Nota da Autora: Ok, primeiro, muito obrigada pelos comentários! Esse capítulo deu o que falar. É isso que espero de vocês, saber como vai a história! Segundo, dona Rada não fez sucesso com muitas, quero lembrar que ela é uma personagem caricato, exagerado, mesmo porque não conheço a mãe da Stana (e acreditem, eu conheço mães igual a que descrevi!). Terceiro e não menos importante: sei que não vou agradar a todos, nem Jesus conseguiu, mas continuo tentando... espero que gostem do capitulo. Está enorme! E por favor, não fiquem com raiva da escritora porque... bem, vocês verão... Enjoy!
Cap.73
Os dois permaneceram calados. Ainda assustados
com a presença inesperada da mãe de Stana em sua própria casa. Ela se escondia
atrás dele, mantinham as mãos entrelaçadas. Não sabia exatamente como agir a
partir de agora. Esse foi o pior modo para dona Rada descobrir sobre eles.
- Estou esperando uma explicação...
Então, Nathan resolveu falar.
- Como a senhora chegou até aqui? Esse é um set
privado da ABC. Estamos ensaiando uma cena que será gravada hoje à tarde nessa
locação. Pedimos um tempo para entendermos nossas movimentações em cena e
treinar nossos diálogos e movimentos. Ninguém deveria entrar aqui.
- Querido, você é lindo, charmoso e definitivamente
não é burro. Respeite meus cabelos brancos e pare de me enrolar. Por que
insistem na mentira? É por causa de Jeff? Você.. oh, Deus..., Stana? Jeff...Meu
Deus! É o que eu estou pensando? Os dois ao mesmo tempo! Por que não termina
logo com o outro rapaz e fica com quem seu coração deseja?
- Mãe! Não é nada disso! Estamos trabalhando. E
você deu agora para praticar invasão de domicilio. A senhora me seguiu até
aqui? Meu Deus! Nem meus fãs são tão neuróticos – Stana sentou-se nos degraus
da escada. Suas pernas fraquejavam. Nada lhe preparara para aquilo.
- Eu segui você sim, pressentimento de mãe.
Havia alguma coisa errada nessa história, especialmente depois que Nathan falou
do seu beijo. Sabia que não tinha me enganado completamente. Mas estou surpresa
com a sua habilidade de estar em dois relacionamentos ao mesmo tempo. E você,
Nathan? Sabia que estava sendo dividido e está bem com isso? Aposto que não –
Stana enterrava o rosto entre as mãos, nada do que dissesse poderia melhorar a
situação. Ergueu a cabeça e trocou um olhar com Nathan. O marido sabia o quanto
custava para ela manter essas mentiras, porém não admitia certos comportamentos
mesmo vindo de uma senhora, da mãe de sua mulher.
- Dona Rada, com todo o respeito, não admito
que fale assim da sua filha. Stana não é esse tipo de mulher. Não merece nem
que se pense algo tão baixo ao seu respeito. Não irei admitir que a senhora, independentemente
de ser mãe dela ou não, a insulte dessa maneira.
- Nossa! – a mãe se calou por alguns segundos,
perplexa com a reação dele - Você gosta mesmo dela... – a afirmação saiu quase
como um sussurro.
- Por favor... – ele respirou fundo – não me
interrompa. Ainda não terminei. Stana é o ser humano mais doce e puro que
conheço. Incapaz de fazer mal ou ser injusta com alguém. Traidora?
Definitivamente é um adjetivo que não faz parte de sua personalidade e ao
pensar isso de sua própria filha me faz questionar se realmente a senhora a
conhece. Não irei deixa-la insulta-la em minha própria casa. A senhora quer
respostas? Terá suas respostas. Amanhã, durante o jantar.
Rada não pareceu ofendida nem surpresa com a
reação de Nathan. No fundo, ele acabara de confirmar o que ela, como mãe, já
suspeitava há tempos. O amor e a admiração que ele sentia por sua filha.
- Você está dizendo que não conheço minha
filha?
- Estou. Ou pelo menos está demonstrando que
não conhece. Fala de cegueira, mas não consegue enxergar a joia que está a sua
frente. Acredito que esse assunto está encerrado – ele estava chateado, Rada
percebeu – amanhã podemos conversar.
- Amanhã será. Vejo você em casa, Stana. Isso
se voltar para casa hoje – ela encaminhou-se em direção a porta, Stana olhava
apreensiva para Nathan. Não queria magoar a mãe. Mas, ela passara dos limites.
- Mãe... – o tom de voz era forte. Dona Rada se
virou para fita-la – acho que o mínimo que a senhora devia fazer é pedir
desculpas. O que deu na senhora? Não estou lhe reconhecendo. Nem parece minha
mãe! Acusa Gigi de mentirosa, agora eu tenho dois relacionamentos. Que obsessão
é essa de querer me ver com um homem?
- Filha, eu...
- Não! A senhora vai me ouvir agora. Estou
cansada de passar por interrogatórios, ver Gigi ficar de escanteio e sem falar
no jeito ridículo que agiu com Nathan! Fazendo perguntas pessoais, eu... –
Nathan segurou a mão de Stana, queria evitar que ela disse coisas que se
arrependeria.
- Stana, melhor parar... está tudo bem, não
estou ofendido...
- Mas eu estou. O que ela fez foi quase um assédio.
Interferindo na nossa vida. Minha, de Gigi, na nossa intimidade. Isso não é
certo, mesmo sendo minha mãe. Me fez passar vergonha, desrespeitou o ambiente
em que eu trabalho, minha casa, meus amigos. Deus! Ela acabou de chamar você de
burro e eu de safada! Não admito isso! Não sei o que a senhora fez com a minha
mãe, porque definitivamente não reconheço essa mulher. Logo eu que tento ser
mais reservada possível, que pesadelo! E quanto a Gigi, a senhora parece que
sequer lembra que tem outra filha. Na verdade, só sabe critica-la, não gosto de
ver minha irmã triste e no momento, apesar de não querer demonstrar, ela está.
Por sua causa. Seu pressentimento de mãe só funciona comigo? – Stana parou para
recuperar o folego, estava vermelha - A senhora me seguiu como se eu fosse uma
adolescente, uma criança! Essa é a minha vida! Ser minha mãe não lhe dá o
direito de fazer nada disso. Peça desculpas ao Nathan. É o mínimo que deveria
fazer.
- Stana...
- Não, Nathan, ela tem razão. Deixei meu lado
de mãe se sobrepor ao de ser humano. Desculpe, Nathan. Não deveria ter
pressionado nem feito aquelas perguntas. De verdade. Desculpe, e-eu só queria
que vissem o que está diante de vocês. Tem razão, é a sua vida, Stana. Você
deve saber o que é melhor para você. Passei dos limites.
- Passou mesmo... pelo menos reconhece – ele
percebeu que a mão da esposa tremia. Ela estava realmente com raiva.
- Estou de saída. Podem voltar... ao seu
trabalho – dona Rada virou-se para a porta. Sem saber o que fazer, Nathan
olhava a cena. Então, ao ver a esposa sentar-se nos degraus e cobrir o rosto,
foi até ela abraçando-a. Stana tremia. Mil pensamentos rondavam a sua cabeça. Deveria
chama-la? Abrir o jogo de uma vez? Não. Ela e Nathan combinaram que contariam
tudo no jantar. Assim seria.
Rada deixou a casa. Nathan seguiu-a com os
olhos de longe apenas para ter certeza de que ficaram realmente sozinhos. Ele acariciava
os cabelos da esposa com os olhos cheios de lágrimas. Stana colocou a cabeça em
seu ombro e chorou.
Por quase uma hora permaneceram na mesma
posição. Ele não disse uma palavra sequer. Entendia que ela precisava daquele tempo
para deixar as suas emoções se extravasarem. O momento que viveram fora muito
tenso. Ele mesmo se encontrava com os nervos em frangalhos. Talvez suas
palavras tenham despertado o pior sentimento que todos os maridos temem: o ódio
da sogra. Porém, assumia o que fizera e se tivesse que voltar atrás faria tudo
igual outra vez. Ninguém insulta a mulher que ele ama. Absolutamente ninguém.
Stana ergueu a cabeça do ombro dele. Limpou o
rosto molhado de lágrimas.
- Nate, estragamos tudo? Será que fizemos tudo
errado? Meu Deus! Eu nunca me imaginei numa situação como essa.
- Não, a última coisa que quero é vê-la se
culpando pelos devaneios de sua mãe ou pela situação. Nós combinamos que
iriamos esperar até o jantar. Nosso plano continua o mesmo.
- E se ela te odiar? Se eu acabei de magoa-la?
- Se ela me odiar, lidarei com isso. Quando a
você magoa-la, amor, você não é capaz disso. Se ela não compreender nossos
motivos, então teremos que conviver com isso. Não ia deixar ela te difamar na
minha frente principalmente porque eu a conheço muito bem. Eu sou casado com
você, não com ela. Se você está feliz, me basta. Em uma coisa você está certa,
essa é a nossa vida. Nós a definimos – ele beijou a testa dela - Que tal
esquecermos isso por um dia, umas horas? Amanhã tiraremos esse peso de nossas
costas. Viemos aqui por um motivo especifico. Esse é o nosso momento.
Precisamos aproveitar. Se quiser ficar a noite aqui, não vou reclamar. Só
depende de você, amor.
Ela olhou para o homem a seu lado. Sorriu. Após
um longo suspiro, ela se levantou estendendo a mão para Nathan.
- Eu não mereço você. Vamos para o quarto
preciso deitar por alguns instantes.
- Quer um pouco de vinho para relaxar?
- Vou aceitar. Estou precisando mesmo, não
demore para subir – ele seguiu para a cozinha a fim de pegar as bebidas. Stana
caminhava em direção ao quarto. Foi direto para o closet. Tirou o casaco, a
roupa de trabalho que vestia e colocou uma camiseta dele de super-herói.
Penteou os cabelos e voltou para a cama. Afastou as cobertas e enfiou-se
debaixo delas. Ajeitou os travesseiros e suspirou. Era bom estar de volta em
sua própria cama. Queria deitar-se, porém sabia que quando Nate voltasse iria
se levantar para beber o vinho. Resolveu esperar.
Nathan surgiu com duas taças de vinho tinto.
Entregou uma para Stana e sorriu ao ver o quanto ela já estava bem acomodada na
cama deles. Gostou de vê-la vestida com sua camisa do lanterna verde. Deixou a
taça sobre a cabeceira da cama e resolveu tirar a própria roupa. Livrou-se da
calça e da camisa social. Sumiu no closet retornando com o pijama.
Encostou sua taça na dela como um pequeno
brinde e bebeu o primeiro gole. Dirigiu-se para seu lado da cama. Sentou-se ao
lado dela cobrindo-se com o edredom imitando-a.
- O vinho está bom?
- Está. Obrigada – ela tomou mais um pouco da
bebida e colocou o copo sobre a cabeceira novamente. Viu Nathan virar todo o
conteúdo da taça deixando o copo no mesmo lugar de antes – amor, você se
importa se apenas ficarmos deitados aqui? Eu só preciso descansar um pouco –
ele se ajeitou ao lado dela dando exatamente o que Stana procurava. O conforto
de seu abraço. Ela deitou-se sobre o peito dele e suspirou. Ela ainda estava
afetada por ter causado a discussão. Stana não costumava fazer isso. Era
resiliente até demais em diversos assuntos. Para falar aquilo para mãe era
porque já tinha atingido seu limite. Mesmo assim, era quase nada perto do que
ela fora exposta nesse período. Ele suspirou. Tentaria esquecer o ocorrido por
algumas horas. Sua maior preocupação era saber se ela ficaria bem. Fechou os
olhos abraçando-a com mais força. Naquele instante, o tempo parou. Eram eles
novamente. Nathan e Stana, casados, felizes, vivendo juntos, amando um ao
outro. Ele acariciava os cabelos dela. Procurava oferecer-lhe todo o carinho
que podia.
Esse encontro não estava saindo nem perto do
que planejaram, porém não tornava o momento menos especial. Deitar-se outra vez
com ela em sua cama, era um gesto tão pequeno e tão importante que fazia seu
coração encher-se de alegria.
Percebeu quando a respiração dela tornou-se
pesada, ao checar viu que ela adormecera em seu peito. Sorrindo, decidiu fazer
o mesmo. Teriam todo o tempo do mundo para ficarem juntos e aproveitarem a vida
de casados. Umas horas ou uns dias a mais não fariam tanta diferença quando se
é guiado pelo sentimento do amor e da cumplicidade. Adormeceu.
Três horas depois, Stana desperta de seu sono.
Ao perceber que ele dormia, sorriu. Olha só para eles. Estavam ávidos por fazer
amor, perder-se em beijos e caricias. Acabaram dormindo um nos braços do outro.
Que dia! O cochilo a ajudou a se acalmar, tudo o que queria agora era carinho. Ela
beijou-lhe o peito. Ficou fazendo uma trilha de beijinhos até o pescoço dele,
bem no pomo de adão. Percebeu que ele acordara e estava gostando do carinho.
Sentiu a mão dele vagar por suas costas. Sem abrir os olhos, ele perguntou.
- Se sente melhor?
- Sim, bem melhor. Eu quero aproveitar e curtir
meu marido. Se ele estiver a fim.
- Alguma vez não estive, Staninha? – ela riu.
Nathan a puxou para mais perto e sorveu-lhe os lábios apaixonadamente. A partir
daquele momento, eles realmente começaram a executar o plano que haviam
combinado anteriormente. Fazer amor, unirem-se e simplesmente perderem-se um no
outro.
Horas depois, eles decidiram que deviam comer
alguma coisa. Preguiçosos, desceram para a cozinha. Nathan havia comprado
algumas coisas na noite anterior já pensando no jantar de sábado e na sexta que
passariam juntos. Decidiu por servir chinesa, ligou para o restaurante. Noodles
e rolinhos fariam bem. Afinal depois do esforço, eles precisariam de
carboidratos para se recuperarem.
Comeram juntos desfrutando dos momentos de
casal outra vez. Era incrível como essas coisas tão banais, tão diárias acabam
se tornando muito importantes. Com o seu hashi, Stana remexia e roubava certos
pedaços de vegetais ou carne da caixinha dele fazendo Nathan sorrir diante do
ato de intimidade. Ainda não havia comentado sobre o que ela queria fazer em
relação ao fim da sexta e ao jantar de sábado.
- Amor, você vai dormir aqui hoje?
- Estou pensando sobre isso. Se ficar aqui,
terei que encarar a minha mãe apenas amanhã. Se for para casa, só iria bem
tarde para não correr o risco de encontrá-la acordada.
- A escolha é sua. Não irei reclamar se ficar.
Aliás, eu espero que amanhã depois do jantar você não volte para a sua antiga
casa com sua irmã. Pode pegar suas coisas depois. Chega de ficarmos separados.
- Tenho algumas horas para pensar sobre isso.
Você quer ajuda com o jantar de amanhã?
- Eu encomendei um bacalhau, o que comprei são
para os aperitivos, uma salada, nada demais.
- E a sobremesa? E Anne? Acho que ela não come
bacalhau.
- Pedi um prato infantil de peixe com batatas
fritas e claro que a tia dela irá obriga-la a comer salada. Quanto a sobremesa,
comprei uma torta gelada de chocolate e avelãs.
- Você pensou em tudo mesmo – ela inclinou-se
para beija-lo – que homem eficiente! Só por conta disso, acho que merece um
carinho especial – ela começou a beijar o pescoço dele, passando as mãos por
debaixo da camisa do pijama tocando o peito, as costas. Usou a unha para
provoca-lo deixando várias marquinhas na pele. Ele retribuiu o beijo afastando
o cabelo de perto do ombro de Stana. Quando viu a marca do que parecia um
chupão.
- O que foi? Eu fiz isso, Staninha?
- O que?
- Tem uma marca de chupão aqui...
- Oh, Deus! Foi de ontem quando você me agarrou
no armário. Minha mãe fez um escândalo durante o jantar! Claro que até ontem
ela pensava ter sido Jeff. Agora tenho certeza que vai atribui-lo ao verdadeiro
culpado – Nathan começou a rir – hey! Não ria! Foi bem complicado ver sua própria
mãe lhe dando conselhos para ser mais discreta com o seu namoro. Isso porque
ela insinuou que podia ter acontecido no set de Castle.
- E ela não deixa de ter razão. O que a Lizbeth
diria se visse?
- Certamente comentaria, mas Lisa é discreta. E
eu teria disfarçado antes de ir para o estúdio. O problema é que eu nem notei
antes. Foi a mamãe quem viu. Tudo bem, chega de falar sobre isso. Onde
estávamos mesmo? – ela disse puxando-o pela mão até o meio da sala. Deu-lhe um
novo beijo e tornou a colocar suas mãos sobre a camisa dele – ah! Acho que já
me lembrei – ela deslizava a mão pelas costas dele em direção a um único lugar.
Enfiou-as dentro da calça de moletom que ele usava sem quebrar o olhar com o
dele. Ao tocar no bumbum, sorriu – ahá! Acho que fizemos contato – ela disse ao
beliscar ambas as bochechas do traseiro dele.
- Sua tarada! – o jeito como ele a olhou e
disse as palavras a fez gargalhar. A diversão estava apenas começando.
Rada estava na cozinha preparando o jantar.
Durante aquela tarde, ela parara por uns instantes para pensar nas palavras de
Stana. Não estava com raiva da filha, na verdade, uma certa vergonha a tomou.
Stana tinha razão em muitas coisas. Extrapolara limites e negligenciara os
desejos das filhas. Não sabia porque agira como uma desesperada. A última coisa
que queria quando veio a Los Angeles era estragar a relação com as filhas. Seu
papel de mãe acabou, contudo, complicando as coisas. Mesmo estando diante da
maior revelação que podia fazer, seu coração sentia que tirara um pouco do
brilho da descoberta. Odiou o que viu no olhar de Stana. E ainda tinha Gigi. Precisava
tentar consertar as coisas.
Quando Gigi chegou em casa naquela sexta
extremamente cansada, encontrou a mãe cantarolando na cozinha. A irmã não
estava em casa. Se bem que fazia uma ideia de onde Stana havia se metido. Mas,
por que dona Rada estava tão animada? Ao ver a filha chegar, foi ao seu
encontro.
- Boa noite, Gigi! – deu-lhe um beijo – está
com fome? Fiz um jantarzinho especial somente para nós duas. Sua irmã se
aparecer será de madrugada. Deve estar trabalhando muito... – a forma como a
mãe disse aquelas palavras demonstrou que havia algo estranho no ar, ela foi
quase sarcástica.
- Por que diz isso? Ela ligou avisando?
- Não, mas saiu cedo para trabalhar, tinha
muitas cenas para gravar com o Nathan. Muitas.
- Certo – desconfiada, Gigi perguntou – mãe,
aconteceu alguma coisa?
- Não, Gigi! Está tudo ótimo. Excelente! Aliás,
não podia estar melhor.
- Ela mencionou se ia sair com o Jeff hoje?
- Não, mas acredito que não terá tempo com o
trabalho entrando pela madrugada. Venha, sente-se! Vamos jantar. Como foi seu
dia?
- Cansativo – disse Gigi sentando a mesa e
encucada com o jeito da mãe. Não tinha dúvidas que algo realmente acontecera.
Teria que descobrir o que, se não arrancasse da mãe, precisaria falar com a
irmã.
- Vou servir você. O projeto com seus
investidores, está indo bem?
- Se com essa pergunta a senhora quer saber se
estou namorando algum deles, a resposta é não.
- Que isso, Gigi! Sei que você não está com
nenhum deles, só gostaria de entender como vai sua vida, seus projetos. Acho
que posso querer saber se está tudo bem - ela franziu o cenho – aliás, já disse
para vocês, conheço muito bem as filhas que tenho. Eu nunca me engano. Não
adianta querer me esconder as coisas ou me enganar. Vocês deveriam saber que
mãe tem sexto sentido – ok, isso estava ficando muito estranho – quer vinho,
filha? Vai ajudá-la a relaxar.
- Tudo bem – e ficava mais estranho - Amanhã é
o jantar na casa do Nathan? Aposto que está animada. É por isso que está com
esse sorriso no rosto, dona Rada? Por que vai ter a chance de implicar um pouco
mais com a Stana? Sei que está doida para encurralar Nathan, nem adianta fingir
que não.
- Ah, filha, eu estou realmente animada. Mas o
óbvio se mostra sozinho. Ele já havia se enrolado na minha visita no set. É
tudo uma questão de tempo.
- A senhora está muito confiante. Tenha
cuidado, Jeff estará lá também.
- Eu sei. Mas não é comigo que Jeff precisa se
preocupar, é com seu melhor amigo. Tadinho dele, ou ele confia muito no amigo
ou ele é cegamente apaixonado por Stana, o que nesse caso só irá piorar as
coisas para o lado dele.
- Mãe, quer ser mais clara? Não entendi nada do
que disse. Por que Jeff tem que se preocupar com Nathan?
- Digamos que Jeff não está entendendo seu
papel nisso tudo – Gigi estava oficialmente perdida. Ou isso era jogada da mãe
para tentar faze-la falar ou a mãe desconfiava ou sabia de algo que ela não
estava conseguindo captar. Onde andava Stana?
- Não gosto desses mistérios, dona Rada.
- Não se preocupe. Estou certa que teremos
respostas amanhã. Vamos parar de falar de Stana. A noite é nossa. Minha e sua.
Percebi que não tenho sido muito justa com você ultimamente. Coma seu jantar,
Gigi e me conte sobre esse seu novo projeto – mesmo desconfiada, ela acabou
engatilhando uma conversa com a mãe que se tornou muito prazerosa. Fazia tempo
que não se sentia assim, relaxada, falando de coisas triviais com sua mãe. Pelo
menos desde que essa história do segredo começara. Entre os assuntos, acabaram
tocando na visita e dona Rada deixou escapar um desabafo.
- O papel de mãe é complicado. Chegamos a ficar
cegas com certas coisas. Você e sua irmã ainda não são mães, porém um dia irão
entender o que hoje parece estranho ou exagero. E posso lhe contar um segredo,
Gigi? Vocês duas serão mães bem melhores que eu. Posso ver apenas pela relação
de cumplicidade entre irmãs. Especialmente Stana, ela não se deu conta de que
já está pronta há muito tempo – Gigi viu que as lágrimas escorriam na face da
mãe.
- Hey, mãe... está tudo bem. Por que está
chorando? A Stana vai lhe dar netos, eu sei que vai. Já eu não posso garantir,
mas prometo que vou cuidar da senhora até quando estiver bem velhinha. Só tem
que prometer que não vai me bater com a bengala – isso fez a mãe sorrir. Era
sempre assim. Gigi tinha o dom de faze-la rir.
- Oh, filha! Perdoe sua mãe, ela não faz por
mal. Você é tão maravilhosa, Kristina...
Ela não sabia o que havia feito, mas a mãe
estava realmente emocionada.
- Está tudo bem. Nem sei porque está me pedindo
perdão... volim te, mama...
- Volim te, Gigi... – Rada respirou fundo e
abriu um sorriso beijando a menina na bochecha - No fundo, tudo o que queremos
é a felicidade dos filhos – definitivamente algo acontecera, pensou Gigi.
Depois do jantar, dona Rada ofereceu doce a
filha que agradeceu recusando. Gigi se recolheu alegando estar com muito sono. A
mãe a abraçou e beijou-a, disse que a amava e desejou uma boa noite.
Assim que se trancou no quarto, porém, ligou
para a irmã. Infelizmente, a ligação caíra na caixa postal. Frustrada, ela
mandou uma mensagem para Jeff perguntando se Nathan havia confirmado com ele o
jantar de amanhã e se ele tinha falado com o irmão. A resposta de Jeff foi
negativa para a segunda pergunta. Isso apenas aumentou a curiosidade e aflição
de Gigi. Sabia que a irmã dissera que ia tirar um dia para o marido, mas a
pergunta era se ela fora realmente trabalhar e depois voltara para casa ou
estava com ele desde cedo?
- Droga, Sis! Custava atender o celular?
Stana realmente voltou para casa. Era quase uma
da manhã. Sem fazer grandes barulhos, ela seguiu diretamente para o seu quarto.
Ao acender a luz, deu de cara com Gigi cochilando em sua cama. Ela acordou
assim que o local foi iluminado.
- Deus! Gigi, você quer me matar de susto?
- Não tanto quanto você quer me matar de
preocupação. Onde você esteve? Mamãe veio com umas frases enigmáticas sobre
você estar trabalhando muito, falou algumas coisas sobre o Jeff. O jantar do
Nathan. Fiquei na dúvida se ela estava me testando ou... – Stana fez sinal para
que ela parasse de falar.
- Sis, sente-se...
- Aí, Deus... o que aconteceu? Você brigou com
Nathan? Ou com a mamãe hoje de manhã? – Stana sentou-se ao lado da irmã e pegou
sua mão.
- Aconteceu uma coisa.
- Você descobriu que está grávida? – a cara de
espanto de Gigi ao perguntar isso, fez Stana franzir a testa e balançar a
cabeça negando.
- Claro que não! Você sabe que estou fazendo
tratamento hormonal ainda. A mamãe me seguiu. Tantos dias para ela escolher
fazer isso e ela foi brincar de detetive exatamente no dia que eu resolvo não
trabalhar e passar uma tarde com meu marido!
- Espera, você está dizendo que...
- Mamãe nos pegou no flagra, sis. Eu e Nathan
aos beijos na escada de casa – o rosto de Gigi revelava todo o susto e a reação
que a própria Stana talvez tivesse tido quando tudo aconteceu. Ela até
empalideceu.
- Mas...isso..., mas... o que vocês?
- Nathan tentou enrolar, eu me perdi. Ela tirou
suas conclusões e acha que eu estou namorando os dois ao mesmo tempo. Nathan
não quis comentar sobre o nosso relacionamento, pediu que esperasse o jantar.
- Meu Deus! Isso é pior do que eu pensava!
Então, ela não estava especulando. Nathan vai falar com Jeff, certo? Alerta-lo
disso? Quer dizer, como deveremos agir amanhã?
- Eu não aguentei. Falei algumas para ela. Sei
que deve estar com raiva de mim. Ela passou dos limites, sis. Deus! Que
pesadelo!
- Agora entendo aquele papo de mãe. Você falou
algo sobre mim?
- Falei. Ela interferiu nas nossas vidas, te
colocou de escanteio.
- Sis, deixa para lá. Eu estou bem. Não preciso
dos devaneios de dona Rada.
- Não se preocupe com Jeff. Nate vai falar com
o irmão. Não podemos mais enrolar. Teremos que contar antes mesmo do jantar. Eu
vou pedir um favor seu. Você irá levar a mamãe e a Anne para a minha casa. Para
todos os efeitos, eu chegarei lá antes e com Jeff. Depois, que vocês chegarem,
sentamos todos juntos e explicamos o que aconteceu. Não quero mamãe fazendo
Jeff e Nathan de trouxas, insinuando ou querendo provocar uma briga que não
existe. Ela receberá a verdade que tanto quis de uma vez. Cansei, sis.
- Tem ideia de como ela vai reagir?
- Não. Espero que bem, afinal não era o que ela
queria? Nathan não é o tão sonhado genro?
- Acho que ela vai se chatear quando souber que
você fez tudo às escondidas.
- Aguentaremos as consequências e claro que
iremos revelar quem é Jeff e seu relacionamento também. É torcer para que acabe
tudo bem.
- Ou vamos apanhar.... como nos velhos tempos
quando roubávamos mangas da casa do Charlie.
- Nem me lembra disso, nem quero pensar naquele
cinturão! – ela sorriu – vá dormir, sis. O dia amanhã promete grandes emoções.
Stana ainda demorou para dormir naquela noite,
não por medo de revelar seu segredo, mas de ansiedade. Agora que tudo estava
prestes a acontecer, ela queria se livrar do peso o quanto antes.
Na manhã seguinte, Stana saiu cedo antes da mãe
acordar. Pegou sua bicicleta e pedalou até a praia de Santa Monica. A verdade
era que quanto menos tempo passasse perto da mãe melhor. Não queria correr o
risco de se sentir pressionada e acabar falando o que não devia. Já se
descontrolara demais considerando sua personalidade. Deixou a bicicleta de lado
em uma das áreas destinadas a isso.
Tomou um pouco de sol fazendo uma bela
caminhada pelo calçadão que ligava o píer a Venice Beach. Na volta, comprou um
suco detox e parou por alguns instantes na doca onde, anos atrás, filmara o episódio
de Los Angeles de Castle. Fora um dos especiais. Era quase a mesma época de
agora. Próximo do aniversário de Nathan quando começaram a gravar. As cenas da
praia ocorreram exatamente no dia 27. Ela encomendara um bolo para comemorarem
junto com a equipe.
Naquela época, eles ainda não estavam juntos,
eram apenas amigos. Mas Stana já era apaixonada por ele. Recordava-se do abraço
caloroso que ele lhe dera ao agradecer pela surpresa. Um beijo no pescoço que a
fez arrepiar. Suspirou sorrindo. Pegou a aliança que sempre trazia consigo e
ficou admirando seus nomes gravados para sempre ali, com a palavra que mais
representava sua vida juntos. Por mais que fosse uma lembrança feliz, isso
trouxe um outro pensamento a sua mente.
Seu futuro.
Ela não estava gostando do rumo que os scripts
estavam tomando. Cada vez mais Caskett tinha menos tempo em cena. A verdade é
que desde a saída de Terri e Marlowe, Castle deixou de ter o mesmo ritmo. É
verdade que na última negociação, ela deixara alguns pontos em aberto como a
necessidade de menos horas, de viagens e vinha sendo atendida. Sabia que a
própria rede não gostara de suas negociações no ano passado. A mudança da
presidente da ABC apenas veio piorar as coisas. Isso fazia Stana pensar se já
não era a hora de revelar seu desejo de encerrar essa fase de sua vida. Queria
começar outra. Nada contra Kate Beckett, amava sua personagem com todo o
coração. Estava falando de mudança pessoal. Esse assunto, ela iria discutir com
Nathan. Tão logo a mãe fosse embora e ela tivesse a resposta de seu tratamento.
Ao checar o relógio, viu que passava das duas
da tarde. Optou por comer uma salada em um restaurante que conhecia ali perto e
voltar para casa. Um grande jantar a esperava.
Retornou para casa as três. Gigi estava na
cozinha com a mãe conversando. Ao verem Stana chegar, quase que a bombardearam
de perguntas, porém, ela nem esperou terminarem calando-os falando que fora
fazer exercícios e que ia se arrumar para encontrar com Jeff e seguir para o
jantar mais tarde.
- E quanto a nós?
- Gigi irá levar a senhora e Anne. Não se
preocupe. Nós nos veremos lá no horário combinado – sem estender a conversa,
Stana seguiu para o quarto. Duas horas depois, apareceu usando um vestido azul
clássico colado no corpo com comprimento até a altura do joelho, um scarpan da
mesma cor e os cabelos soltos. Uma leve maquiagem completava o conjunto além de
uma bolsa pequena onde estavam o celular, sua aliança e a chave do carro –
estou saindo. Não demore tanto, Gigi.
Ao chegar na casa de Nathan, obviamente Jeff já
estava lá. Ele cumprimentou a cunhada e deu um pouco de privacidade para o
casal se cumprimentar também. Quinze minutos depois, estavam todos reunidos na
sala.
- Então quer dizer que eu tenho um par de
chifres imaginário na minha cabeça?
- Aí, Jeff. Eu sinto muito por isso, mas tudo
acaba hoje. Chega de vivermos inventando desculpas para a minha mãe.
- Depois do flagra que Nathan me contou não
restava muita alternativa.
- Sim, mas já havíamos decidido contar no
jantar, apenas tivemos que mudar nossa estratégia. Assim que elas chegarem,
servimos bebidas e abrimos o jogo. Será melhor assim, eu espero.
- Também acredito que será, Stana. Sua mãe
gosta muito do Nate.
- E parece que gostou de você também. Vai
aprovar seu relacionamento com Gigi, tenho certeza.
- Assim espero. Seria muito frustrante se ela
não gostar de mim. Sei que me tratou bem naquele dia, mas podia ter sido apenas
por educação ou para descobrir o que você escondia.
- Não Jeff, ela gostou de você. Só não comigo –
ela sorriu – os olhos dela não conseguem ver ninguém além de Nathan – ela
tornou a fitar o marido com um olhar sonhador - Oh! Gigi me mandou uma
mensagem, está saindo de casa para pegar Anne. Acho que mais meia hora estão
aqui. Vamos dar uma geral nas coisas, Nate? Jeff, fique à vontade, a casa é
sua.
Na cozinha, ao ficar a sós com Nathan, Stana
perguntou.
- Você tem algum plano de como contar a
história para a minha mãe? Sabe o que vai dizer? Ou vai improvisar na hora?
- Tenho uma ideia de como farei, mas a maioria
da conversa vai fluir à medida que as coisas forem sendo reveladas. Não
pretendo entrar em detalhes. Irei começar falando de nossa parceria, nossa
amizade, essas coisas. Daí, vou dizer que ela tinha razão, que você se tornou
uma pessoa melhor depois que se livrou daquele encosto e chegarei ao
relacionamento. O casamento deixaremos por último. Quero inclusive apresentar o
Jeff como meu irmão antes disso.
- Tudo bem, vamos ver quanto conseguimos evitar
de perguntas. E torcer para ela não querer me matar.
- Ah, ela pode ralhar um pouco, mas vai ficar
tão feliz que qualquer irritação irá passar logo. Vai ser um ótimo jantar, pode
esperar.
- Depois que isso tudo acabar e eu voltar para
casa, acho que precisamos começar a pensar em outro assunto importante e que
estamos protelando. Nossa carreira e nosso futuro.
- Você está falando da negociação dos nossos
contratos?
- Isso. Março está quase acabando, amor.
- Eu sei. Mas temos que focar em meu
aniversário. Vamos para Nova York, esqueceu?
- Claro que não! – ela o abraçou dando-lhe um beijinho
carinhoso – estou louca para ver o musical da Sara. Será um sucesso, tenho
certeza – nesse instante, Jeff entrou na cozinha.
- Pessoal, acho que elas chegaram.
- Hora do show - disse Nathan segurando a mão
de Stana enquanto dirigiam-se até a sala. Ela sentou-se ao lado de Jeff, era
para manter as aparências da mentira. Nathan caminhou até a porta para
recebe-las. Anne obviamente foi a primeira a entrar e agarrar o tio querendo um
abraço. Nathan a ergueu do chão apertando-a calorosamente em seus braços e
dando-lhe um beijo na bochecha. Em seguida, colocou-a no chão e voltou sua
atenção para Gigi e a sogra.
- Como vai Gigi?
- Estou bem, Nathan – ele deu um beijo na
cunhada. Esticando a mão, tomou a de Rada na sua levando aos lábios – seja
bem-vinda, dona Rada. É um prazer recebe-la na minha casa.
- Engraçado, pensei que era uma locação –
certo, ele mereceu essa.
- Vamos entrando, fiquem à vontade. Stana e
Jeff estão na sala. Aceitam algo para beber? Vinho, refrigerante, agua? Tem
cerveja se preferir. Mas eu recomendaria o vinho.
- Eu aceito – disse Gigi.
- É acredito que uma taça não fará mal – disse
Rada. Eles chegaram até a sala e encontraram Stana e Jeff conversando lado a
lado, a mãe deu uma olhada critica na cena. Não falou nada. Gigi cumprimentou
Jeff como se fossem amigos. Ele se levantou para falar com sua sogra.
- Dona Rada, é um prazer revê-la –
cumprimentou-a apertando-lhe a mão e beijando a bochecha.
- É ótimo vê-lo, Jeff – ela se sentou ao lado
da filha. Stana beijou a mãe, sorrindo. Resiliência, Nathan observou. Definitivamente
uma característica de Stana. Todos extremamente educados com exceção de Anne
que se agarrou na tia como sempre fazia. Nathan voltou com as taças de vinho,
alguns aperitivos e um refrigerante para a pequena. Sentou-se de frente para
Stana. Estava pensado em como começaria a tal conversa. Felizmente, dona Rada
deu a oportunidade perfeita para eles.
- Adorei
sua casa, Nathan. Não tinha reparado bem no outro dia.
- A senhora já esteve aqui antes? – perguntou
Jeff.
- Ah, sim, muito rapidamente. Mas o suficiente
para tornar minha visita memorável.
- Mesmo? Como assim?
- Talvez seja melhor perguntar ao seu amigo –
Rada disse já provocando olhando para a filha e depois para Nathan. Eles
trocaram um olhar que não passou despercebido pela mãe – será que vocês não têm
algo para contar para o Jeff?
- Tudo bem, esse foi o motivo do jantar desde o
início. Eu iria deixar para depois que saboreássemos o bacalhau, afinal a
conversa é longa, porém, diante dos últimos acontecimentos, melhor não adiar
nada mais. Dona Rada, a senhora sabe que conheço sua filha há oito anos.
Trabalhamos juntos, longas horas por dia, cansaço e tensão em estúdio. Tudo
isso nos fez criar um vínculo, uma amizade. Nas nossas três primeiras
temporadas, as brincadeiras e os sorrisos nos mantiveram vivos e alegres quanto
tudo que desejávamos era a nossa cama para dormir o resto da vida. Então, sua
filha voltou a namorar o antigo caso e acabamos nos afastando um pouco. A
verdade era que ele não deixava Stana ser ela mesma. Não gostava de mim e nem
de ninguém com quem ela trabalhava. Como amigo, eu ficava irritado de ver o
quanto ele a privava de estar participando de tudo. Queria poder dizer algo,
convence-la que estava fazendo as coisas de maneira errada, porém talvez ela
quisesse estar com ele, o amasse de verdade e eu queria que fosse feliz.
- Acho que você é a primeira pessoa que fala
exatamente o que eu penso daquele encosto. Devia ter dito o que achava para
ela.
- Mãe... menos, por favor – disse Stana.
- Eu quis, mas achei que não era meu direito.
Stana sempre foi reservada com relação a sua vida pessoal. Eu respeitei – Stana
sorriu diante da própria indireta que o marido dera na sogra - Durante a quarta
temporada, ela estava mais distante, porém fomos obrigados a nos aproximar pelo
que acontecia na série. E após a gravação de Always as coisas tomaram outro
rumo. Passamos a ser o casal da série e sei que isso irritou o namorado. Eu vi
eles discutindo uma vez e vi sua filha me defender, brigar feio com o namorado.
Acho que foi quando tudo terminou. E de repente, ela voltou a ser quem era.
Incrível como uma pessoa é capaz de sugar sua energia de maneira ruim. Com a
proximidade de Caskett, a amizade que sentia por sua filha mudou. Não era
apenas admiração profissional, coleguismo, ia muito além do pessoal.
Stana podia ver o sorriso no rosto da mãe. Ela
estava adorando a confissão de Nathan.
- O problema é que ambos somos extremamente
profissionais. Não sabia o que revelar para Stana sem que isso afetasse o nosso
dia a dia, mais que isso tive medo que ela me dissesse que eu estava misturando
as coisas, fazendo tempestade num copo d´água ou querendo viver de ficção. Em
vários momentos achei mesmo que estava. Apenas após ficar um tempo longe foi
que percebi como sentia falta dela. Não tinha ideia do que ela pensava, quer
dizer, eu percebi como ela reagia desde a nossa primeira cena em Always, mas daí
a achar que estávamos falando de sentimentos, era um longo caminho. Porém,
voltei decidido.
- Então, vieram as filmagens da sexta temporada
– era Stana quem falava – a dúvida de Nathan era a minha também. Eu passei o hiatus
todo pensando sobre isso. No nosso primeiro dia na sala dos escritores já vimos
que algo estava mudado. Nas primeiras cenas, apenas confirmamos que havia uma
tensão no ar. Se não conversássemos ou acertássemos nosso ritmo, as coisas iam
ficar muito difíceis nessa temporada. Eu fui surpreendida com uma declaração
inusitada de Nathan. Eu estive entre a cruz e a espada. Tinha que encarar o que
estava acontecendo. Até hoje não sei de onde tirei coragem.
- Nós falamos sobre nossos sentimentos, dos
riscos e do que queríamos fazer. Começamos um relacionamento. Devagar. Sentindo
o que acontecia. Levamos um mês entre pequenos gestos e de fato consumarmos
tudo. Prometemos manter segredo. Seria melhor para todos e para a nossa própria
privacidade – disse Nathan. Novamente, alternavam-se contando a história.
- Nosso primeiro encontro se deu através de
Trucco e Sandra, os primeiros a saberem do nosso envolvimento além das telas.
Foi uma noite especial naquele barco – ela sorria, os olhos eram puro amor – It
had to be you. Era a música que tocava. Nunca esqueci – fez questão de olhar
para o marido nessa hora.
Rada olhava para os dois boquiaberta. Eles não
apenas estavam juntos como não conseguiam disfarçar o quanto gostavam um do outro.
Os olhares e os sorrisos diziam tudo. Aquilo que para ela era um projeto, um
sonho talvez, era mais que concreto. Era real. A prova estava bem ali a sua
frente. Olhou para o lado e viu que Gigi sorria, muito calma. Então, ela sabia
esse tempo todo? Quem mais sabia? Ao invés de perguntar, Nathan tornou a falar.
- Amo sua filha com todas as minhas forças. Meu
coração é dela. Não sei viver sem esse sorriso ao meu lado, a gargalhada – ele
olhou para Stana, o sorriso dizia tudo - Não foi sempre um mar de rosas.
Tivemos momentos difíceis. Brigas, separações, o trabalho influenciando e os
ciúmes. Não foram poucas as reconciliações, certo Staninha?
- A última, então! Eu que o diga – disse rindo
Gigi. Ele aproveitou o momento para dizer quem mais sabia de seu envolvimento.
- Gigi! – repreendeu Stana.
- Além de Gigi, Dara e Chad sabem, foram
grandes amigos nos ajudando sempre. Contamos para Terri e Andrew quando
deixaram o show no fim da sétima temporada, Anne – nesse momento a vó arregalou
os olhos – e claro, Jeff. Que aliás além de meu melhor amigo, é meu irmão. Jeff
Fillion.
Dona Rada começava a ter outras reações agora.
- Espere, vocês estão juntos há, o que, quase
três anos e continuam com o segredo no ambiente de trabalho, seus irmãos sabem,
sua sobrinha sabe e eu não soube disso? Por que?
- É complicado, mãe. Nossa vida, a minha e de
Nate, é muito visada. Nossos fãs, a mídia, mesmo no ambiente de trabalho. Já
pensou os comentários de cada convidado de Castle? Nossa vida viraria um
inferno! Por causa do segredo foi que conseguimos ficar juntos esses anos. É
difícil escapulir em entrevistas, em eventos. Não podemos frequentar lugares
públicos. Nossa vida resume-se a viagens e a essa casa. Los Angeles é quase um
campo minado para nós dois.
- Não foi isso que perguntei. Quero saber por
que você optou por não contar para mim? Eu sempre sonhei com a sua felicidade,
gosto de seu costar, dizia que vocês combinavam dentro e fora da tela... você
não tem ideia de como estou feliz ao ouvir a história, a declaração de vocês.
Vai além do que sonhei. Como disse, mãe não se engana. Mas por que esconder de
mim?
- Mãe, não se trata de esconder. Sabia da sua
vontade de me ver namorando, mas era arriscado. Tinha medo que na sua
empolgação acabasse dando com a língua nos dentes.
- Stana, eu sou sua mãe! Você contou para uma
menina de oito anos!
- Tive que contar porque queria ter minha
afilhada por perto e ela é louca pelo Nate e ele por Anne. Não podia priva-los
dessa relação.
- E Anne é boa nisso. Enganou a vovó direitinho.
- Isso é verdade, temos outra atriz na família
– disse Gigi.
- Dona Rada, se serve de consolo, eu também
descobri há pouco tempo, aliás se não fossem as circunstâncias acredito que
estaria no escuro até hoje. O que teria sido uma pena e um atraso na minha
própria vida – ele trocou um olhar com Gigi - Nathan não contou para ninguém em
nossa família. Eles levam esse lance do segredo bem a sério.
- Mãe, não se trata de confiança. É claro que
confio na senhora, mas controlar nossas vidas em LA já é complicado o bastante
que dirá ter que me preocupar com o Canadá. Diz que a senhora me entende, por
favor. Não quero que pense mal de nós. Estávamos apenas protegendo nosso
relacionamento, só que quando a senhora chegou em Los Angeles fazendo tantas
perguntas, insinuações, eu e Nate sabíamos que não aguentaríamos a pressão.
Acabaríamos entregando o jogo, cometendo deslizes. O que aconteceu. Tentamos
inventar mentiras e isso apenas piorou as coisas. Jeff ficou em maus lençóis,
Gigi ficou em situação difícil. Tudo estava indo por agua abaixo. Por isso
resolvemos lhe contar, satisfazer sua curiosidade, ainda que a senhora tenha
sido mais rápida que nós ao me seguir até aqui.
- Foi só por isso que decidiram me contar? Por
que a peguei no flagra?
- Não, quando Nate a convidou para jantar aqui
era esse o propósito.
De repente, a mãe abriu um sorriso. Sua filha
estava em um relacionamento de quase três anos com um homem maravilhoso e
estava feliz. Ela não poderia seguir sem dar um abraço e um beijo nos dois.
Rada levantou-se e foi até a filha, abraçou-a com força.
- Ah, minha menina, apesar de tudo fico
aliviada por saber que está feliz. E com um belo homem como esse? O que mais
uma mãe pode querer?
- Tantas coisas... – murmurou Gigi. O
comentário não passou desapercebido por Stana que chutou a irmã quando Rada se
dirigia para a abraçar Nathan.
- Então vocês não eram tão cegos assim... ainda
bem!
- Não fique com raiva de nós especialmente de
sua filha, dona Rada. Eu quis dizer cada palavra que falei sobre ela para a
senhora. E quanto aos beijos, não são bons, são fantásticos – a sogra riu – tem
mais uma coisa... – ele tornou a olhar para Stana, ela veio ao seu encontro.
Entrelaçou sua mão na dele, beijou-o nos lábios – finalmente posso beija-la! E tê-la
de volta em nossa casa – viu que Rada franziu o cenho.
- Sim, mãe. Eu não moro com Gigi faz tempo.
Voltei para minha antiga casa apenas para manter o disfarce.
- Vocês planejaram tudo, não?
- Nem tudo, dona Rada, nem tudo. Jeff que o
diga! – eles riram – achei que a senhora ia detona-lo e a pobre da Gigi passou
por poucas e boas. Nem sei o que faria sem minha irmã. E meu docinho que sempre
me ajudou, né Anne?
- Sim, tia. Porque Anne ama muito o tio e a tia
– a vó não resistiu e apertou a menina em um abraço dando-lhe um beijo estalado
no rosto.
- Você inventou de fazer aquele bolo só para
evitar que a vovó ficasse perguntando as coisas da sua tia?
- Também, mas Anne realmente gostou de fazer o
bolo com a vovó.
- E a senhora também deve desculpas a Gigi. Sei
que até bateu nela por causa dessa confusão. E a propósito, ela não estava
mentindo, mãe.
- Stana! – e Gigi retribuiu o chute que havia
levado.
- Ué! Não é para contar?
- Contar o que? – perguntou a mãe. Stana olhava
para a irmã, Gigi deu de ombros.
- Tudo bem – ela entrelaçou os dedos nos de
Jeff – mãe, ainda não sei porque não quis acreditar em mim, mas eu e Jeff somos
namorados. Parabéns, a senhora ganhou dois belos Fillions para a família.
- Gigi... então... você estava falando a
verdade? Sobre estar apaixonada? Oh, filha... vem aqui – ela deu um abraço em
Gigi, o comentário da mãe não passou desapercebido a Jeff. Isso apenas o fez
sorrir ainda mais – desculpe! Estou tão feliz! E você também, Jeff. Quero um
abraço – ela abraçou o novo genro e tornou a beijar a filha – minhas duas
meninas felizes e bem. Nossa! Quantas revelações para uma única noite. Não paro
de ser surpreendida.
- Era o que a senhora queria quando veio a Los
Angeles, não? – disse Gigi.
- E agora, você conta ou eu conto? – Nathan
perguntou.
- Melhor você contar, babe – disse Stana. Eles
trocaram um olhar e enfiaram as mãos nos bolsos. Ela deu a mão esquerda para
Nathan que colocou a aliança de volta ao dedo. Ela fez o mesmo com ele. Rada
olhava para os dois, confusa.
- Espera, vocês... Nathan, você vai pedir minha
filha em casamento? – Gigi não aguentou e gargalhou.
- Queria ter um balde de pipoca agora –
cochichou pra Jeff.
- Na verdade, dona Rada, nós estamos casados a
mais de um ano.
- Vocês, o que?
Continua...
10 comentários:
Ixi, acho que dona Rada nao vai gostar muito nao hahaha
Ela é uma comedia....
Espero que aceite bem a situação (algum momento ela vai ter que aceitar)
Continua logo flor, ta muito boa a fic *-*
muitoooooooooo Bom hahaha, amei o rumo da conversa .
ansiosa pelo proximo !!!
xoxo
Martha
Incrível, essa Dona Rada é o máximo!
Eita! Ela agora vai pegar no pé, por conta do casamento e logo vai cobrar netos. Despacha D. Rada pro Canadá, kkkkkkkkkk.
É agora que a coroa vai infartar! Muita coisa de uma vez, ela vai ficar doidinha. Estou amando e louca para ler o próximo capítulo para "ver" a reação dela. Beijos.
Amei amei amei...anciosa pelo 74 ja kkk
Nathan e Stana coloco dona Rada no seu lugar hahahahaha agora ela vai cobrar os Netos amei amei Ka arrazo como sempre mal posso espera pelo proximo capitulo 😬😬😬😬
Karen o capítulo 74 POR FAVOR!!!
Eu já estou com crise de abstinência por capítulo novo!!!
Primeira vez aqui no blog. Espero que ele seja bonzinho hoje... Finalmente voltei a ler... OMG!Quero dar um beijo no Nathan, colocando dona Rada no lugar dela... E posso estar enganada, mas acho que vc se inspirou em mim para fazer a Stana soltar o verbo... AMEI!!! Kah, se tivesse uma divida, ela estaria totalmente paga... Eu quase gritei aqui... SN me representando... Muito bom!
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