quarta-feira, 11 de maio de 2016

[Stanathan] Kiss and Don´t Tell - Cap.73




Nota da Autora: Ok, primeiro, muito obrigada pelos comentários! Esse capítulo deu o que falar. É isso que espero de vocês, saber como vai a história! Segundo, dona Rada não fez sucesso com muitas, quero lembrar que ela é uma personagem caricato, exagerado, mesmo porque não conheço a mãe da Stana (e acreditem, eu conheço mães igual a que descrevi!). Terceiro e não menos importante: sei que não vou agradar a todos, nem Jesus conseguiu, mas continuo tentando... espero que gostem do capitulo. Está enorme! E por favor, não fiquem com raiva da escritora porque... bem, vocês verão... Enjoy! 



Cap.73 


Os dois permaneceram calados. Ainda assustados com a presença inesperada da mãe de Stana em sua própria casa. Ela se escondia atrás dele, mantinham as mãos entrelaçadas. Não sabia exatamente como agir a partir de agora. Esse foi o pior modo para dona Rada descobrir sobre eles.

- Estou esperando uma explicação...

Então, Nathan resolveu falar.

- Como a senhora chegou até aqui? Esse é um set privado da ABC. Estamos ensaiando uma cena que será gravada hoje à tarde nessa locação. Pedimos um tempo para entendermos nossas movimentações em cena e treinar nossos diálogos e movimentos. Ninguém deveria entrar aqui.

- Querido, você é lindo, charmoso e definitivamente não é burro. Respeite meus cabelos brancos e pare de me enrolar. Por que insistem na mentira? É por causa de Jeff? Você.. oh, Deus..., Stana? Jeff...Meu Deus! É o que eu estou pensando? Os dois ao mesmo tempo! Por que não termina logo com o outro rapaz e fica com quem seu coração deseja?

- Mãe! Não é nada disso! Estamos trabalhando. E você deu agora para praticar invasão de domicilio. A senhora me seguiu até aqui? Meu Deus! Nem meus fãs são tão neuróticos – Stana sentou-se nos degraus da escada. Suas pernas fraquejavam. Nada lhe preparara para aquilo.

- Eu segui você sim, pressentimento de mãe. Havia alguma coisa errada nessa história, especialmente depois que Nathan falou do seu beijo. Sabia que não tinha me enganado completamente. Mas estou surpresa com a sua habilidade de estar em dois relacionamentos ao mesmo tempo. E você, Nathan? Sabia que estava sendo dividido e está bem com isso? Aposto que não – Stana enterrava o rosto entre as mãos, nada do que dissesse poderia melhorar a situação. Ergueu a cabeça e trocou um olhar com Nathan. O marido sabia o quanto custava para ela manter essas mentiras, porém não admitia certos comportamentos mesmo vindo de uma senhora, da mãe de sua mulher.

- Dona Rada, com todo o respeito, não admito que fale assim da sua filha. Stana não é esse tipo de mulher. Não merece nem que se pense algo tão baixo ao seu respeito. Não irei admitir que a senhora, independentemente de ser mãe dela ou não, a insulte dessa maneira.

- Nossa! – a mãe se calou por alguns segundos, perplexa com a reação dele - Você gosta mesmo dela... – a afirmação saiu quase como um sussurro.  

- Por favor... – ele respirou fundo – não me interrompa. Ainda não terminei. Stana é o ser humano mais doce e puro que conheço. Incapaz de fazer mal ou ser injusta com alguém. Traidora? Definitivamente é um adjetivo que não faz parte de sua personalidade e ao pensar isso de sua própria filha me faz questionar se realmente a senhora a conhece. Não irei deixa-la insulta-la em minha própria casa. A senhora quer respostas? Terá suas respostas. Amanhã, durante o jantar.

Rada não pareceu ofendida nem surpresa com a reação de Nathan. No fundo, ele acabara de confirmar o que ela, como mãe, já suspeitava há tempos. O amor e a admiração que ele sentia por sua filha.

- Você está dizendo que não conheço minha filha?

- Estou. Ou pelo menos está demonstrando que não conhece. Fala de cegueira, mas não consegue enxergar a joia que está a sua frente. Acredito que esse assunto está encerrado – ele estava chateado, Rada percebeu – amanhã podemos conversar.

- Amanhã será. Vejo você em casa, Stana. Isso se voltar para casa hoje – ela encaminhou-se em direção a porta, Stana olhava apreensiva para Nathan. Não queria magoar a mãe. Mas, ela passara dos limites.

- Mãe... – o tom de voz era forte. Dona Rada se virou para fita-la – acho que o mínimo que a senhora devia fazer é pedir desculpas. O que deu na senhora? Não estou lhe reconhecendo. Nem parece minha mãe! Acusa Gigi de mentirosa, agora eu tenho dois relacionamentos. Que obsessão é essa de querer me ver com um homem?

- Filha, eu...

- Não! A senhora vai me ouvir agora. Estou cansada de passar por interrogatórios, ver Gigi ficar de escanteio e sem falar no jeito ridículo que agiu com Nathan! Fazendo perguntas pessoais, eu... – Nathan segurou a mão de Stana, queria evitar que ela disse coisas que se arrependeria.

- Stana, melhor parar... está tudo bem, não estou ofendido...

- Mas eu estou. O que ela fez foi quase um assédio. Interferindo na nossa vida. Minha, de Gigi, na nossa intimidade. Isso não é certo, mesmo sendo minha mãe. Me fez passar vergonha, desrespeitou o ambiente em que eu trabalho, minha casa, meus amigos. Deus! Ela acabou de chamar você de burro e eu de safada! Não admito isso! Não sei o que a senhora fez com a minha mãe, porque definitivamente não reconheço essa mulher. Logo eu que tento ser mais reservada possível, que pesadelo! E quanto a Gigi, a senhora parece que sequer lembra que tem outra filha. Na verdade, só sabe critica-la, não gosto de ver minha irmã triste e no momento, apesar de não querer demonstrar, ela está. Por sua causa. Seu pressentimento de mãe só funciona comigo? – Stana parou para recuperar o folego, estava vermelha - A senhora me seguiu como se eu fosse uma adolescente, uma criança! Essa é a minha vida! Ser minha mãe não lhe dá o direito de fazer nada disso. Peça desculpas ao Nathan. É o mínimo que deveria fazer.

- Stana...

- Não, Nathan, ela tem razão. Deixei meu lado de mãe se sobrepor ao de ser humano. Desculpe, Nathan. Não deveria ter pressionado nem feito aquelas perguntas. De verdade. Desculpe, e-eu só queria que vissem o que está diante de vocês. Tem razão, é a sua vida, Stana. Você deve saber o que é melhor para você. Passei dos limites.

- Passou mesmo... pelo menos reconhece – ele percebeu que a mão da esposa tremia. Ela estava realmente com raiva.

- Estou de saída. Podem voltar... ao seu trabalho – dona Rada virou-se para a porta. Sem saber o que fazer, Nathan olhava a cena. Então, ao ver a esposa sentar-se nos degraus e cobrir o rosto, foi até ela abraçando-a. Stana tremia. Mil pensamentos rondavam a sua cabeça. Deveria chama-la? Abrir o jogo de uma vez? Não. Ela e Nathan combinaram que contariam tudo no jantar. Assim seria.

Rada deixou a casa. Nathan seguiu-a com os olhos de longe apenas para ter certeza de que ficaram realmente sozinhos. Ele acariciava os cabelos da esposa com os olhos cheios de lágrimas. Stana colocou a cabeça em seu ombro e chorou.

Por quase uma hora permaneceram na mesma posição. Ele não disse uma palavra sequer. Entendia que ela precisava daquele tempo para deixar as suas emoções se extravasarem. O momento que viveram fora muito tenso. Ele mesmo se encontrava com os nervos em frangalhos. Talvez suas palavras tenham despertado o pior sentimento que todos os maridos temem: o ódio da sogra. Porém, assumia o que fizera e se tivesse que voltar atrás faria tudo igual outra vez. Ninguém insulta a mulher que ele ama. Absolutamente ninguém.

Stana ergueu a cabeça do ombro dele. Limpou o rosto molhado de lágrimas.

- Nate, estragamos tudo? Será que fizemos tudo errado? Meu Deus! Eu nunca me imaginei numa situação como essa.

- Não, a última coisa que quero é vê-la se culpando pelos devaneios de sua mãe ou pela situação. Nós combinamos que iriamos esperar até o jantar. Nosso plano continua o mesmo.

- E se ela te odiar? Se eu acabei de magoa-la?

- Se ela me odiar, lidarei com isso. Quando a você magoa-la, amor, você não é capaz disso. Se ela não compreender nossos motivos, então teremos que conviver com isso. Não ia deixar ela te difamar na minha frente principalmente porque eu a conheço muito bem. Eu sou casado com você, não com ela. Se você está feliz, me basta. Em uma coisa você está certa, essa é a nossa vida. Nós a definimos – ele beijou a testa dela - Que tal esquecermos isso por um dia, umas horas? Amanhã tiraremos esse peso de nossas costas. Viemos aqui por um motivo especifico. Esse é o nosso momento. Precisamos aproveitar. Se quiser ficar a noite aqui, não vou reclamar. Só depende de você, amor.

Ela olhou para o homem a seu lado. Sorriu. Após um longo suspiro, ela se levantou estendendo a mão para Nathan.

- Eu não mereço você. Vamos para o quarto preciso deitar por alguns instantes.

- Quer um pouco de vinho para relaxar?

- Vou aceitar. Estou precisando mesmo, não demore para subir – ele seguiu para a cozinha a fim de pegar as bebidas. Stana caminhava em direção ao quarto. Foi direto para o closet. Tirou o casaco, a roupa de trabalho que vestia e colocou uma camiseta dele de super-herói. Penteou os cabelos e voltou para a cama. Afastou as cobertas e enfiou-se debaixo delas. Ajeitou os travesseiros e suspirou. Era bom estar de volta em sua própria cama. Queria deitar-se, porém sabia que quando Nate voltasse iria se levantar para beber o vinho. Resolveu esperar.

Nathan surgiu com duas taças de vinho tinto. Entregou uma para Stana e sorriu ao ver o quanto ela já estava bem acomodada na cama deles. Gostou de vê-la vestida com sua camisa do lanterna verde. Deixou a taça sobre a cabeceira da cama e resolveu tirar a própria roupa. Livrou-se da calça e da camisa social. Sumiu no closet retornando com o pijama.

Encostou sua taça na dela como um pequeno brinde e bebeu o primeiro gole. Dirigiu-se para seu lado da cama. Sentou-se ao lado dela cobrindo-se com o edredom imitando-a.

- O vinho está bom?

- Está. Obrigada – ela tomou mais um pouco da bebida e colocou o copo sobre a cabeceira novamente. Viu Nathan virar todo o conteúdo da taça deixando o copo no mesmo lugar de antes – amor, você se importa se apenas ficarmos deitados aqui? Eu só preciso descansar um pouco – ele se ajeitou ao lado dela dando exatamente o que Stana procurava. O conforto de seu abraço. Ela deitou-se sobre o peito dele e suspirou. Ela ainda estava afetada por ter causado a discussão. Stana não costumava fazer isso. Era resiliente até demais em diversos assuntos. Para falar aquilo para mãe era porque já tinha atingido seu limite. Mesmo assim, era quase nada perto do que ela fora exposta nesse período. Ele suspirou. Tentaria esquecer o ocorrido por algumas horas. Sua maior preocupação era saber se ela ficaria bem. Fechou os olhos abraçando-a com mais força. Naquele instante, o tempo parou. Eram eles novamente. Nathan e Stana, casados, felizes, vivendo juntos, amando um ao outro. Ele acariciava os cabelos dela. Procurava oferecer-lhe todo o carinho que podia.

Esse encontro não estava saindo nem perto do que planejaram, porém não tornava o momento menos especial. Deitar-se outra vez com ela em sua cama, era um gesto tão pequeno e tão importante que fazia seu coração encher-se de alegria.

Percebeu quando a respiração dela tornou-se pesada, ao checar viu que ela adormecera em seu peito. Sorrindo, decidiu fazer o mesmo. Teriam todo o tempo do mundo para ficarem juntos e aproveitarem a vida de casados. Umas horas ou uns dias a mais não fariam tanta diferença quando se é guiado pelo sentimento do amor e da cumplicidade. Adormeceu.

Três horas depois, Stana desperta de seu sono. Ao perceber que ele dormia, sorriu. Olha só para eles. Estavam ávidos por fazer amor, perder-se em beijos e caricias. Acabaram dormindo um nos braços do outro. Que dia! O cochilo a ajudou a se acalmar, tudo o que queria agora era carinho. Ela beijou-lhe o peito. Ficou fazendo uma trilha de beijinhos até o pescoço dele, bem no pomo de adão. Percebeu que ele acordara e estava gostando do carinho. Sentiu a mão dele vagar por suas costas. Sem abrir os olhos, ele perguntou.

- Se sente melhor?

- Sim, bem melhor. Eu quero aproveitar e curtir meu marido. Se ele estiver a fim.

- Alguma vez não estive, Staninha? – ela riu. Nathan a puxou para mais perto e sorveu-lhe os lábios apaixonadamente. A partir daquele momento, eles realmente começaram a executar o plano que haviam combinado anteriormente. Fazer amor, unirem-se e simplesmente perderem-se um no outro.

Horas depois, eles decidiram que deviam comer alguma coisa. Preguiçosos, desceram para a cozinha. Nathan havia comprado algumas coisas na noite anterior já pensando no jantar de sábado e na sexta que passariam juntos. Decidiu por servir chinesa, ligou para o restaurante. Noodles e rolinhos fariam bem. Afinal depois do esforço, eles precisariam de carboidratos para se recuperarem.

Comeram juntos desfrutando dos momentos de casal outra vez. Era incrível como essas coisas tão banais, tão diárias acabam se tornando muito importantes. Com o seu hashi, Stana remexia e roubava certos pedaços de vegetais ou carne da caixinha dele fazendo Nathan sorrir diante do ato de intimidade. Ainda não havia comentado sobre o que ela queria fazer em relação ao fim da sexta e ao jantar de sábado.

- Amor, você vai dormir aqui hoje?

- Estou pensando sobre isso. Se ficar aqui, terei que encarar a minha mãe apenas amanhã. Se for para casa, só iria bem tarde para não correr o risco de encontrá-la acordada.

- A escolha é sua. Não irei reclamar se ficar. Aliás, eu espero que amanhã depois do jantar você não volte para a sua antiga casa com sua irmã. Pode pegar suas coisas depois. Chega de ficarmos separados.

- Tenho algumas horas para pensar sobre isso. Você quer ajuda com o jantar de amanhã?

- Eu encomendei um bacalhau, o que comprei são para os aperitivos, uma salada, nada demais.

- E a sobremesa? E Anne? Acho que ela não come bacalhau.

- Pedi um prato infantil de peixe com batatas fritas e claro que a tia dela irá obriga-la a comer salada. Quanto a sobremesa, comprei uma torta gelada de chocolate e avelãs.

- Você pensou em tudo mesmo – ela inclinou-se para beija-lo – que homem eficiente! Só por conta disso, acho que merece um carinho especial – ela começou a beijar o pescoço dele, passando as mãos por debaixo da camisa do pijama tocando o peito, as costas. Usou a unha para provoca-lo deixando várias marquinhas na pele. Ele retribuiu o beijo afastando o cabelo de perto do ombro de Stana. Quando viu a marca do que parecia um chupão.

- O que foi? Eu fiz isso, Staninha?

- O que?

- Tem uma marca de chupão aqui...

- Oh, Deus! Foi de ontem quando você me agarrou no armário. Minha mãe fez um escândalo durante o jantar! Claro que até ontem ela pensava ter sido Jeff. Agora tenho certeza que vai atribui-lo ao verdadeiro culpado – Nathan começou a rir – hey! Não ria! Foi bem complicado ver sua própria mãe lhe dando conselhos para ser mais discreta com o seu namoro. Isso porque ela insinuou que podia ter acontecido no set de Castle.

- E ela não deixa de ter razão. O que a Lizbeth diria se visse?

- Certamente comentaria, mas Lisa é discreta. E eu teria disfarçado antes de ir para o estúdio. O problema é que eu nem notei antes. Foi a mamãe quem viu. Tudo bem, chega de falar sobre isso. Onde estávamos mesmo? – ela disse puxando-o pela mão até o meio da sala. Deu-lhe um novo beijo e tornou a colocar suas mãos sobre a camisa dele – ah! Acho que já me lembrei – ela deslizava a mão pelas costas dele em direção a um único lugar. Enfiou-as dentro da calça de moletom que ele usava sem quebrar o olhar com o dele. Ao tocar no bumbum, sorriu – ahá! Acho que fizemos contato – ela disse ao beliscar ambas as bochechas do traseiro dele.

- Sua tarada! – o jeito como ele a olhou e disse as palavras a fez gargalhar. A diversão estava apenas começando.

Rada estava na cozinha preparando o jantar. Durante aquela tarde, ela parara por uns instantes para pensar nas palavras de Stana. Não estava com raiva da filha, na verdade, uma certa vergonha a tomou. Stana tinha razão em muitas coisas. Extrapolara limites e negligenciara os desejos das filhas. Não sabia porque agira como uma desesperada. A última coisa que queria quando veio a Los Angeles era estragar a relação com as filhas. Seu papel de mãe acabou, contudo, complicando as coisas. Mesmo estando diante da maior revelação que podia fazer, seu coração sentia que tirara um pouco do brilho da descoberta. Odiou o que viu no olhar de Stana. E ainda tinha Gigi. Precisava tentar consertar as coisas.

Quando Gigi chegou em casa naquela sexta extremamente cansada, encontrou a mãe cantarolando na cozinha. A irmã não estava em casa. Se bem que fazia uma ideia de onde Stana havia se metido. Mas, por que dona Rada estava tão animada? Ao ver a filha chegar, foi ao seu encontro.

- Boa noite, Gigi! – deu-lhe um beijo – está com fome? Fiz um jantarzinho especial somente para nós duas. Sua irmã se aparecer será de madrugada. Deve estar trabalhando muito... – a forma como a mãe disse aquelas palavras demonstrou que havia algo estranho no ar, ela foi quase sarcástica.

- Por que diz isso? Ela ligou avisando?

- Não, mas saiu cedo para trabalhar, tinha muitas cenas para gravar com o Nathan. Muitas.

- Certo – desconfiada, Gigi perguntou – mãe, aconteceu alguma coisa?

- Não, Gigi! Está tudo ótimo. Excelente! Aliás, não podia estar melhor.

- Ela mencionou se ia sair com o Jeff hoje?

- Não, mas acredito que não terá tempo com o trabalho entrando pela madrugada. Venha, sente-se! Vamos jantar. Como foi seu dia?

- Cansativo – disse Gigi sentando a mesa e encucada com o jeito da mãe. Não tinha dúvidas que algo realmente acontecera. Teria que descobrir o que, se não arrancasse da mãe, precisaria falar com a irmã.

- Vou servir você. O projeto com seus investidores, está indo bem?

- Se com essa pergunta a senhora quer saber se estou namorando algum deles, a resposta é não.

- Que isso, Gigi! Sei que você não está com nenhum deles, só gostaria de entender como vai sua vida, seus projetos. Acho que posso querer saber se está tudo bem - ela franziu o cenho – aliás, já disse para vocês, conheço muito bem as filhas que tenho. Eu nunca me engano. Não adianta querer me esconder as coisas ou me enganar. Vocês deveriam saber que mãe tem sexto sentido – ok, isso estava ficando muito estranho – quer vinho, filha? Vai ajudá-la a relaxar.

- Tudo bem – e ficava mais estranho - Amanhã é o jantar na casa do Nathan? Aposto que está animada. É por isso que está com esse sorriso no rosto, dona Rada? Por que vai ter a chance de implicar um pouco mais com a Stana? Sei que está doida para encurralar Nathan, nem adianta fingir que não.

- Ah, filha, eu estou realmente animada. Mas o óbvio se mostra sozinho. Ele já havia se enrolado na minha visita no set. É tudo uma questão de tempo.

- A senhora está muito confiante. Tenha cuidado, Jeff estará lá também.

- Eu sei. Mas não é comigo que Jeff precisa se preocupar, é com seu melhor amigo. Tadinho dele, ou ele confia muito no amigo ou ele é cegamente apaixonado por Stana, o que nesse caso só irá piorar as coisas para o lado dele.

- Mãe, quer ser mais clara? Não entendi nada do que disse. Por que Jeff tem que se preocupar com Nathan?

- Digamos que Jeff não está entendendo seu papel nisso tudo – Gigi estava oficialmente perdida. Ou isso era jogada da mãe para tentar faze-la falar ou a mãe desconfiava ou sabia de algo que ela não estava conseguindo captar. Onde andava Stana?

- Não gosto desses mistérios, dona Rada.

- Não se preocupe. Estou certa que teremos respostas amanhã. Vamos parar de falar de Stana. A noite é nossa. Minha e sua. Percebi que não tenho sido muito justa com você ultimamente. Coma seu jantar, Gigi e me conte sobre esse seu novo projeto – mesmo desconfiada, ela acabou engatilhando uma conversa com a mãe que se tornou muito prazerosa. Fazia tempo que não se sentia assim, relaxada, falando de coisas triviais com sua mãe. Pelo menos desde que essa história do segredo começara. Entre os assuntos, acabaram tocando na visita e dona Rada deixou escapar um desabafo.

- O papel de mãe é complicado. Chegamos a ficar cegas com certas coisas. Você e sua irmã ainda não são mães, porém um dia irão entender o que hoje parece estranho ou exagero. E posso lhe contar um segredo, Gigi? Vocês duas serão mães bem melhores que eu. Posso ver apenas pela relação de cumplicidade entre irmãs. Especialmente Stana, ela não se deu conta de que já está pronta há muito tempo – Gigi viu que as lágrimas escorriam na face da mãe.

- Hey, mãe... está tudo bem. Por que está chorando? A Stana vai lhe dar netos, eu sei que vai. Já eu não posso garantir, mas prometo que vou cuidar da senhora até quando estiver bem velhinha. Só tem que prometer que não vai me bater com a bengala – isso fez a mãe sorrir. Era sempre assim. Gigi tinha o dom de faze-la rir.

- Oh, filha! Perdoe sua mãe, ela não faz por mal. Você é tão maravilhosa, Kristina...

Ela não sabia o que havia feito, mas a mãe estava realmente emocionada.

- Está tudo bem. Nem sei porque está me pedindo perdão... volim te, mama...

- Volim te, Gigi... – Rada respirou fundo e abriu um sorriso beijando a menina na bochecha - No fundo, tudo o que queremos é a felicidade dos filhos – definitivamente algo acontecera, pensou Gigi.

Depois do jantar, dona Rada ofereceu doce a filha que agradeceu recusando. Gigi se recolheu alegando estar com muito sono. A mãe a abraçou e beijou-a, disse que a amava e desejou uma boa noite.

Assim que se trancou no quarto, porém, ligou para a irmã. Infelizmente, a ligação caíra na caixa postal. Frustrada, ela mandou uma mensagem para Jeff perguntando se Nathan havia confirmado com ele o jantar de amanhã e se ele tinha falado com o irmão. A resposta de Jeff foi negativa para a segunda pergunta. Isso apenas aumentou a curiosidade e aflição de Gigi. Sabia que a irmã dissera que ia tirar um dia para o marido, mas a pergunta era se ela fora realmente trabalhar e depois voltara para casa ou estava com ele desde cedo?

- Droga, Sis! Custava atender o celular?

Stana realmente voltou para casa. Era quase uma da manhã. Sem fazer grandes barulhos, ela seguiu diretamente para o seu quarto. Ao acender a luz, deu de cara com Gigi cochilando em sua cama. Ela acordou assim que o local foi iluminado.

- Deus! Gigi, você quer me matar de susto?

- Não tanto quanto você quer me matar de preocupação. Onde você esteve? Mamãe veio com umas frases enigmáticas sobre você estar trabalhando muito, falou algumas coisas sobre o Jeff. O jantar do Nathan. Fiquei na dúvida se ela estava me testando ou... – Stana fez sinal para que ela parasse de falar.

- Sis, sente-se...

- Aí, Deus... o que aconteceu? Você brigou com Nathan? Ou com a mamãe hoje de manhã? – Stana sentou-se ao lado da irmã e pegou sua mão.

- Aconteceu uma coisa.

- Você descobriu que está grávida? – a cara de espanto de Gigi ao perguntar isso, fez Stana franzir a testa e balançar a cabeça negando.

- Claro que não! Você sabe que estou fazendo tratamento hormonal ainda. A mamãe me seguiu. Tantos dias para ela escolher fazer isso e ela foi brincar de detetive exatamente no dia que eu resolvo não trabalhar e passar uma tarde com meu marido!

- Espera, você está dizendo que...

- Mamãe nos pegou no flagra, sis. Eu e Nathan aos beijos na escada de casa – o rosto de Gigi revelava todo o susto e a reação que a própria Stana talvez tivesse tido quando tudo aconteceu. Ela até empalideceu.

- Mas...isso..., mas... o que vocês?

- Nathan tentou enrolar, eu me perdi. Ela tirou suas conclusões e acha que eu estou namorando os dois ao mesmo tempo. Nathan não quis comentar sobre o nosso relacionamento, pediu que esperasse o jantar.

- Meu Deus! Isso é pior do que eu pensava! Então, ela não estava especulando. Nathan vai falar com Jeff, certo? Alerta-lo disso? Quer dizer, como deveremos agir amanhã?

- Eu não aguentei. Falei algumas para ela. Sei que deve estar com raiva de mim. Ela passou dos limites, sis. Deus! Que pesadelo!

- Agora entendo aquele papo de mãe. Você falou algo sobre mim?

- Falei. Ela interferiu nas nossas vidas, te colocou de escanteio.

- Sis, deixa para lá. Eu estou bem. Não preciso dos devaneios de dona Rada.

- Não se preocupe com Jeff. Nate vai falar com o irmão. Não podemos mais enrolar. Teremos que contar antes mesmo do jantar. Eu vou pedir um favor seu. Você irá levar a mamãe e a Anne para a minha casa. Para todos os efeitos, eu chegarei lá antes e com Jeff. Depois, que vocês chegarem, sentamos todos juntos e explicamos o que aconteceu. Não quero mamãe fazendo Jeff e Nathan de trouxas, insinuando ou querendo provocar uma briga que não existe. Ela receberá a verdade que tanto quis de uma vez. Cansei, sis.

- Tem ideia de como ela vai reagir?

- Não. Espero que bem, afinal não era o que ela queria? Nathan não é o tão sonhado genro?

- Acho que ela vai se chatear quando souber que você fez tudo às escondidas.

- Aguentaremos as consequências e claro que iremos revelar quem é Jeff e seu relacionamento também. É torcer para que acabe tudo bem.

- Ou vamos apanhar.... como nos velhos tempos quando roubávamos mangas da casa do Charlie.

- Nem me lembra disso, nem quero pensar naquele cinturão! – ela sorriu – vá dormir, sis. O dia amanhã promete grandes emoções.  

Stana ainda demorou para dormir naquela noite, não por medo de revelar seu segredo, mas de ansiedade. Agora que tudo estava prestes a acontecer, ela queria se livrar do peso o quanto antes.

Na manhã seguinte, Stana saiu cedo antes da mãe acordar. Pegou sua bicicleta e pedalou até a praia de Santa Monica. A verdade era que quanto menos tempo passasse perto da mãe melhor. Não queria correr o risco de se sentir pressionada e acabar falando o que não devia. Já se descontrolara demais considerando sua personalidade. Deixou a bicicleta de lado em uma das áreas destinadas a isso. 

Tomou um pouco de sol fazendo uma bela caminhada pelo calçadão que ligava o píer a Venice Beach. Na volta, comprou um suco detox e parou por alguns instantes na doca onde, anos atrás, filmara o episódio de Los Angeles de Castle. Fora um dos especiais. Era quase a mesma época de agora. Próximo do aniversário de Nathan quando começaram a gravar. As cenas da praia ocorreram exatamente no dia 27. Ela encomendara um bolo para comemorarem junto com a equipe.

Naquela época, eles ainda não estavam juntos, eram apenas amigos. Mas Stana já era apaixonada por ele. Recordava-se do abraço caloroso que ele lhe dera ao agradecer pela surpresa. Um beijo no pescoço que a fez arrepiar. Suspirou sorrindo. Pegou a aliança que sempre trazia consigo e ficou admirando seus nomes gravados para sempre ali, com a palavra que mais representava sua vida juntos. Por mais que fosse uma lembrança feliz, isso trouxe um outro pensamento a sua mente.

Seu futuro.

Ela não estava gostando do rumo que os scripts estavam tomando. Cada vez mais Caskett tinha menos tempo em cena. A verdade é que desde a saída de Terri e Marlowe, Castle deixou de ter o mesmo ritmo. É verdade que na última negociação, ela deixara alguns pontos em aberto como a necessidade de menos horas, de viagens e vinha sendo atendida. Sabia que a própria rede não gostara de suas negociações no ano passado. A mudança da presidente da ABC apenas veio piorar as coisas. Isso fazia Stana pensar se já não era a hora de revelar seu desejo de encerrar essa fase de sua vida. Queria começar outra. Nada contra Kate Beckett, amava sua personagem com todo o coração. Estava falando de mudança pessoal. Esse assunto, ela iria discutir com Nathan. Tão logo a mãe fosse embora e ela tivesse a resposta de seu tratamento.   

Ao checar o relógio, viu que passava das duas da tarde. Optou por comer uma salada em um restaurante que conhecia ali perto e voltar para casa. Um grande jantar a esperava.

Retornou para casa as três. Gigi estava na cozinha com a mãe conversando. Ao verem Stana chegar, quase que a bombardearam de perguntas, porém, ela nem esperou terminarem calando-os falando que fora fazer exercícios e que ia se arrumar para encontrar com Jeff e seguir para o jantar mais tarde.

- E quanto a nós?

- Gigi irá levar a senhora e Anne. Não se preocupe. Nós nos veremos lá no horário combinado – sem estender a conversa, Stana seguiu para o quarto. Duas horas depois, apareceu usando um vestido azul clássico colado no corpo com comprimento até a altura do joelho, um scarpan da mesma cor e os cabelos soltos. Uma leve maquiagem completava o conjunto além de uma bolsa pequena onde estavam o celular, sua aliança e a chave do carro – estou saindo. Não demore tanto, Gigi.    

Ao chegar na casa de Nathan, obviamente Jeff já estava lá. Ele cumprimentou a cunhada e deu um pouco de privacidade para o casal se cumprimentar também. Quinze minutos depois, estavam todos reunidos na sala.

- Então quer dizer que eu tenho um par de chifres imaginário na minha cabeça?

- Aí, Jeff. Eu sinto muito por isso, mas tudo acaba hoje. Chega de vivermos inventando desculpas para a minha mãe.

- Depois do flagra que Nathan me contou não restava muita alternativa.

- Sim, mas já havíamos decidido contar no jantar, apenas tivemos que mudar nossa estratégia. Assim que elas chegarem, servimos bebidas e abrimos o jogo. Será melhor assim, eu espero.

- Também acredito que será, Stana. Sua mãe gosta muito do Nate.

- E parece que gostou de você também. Vai aprovar seu relacionamento com Gigi, tenho certeza.

- Assim espero. Seria muito frustrante se ela não gostar de mim. Sei que me tratou bem naquele dia, mas podia ter sido apenas por educação ou para descobrir o que você escondia.

- Não Jeff, ela gostou de você. Só não comigo – ela sorriu – os olhos dela não conseguem ver ninguém além de Nathan – ela tornou a fitar o marido com um olhar sonhador - Oh! Gigi me mandou uma mensagem, está saindo de casa para pegar Anne. Acho que mais meia hora estão aqui. Vamos dar uma geral nas coisas, Nate? Jeff, fique à vontade, a casa é sua.
Na cozinha, ao ficar a sós com Nathan, Stana perguntou.

- Você tem algum plano de como contar a história para a minha mãe? Sabe o que vai dizer? Ou vai improvisar na hora?

- Tenho uma ideia de como farei, mas a maioria da conversa vai fluir à medida que as coisas forem sendo reveladas. Não pretendo entrar em detalhes. Irei começar falando de nossa parceria, nossa amizade, essas coisas. Daí, vou dizer que ela tinha razão, que você se tornou uma pessoa melhor depois que se livrou daquele encosto e chegarei ao relacionamento. O casamento deixaremos por último. Quero inclusive apresentar o Jeff como meu irmão antes disso.

- Tudo bem, vamos ver quanto conseguimos evitar de perguntas. E torcer para ela não querer me matar.

- Ah, ela pode ralhar um pouco, mas vai ficar tão feliz que qualquer irritação irá passar logo. Vai ser um ótimo jantar, pode esperar.

- Depois que isso tudo acabar e eu voltar para casa, acho que precisamos começar a pensar em outro assunto importante e que estamos protelando. Nossa carreira e nosso futuro.

- Você está falando da negociação dos nossos contratos?

- Isso. Março está quase acabando, amor.

- Eu sei. Mas temos que focar em meu aniversário. Vamos para Nova York, esqueceu?

- Claro que não! – ela o abraçou dando-lhe um beijinho carinhoso – estou louca para ver o musical da Sara. Será um sucesso, tenho certeza – nesse instante, Jeff entrou na cozinha.

- Pessoal, acho que elas chegaram.

- Hora do show - disse Nathan segurando a mão de Stana enquanto dirigiam-se até a sala. Ela sentou-se ao lado de Jeff, era para manter as aparências da mentira. Nathan caminhou até a porta para recebe-las. Anne obviamente foi a primeira a entrar e agarrar o tio querendo um abraço. Nathan a ergueu do chão apertando-a calorosamente em seus braços e dando-lhe um beijo na bochecha. Em seguida, colocou-a no chão e voltou sua atenção para Gigi e a sogra.

- Como vai Gigi?

- Estou bem, Nathan – ele deu um beijo na cunhada. Esticando a mão, tomou a de Rada na sua levando aos lábios – seja bem-vinda, dona Rada. É um prazer recebe-la na minha casa.

- Engraçado, pensei que era uma locação – certo, ele mereceu essa.

- Vamos entrando, fiquem à vontade. Stana e Jeff estão na sala. Aceitam algo para beber? Vinho, refrigerante, agua? Tem cerveja se preferir. Mas eu recomendaria o vinho.

- Eu aceito – disse Gigi.

- É acredito que uma taça não fará mal – disse Rada. Eles chegaram até a sala e encontraram Stana e Jeff conversando lado a lado, a mãe deu uma olhada critica na cena. Não falou nada. Gigi cumprimentou Jeff como se fossem amigos. Ele se levantou para falar com sua sogra.

- Dona Rada, é um prazer revê-la – cumprimentou-a apertando-lhe a mão e beijando a bochecha.

- É ótimo vê-lo, Jeff – ela se sentou ao lado da filha. Stana beijou a mãe, sorrindo. Resiliência, Nathan observou. Definitivamente uma característica de Stana. Todos extremamente educados com exceção de Anne que se agarrou na tia como sempre fazia. Nathan voltou com as taças de vinho, alguns aperitivos e um refrigerante para a pequena. Sentou-se de frente para Stana. Estava pensado em como começaria a tal conversa. Felizmente, dona Rada deu a oportunidade perfeita para eles.

 - Adorei sua casa, Nathan. Não tinha reparado bem no outro dia.

- A senhora já esteve aqui antes? – perguntou Jeff.

- Ah, sim, muito rapidamente. Mas o suficiente para tornar minha visita memorável.

- Mesmo? Como assim?

- Talvez seja melhor perguntar ao seu amigo – Rada disse já provocando olhando para a filha e depois para Nathan. Eles trocaram um olhar que não passou despercebido pela mãe – será que vocês não têm algo para contar para o Jeff?

- Tudo bem, esse foi o motivo do jantar desde o início. Eu iria deixar para depois que saboreássemos o bacalhau, afinal a conversa é longa, porém, diante dos últimos acontecimentos, melhor não adiar nada mais. Dona Rada, a senhora sabe que conheço sua filha há oito anos. Trabalhamos juntos, longas horas por dia, cansaço e tensão em estúdio. Tudo isso nos fez criar um vínculo, uma amizade. Nas nossas três primeiras temporadas, as brincadeiras e os sorrisos nos mantiveram vivos e alegres quanto tudo que desejávamos era a nossa cama para dormir o resto da vida. Então, sua filha voltou a namorar o antigo caso e acabamos nos afastando um pouco. A verdade era que ele não deixava Stana ser ela mesma. Não gostava de mim e nem de ninguém com quem ela trabalhava. Como amigo, eu ficava irritado de ver o quanto ele a privava de estar participando de tudo. Queria poder dizer algo, convence-la que estava fazendo as coisas de maneira errada, porém talvez ela quisesse estar com ele, o amasse de verdade e eu queria que fosse feliz.

- Acho que você é a primeira pessoa que fala exatamente o que eu penso daquele encosto. Devia ter dito o que achava para ela.

- Mãe... menos, por favor – disse Stana.

- Eu quis, mas achei que não era meu direito. Stana sempre foi reservada com relação a sua vida pessoal. Eu respeitei – Stana sorriu diante da própria indireta que o marido dera na sogra - Durante a quarta temporada, ela estava mais distante, porém fomos obrigados a nos aproximar pelo que acontecia na série. E após a gravação de Always as coisas tomaram outro rumo. Passamos a ser o casal da série e sei que isso irritou o namorado. Eu vi eles discutindo uma vez e vi sua filha me defender, brigar feio com o namorado. Acho que foi quando tudo terminou. E de repente, ela voltou a ser quem era. Incrível como uma pessoa é capaz de sugar sua energia de maneira ruim. Com a proximidade de Caskett, a amizade que sentia por sua filha mudou. Não era apenas admiração profissional, coleguismo, ia muito além do pessoal.

Stana podia ver o sorriso no rosto da mãe. Ela estava adorando a confissão de Nathan.

- O problema é que ambos somos extremamente profissionais. Não sabia o que revelar para Stana sem que isso afetasse o nosso dia a dia, mais que isso tive medo que ela me dissesse que eu estava misturando as coisas, fazendo tempestade num copo d´água ou querendo viver de ficção. Em vários momentos achei mesmo que estava. Apenas após ficar um tempo longe foi que percebi como sentia falta dela. Não tinha ideia do que ela pensava, quer dizer, eu percebi como ela reagia desde a nossa primeira cena em Always, mas daí a achar que estávamos falando de sentimentos, era um longo caminho. Porém, voltei decidido.

- Então, vieram as filmagens da sexta temporada – era Stana quem falava – a dúvida de Nathan era a minha também. Eu passei o hiatus todo pensando sobre isso. No nosso primeiro dia na sala dos escritores já vimos que algo estava mudado. Nas primeiras cenas, apenas confirmamos que havia uma tensão no ar. Se não conversássemos ou acertássemos nosso ritmo, as coisas iam ficar muito difíceis nessa temporada. Eu fui surpreendida com uma declaração inusitada de Nathan. Eu estive entre a cruz e a espada. Tinha que encarar o que estava acontecendo. Até hoje não sei de onde tirei coragem.

- Nós falamos sobre nossos sentimentos, dos riscos e do que queríamos fazer. Começamos um relacionamento. Devagar. Sentindo o que acontecia. Levamos um mês entre pequenos gestos e de fato consumarmos tudo. Prometemos manter segredo. Seria melhor para todos e para a nossa própria privacidade – disse Nathan. Novamente, alternavam-se contando a história.

- Nosso primeiro encontro se deu através de Trucco e Sandra, os primeiros a saberem do nosso envolvimento além das telas. Foi uma noite especial naquele barco – ela sorria, os olhos eram puro amor – It had to be you. Era a música que tocava. Nunca esqueci – fez questão de olhar para o marido nessa hora.

Rada olhava para os dois boquiaberta. Eles não apenas estavam juntos como não conseguiam disfarçar o quanto gostavam um do outro. Os olhares e os sorrisos diziam tudo. Aquilo que para ela era um projeto, um sonho talvez, era mais que concreto. Era real. A prova estava bem ali a sua frente. Olhou para o lado e viu que Gigi sorria, muito calma. Então, ela sabia esse tempo todo? Quem mais sabia? Ao invés de perguntar, Nathan tornou a falar.

- Amo sua filha com todas as minhas forças. Meu coração é dela. Não sei viver sem esse sorriso ao meu lado, a gargalhada – ele olhou para Stana, o sorriso dizia tudo - Não foi sempre um mar de rosas. Tivemos momentos difíceis. Brigas, separações, o trabalho influenciando e os ciúmes. Não foram poucas as reconciliações, certo Staninha?

- A última, então! Eu que o diga – disse rindo Gigi. Ele aproveitou o momento para dizer quem mais sabia de seu envolvimento.

- Gigi! – repreendeu Stana.

- Além de Gigi, Dara e Chad sabem, foram grandes amigos nos ajudando sempre. Contamos para Terri e Andrew quando deixaram o show no fim da sétima temporada, Anne – nesse momento a vó arregalou os olhos – e claro, Jeff. Que aliás além de meu melhor amigo, é meu irmão. Jeff Fillion.
Dona Rada começava a ter outras reações agora.

- Espere, vocês estão juntos há, o que, quase três anos e continuam com o segredo no ambiente de trabalho, seus irmãos sabem, sua sobrinha sabe e eu não soube disso? Por que?

- É complicado, mãe. Nossa vida, a minha e de Nate, é muito visada. Nossos fãs, a mídia, mesmo no ambiente de trabalho. Já pensou os comentários de cada convidado de Castle? Nossa vida viraria um inferno! Por causa do segredo foi que conseguimos ficar juntos esses anos. É difícil escapulir em entrevistas, em eventos. Não podemos frequentar lugares públicos. Nossa vida resume-se a viagens e a essa casa. Los Angeles é quase um campo minado para nós dois.

- Não foi isso que perguntei. Quero saber por que você optou por não contar para mim? Eu sempre sonhei com a sua felicidade, gosto de seu costar, dizia que vocês combinavam dentro e fora da tela... você não tem ideia de como estou feliz ao ouvir a história, a declaração de vocês. Vai além do que sonhei. Como disse, mãe não se engana. Mas por que esconder de mim?

- Mãe, não se trata de esconder. Sabia da sua vontade de me ver namorando, mas era arriscado. Tinha medo que na sua empolgação acabasse dando com a língua nos dentes.

- Stana, eu sou sua mãe! Você contou para uma menina de oito anos!

- Tive que contar porque queria ter minha afilhada por perto e ela é louca pelo Nate e ele por Anne. Não podia priva-los dessa relação.

- E Anne é boa nisso. Enganou a vovó direitinho.

- Isso é verdade, temos outra atriz na família – disse Gigi.

- Dona Rada, se serve de consolo, eu também descobri há pouco tempo, aliás se não fossem as circunstâncias acredito que estaria no escuro até hoje. O que teria sido uma pena e um atraso na minha própria vida – ele trocou um olhar com Gigi - Nathan não contou para ninguém em nossa família. Eles levam esse lance do segredo bem a sério.

- Mãe, não se trata de confiança. É claro que confio na senhora, mas controlar nossas vidas em LA já é complicado o bastante que dirá ter que me preocupar com o Canadá. Diz que a senhora me entende, por favor. Não quero que pense mal de nós. Estávamos apenas protegendo nosso relacionamento, só que quando a senhora chegou em Los Angeles fazendo tantas perguntas, insinuações, eu e Nate sabíamos que não aguentaríamos a pressão. Acabaríamos entregando o jogo, cometendo deslizes. O que aconteceu. Tentamos inventar mentiras e isso apenas piorou as coisas. Jeff ficou em maus lençóis, Gigi ficou em situação difícil. Tudo estava indo por agua abaixo. Por isso resolvemos lhe contar, satisfazer sua curiosidade, ainda que a senhora tenha sido mais rápida que nós ao me seguir até aqui.

- Foi só por isso que decidiram me contar? Por que a peguei no flagra?

- Não, quando Nate a convidou para jantar aqui era esse o propósito.

De repente, a mãe abriu um sorriso. Sua filha estava em um relacionamento de quase três anos com um homem maravilhoso e estava feliz. Ela não poderia seguir sem dar um abraço e um beijo nos dois. Rada levantou-se e foi até a filha, abraçou-a com força.

- Ah, minha menina, apesar de tudo fico aliviada por saber que está feliz. E com um belo homem como esse? O que mais uma mãe pode querer?

- Tantas coisas... – murmurou Gigi. O comentário não passou desapercebido por Stana que chutou a irmã quando Rada se dirigia para a abraçar Nathan.

- Então vocês não eram tão cegos assim... ainda bem!

- Não fique com raiva de nós especialmente de sua filha, dona Rada. Eu quis dizer cada palavra que falei sobre ela para a senhora. E quanto aos beijos, não são bons, são fantásticos – a sogra riu – tem mais uma coisa... – ele tornou a olhar para Stana, ela veio ao seu encontro. Entrelaçou sua mão na dele, beijou-o nos lábios – finalmente posso beija-la! E tê-la de volta em nossa casa – viu que Rada franziu o cenho.

- Sim, mãe. Eu não moro com Gigi faz tempo. Voltei para minha antiga casa apenas para manter o disfarce.

- Vocês planejaram tudo, não?

- Nem tudo, dona Rada, nem tudo. Jeff que o diga! – eles riram – achei que a senhora ia detona-lo e a pobre da Gigi passou por poucas e boas. Nem sei o que faria sem minha irmã. E meu docinho que sempre me ajudou, né Anne?

- Sim, tia. Porque Anne ama muito o tio e a tia – a vó não resistiu e apertou a menina em um abraço dando-lhe um beijo estalado no rosto.

- Você inventou de fazer aquele bolo só para evitar que a vovó ficasse perguntando as coisas da sua tia?

- Também, mas Anne realmente gostou de fazer o bolo com a vovó.

- E a senhora também deve desculpas a Gigi. Sei que até bateu nela por causa dessa confusão. E a propósito, ela não estava mentindo, mãe.

- Stana! – e Gigi retribuiu o chute que havia levado.  

- Ué! Não é para contar?

- Contar o que? – perguntou a mãe. Stana olhava para a irmã, Gigi deu de ombros.

- Tudo bem – ela entrelaçou os dedos nos de Jeff – mãe, ainda não sei porque não quis acreditar em mim, mas eu e Jeff somos namorados. Parabéns, a senhora ganhou dois belos Fillions para a família.

- Gigi... então... você estava falando a verdade? Sobre estar apaixonada? Oh, filha... vem aqui – ela deu um abraço em Gigi, o comentário da mãe não passou desapercebido a Jeff. Isso apenas o fez sorrir ainda mais – desculpe! Estou tão feliz! E você também, Jeff. Quero um abraço – ela abraçou o novo genro e tornou a beijar a filha – minhas duas meninas felizes e bem. Nossa! Quantas revelações para uma única noite. Não paro de ser surpreendida.

- Era o que a senhora queria quando veio a Los Angeles, não? – disse Gigi. 

- E agora, você conta ou eu conto? – Nathan perguntou.

- Melhor você contar, babe – disse Stana. Eles trocaram um olhar e enfiaram as mãos nos bolsos. Ela deu a mão esquerda para Nathan que colocou a aliança de volta ao dedo. Ela fez o mesmo com ele. Rada olhava para os dois, confusa.

- Espera, vocês... Nathan, você vai pedir minha filha em casamento? – Gigi não aguentou e gargalhou.

- Queria ter um balde de pipoca agora – cochichou pra Jeff.

- Na verdade, dona Rada, nós estamos casados a mais de um ano.


- Vocês, o que?        

Continua...

10 comentários:

justsmile disse...

Ixi, acho que dona Rada nao vai gostar muito nao hahaha
Ela é uma comedia....
Espero que aceite bem a situação (algum momento ela vai ter que aceitar)
Continua logo flor, ta muito boa a fic *-*

Unknown disse...

muitoooooooooo Bom hahaha, amei o rumo da conversa .
ansiosa pelo proximo !!!
xoxo
Martha

CYBERBULLYING NÃO disse...

Incrível, essa Dona Rada é o máximo!

cleotavares disse...

Eita! Ela agora vai pegar no pé, por conta do casamento e logo vai cobrar netos. Despacha D. Rada pro Canadá, kkkkkkkkkk.

rita disse...

É agora que a coroa vai infartar! Muita coisa de uma vez, ela vai ficar doidinha. Estou amando e louca para ler o próximo capítulo para "ver" a reação dela. Beijos.

Unknown disse...

Amei amei amei...anciosa pelo 74 ja kkk

Unknown disse...

Nathan e Stana coloco dona Rada no seu lugar hahahahaha agora ela vai cobrar os Netos amei amei Ka arrazo como sempre mal posso espera pelo proximo capitulo 😬😬😬😬

Silma disse...

Karen o capítulo 74 POR FAVOR!!!

Silma disse...

Eu já estou com crise de abstinência por capítulo novo!!!

Vanessa disse...

Primeira vez aqui no blog. Espero que ele seja bonzinho hoje... Finalmente voltei a ler... OMG!Quero dar um beijo no Nathan, colocando dona Rada no lugar dela... E posso estar enganada, mas acho que vc se inspirou em mim para fazer a Stana soltar o verbo... AMEI!!! Kah, se tivesse uma divida, ela estaria totalmente paga... Eu quase gritei aqui... SN me representando... Muito bom!