Nota da Autora: Mais um capitulo longo e com participações bem especiais. Sim, temos Dana, Maddie e Castle em uma única cena. Sabe como é, reviver o óbvio é bom. E nossa detetive está vivendo no limite ultimamente... hoje estou fazendo uma coisa inédita. Não irá acontecer novamente e chega de votação pra vocês....enjoy!
Cap.60
Kate
chega ao consultório para sua consulta realmente chateada com Castle. Quando
Dana pergunta o que aconteceu, ela senta-se no divã emburrada e despeja tudo o
que aconteceu naquela noite do jantar. Fala sobre Maddie e sua tentativa de dar
em cima de Castle, do ataque de ciúmes, da briga com a amiga.
- Sério,
Castle tem o dom de me irritar!
- Você
quer dizer provocar, Kate. Sua amiga flertou com Castle e a fez ficar se roendo
de ciúmes, essa foi a primeira parte da provocação. Está claro que ele deve ter
percebido sua agitação e sua fisionomia. Não é como se você fosse o Grand
Canyon. Fazer cara de paisagem não é seu forte. Sua linguagem corporal é muito
presente principalmente quando se trata de Castle. Diante do cenário, ele ia
mesmo testar seus limites. Aposto que do seu jeito, você tomou satisfação sobre
o que ele estava fazendo com Maddie – a cara de Kate não negava a culpa – e
quanto a briga com sua amiga, parece que todos conseguem enxergar o que rola
entre vocês dois. Nossa! Foi um evento e tanto! Sabia que deveria ter chorado
por um convite. Ouvi dizer que Rocco foi o Chef, sou louca para provar aquele
nhoque dele.
- Qual o
problema de vocês com comida? Castle, Maddie, até você, Dana.
- Kate,
querida, eu sei que você está falando isso da boca para fora. Também aprecia
uma boa cozinha, infelizmente, naquela noite sua mente não estava muito
conectada com a magia da boa mesa – ela viu Beckett revirar os olhos e grunhir.
Dana fez uma anotação em sua pasta. Abortar experimento. Paciente muito emotiva
para lidar com stress e emoções fortes. Decidiu seguir a linha de pensamento
que Kate expusera – pode ser mais especifica sobre o que ele fez no fim da
noite?
- Não foi
apenas no fim, quando descobriu que eu não gostei do lance com Maddie, ele
simplesmente começou a jogar. Ele usa aquelas palavras malditas, fala de beijo,
sussurra no meu ouvido e aquele colar que você me obrigou a usar? Castle usou
aquilo para me provocar. Eu... – Kate fitou o chão, envergonhada – e-eu não
tive domínio sobre meu corpo e...
- Você o
beijou?
- Não...
Deus! Isso é embaraçoso! – Kate enterrou a cabeça entre as mãos.
- Você
ficou excitada, Kate? Foi isso que aconteceu? – ela confirmou balançando a
cabeça. Por alguns segundos, Dana tentava se recompor após a notícia
inesperada. Como esses dois aguentam ficar separados? A tensão e a faísca são
muito intensas e palmas para Castle, um ato com resultados incríveis. Estava
impressionada – bem, infelizmente, você está passando por essas situações
porque escolheu assim, mas pode mudar se quiser. Você se lembra do que eu
disse? Sobre você não conseguir resistir a Castle? Já está acontecendo.
- Dana,
eu não vim aqui para isso. Eu não gosto da parte que você me diz “eu avisei”.
- Não
disse nada – mas tinha um sorrisinho no canto dos lábios - Tudo bem, vamos
voltar ao ponto. Você ficou excitada e não parou por ai?
- Não, eu
tive que ir ao banheiro para me recompor. Ele agia naturalmente como se nada
houvesse acontecido. Então, ao final da noite, ele me deixou em casa.
Comportava-se como um perfeito cavalheiro, até iniciar a provocação outra vez.
Isso não foi o pior, ele fez com que eu cedesse com a porcaria do “quid pro
quo”. Eu o beijei e após toda a provocação, ele me deixou plantada na frente do
meu prédio.
- Louca
por passar a noite com ele... – concluiu Dana.
- Sim...
– admitiu Kate e se corrigiu quase automaticamente – não! Pare de colocar
palavras na minha boca! – Dana deu de ombros.
- Kate...
fale a verdade.
- Eu sou
humana... - Beckett passou a mão no rosto e trouxe para a discussão o ponto
levantado por Maddie – quando eu estava brigando com Maddie, ela levantou a
hipótese de outras mulheres se interessarem por Castle. Delas flertarem com
ele, investirem. Eu quase surtei com a ideia dela paquerando Castle,
beijando-o. Mas, e se ela estiver certa?
- Acho
que já discutimos isso. Pode acontecer. Castle é bonito, charmoso, milionário.
Um bom partido. Existem muitas mulheres que gostariam de ter um relacionamento
com ele. Então, nós podemos voltar a questão principal. É tudo que você precisa
responder. Você está pronta para contar a Castle que você sabe que ele a ama? Está
pronta para falar abertamente sobre seus próprios sentimentos para ele? – um
silêncio pairou sobre a sala. Após um longo suspiro, Kate falou.
- Oh,
Deus...não ainda – vendo que a terapeuta não falara nada, Beckett continuou –
não é que eu não me importe com ele ou não goste de Castle. Eu gosto, eu gosto
muito e sinto falta dele! Os toques, os beijos, seus braços ao meu redor, porém
eu não posso simplesmente ceder ao desejo, não quando eu não posso dizer
exatamente o que ele significa para mim e o que eu sinto... por favor, diga que
me entende.
- Hey...
– Kate estava prestes a chorar, literalmente em seu limite. Dana sentou-se ao
lado dela e acariciou sua mão – está tudo bem. Você precisa se sentir pronta.
- Sim, eu
não estou ainda. Mas eu quero muito estar, Dana. Preciso estar – a terapeuta
sabia que sua paciente estava em um momento emocional delicado. Mesmo
reconhecendo seus sentimentos em relação a Castle, não conseguia declarar-se
diretamente para ele.
- Kate,
hipoteticamente, se eu assumisse que você e Castle estão juntos, quando
significaria hoje essa palavra “juntos” em termos de um relacionamento sério
levando em consideração que Castle a ama? Para você e para ele.
- Para
ele, 100%. Não tenho dúvidas. Para mim... talvez uns 70%. Eu não posso estar
inteira se não consigo ser eu mesma, se não consigo dizer o que sinto.
- Certo.
Foi uma resposta bastante honesta. É por isso que estou aqui. Tenho a missão de
levar esses 70% a sua totalidade. Foi uma sessão muito intensa. Acho que já
deve ir embora. Vejo você depois de amanhã?
- Dana, o
que eu faço em seguida? Eu quero me vingar do que ele fez no evento.
- Kate,
deixe para lá. Você e eu sabemos que não terá vingança alguma porque todas as
vezes, você cede. Temos vários exemplos. Não vá por essa linha. Foque no
trabalho, nas investigações e no seu tratamento, não é sua prioridade?
Ela
suspirou. A terapeuta mais uma vez tinha razão.
- Talvez
queira acrescentar a sua lista uma reflexão sobre rever o lance dos
benefícios....
- Você
acabou de dizer que a prioridade é meu tratamento!
- Nunca
disse que a parceria com benefícios atrapalhava meu diagnóstico e minha análise.
Você assumiu sozinha. Ainda está satisfeita com a decisão? Acha que foi o
caminho correto? Te vejo em dois dias – quando a detetive ia saindo, ela chamou
– ah, Kate, você não consegue uma reserva no Q4 para mim com sua amiga? Preciso
daquele nhoque...
- Vou ver
o que posso fazer...
Beckett
decidiu evitar um confronto maior com Castle. Não queria entrar no assunto do
evento outra vez e nem sequer parecer necessitada ou incomodada com os últimos
acontecimentos. Optou por seguir os conselhos de Dana. No dia seguinte, ela
mencionou que precisava ligar para Maddie ou talvez a procurasse no
restaurante.
-
Aparentemente esse nhoque é uma verdadeira comoção. Dana está louca para
provar. Vou ver se Maddie reserva uma mesa algum dia para ela.
-
Beckett, não se trata de comoção. É boa culinária. Apreciação pela arte
gastronômica e o prazer de comer. Tenho certeza que se você tivesse outra chance
de experimentar com calma, melhor estado de espírito, sem a pressão de um
evento de gala, teria a mesma opinião. Agora que conheço a dona e tenho seu
telefone, ficara bem mais fácil conseguir uma mesa.
- Você
tem o telefone de Maddie?
- Tenho.
Ela me deu para quando quisesse jantar lá. Por que? Algum problema? – ele a
olhava interessado, podiam começar outra provocação se a detetive pegasse
corda.
- Nenhum
problema – Beckett estava determinada a não cair nos jogos dele. Naquela tarde,
por não terem um caso, Castle se desculpou dizendo que tinha uma reunião com
Gina e que iria para casa depois escrever um pouco. Beckett não se preocupou
com isso. Era bom ficar longe das provocações dele por algumas horas. Ela ainda
não se recuperara da última.
Assim que
saiu do distrito, ele ligou para Maddie e perguntou se haveria algum problema
em pagar o favor que ela lhe fizera naquela noite. Mesa para dois. Maddie
concordou, mas quis saber quem ele pretendia chamar para jantar. Afinal, ela
era amiga de Beckett e não queria compactuar com qualquer situação que pudesse
ofender sua amiga.
- Não se
preocupe, Maddie. É um jantar profissional – em seguida, Castle ligou para
Dana.
- Castle,
que surpresa. Você quer marcar uma consulta?
- Não
necessariamente. Na verdade, queria lhe fazer um convite. Soube que você está
louca para conhecer o Q4 e provar o famoso nhoque do chef Rocco.
- Kate
falou para você?
- Ela
comentou algo como ser uma comoção... Sendo assim, tenho reservas no Q4. Aceita
jantar comigo essa noite?
- Kate
sabe que está me convidando?
- Não,
pela nova regra da nossa parceria, ela só precisa de mim para as investigações.
Fora do distrito cada um tem sua vida, não?
- Castle,
não fale assim.
- Dana, você
mais do que ninguém sabe que não tenho nada a esconder e não existe segundas
intenções nesse convite. Bem, talvez não no sentido figurado da palavra. Será
bom apreciar uma boa refeição com alguém que compartilha do meu gosto
culinário. Não vou mentir, gostaria de estar convidando Beckett, mas... a escolha
foi dela.
- Tudo
bem. Que horas? – Dana acabou por concluir que seria bom conversar um pouco com
Castle, talvez precisasse de sua ajuda para o que vinha planejando fazer com
Kate.
- As
oito. Encontro você no restaurante.
- Ótimo.
Não quero que as pessoas subentendam que há qualquer clima entre nós.
- Não se
preocupe. Eu já disse para Maddie que era um jantar de negócios.
Por volta
das oito e quinze, Dana chega ao Q4. Logo avista seu acompanhante e junta-se a
ele na mesa. Sorrindo, Castle faz sinal para o garçom.
- Tudo
bem, Dana?
- Agora
melhor ainda por eu estar prestes a saborear o nhoque do Rocco. Posso assumir
que Kate ainda está trabalhando.
- Não
sei, deixei o distrito a tarde. Tinha uma reunião com a minha editora. Estamos
programando uma turnê para os quadrinhos de Storm.
- Então
você irá viajar em breve?
- Esse é
o plano. Por que? Algum problema? Acredito que do meu ponto de vista, um tempo
longe de Kate pode ajudá-la a refletir sobre seu tratamento, sobre nós.
- Talvez,
a verdade é que você vem mexendo demais com a cabeça dela ultimamente. Ela
sente a sua falta, Castle. Lembra quando eu disse que era melhor deixar a
paciente sofrer e errar para então auxilia-la a consertar. Está funcionando,
embora ainda não reconheça como gostaríamos, Kate está em um dilema quanto a
decisão que tomou. Os muros estão rachando, Castle.
-
Acredito em você. Vamos fazer o pedido e quero lhe mostrar uma coisa – ele
escolheu uma garrafa de vinho que combinaria com a massa que saboreariam logo
em seguida. Fez o pedido e voltou sua atenção a terapeuta. Castle pegou o
celular e mostrou o áudio da briga com a Maddie.
- Agora
você entende do que estou falando. Ela está cada vez mais balançada. De fato,
esse jogo de gato e rato que andam fazendo está adiando uma experiência que
preciso fazer com Kate. Não é algo simples, vai exigir de mim dependendo de sua
reação, porém também servirá para mostrar a ela onde sua mente está com relação
ao seu tratamento e a pessoa que luta para ser.
- Do que
vocês estão falando? – a voz de Maddie interrompeu a conversa – Becks não vai
gostar nada de saber que você estava jantando em meu restaurante na companhia
de uma bela mulher. Minha amiga é bem ciumenta.
- Maddie,
conheça Dana. Ela é a terapeuta de Beckett. A pessoa que está ajudando sua
amiga a vencer a PTSD e os traumas deixado pela morte da mãe.
- Prazer
– elas se cumprimentaram – você disse que era um jantar de negócios.
- E
realmente é. Dana estava desejando comer o famoso nhoque, mas também queria
conversar com ela sobre os últimos acontecimentos. Além do mais, ela é uma boa
amiga e uma das poucas pessoas que Beckett confia. Puxe uma cadeira, aposto que
como alguém que conhece Kate Beckett há anos, você pode contribuir para a
decisão.
- Isso
não é antiético? Discutir o histórico de um paciente com estranhos? – Maddie
sentou-se.
- Não
estou discutindo minhas análises e anotações sobre Kate com Castle. Na verdade,
ele é um instrumento extremamente útil na terapia dela. Estou prestes a
desafia-la no tratamento e precisarei de sua ajuda. Acredite em mim, Castle não
tem ideia do que ela me conta nas sessões privadas.
- Aposto
que ele é o assunto principal. Sabe, eu ainda estou tentando entender o que
aconteceu com a minha melhor amiga. No ensino médio, Becks era um furacão. Sempre
teve essa personalidade forte, aventureira. Foi ela quem me ensinou truques de
flerte, romance, beijos. Ela é parecida com a mãe. Quando a reencontrei há dois
anos, por causa de um assassinato no meu outro restaurante, saquei de cara que
ela gostava de Castle. Becks teve uma pequena crise de ciúmes por causa de
Castle. Eu a acusei de gostar dele, ser atraída por ele. Você lembra, não?
- Lembro.
Ela nunca comentou aquela conversa.
- Sim,
essa foi a minha surpresa. Quase dois anos depois e ela não está namorando
Castle? O que há de errado com a minha amiga? Ela gosta dele e claramente já
dormiu com você, então porque não mergulha de cabeça? Definitivamente não é a
mesma Becks do ensino médio.
- Não
mesmo. Kate sofreu muitos traumas ao longo dos anos. Começou com a morte da
mãe, o vício do pai, a injustiça e a negligência da polícia com o caso de
Johanna. Ela mudou sua vida por isso. Transformou isso em uma missão. Largou o
direito, entrou para a academia. Excedeu todas as honras e expectativas
entrando para a NYPD. Primeira da classe, ótimos instintos. Como oficial chamou
atenção de seu ex-capitão, tinha toda a tenacidade para se tornar uma excelente
detetive de homicídios. Essa determinação toda era para encontrar o responsável
pelo assassinato da mãe. Ela transformou isso em uma obsessão, entrou em
paranoia, direto para toca do coelho. Perdeu três anos de sua vida e precisou
de muita terapia para deixar tudo isso para trás. Isso a moldou. Ela não confia
nas pessoas, fechou-se para o mundo, a vida. Vivia em função do trabalho até
Castle aparecer.
- Você
conseguiu impressionar, Rick – brincou Maddie.
- Não tão
fácil. Mas aos poucos, ela foi se rendendo. O problema é que na mente de Kate,
ela não pode ser feliz. Não antes de achar o assassino da mãe. Chame de
vingança, pendência, término. Ela acha que precisa disso. Ao menos, pensava.
Até o atentado. Quando a PTSD bateu a sua porta, ela começou a se questionar
sobre o que vinha fazendo com sua vida. Por isso que estou ajudando-a.
- A perda
da mãe a mudou, lutar contra violência, ver injustiças acontecerem todos os
dias definitivamente muda uma pessoa. Mas eu a conheço. A verdadeira Becks está
lá, escondida por trás dos tais muros. E ela gosta muito de você, Castle. O
jeito como ela fala de você, o olhar...
- Tem
razão, Maddie.
- Mas ela
sempre foi teimosa! – eles riram – como uma mula! – a comida chegara e Maddie
se despediu deixando-os jantar em paz. Após os primeiros instantes do jantar,
apreciando a bela cozinha, Dana volta ao tópico da conversa antes de Maddie
juntar-se a eles. Quer dizer, ela precisava fazer um pequeno detour.
- Maddie
está certa, você sabe. Não devia duvidar dos sentimentos de Kate. Ela é
apaixonada por você. E acredite, está em um momento que não consegue ficar
muito tempo longe de você. Os muros estão caindo, porém há um gigante que
resiste. Um que carrega uma culpa que não é dela. Você não duvida do que ela
sente, certo? Eu preciso da sua resposta para explicar o que pretendo fazer.
- Dana,
apesar de tudo, dos ciúmes, das dúvidas, das brigas. Eu sei o que ela sente.
Sim, algumas vezes acho que se trata de sabotar a si mesma. Então, ao ouvir o
que ela falou para Maddie. É bom ouvir que ela está lutando.
- Sim,
está. Por isso preciso da sua ajuda. Eu vou testar o maior muro de Kate. Não
tenho ideia das consequências portanto, quero que esteja pronto para suporta-la
numa iminente queda.
- Dana,
você está me deixando preocupado. Pode ser mais clara?
-
Infelizmente, não sem expor parte da terapia, o que eu não irei fazer. Sinto
muito, apenas preciso que esteja disponível se as coisas derem muito errado. E
nem uma palavra para Kate, certo?
- Falar o
que? Não é como se você tivesse me contado algo.
- Ai,
Castle! Sem drama! Estou tentando te ajudar – ele riu.
- Eu sei.
Obrigado.
- Nossa!
Esse nhoque é fantástico. Kate vai ficar muito chateada quando descobrir que eu
já provei e nem esperei por sua ajuda.
- Você
vai contar para ela? – Castle parecia receoso.
- Por
que? Algum problema?
- Dana,
como você ainda me pergunta? É de Beckett que estamos falando. Tudo para ela é
suspeito. Vai achar que eu estou te chantageando com comida querendo saber da
terapia.
- Eu sei.
Prometo não contar. O que teremos de sobremesa?
- Vai ser
difícil escolher. Eles têm doces incríveis aqui. Kate mesmo devorou dois potes
de um de chocolate na outra noite.
-
Chocolate é? Pelo menos ela escuta alguma coisa que eu falo...
O resto
do jantar correu de forma natural, não falaram mais sobre terapia ou Beckett. A
conversa ficou em um dos tópicos preferidos de Castle. Culinária. Obviamente,
Castle não deixou Dana pagar a conta. Queria manter sua reputação de
cavalheiro, brincou. Afinal, ele a convidara. Despediram-se de Maddie e
separaram-se. Cada um seguindo seu caminho.
Na manhã
seguinte quando Castle chegou ao distrito por volta de dez da manhã, encontrou
Beckett sentada a sua mesa enterrada em pilhas de papel. Continuavam sem casos.
Nova York decidira dar uma trégua para os seus cidadãos ao que tudo indicava.
Ele colocou o copo de café na frente dela, sentando-se na sua cadeira cativa. Mordiscava
uma barra de chocolate.
- Bom
dia, Beckett. Cuidado para não pegar um problema respiratório com tanta poeira
nesses papeis a sua frente. Você está escondida no meio deles. Substituindo a
cafeína pelo chocolate?
- Bom
dia, Castle. Pensei que não ia aparecer por aqui hoje – ela pegou o copo e
sorveu o café – não tem compromissos editoriais? Em outras palavras, Gina puxou
sua orelha para escrever e parar de perder seus prazos?
- Nada
disso. Eu realmente tive uma reunião com ela para discutir negócios. Meu
próximo livro da série Heat precisa de uma continuação, estou negociando e
também tem a turnê dos quadrinhos, comentei isso antes com você.
- Você
realmente vai sair em turnê?
- É parte
do meu trabalho, assim como a papelada é parte do seu. Apesar do meu ser um
milhão de vezes mais interessante que o seu. Pelo menos, viajo, fico em hotéis,
boa comida...
- E
muitos peitos para autografar. Que vida difícil, não? – ela o olhou sarcástica.
- Existem
riscos de profissão. Vai me dizer porque tanta papelada se nem um caso tivemos?
-
Chama-se burocracia. Outra parte chata do meu trabalho. O departamento está
trabalhando na digitalização de velhos processos, muitas informações precisam
estar na base de dados da NYPD o quanto antes. Qualquer momento de folga entre
casos, deve ser usado para catalogar casos antigos. Palavras da capitã Gates.
- E
apenas por curiosidade, quantos casos vocês precisam digitalizar?
- Você se
lembra da sala que visitou com Ryan quando estávamos investigando o caso da
borboleta azul? Temos duas salas daquelas.
- Isso
vai demorar uma eternidade! Todo mundo está trabalhando nisso?
-
Detetives, sargentos e tenentes. Está com pena de nós, Castle? Se tiver pode
nos ajudar.
- Eu? Por
que eu?
- Você
ficou bem interessado no caso de Joe e Vera. Quem sabe quantos casos
interessantes não poderá encontrar para servir de inspiração para os seus
livros? – ela cutucou.
-
Beckett, eu apenas preciso dos seus casos e da atuação da minha musa. Simples
assim – ela não soube como responder ao comentário dele então permaneceu calada
– já que você está envolvida nesse trabalho entediante, eu vou cuidar do meu.
Vou escrever.
- Hum,
então a Gina realmente puxou sua orelha...
- Não,
Beckett. Pelo que eu me lembro essa é a sua especialidade – ele se levantou
ajeitando o casaco.
- Espera,
você realmente está indo embora?
- Como
disse antes, tenho trabalho a fazer. Ligue se algum corpo aparecer, detetive –
e piscou para ela andando rumo ao elevador.
De certa
forma, a falta de homicídios para investigar viera em boa hora. Ela estava
pensando em fazer a visita que prometera para Maddie, conversar com outra
pessoa de diferente perspectiva podia ajudá-la a entender o que estava
acontecendo consigo mesma desde que rompera a parceria com Castle. Não que
fosse revelar sua história para a amiga, acreditava que apenas de estar na
companhia dela já podia espairecer, clarear a mente e rir. Maddie sempre a
fazia rir.
Ela
chegou ao Q4 por volta de duas da tarde. Sabia que era um pouco tarde para o
almoço. O restaurante fechava as três horas para se preparar para o jantar. Não
fora à toa que escolhera o horário, Maddie provavelmente estava mais calma com
o fim do serviço. Ao se apresentar para a hostess, Kate falou que estava
procurando por Maddie. A garota pareceu um pouco confusa, mas perguntou seu
nome e foi chamar a patroa. A amiga apareceu com um largo sorriso no rosto.
- Becks!
Que surpresa boa! Angela, aprenda. Sempre que essa mulher maravilhosa aparecer
aqui, saiba que ela tem passe livre. Não precisa de reserva ou anúncio, apenas
dê uma mesa a ela. Vamos, vem comigo. A que devo a honra da visita da melhor
detetive da NYPD? Por favor, não me diga que estou envolvida em outro homicídio
sem saber? Espera, cadê sua cara metade? Castle não veio com você?
- Não.
Estou sozinha porque essa não é uma visita da NYPD. Pensei em pagar a visita
que devia a minha amiga se ela tiver disponível para almoçar comigo.
- Será um
prazer. Especialmente se você for me contar o que rolou ou rola entre você e
Castle. Desde aquela noite estou me coçando de curiosidade. Prepare-se para
passar a tarde toda em minha companhia.
- Você
não tem jeito, Maddie – elas se sentaram em uma mesa no canto do salão que
ainda estava agitado, porém começava a esvaziar.
- Quer
que eu escolha o menu para você ou tem alguma ideia em mente?
- Quero
provar o tal nhoque, com calma e sem distrações dessa vez – Maddie sorriu,
chamou o garçom e ordenou a entrada e o prato principal para a amiga. Perguntou
se ela estava de serviço e acabou pedindo um suco de lichia para a detetive.
Assim que o garçom sumiu de suas vistas, Maddie sentiu-se à vontade para
pressionar Beckett.
- Então, você
e Castle. Da última vez que os encontrei você não estava com ele apesar de
claramente ser atraída por ele. Sei que já dormiram juntos, sua cara não me
engana. O que rola? Amizade colorida? Parceira com benefícios? Desembucha! – ao
ouvir o termo que fora usado, Kate suspirou. Era por causa disso que sentia-se
tão sozinha e frustrada ultimamente. Ela escolheu contar pedaços da história.
- Sim,
nós dormimos juntos. Era para ter sido apenas uma vez, one night stand. Pensei
que nunca o veria outra vez até ele pedir para o prefeito para me seguir
fazendo pesquisa para o seu novo livro baseado em mim.
- Espera,
você dormiu com Castle na primeira oportunidade? Antes de nós nos encontrarmos
e eu acusa-la de ser atraída por ele? – ela balançou a cabeça concordando - Há!
Sabia que a Becks que eu conheço estava aí em algum lugar.
- Foi um
erro. Como podia adivinhar que ele iria querer fazer pesquisa com a NYPD?
- Becks,
dormir com Rick Castle nunca pode ser considerado um erro. Mas essa não foi a
única vez, certo?
- Não.
Houveram outras até eu perceber que... – ela relutou e Maddie captou na hora o
porque – que aquilo estava atrapalhando o meu trabalho, era errado.
- Em
outras palavras, até você se apaixonar por ele – Kate engoliu em seco, não
negou o que a amiga dissera sobre ela - Você ficou com medo. Se acovardou,
Becks! Não me diga que foi por causa da imagem de playboy que a mídia insiste
em ligar a ele, aquilo nunca me convenceu. Especialmente depois que eu o
conheci de verdade. Eu vi o jeito que ele olha para você.
- É
complicado. Tenho prioridades.
- Mas não
foram essas prioridades que a afastaram dele, foram? Você tem medo de ser
feliz.
- Maddie,
não se trata disso. Eu preciso resolver alguns problemas meus, minha vida.
- Você
está se referindo ao caso da sua mãe, fazer justiça? Você pode fazer isso com
Castle ao seu lado, Becks.
Não sei o que é estar na sua pele, perder sua mãe,
lidar com morte e justiça todos os dias. É difícil. E é exatamente por isso que
não pode ficar sozinha. Não precisa carregar o peso do mundo em suas costas,
Becks. Você é jovem, linda. Tem um homem milionário maravilhoso que a adora a
ponto de usa-la como inspiração, querendo lhe ajudar, lhe estender a mão. Por
que é tão difícil deixa-lo entrar? Garota, você gosta dele, aproveite a vida! Não
é nenhum crime se apaixonar, Becks...oh, gostei do trocadilho – ela riu.
- Você
não é a primeira pessoa que me diz isso. Eu sei que a maioria das pessoas não
entende o que aconteceu comigo nesses treze anos.
- Castle
entende. É por isso que ele continua ao seu lado.
- Sim,
ele entende parte disso. Não é fácil para mim confiar em pessoas, Maddie. Isso
não é o ensino médio.
- Eu sei.
Você ainda tem dúvidas e traumas a resolver. Mas você confia em Castle.
- Sim,
confio minha vida a ele. É o que parceiros fazem.
- Exceto
que ele não é seu parceiro realmente, Becks. Ele não é um detetive da NYPD.
Consegue perceber o quanto vocês precisam um do outro ao dizer isso? – Kate não
tinha palavras para contrargumentar o que a amiga dissera. Apenas sorriu. Os
pratos finalmente chegaram e as duas cessaram a conversa por alguns minutos
para saborear a refeição. Quando voltou a falar, Kate comentou tão naturalmente
que sequer percebeu a afirmação que fizera.
- Isso é
muito bom! Meus cumprimentos ao chef! Divino... odeio quando Castle tem razão.
Bem que ele disse que se eu tirasse um tempo para experimentar o prato
novamente, eu entenderia. Agora sei porque ele disse que era quase tão bom
quanto sexo... – Maddie sorriu.
- Falando
em sexo... detalhes! Como é Castle na cama? – a pergunta pegou Beckett de
surpresa. Enrubesceu ao mesmo tempo que arregalara os olhos quase colocando
parte da garfada que levara a boca para fora.
- Maddie!
- Vamos,
Kate. Somos amigas, conta só um pouquinho.
- Maddie,
não vou falar de intimidades com você. Isso é muito pessoal. Você deveria saber
que não devemos ficar falando como é fazer amor com alguém... apenas porque sou
sua amiga, eu direi que é incrivelmente bom, acima da média.
- Oh,
Kate... eu achei que era somente sexo, desculpe... – ela fez de propósito para
ver a reação da amiga. A cara de Beckett tinha uma interrogação gigantesca – você
disse fazer amor, Becks. É óbvio que não se trata de apenas desfrutar de um bom
tempo na companhia de um homem, é muito mais. Envolve sentimento. Você não diz
que fez amor com um cara numa noite, você diz que transou – Kate estava mais
vermelha ainda.
-
Maddie... por favor – falar desse assunto mexia com ela, estava com saudades. E
não podia ter uma recaída, tinha trabalho a fazer.
- Tudo
bem, isso apenas prova meu ponto anterior. Viva mais, se dê uma chance, Becks.
Seja a menina que pulava o muro da escola para ficar de tocaia na casa de Brent
só para vê-lo sair do banheiro enrolado na toalha ou de cueca.
- Oh meu
Deus! Eu nem lembrava disso! – elas riram e o clima tenso começou a se
dispersar. Logo voltaram para as lembranças do ensino médio. Ao final da
refeição, Kate queria pagar o almoço e Maddie se recusou a aceitar.
- Kate, é
por conta da casa. Você é minha amiga. Acho que posso proporcionar um almoço em
nome de nossa amizade. Se você tivesse vindo com o Castle era outra história,
ele é milionário – elas riram.
- Estou
feliz por ter vindo comer essa maravilha. Castle realmente tem razão, esse
nhoque de Rocco é uma perdição. E agora vou ter que reconhecer isso, mas valera
a pena. Aposto que irá ficar chateado quando souber que vim aqui sem o
convidar. Ele é temperamental...
- Ah,
quanto a isso não se preocupe. Ele esteve aqui ontem em um tal jantar de
negócios – Kate estranhou, mas perguntou.
- Então
ele veio discutir com Gina aqui?
- Gina?
Não. Ele estava com a sua terapeuta. Dana, não? Gostei muito dela. Fico feliz
por ter alguém como ela cuidando de você, aliás se um dia precisar de ajuda,
ela será minha primeira opção – Maddie percebeu não apenas que falara demais
como também o semblante relaxado de Kate mudara.
- Dana
estava jantando com Castle?
- Hey,
Becks... ela é sua terapeuta. Nada de crise de ciúmes...
- Não se
trata de ciúmes. É bem pior que isso.
- Becks,
relaxa – ela segurou o braço de Kate tentando acalma-la – foi um jantar
inocente. Ela também é fã do nhoque. Conversamos sobre gastronomia. Nada
demais.
- Você
que pensa... eu preciso ir. Obrigada pela companhia e pelo papo. Até outro dia
– deu um beijo na amiga e saiu caminhando em direção ao metro. A mente
fervilhando.
Castle e
Dana juntos. Como a terapeuta podia fazer isso com ela? Onde ficava a ética, o
sigilo médico-paciente? Ela tinha que tirar essa história a limpo. Ao invés de
voltar ao distrito, Beckett tomou o metro na direção do loft. Como boa
detetive, sabia que precisava verificar a história pelo lado mais fraco. Ela o
pressionaria até que contasse tudo o que conversaram no jantar.
Na porta
de Castle, ela fechou os olhos e respirou fundo. Bateu. Alguns segundos depois,
Castle aparece na sua frente vestindo um avental do batman. Olha para Beckett
intrigado.
-
Detetive? Algum morto nos espera? – ele se afastou um pouco da porta para lhe
dar passagem.
- Não,
mas prevejo um possível homicídio em seu futuro – Beckett colocou as mãos nos
quadris encarando-o no meio da sala – que história é essa de você sair para
jantar com Dana? Castle, você se aproveitou que eu comentei da vontade dela em
ir ao Q4 para convida-la e provavelmente fazer milhares de perguntas ao meu
respeito.
- Você
está me espionando, detetive? – certo, precisa descobrir como ela conseguira
essa informação e improvisar.
-
Espionando você? Meu tempo é precioso, Castle.
- Certo,
tem pilhas de papelada para revisar... será que podemos ter essa conversa na
cozinha? Tenho uma panela no fogo e um assado no forno, estou fazendo o jantar
– ele não esperou resposta, apenas saiu caminhando em direção ao cômodo para
checar a panela e continuar cortando calmamente as verduras. Jantar? Somente
então Beckett checou o relógio. Eram seis e meia. Ela realmente passara a tarde
toda na companhia de Maddie. Não restava outra opção a ela senão ir atrás
dele.
- Castle,
você não me respondeu? Maddie me contou que esteve no restaurante com Dana. E
ainda teve a petulância de chamar de jantar de negócios! Por que você saiu com
Dana? Acho que sou eu quem está sendo espionada – ele provou o molho que fazia.
Sem pressa, ele colocou o arroz para o risoto na panela para cozinhar enquanto
começava a cortar os cogumelos. Sabia exatamente como iria justificar seu
encontro com a terapeuta.
- Quer
provar? – ele ofereceu a colher para Kate – está delicioso – a resposta de
Beckett foi cruzar os braços e lançar um olhar fuzilante na direção dele –
respondendo a sua pergunta, detetive. Não estou espionando ninguém e sim, era
um jantar de negócios, mas não com Dana. Eu disse a você ontem à tarde que
tinha uma reunião com Gina. A mesma estava marcada para as cinco da tarde e
como conheço a figura, sabia que ia se estender por pelo menos três horas e
estaríamos com fome. Eu liguei para Maddie e pedi que reservasse uma mesa para
nós. Quando a reunião acabou, Gina me falou que tinha um jantar com uma amiga.
Eu não ia perder minha reserva muito menos a chance de comer aquele nhoque
novamente. Fui para o restaurante. Estava sentado à mesa saboreando um
delicioso pinot grigio quando Dana apareceu no restaurante, eu a avistei e fiz
sinal para que viesse até minha mesa. Ela disse que estava passando na frente e
resolveu arriscar. Não sabia que ela apreciava a bela gastronomia e nem que era
fã de Rocco.
- E você
quer que eu acredite nessa história?
- É a
verdade, detetive. Se não acredita em mim, pergunte a Dana. Não aproveitei o
encontro com Dana para perguntar sobre sua terapia. Você está duvidando da
integridade e da ética de sua amiga. Beckett, nem tudo é sobre você. Lembre-se
disso – a reação dela foi interessante, abriu a boca, porém não conseguia
fecha-la. A mente já maquinava “o que ele quis dizer com isso? ”. Será que está
tentando se adaptar ao fato de não tê-la em sua vida ou aos poucos ele começava
a desistir dela? Engoliu em seco, mas a próxima pergunta de Castle acabou
acalmando-a.
- Aceita
ficar para jantar, Beckett? Estou fazendo risoto ao funghi, um frango assado ao
molho de limão e gengibre e uma salada verde com tomates cerejas para
acompanhar. Ah! E tenho um belo Chardonnay para completar o cardápio. E antes
que pergunte, não estou esperando ninguém. Estava com vontade de comer um
risoto e cozinhar me ajuda a pensar. Eu preciso finalizar uma cena com Nikki e
não achei a forma ideal. Por acaso você não gostaria de dar uma olhada? Quem
sabe não me ajuda?
- Não.
Descubra sozinho.
- Isso
quer dizer que não vai ficar para jantar? Vamos, Beckett, você precisa comer.
Seremos somente eu e Alexis. Mamãe saiu com uma amiga.
- Alexis
está em casa?
- Sim, no
quarto. Estudando e esperando eu chamá-la para jantar – de repente a ideia de
experimentar o risoto não parecia tão mal. Afinal não seria apenas os dois. Ela
já estava ali mesmo – sei o que você está pensando. Se ficar para jantar estará
violando sua regra da nossa parceria. Relaxa, Kate. É só um jantar. Você já
veio até aqui mesmo. Por que prefere voltar para casa e comer sozinha? Isso se
for fazer uma refeição decente. No mínimo, vai se entupir de café – ela não
deixou transparecer, mas sua mente se perguntava como Castle podia saber disso,
o que ela estava pensando e o que pretendia ao chegar em casa? Era assustador,
as vezes - Se ficar, conto o que eu conversei com Dana. Aliás, descobri várias
coisas interessantes sobre a sua terapeuta. Posso colocar mais um prato na
mesa?
- Tudo
bem – ela suspirou perdendo a pose durona e de ameaça em que se colocara desde
que entrara no loft. Sorrindo, ele colocou mais um lugar a mesa ao seu lado.
- Está
quase pronto. Quer uma taça de vinho?
- Sim,
obrigada. Você quer ajuda com algo?
- Já que
ofereceu, será que pode ralar esse parmesão em grandes lascas? O ralador está
na segunda gaveta – disse ele checando o frango no forno e tirando a assadeira
– ah, que cheiro maravilhoso! Gengibre e limão é uma ótima combinação.
- Pensei
que risoto era um prato único – comentou Kate enquanto ralava o queijo.
- Sim,
porém Alexis não almoçou hoje e precisa de proteína por isso fiz o frango. Pode
comer separado se quiser – ele reparou que ela cortava o queijo e surrupiava
algumas lascas que iam direto para a sua boca. Ele checou a panela e notou que
o risoto estava pronto. Pegou parte do parmesão ralado e jogou na panela
mexendo levemente. Tornou a repetir o gesto – hum.... o cheiro está delicioso.
Mal posso esperar para comer – ele foi até a beira da escada e gritou – Alexis!
O jantar está pronto.
Ao
retornar, viu que ela havia terminado de cortar o queijo colocou o restante em
uma pequena vasilha para que eles pudessem se servir à vontade caso quisessem
mais. Alexis apareceu na cozinha.
- Nossa!
O que cheira tanto? Se você não tivesse gritado, eu já ia descer. Estou
morrendo de fome e nem consigo pensar direito. Oh, olá detetive Beckett.
- Oi,
Alexis.
- A
detetive veio me fazer algumas perguntas sobre um caso. Convidei-a para jantar
conosco. Você não se importa, certo?
- Claro
que não! Você fez comida para um batalhão do exército, pai? Pelo menos sobra
para amanhã – ela sorriu para a detetive. Sentaram-se na mesa para saborear a
refeição. Castle não ia perder a oportunidade de saber o que ela achara da
comida.
- Então,
Beckett o que achou? Está bom para você? – ela esperou até terminar de mastigar
o alimento que tinha na boca.
- Está
gostoso, Castle.
- Como
eu?
- Pai! –
Alexis brigou com ele – perdoe meu pai, detetive. Ele as vezes não tem limite.
- Às
vezes? Que tal sempre? – as duas caíram na risada.
- Estou
bem aqui, sabiam?
- Sim,
Castle. E como disse está muito gostoso. Você tem um talento especial para a
cozinha.
- Falando
em cozinha, você não me disse como soube sobre o jantar? Ligou para Maddie?
- Não,
fui almoçar no restaurante.
- Oh,
detetive Beckett... me sinto deixado de escanteio. Nem me convidou. Diga, você
comeu o nhoque também, não? Sabia que ia querer reviver a experiência.
Conte-me, o que achou? Divino, não? Admita que eu estava certo...
- Qual é
o seu problema?
- Vamos,
Beckett. O que custa admitir? É a verdade. O nhoque é de comer rezando...
- Tudo
bem, é verdade. É delicioso. Acho que nunca comi um nhoque como aquele. Satisfeito?
– ele sorriu. Adorava vê-la tendo que dizer que ele estava certo.
- Não
sabia que Dana era uma grande admiradora da gastronomia. Você sabia que ela fez
um curso de pâtisserie na Le Cord de bleu quando fazia uma especialização em
Paris? Fascinante! – seguiram conversando sobre comidas e assuntos diversos
fazendo o jantar passar de maneira tranquila e relaxante para Beckett. Ela não
se dera conta do momento doméstico que reviviam até Alexis despedir-se dos dois
e ela se encontrar recolhendo pratos e guardando as sobras da comida enquanto
Castle lavava a louça. Ao terminar, ele ofereceu um café que Kate prontamente
aceitou seria melhor para diminuir o efeito do álcool em seu organismo.
Sentados
no sofá, cada um com uma caneca nas mãos, era inevitável pensar em outras vezes
que estiveram exatamente assim, ali naquele mesmo cômodo. Ela percebeu o olhar de Castle a analisando
ao mesmo tempo que parecia estar admirando-a ou para ser mais exata,
desejando-a. Conhecia aquele olhar. Era o sinal de que deveria ir embora.
- Está
tarde. Tenho que acordar cedo. Te vejo amanhã? – disse já se levantando do
sofá. Castle segurou seu braço.
- Por que
a pressa, Kate?
- Castle,
por favor, eu preciso ir – ele a olhava como quem devorava seus lábios. Desejo
era tudo o que ela sentia por aqueles lábios na sua frente. A vontade de
beija-lo era maior que a de ir embora naquele momento. Não se renda, não se
renda... iniciou o pequeno mantra na cabeça. Mas o corpo a traia, o fato dele
se aproximar dela não ajudava em nada. Castle inclinou-se para beija-la no
rosto.
- Até
amanhã, Beckett... – pronto. O simples ato de beijar seu rosto a fez gemer e
perder completamente o controle. Sussurrando, ela segurou o colarinho dele.
- Por que
você faz isso, Castle?
- O que?
Foi apenas um beijo de boa noite – sussurrou de volta com a voz rouca enquanto
seus olhos continuavam fixos nos dela. Kate deixou a cabeça escorar na porta
por apenas uns segundos, então tornou a fita-lo, nos olhos desejo puro.
- Você me
provoca... – puxando pelo colarinho, ela aprofundou o contato dos lábios nos
dele. Devorando-os completamente. O beijo durou segundos. Então, ela
empurrou-o. Castle tinha um sorriso nos lábios.
- Agora é
um beijo de boa-noite, Beckett – ela suspirou e abriu a porta. No segundo
seguinte, fechou-a e virou-se para ele praticamente jogando-se contra Castle. O
beijo tomou uma proporção explosiva. A língua de Kate invadia a boca do homem a
sua frente como um viajante perdido no deserto que acaba de encontrar um filete
de agua. Não era miragem ou sonho, era real. Castle envolvia sua cintura
forçando a união dos corpos. Não negaria que sentia falta dela. Era de carne e
osso. As mãos dela vagavam pelo pescoço descendo pela camisa sentindo o
formato, como um cego que tateia para formar uma imagem na memória.
Tão
repentino como começara, o beijo acabara. Ao afastar-se dele, percebeu que
Castle estava sem fôlego, um pouco zonzo pela súbita experiência. Sorrindo
maliciosamente, ela mordiscou o lábio inferior, abriu a porta do loft e falou.
- Quid
pro quo, Castle... – a porta do loft fechara-se diante de si, Beckett caminhava
em direção ao elevador satisfeita por vingar-se enquanto lutava contra as
reações de seu corpo após o momento de provocação entre eles. Parado em sua
sala, ele não teve reação a princípio. Finalmente o sorriso despontara nos
lábios. O feitiço acabara virando contra o feiticeiro, apesar de acreditar que
ela estaria em situação mais delicada que ele. Provara de seu próprio veneno e
se o resultado era esse, queria morrer envenenado por Kate Beckett.
Continua....
8 comentários:
Parece que o feitiço viró contra o feiticeiro nao eKkkkkkkkkk sera que agora vai melhora a cada Cap 👏
HÁ! eu não sou muito de comentar mas sempre estou por aqui causando hahahaha, Kate e Castle em um jogo pior que gato e rato, o pior de tudo é que eles gostam disso kkkk. Kate entenda, a voz do povo é a voz de Deus, já dizia minha mãe. todo mundo sabe que vc tem que ceder aos encantos de Castle, só quero ver como isso vai se sair, apesar que eu sei pela serie, aaaaa mas e diferente. aguardando ansiosamente o próximo <3
Kate roda, roda e acaba nos braços do Rick. Como vc vai focar no tratamento se o único pensamento é "Que falta eu sinto do Richard Castle". De um jeito ou de outro ela se boicota... E que trio é esse Brasil? Rick, Dana e Maddie, chega a dar pena da Kate kkkk Quero so ver quando ele viajar em turnê, a saudade vai estar tão grande que a Kate não vai resistir, vai agarrar o escritor.
Ahhhh Kate vc foi má, vingança maligna!!! Achei que ela finalmente ia se render aos desejos, e voltar às noites quentes q tinham no loft!!!
Pensei que ia ter treta grande, quando Maddie, contou que Dana jantou com Castle no seu restaurante!!! Alívio por ter dado tudo certo, pq a coitadinha n merecia q a amiga ficasse desconfiada dela!!!
Amooooooooo ONO, quero sempre mais!!
A gente fica com raiva da Kate as vezes, mas toda vez que toca no assunto do tratamento, o quanto ela tem se esforçado, o coração da gente já amolece. Ela tenta, do jeitinho dela mas tenta hahaha. Dana incrível como sempre. E Maddie?? Confesso que nunca fui muito fã dela, mas ela acabou se saiu um amiga incrível! Sobre Castle eu nem preciso falar não é mesmo? Porque sempre acabo falando "se fosse eu, já teria desistido" hahaha mentira. Castle encantador como sempre, o amor dele é tão grande que ele se priva de certas coisas em nome disso, acho isso incrível também. Ah! E sobre as recaídas, Beckett merecia uma estrelinha de ouro, porque não ter caindo em tentação até agora é uma verdadeira vitória, ainda mais se a tentação é o Rick hahaha. Amei o capítulo kah, incrível como sempre.
Estou começando a ficar com medo, desse fogo todo reprimido. Bem capaz que causarem um incêndio quando soltarem kkkkkkkk.
A Kate já pode parar e pensar um pouquinho, "3 dizendo que sim e eu dizendo que não, vou rever isso". Eu acho que está muito próximo desse último muro cair.
Capítulo, como sempre, maaaaara.
Dana, Maddie e Castle juntos... OMG! Tão rápido e tao bom...
Eu tô me coçando de curiosidade para saber desse tal "experimento" da Dana, acho que ja tem uns quatro capítulos ou mais que ela vem protelando... To ligada, viu. ;)
Beckett com medo do que a Dana pudesse dizer...
Castle se saiu bem, so precisa avisar a Dana ne... Esses dois alfas, são demais... hahaha
Kate vai tomar café e comer chocolate... Melhor amigo dela nas ultimas semanas... hahaha
Isso é um jogo comigo? 😩 Ficou só em beijos e provocações,quero mais 😂😂😂Já prevejo o fogo que vai invadir o ambiente quando finalmente esses dois pararem de teimosia! 😎
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