domingo, 18 de outubro de 2015

[Castle Fic] One Night Only?! - Cap.38


Nota da Autora: Prontas para mais um capitulo? Esse ficou grandinho, mas nao se acostumem! O tempo para escrever diminuiu. A situação continua tensa, mas adicionei um momento de sexo para vocês, but....o angst continua nesse, no próximo...e no próximo, quem sabe quando pode parar? Afinal, a S4 esta batendo na porta... tudo uma questão psicológica! Estamos nos aproximando do episodio mais complicado para o nosso casal.... preparem-se! Enjoy! 

Atenção...NC17!


Cap.38



Apesar do clima tenso que Kate vivera durante a tarde de sábado, a noite ao lado de Castle mostrou-se bem satisfatória. Ela conseguiu relaxar, aproveitar a companhia, a boa comida e o vinho. Foram duas garrafas embora quando ela percebeu que a ideia de Dana podia ser muito interessante. Não sabia dizer se foi devido a bebida, mas Kate escolheu aquele momento para namorar e tentar fazer as pazes com Castle antes de enfrenta-lo numa discussão pesada e dolorosa para ambos.

Ele não a enganara quando dissera que o lugar era discreto. As luzes do restaurante eram mínimas, ficavam quase na penumbra. Castle estava gostando de ver a maneira como Kate reagia a tudo. Em principio, pensou que ela se aproveitaria da ideia de jantar para adiar a conversa. Afinal, era uma das características de Beckett, fugir de assuntos que a obrigassem a revelar como se sentia. Foi assim quanto a morte de sua mãe, quanto a Royce e para assumir que estava apaixonada por ele.

Castle já aprendera que ela funcionava diferente de outras mulheres quando o assunto era pessoal. Por isso mesmo, decidiu dar a Kate o beneficio da duvida. Desde que ela cumprisse com sua palavra em um futuro breve, ele estaria disposto a ouvi-la.

Realmente não se enganara. A conversa de Dana deveria ter rendido frutos, pois estavam no meio da sobremesa, entre doces e caricias, quando ela comentou após sentir a mão dele sobre a parte de baixo de suas costas.

- Castle, espero que não esteja chateado comigo por causa de... por eu ter me assustado com seu toque. Não foi de propósito, não tenho medo de você. Nem o rejeitei.

- Eu sei. Não se trata de rejeição. Você estava apavorada, no limite. Eu não fiquei chateado, se não quisesse saber de nada ou se não a apoiasse, não estaria aqui.

- Você tem sido muito paciente comigo. Não tem obrigação quanto a isso. Nem sei como agradecer.

- Basta confiar em mim. Só quero ajudar, nunca diga que faço isso por obrigação, faço porque quero, porque me importo, Kate – ele acariciou o rosto dela beijando-a em seguida – pensei que não quisesse conversar sobre isso. Não foi você que disse tratar-se de um assunto intimo?

- Não estou fazendo isso nesse momento. Estou somente reafirmando para você que não fiz aquilo por mal. Acho que e importante. A verdade é que eu sou uma pessoa complicada, Castle. Muitos não me entendem, outros me julgam pelo que sabem ou ouvem sobre minha reputação como policial e a maioria não se aproximaria de mim se soubessem quem eu sou como pessoa.

- Mas isso não se aplica a mim. Eu fui levado ao seu encontro por sua força, pela profissional incrível que é. Quanto a pessoa me intimidar? Eu continuo aqui, não? – isso a fez sorrir.

- O que demonstra que você definitivamente não tem medo do perigo.

- Talvez, ou não tenho medo de seguir meu coração, Kate.

Ao ouvir essa ultima frase de Castle, ela sentiu o corpo arrepiar. Estavam pisando em terreno perigoso. Melhor voltar ao instante onde relaxar era o mais importante. Acariciando seu peito, ela mordiscou o lóbulo da orelha e pediu.

- Que tal pedir a conta e encerrarmos essa noite em sua cama?

Castle não precisou ouvir duas vezes. Gostaria de conversar, mas não negaria o desejo de Kate. Se isso a fazia feliz, não via porque negar o momento a ela. Fez sinal para o garçom e pediu a conta, Quinze minutos depois, eles chegavam no loft. Foram direto para o quarto. A camisa de Castle já tinha a maioria dos botões abertos. Parados no meio do quarto, ela olhava para ele, uma espécie de avaliação e realização. Aquele homem estava ali para ela.

- Você pode tirar meu vestido? – ela pediu virando-se de costas. Castle se aproximou puxando o fecho para baixo, com um rápido toque nas alças, a peça de roupa caiu no chão – me toque, quero sentir o seu toque, Castle. Somente o seu, de mais ninguém – ele a abraçou por trás. Sentir os dedos dele em seu ventre a fez arrepiar na hora. A sensação dos dedos ágeis e quentes em sua pele era algo que Kate não conseguia explicar. Mágico. Os lábios dele acariciavam a nuca, o seu pescoço deslizando pelos ombros.

Por estar de costas para Castle, ele não podia ver a emoção que a tomava a cada novo toque. Era uma rendição. Não havia medo ou nervosismo. Eram eles. Como tantas outras vezes. Quando as mãos de Castle moldaram seus seios perfeitamente, ela gemeu jogando a cabeça para trás mantendo os olhos fechados. As caricias dele se intensificavam assim como o movimento dos lábios em seu ombro, sentia as mordidas mais fortes, sugando-lhe a pele o que provavelmente a renderia marcas. Não se importava.

Virando-se finalmente para fita-lo, foi a vez de suas mãos explorarem o peito nu. Ela admirava os ombros largos, os bíceps fortes. Mas, naquele momento, tudo o que queria eram seus lábios. Kate os sorveu lentamente, provando, degustando até que o desejo falou mais alto querendo aprofundar o contato. A urgência prevaleceu tornando intenso o contato de lábios e línguas. Também sentiu o membro dele já despontando sobre o tecido da calça. A umidade já tomava conta de seu centro então por que perder mais tempo?

Ela se afastou quebrando o beijo arrancando um suspiro frustrado dele que foi recompensado pelo gesto que fizera a seguir. Kate tirara a calcinha ficando completamente nua para a apreciação dele. Caminhou sem pressa para a cama onde deitou-se sobre o colchão de pernas abertas convidando-o para se juntar a ela.

Castle sentiu o coração disparar. O sangue ferveu diante da imagem. O membro se erguia puro movido pela adrenalina e o desejo. Livrou-se das calças, do boxer, apoiando o joelho na cama inclinou-se para beijar-lhe toda a extensão da perna até chegar em seu lugar mais desejado. Então a provou de uma maneira que a levou a se contorcer contra o corpo dele. Castle a tratava com carinho, com desejo, queria proporcionar prazer intenso.

Não demorou muito para conseguir o que queria. O corpo de Kate começava a se contorcer dando sinais de que o orgasmo estava próximo. Em um minuto mais, ele gemia arrebatada pelo prazer. Puxava os cabelos de Castle pedindo que ele continuasse a fazer aquilo, a lhe deixar nas nuvens. Então sentiu sua pele ser invadida pelos lábios e a língua dele em sua pele do abdômen até alcançar os seios devorando-os para manter o orgasmo e a sensação de prazer viva e intensa.

Quando os lábios encontraram os de Kate, ele a surpreendeu penetrando-a ao mesmo tempo. O grito o fez sorrir. Aos poucos, ele se movia dentro dela buscando pelo ápice do prazer. Kate se contorcia com o movimento e o despertar de sensações que tomavam o seu corpo. Em minutos, eles entregaram-se juntos ao orgasmo intenso que os fez ultrapassar limites.

Castle permaneceu dentro dela e sobre seu corpo. Kate não podia reclamar, o calor, o peso e o cheiro dele eram reconfortantes. Diante do que acontecera naquela noite, ela esperava nunca mais rejeitar o toque dele. Com uma das mãos livres, ela acariciou os cabelos de Castle deixando sua mão deslizar gradativamente pelas costas. Isso o fez virar a cabeça beijando-lhe o ombro. Ergueu-se um pouco do corpo dela para fita-la. Depois de um beijo carinhoso, ele se afastou deitando-se ao lado dela. Ouviu Kate reclamar sentindo falta do corpo perto do seu.

Imediatamente, ela se aproximou novamente beijando-lhe o peito.

- Hey... vamos dormir um pouquinho. Depois... – ela não explicou o que viria depois, mas Castle não se importou. A noite fora tranquila até as cinco da manhã. Separados no meio da noite, Castle dormia de bruços e ela de barriga para cima. Remexia-se muito no colchão como se estivesse lutando com algo ou alguém. As feições demonstravam aflição e medo. De repente, ela acertou Castle com um murro nas costas sentando-se automaticamente de maneira ofegante. O grito sufocado não escapou aos ouvidos de Castle.

Ele ergueu-se rapidamente a tempo de encontrar Kate ofegando e com o olhar fixo apertando os joelhos com as mãos como se procurasse um porto seguro. Estava claro que sonhara novamente. Ele aproximou seu corpo envolvendo-a em seus braços. Sentiu um leve pulo de Kate após o contato. Ainda reflexo do pesadelo, pensou.

Finalmente, ela virou o rosto para fita-lo. Escorou a testa na dele.

- Aconteceu de novo...

- Eu sei, amor. Não pense nisso agora. Apenas relaxe – Castle acariciava as costas dela vagarosamente para cima e para baixo procurando fazê-la relaxar. Ele a puxou consigo para deitarem novamente. Kate não dormiu, porém ela conseguiu acalmar-se com a presença dele. Por volta das sete da manhã, ela decidiu que precisava de café. Castle a viu caminhar até o banheiro e cinco minutos depois ela saia do quarto vestindo um robe que trouxeram do hotel em Los Angeles.

Castle aproveitou que estava sozinho para também usar o banheiro. Vestindo apenas o boxer, Kate o encontrou lavando o rosto. Ao olhar para ela, se pegou sorrindo. Trazia nas mãos duas canecas de café. Estendeu uma delas. Castle tinha ainda cara de sono, afinal depois de todo o exercício de ontem, acordar cedo não estava em seus planos. Saiu do banheiro encontrando-a sentada na cama concentrada na bebida.

- Sente-se aqui do meu lado – ela bateu no colchão – quero que você saboreie esse café devagar. É uma espécie de pedido de desculpas por tê-lo acordado tão cedo. Sei o quanto você precisa do seu sono.

- Não é sua culpa, Kate. Teve outro pesadelo não? – Kate suspirou com a observação. Estava na hora de começar a se abrir para Castle.

- Sim, um pouco diferente do primeiro. Nesse eu estava lutando para que você não saísse machucado, nem eu. Ele praticamente me jogou no chão e... – não completou e nem precisava, ela estava lutando contra o fato de que mesmo em sonho havia uma perseguição dura de um inimigo que ela não queria ter conhecido – acho que não estou sendo clara, eu nem mesmo contei como foi meu primeiro pesadelo a você, não posso esperar que me entenda.

- E você quer contar agora? Se sente confortável para fazer isso?

- Preciso fazer isso para que você me entenda e não pense que estou imaginando coisas ou vendo o que não existe.

- Kate, eu não disse que você imaginou, eu....- ela colocou o dedo indicador sobre os lábios dele.

- Castle, por favor, dessa vez somente me escute – ele assentiu com a cabeça, tomou mais um gole de café e fixou o olhar no dela. Um pouco receosa, Kate começou a contar exatamente como acontecera o primeiro pesadelo. Ele notava em seu semblante as variações de sentimentos. Ao relatar o tiro, ele sabia que chegara ao ápice do sonho. Kate ainda se perturbava com a historia. Em seguida, após recuperar o fôlego, Kate se dedicou a descrever o sonho dessa madrugada. Ao terminar, ela estava exausta. Reviver tudo o que se passara na frente de Castle vendo suas próprias reações ao que contava, a deixara arrasada física e psicologicamente. Parecia que tinha levado uma surra ou carregado dezenas de sacos de cimento.

Ao calar-se, Kate passou as mãos sobre os cabelos desviando o olhar de Castle. Não sabia a reação seguinte dele. Provavelmente faria um discurso usando as palavras do jeito que apenas ele poderia fazer. Só que dessa vez, ela se enganara. A resposta de Castle não veio por meio de palavras, veio como uma boa dose de carinho. Ele a puxou contra si em um abraço aconchegante. Beijou-lhe o topo da cabeça enquanto suas mãos faziam caricias leves nas costas dela.

Ficaram assim por uns bons minutos. Quando Kate afastou-se do peito dele, usou uma das mãos para acariciar-lhe o rosto. sentia-se um pouco mais segura para comentar sua sessão com Dana após ver que Castle não tivera uma reação ruim com a historia de seus pesadelos.

- Estou com fome. Que tal comermos algo e eu te conto o que a Dana falou comigo – ela se levantou estendendo a mão para Castle a acompanhar. Na cozinha, ele não deixou que ela fosse para o fogão. Colocou para preparar uma nova dose de café e com a frigideira nas mãos dedicou-se aos ovos com bacon. Ela passava manteiga no pão para acompanhar os ovos. Em poucos minutos, estavam sentados saboreando a refeição simples. Após uma nova mordida em seu pão, Kate resolveu falar.

- Dana disse que tive um ataque de pânico. Ao ver Josh, algo no meu cérebro acionou um gatilho fazendo com que sentisse todos aqueles sintomas. Achei tudo muito louco, porque teria tanto medo de Josh a ponto de ficar paralisada e não conseguir reagir a nada? Foi isso que aconteceu comigo, Castle. Eu fiquei estática, o medo me dominou. As pernas tremiam, as mãos, meu coração disparara a ponto de induzir uma taquicardia tão intensa que me deixou sem fôlego. Não sei de onde tirei forças para entrar naquela loja.

- Tão intenso assim?

- Foi – ela baixou a cabeça por um instante voltando a fita-lo - Não consigo entender porque. Como posso ter medo de um cara como Josh? Deus, Castle! Eu sou uma policial treinada! Isso não devia acontecer comigo.

- Kate antes de ser policial, você é uma pessoa, uma mulher. Na minha opinião, você não tem medo de Josh. Você teme o que ele pode fazer a você. Por que outro motivo se debateu durante o pesadelo para evitar que ele, você sabe. Esse é o gatilho do seu medo.

- Eu tenho medo dele ferir a mim, a você, Alexis. Medo de que essa loucura ultrapasse os limites que conseguimos combater. Não irei me perdoar se ele fizer mal a você.

- E você acha que eu ficaria bem se ele a atacasse? Se fizesse algum tipo de mal a você? Caso não tenha percebido, ambos somos afetados, vitimas de um homem amargurado e obsecado. Não vou deixar você ser atacada, ferida. Estarei ao seu lado. Não precisa ficar se escondendo de mim. Guardar suas emoções apenas para si, somente irá lhe fazer mal. Não há vergonha nenhuma em precisar de alguém, de apoio, chorar. Você é humana, não uma super heroína. Tem um coração dentro desse peito, Kate.

- Castle, não é tão simples assim. Eu sou complicada. A vida adora me testar, me dar rasteiras...

- Então, por que não testar a vida também? Encare-a. coloque um sorriso no rosto e desafie-a mostrando que não se deixara abater pelos tropeços, os problemas. Esfregue sua felicidade na cara da vida – ela riu do que ele dizia – o que foi? Disse algo errado?

- Não, pelo contrario. Você disse tudo certo. Porém é bem mais fácil falar do que fazer. Eu não sou essa pessoa, Castle. Pelo menos não agora, talvez um dia. Tenho muitos defeitos especialmente no campo emocional. Isso não se cura da noite para o dia. Dana comentou que as crises podem acontecer novamente. Ela falou que se dividisse o que aconteceu com você, as chances de me recuperar seria maior.

- Bom saber. E como você está se sentindo após contar tudo para mim?

- Melhor – mas ela se calou logo em seguida. Castle considerou uma resposta digna de Kate Beckett porque fora sucinta. No entanto, sabia que ela não cederia e nem se transformaria em outra pessoa do dia para a noite. Ele entendia que havia muito mais problemas para discutir, muitos outros traumas e sentimentos a explorar. Infelizmente, ela não estava preparada para isso. Foi retirado do seu momento de reflexão ao ouvi-la dizer que precisava ir para casa.  

- Por que? Hoje é domingo. Fique por aqui mesmo. Não há motivos para ficar sozinha em seu apartamento, Kate.

- Tenho coisas para arrumar, preciso de um tempo para mim.

- Kate, tem certeza que vai ficar bem sozinha? – esse era o maior medo de Castle, o isolamento de Kate – pelo menos durma aqui comigo. Faça assim, vá para casa, organize suas coisas, curta seu espaço e volte para dormir comigo ou me deixe dormir com você.

- Não hoje, Castle. Você pode dormir comigo amanhã, por favor. Preciso desse tempo – não adiantaria insistir, nesse momento a teimosia falaria mais alto. Castle apenas se levantou da mesa levando os pratos para a pia. De repente, esse ato dele a deixou insegura – Castle, tudo bem?

- Kate você está sofrendo de ataque de pânico. Ficar sozinha pode não ser a solução.

- Castle, ataques de pânico não acontecem em apartamentos fechados. Meu estopim está nas ruas. Eu vou ficar bem.

- Claro. Faça isso. Se for o melhor para você...  – ela parou tudo o que fazia para observa-lo. Ficara chateado com a sua necessidade de se distanciar? Não fizera por mal. A verdade era que Kate considerava que se abrira demais nesse momento, também se sentia frágil. Queria recuperar sua força e não conseguiria fazer isso ao lado dele com todos aqueles mimos que Castle estava disposto a oferecer.

Podia parecer pura enganação. O raciocínio de Kate era algo que ela imaginara. Não o que realmente aquilo tudo significara. Não era longe de Castle que ela iria se sentir melhor. Mas estava disposta a deixar a sua teimosia lhe vencer. Havia outra duvida martelando na sua cabeça. Depois que contara tudo, Castle acreditara em sua historia? Ainda tinha receio de lhe perguntar.

Ela deixou a cozinha pensativa. Precisava de um banho e arrumar suas coisas. Ia ficar bem em casa. Tinha roupas para lavar, contas para organizar e pensamentos para analisar. No fundo, havia uma necessidade básica em Kate. Provar a si mesma que estava bem e não dependia de Castle nesse momento.

Quando reapareceu na sala segurando sua valise e sua bolsa, encontrou Castle sentado no sofá. Pensou que ele estava jogando, mas o notebook estava sobre a mesa. Deveria estar pensando em escrever.

- Eu vou indo. Você pretende trabalhar num domingo?

- Você não me deu alternativa. Vou desenvolver algumas ideias já que estou sozinho durante o dia – ela foi até onde ele estava, beijou-o com carinho. Quando já estava na porta, voltou. Ela resolveu perguntar no impulso.

- Castle, eu tenho que perguntar. Você acredita em mim? Acredita que vi Josh nas ruas da cidade? – seu semblante demonstrava apreensão. Existia apenas uma resposta certa.

- Acredito, Kate – disse engolindo em seco. Kate não parecia tão confiante na resposta, mas para o seu próprio bem, ela resolveu acreditar.

- Passo em seu apartamento para irmos juntos ao trabalho amanhã, Kate.

Quando a porta fechou atrás de si, Castle deixou-se cair completamente no sofá. Estava diante da primeira grande crise de seu relacionamento e tinha medo que isso os afastasse de vez. Não mentira para ela. Realmente queria acreditar que ela vira Josh, o que o preocupava era o fato dela sequer ter pensado em checar a informação. Esse deveria ser sua primeira ação como detetive. Não pensar sobre isso somente significava uma coisa para Castle. Ela realmente fora afetada pela situação e mesmo que fosse por alguns dias, Kate não era ela mesma.

Castle se debatia em como lidar com a situação. Forçá-la como Alexis mesmo dissera não funcionava. Ao tempo dela, Kate acabara revelando o que acontecera. As vezes, ele queria acreditar que era apenas isso, que colocando o sentimento para fora, ela iria se recompor e enfrentar tudo com ele ao seu lado, quer dizer, estavam protegidos pela ordem de restrição.

Cabia a ele agora decidir se ele faria o papel de detetive, podia consultar o hospital onde ele trabalhava ou conversar com o seu antigo chefe. Seria simples descobrir o paradeiro oficial de Josh. O problema era se tinha direito de fazer isso, teoricamente por ser parte interessada das ameaças do médico e estar amparado por lei, sim. Mas até onde iria seu limite, ao fazer essa consulta não estaria ultrapassando uma linha tênue que poderia ameaçar sua parceria e seu relacionamento com Kate?

Perguntas, duvidas e ainda nenhuma definição do que pretendia fazer.

Kate aproveitou seu tempo sozinha naquele domingo para se ocupar com trabalhos domésticos que a obrigasse a não pensar em toda a situação que vinha vivendo nos últimos dias. Lavou suas roupas, limpou a casa, arrumou o quarto trocando os lençóis, tudo para se manter ocupada. Quando não tinha mais o que fazer, ela ficou duas horas de molho na banheira.

Relaxada, ela deitou-se em sua cama para se preparar para dormir. A cabeceira da cama estava o seu caderninho vermelho. Ela o pegou abrindo numa pagina em branco. Com a caneta na mão, ela se pos a pensar sobre o que queria escrever. De repente, ela percebeu que a mente sofrera um branco. Não sabia o que colocar no papel. Depois de conversar com Castle sentia-se melhor, certamente o trouxera tranquilidade, o pedido de desculpas sincero e sutil também fez bem a ambos. Mas ainda havia duvidas.

Ao perguntar se ele acreditava nela, uma nesga de duvida pareceu ficar martelando em sua mente. Seria fruto de sua imaginação? Ela estaria inventando uma situação que não existia para simplesmente criar uma desculpa que afetava sua confiança em Castle? Ela podia estar se sabotando novamente para sentir-se segura? Evitar a intimidade com ele já que estavam em um relacionamento? Não. Ele falara a verdade, acreditava nela. Pare de se confundir, dizia a si mesma.

Foi assim que ela passou algumas horas da noite antes de pegar no sono sem escrever uma linha sequer no caderno. Apesar da conversa com Castle, extravasar sentimentos não fora suficiente para evitar que os sonhos ruins retornassem naquela madrugada. Sozinha, ela não acordou sobressaltada embora estivesse suada e cansada ao travar lutas por sonhar com ataques de Josh. Definitivamente não fora a melhor das noites.

Quando Castle apareceu na sua porta faltando uns quinze minutos para as nove, ele foi recebido por uma Kate já completamente vestida com um iogurte na mão. Mesmo que ela tentasse disfarçar era obvio o cansaço em seu rosto. Kate tinha colocado até mais corretivo do que o normal para esconder o efeito das olheiras.

- Como foi sua noite? Dormiu bem?

- Sim, dentro do possível.

- Pronta para ir? Ainda quero tomar um café antes de chegarmos ao distrito – Castle comentou tão era visível a necessidade dela por café.

- Compramos no caminho, temos um endereço. Novo caso.

- Espera, não esqueceu de nada? – Castle perguntou com um sorriso. Ela sabia ao que ele se referia – não dormiu comigo...- Kate inclinou-se para a frente e beijou-lhe os lábios.

- Satisfeito? Agora vamos andando.

Eles passaram numa cafeteria antes de chegar ao tal apartamento onde ocorrera o assassinato. Lanie e os rapazes já estavam por lá cobrindo as primeiras pistas e impressões. Por se tratar de um lugar fechado, Castle imaginou que Beckett estaria tranquila. Foi o que pareceu logo na sua analise da cena. Porém, quando Esposito a chamou para averiguar a saída de emergência do prédio que dava para um beco sujo e bem estranho, Castle reparou a mudança de semblante. A linguagem corporal demonstrava que ela estava tensa. Não queria ficar muito tempo naquele espaço. Também notou que uma das mãos tremia quando pegou seu bloco de anotações para escrever uma informação sobre a arma que lhe fora repassada por um dos integrantes do time do CSU.

Aproximando-se dela enquanto voltavam para a cena do crime, percebeu a respiração mais pesada e irregular. Com todo o cuidado, ele tocou-lhe o braço esquerdo. Felizmente, ela não pulou dessa vez.

- Você está bem? Pode continuar?

- Sim, tudo bem. Só vamos apressar as coisas. Quero voltar logo para o distrito e checar as informações que recebi. Acredito que esse será um daqueles casos que nada é o que parece – ela estava a ponto de entrar no apartamento de novo quando Castle a segurou pela mão impedindo-a.

- Beckett, respire profundamente e recomponha-se. As pessoas ali dentro podem perceber qualquer mudança em seu estado – ele acertara em cheio. A detetive precisava daqueles dez segundos para organizar seus pensamentos e manter sua postura. Recuperada, voltaram a cena do crime para coletar as ultimas pistas.

A verdade era que durante o andamento desse caso, Castle pode perceber apesar de menos intenso, alguns dos sintomas referente a síndrome do pânico em gestos dela. Ele pesquisara um pouco mais sobre a condição justamente para ficar atento aos movimentos de Beckett e poder ajuda-la da melhor maneira possível. De volta ao distrito, ela agia como seu eu natural. A detetive focada em investigar e fazer justiça, porém era possível perceber momentos de fraqueza especialmente quando tinha que verificar algo nas ruas. 

Beckett tinha razão quanto ao caso, era daqueles com varias pegadinhas. Por isso mesmo, em um dos dias de investigação, eles estavam tão focados que não se deram conta do tempo. Encerraram as atividades já por volta de uma da madrugada. Deixaram o distrito juntos indo direto para o apartamento dela. Naquela noite que dormira ao lado de Kate, ele foi testemunha de que ela ainda tinha problemas para dormir. Seu sono continuava sendo perturbado por pesadelos que misturavam a presença de Josh e agora o crime que investigavam.

Apesar de não ter acordado chorando ou gritando, Castle acompanhou toda a angustia e agitação durante seu sono da madrugada. Já previra que ela estaria exausta pela manhã. Talvez devesse sugerir que ela tomasse um comprimido para relaxar e ter um sono tranquilo, mas esse tipo de sugestão era algo capaz de gerar uma discussão entre eles.

O resultado na manhã seguinte não fora diferente do que Castle previra. Beckett, porém, fazia questão de demonstrar que estava tudo bem. Isso com a ajuda de muitos copos de café. A noite mal dormida lhe rendeu um humor nada agradável e por esse motivo, ele resolveu não sugerir o lance do comprimido e muito menos comentar sobre o sono agitado da noite anterior.

Infelizmente, o episodio durante o sono tornou a se repetir. Castle dormia ao lado dela na cama com uma das mãos envolvendo sua cintura. Kate estava no estagio de sono pesado, o que facilitou o próprio descanso dele. Em um dado momento da noite, os pesadelos voltaram a visita-la. Kate se debatia afastando-se dele e murmurando palavras como suplicas.

- Por favor, Castle não... me leva.... não...

Claro que ele acordou receoso do que deveria fazer. Se a acordasse, poderia evitar mais sofrimento ou apenas a assustaria? Será que ela descontaria nele?

- Pare, Josh... está machucando-o....Castle, corre!

Antes que se decidisse por fazer qualquer coisa, ela sentou-se na cama assustada. Respirava ofegante. Castle usou uma outra tática. Fingiu estar dormindo para não constrange-la. Kate se levantou passando as mãos no rosto e seguindo para o banheiro. De longe, ele pode vê-la lavar o rosto tentando voltar ao estagio calmo. Fitou sua imagem por longos minutos no espelho antes de voltar para a cama.

Ele ainda fingia dormir quando Kate sentou-se a seu lado na cama. Pode ouvir o longo suspiro antes de sentir os dedos dela acariciarem seus cabelos ficando perdidos no calor da cabeça. Em seguida, os lábios tocaram seu ombro e Castle pode sentir a respiração aliviada em sua pele.

- Estou feliz que está aqui comigo... mesmo dormindo é bom – roçou os lábios no braço dele antes de voltar a deitar-se dessa vez abraçada ao corpo do homem ao seu lado. O gesto o fez sorrir remexendo-se propositalmente na cama para aconchegar-se a ela.

Na manhã seguinte, enquanto tomavam café Castle se antecipou em questiona-la sobre seu sono.

- Kate, você não tem dormido direito. Posso ver as olheiras se destacando em seus olhos. Continua tendo pesadelos, não?

- Claro que não, Castle. Estou bem. O cansaço é por causa desse caso. Faz dois dias que trabalhamos quase quatorze horas. O corpo falha. Espero que consigamos prender o tal Jackson hoje e arrancar uma confissão. Sei que foi ele quem matou Mary.

- A quem você quer enganar? Eu estava aqui, dividindo a mesma cama. Sei que teve pesadelos. Você já pensou em tomar um comprimido para dormir? Isso ajudaria a relaxar e dormir melhor – ela permaneceu calada por alguns momentos. Será que ele vira sua agitação?

- Não posso e não quero tomar nada. Preciso fechar esse caso para que possa descansar de verdade.

- Ótimo! Se não quer minha ajuda, entendo. Mas eu sei o que vi.

- Você estava dormindo!

- Estava? Já são duas noites, Kate. Até quando você vai lutar contra isso? Aposto que Dana tem um remédio para ajudar com a sua ansiedade. Por que não pergunta a ela? Vai lhe fazer bem.

- Não vou tomar remédio. Apresse-se. Vamos direto para o distrito. Quero encerrar esse caso.

Ele não insistiu. De certa forma, dera seu recado e algo lhe dizia que Kate o ouvira. No caminho para o distrito permaneceu calado, o que passou despercebido para ela devido a série de telefonemas que recebera com atualizações da investigação. Enquanto a observava trabalhar, Castle matutava novamente sobre fazer seu próprio trabalho de detetive e verificar o real paradeiro de Josh de uma vez. Daí ele esbarrava no fato de agir pelas costas dela. Talvez precisasse se aconselhar com a única pessoa capaz de enxergar os dois lados da historia.
Após um interrogatório conturbado, Beckett finalmente arrancou uma confissão do assassino. Caso encerrado. Esposito levou o responsável para ser fichado enquanto ela comunicava a família da vitima que estava acabado. Castle sugeriu um rápido almoço no Remy’s para recuperar as energias perdidas. Ela aceitou, porém com a condição de serem breves porque tinha um relatório para finalizar.

Castle viu nisso a oportunidade que procurava para escapar do lado dela e fazer a tal visita. Por mais que fosse paciente e se importasse com Kate, ele também precisava de ajuda para lidar com a situação. Deixando-a de volta ao distrito, ele deu uma desculpa qualquer para sair.

- Enquanto você se afoga na papelada, vou até o loft ver como esta minha filha. Tem dois dias que não apareço por lá. Quando terminar você me liga?

- Tudo bem. Não devo demorar muito. No máximo umas três horas. Pretendo sair no horário, tomar um belo banho de espuma e cair na cama.

- Se quiser companhia... – ele sussurrou antes de se levantar de sua cadeira cativa.

- Não, será um ato solo – ela esboçou um pequeno sorriso no canto dos lábios.

- Humm provocante...

- Mente poluída. Sai daqui que preciso me concentrar – ele se levantou rindo do jeito dela.

Castle fora direto ao endereço que pegara na agenda de Kate. Era a primeira vez que ia ao consultório de Dana. Não se preocupara em marcar hora, se ela não pudesse atende-lo, não seria um problema. Estava disposto a esperar. Havia três pessoas na antesala além da mesa da secretaria. Era um dia bem ocupado, ele pensou. Usando parte do seu charme, ele abordou a jovem.

- Boa tarde. Eu preciso de uma hora com a terapeuta. É urgente.

- Sinto muito, senhor. Hoje a agenda da Dr. Anderson está completa.

- É que, na verdade, ela me conhece. Eu realmente tenho que falar com Dana. Meu nome é Rick Castle, soa familiar?

- Não e nem o seu rosto. você não é paciente dela, certo? Nunca o vi por aqui e já trabalho há quatro anos com ela. Não posso encaixa-lo hoje, mas se quiser agendo uma consulta para segunda. Os horários da sexta também já estão preenchidos. Como disse que se chamava mesmo?

- Rick Castle. Sou famoso, tem certeza que não ouviu falar de mim?

- Não – disse a atendente sendo sincera – o horário de três da tarde funciona para o senhor?

- Acho que você não entendeu. O que tenho para falar com Dana é urgente. Tem que ser hoje.

- O senhor não me parece estar com problemas. Acredite, eu sei reconhecer uma urgência. Então, as três da tarde fica bom? – Castle suspirou. Nesse instante, a porta do consultório de Dana se abre e a terapeuta sai acompanhando um rapaz.

- Até a próxima semana, David. Pense sobre o que lhe falei – virando-se para o sofá, uma das pessoas se levantou para ir ao encontro do rapaz. Então só havia mais dois pacientes. Uma mulher levanta-se quando a secretaria avisa.

- Dr. Anderson, a senhora Smith quer lhe entregar uns papeis do convenio médico e falar sobre o novo contrato. Pode atende-la antes da sua próxima paciente? Maggie pode esperar uns quinze minutos – mas ao invés de responder a secretaria, a atenção de Dana voltou-se ao homem alto de olhos azuis que esperava por um momento para falar com ela.

- Castle? O que faz aqui? – ligeiramente surpresa pela presença do escritor em seu consultório. Seus pensamentos voltaram-se para a amiga – Kate. Ela está bem?

- É por isso que estou aqui. Estava tentando explicar para a sua secretaria que preciso falar com você hoje, mas ela insiste em dizer que não tem vaga. Não me preocupo em esperar até seu ultimo paciente. É urgente. Kate está bem na medida do possível. Eu quero conversar com você para ajuda-la, Dana. Ela só tem a nós dois.

- Falta apenas a Maggie hoje? – ela perguntou a secretaria.

- Sim, mas o senhor Wilson agendou consulta para as cinco. Deve chegar em meia hora.

- Ligue para o senhor Wilson e desmarque. Diga que tive uma emergência. Eu sei a importância do que Castle tem para me falar. Maggie, prometo não demorar com o convenio. Castle, você pode esperar a consulta de Maggie?

- Claro que sim, Dana. Espero o tempo que for preciso.

- Obrigada. Vamos Sra. Smith?

Dana desapareceu em seu consultório com a mulher. Não se passaram nem dez minutos e Maggie entrava pela mesma porta. Obviamente, Dana estava fazendo as coisas serem mais rápidas. Sabendo que ela deveria passar pelo menos mais uma hora com a paciente, Castle informou a secretaria que ia descer para comprar café.  

Ele retornara da cafeteria uma hora depois. Falava ao celular com a filha avisando que chegaria tarde em casa. Hoje respeitaria o pedido de Kate para ficar sozinha mesmo que soubesse que provavelmente a noite teria seu momento dominado por pesadelos. Esperava ao menos que ela ligasse para avisa-lo que já estava a caminho de casa. Checou o relógio. Seis da tarde. Não deveria demorar tanto para redigir um relatório.

A porta do consultório de Dana se abriu e Maggie saiu sorrindo. Bom saber que alguém conseguiu sentir-se melhor após conversar com a terapeuta. Ele duvidava que isso pudesse acontecer na sua vez. Quando ela fez sinal para acompanha-la a sua sala, o celular de Castle tocou. Era Beckett.

- Oi, Beckett.

- Estou ligando como pediu já sai do distrito e vou para casa. Nada de se preocupar, estou muito bem. Aproveite para ficar um tempo com Alexis.

- Certo. Ela está te mandando um beijo. Tenha uma boa noite de sono, Kate. Qualquer coisa que precisar me ligue.

- Durma tranquilo, Castle. Nos vemos amanhã?

- Como sempre – ele desligou sob o olhar de Dana.

- Ela não sabe que você está aqui.

- Não. Essa é uma consulta particular, Dana. Espero sua discrição. Confidencialidade médico-paciente.

- Tudo bem, você a tem. Sente-se – Castle obedeceu. Antes de mais nada, ele deu uma boa olhada no lugar. Percebeu seus livros na estante dela – então, Castle o que os traz aqui? Tenho certeza que tem relação com a ultima visita de Kate.

- Você lê meus livros? Não sabia que era fã. Desculpe! Voltando a consulta. Sim, estou aqui para conversar com você a respeito de Kate. Eu não sei se ela mencionou que fui eu quem pediu para ela lhe procurar. Não preciso explicar quem é Kate Beckett para você, sabe de seu problema para se expor. Imaginei que se não era capaz de me contar exatamente o que havia acontecido, contaria para você. Felizmente ela me ouviu.

- Sim, ela veio me ver sábado.

- Pois é, até conversar com você ela inventara uma historia para mim. Não revelara porque entrara em pânico e mesmo depois de eu presenciar o efeito de um pesadelo, ela ainda me cortou contando apenas parte do que acontecera. Por isso pedi para que viesse aqui. Eu não sei o que você disse a Kate, mas lhe devo primeiramente um agradecimento. Após conversar com você, ela conseguiu dizer o que acontecera. Ataque de pânico, algo impensável para alguém como Kate, não?

- Não realmente. Como você mesmo colocou, eu a conheço há muito tempo e posso dizer que Kate é uma mulher complicada, que já sofreu muitos traumas na vida. Já esteve no fundo do poço. Pessoas assim estão mais suscetíveis a problemas e crises psicológicas. Talvez seja difícil para você entender, mas Kate desenvolveu um lado obscuro que beira a obsessão por causa do caso de sua mãe. Ela já escapou do limbo, o sentimento porém continua ali, guardado e pronto para explodir a qualquer momento. Foi assim que ela lidou com pessoas esses anos, bloqueando sentimentos que a deixassem feliz e evitando maior aproximação. Exceto por você, parcialmente ainda – ele a fitava calado, Dana retomou a conversa - Pelo que você disse, ela lhe explicou o que desencadeou o pânico.

- Sim, Josh.

- Isso o preocupa, não? Como ela tem se comportado desde que se abriu para você?

- Tentando se mostrar forte. Não está sendo bem sucedida. Dana, eu já convivo com Beckett há três anos. Sei como ela funciona em muitas situações. Ela ainda é um mistério para mim, é verdade. Especificamente sobre esse assunto, eu já quebrei a cabeça pensando porque motivo ela se deixou afetar tanto? Kate continua se assustando em determinados momentos, não como antes, bem menos. Os pesadelos continuam. Ela insiste em negar, mas eu dormi com ela nas duas ultimas noites e vi sua agonia. Cheguei a sugerir que ela tomasse comprimidos para dormir, pelo menos relaxaria.

- E deixe eu adivinhar, ela se recusou.

- Totalmente. Mas pedi para que conversasse com você sobre isso, que não descartasse a ideia de primeira.

- Eu dei essa sugestão para Kate. Sem sucesso. Posso tentar novamente. Imaginei que os pesadelos tivessem cessado. Se continuam ainda é possível que ela experimente outro ataque de pânico.

- Esse é o meu medo e basicamente porque estou aqui. Tem algumas lacunas nessa historia que ainda não consegui decifrar. Do meu ponto de vista, um suposto encontro com Josh não deveria amedronta-la dessa forma. Fico pensando que há outra explicação para esse pânico. Quer dizer, cheguei a achar que ela se confundira porque teria tanto medo de Josh se estamos protegidos por lei através de uma ordem de restrição? Somente após ouvir e ver suas reações nos pesadelos foi que percebi não ser invenção. Cheguei a pensar que... isso é tão horrível de dizer!

- O que, Castle? O que você pensou que fosse o ataque de pânico?

- Dana, Kate Beckett é a melhor detetive da NYPD. Não estou justificando com isso que deve ser imbatível. Ela tem direito a ser vulnerável como qualquer pessoa. O problema é que a detetive que conheço lida com fatos. Se ela sofreu o ataque de pânico por causa de Josh, a primeira coisa que faria era se certificar de que ele realmente estava na cidade, como precaução. Em nem um momento ela pensou em ligar para o hospital ou para o chefe dele e perguntar. Eu sou quem está nesse dilema de ligo ou não ligo.

- Mas você não acha que isso é resultado do estado emocional dela por conta do pânico.

- Seria perfeitamente aceitável exceto que ela não está fragilizada ou trancada em casa lidando com o medo ou o trauma. Beckett voltou ao trabalho, está investigando homicídios o que demonstra que está ciente de suas habilidades como detetive. Inclusive fechamos um caso hoje.

- Ela está tentando voltar a vida normal. Deveria estar feliz por ela.

- Estou, acredite. Tudo o que quero é vê-la bem. Mas...

- Existe o pensamento horrível que você não me contou. O que é, Castle? O que é capaz de colocar um olhar tão amargurado em seu rosto?

- Eu tenho medo de que o real motivo desse ataque de pânico, o gatilho, não seja Josh. Eu acho que sou eu, ou melhor, nosso relacionamento.

- Pode elaborar um pouco mais? – Castle baixou a cabeça por alguns instantes. Passou a mão no rosto, havia uma tristeza em seu olhar.

- Eu temo que esse ataque de pânico seja na verdade uma forma que Kate encontrou para sabotar sua vida novamente. Não estou dizendo que o medo e a condição psicológica não exista, droga! Eu a vi sofrendo. Antes disso acontecer, nosso relacionamento estava bem. Estávamos felizes. Mesmo com a morte de Royce, ficamos mais próximos. Desde Roma para ser exato. Sei que ela continua apaixonada, porém já passamos por tantas coisas juntos que, na minha opinião, é chegada a hora de levar a nossa relação ao próximo nível, precisávamos dar o próximo passo. Você sabe o que isso significa, não? Admitir seus sentimentos, aceitar o que seu coração está sentindo e dizendo. Kate tem medo disso. Tem sido assim há muito tempo.

- Você está falando de amor, Castle?

- Claro que sim. Eu não preciso esconder isso de você. Eu a amo! Não tenho duvida alguma disso. Quanto ao sentimento dela? Acredito que ela me ame, talvez não saiba ou não queira reconhecer. Meu medo é que Kate desista de nós. Como se o pânico acabasse servindo de pretexto para que ela se afaste de mim. Não quero sabotagem, eu quero viver a realidade ao lado dela, Dana. Eu não sei o que fazer, como começar a mostrar isso. Se me declarar, tenho medo que ela se feche de vez, quando ela estará pronta para ouvir as três palavras mais importantes de um relacionamento?

- Devo admitir, Castle. Sua visão de Kate é impressionante. Se não fosse escritor, podia ser psicólogo sem duvida alguma. Kate é complicada, a vida a tornou assim. Ela está pronta para ouvir o que sente por ela? Não. Está pronta para admitir o que sente? Não. Estará um dia? Sim, eu acredito e estou trabalhando nisso. Castle, você está certo com relação a sabotagem. Mas quero que saiba que ela não faz por mal. Kate é muito insegura quanto aos seus sentimentos porque ceder a eles significa perder o controle. E depois da morte da sua mãe, controle foi o que lhe restou.

- E como devo agir para ajuda-la? Eu ainda acredito que ela deveria ter checado a historia de Josh. Posso fazer isso sozinho, claro. Se fizer terei que omitir dela. Não sei até que ponto isso pode afetar-nos mais a frente.

- Você precisa apoia-la, ficar ao seu lado e mostrar que ela pode vencer esse medo, essa fase do pânico. Sei que você está  dando carinhos, continue. Sugira que venha me procurar, mas se quer ter alguma chance com Kate precisa segurar a urgência de expor seus sentimentos.

- Mas você concorda comigo então que o motivo do pânico não é Josh?

- Concordo, mas se eu falasse qualquer outra coisa em relação ao assunto estaria quebrando o meu sigilo médico-paciente com Kate e não farei isso. O ataque de pânico existiu, é real. Não o menospreze. O que posso dizer é que qualquer relacionamento deve ter por base a verdade, mesmo não gostando um pouco de confronto é necessário. Portanto, meu conselho para você é que questione o motivo pelo qual Kate não agiu como detetive, porque não foi atrás de confirmar a presença de Josh. Pode ser um bom começo para vocês vencerem essa crise. Ela ira se reerguer, se você ajudar.

- Está dizendo que preciso criar um confronto? Não me entenda mal, eu vou procurar saber de Josh. Não sei se vou contar a ela, farei pela nossa segurança. Mas brigar?

- Não será uma briga. Você apenas irá questiona-la sobre o motivo que não a levou a agir racionalmente. Talvez você se surpreenda com o que pode arrancar de Kate durante um confronto.

- Eu não sei, e se ela brigar? Se não quiser mais me ver? Não quero magoa-la.

- E se essa conversa a fizer demonstrar mais uma parte de seus sentimentos? Mesmo que fique chateada, meu palpite é que o confronto ajudará Kate a enfrentar o medo e vencer a crise do pânico. Confie em mim, confie na Kate também. Ela não deixa transparecer, mas no fundo ela se importa com você.

Ele deixou escapar um longo suspiro.

- Castle, você vai conseguir. Já esteve tão longe, olhe para trás, veja o que conseguiu nesses três anos ao lado dela. Não desista. Em todos os anos que convivo com Kate, você foi a única pessoa que mexeu com a vida dela no bom sentido. Isso significa muito.

- Tudo bem. Não vou desistir, Dana. Obrigado por me ouvir.

- Não foi nada. Temos um objetivo em comum. Agora posso pedir um favor? Você assina meu Heat Wave?

- Claro! – Dana foi ate a estante pegar seu exemplar. Castle puxou a caneta e assinou sorrindo – então você gosta da historia de Nikki?

- Adoro, você captou muito bem a minha amiga. Sabe disso, não? – ele sorriu. Levantando-se do divã, ele se despediu dela rumando para a porta. Quando Castle estava prestes a sair pela porta principal do consultório, ela falou novamente – Castle, faça com que ela venha me ver. Posso convencê-las dos remédios, ok? Sem arriscar um clichê, pode demorar um pouco mais do que você gostaria, mas Kate vai reconhecer seu amor e se declarar um dia. Pode esperar.

Castle andava pela calçada rumo a estação de metro um pouco mais leve. Havia um sorriso no seu rosto e parte do medo que encobria o azul intenso desaparecera. De volta ao loft, ele decidiu dar um tempo para Kate curtir sozinha o seu momento. Amanhã será outro dia. Poderiam conversar então.

XXXXXX

Kate cumpriu exatamente o que pretendia ao chegar em casa naquela noite. Depois de mais de uma hora de banho de espuma, ela vestiu seu pijama de flanela. Porém, ao invés de jogar-se na cama, ela se serviu de uma taça de vinho, apoiou-a na mesinha de centro e sentou-se no sofá acompanhada de seu caderninho vermelho.

Desde que tivera seu primeiro ataque, ela ainda não tivera a chance de escrever sobre seus sentimentos quanto ao assunto. Pensava que não conseguiria. Mas ao abrir o caderno em uma pagina em branco, Kate se viu inspirada por um impulso maior e meia hora depois ficou surpresa ao ver que escrevera ininterruptamente cinco paginas inteiras. Sobre o ocorrido, seus sentimentos, seu medo e Castle.

Somente após esse momento solitário de reflexão, ela fechou o caderno não se preocupando com as palavras deixadas ali. Se alguém ia ler era Dana, como fora ela quem sugeriu o objeto e o exercício, não importava muito. Cansada, ela finalmente cedeu deitando-se na cama. Ao contrario do que pensara, não relaxou o suficiente para se livrar dos pesadelos. Dessa vez, Josh usara um bisturi para cortar a jugular de Castle com precisão. Ela acordou ofegante. O coração a mil tamborilando no peito. Pela primeira vez, Kate se viu compelida a considerar o uso de pílulas para dormir. Seria mais um dia pesado. Talvez falasse com Dana. Castle não precisava saber.  

Ele chegou ao 12th quase nove da manhã. Beckett já estava na sua mesa. Sorriu ao ver o café que ele trazia nas mãos. Aparentemente, as coisas estavam calmas no distrito.

- Bom dia, detetive. Descansou?

- Ah, sim. O banho de espuma certamente cumpriu seu papel – com o olhar comprido ela desejava o copo de café que Castle ainda segurava – por acaso esse café é para mim?

- Para quem mais seria? Aliás, parece que está precisando. Tiro por suas olheiras que não dormiu a noite inteira.

- Claro que dormir – mas o tom da sua voz não foi muito convincente.

- Se é assim, sugiro comprar outra marca de corretivo porque com esse está tornando visível as marcas de uma noite mal dormida.

- Desde quando você entende de maquiagem?

- Desde nunca, mas entendo você. Teve pesadelos de novo? – ela negou.  

- Nada de pesadelos.

- Melhor não pensarmos nisso agora, aqui não é o lugar nem o momento para discutir esse assunto. Tem algum morto para nós? Um novo caso lhe faria bem – ele podia ver que estava mentindo. Kate estava sorvendo o café, não parecia estar interessada em ter um novo homicídio.

- A cidade está tranquila, por hora – o capitão chamou por ela. Castle ficou sentado em sua cadeira. Se não fosse um caso, talvez fosse melhor inventar uma desculpa qualquer para deixa-la sozinha. Tinha algumas coisas por checar. Ela retornou avisando que Montgomery pediu para que ela fosse ao tribunal auxiliar a promotoria em um dos homicídios que trabalhara a meses atrás – aproveite para tirar o dia de folga.

- Tudo bem. Nos vemos hoje a noite? No loft?

- Posso passar por lá, mas não vou ficar para dormir – ele não ia pressiona-la antecipadamente, no momento certo, ele saberia o que fazer.

- Um jantar. Faço um carbonara para você. Está precisando de uma comida reconfortante. Temos um encontro?

- É um encontro – ela resolveu ceder temendo que causasse outra impressão errada nele e também como uma forma de cessar as tantas perguntas sobre o modo como ela estava. Kate Beckett não gostava de sentir-se pressionada.

Kate apareceu no loft por volta de sete horas da noite. Castle já estava com o molho do macarrão pronto, o vinho no gelo e a massa esperando apenas que ela chegasse. Tão logo cruzou a porta, ele a recebeu com uma taça de vinho tinto. O molho do carbonara cheirava muito por toda a sala. Bebericando a bebida, ela se sentou no balcão para vê-lo finalizar a massa. Se ofereceria para colocar a mesa, porém ele já cuidara disso. Após a mistura, Castle salpicou parmesão sem medo sobre a tigela de macarrão.

Sentados um ao lado do outro, Castle fez questão de servi-la. Jantaram conversando animadamente. Ainda podia ver o resquício de cansaço em seu rosto. Ela realmente estava precisando de uma refeição assim, comida gostosa, gordurosa e caseira. Castle tinha uma mão muito boa para a cozinha, em especial essa massa. Terminado o jantar, ele a proibiu de lavar as louças. Ao invés disso, arrastou-a para a sala com as taças de vinho e a garrafa.

Com o braço ao redor dos ombros dela, Castle a puxava para acomoda-la próximo ao seu peito. Ele queria comentar sobre o que discutira com Dana. A presença ou não de Josh em Manhattan e o porque que Kate não averiguou a historia assim que sofrera o primeiro ataque de pânico. Era um tópico delicado, não sabia ao certo como endereça-lo.

Vendo-o tão pensativo, ela começou a beija-lo enquanto fazia a carinhos em seu rosto e seu peito. Castle a puxou contra seus braços aproximando-os. Adorava sentir o cheiro dela junto a si. Nesse instante, a porta do loft se abriu. Alexis chegava carregando vários livros

- Oi! Estou morrendo de fome! Não se preocupem comigo, eu me viro.

- Tem carbonara na panela sobre o fogão.

- Excelente, tudo o que preciso para essa noite. Energia – ela se serviu rapidamente colocando o prato para esquentar no microondas. Kate se afastou dele já pensando que essa seria sua deixa para ir embora. A menina percebeu – por favor, finjam que não estou aqui porque eu sou praticamente invisível mesmo. Vou subir porque a noite vai ser longa. Façam o que quiserem na casa.

- Pelo menos sente-se para jantar direito, filha.

- Não posso, está vendo essa pilha com dois livros e uma apostila? Tem mais de mil paginas ai. Preciso ler e escrever um artigo para segunda-feira. Ou seja, tempo é tudo! Já estou subindo! Aproveitem a noite. Estão liberados – a menina nem deu tempo para eles retrucarem, com um sorriso simples, Castle tornou a abraça-la.

- Quer levar essa brincadeira para o quarto?

- Não, Castle. Eu disse para você que não viria dormir. Foi somente um jantar. Você tinha razão, estou cansada. Devo ter que escolher um novo corretor para os olhos. Acho que vou pedir a opinião de Alexis – ele sorriu arrastando-a para o quarto levando em suas mãos a garrafa de vinho e os copos. Já no quarto, ela acabou confessando o que antes negara – tudo bem, eu assumo. Eu tive pesadelos.

- O mesmo? – ele perguntou vendo nessa conversa a oportunidade de questiona-la.  

- Uma variação. A arma dessa vez foi um bisturi. Ele o usou em você.

- Josh?

- Sim, foi horrível. Fui pega de surpresa, escondi minha arma, lutei com ele para que não o pegasse, mas do nada, Josh puxa um bisturi, o imobiliza e o que vejo a minha frente e sua jugular cortada e uma poça de sangue onde você caiu. Deus, Castle era tanto sangue. Foi aterrorizador. Por que continuo nessa condição? Essa foi a primeira vez que ele não usou uma arma. Acha que tem alguma explicação lógica para essa mudança?

Castle respirou fundo. Ela estava sentada na cama esperando para ouvir sua opinião. Não podia deixar de questiona-la agora.

- Kate, antes de seguirmos com essa discussão, eu preciso saber. Tem uma coisa me incomodando muito. Quando você teve o primeiro episodio, eu vi seu estado e entendi que estava abalada, fora pega de surpresa. Mas então, os ataques e os pesadelos continuaram. Faz duas semanas. O que estou querendo dizer é que eu esperava que passado o primeiro susto, você fosse averiguar a sua suspeita.

- Como assim averiguar? Está falando se Josh está ou não em Manhattan? – Kate sentiu-se apunhalada - Você realmente nunca acreditou em mim.

- Claro que acreditei! O que não consigo entender é porque a detetive tão movida por evidencias e os fatos, não fez sequer um telefonema para o chefe de Josh não apenas para verificar, mas para se precaver. Ele é uma ameaça a mim, a você. A Beckett que conheço teria feito isso na primeira oportunidade. O que aconteceu com o seu lado de detetive? Você se sentiu tão ameaçada a ponto de esquecer os passos básicos de segurança? De uma simples investigação?

- Eu não estou bem, Castle... – ele podia ver no olhar dela como estava encurralada, mesmo assim não dava o braço a torcer.

- Não, Kate. Quero saber porque você não procurou saber de Josh, usar a NYPD a seu favor? Porque a Beckett que eu achei que conhecia faria isso. A não ser que o medo, os ataques não sejam por causa de Josh. Tem outro motivo? Kate, por que você não checou se o médico sobre o qual temos uma ordem de restrição podia realmente ser uma ameaça?

- Por eu não podia... eu não... ele quer nos matar! A mim e a você – ela falava baixo evitando o olhar dele. Ser pressionava tinha um peso muito grande em seu modo de pensar.

- Kate.... as mortes acontecem nos pesadelos, sonhos ruins. Por que? Apenas seja honesta, por que? – ele foi incisivo na pergunta. Olhou-a nos olhos segurando o seu braço. Kate se desvencilhou do aperto.  

- São pesadelos, tive medo....

- Medo de que?

- Medo de que no instante que eu checasse sobre a volta de Josh seria verdade. O pesadelo se tornaria real! Não quero que seja real! – a ultima frase foi dita a plenos pulmões. Fitando-a com pesar e carinho, Castle viu um único sentimento estampado naqueles olhos. 

Pavor...     


Continua....

4 comentários:

cleotavares disse...

♫ Complicada e perfeitinha, você me apareceu... ♪ ♫ Eita! Kate. Vamos lá mulher, vencer esse medo de amar.

Unknown disse...

She's compliKATEd euhhuauhauhahuahaa

Unknown disse...

Eita que mulher complica esta, não? Só um veradeiro amor suporta tanta indecisão. Amor verdadeoro odete dois

Silma disse...

Eu não aguento mais essa agonia com minha bicha 😓