Nota da Autora: Um novo capitulo. Um pouco de angst, mas tem coisinha boa vindo ai. Quem esta pronto para Roma? Quero pedir desculpas porque meu computador deu uma pane e meu corretor ficou louco, podem ter erros de português. Outro ponto importante: passaremos bons tempos felizes. Para relaxar! E depois... ah, fica na espera...
Cap.30
Sentadas no
pequeno restaurante. Beckett permanecia calada tomando um suco pensando em como
iniciaria a conversa. Dana antecipou-se à amiga para incentiva-la a romper o
silêncio.
- Achei que
você e Castle estavam bem.
- Estamos,
muito bem. Viajaremos para Roma na próxima quinta. Precisamos de um tempo
sozinhos.
- Que notícia
excelente! Uma pequena lua de mel. Então, se tudo está fluindo entre vocês
dois, qual o problema? O que te aflige a ponto de quase ser atropelada?
- Josh. Você
se lembra dele? Eu fui atacada ao chegar ao meu prédio. Ele estava sob o efeito
de drogas e insistia em me agarrar alegando estar apaixonado. O que ele
possivelmente sentia por mim, virou uma obsessão. Eu lutava contra ele, cheguei
a puxar minha arma, mas a verdade é que se Castle não tivesse aparecido, talvez
as consequências do meu confronto com Josh tivessem sido muito piores. Acabamos
parando no hospital porque na briga, Castle levou uma pancada na cabeça. Eu me
apavorei. Não ia me perdoar se algo acontecesse com ele por minha causa.
Felizmente, está tudo bem com Castle e acabei concordando em não apenas
registrar a queixa da agressão, exigiu uma ordem de restrição.
- Nossa!
Chegou a esse ponto? Castle está certo em querer protege-la, da mesma forma que
você ficou preocupada com a vida dele. Essa ordem acaba por ajudar aos dois. Quer
dizer, pode ter sido a primeira vez, mas se já foi a ponto de colocar a vida de
vocês em risco nem preciso dizer que é o melhor a fazer. Quem diria, drogas?
Isso foi comprovado?
- Sim, através
do exame toxicológico. E não foi o primeiro ataque, Dana – ela aproveitou para
contar-lhe os detalhes do outro ataque sofrido no hospital, a amiga prestava
atenção não somente na história como também na reação corporal de Kate. Ela
contou sobre a possibilidade do médico ir para a África e por fim, resolveu
colocar para fora suas aflições – não nego que a proteção é importante e necessária,
porém eu tenho duas outras preocupações. A primeira é a repercussão da ordem
para mim dentro da NYPD, as pessoas conversam e insinuam de tudo. A segunda é a
reação de Josh. Quem garante que ele não vai quebrar o que manda a lei para
chegar até mim ou pior, e se ele decidir se vingar de Castle? Eu não me
perdoaria se algo acontecesse com Castle, não quero carregar essa culpa.
- Diante de
toda a sua colocação, Kate. Não acredito que haja outra medida a tomar. Josh
deve ser punido. De que adianta você manter sua reputação e aparecer morta ou
toda quebrada? E se ele matar Castle? Você ficou muito ferida? – ela estendeu
os braços puxando as mangas da camisa mostrando as marcas – nossa! Ele a
agarrou com vontade.
- Dana, eu sei
que nossa proteção é mais importante, mas se a emissão da ordem despertar um
ódio sem controle? Pelo menos com a sua ida à África, podia ter a certeza de
que estaríamos em segurança. Ele estaria do outro lado do atlântico, a agressão
já foi registrada de qualquer forma.
- E você está
sugerindo não pedir a ordem de restrição? Kate se ele ficar mais agressivo ou
não cumprir o acordo, a cadeia é o destino certo dele. Para que ficar com
receio de agir dentro dos seus direitos? Independente dele ir para a África,
você e Castle podem afastar-se um pouco. Já vão viajar para Roma, Josh não terá
muito tempo para revidar. E se ele realmente for para o continente africano,
melhor para você e Castle.
- Eu gostaria
tanto que a história da África fosse verdade... pouparíamos muito estresse e
parte da minha insegurança ia embora.
- Não se
preocupe com a sua imagem na polícia, tenho certeza que o seu capitão saberá
como lidar com a causa. O que está em jogo aqui é a sua segurança e a de
Castle. A vida de vocês. Quer dizer que ficou apavorada ao ver seu namorado no
chão? Ele mexe mesmo com você...
- Sim, eu
pensava que era apenas pelo instinto de proteger pelo qual fiz o juramento, mas
a verdade é que vê-lo deitado no chão quase desmaiando, a boca sangrando, não
era uma simples vida que queria salvar, era a vida de alguém muito importante.
Até estar apaixonada, minha visão sobre proteção era profissional, agora eu me
vi pensando em tanta besteira. Claro que não deixei-o perceber a minha aflição
por completo. Acho que me tornei chata pelo tanto de vezes que perguntei se
estava tudo bem. Essas duas experiências de vida e morte que passamos juntos,
me fez perceber o quanto Castle se tornou parte da minha vida. Não quero
perdê-lo, é difícil admitir mesmo para você, Dana.
- Se quer
minha opinião, isso já não é mais paixão. Pode me censurar pelo que irei dizer,
também sei que vai ficar negando e posso inclusive me arriscar a deixar sua
cabeça mais embaralhada nesse momento, mas o que você está sentindo, Kate, isso
é amor. Por isso a culpa, o medo de que algo saia errado. Tenha uma coisa em
mente, Josh não irá estragar absolutamente nada para você e Castle enquanto
esse sentimento existir.
Kate
permaneceu calada, as palavras de Dana vagarosamente atingindo sua mente, seu
inconsciente. Amor. Não podia concordar com isso. Era loucura. Mais uma
daquelas jogadas de sua amiga para fazê-la remoer e analisar, não se deixaria
levar pelo belo discurso.
- O que foi? O
gato comeu sua língua ou acertei em tudo que falei?
- Não, você
não acertou porque não há nada para ser provado ou acertado. Isso não é uma
competição. Um jogo de certo e errado. Eu gosto de Castle, me preocupo com ele,
formamos uma ótima dupla em todos os sentidos. Mas amor? Isso é pensar muito
além do nosso tempo, não posso aceitar. É rápido demais. Estou apaixonada por
Castle e esse é o fim da história. Além disso, não é o momento de nós
discutirmos sobre esse assunto. Tenho problemas maiores.
- Josh, sei.
Enquanto você seguir as regras e ouvir Castle, não vejo problemas, vejo
soluções melhores, momentos a desfrutar... está prestes a fazer uma viagem
maravilhosa com Castle. Meu conselho? Aproveite ao máximo todo o tempo que
puder ao lado dele.
- Mais fácil
falar que fazer.
- Não mesmo!
Olhe para você, sua vida? O quanto ela mudou nesses três anos, Kate? Há muito
tempo não a via tão bem. Ainda existem feridas para fechar, problemas a
solucionar, mas você não está sozinha. Voltou a viver. Você já parou para se
perguntar se estivesse enfrentado esses casos sozinha, como estaria? Eu tenho
certeza que venceria porque é uma excelente policial, contudo como estaria a
Kate, a pessoa? Talvez mais amargurada que antes, ou presa a uma série de
problemas e convenções. Viva, sim, só que como uma sobrevivente... não uma
pessoa satisfeita e feliz.
- Eu não
estaria viva, Dana. Se não fosse Castle, eu provavelmente já estaria morta. Ou
numa explosão ou por uma luta com meu inimigo invisível.
- Se é essa a
sua interpretação... Kate, eu prometo que vou torcer para que Josh vá para a
África, mas deve me prometer também que irá seguir com a ordem de restrição
para seu próprio bem e de Castle. Você sabe que ele está certo, os dois correm
perigo.
- Tudo bem. Eu
prometo – elas terminaram o almoço com uma bela cheesecake de sobremesa.
Despediram-se com os votos de uma ótima viagem para a Europa. Dana plantara
novamente sua sementinha na cabeça da amiga. Compreendia que o sentimento
estava lá, mas o processo seria bem mais longo que o da admissão da paixão. Com
as preocupações que tinha em mente nesse instante, a cartada do amor ficaria
para mais tarde embora estivesse plantando o conflito de emoções para Kate,
sabia ser o próximo passo a galgar nessa história. Josh era apenas uma
distração, iria passar. No momento certo, ela tornaria a falar sobre o assunto
para a amiga. E se tiver sorte, nem precisaria. Será como o velho ditado prega:
todos os caminhos levam a Roma, não? Dana torcia para que sim.
Sorrindo, ela levantou-se
da cadeira após pagar a conta. Kate a seguiu deixando o local. Na rua, elas se
despediram.
- Fique tranquila
e aproveite o momento da sua vida. Mande um beijo especial para Castle e
agradeça por mim o que ele está fazendo para você.
- E dar outro
motivo para ele ostentar o ego gigante que tem? Nem sonhando, Dana.
- Kate,
acredite, ele não precisa que as pessoas inflem seu ego. As ações que ele faz
já provocam isso automaticamente. Aliás, ele vê sua influencia todos os dias
somente de olhar para você.
- Meu Deus!
Ainda bem que está dizendo isso para mim. Do contrario, ele já estaria lhe
enchendo de beijos e implicando comigo repetindo “eu te disse” um milhão de
vezes.
- E ele teria
razão. Não se preocupe, Kate. Sei o quanto o admira. Seu segredo está seguro
comigo. Divirta-se em Roma. Já estou curiosa para saber o resultado dessa
aventura – despediram-se com um beijo entrando na estação do metro. Kate seguiu
em direção oposta. Não deixaria as ideias de Dana dominarem seu pensamento.
Precisava se concentrar em resolver seu problema com a justiça e Josh, mais do
que isso, precisava se concentrar em Castle.
Ao chegar no
loft, encontrou-o em seu escritório respondendo alguns emails de Gina. Havia um
envelope pardo sobre a mesa dele. Ela o abraçou pelo pescoço prestando atenção
no que ele digitava no notebook. Os lábios tocavam a nuca, o nariz inalava o
cheiro do cabelo e uma das mãos descia por dentro da camisa acariciando a pele.
Mordicou de leve a orelha sabendo que começava a tirar sua concentração.
- Vai demorar
muito nesse notebook? Você nem está se divertindo escrevendo sobre Nikki...-
ele sorriu levando sua mão aos lábios beijando-lhe a pele – vamos, Castle.
- Eu sabia que
quando você chegasse, eu não teria tempo ou disposição para fazer qualquer
outra coisa a não ser dar atenção a você, amor. Tem algo que quero te mostrar –
ele pegou o envelope e puxou-a pela mão até a sala. Devidamente confortável no
sofá, Kate se livrou da jaqueta e dos sapatos acomodando os pés sobre o colo de
Castle. Ele, por sua vez, massageou com carinho os dedos dela, o gemido
prazeroso e a cara de satisfação apenas confirmavam o que ele queria saber –
mas antes, como foi o seu encontro com Dana? Conseguiu aliviar esse
coraçãozinho que me pareceu bem apertado hoje cedo?
- Foi bom.
Dana sempre sabe o que dizer. Aliás, ela mandou um beijo para você.
- Ah, muito
obrigado. O que mais ela falou de mim?
- Quem disse
que ela falou algo?
- Ah,
detetive... Dana sabe que sou importante para sua felicidade, além de super
charmoso e sedutor – ela apertou a barriga dele com o pé.
- Deixa de ser
convencido! De onde você tirou a ideia de que eu estava com problemas do
coração?
- Você não entendeu.
Não é problema do coração porque dele eu cuido muito bem, você estava
preocupada, um pouco aflita mesmo. Eu a conheço, ainda não consegue aceitar o
que estamos fazendo, a ordem de restrição. Olha, Kate, não quero que isso se
torne um empecilho para nós, deveria ser algo bom visando nossa proteção. Não
quero que você se sinta mal por isso.
- Castle, eu
sei. Não estou chateada por você ter insistido nisso. Confesso que não gostei
de expor minha fragilidade, ainda receio quanto ao que Josh pode fazer contra
você, contra nós. Dana tem razão, se estivermos juntos, poderemos tirar
proveito e fazer o que for preciso para nos defender.
- Agora gostei
do que ouvi. Vamos ao que o envelope lhe reserva – ele abriu retirando duas
telas impressas contendo a ideia da próxima capa do livro da série Heat – me
diga o que achou – entregando as amostras a Kate. Ele tinha uma vaga noção dos
comentários que ouviria.
Kate examinou
as duas imagens. Como imaginava, a sua silhueta estava exposta nas duas opções.
Pelo menos em uma delas estava mais comportada. A verdade era que ambas estavam
muito bonitas, porém ela não deixaria a oportunidade de reclamar e implicar com
ele passar em branco.
- Por que não
desconfiei? Aliás, eu me espantaria se na cama Nikki estivesse vestida como
qualquer pessoa normal. Que mania horrorosa é essa de colocar a minha silhueta
à amostra. Não acredito que isso seja ideia da Gina, aposto que tem dedo seu.
- Kate é
bonito, dá um sex appeal diferente a Nikki. E eu nunca escondi que a minha
personagem tinha um lado meio piriguete, estilo prostituta...
- Castle! Não
sou uma mulher fácil e não é assim que gostaria de ver minha personagem,
inspirada em mim, como uma qualquer. Ela é uma detetive competente! – ela
fingia estar chateada, Castle se aproximou dela ajeitando uma mecha de cabelo
para trás da orelha e respondendo aquilo que faria sua musa certamente ficar
bem satisfeita.
- Amor, eu sei
o que Nikki é, o que ela representa. Mais importante, sou capaz de valorizar
cada qualidade que você possui, as grandiosas e os pequenos gestos. Sou grato
por poder ter uma musa tão extraordinária. Nikki é muito especial para mim,
assim como você.
- Palavras...
você sempre recorre a elas para se safar, não? E eu acabo caindo todas às vezes
na sua lábia, escritor – ela o puxou pela gola da camisa beijando-lhe com
vontade – fique com a amarela, parece mais iluminada para o seu novo mistério.
- A amarela
será... agora, que tal passarmos um tempo namorando e depois podemos fazer os
planos para nossa viagem? Mal posso esperar fugir com você para a Itália, Kate.
Um tempo só nosso...
- E de todas
as suas leitoras, sei... – mas impediu-o de falar qualquer coisa ao mordiscar
os lábios disponíveis a sua frente. Sentando-se no colo dele, remexia seu corpo
para excita-lo. Provocava o quanto podia para deixa-lo aceso e desejando-a
completamente. Porém, ele não se rendeu tão facilmente como ela esperava. Mesmo
consumido pelo prazer que aflorava de seus poros e doía-lhe a virilha, Castle
devorava o pescoço dela enquanto as mãos massageavam os seios sobre o tecido.
Em questão de minutos, eles se entregaram ali mesmo no sofá. Não tiraram todas
as peças de roupa, a vontade de sentir o contato de pele contra pele perdeu
para o desejo do toque.
O clima estava
quente quando a porta da sala se abriu. Alexis entrou de supetão falando alto e
rindo com o namorado pegando Castle e Beckett, como se costuma dizer, de calças
curtas. Ele estava sem camisa, Kate apenas de sutiã com os cabelos embaraçados
no sofá, ambos vermelhos e suados. O susto quase faz Castle cair no chão
levando ela consigo. Felizmente, os reflexos dela prevaleceram e conseguiram
evitar um mico ainda maior. Por instinto, após gritar, Kate pegou a blusa que
vestia cobrindo o corpo.
-
Alexis...eu...- mas Castle não conseguiu completar o pensamento. Da mesma
forma, consciente da possível vergonha pela situação estranha que acabaram de
presenciar, virou-se de costas forçando o namorado a fazer o mesmo.
- Relaxa, pai.
Apenas se vistam. Um pouco de decoro não faz mal a ninguém – rapidamente Kate
pulou do sofá e vestiu-se. Empurrou Castle para longe quando ele fez menção de
roubar mais um beijo. Ela se antecipou para pedir desculpas da menina.
- Eu sinto
muito, Alexis. Eu...nós não devíamos fazer esse tipo de cena em plena sala
e...foi errado, nós estávamos sozinhos, então...
- Kate, tudo
bem. Não precisa ficar nervosa ou bolada. Pelo menos o Ashley não te viu. Não
quero competir com você no quesito beleza – novamente Kate enrubesceu.
- Alexis, não
diga isso. Você é linda. Uma beleza diferente e única com esses cabelos ruivos,
os olhos azuis.
- Tudo bem,
Kate. Você já se desculpou o bastante, não precisa prolongar o instante – as
duas se entreolharam e a reação foi quase imediata para ralhar com ele.
- Castle!
- Pai! Que
coisa feia! Você não se conforma de não ser o centro das atenções... – a tirada
de Alexis fez Kate se acalmar e rir da situação. A garota tinha razão. Amenizando
o ambiente, Alexis se aproximou do pai e beijou-lhe o rosto – então, vocês
estão com fome. Ashley e eu pensamos em comer italiano hoje, mas nos
contentamos com pizza mesmo.
- Parece uma
ótima ideia, Castle. Considerando que temos uma viagem para programar, nada
melhor que pizza para entrar no clima de Roma, não?
- Sendo assim
eu me rendo às duas belas mulheres e seus desejos – ele virou-se para Ashley –
não por você, que fique bem claro – as duas caíram na gargalhada, às vezes Kate
esquecia como Castle podia ser um bobo e não passar de uma criança grande.
Mais tarde
após o jantar, Castle e Kate recolheram-se para o quarto. Ele mostrou sua
programação em Roma e reservou dois dias inteiros para ficar com ela. A exceção
de uma noite de autógrafos, as outras seriam dela. Kate elencou alguns lugares
que pretendia visitar quando ele estivesse ocupado e o escritor garantiu que a
levaria para comer na melhor cantina de Roma.
Tribunal de
justiça – segunda-feira
Castle e
Beckett encontraram Jackson na entrada do tribunal. Levando-os até a antesala
do juiz, ele tratou de atualiza-los quanto às novas informações do caso.
- Eu entrei em
contato com o hospital, Beckett. Falei pessoalmente com o doutor William.
Felizmente, ele lembrava vividamente do ocorrido semanas atrás naquele quarto
do seu hospital. Ele é o chefe da emergência, Josh responde a ele. Expliquei
tudo o que aconteceu com vocês. Diante do exposto além do resultado do exame
toxicológico, o seu superior concordou em conversar com o juiz. Pode quase
afirmar que o processo movido pelo advogado contra Castle está cancelado. Juiz
nenhum irá ajudar esse caso a ir adiante.
- Uma boa
notícia – disse Castle – e na sua opinião, como o juiz encara o processo de
agressão e a ordem?
- Ele é a
favor, especialmente por estarmos falando de uma policial.
- Você chegou
a perguntar se a história da África procede? – Beckett estava muito interessada
em saber o que poderia garantir a distancia entre eles e Josh.
- Quanto a
esse ponto, segundo informações do próprio doutor William, Josh estava
pleiteando uma vaga no “médicos sem fronteiras” que deve sair no próximo mês,
se me perguntar, ele está contando com uma resposta positiva. Seu superior me
disse que o incentivou a passar o tempo fora porque havia notado que ele andava
meio estressado com o trabalho na emergência.
- E o juiz?
Como ele pretende conduzir essa conversa? – Beckett perguntou.
- Normalmente
eles conversam em separado com a vitima e o agressor, depois colocara a todos
frente a frente em uma espécie de pré-julgamento para confrontar os objetivos
de cada uma das partes ao trazer essa acusação ao seu conhecimento. Então
decide em favor de um das partes. Não se preocupe, vocês estão embasados. Olhe,
ai vem o juiz. Seu agressor está atrasado. Isso já conta negativamente contra
ele.
O juiz
aproximou-se e cumprimentou a todos. Pediu para que Beckett o acompanhasse ao
seu gabinete. Com um rápido aperto de mão recebido de Castle, ela entrou atrás
dele. Após as devidas apresentações e propósitos, durante a meia-hora seguinte,
Kate contou ao juiz tudo que acontecera desde o dia que conhecera Josh ate o
ultimo encontro desagradável. Comentou a implicância dele com o escritor e que
graças a Castle tinha escapada quase ilesa dos ataques do médico. Deixou claro
que temia as próximas ações e um novo ataque devido à descoberta de que o médico
ingeria substancias ilícitas.
Beckett fez
questão de salientar que tinha condições de se defender mesmo com a presença de
Castle nos locais onde os ataques aconteceram. Tinha receio que a sua posição
como policial fosse ignorada. O que ela desconhecia era que o juiz Gibson
estava acostumado a julgar causas e processos como esse. Também conhecia a
detetive. Já estivera presente em julgamentos de assassinatos nos quais Beckett
ajudara a promotoria. Conhecia o potencial e a reputação da profissional da
NYPD, tornando mais simples e favorável o seu parecer.
Obviamente,
ele ouviu Castle em seguida. Quando estava na sala de espera com Jackson, Josh
chegou com seu advogado à tira colo. Fez questão de olhar para ela, mesmo
contra a orientação do seu representante. Beckett apenas lançou um daqueles
seus olhares fulminantes e Jackson pediu para que o advogado o mantivesse à
distancia.
Quando Castle
saiu da sala deu de cara com o médico que seria o próximo a entrar. O semblante
dos dois indicava que se pudessem sairiam no braço ali mesmo. Felizmente o Dr.
William conseguiu controlar Josh colocando-o para sua parte do interrogatório
com o juiz.
- Ele falou
algo para você, Kate? – perguntou Castle preocupado.
- Não, babe. Está
tudo bem.
Vinte minutos
depois, após uma rápida conversa com o superior de Josh que havia sido
mencionado nos depoimentos de Castle e Beckett, o juiz os chamou para o
tribunal. Sentados frente a frente, os olhares eram tensos. Beckett procurou
pela mão de Castle embaixo da mesa. Jackson, a pedido do juiz, apresentou o
processo de agressão e a justificativa para a ordem de restrição. O advogado de
Josh por sua vez, trouxe para analise o caso que pretendiam abrir contra Castle
também por agressão e danos morais.
O juiz não
aceitou o processo de Josh baseado no depoimento de Beckett e do próprio
superior de Josh que inocentava Castle de qualquer acusação por ter agido em
legitima defesa. Josh fitava Castle com sangue nos olhos. Em relação ao
processo de agressão, o juiz foi taxativo.
- No processo
de Kate Beckett contra Josh Davidson fique registrado o parecer da justiça a
favor da vitima declarando que o agressor devera cumprir 500 horas de serviços
comunitários e tratar a dependência química sob a responsabilidade de seu
superior Dr.William. Quanto à ordem de restrição solicitada, estou de acordo e
declaro que o descumprimento da mínima distancia para Kate Beckett acarretara
em prisão imediata e multa no valor de cinco mil dólares. Se for reincidente,
não terá multa, apenas encarceramento. A ordem terá validade a partir de amanhã,
assim que eu despache o processo como um todo. Independente de data, aviso ao
réu que suas atitudes passarão a ser observadas a partir de agora.
- Meritissimo,
como fica a situação da viagem de meu cliente?
- O Sr, Josh
Davidson poderá ir para a África através do Médicos sem fronteiras após
comprovar as horas comunitárias e o tratamento médico satisfatório. Se não há
mais perguntas, declaro encerrada a sessão – bateu o martelo e deixou a sala.
Jackson sorriu para a detetive que parecia aliviada. Castle levantou-se para
acompanha-la até a saída, porém assim que saíram do tribunal, o médico deu
sinais de que não queria entender o recado.
Era possível
perceber o ódio no olhar dele. Josh encarou Beckett primeiro. Aproximou-se
ficando bem próximo a ela. Viu quando o advogado puxou-o pelo braço, o que não
deteve a atitude do médico. Jackson observava a cena atenta pronto para agir
caso fosse necessário. Josh desviou o olhar para Castle. Parecia querer mata-lo
com os olhos. Beckett já estava com o semblante tenso. Falou baixo, porém
suficiente para ser ouvido por todos os presentes.
- Vai ter
volta. Você me paga escritorzinho de meia tigela. Kate é minha.
O advogado deu
um novo puxão no braço dele afastando-o dela ralhando com o medico.
- Você está
louco? Quer ir preso? Ordem de restrição não é brincadeira! E ameaçar os outros
somente piora sua situação. Vamos embora daqui – saiu arrastando o médico
contrariado. Dr. William os acompanhou garantindo que tomaria conta dele.
Depois que eles desapareceram pelo corredor foi que Castle reparou nas mãos
tremulas de Kate. Não comentou nada para não constrangê-la na frente do colega.
- Que cara
louco. Felizmente a lei esta do nosso lado. Ele pode estar zangado, mas não irá
levar a sério. Essas ameaças, tudo por conta da pressão e do stress da
situação. O superior dele, Dr. William e um cara sensato, colocará um pouco de
juízo na cabeça dele. Podem ir, assim que receber o processo envio para você.
Castle colocou
a mão sobre as costas de Kate guiando-a ate a saída. Caminharam calados ainda
absorvendo tudo o que acontecera nessas quase quatro horas que passaram no
tribunal. No carro, ela deu partida dirigindo por seis quarteirões inteiros
quando Castle finalmente quebrou o silencio.
- Você está bem?
Percebi que suas mãos tremiam, Kate.
- Foi o
choque. Vi o ódio nos olhos dele, Castle. Tenho medo que Josh se dedique a nos
perseguir. Ou melhor, se vingar de você.
- Esquece
isso, amor. A justiça está do nosso lado. Se ele tentar alguma coisa, terá que
arcar com as consequências de seus atos. Sabe o que deveríamos fazer? Almoçar e
pensar em nossa viagem. Logo estaremos em Roma, Kate.
- Com o almoço
eu concordo, mas preciso trabalhar. Tenho que ir ao distrito – ela parou em frente
do Remy’s – um rápido sanduiche e seguimos para o 12th. Montgomery deve ser
informado do resultado do processo. Ainda quero convencê-lo que não
precisaremos divulgar a ordem de restrição para toda a NYPD – assim que desceu
do carro, Castle a encurralou no canto antes de entrar na lanchonete.
- Tudo bem
mesmo? – ele acariciou de leve o rosto dela – Kate...
- Sim, Castle.
Não podemos deixar essa história toda nos contaminar. Confesso que ainda estou
me adaptando ao fato de ser alvo de perseguição de alguém, vai passar. E isso
não é assunto para discutirmos aqui. Estamos em horário de trabalho. Vamos
comer, de repente me doeu o estomago, pode ser fome.
Após o almoço,
Castle foi direto com a detetive para a sala de Montgomery. Beckett fechou a
porta para falarem mais a vontade. Sentando-se de frente para o capitão, ela
contou o que se passara no tribunal naquela manha. Os detalhes importantes
foram compartilhados com seu superior. Beckett frisou as penas e o fato do médico
ter chance de viajar para a África. Terminada a explicação, ela deu abertura
para que seu superior pudesse expressar seu ponto de vista.
- Mediante a
tudo que me contou, imagino que esteja aliviada. Muito bom e eficiente o
trabalho do detetive Jackson. Não tinha duvidas que a justiça ficaria a seu
lado. Nenhum juiz competente negaria o apoio a uma profissional da lei,
especialmente você. Qual a garantia de que esse médico pode sair do país?
- O superior
dele, Dr. William é um senhor bastante sério, ele depos a nosso favor – disse
Castle - como responsável de Josh, acredito que manterá o médico na linha. Com
a dedicação dele, Josh poderá ir para a África. Se quer minha opinião, é a
melhor saída para o hospital, para o doutor e para nós. Tenho certeza que o Dr.
William vai querer manter a boa reputação de seu hospital e de sua carreira.
- Eu concordo
com Castle, senhor. Josh ira deixar o país. Por isso, quero lhe pedir um favor.
Gostaria que o senhor não autorizasse a circulação da minha ordem de restrição.
Não queria ser alvo de fofocas. Por favor, não lhe pediria se não fosse
importante – Montgomery estudava o semblante de sua detetive. Sabia que a
honestidade era a base usada para fazer aquele pedido. Ela ficaria
desconfortável sendo alvo de olhares. A manutenção de sua reputação era também
a razão do pedido.
- Beckett, não
é prática comum omitir processos importantes que envolvam nossos funcionários
na NYPD. Seria uma regalia, uma espécie de privilegio, tratamento especial –
ele viu a detetive engolir em seco – entretanto, não estou falando de um
oficial qualquer, trata-se da minha melhor detetive. Em respeito a você, eu
brecarei o processo. Falarei com o detetive Jackson e seu superior. Caso eles
se neguem a furar o protocolo, procurarei o comandante no 1PP.
- Obrigada,
capitão. Significa muito para mim – o alívio claramente estampado nos olhos
dela. Castle sorria.
- Agora faça
um favor a si mesma. Não trabalhe demais, deixe aqueles dois marmanjos se
virarem um pouco e não quero ver sua cara nesse distrito na quinta-feira. Você
merece seu período de folga.
- Sim, senhor.
Farei isso – Castle tratou de encenar um fingimento.
- Folga? Como
assim? Quantos dias?
- Ficarei
cinco dias de folga, Castle. Preciso de um tempo para mim. Já acertei tudo com
o capitão – ela colaborou com a mentirinha.
- E eu? Como
fico?
- Não sei,
Castle. Sua vida realmente não me diz respeito. Pode fazer o que quiser.
- Mas Beckett,
se você não está aqui, não temos casos e vou ter que ceder a vários trabalhos
de divulgação e marketing que Gina esta enchendo minha paciência para fazer.
- Otima
oportunidade, não é esse seu trabalho? E para seu governo, casos existem. Eu
apenas não estarei aqui – ela olhou de relance para seu capitão. A encenação
tinha sido eficaz. Montgomery lutava contra as risadas. Ela abriu a porta e
saiu com Castle resmungando atrás de si. Dirigiram-se direto para a minicopa. Sorriam.
O disfarce continuava intacto. Ao final do dia, ela contou aos rapazes sobre
sua folga. Eles aceitaram numa boa, especialmente quando Esposito deixou claro
que se Castle quisesse se juntar a eles podia se preparar para sofrer,
inclusive fazendo trabalhos burocráticos. A careta de Castle denunciou que ele
realmente não embarcaria nessa roubada.
Apartamento de
Beckett
Castle
carregava a sacola com o jantar. Sushi. Por insistência de Beckett, ele
concordou em vir para o apartamento dela. Talvez por reação aos fatos que
tivera que enfrentar durante o dia ou a necessidade de pensar na viagem, a
verdade era que ele não iria contraria-la. Começou a conversa lembrando-se da
cena na sala de Montgomery.
- Se não fosse
uma excelente detetive, podia tentar carreira em Hollywood. Aquela sua
encenação merecia o Oscar, Kate. O capitão caiu direitinho.
- Tive uma boa
escola. Sua irritação valeu de alguma coisa.
- Formamos uma
dupla e tanto! – porém ao invés de continuar a conversa com alguma provocação,
ela simplesmente decidiu se render ao silencio comentando.
- Estou
cansada... – Kate disse pegando uma garrafa de vinho tinto na geladeira. Serviu
a bebida para ambos sentando-se no sofá. Tirou os sapatos, jogou os pés para
cima. Ele encarregou-se de arrumar as coisas para jantarem. Tudo sobre a
mesinha de centro. Juntou-se a ela colocando os pés de Kate sobre seu colo.
Calmamente, ela sorveu o vinho e provou os primeiros sushis. Jantaram sem
pressa. Ao terminarem, Castle recolheu o lixo, lavou as louças e retornou
sentando-se na mesma posição.
Massageando os
pés de Kate, ele dava a ela um tempo para digerir tudo o que maquinava em sua
mente até que estivesse pronta para conversar, se é que isso aconteceria. Para
alivio de Castle, ela criou coragem e falou. Uma demonstração de confiança que
o alegrara.
- Estou com um
pouco de dor de cabeça. Eu sei, foi o stress do dia. Acho que preciso de uma
boa noite de sono para me recuperar – ela brincava com os pés no estomago dele,
Castle estendeu a mão livre para entrelaça-la na dela. Suspirando, Kate
continuou – aquela ameaça de Josh... ela não pode acontecer, não quero viver
sobre a sombra do medo, imaginando se você poderá ser atacado apenas caminhando
nas ruas de Nova York ou em sua própria casa. Nem o assassino da minha mãe fez
algo parecido comigo. Se Josh o atingir, o ferir, eu não vou me perdoar.
- Kate, nada
vai acontecer comigo. Nem com você. Por mais raiva que Josh tenha de mim, ele
não desafiara a justiça. Sua carreira esta em jogo, se quiser ir para a África terá
que parar com a anfetamina, obedecer ao seu superior e cumprir as horas de
punição, como médico é bem fácil, basta dar plantões em clinicas da periferia,
atendimentos médicos gratuitos.
De repente,
Kate fez algo que não era do seu perfil. Não costumava ficar tão vulnerável
como se sentia. Cedendo a um momento de fragilidade, ela sentou-se abraçando-o
fortemente, como se sua vida dependesse daquele abraço. Enterrou o nariz no
pescoço dele inspirando o cheiro de perfume e suor, o cheiro de calmaria e
conforto.
- Hey, Kate...
– ele acariciava os cabelos dela – o que foi? Cadê a minha detetive destemida?
– beijava-lhe o rosto.
- Eu... não
consigo tirar aquela imagem de ódio da minha mente. Não parecia a mesma pessoa
que conheci. Josh era um homem simpático, bonito. De repente, se transformou em
um bandido, não é nada diferente dos assassinos que costumo prender no meu
distrito – ela fitava o rosto do homem a sua frente, Kate tinha uma tristeza no
olhar, havia lágrimas se formando ali - Castle, ele ficou assim por minha
causa. Nunca pensei que tivesse esse efeito nas pessoas... induzi-las a fazer o
mal.
- Não pense
assim! Você é uma inspiração, um exemplo, Kate. Não vou admitir que se culpe
pelos atos dos outros – ele elevou o queixo dela concentrando-se em manter o
contato com os olhos amendoados, os traços de verde sumiram exatamente como
acontecia quando ela estava preocupada – como alguém que esteve a seu lado
todas as vezes que essa situação ruim aconteceu, eu exijo que esqueça, não
quero esse ar de preocupação e tristeza em seu rosto. é hora de dedicar um
tempo para você, para nós. Onde está aquela mulher que não admite ser salva por
um escritor metido a detetive? Cadê a policial determinada a manter sua
reputação intacta? Ou ainda melhor, a mulher encantadora e sedutora que não vê
a hora de se esbaldar com o seu escritor particular nas ruas de Roma?
Um momento de
silêncio com duração de dez segundos perdurou entre eles enquanto liam um ao
outro apenas pelo olhar. Kate esboçou um leve sorriso ao passar o polegar pela
bochecha dele.
- Estou bem
aqui. Em todas as versões. Tem razão, Castle. Não posso me deixar abater pela
loucura de Josh. Não vale a pena. Um deslize, já passou – ela beijou-lhe os
lábios em agradecimento – quer me ajudar a arrumar minha mala para Roma? –
antes que ela se levantasse do sofá, ele segurou sua mão dando-lhe um ultimo
conselho.
- Não estou
dizendo que não pode ter um momento de fragilidade e introspecção, Kate. Todos
temos direito a um tempo para desmoronar, sentir a dor, remexer as feridas.
Você somente não pode deixar que isso a consuma. Não é você. Kate Beckett é
maior que isso. Ela é extraordinária.
No mesmo instante,
ela jogou-se contra o corpo dele devorando-lhe os lábios em um beijo
apaixonado. Quando finalmente se soltaram, ela sentiu o coração mais leve. A
cada dia admirava e adorava mais aquele homem com ar de menino.
- Obrigada,
Cas.
- Always –
beijou-lhe o ombro marcando-o com seus dentes de leve – agora, tem certeza que
vai arrumar sua mala a essa hora da noite?
- Que horas
vou fazer isso se preciso trabalhar, Castle?
- Se quer
minha opinião, não precisa levar muito. Umas camisolas sexys, calcinhas para
que eu possa tira-la, apesar que são mais um obstáculo...
- E vou andar
nua pelas ruas de Roma? Com todos aqueles italianos lindos e sedutores me
olhando?
- Bom ponto,
leve uma burca – ela revirou os olhos enquanto avaliava seu guarda-roupa.
- Você não
esta ajudando, Castle...
- Já sei!
Compraremos tudo novo em Roma.
- Menos... até
onde eu sei você não é meu sugar daddy – ela virou-se para fita-lo. Castle
estava escorado na porta do quarto quase fechando os olhos – é inútil... se não
vai me ajudar, Castle, vá para cama. Está dormindo em pé – ele nem esperou uma
segunda sugestão. Tirando a calça e a camisa, jogou-se sobre o colchão de Kate
dormindo instantaneamente. Rindo, ela se ocupou das roupas. A ideia de escapar
de Nova York começa a contamina-la. Realmente precisava de novos ares.
E a sensação
de ansiedade e excitação apenas crescia a medida que o tempo passava e a data
da viagem se aproximava. Conforme combinara com o seu capitão, trabalhava como
coadjuvante nos casos de assassinatos que surgiram a partir de terça-feira.
Esposito
aproveitou-se da situação para abusar de Castle dando a ele quase todos os
trabalhos chatos e entediantes do caso. Beckett estava analisando um vídeo da
câmera de segurança com Ryan quando ele surgiu com um ar de desespero no rosto.
- Por favor,
vamos tomar um café. Diga que está desejando um café. Se eu ficar mais um
minuto olhando para aqueles extratos bancários, eu vou me suicidar – Ryan não
aguentou caindo na gargalhada, Beckett riu e emendou.
- O que foi,
escritor? Pensou que trabalhar com policiais lhe daria o direito a ter cenas de
ação todos os dias. Pense novamente. A investigação de um assassinato pode ser
longa e tediosa, temos que remover peca a peca, um tijolo por vez, até
chegarmos ao fim do mistério.
- Bla...bla...bla
– ele resmungou fazendo caretas.
- Tudo bem,
estou mesmo precisando de uma pausa. Nos acompanha, Ryan?
- Já alcanço
vocês, vou ao banheiro.
- Ok –
chegando próximo a ele, Beckett falou – o que achou da performance, continuo
com chance em Hollywood?
- Todas
possíveis. Meryl Streep que se cuide!
Ao final do
dia, Beckett entregou as análises concluídas e um relatório com suas impressões
sobre o caso para ajudar Esposito. Tinha apenas um dia de trabalho para cumprir
antes de pegar o avião. No loft, Castle esperava por Beckett que ficou de
passar em seu apartamento para pegar as malas a fim de facilitar a ida ao
aeroporto na quinta. Por volta das sete horas, Kate chegou com uma mala média, uma
bolsa grande e um sorriso no rosto.
- Alguém está
empolgada... pronta para Roma?
- Quase. Você
já arrumou tudo? A que horas é o nosso voo?
- Saimos do
JFK as dez da manha. Chegamos a noite. Quero lhe mostrar a minha agenda final,
venha comigo ao escritório – depois de algum tempo explicando suas responsabilidades,
ele sugeriu que comessem alguma coisa. Ofereceu-se para preparar sanduiches.
Kate permaneceu na sala agarrada a um livro de Roma e um caderninho. Estava
muito empolgada com os lugares que poderia visitar com ele e sozinha. Teria
dois dias sem a companhia de Castle, neles pretendia vestir a camisa de
turista, explorar as piazzas, as ruas, as feiras e a arquitetura italiana.
Sonhava com os vinhos.
De longe, ele
a observava sorrindo. O humor de Kate melhorara consideravelmente após aquela
conversa da segunda na qual desabafou o que sentia com relação a toda a
situação estressante causada pelo médico almofadinha. A proximidade da viagem a
deixara mais sorridente, relaxada. Parecia uma menina sonhando com a chegada do
natal.
Os programas
da noite deixaria por conta de Castle. Sabia que ele estava empenhado a leva-la
a alguns lugares que admirava na cidade. Continuava escrevendo incansavelmente
em seu caderninho quando ele chegou com os sanduiches prontos e duas garrafas
de cerveja.
- Deixaremos
nosso paladar desejando vinhos. Aqui esta o sanduba: pão integral, mostarda
dijon, rúcula, tomate seco, presunto parma, muzzarela e molho pesto com
amêndoas.
- Hum... deu
água na boca – finalmente deixou o caderno e o livro de lado para se concentrar
no sanduiche – comeram com vontade. A mistura preparada por Castle estava
deliciosa. Tomou um novo gole de cerveja e sorriu para ele que lambia o molho
pesto dos dedos como um menino.
- Sabe que tem
um pouco de molho no canto da sua boca? – ela avançou na direção dele e lambeu o
local bem devagarzinho, a língua roçou nos lábios pedindo passagem iniciando um
beijo carinhoso – ficou delicioso.
- Satisfaça
minha curiosidade de escritor, Kate. O que tanto você escreve nesse caderninho?
– ele fez menção de pega-lo, mas Kate foi mais rápida tirando o objeto do
caminho.
- A
curiosidade matou o gato, Castle. Não é nada demais. Lugares e informações
uteis de Roma. Para facilitar meus dias ali.
- Sempre
planejando, racionalizando. É hora de relaxar, viva a viagem, não planeje.
- Quem disse
que é planejamento? Há tanto para ver naquela cidade em tão pouco tempo. Acha
que podemos visitar alguma cidade adjacente? Eu adoraria ir a Florence.
- Nem pense em
deixar Roma sem mim. Não irei perdoa-la por isso – ela se aproximou brincando
com a gola da camisa dele. Provocando-o ao roçar os lábios no rosto de Castle,
os dentes na garganta caçando o pomo de adão – Kate... por favor...
- O que há em
Florence? Você me deixou curiosa – ela sussurrava em seu ouvido fazendo
movimentos com os lábios e a língua que o deixavam a cada segundo mais excitado
– para não querer que eu vá, deve ter um motivo... – a mão já estava sobre a
calça apertando o membro dele causando-lhe pontadas constantes na virilha. Após
um gemido, ele conseguiu dizer poucas palavras.
- Só um
local... você não pode... – um novo movimento dela e mais um gemido – oh, Deus!
– só comigo...Kate... Florence. Agora, seja boazinha e... me tire
dessa...agonia, eu preciso de... você – com uma gargalhada gostosa, ela
tomou-lhe os lábios. Puxando-o pela mão, guiou-o na direção do quarto.
- Aposto que
sim...
Na
quinta-feira, eles deixaram o loft por volta das oito da manhã. Por insistência
de Castle, ela prendeu o cabelo em um coque, colocou uma boina e óculos
escuros. Ele queria evitar que os reconhecessem especialmente no avião porque
iriam de primeira classe. Na verdade, ele queria que ela usasse uma peruca
ruiva que Kate recusou terminantemente. Convivia há muito tempo com Castle para
saber que a fama não era algo que o perseguia como acontecia com estrelas do
cinema.
Kate estava
particularmente feliz como há muito tempo não se sentia. O momento de angustia
e preocupação havia passado, enfrentara as dificuldades com Castle a seu lado e
por conta dele, sentia-se bem, segura de si. Sua primeira viagem de verdade com
o seu namorado. Quem diria, Kate Beckett... o pensamento de satisfação não
parava de rondar sua mente. Precisava trazer um presente de Roma para Dana. Ela
tinha grande parcela de responsabilidade por estar vivendo tudo isso.
De longe,
enquanto comprava café, Castle a observava. Ela esboçava um sorriso no rosto. O
semblante era pensativo, mas alegre. Estava mais solta, celebrando cada
momento. Notara inclusive esse comportamento na cama. Tudo a maravilhava, era
como se tivesse apertado um botão e sido transportada para um mundo de
fantasia. Não que de fato isso a tivesse mudado, ela apenas baixara a guarda,
abrira uma fresta na pequena fortaleza que mantinha ao redor de si por
proteção. Castle não tinha duvidas do quanto a amava e esperava fazer cada
momento dessa viagem valer a pena.
Chegando
próximo a ela, entregou-lhe o café.
- Grazie,
bello.
- Já
treinando, amore?
- Não vejo a
hora de chegarmos a Roma. Sonho com os vinhos, as massas, os aromas. Queijos,
os melhores presuntos... a bela arquitetura. Serão cinco dias incríveis, tudo
graças a você. Sua teimosia valeu para alguma coisa afinal.
- Você fala
como se minha teimosia já não tivesse salvado sua vida antes. Parece uma
criança as vésperas do natal, Kate. Tem um brilho incomum no olhar. Faremos o
melhor que pudermos com o nosso tempo.
- Nem sei como
poderei retribuir essa experiência... – ela comentou acariciando o bíceps dele
com os dedos sorrindo enquanto sua outra mão estava na cintura dele. Castle
aproximando-a de seu corpo num abraço, sorriu maliciosamente.
- Ah,
detetive... eu consigo pensar em tantas maneiras...
-
Pervertido... – e mordiscou o lábio inferior dele. A voz no megafone anunciava
que o embarque estava próximo. Discretamente, eles separaram seus corpos
mantendo-se conectados pelos dedos entrelaçados enquanto agiam naturalmente,
cada um com seu copo de café lutando contra o desejo desperto em poucos minutos
atrás.
O voo de Nova
York até Roma fora tranquilo, mas demorado na opinião de Kate devido a tamanha
ansiedade que a dominava. No aeroporto Leonardo Da Vinci, Castle era esperado
por um motorista particular que os levaria diretamente ao hotel reservado por
Gina para o escritor. Um cinco estrelas bem localizado no centro da cidade.
Splendide Royal era o nome que ele informara.
No trajeto,
Kate já sentia a atmosfera diferente. Clima, barulho, cheiros. O colorido das
luzes também chamava a atenção a essa hora da noite. Ela divertia-se ao passar
por ruas movimentadas ouvindo os italianos gritando desaforos no transito. De
vez em quando, virava-se para fita-lo sorrindo. Ele mantinha o braço ao redor
do pescoço dela puxando-a para um beijo sempre que tinha vontade. Ao
estacionarem na frente do hotel, Castle foi avisado que havia algumas fãs de
plantão para vê-lo.
- Eu disse que
a peruca poderia vir a calhar eventualmente. Ainda discorda de mim?
- Não tem
jeito de despista-las?
-
Dificilmente. Se quiser permanecer no anonimato, sugiro usa-la e sair depois de
mim, assim a maioria já dispersa com um autógrafo ou foto – ele virou-se para o
motorista – há muitas esperando?
- Diria que
umas dez pessoas.
- Então será
rápido. Irei entretê-las para que você deixe o carro sem ser percebida. Espere
por mim no saguão.
- Tudo bem,
juízo e nada de assinar peitos – ela colocou a peruca e a boina olhando-o
tipicamente como Kate Beckett.
-
Er...certo... entendi – Kate observava do carro através do vidro protegido com
insulfilme para a forma como Castle lidava com as fãs. Era natural. Conversava,
assinava livros, ria. Uma foto aqui outra ali, aos poucos havia dispersão e
nenhum interesse no carro preto parado na frente do hotel. Cautelosamente, ela
desceu e caminhou por entre as mulheres passando pelo escritor e entrando no
saguão. Bastou uma primeira olhada no local para perceber sua beleza. Luxo e
história em um só lugar. Sorrindo, ela sentiu uma mão toca-la nas costas.
- Que passa,
signorina? – sorrindo para encarar os belos olhos azuis dono da voz sussurrada
quase ao seu ouvido, Kate não podia esperar nem mais um segundo para desfrutar
das maravilhas italianas.
- Ciao, Roma. Ma che bello ragazzo... – beijou-lhe apaixonadamente antes de seguirem até o balcão para fazer o check-in.
Continua...
2 comentários:
Kate, minha linda. Põe uma coisa na sua cabecinha "você está amando" e a Dana sempre tem razão.
Tia Dana sempre têm razão.😂👌🏽A Kate com medo e insegura é tão amorzinho,demostra o quanto ela está mudando e só pelo fato dela se abrir com o Castle eu fico toda boba 😍
Postar um comentário