Nota da Autora: Certo, chegamos a outro episódio considerado como um dos preferidos, uma milestone em Castle. Kill Shot. Esse é talvez o episódio que mais me toca na quarta temporada depois de Always. É de um sofrimento, de uma tristeza e um ótimo modo de avaliar Beckett através da terapia, não? Eu tive que criar o terreno (comecei no capitulo anterior, vcs verão) para fazer algo que gostaria de ter visto na série (tudo bem, confesso que a versão de Marlowe funcionou). Também dividi em dois capítulos porque é muito angst em 42 minutos.
Cap.48
Uma semana depois...
As coisas estavam indo bem no trabalho e
na vida pessoal com sua parceria com benefícios. Não que se vissem tanto assim.
Desde a última vez, Kate esteve no loft uma vez apenas e para uma pizza. Não
dormiram juntos naquela noite, o que deixou a detetive satisfeita porque pode
provar sua teoria para a terapeuta de que era possível curtir momentos
agradáveis sem pensar em sexo e relacionamento. Dana sorria por dentro ao ouvir
a história da detetive. Era sinal de que a sementinha estava plantada e
germinando.
Castle ficou uns dois dias longe do
distrito para se dedicar ao seu novo livro. Ainda estava montando a estrutura
da história. Era engraçado como sentia falta de sua presença no distrito, ver
aquela cadeira vazia a incomodava. Talvez por isso ao fim do dia ao chegar em
seu apartamento, ela quase ligou para tentar fazer algo. Então lembrou-se do
compromisso com o novo livro e do lance da individualidade. Encontraria algo
para fazer. Primeiro, um banho. Depois, leria algo ou assistiria TV. Acabou
escolhendo um programa de TV e as notícias. Não reparou quando adormeceu com a
TV ligada.
No meio da madrugada, ela movia-se de um
lado para outro na cama, agitada. A expressão facial demonstrava medo. De
alguma forma, ela experimentava perigo. Ela reviveu a cena da morte de
Montgomery seguida do seu próprio atentado. Porém, algo diferente acontecia.
Sim, ela era baleada, Castle caia com ela tentando salva-la. Ele dizia as
palavras poderosas, contudo ao invés de apagar depois disso, ela percebia que
Castle estava ferido. Ele estava sangrando. Fora atingido pelo sniper. Deus!
Ele sequer se dera conta disso.
- Castle, você está sangrando... Castle,
por favor...
De repente, ele começava a sentir-se
fraco, o sangue manchava o uniforme de Beckett. Então, ele mencionava as
últimas palavras.
- Eu te amo, Kate... – morria em seus
braços.
- Não...
Ela acordou assustada. O suor escorria
pela pele. O coração palpitava. Suas mãos tremiam, não podia estar acontecendo
de novo. Ela tentou respirar fundo, acalmar-se. Isso era inesperado. Por que
agora? Estava tão bem, não? O corpo tremia. Enrolou-se nas cobertas mesmo
sabendo que não era frio o que sentia. Por longos minutos ela permaneceu
deitada e imóvel. Checou o relógio. Duas da manhã. Ainda levou um bom tempo até
dormir outra vez.
Na manhã seguinte, ela não mencionou nada
para Castle. Nem mesmo para Dana na terapia. Podia ter sido apenas um pesadelo,
não? Talvez ela estivesse exagerando, não havia motivo para pânico.
Infelizmente, na noite seguinte ela tornou a experimentar o mesmo sonho. Cada
pedacinho dele. Quando o pesadelo se repetiu pela terceira vez, Kate decidiu se
render a solução aplicada da última vez, aquela que relutara tanto em aceitar.
Teria que dormir com Castle. Se os pesadelos não acontecessem, era um claro
sinal de que seus ataques de pânico estavam de volta. Apenas precisava de um
pretexto para ficar no loft.
Como Castle voltara a aparecer no distrito
naquela manhã, após entregar-lhe seu café sentou-se em sua cadeira.
- Então, detetive, estive fora por dois
dias. O que aconteceu por aqui de excitante?
- Não muito. Estamos finalizando um caso
que surgiu ontem. Muito simples, previsível. Nada a altura do escritor ou de
suas teorias. Crime passional. Vingança. Na verdade, os rapazes estão trazendo
nosso suspeito para a delegacia. Se quiser me acompanhar no interrogatório,
fique à vontade.
- É sempre interessante vê-la atuando e
quem sabe eu não consiga extrair algo interessante para o meu livro desse
simples interrogatório? É sempre um prazer acompanha-la.
- Falando em livro, você conseguiu evoluir
na sua nova história? Foram dois dias imerso em ideias. Acabou?
- Não, consegui alguns plots
interessantes, porém preciso de alguns ajustes. Definição de inimigos, haverá
alguns problemas de relacionamento, está começando a tomar forma. Criei um
perfil completamente novo para sua mãe, melhor dizendo, a mãe da Nikki. Sei que
você não gosta de spoilers, mas se quiser ver e dar sua opinião, eu não me
importaria. E você pode sugerir, não está de todo finalizado. Você não saberá
quem é o vilão e nem como a história termina. Ainda não cheguei nessa parte.
- Pode ser construtivo. É essa a forma que
você encontrou de pedir minha ajuda porque está preso em algum ponto da
história que não consegue escrever? Quer ver se eu irei fazer alguma sugestão
pertinente? – apesar de implicar, ela viu nisso a oportunidade perfeita para ir
ao loft.
- Cedo demais? – ele perguntou
envergonhado.
- Muito previsível e evidente. Porém, eu
vou lhe fazer esse favor. Depois que ficharmos o cara, termino a papelada e nós
iremos para o loft.
- Ótimo, mas vou logo depois que você
prender o suspeito. Nada de relatório – ela revirou os olhos.
- Que seja, eu levo o jantar. Chinesa?
- Japonesa... sushi e sashimi, por favor.
- Tudo bem, Castle. Japonesa será. Aí vem
os rapazes. Trouxeram nosso suspeito?
- Sim, está na sala de investigação 1 –
Beckett levantou-se pegando a pasta do caso.
- Você vem, Castle?
- Claro!
Como Beckett previra, o interrogatório
fora muito rápido. Era interessante ver como as pessoas cometiam atos vis e
diziam ser acidentes para depois chorar e apelar na justiça. Começara com uma
brincadeira e terminara em morte. Muito tarde para arrependimentos ou lágrimas.
Beckett mandou Esposito ficha-lo e passar as informações para a promotoria. Fim
de mais um caso.
Voltou a sentar em sua mesa. Castle não fez
o mesmo, porém antes de sair, ele entregou a ela uma caneca de café.
- Divirta-se com sua papelada. Estarei
esperando-a para a consulta no loft. Não esqueça o jantar.
- Até mais, Castle.
Beckett ainda precisou de duas horas na
delegacia para concluir tudo e enviar o relatório para a capitã. Satisfeita,
despediu-se dos rapazes e rumou para o loft. Somente agora percebera que estava
com fome. Chegou o relógio. Quase nove da noite. Pelo horário, seu plano de
passar a noite com Castle podia funcionar.
Ao abrir a porta para ela, Castle se
deparou com uma sacola enorme de comida.
- Espero que esteja com fome, porque eu
estou morrendo...
- Já não era sem tempo, Beckett. Me dê
isso, vou colocar na mesa da sala. Podemos comer e começar a conversar sobre o
livro com as minhas anotações.
- Espera, você não vai me mostrar aqueles
arquivos eletrônicos cheios de links que me lembram o quadro de evidências?
- Não ainda, detetive. Quero sua opinião
em pequenas coisas, você tem que ganhar o direito de ter mais acesso.
- Não foi bem isso que você disse no
distrito, ao meu ver, estava praticamente implorando por ajuda com seu plot...
– ela sentara-se ao lado dele já se servindo de sushi. Castle também começara a
comer – esse é mais um dos seus truques para ficar a sós comigo, Castle? – isso,
desvie a atenção para que ele não perceba que quem quer estar ali é você, ela
pensou.
- Como pode pensar isso de mim, detetive?
- Anos de convivência? Por que quis que eu
viesse?
- Fui sincero, preciso de ajuda. Vou lhe
mostrar – ele puxou um de seus blocos de anotações e começou a explicar o que
pretendia para ela. Kate se deixou levar pela conversa e acabou se envolvendo
bastante na discussão. O papo evoluiu e criou uma atmosfera interessante para
os dois, ela sugeria, ele contestava e por vezes anotava alguns pontos
levantados por ela. Não perceberam a hora passar. Quando ela pediu licença para
ir ao banheiro foi que consultou o relógio reparando que eram meia-noite.
- Castle, já são meia-noite. Estou
cansada. Já acabamos?
- Podemos parar por aqui, você ajudou
bastante, Beckett. Você veio de carro ou metro? – mesmo estando com seu veículo
estacionado no quarteirão vizinho, ela resolveu omitir essa informação. Poderia
lucrar com isso.
- Metrô.
- Ah, então está tarde para voltar para
casa. Melhor ficar por aqui.
- Castle, eu sou uma policial. Ando
armada. Sei me defender.
- Ah, claro que sim. Nem pensaria o contrário,
mas por que se dar ao trabalho de se arriscar quando pode apenas dividir a cama
comigo?
- Você planejou isso? – ela perguntou
querendo ver um pouco de culpa no rosto dele, ele não era bom em disfarçar –
incrível! E eu achando que era apenas um pedido inocente de ajuda – ótimo! Faça
ele sentir-se responsável, pensou, assim nunca saberá seu real motivo.
- Kate Beckett, como pode pensar tão mal
de mim? Tudo bem, não irei considerar isso uma ofensa. Você fica?
- Tudo bem, mas vou logo avisando. Nada de
sexo. Vou apenas dormir com você, literalmente.
- Justo. Vamos para o quarto? –
satisfeita, ela o acompanhou. Kate tirou a roupa, tomou um banho rápido e
vestiu uma camisa de Castle para dormir. Ela se aconchegou ao lado dele
encostando seu corpo no peito largo e quente, sentiu a mão dele em seu estomago
puxando-a mais para perto. Ela agarrou o edredom e cobriu-se.
- Está confortável, Beckett?
- Estou. E você trate de se comportar.
Posso sentir sua alegria contra minhas pernas, Castle.
- Difícil evitar... – ele mordiscou a
orelha dela. Um arrepio percorreu o corpo dela ao sentir a boca tão próxima.
- Tente... – ela também tentaria apenas
fechar os olhos e dormir esperava que os pesadelos não a incomodassem quando
estivesse na companhia dele. Era assim que deveria ser. A noite foi tranquila,
porém nas primeiras horas de raio de sol, ela começava a agitar-se. O pesadelo
tornava a assombra-la. Tudo exatamente igual. Assustada, ela chamou por ele.
Castle acordou de imediato.
- O que aconteceu, Kate? – ela permaneceu
calada organizando seus pensamentos. Não queria dizer a verdade para ele ainda.
Nem sabia ao certo o que acontecia.
- Só um sonho agitado. Desculpe tê-lo
acordado – ele ajeitou os cabelos dela com carinho.
- Era um pesadelo?
- Um sonho muito louco. Já passou – Kate
escondeu as mãos tremulas por baixo do edredom para que ele não as visse -
Volte a dormir, ainda temos umas duas horas – ele a puxou contra si.
Inclinou-se para beija-la. Ao afastar-se, falou.
- Feche os olhos, durma. Estou bem aqui.
Dois dias depois, ela chegara para sua
consulta com Dana. Não podia fugir do assunto dos pesadelos. Precisava entender
o que acontecia com ela, temia a volta da PTSD. Após cumprimentar a amiga, conversaram
amenidades, ela perguntou sobre a tal parceria com benefícios. Gostaria de
saber como isso estava se desenvolvendo. Kate achou que era uma boa hora para
responder e introduzir aquilo que a incomodava.
- Estamos bem. Disse para você que não era
sempre sobre sexo, já estivemos juntos apenas para comer e conversar.
- Claro, garanto que é possível – com um
tom sarcástico na voz – e durante essas pequenas reuniões você não quis
agarra-lo?
- Dana, nem tudo na vida é sobre sexo.
- Falou como uma boa terapeuta, Kate –
Dana sorria, ela estava se deixando levar pelo relacionamento.
- Tem um outro assunto que gostaria de
discutir com você. Um pouco mais sério. Você se lembra dos pesadelos que tinha
com as crises de trauma? As noites mal dormidas, os tremores nas mãos? – Kate
suspirou fitando por um momento as mãos sobre as próprias pernas – e-eu acho
que eles voltaram, Dana.
- Aqueles sonhos com Josh matando Castle?
- Não. É diferente agora, não há Josh.
Sonho com o capitão Montgomery, sua morte, o sangue e depois com o meu
atentado. O tiro, a queda com Castle sobre mim, as palavras dele. Só que dessa
vez, eu não apago. Castle é atingido pelo sniper, está sangrando e morre em
meus braços. Nesse momento, eu acordo. É horrível. Todos aqueles sintomas de
volta. Por que isso está acontecendo comigo outra vez, Dana? Eu achei que
estava curada. Até tentei a teoria que testamos antes, de eu dormir com Castle,
não funcionou. Tive o pesadelo do mesmo jeito. Por que?
- Kate, você se lembra das nossas
primeiras conversas na cabana quando disse que se não dedicasse um tempo para a
terapia seria consumida pela PTSD? Você me escutou e conseguimos avançar. Mas o
reflexo do trauma ainda está em você porque não consegue esquecer o que
aconteceu. Não desistiu de procurar seu algoz e o assassino de sua mãe. Isso
continua vivo em algum lugar do seu subconsciente até que decida esquecer por
completo. Algo trouxe essa sensação de perigo de volta. Tende a ser mais forte
que a anterior com Josh porque com o tiroteio você se feriu. Houve dano real.
- E como faço para parar? Por que não
adianta dormir ao lado de Castle?
- Meu palpite é porque o perigo envolve a
ambos. Algo engatilhou a PTSD novamente e estou inclinada a dizer que foi o
lance do banco, no qual você realmente se viu muito próxima de perder Castle. A
explosão, o medo. Seus sentimentos são muito fortes, Kate. Seu instinto de
proteção para com Castle. Por isso sonha com a morte dele, porque te apavora.
Ainda não sei porque associa ao seu próprio atentado. Teria alguma razão
especifica?
- O livro... na outra noite quando
pretendia testar a teoria de que dormir com ele ajuda a não ter pesadelos, eu e
Castle estávamos discutindo seu livro. Ele fala sobre a mãe de Nikki, sua morte
e apesar da história ser diferente...
- A conversa a fez pensar em sua mãe. Por
isso o pensamento em Montgomery e no seu tiroteio. Chegamos a algum ponto.
- Como faço para parar, Dana? Eu não quero
me sentir vulnerável ou fraca diante de pesadelos. Não quero sucumbir as crises
de PTSD. Você tem que me ajudar.
- Não é um caminho fácil, Kate. Depende
bem mais de você do que de mim. Posso receitar alguns tranquilizantes como fiz
da outra vez, o mesmo remédio que lhe dei na cabana. Isso não é o suficiente.
- Você está dizendo que isso será algo
constante na minha vida, que vai e volta?
- Não, a PTSD é bastante subjetiva. Ela
cessa. Mas tudo depende da mente do paciente. Ele, no caso, você tem que lutar
contra isso.
- E como faço isso?
- Não há receita de bolo, Kate. Porém no
seu caso tenho que dizer que a única forma de lidar com as crises para
livrar-se delas é aceitando que não pode fazer do caso da sua mãe o seu
objetivo de vida. Aceitar que precisa entender que sua mãe não iria pensar
menos de você porque não colocou seu assassino atrás das grades.
- Você está me dizendo para desistir do
caso mais importante da minha vida? Você soa como o Castle há meses atrás.
- Sim, é verdade. Na minha opinião, ele
tinha razão.
- Essa é a forma que você vai me ajudar?
Concordando com Castle? Ótimo! Obrigada por nada.
- Hey! Estou lhe dizendo o que precisa
fazer, lhe darei o remédio, mas sozinhas pílulas não fazem milagres, Kate.
Quero que entenda: o trauma que sofreu deixou cicatrizes físicas e
psicológicas. O mais cedo que você entender que precisa de tratamento, mais
rápido os sintomas desaparecerão.
- Me dê as pílulas, Dana, quanto ao resto,
não me sinto preparada para discutir – Dana entregou a receita do medicamento
para a detetive. Não desejava que ela estivesse experimentando isso agora que
sua vida estava entrando nos eixos, infelizmente, sabia que um dia ela teria
que lidar com tudo. PTSD não é um diagnóstico fácil de tratar se o paciente se
recusa a ajudar. Não importava, ela estaria ali sempre que a amiga precisasse.
- Kate, se cuida. E qualquer problema,
pode me ligar, a qualquer hora. Mais uma coisa, acho que você deveria falar
sobre esse assunto com Castle. Ele está próximo a você bem mais que eu. Como
seu parceiro, merece saber.
Ela fitou a terapeuta calada. Porém, seu
olhar dizia tudo. Não contaria para Castle.
- Ele não irá acha-la fraca ou covarde por
isso, Kate - a detetive suspirou.
- Até a próxima, Dana – saiu do
consultório.
Uma semana depois...
Kate Beckett começara a tomar a medicação.
Os pesadelos não cessaram. Após sua última conversa com Dana, ela ficara ainda
mais confusa. Se o que a terapeuta falava era verdade, não sabia se estava
preparada para aceitar essa mudança em sua vida. Ao pensar em si mesma, Kate
não conseguia definir-se sem a memória da mãe e do assassinato. Esse foi seu
esteio de vida por longos anos. Também não conseguia visualizar o que viria em
seguida. Como se livrar do passado? Era confuso. Era como se Dana estivesse
pedindo para ela se reinventar.
Por mais absurdo que parecesse para a
sempre racional Beckett, dessa vez, ela estava avaliando as colocações da
terapeuta com cuidado. Passava mais tempo perdida em pensamentos que antes,
como se quisesse considerar a opção. Não contara sobre suas crises e os
pesadelos para Castle. Em seu modo de pensar, revelar o que se passava com ela
apenas serviria para despertar nele uma preocupação desnecessária com seu
bem-estar e possivelmente acabariam discutindo já que no passado ele já pedira
para que esquecesse o caso da mãe.
Ela era forte, uma policial treinada.
Podia lidar com a PTSD. Seria do seu jeito. Decidida, Beckett sentiu-se segura
para continuar encarando os desafios e o trabalho. Até que um caso em
particular apareceu, forçando-a a reavaliar a importância do trauma em sua
vida.
Naquela manhã quando caminhava ao lado de
Castle, ela sentia-se bem. Tomara a sua pílula logo cedo e embora não visse um
resultado expressivo, ela se enganava dizendo a si mesma que estava evoluindo.
Ao se deparar com a mulher atingida na calçada, agachou-se para estuda-la
melhor. Um único tiro no peito. Sim, uma bala precisa e estava morta.
Instintivamente, Beckett levou a mão ao peito, no mesmo lugar onde ficava a sua
cicatriz.
Enquanto os rapazes discutiam com Lanie e
Castle as informações do caso, ela começava a sentir-se extremamente sensível a
tudo a sua volta. Os sons, as cores, os movimentos, tudo era amplificado em
seus sentidos. Beckett fechou os olhos procurando se acalmar. Podia ouvir as
batidas de seu coração aceleradas. Calma, ela dizia para si mesma. Não é hora
de ter uma crise. Você precisa fazer seu trabalho. Respirou profundamente e
encarou Lanie para ouvir detalhes da causa da morte.
De volta ao distrito, ela sentia-se
melhor. O que parecia ser um caso isolado, acabou se transformando no pior
pesadelo de um detetive. Um assassinato em série.
Lanie chamou-a no necrotério para explicar
o que achara. A vítima levara um tiro de uma arma especial, um rifle, enquanto
conversavam sobre como o crime ocorrera, Beckett notou que os amigos estavam
evitando usar a palavra sniper por conta do que acontecera com ela meses atrás.
O sniper era bom, Esposito confirmou devido a trajetória da bala e a distância.
Naquele dia em casa, Beckett se olhava no
espelho. Trajava calça e sutiã. Observava a silhueta de seu corpo e as marcas
deixadas pelo seu atentado. Tocando e olhando sua cicatriz no peito, a mente
trazia de volta os acontecimentos daquele dia. Estava bem acordada relembrando
cada momento de angustia. Respirou fundo, não podia sucumbir. Em algum lugar de
Manhattan, uma segunda vítima teve o mesmo destino. Ao confrontar as primeiras informações,
Esposito confirma que se trata do mesmo cara.
Novamente, estar na cena do crime aberta
em meio a prédios mexeu com os sentidos dela. De repente, ela observava a área
de maneira ansiosa, nervosa, como quem procura um próximo ataque. Eles notam
que ela parece diferente, mas Beckett disfarça dizendo que está apenas
procurando entender porque essas vítimas. Descobriram que eram vítimas aleatórias que
nada tinham em comum até agora. Porém, o local do tiro fora bem estudado antes.
Por mais que se esforçasse, Beckett estava
sendo afetada pelo caso. Não conseguia separar seu próprio atentado e a crise
de pânico enquanto trabalhava. Seu objetivo era não parecer nervosa ou ansiosa
com a situação para que Castle não percebesse e começasse a fazer perguntas.
Bastou uma sirene da polícia e seu deslize, sim chamava a pequena crise assim,
aconteceu.
Um carro da polícia encostou na calçada
disparando a sirene. Assustada com o barulho, Kate, de olhos arregalados e
visivelmente perturbada, escondeu-se atrás de uma lixeira. Todos ficaram
olhando-a sem entender o que se passava. Mas Castle tinha uma ideia do que
fosse.
Ao voltarem para o distrito, Gates reunira
todo o seu pessoal para discutir sobre o caso, pedir sua máxima atenção para
pegar o suposto atirador. Enquanto a capitã tentava colocar seu distrito a par
do caso, Beckett tentava lidar com a crise que acabara de sofrer. Não podia
fraquejar. Olhava para todos no salão. Porém, apenas Castle parecia saber o que
realmente ela estava pensando. Seu olhar era direto para ela. Ele se aproximou.
- Foi apenas um reflexo. Poderia ter
acontecido com qualquer um.
- Eu não sou qualquer um.
- Só falei.
- Não fale – ela respondeu um pouco mais
alto que o normal.
Gates lhe fez perguntas sobre a conexão
das vítimas. Ela respondeu que ainda não tinha nada. A capitã continuou
falando, Beckett desligou-se, tudo ao seu redor parecia tão distante, tão
estranho. Sentiu as mãos tremerem, a garganta fechar como se sufocasse. Ela
precisava sair dali. Precisava ver Dana. Ryan tentou chamar sua atenção falando
de um vídeo de segurança, ela não se importou e deixou o distrito. Agora Castle
estava realmente preocupado.
No consultório da terapeuta, ela
desabafava.
- Não. Você não entende. Preciso estar
bem.
- O que não é sempre uma escolha, Kate. Já
falei antes, o que você descreve como insônia, tremores, hipersensibilidade e
claro os pesadelos, são sintomas clássicos de PTSD.
- Eu não tenho PTSD, não mais. Trabalhamos
nisso, Dana!
- Você levou um tiro de um sniper. Acho
justo dizer que esse caso te trará problemas. Problemas que você ainda não
lidou.
- Tudo bem. Lidarei com eles. Agora eu
preciso descobrir como acabar com isso.
- Não vai acabar, não sem tempo e
tratamento. O trauma psicológico é tão real quanto o trauma físico.
- Pessoas estão morrendo. Eu não tenho
tempo para choramingar sobre algumas cicatrizes.
- Ok, então qual é a alternativa? Andar
por aí sentindo que há um alvo nas suas costas, pensando que cada brilho de
janela é a mira de um sniper?
- Deve haver algum comprimido. Uma
medicação mais forte que eu possa usar. Ou aumentar a dosagem para me acalmar.
Ajudar a aliviar a pressão.
- Medicação pode ajudar, mas não
imediatamente.
- Então o que?
- Para começar, acho que você deveria
considerar afastar-se do caso.
- Não acha que posso lidar com isso?
- Estou dizendo que você não precisa. Não
é a única policial na cidade, Kate – ela passou as mãos no rosto, nervosa,
sentindo-se encurralada. Não podia ceder. Dana estava errada.
- Também acho que devia conversar com
Castle sobre isso. Ele pode ajudar. Aposto que não contou a ele.
- E lá vem você de novo com essa conversa.
Quer saber? Você não vai me ajudar em nada. Eu me viro. Eu estou bem. Obrigada
– ela se levantou encaminhando-se para a porta. Dana a deixaria ir. Estava de
cabeça quente e nada que falasse naquele momento ajudaria. Beckett não iria
ouvi-la.
No distrito, Castle remoía o tratamento
que recebera de Beckett, sabia que ela não estava bem.
- Quão preocupado devo ficar com Beckett?
Ela nunca me cortou assim antes. Falo sério.
- Não é fácil quando se toma uma bala no
peito.
- Pelo menos ela não se lembra – disse
Castle.
- Ou ela não quer se lembrar. Coisas assim
é melhor manter numa caixa, esse caso pode ter aberto a caixa – as palavras de
Espo deixaram Castle pensativo. Será que ela não queria se lembrar? Como
poderia ajuda-la? Sabia que ela não ia querer conversar sobre o assunto.
- Por enquanto, só dê espaço a ela e não
tome como pessoal – Castle decidiu ouvir os conselhos de Esposito.
Esposito recebe uma ligação avisando que a
unidade de peritos encontrou o lugar de onde o sniper atirou na segunda vítima.
Castle seguiu com ele para o local. Confirmaram a visão da cena do crime, porem
para Espo estava errado não havia uma visão mais clara. De repente, Castle nota
algo próximo a janela. Um boneco de papel. Finalmente sentindo melhor o lugar,
o detetive simulou o tiro e acabou encontrando a capsula da bala.
Kate voltava para o 12th. No elevador,
respirava com dificuldade, a mão tremia. Ela detestava essa situação. Não tinha
sequer controle sobre o seu corpo. Sofria calafrios, espasmos involuntários
provocados por barulhos, dificuldade para enxergar e pensar claramente. Era uma
espécie de transe. Respirou fundo. Assim que a porta abriu, esbarrou em vários
policiais agitados. A visão do local era turva. Ela não estava bem. Assim que
recuperou a visão deu de cara com Castle falando que havia ligado. A capsula
encontrada tinha uma digital, identificaram o sniper. Eles deram a entender que
gostariam que ela se juntasse a operação para pega-lo, mas Castle percebeu a
hesitação e recuou, sugerindo que eles ficassem se preparando para o
interrogatório. Beckett sequer argumentou.
Infelizmente, o interrogatório não correu
como esperavam e o cara tinha um álibi sólido. Isso deixou Beckett ainda mais
preocupada. Espo disse ser possível, poderia ser um reload. Sugeriu que
tentasse, ela aceitou não muito feliz com a ideia. Tinha a sensação de ter
falhado. Retornou para a sua mesa. Sentada, ela fitava o quadro de evidências.
Mais uma vez, a mente trouxe de volta as imagens de seu próprio atentado.
Reviveu a cena. Castle chamava por ela. Uma, duas, três vezes. Por fim, ela saiu
do transe.
- Café? – pela primeira vez, ela recusou.
- Não, obrigada – ele insistiu.
- É descafeinado – colocando sobre a mesa.
Antes mesmo dele falar qualquer coisa, ela rebateu o velho jargão.
- Eu estou bem.
- Certo, eu não...
- Castle, eu estou bem. O que há na pasta?
- O relatório da perícia sobre o boneco de
papel. Foi cortado precisamente, provavelmente de um livro de pintura. Se olhar
de perto, pode perceber pinceladas. Acho que ele as deixou de propósito.
- Mas por que? – ela se perguntava.
Esposito se juntou a eles avisando que não conseguira uma identificação do cara
do vídeo. Nesse instante, o celular da Beckett toca. Ryan encontrara o local de
onde o sniper atirou na primeira vítima. Havia outro boneco de papel no local e
o zelador reconheceu o homem, não sabia quem era. Espo também confirmou o local
casando com a trajetória da bala.
- Esse é diferente do outro. Deve ser de
uma outra pintura. Eles têm que significar alguma coisa – disse Castle.
- Não, ele está zombando de nós e nos fazendo
de idiotas – sim, ela definitivamente não estava bem para aquela investigação
deixando seus amigos preocupados. Espo encontrou um pedaço de algodão que
poderia conter DNA. Ele e Ryan foram direto para o laboratório. Castle
observava Beckett olhar pela janela e falar sobre a vítima antes e depois do
tiro. Relutante, ele disse a única coisa que veio a sua mente.
- Kate, nós vamos pegar esse cara.
- Certo, como fizemos com o cara que
atirou em mim – disse sarcástica.
Eles deixaram o local indo cada um para
sua casa. Castle não conseguia parar de pensar nela. Kate não estava bem,
sofria com o caso, na sua opinião, ela estava tendo pequenas crimes como antes,
reflexos do trauma talvez? Não sabia exatamente como ajudar. Tinha medo de
ficar tocando no assunto e deixa-la irritada ou mesmo se ficasse telefonando
para checar como ela estava também poderia não obter resposta e acabarem
brigando. Não queria isso. Não podia arriscar a relação que aos poucos voltavam
a construir.
Porém sua teimosia não o permitia ficar
alheio a tudo. Assim que chegou em casa, ligou para ela. Caiu na caixa de
mensagem. Ele sentou-se em seu escritório e começou a avaliar os bonecos de
papel, havia uma história por trás deles, cabia a ele encontrá-la. Por mais que
tentasse, ele não conseguia concentrar-se. Tentou ligar novamente, usaria o
pretexto dos bonecos embora sabendo que a mente dela não estava totalmente no
caso, era uma maneira de mantê-la sã. Novamente, ele fez três ligações. Todas
sem respostas. Meia hora depois, tentou outra vez. Foram um total de dez
ligações. Então, algo estranho ocorreu.
Beckett retornara o telefonema exceto que
ao atender, ele não ouvia sua voz, apenas a respiração ofegante. Não podia
ficar parado. Ele saiu correndo do loft rumo ao apartamento dela. Algo estava
acontecendo.
XXXXXXX
Beckett mal conseguiu chegar em casa. As
mãos tremiam novamente e a vista estava turva. Tentando se acalmar, ela apoiou
as mãos na mesa da cozinha, respirava fundo. Cinco minutos depois, julgou estar
melhor. Tomou um banho, vestiu sua calça do pijama e uma camisa velha da NYPD e
sentou-se no sofá da sala para procurar alguma maneira desviar seus pensamentos
do caso e das suas próprias memorias. Pegou um livro. A medida que lia,
começava a sentir-se mais segura. Então, os barulhos de sirene na rua serviram
de gatilho para reiniciar uma nova crise. A memória voltara. O barulho, as
vozes, a lembrança a transportavam para aquele dia.
Ela ergueu-se do sofá até o local da sala
onde mantinha um pequeno bar. Serviu-se de uma dose de Bourbon. Tomou-a de uma
vez. Depois outra, mais outra, foram quatro copos seguidos. A cena repetia-se
em sua mente e cada vez que acontecia ela parecia mais assustada. Pegou sua
arma, andava pela casa fazendo gestos para mirar em ninguém. Sua voz balbuciava
frases como “Por que eu, porque...” várias vezes. Voltou ao Bourbon, novo copo
até esvaziar a garrafa. Uma nova sirene. O celular estava bem ao seu lado, com
o susto tocou nele sem saber que acabara de ligar para Castle.
Ela caiu no chão para se proteger, empurrou
a mesinha fazendo o copo e a garrafa vazia espatifarem-se no chão, a arma
escapuliu das mãos e com o movimento de pânico para alcança-la, ela acabou se
cortando no vidro. O braço sangrava, mas ela não se importava. Na cabeça de
Beckett, ela precisava se proteger, se manter alerta.
Kate sequer reparara o barulho da
fechadura. Ao chegar em seu apartamento, Castle pretendia bater na porta. Porém,
ao ouvir o barulho abafado, gemidos ofegantes e um grito que parecia de alguém
lutando, ele não precisou pensar muito. Lembrou-se da cópia da chave que ela
mantinha no vaso. Corria contra o tempo com medo que ela estivesse em perigo.
Estava, contudo em um outro nível de
perigo. Castle quase não acreditou na imagem que via. Kate Beckett em um canto
da sala, descabelada, de arma em punho, apavorada. Vidro estilhaçado pelo chão
da sala e o sangue, ela sequer notara que estava sangrando. O coração de Castle
acelerou diante da cena.
Precisava ajuda-la.
Quando tentou aproximar-se dela, Kate
apontou a arma em sua direção.
- Hey... sou eu. Está tudo bem. Você não
precisa dessa arma, Kate. Deixa eu te ajudar – ele percebeu os olhos
desnorteados. Ela piscava várias vezes. Estava querendo enxergar o que estava a
sua frente. A vista turva pela crise e pelo excesso da bebida tornava tudo mais
difícil – me dê a arma, Kate, por favor... você está sangrando... – ela
encarou-o intrigada. Não sabia do que ele estava falando – seu braço, olhe.
Kate sem tirar a arma da direção dele,
desviou o olhar e viu o sangue escorrendo. Aquilo a deixou mais apavorada e em
um movimento brusco, ela largou a arma encolhendo-se contra a parede. Castle
foi até onde ela estava erguendo-a do chão. Estando cara a cara com ele, Kate
por fim, se deixou relaxar. Tremendo e chorando copiosamente.
Ele a carregou nos braços até o banheiro.
Colocou-a sentada no vaso e devagar tirou a roupa que usava. Prendeu-lhe os
cabelos. Pegou a caixa de primeiros socorros e com toda a delicadeza limpou a
área do corte certificando-se de que não havia nenhum pedaço de vidro dentro da
pele. Quando o álcool entrou em contato com o corte, ela gemeu querendo tirar o
braço. Ele a impediu. O processo de limpeza e cuidado foi longo e carinhoso.
Precisava ser gentil com ela nesse momento.
Ao terminar, ele não colocou o curativo
ainda. Castle a fez entrar debaixo do chuveiro para um banho rápido. Lavar o
corpo e certificar-se de que não havia resquício de sangue, bebida ou qualquer
sujeira que pudesse gerar uma infecção. Ela também precisava se refrescar. Sua
intenção era coloca-la para dormir. A bebida fizera efeito deixando-a zonza.
Após sair do chuveiro, Castle a ajudou a
vestir-se e terminou o curativo. Durante todo o processo, ela permaneceu
calada. Absorvendo pequenos fragmentos do que acontecia com eles. Não entendia
ao certo porque Castle estava ali, como chegara ali. Pelo menos ele não estava
ferido. Não levara um tiro como em seu pesadelo. Ela levara. Um sniper. Não,
ele podia matá-la. Começou a agitar-se novamente. Castle percebeu. Viu quando
ela levou a mão ao peito. Instintivamente a abraçou.
- Shhh, tudo bem. Está tudo bem. Ninguém
lhe fará mal – ele acariciava os cabelos dela. Sentiu sua respiração ficar mais
calma.
- Deite-se, Kate. Vou fazer um chá para
que tome antes de dormir. Também vou lhe dar um analgésico para amenizar a dor.
Você vai estar com uma certa ressaca amanhã. Eu já volto – ele a viu se
encolher na cama abraçando os joelhos. Ele não demorou, em cinco minutos
retornava com uma caneca de chá de camomila e dois comprimidos. Kate os tomou
com o chá. Ele a viu pegar outro comprimido na cabeceira da cama e também o
engoliu. Resolveu não questionar o que ela fizera.
Retirando a caneca das mãos dela, ele
suspirou. Ela parecia tão diferente, tão indefesa. Claro que ele sabia que
detestaria saber que ele estava pensando isso dela. Castle afagou-lhe os
cabelos. Sorriu cansado e preocupado.
- Deite-se, Kate. Feche os olhos e procure
dormir. Prometo que não saio daqui enquanto não tiver a certeza de que está
dormindo e bem. Não tenha medo, estou aqui – ela deitou-se e procurou pela mão
dele enroscando-a na sua. Ela não dissera uma palavra, contudo seu olhar para
ele fora suficiente. Ela estava aliviada por Castle estar ali. Finalmente
fechou os olhos.
Castle permaneceu sentado ao lado dela.
Queria velar seu sono, torcia para que ela conseguisse esquecer o que lhe
atormentava e dormisse realmente. Sua vontade era passar a noite ali, faria
isso. Porém, não estaria lá quando Beckett acordasse porque no fundo, ele sabia
que ela não queria que ele a visse assim. Como alguém fraco, vulnerável. Se
permanecesse ali, ela teria que lidar com o embaraço da situação vivida na
noite anterior. Isso seria ruim para eles, para a relação deles. Conhecia sua
parceira o suficiente para saber quando chegara ao limite.
Ele sentiu o aperto de mão afrouxar. Ótimo.
Sinal de que ela entrara na fase do sono pesado. Suspirou aliviado.
Castle passou a noite toda ao lado da
detetive. Não pregara o olho. Pelo menos, a mistura da bebida e dos comprimidos
ajudaram-na a relaxar. Ela não teve pesadelos durante aquela noite. Por volta
das cinco da manhã, ele levantou-se da cadeira desconfortável e seguiu para a
sala. Juntou todos os cacos de vidro para a segurança dela. Limpou tudo. Antes
de ir embora, checou como ela estava. Continuava dormindo. Relutante, ele
fechou a porta do apartamento devolvendo a chave para o seu devido lugar.
Exausto, voltou ao loft.
Ele tinha uma missão. Desvendar os bonecos
de papel e descobrir o motivo do sniper estar matando aquelas pessoas. Foi
direto para seu escritório. Checou o relógio, ainda não eram sete horas da
manhã. Olhava para os bonecos sem qualquer pista ou ideia. Esfregou os olhos.
Foi até a cozinha e preparou um café bem forte. Não pretendia dormir. Pela
sanidade de Beckett, necessitava resolver esse caso. Voltou para o escritório.
Havia outra coisa que precisava fazer. Kate
não admitia que ele a questionasse ou ajudasse. Então, ele faria diferente. Pediria
ajuda.
Só havia uma pessoa que Beckett poderia
ouvir diante de tudo o que acontecia. Ele ligaria para Dana.
Continua...