego que a proteção é importante e necessária, porém eu tenho duas outras preocupações. A primeira é a repercussão da ordem para mim dentro da NYPD, as pessoas conversam e insinuam de tudo. A segunda é a reação de Josh. Quem garante que ele não vai quebrar o que manda a lei para chegar até mim ou pior, e se ele decidir se vingar de Castle? Eu não me perdoaria se algo acontecesse com Castle, não quero carregar essa culpa.

- Diante de toda a sua colocação, Kate. Não acredito que haja outra medida a tomar. Josh deve ser punido. De que adianta você manter sua reputação e aparecer morta ou toda quebrada? E se ele matar Castle? Você ficou muito ferida? – ela estendeu os braços puxando as mangas da camisa mostrando as marcas – nossa! Ele a agarrou com vontade.

- Dana, eu sei que nossa proteção é mais importante, mas se a emissão da ordem despertar um ódio sem controle? Pelo menos com a sua ida à África, podia ter a certeza de que estaríamos em segurança. Ele estaria do outro lado do atlântico, a agressão já foi registrada de qualquer forma.

- E você está sugerindo não pedir a ordem de restrição? Kate se ele ficar mais agressivo ou não cumprir o acordo, a cadeia é o destino certo dele. Para que ficar com receio de agir dentro dos seus direitos? Independente dele ir para a África, você e Castle podem afastar-se um pouco. Já vão viajar para Roma, Josh não terá muito tempo para revidar. E se ele realmente for para o continente africano, melhor para você e Castle.

- Eu gostaria tanto que a história da África fosse verdade... pouparíamos muito estresse e parte da minha insegurança ia embora.

- Não se preocupe com a sua imagem na polícia, tenho certeza que o seu capitão saberá como lidar com a causa. O que está em jogo aqui é a sua segurança e a de Castle. A vida de vocês. Quer dizer que ficou apavorada ao ver seu namorado no chão? Ele mexe mesmo com você...

- Sim, eu pensava que era apenas pelo instinto de proteger pelo qual fiz o juramento, mas a verdade é que vê-lo deitado no chão quase desmaiando, a boca sangrando, não era uma simples vida que queria salvar, era a vida de alguém muito importante. Até estar apaixonada, minha visão sobre proteção era profissional, agora eu me vi pensando em tanta besteira. Claro que não deixei-o perceber a minha aflição por completo. Acho que me tornei chata pelo tanto de vezes que perguntei se estava tudo bem. Essas duas experiências de vida e morte que passamos juntos, me fez perceber o quanto Castle se tornou parte da minha vida. Não quero perdê-lo, é difícil admitir mesmo para você, Dana.  

- Se quer minha opinião, isso já não é mais paixão. Pode me censurar pelo que irei dizer, também sei que vai ficar negando e posso inclusive me arriscar a deixar sua cabeça mais embaralhada nesse momento, mas o que você está sentindo, Kate, isso é amor. Por isso a culpa, o medo de que algo saia errado. Tenha uma coisa em mente, Josh não irá estragar absolutamente nada para você e Castle enquanto esse sentimento existir.

Kate permaneceu calada, as palavras de Dana vagarosamente atingindo sua mente, seu inconsciente. Amor. Não podia concordar com isso. Era loucura. Mais uma daquelas jogadas de sua amiga para fazê-la remoer e analisar, não se deixaria levar pelo belo discurso.

- O que foi? O gato comeu sua língua ou acertei em tudo que falei?

- Não, você não acertou porque não há nada para ser provado ou acertado. Isso não é uma competição. Um jogo de certo e errado. Eu gosto de Castle, me preocupo com ele, formamos uma ótima dupla em todos os sentidos. Mas amor? Isso é pensar muito além do nosso tempo, não posso aceitar. É rápido demais. Estou apaixonada por Castle e esse é o fim da história. Além disso, não é o momento de nós discutirmos sobre esse assunto. Tenho problemas maiores.

- Josh, sei. Enquanto você seguir as regras e ouvir Castle, não vejo problemas, vejo soluções melhores, momentos a desfrutar... está prestes a fazer uma viagem maravilhosa com Castle. Meu conselho? Aproveite ao máximo todo o tempo que puder ao lado dele.

- Mais fácil falar que fazer.

- Não mesmo! Olhe para você, sua vida? O quanto ela mudou nesses três anos, Kate? Há muito tempo não a via tão bem. Ainda existem feridas para fechar, problemas a solucionar, mas você não está sozinha. Voltou a viver. Você já parou para se perguntar se estivesse enfrentado esses casos sozinha, como estaria? Eu tenho certeza que venceria porque é uma excelente policial, contudo como estaria a Kate, a pessoa? Talvez mais amargurada que antes, ou presa a uma série de problemas e convenções. Viva, sim, só que como uma sobrevivente... não uma pessoa satisfeita e feliz.

- Eu não estaria viva, Dana. Se não fosse Castle, eu provavelmente já estaria morta. Ou numa explosão ou por uma luta com meu inimigo invisível.

- Se é essa a sua interpretação... Kate, eu prometo que vou torcer para que Josh vá para a África, mas deve me prometer também que irá seguir com a ordem de restrição para seu próprio bem e de Castle. Você sabe que ele está certo, os dois correm perigo.

- Tudo bem. Eu prometo – elas terminaram o almoço com uma bela cheesecake de sobremesa. Despediram-se com os votos de uma ótima viagem para a Europa. Dana plantara novamente sua sementinha na cabeça da amiga. Compreendia que o sentimento estava lá, mas o processo seria bem mais longo que o da admissão da paixão. Com as preocupações que tinha em mente nesse instante, a cartada do amor ficaria para mais tarde embora estivesse plantando o conflito de emoções para Kate, sabia ser o próximo passo a galgar nessa história. Josh era apenas uma distração, iria passar. No momento certo, ela tornaria a falar sobre o assunto para a amiga. E se tiver sorte, nem precisaria. Será como o velho ditado prega: todos os caminhos levam a Roma, não? Dana torcia para que sim.

Sorrindo, ela levantou-se da cadeira após pagar a conta. Kate a seguiu deixando o local. Na rua, elas se despediram.

- Fique tranquila e aproveite o momento da sua vida. Mande um beijo especial para Castle e agradeça por mim o que ele está fazendo para você.

- E dar outro motivo para ele ostentar o ego gigante que tem? Nem sonhando, Dana.

- Kate, acredite, ele não precisa que as pessoas inflem seu ego. As ações que ele faz já provocam isso automaticamente. Aliás, ele vê sua influencia todos os dias somente de olhar para você.

- Meu Deus! Ainda bem que está dizendo isso para mim. Do contrario, ele já estaria lhe enchendo de beijos e implicando comigo repetindo “eu te disse” um milhão de vezes.

- E ele teria razão. Não se preocupe, Kate. Sei o quanto o admira. Seu segredo está seguro comigo. Divirta-se em Roma. Já estou curiosa para saber o resultado dessa aventura – despediram-se com um beijo entrando na estação do metro. Kate seguiu em direção oposta. Não deixaria as ideias de Dana dominarem seu pensamento. Precisava se concentrar em resolver seu problema com a justiça e Josh, mais do que isso, precisava se concentrar em Castle.

Ao chegar no loft, encontrou-o em seu escritório respondendo alguns emails de Gina. Havia um envelope pardo sobre a mesa dele. Ela o abraçou pelo pescoço prestando atenção no que ele digitava no notebook. Os lábios tocavam a nuca, o nariz inalava o cheiro do cabelo e uma das mãos descia por dentro da camisa acariciando a pele. Mordicou de leve a orelha sabendo que começava a tirar sua concentração.

- Vai demorar muito nesse notebook? Você nem está se divertindo escrevendo sobre Nikki...- ele sorriu levando sua mão aos lábios beijando-lhe a pele – vamos, Castle.

- Eu sabia que quando você chegasse, eu não teria tempo ou disposição para fazer qualquer outra coisa a não ser dar atenção a você, amor. Tem algo que quero te mostrar – ele pegou o envelope e puxou-a pela mão até a sala. Devidamente confortável no sofá, Kate se livrou da jaqueta e dos sapatos acomodando os pés sobre o colo de Castle. Ele, por sua vez, massageou com carinho os dedos dela, o gemido prazeroso e a cara de satisfação apenas confirmavam o que ele queria saber – mas antes, como foi o seu encontro com Dana? Conseguiu aliviar esse coraçãozinho que me pareceu bem apertado hoje cedo?

- Foi bom. Dana sempre sabe o que dizer. Aliás, ela mandou um beijo para você.

- Ah, muito obrigado. O que mais ela falou de mim?

- Quem disse que ela falou algo?

- Ah, detetive... Dana sabe que sou importante para sua felicidade, além de super charmoso e sedutor – ela apertou a barriga dele com o pé.

- Deixa de ser convencido! De onde você tirou a ideia de que eu estava com problemas do coração?

- Você não entendeu. Não é problema do coração porque dele eu cuido muito bem, você estava preocupada, um pouco aflita mesmo. Eu a conheço, ainda não consegue aceitar o que estamos fazendo, a ordem de restrição. Olha, Kate, não quero que isso se torne um empecilho para nós, deveria ser algo bom visando nossa proteção. Não quero que você se sinta mal por isso.

- Castle, eu sei. Não estou chateada por você ter insistido nisso. Confesso que não gostei de expor minha fragilidade, ainda receio quanto ao que Josh pode fazer contra você, contra nós. Dana tem razão, se estivermos juntos, poderemos tirar proveito e fazer o que for preciso para nos defender.

- Agora gostei do que ouvi. Vamos ao que o envelope lhe reserva – ele abriu retirando duas telas impressas contendo a ideia da próxima capa do livro da série Heat – me diga o que achou – entregando as amostras a Kate. Ele tinha uma vaga noção dos comentários que ouviria.

Kate examinou as duas imagens. Como imaginava, a sua silhueta estava exposta nas duas opções. Pelo menos em uma delas estava mais comportada. A verdade era que ambas estavam muito bonitas, porém ela não deixaria a oportunidade de reclamar e implicar com ele passar em branco.

- Por que não desconfiei? Aliás, eu me espantaria se na cama Nikki estivesse vestida como qualquer pessoa normal. Que mania horrorosa é essa de colocar a minha silhueta à amostra. Não acredito que isso seja ideia da Gina, aposto que tem dedo seu.

- Kate é bonito, dá um sex appeal diferente a Nikki. E eu nunca escondi que a minha personagem tinha um lado meio piriguete, estilo prostituta...

- Castle! Não sou uma mulher fácil e não é assim que gostaria de ver minha personagem, inspirada em mim, como uma qualquer. Ela é uma detetive competente! – ela fingia estar chateada, Castle se aproximou dela ajeitando uma mecha de cabelo para trás da orelha e respondendo aquilo que faria sua musa certamente ficar bem satisfeita.

- Amor, eu sei o que Nikki é, o que ela representa. Mais importante, sou capaz de valorizar cada qualidade que você possui, as grandiosas e os pequenos gestos. Sou grato por poder ter uma musa tão extraordinária. Nikki é muito especial para mim, assim como você.

- Palavras... você sempre recorre a elas para se safar, não? E eu acabo caindo todas às vezes na sua lábia, escritor – ela o puxou pela gola da camisa beijando-lhe com vontade – fique com a amarela, parece mais iluminada para o seu novo mistério.

- A amarela será... agora, que tal passarmos um tempo namorando e depois podemos fazer os planos para nossa viagem? Mal posso esperar fugir com você para a Itália, Kate. Um tempo só nosso...

- E de todas as suas leitoras, sei... – mas impediu-o de falar qualquer coisa ao mordiscar os lábios disponíveis a sua frente. Sentando-se no colo dele, remexia seu corpo para excita-lo. Provocava o quanto podia para deixa-lo aceso e desejando-a completamente. Porém, ele não se rendeu tão facilmente como ela esperava. Mesmo consumido pelo prazer que aflorava de seus poros e doía-lhe a virilha, Castle devorava o pescoço dela enquanto as mãos massageavam os seios sobre o tecido. Em questão de minutos, eles se entregaram ali mesmo no sofá. Não tiraram todas as peças de roupa, a vontade de sentir o contato de pele contra pele perdeu para o desejo do toque.

O clima estava quente quando a porta da sala se abriu. Alexis entrou de supetão falando alto e rindo com o namorado pegando Castle e Beckett, como se costuma dizer, de calças curtas. Ele estava sem camisa, Kate apenas de sutiã com os cabelos embaraçados no sofá, ambos vermelhos e suados. O susto quase faz Castle cair no chão levando ela consigo. Felizmente, os reflexos dela prevaleceram e conseguiram evitar um mico ainda maior. Por instinto, após gritar, Kate pegou a blusa que vestia cobrindo o corpo.

- Alexis...eu...- mas Castle não conseguiu completar o pensamento. Da mesma forma, consciente da possível vergonha pela situação estranha que acabaram de presenciar, virou-se de costas forçando o namorado a fazer o mesmo.

- Relaxa, pai. Apenas se vistam. Um pouco de decoro não faz mal a ninguém – rapidamente Kate pulou do sofá e vestiu-se. Empurrou Castle para longe quando ele fez menção de roubar mais um beijo. Ela se antecipou para pedir desculpas da menina.

- Eu sinto muito, Alexis. Eu...nós não devíamos fazer esse tipo de cena em plena sala e...foi errado, nós estávamos sozinhos, então...

- Kate, tudo bem. Não precisa ficar nervosa ou bolada. Pelo menos o Ashley não te viu. Não quero competir com você no quesito beleza – novamente Kate enrubesceu.

- Alexis, não diga isso. Você é linda. Uma beleza diferente e única com esses cabelos ruivos, os olhos azuis.

- Tudo bem, Kate. Você já se desculpou o bastante, não precisa prolongar o instante – as duas se entreolharam e a reação foi quase imediata para ralhar com ele.

- Castle!

- Pai! Que coisa feia! Você não se conforma de não ser o centro das atenções... – a tirada de Alexis fez Kate se acalmar e rir da situação. A garota tinha razão. Amenizando o ambiente, Alexis se aproximou do pai e beijou-lhe o rosto – então, vocês estão com fome. Ashley e eu pensamos em comer italiano hoje, mas nos contentamos com pizza mesmo.

- Parece uma ótima ideia, Castle. Considerando que temos uma viagem para programar, nada melhor que pizza para entrar no clima de Roma, não?

- Sendo assim eu me rendo às duas belas mulheres e seus desejos – ele virou-se para Ashley – não por você, que fique bem claro – as duas caíram na gargalhada, às vezes Kate esquecia como Castle podia ser um bobo e não passar de uma criança grande.

Mais tarde após o jantar, Castle e Kate recolheram-se para o quarto. Ele mostrou sua programação em Roma e reservou dois dias inteiros para ficar com ela. A exceção de uma noite de autógrafos, as outras seriam dela. Kate elencou alguns lugares que pretendia visitar quando ele estivesse ocupado e o escritor garantiu que a levaria para comer na melhor cantina de Roma.


Tribunal de justiça – segunda-feira


Castle e Beckett encontraram Jackson na entrada do tribunal. Levando-os até a antesala do juiz, ele tratou de atualiza-los quanto às novas informações do caso.

- Eu entrei em contato com o hospital, Beckett. Falei pessoalmente com o doutor William. Felizmente, ele lembrava vividamente do ocorrido semanas atrás naquele quarto do seu hospital. Ele é o chefe da emergência, Josh responde a ele. Expliquei tudo o que aconteceu com vocês. Diante do exposto além do resultado do exame toxicológico, o seu superior concordou em conversar com o juiz. Pode quase afirmar que o processo movido pelo advogado contra Castle está cancelado. Juiz nenhum irá ajudar esse caso a ir adiante.

- Uma boa notícia – disse Castle – e na sua opinião, como o juiz encara o processo de agressão e a ordem?

- Ele é a favor, especialmente por estarmos falando de uma policial.

- Você chegou a perguntar se a história da África procede? – Beckett estava muito interessada em saber o que poderia garantir a distancia entre eles e Josh.

- Quanto a esse ponto, segundo informações do próprio doutor William, Josh estava pleiteando uma vaga no “médicos sem fronteiras” que deve sair no próximo mês, se me perguntar, ele está contando com uma resposta positiva. Seu superior me disse que o incentivou a passar o tempo fora porque havia notado que ele andava meio estressado com o trabalho na emergência.

- E o juiz? Como ele pretende conduzir essa conversa? – Beckett perguntou.

- Normalmente eles conversam em separado com a vitima e o agressor, depois colocara a todos frente a frente em uma espécie de pré-julgamento para confrontar os objetivos de cada uma das partes ao trazer essa acusação ao seu conhecimento. Então decide em favor de um das partes. Não se preocupe, vocês estão embasados. Olhe, ai vem o juiz. Seu agressor está atrasado. Isso já conta negativamente contra ele.

O juiz aproximou-se e cumprimentou a todos. Pediu para que Beckett o acompanhasse ao seu gabinete. Com um rápido aperto de mão recebido de Castle, ela entrou atrás dele. Após as devidas apresentações e propósitos, durante a meia-hora seguinte, Kate contou ao juiz tudo que acontecera desde o dia que conhecera Josh ate o ultimo encontro desagradável. Comentou a implicância dele com o escritor e que graças a Castle tinha escapada quase ilesa dos ataques do médico. Deixou claro que temia as próximas ações e um novo ataque devido à descoberta de que o médico ingeria substancias ilícitas.

Beckett fez questão de salientar que tinha condições de se defender mesmo com a presença de Castle nos locais onde os ataques aconteceram. Tinha receio que a sua posição como policial fosse ignorada. O que ela desconhecia era que o juiz Gibson estava acostumado a julgar causas e processos como esse. Também conhecia a detetive. Já estivera presente em julgamentos de assassinatos nos quais Beckett ajudara a promotoria. Conhecia o potencial e a reputação da profissional da NYPD, tornando mais simples e favorável o seu parecer.

Obviamente, ele ouviu Castle em seguida. Quando estava na sala de espera com Jackson, Josh chegou com seu advogado à tira colo. Fez questão de olhar para ela, mesmo contra a orientação do seu representante. Beckett apenas lançou um daqueles seus olhares fulminantes e Jackson pediu para que o advogado o mantivesse à distancia.

Quando Castle saiu da sala deu de cara com o médico que seria o próximo a entrar. O semblante dos dois indicava que se pudessem sairiam no braço ali mesmo. Felizmente o Dr. William conseguiu controlar Josh colocando-o para sua parte do interrogatório com o juiz.

- Ele falou algo para você, Kate? – perguntou Castle preocupado.

- Não, babe. Está tudo bem.     

Vinte minutos depois, após uma rápida conversa com o superior de Josh que havia sido mencionado nos depoimentos de Castle e Beckett, o juiz os chamou para o tribunal. Sentados frente a frente, os olhares eram tensos. Beckett procurou pela mão de Castle embaixo da mesa. Jackson, a pedido do juiz, apresentou o processo de agressão e a justificativa para a ordem de restrição. O advogado de Josh por sua vez, trouxe para analise o caso que pretendiam abrir contra Castle também por agressão e danos morais.

O juiz não aceitou o processo de Josh baseado no depoimento de Beckett e do próprio superior de Josh que inocentava Castle de qualquer acusação por ter agido em legitima defesa. Josh fitava Castle com sangue nos olhos. Em relação ao processo de agressão, o juiz foi taxativo.

- No processo de Kate Beckett contra Josh Davidson fique registrado o parecer da justiça a favor da vitima declarando que o agressor devera cumprir 500 horas de serviços comunitários e tratar a dependência química sob a responsabilidade de seu superior Dr.William. Quanto à ordem de restrição solicitada, estou de acordo e declaro que o descumprimento da mínima distancia para Kate Beckett acarretara em prisão imediata e multa no valor de cinco mil dólares. Se for reincidente, não terá multa, apenas encarceramento. A ordem terá validade a partir de amanhã, assim que eu despache o processo como um todo. Independente de data, aviso ao réu que suas atitudes passarão a ser observadas a partir de agora.  

- Meritissimo, como fica a situação da viagem de meu cliente?

- O Sr, Josh Davidson poderá ir para a África através do Médicos sem fronteiras após comprovar as horas comunitárias e o tratamento médico satisfatório. Se não há mais perguntas, declaro encerrada a sessão – bateu o martelo e deixou a sala. Jackson sorriu para a detetive que parecia aliviada. Castle levantou-se para acompanha-la até a saída, porém assim que saíram do tribunal, o médico deu sinais de que não queria entender o recado.

Era possível perceber o ódio no olhar dele. Josh encarou Beckett primeiro. Aproximou-se ficando bem próximo a ela. Viu quando o advogado puxou-o pelo braço, o que não deteve a atitude do médico. Jackson observava a cena atenta pronto para agir caso fosse necessário. Josh desviou o olhar para Castle. Parecia querer mata-lo com os olhos. Beckett já estava com o semblante tenso. Falou baixo, porém suficiente para ser ouvido por todos os presentes.

- Vai ter volta. Você me paga escritorzinho de meia tigela. Kate é minha.

O advogado deu um novo puxão no braço dele afastando-o dela ralhando com o medico.

- Você está louco? Quer ir preso? Ordem de restrição não é brincadeira! E ameaçar os outros somente piora sua situação. Vamos embora daqui – saiu arrastando o médico contrariado. Dr. William os acompanhou garantindo que tomaria conta dele. Depois que eles desapareceram pelo corredor foi que Castle reparou nas mãos tremulas de Kate. Não comentou nada para não constrangê-la na frente do colega.

- Que cara louco. Felizmente a lei esta do nosso lado. Ele pode estar zangado, mas não irá levar a sério. Essas ameaças, tudo por conta da pressão e do stress da situação. O superior dele, Dr. William e um cara sensato, colocará um pouco de juízo na cabeça dele. Podem ir, assim que receber o processo envio para você.

Castle colocou a mão sobre as costas de Kate guiando-a ate a saída. Caminharam calados ainda absorvendo tudo o que acontecera nessas quase quatro horas que passaram no tribunal. No carro, ela deu partida dirigindo por seis quarteirões inteiros quando Castle finalmente quebrou o silencio.

- Você está bem? Percebi que suas mãos tremiam, Kate.

- Foi o choque. Vi o ódio nos olhos dele, Castle. Tenho medo que Josh se dedique a nos perseguir. Ou melhor, se vingar de você.

- Esquece isso, amor. A justiça está do nosso lado. Se ele tentar alguma coisa, terá que arcar com as consequências de seus atos. Sabe o que deveríamos fazer? Almoçar e pensar em nossa viagem. Logo estaremos em Roma, Kate.

- Com o almoço eu concordo, mas preciso trabalhar. Tenho que ir ao distrito – ela parou em frente do Remy’s – um rápido sanduiche e seguimos para o 12th. Montgomery deve ser informado do resultado do processo. Ainda quero convencê-lo que não precisaremos divulgar a ordem de restrição para toda a NYPD – assim que desceu do carro, Castle a encurralou no canto antes de entrar na lanchonete.

- Tudo bem mesmo? – ele acariciou de leve o rosto dela – Kate...

- Sim, Castle. Não podemos deixar essa história toda nos contaminar. Confesso que ainda estou me adaptando ao fato de ser alvo de perseguição de alguém, vai passar. E isso não é assunto para discutirmos aqui. Estamos em horário de trabalho. Vamos comer, de repente me doeu o estomago, pode ser fome.

Após o almoço, Castle foi direto com a detetive para a sala de Montgomery. Beckett fechou a porta para falarem mais a vontade. Sentando-se de frente para o capitão, ela contou o que se passara no tribunal naquela manha. Os detalhes importantes foram compartilhados com seu superior. Beckett frisou as penas e o fato do médico ter chance de viajar para a África. Terminada a explicação, ela deu abertura para que seu superior pudesse expressar seu ponto de vista.

- Mediante a tudo que me contou, imagino que esteja aliviada. Muito bom e eficiente o trabalho do detetive Jackson. Não tinha duvidas que a justiça ficaria a seu lado. Nenhum juiz competente negaria o apoio a uma profissional da lei, especialmente você. Qual a garantia de que esse médico pode sair do país?

- O superior dele, Dr. William é um senhor bastante sério, ele depos a nosso favor – disse Castle - como responsável de Josh, acredito que manterá o médico na linha. Com a dedicação dele, Josh poderá ir para a África. Se quer minha opinião, é a melhor saída para o hospital, para o doutor e para nós. Tenho certeza que o Dr. William vai querer manter a boa reputação de seu hospital e de sua carreira.

- Eu concordo com Castle, senhor. Josh ira deixar o país. Por isso, quero lhe pedir um favor. Gostaria que o senhor não autorizasse a circulação da minha ordem de restrição. Não queria ser alvo de fofocas. Por favor, não lhe pediria se não fosse importante – Montgomery estudava o semblante de sua detetive. Sabia que a honestidade era a base usada para fazer aquele pedido. Ela ficaria desconfortável sendo alvo de olhares. A manutenção de sua reputação era também a razão do pedido.

- Beckett, não é prática comum omitir processos importantes que envolvam nossos funcionários na NYPD. Seria uma regalia, uma espécie de privilegio, tratamento especial – ele viu a detetive engolir em seco – entretanto, não estou falando de um oficial qualquer, trata-se da minha melhor detetive. Em respeito a você, eu brecarei o processo. Falarei com o detetive Jackson e seu superior. Caso eles se neguem a furar o protocolo, procurarei o comandante no 1PP.

- Obrigada, capitão. Significa muito para mim – o alívio claramente estampado nos olhos dela. Castle sorria.

- Agora faça um favor a si mesma. Não trabalhe demais, deixe aqueles dois marmanjos se virarem um pouco e não quero ver sua cara nesse distrito na quinta-feira. Você merece seu período de folga.

- Sim, senhor. Farei isso – Castle tratou de encenar um fingimento.                             

- Folga? Como assim? Quantos dias?

- Ficarei cinco dias de folga, Castle. Preciso de um tempo para mim. Já acertei tudo com o capitão – ela colaborou com a mentirinha.

- E eu? Como fico?

- Não sei, Castle. Sua vida realmente não me diz respeito. Pode fazer o que quiser.

- Mas Beckett, se você não está aqui, não temos casos e vou ter que ceder a vários trabalhos de divulgação e marketing que Gina esta enchendo minha paciência para fazer.

- Otima oportunidade, não é esse seu trabalho? E para seu governo, casos existem. Eu apenas não estarei aqui – ela olhou de relance para seu capitão. A encenação tinha sido eficaz. Montgomery lutava contra as risadas. Ela abriu a porta e saiu com Castle resmungando atrás de si.  Dirigiram-se direto para a minicopa. Sorriam. O disfarce continuava intacto. Ao final do dia, ela contou aos rapazes sobre sua folga. Eles aceitaram numa boa, especialmente quando Esposito deixou claro que se Castle quisesse se juntar a eles podia se preparar para sofrer, inclusive fazendo trabalhos burocráticos. A careta de Castle denunciou que ele realmente não embarcaria nessa roubada.


Apartamento de Beckett


Castle carregava a sacola com o jantar. Sushi. Por insistência de Beckett, ele concordou em vir para o apartamento dela. Talvez por reação aos fatos que tivera que enfrentar durante o dia ou a necessidade de pensar na viagem, a verdade era que ele não iria contraria-la. Começou a conversa lembrando-se da cena na sala de Montgomery.

- Se não fosse uma excelente detetive, podia tentar carreira em Hollywood. Aquela sua encenação merecia o Oscar, Kate. O capitão caiu direitinho.

- Tive uma boa escola. Sua irritação valeu de alguma coisa.

- Formamos uma dupla e tanto! – porém ao invés de continuar a conversa com alguma provocação, ela simplesmente decidiu se render ao silencio comentando.

- Estou cansada... – Kate disse pegando uma garrafa de vinho tinto na geladeira. Serviu a bebida para ambos sentando-se no sofá. Tirou os sapatos, jogou os pés para cima. Ele encarregou-se de arrumar as coisas para jantarem. Tudo sobre a mesinha de centro. Juntou-se a ela colocando os pés de Kate sobre seu colo. Calmamente, ela sorveu o vinho e provou os primeiros sushis. Jantaram sem pressa. Ao terminarem, Castle recolheu o lixo, lavou as louças e retornou sentando-se na mesma posição.

Massageando os pés de Kate, ele dava a ela um tempo para digerir tudo o que maquinava em sua mente até que estivesse pronta para conversar, se é que isso aconteceria. Para alivio de Castle, ela criou coragem e falou. Uma demonstração de confiança que o alegrara.

- Estou com um pouco de dor de cabeça. Eu sei, foi o stress do dia. Acho que preciso de uma boa noite de sono para me recuperar – ela brincava com os pés no estomago dele, Castle estendeu a mão livre para entrelaça-la na dela. Suspirando, Kate continuou – aquela ameaça de Josh... ela não pode acontecer, não quero viver sobre a sombra do medo, imaginando se você poderá ser atacado apenas caminhando nas ruas de Nova York ou em sua própria casa. Nem o assassino da minha mãe fez algo parecido comigo. Se Josh o atingir, o ferir, eu não vou me perdoar.

- Kate, nada vai acontecer comigo. Nem com você. Por mais raiva que Josh tenha de mim, ele não desafiara a justiça. Sua carreira esta em jogo, se quiser ir para a África terá que parar com a anfetamina, obedecer ao seu superior e cumprir as horas de punição, como médico é bem fácil, basta dar plantões em clinicas da periferia, atendimentos médicos gratuitos.

De repente, Kate fez algo que não era do seu perfil. Não costumava ficar tão vulnerável como se sentia. Cedendo a um momento de fragilidade, ela sentou-se abraçando-o fortemente, como se sua vida dependesse daquele abraço. Enterrou o nariz no pescoço dele inspirando o cheiro de perfume e suor, o cheiro de calmaria e conforto.

- Hey, Kate... – ele acariciava os cabelos dela – o que foi? Cadê a minha detetive destemida? – beijava-lhe o rosto.

- Eu... não consigo tirar aquela imagem de ódio da minha mente. Não parecia a mesma pessoa que conheci. Josh era um homem simpático, bonito. De repente, se transformou em um bandido, não é nada diferente dos assassinos que costumo prender no meu distrito – ela fitava o rosto do homem a sua frente, Kate tinha uma tristeza no olhar, havia lágrimas se formando ali - Castle, ele ficou assim por minha causa. Nunca pensei que tivesse esse efeito nas pessoas... induzi-las a fazer o mal.

- Não pense assim! Você é uma inspiração, um exemplo, Kate. Não vou admitir que se culpe pelos atos dos outros – ele elevou o queixo dela concentrando-se em manter o contato com os olhos amendoados, os traços de verde sumiram exatamente como acontecia quando ela estava preocupada – como alguém que esteve a seu lado todas as vezes que essa situação ruim aconteceu, eu exijo que esqueça, não quero esse ar de preocupação e tristeza em seu rosto. é hora de dedicar um tempo para você, para nós. Onde está aquela mulher que não admite ser salva por um escritor metido a detetive? Cadê a policial determinada a manter sua reputação intacta? Ou ainda melhor, a mulher encantadora e sedutora que não vê a hora de se esbaldar com o seu escritor particular nas ruas de Roma?

Um momento de silêncio com duração de dez segundos perdurou entre eles enquanto liam um ao outro apenas pelo olhar. Kate esboçou um leve sorriso ao passar o polegar pela bochecha dele.

- Estou bem aqui. Em todas as versões. Tem razão, Castle. Não posso me deixar abater pela loucura de Josh. Não vale a pena. Um deslize, já passou – ela beijou-lhe os lábios em agradecimento – quer me ajudar a arrumar minha mala para Roma? – antes que ela se levantasse do sofá, ele segurou sua mão dando-lhe um ultimo conselho.

- Não estou dizendo que não pode ter um momento de fragilidade e introspecção, Kate. Todos temos direito a um tempo para desmoronar, sentir a dor, remexer as feridas. Você somente não pode deixar que isso a consuma. Não é você. Kate Beckett é maior que isso. Ela é extraordinária.

No mesmo instante, ela jogou-se contra o corpo dele devorando-lhe os lábios em um beijo apaixonado. Quando finalmente se soltaram, ela sentiu o coração mais leve. A cada dia admirava e adorava mais aquele homem com ar de menino.

- Obrigada, Cas.

- Always – beijou-lhe o ombro marcando-o com seus dentes de leve – agora, tem certeza que vai arrumar sua mala a essa hora da noite?

- Que horas vou fazer isso se preciso trabalhar, Castle?

- Se quer minha opinião, não precisa levar muito. Umas camisolas sexys, calcinhas para que eu possa tira-la, apesar que são mais um obstáculo...

- E vou andar nua pelas ruas de Roma? Com todos aqueles italianos lindos e sedutores me olhando?

- Bom ponto, leve uma burca – ela revirou os olhos enquanto avaliava seu guarda-roupa.

- Você não esta ajudando, Castle...

- Já sei! Compraremos tudo novo em Roma.

- Menos... até onde eu sei você não é meu sugar daddy – ela virou-se para fita-lo. Castle estava escorado na porta do quarto quase fechando os olhos – é inútil... se não vai me ajudar, Castle, vá para cama. Está dormindo em pé – ele nem esperou uma segunda sugestão. Tirando a calça e a camisa, jogou-se sobre o colchão de Kate dormindo instantaneamente. Rindo, ela se ocupou das roupas. A ideia de escapar de Nova York começa a contamina-la. Realmente precisava de novos ares.

E a sensação de ansiedade e excitação apenas crescia a medida que o tempo passava e a data da viagem se aproximava. Conforme combinara com o seu capitão, trabalhava como coadjuvante nos casos de assassinatos que surgiram a partir de terça-feira.

Esposito aproveitou-se da situação para abusar de Castle dando a ele quase todos os trabalhos chatos e entediantes do caso. Beckett estava analisando um vídeo da câmera de segurança com Ryan quando ele surgiu com um ar de desespero no rosto.

- Por favor, vamos tomar um café. Diga que está desejando um café. Se eu ficar mais um minuto olhando para aqueles extratos bancários, eu vou me suicidar – Ryan não aguentou caindo na gargalhada, Beckett riu e emendou.

- O que foi, escritor? Pensou que trabalhar com policiais lhe daria o direito a ter cenas de ação todos os dias. Pense novamente. A investigação de um assassinato pode ser longa e tediosa, temos que remover peca a peca, um tijolo por vez, até chegarmos ao fim do mistério.

- Bla...bla...bla – ele resmungou fazendo caretas.

- Tudo bem, estou mesmo precisando de uma pausa. Nos acompanha, Ryan?

- Já alcanço vocês, vou ao banheiro.

- Ok – chegando próximo a ele, Beckett falou – o que achou da performance, continuo com chance em Hollywood?

- Todas possíveis. Meryl Streep que se cuide!

Ao final do dia, Beckett entregou as análises concluídas e um relatório com suas impressões sobre o caso para ajudar Esposito. Tinha apenas um dia de trabalho para cumprir antes de pegar o avião. No loft, Castle esperava por Beckett que ficou de passar em seu apartamento para pegar as malas a fim de facilitar a ida ao aeroporto na quinta. Por volta das sete horas, Kate chegou com uma mala média, uma bolsa grande e um sorriso no rosto.

- Alguém está empolgada... pronta para Roma?

- Quase. Você já arrumou tudo? A que horas é o nosso voo?

- Saimos do JFK as dez da manha. Chegamos a noite. Quero lhe mostrar a minha agenda final, venha comigo ao escritório – depois de algum tempo explicando suas responsabilidades, ele sugeriu que comessem alguma coisa. Ofereceu-se para preparar sanduiches. Kate permaneceu na sala agarrada a um livro de Roma e um caderninho. Estava muito empolgada com os lugares que poderia visitar com ele e sozinha. Teria dois dias sem a companhia de Castle, neles pretendia vestir a camisa de turista, explorar as piazzas, as ruas, as feiras e a arquitetura italiana. Sonhava com os vinhos.

De longe, ele a observava sorrindo. O humor de Kate melhorara consideravelmente após aquela conversa da segunda na qual desabafou o que sentia com relação a toda a situação estressante causada pelo médico almofadinha. A proximidade da viagem a deixara mais sorridente, relaxada. Parecia uma menina sonhando com a chegada do natal. 

Os programas da noite deixaria por conta de Castle. Sabia que ele estava empenhado a leva-la a alguns lugares que admirava na cidade. Continuava escrevendo incansavelmente em seu caderninho quando ele chegou com os sanduiches prontos e duas garrafas de cerveja.

- Deixaremos nosso paladar desejando vinhos. Aqui esta o sanduba: pão integral, mostarda dijon, rúcula, tomate seco, presunto parma, muzzarela e molho pesto com amêndoas.

- Hum... deu água na boca – finalmente deixou o caderno e o livro de lado para se concentrar no sanduiche – comeram com vontade. A mistura preparada por Castle estava deliciosa. Tomou um novo gole de cerveja e sorriu para ele que lambia o molho pesto dos dedos como um menino.

- Sabe que tem um pouco de molho no canto da sua boca? – ela avançou na direção dele e lambeu o local bem devagarzinho, a língua roçou nos lábios pedindo passagem iniciando um beijo carinhoso – ficou delicioso.

- Satisfaça minha curiosidade de escritor, Kate. O que tanto você escreve nesse caderninho? – ele fez menção de pega-lo, mas Kate foi mais rápida tirando o objeto do caminho.

- A curiosidade matou o gato, Castle. Não é nada demais. Lugares e informações uteis de Roma. Para facilitar meus dias ali.

- Sempre planejando, racionalizando. É hora de relaxar, viva a viagem, não planeje.

- Quem disse que é planejamento? Há tanto para ver naquela cidade em tão pouco tempo. Acha que podemos visitar alguma cidade adjacente? Eu adoraria ir a Florence.

- Nem pense em deixar Roma sem mim. Não irei perdoa-la por isso – ela se aproximou brincando com a gola da camisa dele. Provocando-o ao roçar os lábios no rosto de Castle, os dentes na garganta caçando o pomo de adão – Kate... por favor...

- O que há em Florence? Você me deixou curiosa – ela sussurrava em seu ouvido fazendo movimentos com os lábios e a língua que o deixavam a cada segundo mais excitado – para não querer que eu vá, deve ter um motivo... – a mão já estava sobre a calça apertando o membro dele causando-lhe pontadas constantes na virilha. Após um gemido, ele conseguiu dizer poucas palavras.

- Só um local... você não pode... – um novo movimento dela e mais um gemido – oh, Deus! – só comigo...Kate... Florence. Agora, seja boazinha e... me tire dessa...agonia, eu preciso de... você – com uma gargalhada gostosa, ela tomou-lhe os lábios. Puxando-o pela mão, guiou-o na direção do quarto.

- Aposto que sim...

Na quinta-feira, eles deixaram o loft por volta das oito da manhã. Por insistência de Castle, ela prendeu o cabelo em um coque, colocou uma boina e óculos escuros. Ele queria evitar que os reconhecessem especialmente no avião porque iriam de primeira classe. Na verdade, ele queria que ela usasse uma peruca ruiva que Kate recusou terminantemente. Convivia há muito tempo com Castle para saber que a fama não era algo que o perseguia como acontecia com estrelas do cinema.

Kate estava particularmente feliz como há muito tempo não se sentia. O momento de angustia e preocupação havia passado, enfrentara as dificuldades com Castle a seu lado e por conta dele, sentia-se bem, segura de si. Sua primeira viagem de verdade com o seu namorado. Quem diria, Kate Beckett... o pensamento de satisfação não parava de rondar sua mente. Precisava trazer um presente de Roma para Dana. Ela tinha grande parcela de responsabilidade por estar vivendo tudo isso.

De longe, enquanto comprava café, Castle a observava. Ela esboçava um sorriso no rosto. O semblante era pensativo, mas alegre. Estava mais solta, celebrando cada momento. Notara inclusive esse comportamento na cama. Tudo a maravilhava, era como se tivesse apertado um botão e sido transportada para um mundo de fantasia. Não que de fato isso a tivesse mudado, ela apenas baixara a guarda, abrira uma fresta na pequena fortaleza que mantinha ao redor de si por proteção. Castle não tinha duvidas do quanto a amava e esperava fazer cada momento dessa viagem valer a pena.

Chegando próximo a ela, entregou-lhe o café.

- Grazie, bello.

- Já treinando, amore?

- Não vejo a hora de chegarmos a Roma. Sonho com os vinhos, as massas, os aromas. Queijos, os melhores presuntos... a bela arquitetura. Serão cinco dias incríveis, tudo graças a você. Sua teimosia valeu para alguma coisa afinal.

- Você fala como se minha teimosia já não tivesse salvado sua vida antes. Parece uma criança as vésperas do natal, Kate. Tem um brilho incomum no olhar. Faremos o melhor que pudermos com o nosso tempo.

- Nem sei como poderei retribuir essa experiência... – ela comentou acariciando o bíceps dele com os dedos sorrindo enquanto sua outra mão estava na cintura dele. Castle aproximando-a de seu corpo num abraço, sorriu maliciosamente.

- Ah, detetive... eu consigo pensar em tantas maneiras...

- Pervertido... – e mordiscou o lábio inferior dele. A voz no megafone anunciava que o embarque estava próximo. Discretamente, eles separaram seus corpos mantendo-se conectados pelos dedos entrelaçados enquanto agiam naturalmente, cada um com seu copo de café lutando contra o desejo desperto em poucos minutos atrás.

O voo de Nova York até Roma fora tranquilo, mas demorado na opinião de Kate devido a tamanha ansiedade que a dominava. No aeroporto Leonardo Da Vinci, Castle era esperado por um motorista particular que os levaria diretamente ao hotel reservado por Gina para o escritor. Um cinco estrelas bem localizado no centro da cidade. Splendide Royal era o nome que ele informara.

No trajeto, Kate já sentia a atmosfera diferente. Clima, barulho, cheiros. O colorido das luzes também chamava a atenção a essa hora da noite. Ela divertia-se ao passar por ruas movimentadas ouvindo os italianos gritando desaforos no transito. De vez em quando, virava-se para fita-lo sorrindo. Ele mantinha o braço ao redor do pescoço dela puxando-a para um beijo sempre que tinha vontade. Ao estacionarem na frente do hotel, Castle foi avisado que havia algumas fãs de plantão para vê-lo.

- Eu disse que a peruca poderia vir a calhar eventualmente. Ainda discorda de mim?

- Não tem jeito de despista-las?

- Dificilmente. Se quiser permanecer no anonimato, sugiro usa-la e sair depois de mim, assim a maioria já dispersa com um autógrafo ou foto – ele virou-se para o motorista – há muitas esperando?

- Diria que umas dez pessoas.

- Então será rápido. Irei entretê-las para que você deixe o carro sem ser percebida. Espere por mim no saguão.

- Tudo bem, juízo e nada de assinar peitos – ela colocou a peruca e a boina olhando-o tipicamente como Kate Beckett.

- Er...certo... entendi – Kate observava do carro através do vidro protegido com insulfilme para a forma como Castle lidava com as fãs. Era natural. Conversava, assinava livros, ria. Uma foto aqui outra ali, aos poucos havia dispersão e nenhum interesse no carro preto parado na frente do hotel. Cautelosamente, ela desceu e caminhou por entre as mulheres passando pelo escritor e entrando no saguão. Bastou uma primeira olhada no local para perceber sua beleza. Luxo e história em um só lugar. Sorrindo, ela sentiu uma mão toca-la nas costas.

- Que passa, signorina? – sorrindo para encarar os belos olhos azuis dono da voz sussurrada quase ao seu ouvido, Kate não podia esperar nem mais um segundo para desfrutar das maravilhas italianas.

- Ciao, Roma. Ma che bello ragazzo...  – beijou-lhe apaixonadamente antes de seguirem até o balcão para fazer o check-in.


Continua... 

2 comentários:

cleotavares disse...

Kate, minha linda. Põe uma coisa na sua cabecinha "você está amando" e a Dana sempre tem razão.

Silma disse...

Tia Dana sempre têm razão.😂👌🏽A Kate com medo e insegura é tão amorzinho,demostra o quanto ela está mudando e só pelo fato dela se abrir com o Castle eu fico toda boba 😍