Nota da Autora: Nossa! Como fiquei feliz com os comentarios de vocês! Teve até textão! S2 Esse é o segundo, só para dar mais uma ideia de onde essa fic pode ir. Existem algumas menções a escritores nesse capitulo e a música é uma das minhas faves para cantar para crianças, eu cantava para o meu sobrinho. Bem, é isso. Enjoy!
Cap.2
Castle observou o semblante da detetive. Ela parecia incomodada com a
cena do crime, talvez um pouco pálida. Ele se aproximou e perguntou baixinho.
– Está tudo bem? Você está branca.
– Está. É só que ela é muito nova e apanhou muito. Não é uma cena que se
vê todos os dias – Beckett pegou um par de luvas com o legista e se abaixou
para examina-la de perto. Tinha razão, o rosto de Anna estava muito machucado,
ainda assim conseguia ver seus traços. Havia semelhanças entre elas. Não
revelaria que a conhecia, não queria demonstrar fraqueza diante do time de
detetives. E as semelhanças não paravam por aí. Morta em um beco a facadas. A
detetive respirou fundo. Beckett tocou os pulsos dela, como lutara. Por que
reagira? Por que a mataram? Queria respostas.
– Perlmutter, quero saber mais sobre as agressões. Procure por DNA,
impressões digitais, qualquer coisa que revele quem fez isso com ela – Castle
estava ao lado dela observando a área quando ouviu um som peculiar. Ryan se
aproximava dele.
– Consegui falar com o dono da Deli e do restaurante. Ambos irão ao
distrito amanhã prestar depoimento. O senhor.... – Castle o interrompeu.
– Shhh, Ryan. Estou tentando ouvir um som – ele decidiu seguir o
barulho, era baixo, quase imperceptível – é estranho, eu conheço esse som,
parece... espera, parece um chorinho – quando Castle disse isso, o coração de
Beckett disparou. O filho de Anna. Seria possível? Ela lutava com todas as
forças para se manter imparcial e indiferente, porém ao ver Castle se agachar
próximo a lixeira, sabia que ele havia encontrado algo – meu Deus.
Dentro de uma caixa de papelão completamente enrolando em uma matinha
azul estava o bebê que Beckett conhecera naquele domingo. A criança fazia
barulhinhos e ao sentir que alguém o movimentara começou a chorar de verdade.
Castle o colocou contra o peito e começou a nina-lo. O pequeno reclamava, as lágrimas
escorriam pelo rostinho.
– Ryan, veja se encontra uma chupeta na caixa, preciso acalma-lo – o
detetive abaixou-se vasculhando a caixa. Encontrou o que Castle queria, mas
também notou que o cobertor estava manchado de sangue.
– Castle? Tem uma mancha de sangue no cobertor.
– Deve ser da mãe – ele disse pegando a chupeta e oferecendo para o bebê
que chorava baixinho.
– Temos que levá-lo para o laboratório para examinar, é evidência agora.
– Você pode levar desde que providencie um outro cobertor, não posso
deixar a criança sem proteção na madrugada. Veja se tem algo na ambulância.
– E como você pode dizer que o sangue é da mãe? Você nem sabe se a vítima
é mãe.
– Ryan, qual a probabilidade de uma jovem morta e um bebê serem
encontrados em um beco na madrugada? – perguntou Beckett sem confirmar a
identidade da criança ou sua relação com a vítima.
– Certo, tudo bem. A teoria de Castle faz sentido – ele caminhou até a
ambulância a procura do cobertor. Castle acalentava o bebê nos braços, milagrosamente
o choro cessou. As lágrimas secaram. Ele encontrara um daqueles brinquedinhos
de morder e entretinha o menino. Perlmutter que apenas observara até o momento
soltou uma pérola.
– Quem diria! Talvez essa seja a sua verdadeira profissão, Castle. Babá.
Sem ofensas a Nikki, detetive Beckett, ela é uma ótima personagem, intensa,
inteligente, o problema é o escritor. Se fosse Connelly ou Patterson escrevendo
teria um outro apelo. Há! Até J.D.Robb, ela tem uma mão excelente para
detetives femininas.
– Quantos elogios a minha pessoa, Perlmutter! A propósito não sabia que
você era fã de Nora Roberts. Gosta de um bom romance?
– Gosto das histórias policiais, Castle. Nem sei porque discuto com você
– Beckett estava se segurando para não rir diante da colocação do legista, mas
o momento não era apropriado para tal.
– Rapazes, por favor. Respeitem o corpo da vítima. Ryan, é para hoje?
São quatro e meia da manhã – todo atrapalhado, ele surge com um lençol. Castle
torce a boca.
– Isso vai ter que servir. Você tem muito a aprender sobre a
paternidade, Ryan. Espero que Jenny não se importe – Beckett observava o jeito
de Castle. Como um profissional, ele dobrou o lençol com uma das mãos enquanto
a outra segurava o bebê. Colocou o lençol sobre a maca que o legista já
trouxera para carregar o corpo. Em seguida, ele deitou o bebê e começou a
envolve-lo no lençol fazendo uma pequena trouxinha. Perfeito, pensou ela
admirada ao ver a desenvoltura dele. Castle sorriu ao ver a criança acomodada.
Entregou o cobertor sujo de sangue a Ryan.
– Beckett, você se importa de segura-lo um instante enquanto verifico se
há algo mais dentro da caixa?
– Não posso, minhas mãos estão contaminadas. Deixa que eu vejo – ela
desconversou com medo de tocar na criança, pelo mesmo motivo que fizera naquele
domingo. Se Anna estava certa, ele poderia associa-la a mãe e como conseguiria
fazer seu trabalho se tivesse um bebê consigo? – tem apenas uma fralda de pano
e um bichinho de pelúcia. Deve ser para ele dormir. Nenhuma identificação ou
outros objetos de bebê.
– Detetive Beckett? – era um dos membros do CSU – achamos isso na
lixeira da esquina. Tudo indica ser uma bolsa de bebê. Teremos que levar para o
laboratório.
– Há alguma identificação?
– Não olhei, detetive – Beckett calçou um novo par de luvas e passou a
revirar todos os compartimentos da bolsa. Se realmente era de Anna, o que ela
podia afirmar quase com 99% de certeza, então encontraria algo que pudesse
identifica-lo. E estava certa. Um cartão em um envelope de plástico
transparente com o nome do bebê e suas características principais. O coração de
Beckett chegou a doer ao ler o nome no papel. Ela suspirou.
– Dylan Kingston. Seis meses de idade. Mãe: Anna Kingston – ela virou-se
para fitar os colegas – temos nossa vitima agora. Vamos para o distrito.
Perlmutter, aguardo o resultado da autopsia o quanto antes. Precisamos
descobrir tudo sobre Anna Kingston antes de chamar o serviço social. Você vem
comigo, Castle? – ela ficou com a identificação. No mesmo bolso, encontrou o
seu cartão. Com cuidado, removeu-o para não levantar suspeitas quanto a sua
ligação com a vítima. Devolveu a bolsa ao rapaz.
– Sim, e o pequeno Dylan também. Acho que está com fome. Será que você
pode parar numa Duane Reade no caminho? Precisaremos de fraldas, creme contra
assadura, uma manta apropriada, outra chupeta, esterilizador, mamadeiras e
leite. Se não encontrarmos tudo na Duane, podemos tentar uma CVS. Tem uma na
34th com a Lex.
– Certo, só não exagere nas compras. Apenas um suprimento de emergência,
Castle – dirigiram até a Duane Reade que ele sugerira, a ideia de emergência
dele era bem diferente. Comprou um pacote com 120 fraldas, seis mamadeiras,
doze latas de leite, três chupetas, esterilizador, dois cobertores e um pequeno
moisés para acomodar o bebê. Ao ver o tamanho das sacolas, Kate gemeu.
– Castle, o que eu disse sobre emergência?
– Eu comprei para emergência!
– 120 fraldas?
– Acredite, elas desaparecem rapidamente.
– Castle, tem brinquedos aqui.
– Ele precisa de distração – ela revirou os olhos – vamos, porque eu
acho que nosso amiguinho está com fome – não discutiu. Colocou tudo no carro e
rumaram para o 12th distrito. O coração de Beckett estava apertado, logo
saberia tudo sobre a vida de Anna. Ela não sabia explicar, mas gostara da moça
e detestava saber do triste destino que tivera. Tudo o que ela queria era ser
atriz e cuidar do filho. Mesmo em seu último minuto de vida, ela se preocupou
com Dylan. Somente isso já fazia Beckett clamar por justiça em seu nome.
No distrito, Ryan já trabalhava na identificação da vítima quando Castle
e Beckett chegaram trazendo o pequeno Dylan e as compras. Ao ver a cara
surpresa do detetive, Beckett se ateve a dizer.
– Não pergunte – Castle seguiu diretamente para a mini copa com o bebê,
o moisés e a sacola com o leite e as mamadeiras. Ela estava curiosa para ver o
que ele faria, porém precisava de informações sobre Anna – o que você
conseguiu?
– Estou terminando de coletar e juntar tudo. Não há muito o que contar,
me dê mais cinco minutos.
– Tudo bem, vou buscar café – a desculpa não era de todo mentira, ela
precisaria da bebida para aguentar o viradão da madrugada, porém a curiosidade
era bem maior. Na porta da mini copa, ela observava o jeito dele. Como um
profissional experiente, Castle tramitava entre a pia e máquina de café, ela o
vira colocar agua aparentemente quente na mamadeira e depois a dosagem de
leite, em seguida chacoalhava a mamadeira e falava com o bebê. Ela se lembrou
da maneira como Anna lidava com tudo. Quando o viu tirar a tampa e oferecer o
leite ao pequeno Dylan, ela decidiu que era o momento de se fazer presente.
– Hey, como você está se virando?
– Pergunte ao garotão, ele me parece satisfeito com o café da manhã –
ela sorriu – você quer um café também, detetive?
– Foi por isso que vim.
– Deixe que eu preparo para você.
– Mas está com as mãos ocupadas.
– Relaxe, Beckett. Só preciso de uma delas para programar seu café na
máquina – impressionante, ela pensou. Ele realmente sabia lidar com uma
criança. É claro que sabia, Beckett, se recriminou. Ele é pai – fazia muito
tempo que não preparava uma mamadeira. É bom ver que não perdi a prática. Acho
que a última, Alexis tinha seis anos. Um dia, ela acordou me olhou bem séria e
disse “Pai, quero meu chocolate no copo, sou uma mocinha”, não tive escolha. Olha
só, ele terminou. Satisfeito, Dylan? – Castle brincou com o menino – quer mais,
garotão? Quer? – mas o bebê empurrava a mamadeira visivelmente satisfeito – seu
café está pronto, vou ergue-lo para coloca-lo para arrotar. É preciso, sabe
para que não sofra com cólicas ou não tenha refluxo – Beckett não disse nada.
Pegou seu café e observou o homem a sua frente bastante à vontade com o bebê no
colo. Constatou que podia ficar admirando-o por horas a fio. Mas Anna clamava
por justiça e ainda tinha o destino do pequeno Dylan.
– Eu vou para a minha mesa. Quando terminar, vá até lá – ela parou ao
lado dele contemplando o lindo bebê de olhos azuis. De repente, sentiu uma
vontade de tê-lo nos braços e a mesma sensação estranha que experimentara
naquele domingo estava de volta. Suspirando, ela se forçou a concentrar-se no
trabalho.
– Ryan, o que descobriu sobre Anna?
– Como eu disse, não muito. Uma vida bem intrigante, antes que comece só
quero informa-la que já contatei seu contato de emergência. Ela deve estar a
caminho. Parecia muito abalada. Perlmutter ligou. Disse que conseguiu digitais
e DNA, ia começar as análises agora.
– Ótimo. Quero descobrir quem é nosso suspeito o mais rápido possível –
viu Castle se aproximando com o bebê no colo, ele sentou-se em sua cadeira
cativa – então, fale sobre Anna.
– Anna Kingston, 23 anos, nascida em Nova York. Foi deixada em um
orfanato com poucos meses de vida. Não conhece os pais, não tem irmãos ou
parentes listados. Não possui ficha policial, nem qualquer registro lacrado
pelo Estado, nunca foi adotada. Profissão: atriz, formada pela NYU também
trabalhava como garçonete. Solteira, um filho: Dylan Kingston. Pai
desconhecido. Endereço atual no Village, apartamento que divide com sua amiga
Claire Smith que está vindo prestar depoimento.
– Suas finanças?
– Bem moderadas. Não há grandes quantias de dinheiro e nem dividas. O
balanço de sua conta resume-se a três mil e duzentos dólares. Notifiquei o
roubo as companhias de cartão de credito. Também estamos monitorando, se forem
usados, saberemos. É uma vida bem difícil para uma jovem de apenas 23 anos.
– Sim, esse é um daqueles casos difíceis. E completamente injustos.
– Quer que eu notifique o serviço social?
– Não ainda. Quero conversar com a amiga e companheira de quarto. A
investigação não está concluída e precisamos ter certeza de que não há ninguém
que possa ficar com a criança.
– Atriz e mãe solteira em Nova York... – Castle estava pensativo, não
deixava de ser parecida com a própria história de sua mãe.
Dez minutos depois, Claire Smith chega ao distrito ainda balançada com a
notícia repentina. Ao ver o bebê no colo de Castle, ela desatou a chorar.
– Dylan! Graças a Deus! Tive tanto medo que tivessem machucado-o também,
ele está bem? Está ferido? Como isso pode acontecer? Anna é um doce, não faz
mal a ninguém.
– Srta. Smith, sou a detetive Beckett, responsável pelo caso de Anna.
Pode me acompanhar até uma sala onde poderemos ficar mais à vontade? Preciso
lhe fazer algumas perguntas.
– Claro – levou Claire para uma salinha reservada na delegacia, Castle a
seguiu com o bebê no colo. Assim que estavam acomodados, a moça tornou a falar
– isso tudo é tão louco! Anna nunca fez mal a ninguém. O que realmente
aconteceu com ela?
– Ainda estamos investigando, porém tudo aponta para um latrocínio.
Roubo seguido de morte. Ela levou quatro facadas, duas fatais no abdômen. Não
resistiu a hemorragia. Eu sinto muito. Há quanto tempo a conhecia?
– Desde que terminamos a faculdade. Nos conhecemos no último ano.
Tivemos a ideia de morar juntas, Anna era uma otimista, uma sonhadora. Amava a
arte, interpretar vários papeis. Ser diferentes pessoas. Acho que estava
relacionado com o fato dela mesma não ter uma identidade. Acreditava que podia
ser qualquer um. Ela foi abandonada ainda bebê na porta de um orfanato no
Queens. Não se sabe da mãe ou do pai ou qualquer membro da família. Eu era sua
família, somente nós três.
– De onde vem o sobrenome?
– A supervisora do orfanato. Ela dava os nomes das cidades do estado de
Nova York para os bebês que apareciam sem identidade. Ela também escolheu o
primeiro nome. Eles nem sequer deram um nome a ela! Anna cresceu, frequentou
algumas casas de família, porém nunca encontrou um lar, alguém que quisesse
adota-la. Estudou em escola pública, era inteligente e prestou o SAT entrando
na universidade com 17 anos. Tinha um futuro brilhante pela frente, sonhava com
os palcos da Broadway. Aos 22 anos tinha boas experiências no currículo
inclusive off-Broadway. Então, Bryan apareceu. Um ator aspirante que trabalhou
com ela numa peça. Eles começaram a namorar e Anna engravidou. Bryan surtou
dizendo que ela podia tirar o bebê e desapareceu no mundo. Pela história da
Anna, vo-vocês sabem que ela não abortaria... – Claire respirou fundo,
emocionada.
– Você está bem? Quer uma agua? – Beckett também estava lidando com as
emoções. Apesar de conhecer parte da história, contada por alguém que a
vivenciou era bem diferente.
– E-eu aceito – Beckett se levantou indo até a sala de seu capitão e
retornando com três garrafas de agua. Entregou uma para Claire, outra para
Castle e abriu a sua tomando grandes goles. Após molhar a garganta, Claire
continuou.
– Ela decidiu ter o bebê. Passaria a dedicar sua vida a ele. Sacrificaria
tudo para que seu bebê não passasse pelo mesmo sofrimento que vivenciara. Sem
família, sem amigos, sem uma infância digna. Ela arrumou o trabalho no dinner,
saiu praticamente a uma semana de dar à luz. O Sr. William lhe garantiu que
teria seu emprego assim que terminasse a licença-maternidade. Ele cumpriu com
sua palavra. Desde que Dylan nascera, ele se tornou a vida de Anna. Claro que
continuava atuando, mas não escolhia muito como antes. Comerciais, figuração,
papeis secundários. Tudo era uma maneira de conseguir dinheiro para garantir
uma vida razoável a Dylan. Ela era louca pelo filho. Uma mãe maravilhosa –
Beckett tentava segurar as lágrimas lembrando do jeito de Anna com o filho - Eu
a ajudava como podia, ficando com ele quando tinha gravações, ou nos turnos
extraordinários do dinner. Comprava leite, frutas e roupas para o pequeno Dylan,
queria ajudar.
– Pode me dizer o sobrenome de Bryan?
- Robinson – Beckett anotou. Precisava localiza-lo.
- Você sabe dizer o que ela fazia em um beco do Chelsea com o filho?
Estava com algum problema? Alguém a observava ou perseguia?
– O detetive que me contatou perguntou isso. Ela trabalhava no dinner.
Os horários de Anna eram sempre pela manhã ou à tarde. Poucos turnos durante a
noite porque se estava em uma peça, ela precisava das noites. Eu deveria ter
ficado em casa para cuidar de Dylan, mas surgiu uma emergência. Sou química e
trabalho em um salão de beleza. A outra química estava doente e tinha uma
cliente importante. Enfim, Anna ligou para o senhor William perguntando se ela
podia levar Dylan com ela. Ele concordou porque segundas geralmente o movimento
é devagar. Por isso ele estava com a mãe – de repente, ela começou a chorar.
– Deus! Por que? Ela estava feliz... e-ela conseguiu um papel numa peça
off-Broadway. As coisas na vida de Anna sempre foram difíceis e estavam
melhorando – Castle ainda segurava o bebê, toda aquela história mexia com seu
lado de escritor, mas principalmente o emocionara. Olhava para Dylan com
carinho, ele conseguia se ver naquela criança – Quem faria uma coisa dessa e
por dinheiro? E agora, o pequeno Dylan está sozinho no mundo... oh, não! Deus,
não!
– Você tem certeza que Anna não tem nenhum parente vivo?
– Não, ela não conheceu a mãe ou o pai. Nunca foi adotada. Éramos apenas
nós três. O que vai acontecer com Dylan? Oh meu Deus! Por favor, não pode
deixa-lo ir para um orfanato. Anna não suportaria saber que o filho teve o
mesmo destino que ela. Não depois de tudo que ela fez para cria-lo.
– Eu serei obrigada a chamar o serviço social, uma vez que a
investigação estiver concluída. É o procedimento quando não há nenhum familiar
capaz de ficar com a guarda legal da criança. Ele pode ter sorte, ser adotado
por um casal sem filhos, ter uma família.
– E se não tiver? E se ele estiver fadado a ter o mesmo destino da mãe?
Detetive, por favor, encontre um lar para Dylan. Não o deixe abandonado em
orfanatos.
– Não posso prometer, mas farei o possível. Dylan merece uma família que
o ame, o acolha. Também prenderei quem quer que tenha feito isso com Anna.
– Obrigada – Claire limpou as lágrimas, olhou para Castle – posso
segura-lo?
– Claro – ele estendeu a criança para a moça.
– Hey, Dylan boy... tia Claire estava com saudades, eu amo muito você.
Se eu tivesse condições, eu ficaria com você, meu amor. Perdoa a titia, tá? –
Beckett olhava a cena. Era de partir o coração.
– Muito obrigada por ter vindo, Claire. Pode ficar com ele o tempo que
quiser. Eu vou continuar minha investigação. Com licença – Beckett saiu
apressada. Sim, ela tinha uma investigação para coordenar, mas não foi por isso
que saiu às pressas. Ela precisava ficar um tempo sozinha. Seguiu para o
banheiro e trancou-se outra vez numa das cabines. Dessa vez, deixara as lágrimas
rolarem. Beckett já trabalhara em muitos homicídios. Vira coisas terríveis, mas
quando envolvia crianças, tudo ficava mais difícil. E não era qualquer criança,
ela segurara o bebê em seus braços. Não conseguia explicar, porém sentia que
havia um vínculo entre eles. Beckett não era uma pessoa dada a bebês, não sabia
muito lidar com eles. Tinha medo de apegar-se, por isso evitava segura-lo no
colo.
Precisava se recompor. Fizera uma promessa. E pretendia cumpri-la. Iria
encontrar os responsáveis por esse crime e encarcera-los por longos anos.
Levantou-se, lavou o rosto e voltou para o salão.
– Hey, Beckett! O senhor William está na sala de interrogatório
esperando por você.
– Ótimo! Esposito, quero que pesquise Bryan Robinson, é ator. Quero
saber o paradeiro dele. Talvez tenhamos que fazer uma visita ao rapaz.
Ex-namorado. Sabe de Castle?
– Da última vez que o vi estava na mini copa. Falou alguma coisa sobre
mamadeira... – disse Esposito. Ela resolveu ir a procura dele antes de
conversar com o chefe de Anna. Encontrou-o escorado no balcão com o pequeno
Dylan nos braços. Ele estava dando outra mamadeira de leite para o bebê. Beckett
parou na porta para observa-lo. Era uma imagem completamente nova de Castle
para ela, inusitada até. Claro que já vira Castle agir como pai com Alexis, mas
um bebê era diferente. A forma como ele o acalentava, sorria para o pequeno e
curtia o momento, fez o coração de Kate acelerar. Deus! Ele parecia ainda mais
bonito assim. Com cuidado, ela chamou por ele.
– Castle?
– Não faça barulho, Beckett – ele sussurrou – Dylan acabou de dormir –
cuidadosamente, ele aproximou-se do moisés e colocou o bebê nele. Parou para
admira-lo. Virou-se para fita-la. Beckett sorria – você está bem?
– Sim, por que pergunta?
– Eu reparei no seu jeito quando conversava com Claire. Tudo bem, Kate.
Todos nós temos direito de nos indignar e ficar mexidos com algumas coisas.
Esse é um daqueles casos, os difíceis – ela preferiu desconversar, não queria
correr o risco de perder o foco e o controle outra vez.
– Claire já foi?
– Sim, precisava trabalhar. Ela disse que mais tarde passará aqui para
trazer algumas coisas de Dylan.
– Estou indo conversar com o chefe da Anna. Você vem?
– Não, eu acho que vou ficar tomando conta dele por um tempo. Você se
importa de eu leva-lo para o loft? Acho que ficaria mais confortável.
– Castle, ele não pode ficar perambulando por aí. Teremos que encontrar
um novo lar para Dylan.
– Eu sei, mas por enquanto ele é de responsabilidade da NYPD, não? Posso
ser a babá dele, apenas por algumas horas assim você foca na investigação e
depois cuidaremos da outra parte.
– Não vá fazer nenhuma bobagem.
– Sou pai, esqueceu?
– Não, mas pode estar fora de forma afinal Alexis já é uma moça – ele
sabia que ela estava implicando – te vejo depois?
– Claro – Beckett percebeu que havia algo estranho no olhar de Castle.
Uma preocupação, quase um sinal de tristeza. Não conseguia decifrar exatamente.
Ela não era uma expert nisso, ele sim. Conseguia lê-la com maestria. Entendia
cada olhar. Parecia conhece-la de dentro para fora, tudo. Isso a assustava as
vezes. Entrou na sala sentando-se de frente para o senhor William.
Cumprimentou-o.
– Sr. William, sou a detetive Beckett. Acredito que saiba porque está
aqui.
– Sim, sim. Pobre Anna. Doce Anna. Como isso foi acontecer?
– Espero que o senhor me ajude a descobrir.
Beckett fez diversas perguntas ao dono do dinner. Ele revelara que Anna
era sua melhor funcionaria. Ajudava-a sempre que podia, deixava que ela levasse
as vezes o bebê para o trabalho porque ela sempre sabia cuidar dele sem ter
problemas com clientes. Naquela segunda-feira, ela deveria fechar o local.
Trabalhavam até as oito da noite e ela pedira para ficar um pouco mais lá,
queria dar o jantar de Dylan. Ele não se preocupou. Tinha sido dia de pagamento.
Anna recebera seu salário e mais as gorjetas. Ao todo tinha 2500 dólares em
espécie. Esse era o motivo de sua morte. O dinner estava intacto. O roubo fora
no beco mesmo. O senhor William sabia que ela não tinha família, portanto se
ofereceu para cuidar do enterro dela.
Beckett agradeceu sua ajuda. Cansada e triste por descobrir o quanto
valera a vida de Anna, ela voltara para sua mesa. Sentara em sua cadeira de
frente para o quadro de evidências. Escrevera as últimas informações que
recebera e contemplava a história trágica que colocara fim a vida de uma moça
de bem. Após alguns minutos, ela gritou por Esposito pedindo para que ele fosse
pressionar Perlmutter. Queria acabar com esse caso o mais rápido possível.
Voltando-se para o computador, Beckett resolveu fazer uma pesquisa sobre Anna,
sua vida profissional.
Encontrara registros de seus trabalhos, descobrira que se formara com
louvor na NYU. Uma alma solitária que encontrou conforto em um bebê através do
ato de ser mãe. O próximo passo de Beckett foi contatar o serviço social
pedindo informações sobre as opções viáveis para um bebê de seis meses. Agendou
uma entrevista no distrito para a manhã seguinte. Sem muita alternativa, ela
resolveu pegar um café. A madrugada não dormida estava começando a afeta-la.
Ainda tinha pelo menos três horas de trabalho pela frente.
Estava na mini copa quando Montgomery a encontrou. Queria informações
sobre o caso que ela estava investigando. Munida de café, ela o acompanhou até
a sala dele e relatou tudo que conseguira até ali para o seu capitão. Ele a
ouvira atentamente. A história da vítima era triste. Esse era um daqueles casos
que chamavam de fatalidade. Difícil quando acontece com pessoas boas. Ela
talvez estivesse no lugar errado, na hora errada. Agradeceu e dispensou a sua
detetive dizendo que não queria vê-la fazendo viradão hoje no distrito.
– Beckett, onde está o bebê?
– Castle o levou para o loft. Para ficar mais tranquilo, descansar. O
ambiente da delegacia não é muito bom para uma criança, capitão.
– Concordo. Você já contatou o serviço social?
– Sim, uma de suas representantes virá aqui amanhã.
– Ótimo, mantenha-me informado detetive.
– Sim, senhor – Beckett saiu da sala ficando outra vez de frente para
seu quadro de evidências. Esposito nem Ryan estavam no salão, esperava que eles
voltassem com respostas. Ela perdeu a noção do tempo enquanto contemplava os
dados da investigação pensando em Anna. A vida era cruel algumas vezes e tão
imprevisível. Como ela podia imaginar que a mesma moça que conhecera
rapidamente naquele domingo com tantos sonhos e planos iria acabar como uma de
suas vítimas?
Beckett jurara proteger e servir. Era exatamente isso que pretendia.
Especialmente para Dylan, era sua missão protege-lo. Apesar de não saber ainda
como. Estava tão concentrada que não percebeu a chegada de Castle.
– Hey, tia Beckett... olha quem trouxe café para você? Dylan, ela é
viciada em café – ela se virou para fita-lo. Não acreditava na imagem que via a
sua frente. Castle estava com um daqueles cangurus. O bebê pendurado em seu
corpo, vestindo um macaquinho azul cheio de aviõezinhos e um gorro também azul
com a letra D. Ele segurava a bandeja com dois cafés e sorria. Beckett foi
fisgada pela cena. Ele estava bem à vontade cuidando do bebê. Como alguém podia
agir tão naturalmente com uma criança?
– Conte para a tia Beckett o que fez Dylan. Tiramos uma soneca, comemos,
passeamos no parque e fizemos compras – ele entregou o café a ela.
– Castle, você não deveria estar fazendo isso. Gastando dinheiro,
cuidando do bebê. Não é sua responsabilidade.
– Não é nada demais. E você não teria tempo porque está focada na
investigação. Não ia querer deixar um bebê exposto na delegacia, certo? É um
prazer cuidar dele. É uma criança calma. Pelo menos não demonstrou nada de
exagero ainda. Falando nisso, como anda a investigação?
– Estou esperando pelos resultados do laboratório. Não tem muito o que
fazer agora – reparou que Castle se livrava do canguru carregando Dylan em seu
colo, ele se aproximou do quadro de evidências. Os olhos vasculhavam as
anotações de Beckett. A detetive reparara no modo como ele analisava o que
estava a sua frente. Havia um brilho diferente no olhar dele, algo incomodava
Castle. Dylan ao se ver próximo a ela, começou a se jogar para a direção de
Kate. Percebendo o que acontecia, ele incentivou.
– Parece que alguém quer trocar de colo...
– Não, Castle. Eu estou trabalhando e... – tarde demais, ele já jogara o
menino em seus braços. Ainda sem jeito, ela tentava acomoda-lo. Tão logo
conseguiu, ele percebeu que ela estava nervosa.
– Relaxe, ele é apenas um bebê. Você não gosta de crianças, Beckett?
– É claro que gosto, eu só...e-eu não tenho muito jeito com elas. Bebês,
eles me apavoram. Todo mundo os acha lindos, querem carrega-los, mas eu não
sinto isso. Tenho medo de quebra-los e...eu não sei... – ele percebeu a
apreensão no rosto dela, porém também percebeu que o bebê estava sorrindo,
tranquilo nos braços dela.
– Eu acho que ele gosta de você – Beckett baixou a cabeça para olhar
para Dylan. O menino sorria. Os olhinhos azuis brilhavam e uma das mãozinhas
agarrou o dedo dela. Kate suspirou. A sensação de domingo estava de volta –
você me parece bem natural.
– Só que tenho que trabalhar – ele ignorou a tentativa dela de entregar
o bebê de volta a ele. Tornou a fitar o quadro.
– Hum... é estranho. Eu sei que não a conheço, porém ao mesmo tempo
sinto como se soubesse tudo o que ela passou. Anna era uma lutadora, uma mulher
jovem que tinha um sonho, acreditava nele, sua vida fora marcada por
dificuldades e problemas que enfrentou bravamente e cresceu. Queria ser uma
atriz de sucesso, fazer seu nome na Broadway. Estava no caminho certo quando um
acidente de percurso aconteceu. Um pequeno acidente de olhos azuis e cabelos
castanhos. Dylan. Mesmo assim, ela não desistiu, incorporou um novo sonho a sua
vida. Seria atriz e mãe, daria tudo de si para que seu filho tivesse o melhor,
um destino completamente diferente do seu. Anna apenas não contava com um
detalhe. As pessoas ruins que cruzam nosso caminho sem explicação. Agora seus
sonhos foram destruídos, seus desejos destroçados em pedaços pela lâmina de uma
faca. Exceto um. O futuro de Dylan.
– Eu gosto quando você conta o caso sobre sua ótica de escritor.
Consegue deixar uma tragédia com ar poético. É uma pena que, ao contrário de
seus livros, não possamos ter um final feliz.
Castle não contestou a colocação dela. Em sua mente, ele repassava a história
de Anna, para ele ainda não acabara. Como escritor, ele poderia escrever outro
fim para aquele conto, mas a vida real era diferente. Contudo, em sua opinião,
o último desejo de Anna não era impossível. Não para ele.
– Ele poderia ser eu. É por isso que sinto que a conheço.
– O que? – Beckett perguntou, ao virar-se para fita-la, Castle reparou
que ela brincava com as mãozinhas do bebê. Ela estava curtindo o momento. Kate
Beckett estava se afeiçoando? Se rendia ao pequeno que parecia confortável em
seus braços?
– Dylan. Ele poderia ser eu. A história de Anna. Não é tão diferente da
história da minha mãe. Trabalhando em subempregos para poder me sustentar,
levando-me ao teatro, audições e testes. Abrindo mão de oportunidades. Anna é
Martha Rodgers. Dylan, sou eu – ela reparou no semblante dele e finalmente
compreendeu o que vira em seu olhar antes. Tristeza.
– Castle, acho que você está indo longe demais. Sei que quer amenizar a
história, mas não pode misturar realidade e ficção.
– Não estou fazendo isso, Beckett. Estou comparando as duas vidas. Minha
mãe era como Anna, assim como a nossa jovem, teve que se adaptar ao ser mãe. E
quem poderia saber? Martha Rodgers queria o mesmo que ela para sua carreira e
para seu filho. Esse bebê que você segura nos braços poderia ser eu. Pensar que
seu destino poderá ser um lar adotivo ou mesmo um orfanato me deixa
extremamente triste e chateado. Dylan merecia muito mais. Anna merecia muito
mais – Beckett se aproximou tocando seu ombro, vira que ele estava emocionado.
– Hey, tudo bem. Não é um caso fácil e também não gosto de pensar no que
pode acontecer no futuro desse menininho. Se não quiser fazer parte da
investigação, eu vou entender, Castle. Você está mexido com tudo isso – a voz
dela era calma, carinhosa. Queria abraça-lo especialmente após ele tornar a
fita-la.
- Olhe para ele, Beckett. Branquinho, gorducho, de olhos azuis. Se você
visse uma foto minha bebê, aposto que concordaria.
Beckett tornou a olhar para Dylan. Sim, ela concordava que podia ser Castle.
Podia ser filho dele. O bebê passava a
mão no rosto dela como quem quisesse entender quem era ela. Sem perceber, ela
se viu balançando o bebê e encostando sua testa na dele. Castle não deixou o
ato passar despercebido.
– Ele pegou você também, não? – ela suspirou.
– Castle, sei que não é justo. Droga! A vida não é justa, sei muito bem
o que é isso. Eu, de todas as pessoas aqui, fui a que sofreu uma injustiça.
Assim como Dylan, minha mãe foi tirada de mim. Mas não podemos resolver todos
os problemas. Eu entendo que é difícil, a semelhança das histórias. Ele poderia
ser seu filho ou você como disse. Mas precisamos manter o foco. Amanhã falarei
com o serviço social, então veremos como conseguiremos ajuda-lo.
A emoção a tomara também podia vê-la estampada em seu rosto. Castle não
a vira falar do caso da mãe ou da perda desde a última investigação que fizeram
juntos. O mesmo caso que os brindara com um beijo.
Filho.
Kate disse que Dylan podia ser seu filho. Uma ideia começou a se formar
na mente de Castle. Nesse instante, eles são interrompidos por Claire. A amiga
da vítima surge com várias sacolas e um carrinho de bebê na frente deles.
Beckett reconhece o carrinho de Dylan.
– Ainda bem que os encontrei aqui ainda. Queria lhes dar algumas coisas
de Dylan. Seu carrinho, umas roupas, tem mamadeiras, potes, latas de leite,
potinhos de fruta e sopa, mantas, os brinquedinhos dele e seu preferido. Mr.
Frog – Beckett reparou no sapo de pelúcia com uma coroa na cabeça – eu não
sabia o que fazer, nada disso me pertence ou tem utilidade para mim, então...
– Você fez bem, Claire. Será bom ter alguns dos seus pertences com ele.
Especialmente os brinquedos.
– Vocês já sabem o que acontecerá com ele? Sei que já perguntei isso de
manhã, mas tenho horror em pensar em Dylan sozinho, em um orfanato com
estranhos que nem sabemos se tomarão conta dele. Deus! Pobre Anna, não era esse
o desejo dela – começava a chorar outra vez – desculpe... se ao menos eu
tivesse dinheiro ou alguém para me ajudar podia tentar ficar com ele.
– O serviço social não permitiria diante de sua condição. Mas você é uma
boa amiga. Só por querer fazer algo, isso já deixaria Anna feliz – disse
Beckett tentando consola-la.
– É, o serviço social não deixa. No entanto, joga as crianças no sistema
a própria sorte. A maioria deles nem se importa. Anna me contou histórias de
casais que adotavam crianças apenas para receber incentivo do governo, as
colocavam para fazer serviços domésticos, não eram tratadas como crianças. Ela
teve uma experiência assim. Por isso fazia tudo por Dylan, para livra-lo dessa
podridão.
Castle escutava atentamente o que Claire dizia. A moça pegou o sapo e se
aproximou do bebê.
– Hey, Dylan! Olha quem está aqui... Mr. Frog! – então se
pôs a cantar – “Jeremiah was a bull frog, he was a little friend of mine. I never understood a single word he
said but I helped him drink his wine” – o bebê começou a balbuciar algo, feliz
em ouvir a canção – ele adora essa música – e o pequeno Dylan segurava seu sapo
sem pensar em sair do colo de Beckett – ele gosta de você. Dylan é uma criança
calma, mas não simpatiza com todo mundo. Se está em seu colo quieto, é porque
gostou de você. Detetive, promete que assim que tiver notícias sobre o que acontecerá
com ele, me avisa?
– Claro. Farei isso.
– E sobre Anna. Quero saber quando pegarem o idiota que fez isso. O
senhor William vai fazer o enterro dela.
– Sim, ele me disse – confirmou Beckett – não se preocupe, Claire. Você
será avisada quando liberarmos o corpo.
– E-eu ainda tenho o berço dele, não sei o que fazer. Acho que terei que
vender. Ninguém vai querer, mesmo se for adotado...
– Vender é uma opção – disse Castle – Claire, Anna tinha muitas fotos do
filho?
– Algumas, não muitas. Fazia um pequeno álbum. Está junto das roupinhas
dele. Por que?
– Curiosidade apenas – ele sorriu.
– Preciso ir – ela se aproximou do bebê pegou seu pezinho e levou aos
lábios beijando e fingindo morde-lo – tchau, Dylan. Tia Claire te ama – o bebê
pareceu gostar da brincadeira emitindo sons após o contato. Claire seguiu na
direção do elevador. Castle aproveitou a oportunidade para sugerir algo que
pensara mais cedo quando viera visitar Beckett.
– Que tal nós também encerrarmos o dia? Você está trabalhando desde as
três da manhã, sequer descansou. Vamos para o loft, jantamos e depois você vai
para o seu apartamento. Dylan passa a noite comigo.
– Castle não podemos fazer isso.
– Você vai deixa-lo dormindo na delegacia até a assistente social vir
amanhã. A menos que queira leva-lo para o seu apartamento – ele viu no rosto
dela que isso não era uma opção – Ora, Beckett, seja racional. Posso cuidar de
um bebê. Ainda tem minha mãe e Alexis. Dylan ficará bem.
– Castle, isso é errado e...
– Tem uma solução melhor? – ela não tinha e ele sabia – fale com
Montgomery, sei que ele vai concordar com a minha sugestão. Estamos falando de
uma noite – por enquanto, pensou Castle – quer que vá com você? Assim se ele
quiser gritar com alguém pode gritar comigo.
– Tudo bem – ela suspirou achando tudo isso uma loucura – vamos falar
com o capitão.
Ela bateu na porta da sala de Montgomery que autorizou sua entrada já a
recebendo com uma espécie de bronca.
– Ainda está aqui detetive? Não disse para descansar?
– Sim, senhor. Eu já vou para casa, só precisamos resolver um problema –
ela sequer se lembrara de entregar o bebê para Castle. Dylan ainda estava em
seus braços – o que faremos com o bebê.
– Serviço social?
– Como eu expliquei antes, só podem vir amanhã. Parece que não tem
muitos agentes disponíveis para cuidar de bebês.
– Entendo.
– Senhor, Castle deu uma sugestão. Ele se ofereceu para ficar com o bebê
essa noite. Não podia autorizar por isso vim falar com o senhor – Montgomery
sorriu, viu nisso uma oportunidade.
– Claro que tem autoridade. O caso é seu. Seu comando, suas regras. Se
você acha que Castle pode cuidar da criança por uma noite, eu não vejo
problema. Afinal, ou é você ou ele. Ficar numa delegacia seria um absurdo.
– Esse foi o meu ponto para a detetive Beckett, capitão.
– A decisão é sua, detetive.
– Tudo bem, Castle. Você pode leva-lo, mas esteja aqui no distrito as
sete e meia da manhã, sem falta. Não quero correr o risco da assistente social
chegar e não encontrar o bebê.
– Tudo bem. Estarei aqui.
– Ótimo – ela disse. Vendo que ele não tirava os olhos dela, perguntou –
o que foi?
– É, bem, Beckett... você precisa me dar o bebê para que eu possa ir
embora – no mesmo instante, ela enrubesceu.
Ela pode ver o sorrisinho no canto dos lábios de Montgomery. Queria um
buraco para se esconder.
– Tome, é todo seu... – porém no instante que Castle o tirou do colo
dela, Dylan começou a chorar. Ele tentava acalma-lo balançando-o nos braços e
sem muito sucesso.
– Parece que ele realmente gosta de você, Beckett.
– Ele é sua responsabilidade agora.
– Mas ele quer seu colo! – afirmava Castle.
– Será que vocês dois poderiam discutir seus problemas domésticos fora
da minha sala? Tenho um relatório para terminar – outra vez, Beckett ficara vermelha.
– Desculpe, capitão – saíram da sala de Montgomery com Dylan chorando e
Beckett bufando. Castle sabia que ela estava irritada – viu o que você fez?
Você me fez passar vergonha na frente do meu capitão!
– Eu? Não tenho culpa se o menino quer ficar no seu colo. É ele quem
está chorando, não eu.
– Ele não quer meu colo.
– Quer apostar? – Castle a olhava provocando.
– Não, apenas faça-o calar. Dê uma mamadeira a ele.
– Nem todo o choro é fome, Beckett – continuava acalentando Dylan, o
choro diminuía, porém não cessara – você vai aceitar meu convite para jantar no
loft? Vamos você precisa comer.
– Só se você fizer com que Dylan se cale.
– Isso é fácil – Castle deu a chupeta para o bebê e sem aviso o colocou
no colo de Beckett. O choro cessou – viu? Super fácil.
– Isso não quer dizer que ele se calou por estar no meu colo. Você deu a
chupeta a ele – na mesma hora como se tivesse sido desafiado, Castle tirou a
chupeta da boca de Dylan, o menino não emitiu uma única reclamação – acho que provei
o meu ponto. Podemos? Você leva o bebê, eu levo as coisas que Claire trouxe. Se
cansar podemos coloca-lo no carrinho.
– Eu vou ter que dirigir, esqueceu?
– Claro que não. Sei meu lugar.
Eles desceram pelo elevador. A viatura de Beckett estava estacionada na
frente do distrito de modo que todos viram os dois saindo com o bebê e suas
tralhas. Aliás, qualquer pessoa que não os conhecessem, pensaria que eram um
casal saindo para passear com o filho. No carro, Beckett entregou o bebê para
Castle que conseguiu mantê-lo calado com a chupeta e o Mr. Frog. Seguiram para
o loft.
Continua....
8 comentários:
Os comentários ácidos do Perlmutter são os melhores!
Tadinho, Castle se identificando com o menino. Realmente, parece a vida dele. Beckett não terá escapatória, já que o bebê adora ela. HUEHUAUH
Amando essa fic, ficando linda!
Morrendo de pena do Castle!
A Kate que se cuide, vai sobrar pra ela, com certeza!!
Lindo e emocionante capítulo!!!
Ainnn ta muito fofa essa fic... o bebê realmente poderia ser filho dos 2 kkk a mãe dele tem a história da Martha com a história da morte de Johanna, hum... interessante!! Querendo saber no que isso vai dar hahaha
Se eu pirei com esse capítulo?Sim ou claro. Não me canso de ler suas fics,tudo que você escreve é sensacional.
Fiquei com o coração partido por causa da Anna,pobrezinha não merecia isso.
Espero do fundo do meu ser que a Kate fique com ele,não posso imaginar o Dylan em um orfanato,é muito triste essa história toda.Se for pra ele ficar com alguém que seja com pessoas de bem,íntegras e que deem muito amor à ele.
Orfanatos não são lugares muito bons de se viver.
Karen dá uma forcinha pra ele ficar com o Castle e a Kate,nunca te pedi nada!Ele até "ama" a Kete e gosta do Castle!!!!
Estou adorando a fic e não podia ser diferente por ser escrita por você. Espero logo ter o terceiro capítulo para ler. Abraços.
Perlmutter sempre um amor de pessoa!! Não entendi porque a Kate não contou que conheceu a Anna, ela fez isso para não ser afastada do caso?
Castle, maravilhoso cuidando do baby, dando todo suporte que ele precisa, mesmo com todo o exagero dele. E encantando cada vez mais a Kate. Achei super fofo a parte que ambos se sentem conectados com a história do Dylan. A reação da amiga da Anna, pedindo para que não deixem o Dylan sozinho foi bem emocionante. Conhecer um pouco da história dela, certeza que vai fazer com que Kate e Castle decidam por ficar com a criança. Doida para ver como vai ser isso, quem vai ficar com a criança? como vai ser decidido isso? Certeza que vem confusão desses dois kkkk. ahhh não posso esquecer a parte da Kate com o Dylan, tão lindinha, tão mamãe Kate fazendo carinho, pegando no dedinho do Dylan... Ansiosa pelos próximos capítulos.
A interação Caskett com Dylan é tao fofa!
E essa semelhança na historia do Castle é tão emocionante... Achei tão lindinho Kate confortando ele... Roy rindo deles foi demais... "Problemas domésticos" hahaha
Que capítulo!!!!
Fiquei triste com a morte da Anna, uma mãe dedicada, com tanta semelhanças com a Martha?! Meu coração ficou pequenininho :’( tadinho do Castle analisando tudo.
PAUSA PARA A REFERÊNCIA DE J.D.Robb <3 <3 <3 <3
O Castle comprando itens de emergência parece eu huahauhauahuahuahauhau, exagerado! Kkkkkkkkkkk
A Kate ta amolecendo toda vendo o Castle com o pequeno <3 e posso dizer que o pequeno ta amolecendo ela também no quesito bebês <3, não adianta fugir Beckett, o pequeno Dylan te ama <3
Pela forma que o Castle analisou tudo posso imaginar que vem surpresa por ai né?! Ele ficou muito mexido com a história toda.
Ai, amei tudo Kah <3 <3 <3
Postar um comentário