Nota da Autora: Então, preparadas para uma DR? A fim de passar um angst? Tudo bem, um pouquinho, só que não acabou ainda... de qualquer forma, esse capitulo está bem grande! Redimindo a demora... enjoy!
Cap.82
Stana saiu de casa em sua malha de ginástica,
suada e descabelada. As lágrimas marcavam o rosto além de deixa-lo vermelho.
Não tinha condições de dirigir, na bicicleta pedalou até que não conseguisse
mais mover as pernas. Parou em uma esquina bem de frente a uma Starbucks. Uma
bebida gelada caia bem, infelizmente ela não trazia nada consigo. Desceu da
bicicleta sentindo o chão quente e a ardência. Só então reparou que estava
descalça. Limpou o rosto com as costas das mãos, tentou ajeitar os cabelos.
Definitivamente a notícia de Nathan a abalara. Como ele pode fazer isso com
ela?
Não podia voltar para casa, não queria.
Precisava se acalmar. Falar com alguém. Gigi. Sua irmã saberia lhe ajudar. Como
não tinha celular, Stana decidiu pedalar até a casa de Jeff. Também não tinha
certeza se Gigi estaria em casa. Não importava. Ela esperaria. Não tinha a
mínima vontade de voltar para a sua casa.
Buscando forças na raiva que sentia, ela tornou
a pedalar. Os pés machucados doíam, não se importava. Havia outra dor a
dominando, a da decepção.
Meia hora depois, Stana bate a porta da casa do
cunhado. Ela checou o relógio. Passava das três da tarde, a possibilidade da
irmã estar era muito pequena, mesmo assim tocou a campainha. Três minutos
depois, Jeff aparece.
- Stana? O que faz aqui? Está tudo bem? – ao
olhar rapidamente a cunhada, ele sabia que não estava nada bem. Ao notar seus
pés, Jeff se compadeceu – oh, meu Deus! Olhe seus pés, estão machucados. Entre,
vou ajuda-la.
- Jeff, cadê a Gigi?
- Ela ainda não chegou do trabalho. Daqui a uma
hora deve aparecer. Vem, vou arrumar uma bacia para você colocar seus pés de
molho. Quer beber algo? O que aconteceu com você?
- Sem perguntas, por favor. Eu aceito agua, mas
evite o interrogatório. Eu só quero falar com a minha irmã.
- Tudo bem. Nathan sabe que você está aqui?
- Não e você não irá contar, fui clara? – quase
o fuzilou com o olhar.
- Sim, cristalina – disse entregando o copo com
agua para Stana. Em seguida, ele tratou de preparar uma bacia com agua gelada
para refrescar e aliviar as dores dos pés dela. Tinha certeza que estava
incomodada com a dor. Ele a fez sentar na cozinha e colocar os pés de molho. Havia
um pouco de sangue neles. Ela obedeceu porque estava com dor – quer comer
alguma coisa? Um café talvez? – mesmo não tendo almoçado ou comido nada por
pelo menos cinco horas, ela não estava em clima para comer. Pensar em comida
lhe embrulhava o estomago.
- Não, estou bem – sem saber o que fazer para
agradar a cunhada, Jeff apenas acatou seu pedido e calou-se. Eles ouviram um
barulho de um celular vibrando, era o de Jeff. Gigi. Ele atendeu e ouvia o que
ela falava, depois disse que tinha uma visita esperando por ela. Claro que
comentou que era a irmã. Quando Gigi perguntou se Nathan também estava já
pensando em fazer uma farra, Jeff disse “não” de um jeito que a namorada
entendeu que tinha um problema pela frente. Chegava em dez minutos.
- Era a Gigi. Já está chegando. Se não se
importa, eu vou tomar um banho. Fique à vontade, Stana.
- Tudo bem, Jeff. Eu ficarei bem.
Vendo o cunhado desaparecer no corredor, ela
suspirou. Tirou os pés de dentro d´água massageando-os. Havia alguns pequenos
cortes em algumas partes da pele. Stana fechou os olhos tentado manter-se calma
para conversar com a irmã, mas a imagem de Nathan voltava-lhe a mente e o
coração disparava com a adrenalina e a raiva.
A situação na residência dos Fillions também
não era das melhores. Nathan estava sentado na grama. Fazia careta devido a
dor. Stana sabia como socar alguém. Apesar da dor intensa, o ombro era o menor
de seus problemas agora. Precisava encontrar a esposa. Saber onde ela estava.
Tinha medo que ela fizesse uma besteira ou que pudesse ter despertado uma nova
fase de depressão. Tentara ligar para a cunhada, ela não o atendia. Fizera o
mesmo com o irmão. Nada. Onde eles estavam? Logo agora que precisava de sua
ajuda?
Nathan jogou o celular longe na grama com
raiva. O esforço do movimento fez o ombro doer ainda mais. Era como se alguém
penetrasse sua carne o rasgasse por dentro. Prendeu a respiração e desabou na
grama, incapaz de pensar em outra coisa senão Stana.
XXXXXXX
Gigi chegou quinze minutos depois, encontrando
a irmã sentada no sofá da sala fitando o nada. Pela cena a sua frente, ela já
deduzira “problemas no paraíso”.
- Hey, sis... – sentou-se ao lado da irmã – o
que faz aqui? – Stana não disse nada, apenas abraçou Gigi e chorou por pelo
menos vinte minutos. Gigi acariciava os cabelos dela tentando acalma-la. O que
quer que acontecera fora grave, ou Stana estava tendo outra crise de depressão
devido a sua demissão. Ela se afastou do abraço da irmã e com o rosto marcado
conseguiu falar.
- Ele me traiu, Gigi. Ele fez a pior coisa que
podia, a única que não devia.
- Do que você está falando, Stana?
- Nathan... e-ele assinou com a ABC, ele vai continuar...
não acredito que tenha feito isso, eles me demitiram! Bando de filhos da puta e
Nathan é um deles!
- Ele assinou mesmo? Pensei que era boato.
- O que é boato? Ele me disse!
- Eu vi uma notícia no twitter de um desses
sites de jornalismo televisivo, sobre Nathan e os outros terem assinado
contratos com a ABC dando a entender que o show pode continuar sem você. Pensei
que eram rumores.
- Não são. Ele assinou o contrato hoje.
- Vocês conversaram sobre isso? Antes dele ir
para a negociação? Existia a possibilidade de Nathan assinar?
- Talvez. E-eu disse que ele não deveria tomar
decisões baseadas em emoções, por causa do que aconteceu comigo. Nathan disse
que não faria uma temporada de Castle sem mim. E-eu cheguei a dizer que talvez
tivesse mesmo que isso significasse estragar a história. Ele estava
irredutível, não faria Castle sem mim e agora... eu sinto que eu tenho culpa.
Eu disse para assinar, não com todas as letras, mas... eu nunca pensei que ele
fosse fazer isso de fato. Ele me traiu, Gigi.
- O que ele disse? Se estava tão certo que não
faria mais Castle, por que assinou? – Stana ficou calada – você não perguntou a
ele? – ela baixa a cabeça em sinal de “mea culpa” – ah, não! Stana, você
conversou com Nathan?
- Não...
- Sis, assim não dá...
- Droga, Gigi! O que você queria? Ele me diz
que assinou com a emissora, com as mesmas pessoas que me colocaram na rua, o
que você pensaria? Não precisa ser gênio para saber que ele continuará fazendo
Castle. É só somar dois mais dois! – ela gritava.
- Será? O que o fez mudar de ideia se estava
tão certo que não faria a série sem você?
- Dinheiro, o que mais?
- Stana, nem você nem Nathan estão desesperados
por dinheiro. Ambos têm investimentos, poupanças que os sustentam sem um novo
trabalho por algum tempo. Mesmo a ideia de criar uma família não apavora aos
dois financeiramente. Você simplesmente não conversou com seu marido.
- Eu não podia, tudo bem? Bastou Nathan dizer
que assinou para que eu soubesse que fui traída. Não pensei! Eu só queria
desaparecer, não queria vê-lo na minha frente, eu sai de casa descalça, Gigi! –
disse apontando para os pés. Gigi suspirou.
- É essa a versão da história que você quer
ouvir? A sua especulação? Não dará a chance de Nathan se explicar? Stana... –
ela pegou a mão da irmã na sua – sei que está com raiva, magoada pelo que o
estúdio fez com você, mas não pode inferir as coisas. Será que você pode ouvir
a explicação do seu marido?
- Você vai ficar do lado dele?
- Essa sua impulsividade me irrita! Não estou
do lado de ninguém, estou atrás da verdade. É isso que vamos descobrir agora –
Jeff apareceu na sala. Estava um pouco cabreiro com a situação, a discussão das
duas estava quente.
- Gi, tem um minuto? É importante.
- Fique aqui, nem pense em fugir – ela olhou
decidida para a irmã, o olhar ameaçador. Foi ao encontro do namorado – o que
foi, Jeff? – ele mostrou o celular. Cinco ligações perdidas de Nathan.
- Eu não sei o que fazer. Stana disse para não
contar que está aqui. Sei que está ligando para saber dela. Stana me proibiu de
dizer onde estava. Deve ter chamadas no seu telefone também – ela vasculhou a
bolsa atrás do aparelho constatando que o que Jeff dissera era verdade. Havia
três ligações do cunhado.
- Deixa que eu ligo para ele. Vamos já acabar
com essa briga – Gigi discou de volta para Nathan, o celular tocou apenas uma
vez.
- Gigi, graças a Deus! Ela está com você? Por
favor, ela saiu de casa faz horas, me diga que está com você – ela percebeu o
desespero no tom de voz. Ele estava preocupado – ela nem me deixou falar...
- Ela está comigo. Já estamos voltando para sua
casa. Quero acabar com essa confusão agora. Pode nos esperar.
- Obrigado, Gigi. De verdade – ela desligou.
- Vou leva-la, você quer ir conosco?
- Sim, é melhor.
- Certo, Stana. Hora de voltar para a sua casa.
Quero tirar essa história a limpo.
- Gigi, eu não...
- Não há o que discutir. Nathan está nos
esperando.
- Você ligou para ele? Gigi, não devia...
- Na verdade, eu retornei uma das três ligações
dele. Já ligou para Jeff cinco vezes. Está na hora de uma conversa franca –
Gigi disse que dirigiria até a casa deles, viu sua irmã relutar o próximo passo
– você nem comece. Não sei porque essa mania de não escutar ninguém, apenas
sair correndo se achando a dona da razão. Vamos, Stana.
- Será que pode me emprestar um chinelo? –
pediu sem graça – meus pés doem – Gigi revirou os olhos e desapareceu pelo
corredor. Voltou segurando um par de rasteirinhas – obrigada...
Elas entraram no carro. Jeff se contentou de ir
atrás deixando Gigi comandar a situação. Ela não estava para conversa e ele não
era louco de contrariar a namorada. Chegaram a casa deles. Ao estacionar o
carro, Gigi viu a relutância no semblante da irmã. Ela estava receosa de
conversar com o marido.
- Stana, olhe para mim – ela obedeceu – você
realmente acha que o Nathan ia fazer alguma coisa ruim que afetasse aos dois? Se
ele assinou com a ABC, ele teve um motivo. Agora, desça desse carro e vá ouvi-lo
– Gigi abriu a porta e saltou. Jeff a acompanhou. Devagar, Stana desceu do
carro e entrou em casa. Ao vê-la, Nathan sorriu aliviado, passou a mão nos
cabelos. Ele queria correr e abraça-la, porém, sabia que a distância era sua
melhor estratégia. Ainda sentia dores dos socos que levara no ombro.
- Graças a Deus! Estava preocupado – Stana
caminhou até o sofá sem dizer uma palavra – amor, será que podemos conversar
agora?
- É claro que sim – disse Gigi – podem não,
devem. Ela vai escuta-lo. Eu e Jeff estaremos no quintal. Qualquer coisa, grite
– ela saiu puxando o namorado pelo braço. Nathan sentou-se ao lado dela, tentou
tocar-lhe a mão, mas Stana recuou. Não estava pronta para ceder, para
encara-lo. Ele suspirou. Era o jeito começar a falar.
- Stana, eu não quero que pense o pior de mim.
Quando entrei naquela sala e me deparei com Alexi. Um ódio imenso me tomou.
Tive que me controlar por várias vezes para não voar no pescoço dele porque ele
nos traiu. Alexi sempre soube que iam lhe demitir. Ele estava trabalhando com
os executivos em deixar Castle apenas comigo e os demais. A presidente trouxe-o
para me convencer, como se pudesse!
- Acho que conseguiu, não? Você se vendeu por
fim.
- Não admito que fale assim de mim. Você acha
que faria qualquer coisa para te prejudicar? Nos abalar? Eu sei o que aquela
demissão significou para você, sei o que Castle significa para você, eu nunca
iria fazer algo que a ferisse, Stana. Eu vi o seu sofrimento bem aqui, nessa mesma
casa. Eu fiz o que achei melhor para nós, para o nosso futuro. Não foi você
mesma quem disse para eu não usar da emoção na hora da negociação? Eu me
lembrei disso.
- Eu disse para não pensar emocionalmente, só
que não esperava que você fosse correndo aceitar fazer uma nova temporada. Sem
mim! Ser Castle sem Beckett! Você vai estragar tudo!
- Eu não assinei! Eu não vou fazer outra
temporada de Castle.
- Mas você renovou o contrato! – ela gritou com
Nathan.
- Eu renovei com a ABC, sou um mero empregado
da emissora e não voltarei a representar o papel de Castle. Ele não me pertence
mais, portanto se quiserem continuar a série, Castle e Beckett terão que morrer
– ela ficou calada, fitava-o com os olhos arregalados – eu disse a você que
nunca ia fazer algo que nos prejudicasse, eu assinei pensando no futuro, na
nossa família. Ter algo fixo. Apesar que acredito que isso não vai durar, eles
terão que pensar com cuidado no destino de Castle agora. Talvez logo esteja
desempregado como você.
Ele percebeu os olhos dela encherem-se de lágrimas.
Stana dá um longo suspiro, fita-o calmamente antes de assumir seu erro.
- Você não fará Castle?
- Nunca faria Castle sem você – as lágrimas já
caiam incontroladas, ela se jogou contra o peito dele e o abraçou. Chorando,
ela balbuciava – sinto muito, Nate... eu s-sou idiota... sinto... – ele afagava
os cabelos dela.
- Shhh... tudo bem. Vai ficar tudo bem. Nós
vamos superar isso. Viraremos a página. Eu terminarei outra temporada de
ConMan, você terá seus filmes, analisaremos novos roteiros. Vida nova. E
principalmente, começaremos nossa família.
- Sim, e viajaremos juntos. Só eu e você. Assim
que ficar bom desse ombro. Oh, Deus! Seu ombro! Eu o machuquei. E-eu sinto
muito... eu, a raiva...você está com dor. Por minha causa.
- Tudo bem. Nada doía mais do que vê-la
desesperada saindo por aquela porta, Staninha.
- E-eu posso ter piorado tudo e...
- Esqueça isso. Então, estamos bem? – ele
olhava para ela enquanto segurava-lhe o queixo.
- Sim, estamos bem – ela inclinou-se e
beijou-lhe os lábios – estou perdoada?
- Não há o que perdoar, Staninha. Já passou.
Podemos chamar aqueles dois para um café? Aposto que Gigi está se coçando para
saber se nos resolvemos – ela sorriu – vá chama-los, eu vou preparar a bebida.
Stana seguiu até o quintal ainda limpando as lágrimas
do rosto vermelho. Chamou pela irmã que veio de mãos dadas com Jeff.
- Então, essa cabeça dura conseguiu ouvir? Meu
cunhado vai fazer Castle sozinho? Porque se for nem se preocupe que quem irá
bater nele sou eu.
- Não, ele não vai.
- É agora que eu falo “eu te avisei”? – Gigi
abre um sorriso – cadê ele?
- Fazendo café para vocês – elas entraram em
casa. Nathan reparou que a esposa mancava.
- Stana, o que aconteceu? Você está mancando.
- Não foi nada.
- Foi sim – disse Jeff – ela chegou lá em casa
descalça, os pés machucados por pedalar. Dei até uma bacia com agua gelada para
amenizar a dor.
- Você saiu descalça... – o olhar de pena de
Nathan irritou Stana.
- Está tudo bem.
- Você se feriu por minha causa.
- Considere uma espécie de vingança pelos socos
que dei em você. Para Nathan, está tudo bem – mas o senhor teimoso não quis
saber, voltou a cozinha para pegar uma bacia e oferecer conforto a esposa.
Queria examinar pessoalmente os pés dela. Gigi foi logo gritando.
- Hey, Nathan! Você escapou de levar uma surra
minha. Se aquela notícia que saiu no twitter fosse verdade, eu mesma acabaria
com esse seu belo traseiro.
- Do que você está falando, Gigi? – Nathan
apareceu na sala trazendo a bandeja com as canecas de café e alguns biscoitos. Colocou
sobre a mesa e retornou para pegar a bacia. Forçou Stana a sentar ao seu lado
com os pés de molho.
- Você também não viu? Está a maior confusão no
twitter, alguém soltou uma notícia dizendo que Castle está prestes a ser
renovado visto que os atores assinaram seus contratos com a ABC.
- Ela está jogando. Eu disse que deveria
cancelar logo porque os fãs iriam lutar por isso. Acho que apenas deu mais
munição para o fandom. Essa presidente vai se arrepender da graça. Ela acredita
que vai manter o show sem a audiência. Disse para ela conversar com Shonda,
porque talvez The Catch tenha uma chance nas segundas.
- Ela é burra? Como ela acha que um show se
mantem sem público? – disse Gigi.
- Ela está perdida. Achou que estava fazendo um
bom negócio ao demitir Stana. Agora a vingança vem a cavalo, ou melhor via
twitter. Tenho certeza que as campanhas para cancelar Castle irão continuar e
já ganharam apoio de muitos jornalistas. Ela está encurralada, como vai
conseguir justificar a permanência de um show sem os seus protagonistas? Fora
que jogou essa notícia para incitar o ódio dos fãs comigo. Não vai funcionar.
- Não mesmo, quer dizer, você vai continuar
sendo xingado por um tempo, mas aposto que quando anunciarem o fim de Castle,
tudo se acalma. Será triste, os fãs não queriam isso, mas a ABC provocou...
- É, nós temos mais é que esquecer esse assunto
– disse Stana falando pela primeira vez – temos que nos concentrar em sua
cirurgia e nas nossas férias. Além dos planos para o futuro...
- Cirurgia? Do que vocês estão falando? – Jeff
não entendera nada.
- Eu farei uma pequena cirurgia na próxima
segunda – Nathan falava disso com muita calma, ele se concentrava agora em
examinar os pés da esposa, estavam feridos, havia pequenos cortes na pele. Ele
os massageava enquanto conversava - Para reconstruir meu ligamento do braço
direito. Lembra das porradas do basquete e da natação? Sabia que as sequelas
apareceriam algum dia. É um procedimento simples, ninguém precisa se preocupar.
Farei a cirurgia pela manhã e à tarde já estou em casa repousando.
- Stana vai acompanha-lo?
- Na verdade, não. Ela não pode, sabemos o porque.
Ia pedir para Michelle, porém ela já anda quase todos os dias em hospitais, não
seria justo com ela. Você pode me acompanhar, bro?
- É claro que sim. Por que não pediu antes?
Qual o dia?
- Dia 16. Segunda-feira.
- O mesmo dia da Season finale de Castle... –
lembrou Stana mordendo os lábios. Até ali, ela tinha mantido o pensamento sobre
a série escondido em seu subconsciente. Essa história de negociação acabou por
desperta-lo. Não queria tornar a lembrar daqueles últimos momentos, não. Queria
focar em algo bom. Em viagens. Sim, precisava planejar a sua viagem com Nathan.
- Precisamos planejar nossa viagem. Ficar um
tempo longe de Los Angeles.
- Sim, amor. Depois que receber alta completa da
cirurgia e finalizar as pendências com Alan, nós iremos viajar.
- Um tempo longe fará bem a vocês. Eu apoio a
ideia – disse Gigi – e quem sabe não se inspiram logo para me dar esse sobrinho
ou sobrinha? – eles riram. Ainda ficaram conversando um pouco até a própria
Gigi alegar estar cansada. Seu dia tinha sido bem movimentado. Despediram-se e
a irmã deu um último conselho a Stana ao se ver sozinha em sua companhia.
- Sis, por favor, esqueça o assunto Castle.
Programe essa viagem e vão curtir a vida, vocês merecem um descanso. Namorem
bastante, façam muito sexo e desliguem dessa vida de ABC e séries, já dedicaram
oito longos anos, é hora de virar a página. Cuide do seu marido e vá ser feliz!
- Vou fazer isso. Assim que ele se livrar dos
médicos. Obrigada, sis. Só você para me ajudar nessas horas.
- E depois a complicada da família sou eu... –
elas riram. Gigi deu um beijo no rosto da irmã – fique bem, eu tenho que cuidar
do meu Fillion, deixei-o de escanteio por outro, até elogiei o traseiro do
outro! Assim vou acabar sendo despejada. Preciso agradar meu homem – ela piscou
para Stana.
- Você não presta! – rindo, ela viu a irmã se
pendurar no pescoço do cunhado na saída de sua casa. Louca, completamente
louca.
No dia seguinte, Stana acordou disposta a
planejar a viagem deles para longe de Los Angeles. Com o ipad em mãos, depois
de tomar café com Nathan, ela se sentou na mesa da cozinha e começou a
pesquisa. Selecionou alguns lugares, potenciais voos e datas.
- Nate, quanto tempo você acha que precisa para
a sua recuperação? Um mês?
- Foi o que o médico disse aproximadamente. Por
que?
- Estou pensando nas datas para viajarmos. Que
tal dezesseis de junho?
- Parece bom, acho que até lá o médico me
libera. Para onde vamos? Lembre-se que eu tenho um compromisso na Alemanha dias
25 e 26 de junho. A convenção.
- Sim, estou pensando na Croácia. Tem uma ilha
isolada na Dalmatia que é maravilhosa. Ideal para nos escondermos. Passamos uma
semana lá, você viaja para a Alemanha e depois volta para me encontrar. Ai,
decidimos o que faremos. O que acha? Quer ver umas fotos do lugar? Acho que você
vai adorar. Prometo que não ficaremos isolados da civilização.
- Confio em você, amor – ele chegou abraçando-a
por trás – essa foto é de lá? Essa é a cor do mar?
- Sim... lindo não?
- Fantástico! Pode agendar. Vou adorar andar
com você por esse paraíso – ela sorriu roubando um beijo dele. Como uma criança
na expectativa da viagem de férias para a Disney, ela deslizava os dedos pela
tela programando a escapada do casal.
Era quinta-feira. As coisas na sede da ABC não
estavam nada boas. Dungey estava sentada em sua sala lendo as ultimas noticias
referente a Castle. Por incrível que pareça, ela tinha toda a grade da fall
season pronta, exceto pelas segundas. A cada dia que passava após a negociação
com Nathan Fillion e a noticia vazada na internet, a situação piorava. Os
movimentos dos fãs nas redes sociais cresciam, eram petições, trendings, ameaças
a conta da emissora e a última novidade eram as cartas que chegavam pelo
correio. Sua assistente trouxera cinco grandes caixas de papel com reclamações,
xingamentos e principalmente o pedido de cancelamento da série. Todas continham
fotos do casal em diferentes momentos da série. Olhando a tela de seu notebook,
ela resmungava.
- Quem esses fãs pensam que são? Como podem
achar que ameaçar uma emissora grande como essa vai mudar alguma coisa? Um
bando de idiotas que apenas fazem barulho e a droga da mídia apenas aumenta,
joga fogo na loucura. Isso está um verdadeiro circo. Nathan não tem razão, não
pode – visivelmente irritada ela atendeu o telefone à sua frente.
- Sra. Dungey, a secretaria do CFO ligou. Ela
disse que ele quer vê-la na sala dele em meia hora.
- Tudo bem, estarei lá – essa não era uma boa
notícia. Sabia exatamente o que poderia ser o tema da reunião. Ela precisava de
argumentos, infelizmente não tinha nenhum. Ligou para Alexi e para seu azar, o
produtor não tinha ideia de como parar essa confusão toda. Odiava pensar que
Nathan e um bando de fanáticos na internet pudessem estar certos.
Meia hora depois, ela estava na sala do CFO.
Visivelmente profissional, porém por dentro, ela estava com medo, nervosa.
- Imagino que saiba porque lhe chamei aqui. Temos
um assunto muito sério para resolver. Uma pendência que não deve ser adiada.
Nós ficamos sem tempo – o mesmo advogado que a acompanhou durante a negociação
de Nathan entrou na sala – você deve estar acompanhando o que ocorre nas redes
sociais. Sobre os fãs e a série das segundas, Castle.
- Sim, medidas desesperadas – ela disse.
- Tempos desesperados, Dungey. Na verdade, o
que esses fãs estão fazendo é louvável, apesar de ser negativo, eles estão se
apegando a um último fio de esperança pela série. Uma chance de salva-la.
- Eles estão pedindo para cancela-la! É insano.
- Sim, porque acreditam que depois de oito anos
o cancelamento é a melhor solução.
- Estão errados, eles não entendem... – mas ele
a interrompeu.
- Estão mesmo? Porque nas últimas semanas tudo
que li e ouvi de fãs e jornalistas foi sobre o grande erro da ABC. Que
argumentos você tem para me dizer que estão errados? Você tem um dos
protagonistas e só!
- Na verdade, não temos os protagonistas –
disse o advogado – o Sr. Fillion se recusou a reprisar o papel de Castle – o
CFO estava espantado, não sabia desse detalhe.
- O que eles são? Um bando de fanáticos que
querem causar problemas, se manter nas redes sociais, isso passa. Logo
esquecem.
- Esses que você chama de fanáticos, são as
pessoas ao redor do mundo que ajudaram a ABC a ganhar muito dinheiro durante
oito anos. E você sabe que a internet é uma arma poderosa, especialmente o
twitter para audiência. Esses mesmos fanáticos, nos deram dinheiro. Ontem eu
escutei da minha filha que a emissora na qual eu trabalho é um lixo. Ela me
disse que não sabemos tomar decisões e que ela assinara a petição para cancelar
Castle.
- Não estamos discutindo a opinião de sua
filha, estamos discutindo nosso trabalho.
- Exato, e nesse instante, você não fez sua
lição de casa. Você não ouviu o que a audiência estava dizendo, nem os produtores.
Como o responsável pelo dinheiro, eu tenho que interceder. Já falei com a
diretoria da emissora. Escrevi uma nota e ela será publicada para a impressa.
Estamos oficialmente cancelando Castle. Não irei jogar dinheiro no ralo por um
fracasso. Investiremos em algo novo, comece a procurar por um piloto para
preencher a grade na segunda.
- Ou pode usar a sugestão de Nathan. Colocar
The Catch – disse o advogado. Literalmente soltando fogo pelas ventas, ela o
encarou.
- Afinal, você é advogado da emissora ou do Sr.
Fillion?
- Da ABC, é claro. Estou apenas atestando um
fato.
- Está dispensada. Enviarei para você a
declaração que deverá fazer quando os repórteres a procurarem. Ah, e Dungey?
Espero que uma outra situação como essa não aconteça ou me fará rever a decisão
de tê-la colocado no lugar de Paul Lee.
Sem dizer uma palavra, ela saiu rapidamente da
sala dele. Ao chegar na sua, pegou uma caneca e jogou-a no chão. Raiva, muita
raiva. Fora vencida por uma atriz de rostinho bonito e um ator que se achava o
dono da razão.
XXXXXX
Nathan havia saído para encontrar-se com Alan e
acertar algumas datas para a gravação da segunda temporada de ConMan a fim de
conciliar sua operação e recuperação com a viagem marcada. Stana ficara em casa
porque decidira que ia cozinhar para o marido. Nate prometera que voltava as
duas da tarde para almoçar com ela. Estava fazendo uma comida simples. Um bolo
de carne e poutine, pois sabia que o marido adorava o clássico canadense. Stana
ficara tão desligada que não reparou em uma mensagem que recebera da irmã.
Quando Nathan chegou, sentiu o cheiro delicioso
vindo da cozinha. Pela alegria que vira no rosto da esposa, sabia que ela
estava alheia as últimas notícias. Isso lhe daria um tempo para prepara-la
melhor.
- Hum, o que cheira tanto? Estou morrendo de
fome, amor.
- Adivinha? Fiz algo para você se lembrar de
suas raízes em Edmonton – ela colocou a travessa fumegando na mesa. Depois,
trouxe o pirex com a carne.
- Poutine? Você fez poutine para mim? – ele a
agarrou pela cintura e beijou-a com vontade – ah! Staninha... você não existe!
Nem sabia que você conhecia a receita.
- Ah, poutine não tem segredo, Nate. E sou
canadense. Aprendi a fazer na adolescência com dona Rada. Mesmo morando em
Chicago, nós sempre fazíamos. Vamos logo comer, não tem quem tolere poutine
frio.
Eles se sentaram à mesa. Empolgado, Nathan
esqueceu completamente o que iria conversar com a esposa. O menu do almoço o
pegara de surpresa. Ela o serviu e também saboreou a comida. Perguntou o que
queria beber e optaram por cerveja.
- Como você esconde esse segredo de mim? Está
uma delícia! Agora você será obrigada a cozinhar ao menos uma vez na semana
para mim - ela sorriu.
- Mesmo de férias?
- Especialmente de férias.
- Não pode abusar. Lembre-se da sua dieta.
Afinal, você está ficando cada dia mais gostoso... – ela mordiscou a orelha
dele passando a mão no peito dele.
- Você está querendo dizer que antes eu não
era?
- Claro que não! Você sempre foi gostoso. Sabe
que eu adoro seu corpo, mas agora está mais definido e seus braços estão ainda
melhores, o peito e... – ela parou de falar porque sua boca foi tomada pelos
lábios dele calando-a. Ela se levantou sem quebrar o beijo e sentou-se no colo
dele. As mãos de Stana passeavam pelo peito dele apertando-lhe os mamilos.
- Se esse poutine não tivesse tão bom, eu juro
que jogaria você no chão e faria amor agora mesmo....
- Você está me trocando por um poutine, Nate?
- Não trocando, apenas adiando um
compromisso... o da sobremesa... – ela gargalhou. Levantou do colo dele e tomou
mais um gole da cerveja. Como um menino em frente ao prato de doce, ele devorou
o resto do poutine. Ao terminar, levantou-se da cadeira e puxou-a pela mão
colando-a em seu corpo – onde eu estava mesmo? Ah! Sobremesa, claro... –
beijando-a com paixão, ele a conduziu até o quarto.
As roupas foram rapidamente esquecidas pelo
chão. Na cama, em meio a gemidos e provocações, eles se amaram lentamente. Como
dois apaixonados ansiando por um momento de prazer, pelo encontro dos lábios, o
saborear da pele, a urgência do contato, a dança e a troca.
Uma emergência de amor em uma tarde qualquer.
Horas depois, eles permaneciam deitados. Nathan
afagava os cabelos dela. De vez em quando recebia um beijo dela no peito, ou
uma mordidinha na pele. Sabia que não poderia adiar a notícia por muito mais
tempo, somente queria uma forma tranquila de contar.
- Hey, eu preciso ir ao banheiro.... – ela
sorriu e virou-se para deitar a cabeça no travesseiro. Nathan e levantou da
cama entrando pelo closet. De lá, gritou para ela – amor, você viu meu
telefone?
- Deve ter ficado lá embaixo. O meu também, na
cozinha.
- Não, estava no meu bolso.
- Ah, quando sair do banheiro você vê. Estou
com preguiça de levantar daqui. Aproveita desce e traz o meu junto com café.
- Isso foi uma ordem, Staninha? – perguntou ao
sair do banheiro.
- Foi. E você vai obedecer ao desejo de sua
esposa que faz poutine para você.
- Chantagista! – ela riu. Nathan achou ótimo.
Isso daria a ele a oportunidade de agir naturalmente. Desceu as escadas
retornando quinze minutos depois com o celular dela, as canecas de café e seu
próprio aparelho. Entregou o café a ela e comentou – hey... você viu? Parece
que a ABC finalmente caiu em si.
- O que foi? – ela pegou o celular. Já ia
acionar o twitter quando viu a mensagem da irmã “sis, parece que acabou. Castle
foi cancelada.” Stana leu duas vezes a mensagem, em seguida olhou para Nathan –
cancelaram... é isso? Aquela cena que gravamos será realmente o fim?
- É, tudo indica que sim. Terminou, Staninha.
Não era o que queríamos, nem como queríamos, mas ao menos não levaram a ideia
idiota adiante – ele sentou-se ao lado dela na cama. Ela bebia um pouco do
café. Tornou a checar a repercussão da notícia no twitter. Viu mensagens de
apoio de fãs, alguns chorando, outros indignados com a atitude da emissora e a
maioria aliviados por não verem a história de Castle e Beckett ser destruída.
Ela teve pena de seus fãs. Eles não mereciam aquele final, não depois de tudo
que já fizeram pela série.
- É triste. Para os fãs. Eles nunca verão
pequenas coisas que sempre sonharam. Como Beckett grávida, Castle babando nos
filhos. O nascimento dos bebês. Tudo ficará apenas na imaginação deles. Deixamos
uma lacuna na história, Nathan.
- Eu sei. Mas não é nossa culpa, Stana. A ABC
provocou tudo isso. Somos vítimas como os fãs. A maioria entende isso. Se tem
alguém para culpar será a emissora e Alexi. Afinal, ele era o chefe. Agora
realmente é hora de virar a página – ele a puxou para si em um abraço. Stana
repousou a cabeça no ombro dele. Depois de um longo suspiro, foi impossível
esconder as lagrimas. Abraçada a ele, ela chorou mais uma vez pelos oito anos
que ajudara a criar. Por sua personagem e principalmente pela série que fora
diretamente responsável pelos melhores momentos de sua vida e por seu futuro.
Castle mudara sua vida em todos os sentidos, especialmente ao lhe dar sua
felicidade. Ela apertou Nathan com força contra seu corpo e beijou-lhe o rosto.
Ele nada disse, não era o momento para palavras.
Com um movimento, ela o convidou para deitar-se
outra vez. Ali abraçados na cama, eles perderam a noção do tempo. Não
importava. Tinham todo o tempo do mundo.
No domingo as vésperas da cirurgia de Nathan,
ela estava nervosa. Mesmo que ele repetisse um milhão de vezes que era um
procedimento simples, ela ainda não se dava por satisfeita.
- Você não entende. É uma cirurgia. Detesto não
poder estar ao seu lado. Fico preocupada. A anestesia será suficiente? Você vai
sentir dor? E se algo der errado?
- Hey... quer parar? – ele a abraçou pela
cintura – apesar de achar lindo essa sua preocupação toda. Não precisa ficar
agitada ou nervosa. A anestesia é local, ficarei o procedimento todo acordado e
nada dará errado. Estarei em casa, ao seu lado, à tarde. Jeff irá me trazer e
Gigi ficará com você pela manhã.
- Por que?
- Por que eu não quero que fique sozinha. Precisa
que alguém a distraia ou vai pensar um monte de besteira. Esse mês vai passar
rápido e logo estaremos indo para o nosso paraíso particular. Nossas sonhadas
férias, Staninha, eu mal posso esperar... – ele a beijou. O gesto pareceu
acalma-la – que tal dormirmos agora? Jeff passará aqui por volta das sete. A
cirurgia está marcada para as nove da manhã.
Eles se aconchegaram na cama. Nathan tinha mais
uma coisa para dizer a ela. Algo que já vinha pensando desde que soube do
cancelamento da série.
- E amanhã, se o médico me liberar e disser que
estou bem, eu farei um live tweeting.
- Amanhã?
- Sim, durante a series finale. Será o último.
Isso se não tiver grogue. Será uma espécie de despedida para os fãs. Acho que
eles merecem – ela ficou calada por alguns segundos, pensativa.
- É, você tem razão. Eles merecem. E você vem
fazendo isso muitas vezes durante essa temporada.
- Sim, será a última vez. Tudo bem? – ela
sorriu embora ele tenha visto um pouco de tristeza em seu olhar.
- Sim, por que não estaria? Vamos dormir. Você
precisa relaxar para amanhã – beijou-lhe rapidamente os lábios e aconchegou-se
ao lado dele. Fechou os olhos, porém demorara bastante para se render ao sono
naquela noite. Sua mente fervilhava entre a operação de Nathan e a constatação
de que amanhã o último episódio de Castle iria ao ar.
Segunda-feira 16 de maio
Stana acordou às seis da manhã. Estava nervosa
por causa do procedimento de Nathan. Não era somente isso. Ela acordara no meio
da madrugada após um sonho ruim. Nele, ela discutia feio com Alexi e quase
brigara fisicamente com o produtor se Nathan não tivesse segurando-a. Era
besteira dizer que havia esquecido ou superado o assunto. Foram anos de
dedicação antes de receber a fatídica notícia de sua demissão e agora a do
cancelamento. Não iria dizer nada para o marido porque não era o momento de
preocupa-lo, sua mente deveria permanecer focada na cirurgia que faria logo
mais.
Ela preparou ovos, cereal e cortou algumas frutas
para os dois. Quando ele desceu as escadas para encontrá-la, vinha devidamente
pronto.
- Bom dia, Staninha. Não precisava levantar
cedo por minha causa. Podia ter ficado dormindo.
- Tenho o resto da manhã para fazer isso. Como você
está se sentindo? – ela inclinou-se para beijar-lhe os lábios.
- Estou bem e você, trate de se livrar dessa
pequena ruga na testa. Não combina com o seu belo rosto.
- Você sabe que eu irei ter rugas e envelhecer
um dia, certo? Beleza não dura para sempre...
- Eu sei, isso não quer dizer que você irá dar
margem para ela aparecer antes do tempo e você já tem umas marquinhas lindas
nesse rosto, especialmente as do sorriso – ele tornou a beija-la envolvendo-a
pela cintura – relaxe, amor. Estarei em casa antes das duas da tarde, prometo.
Então, necessitarei da minha enfermeira 24 horas por dia. Vai usar o uniforme
para mim?
- Vai sonhando...
- Ah, amor... ia ficar perfeito. Aposto que
Beckett usaria para Castle – ele não se tocou do que a menção aos personagens poderia
causar nela. Dessa vez, Stana apenas sorriu.
- Isso é o que você pensa. Que mania dos homens
em denegrir a imagem das enfermeiras. São profissionais como quaisquer outras.
Vocês que são enjoados quando estão doentes. Ficam inúteis. Não podem fazer
nada e depois nós somos o tal sexo frágil.
- Não, vocês são nossas fortalezas. Por isso
precisamos das mulheres.
- Está querendo se redimir... sei... – ele a
beijou outra vez – hum, acha que vai me comprar com beijos?
- Eu acho...- e beijou-a uma, duas, três
vezes... – já comprei – ela sorria. Era bom receber um carinho gostoso desses
logo pela manhã especialmente após a noite estressante que teve.
- Vamos tomar café. A propósito, você está
escalado para prepara-lo.
- E eu achando que ia apenas sentar e comer... você
me explora, Staninha.
- Só quando o assunto é café e sexo – ela
olhou-o maliciosa enquanto colocava um pedaço de kiwi na boca. Nathan preparou
o café e sentaram-se lado a lado para fazer a refeição. Ela estava melhor, mas
de vez em quando sua mente se perdia nos pensamentos da noite. Ele a pegou em
um desses momentos e inferiu ser devido a cirurgia.
- Hey... ainda pensando na cirurgia? Já disse
que vai ficar tudo bem – ela desconversou para evitar que o marido percebesse
seus reais pensamentos.
- Eu só queria estar lá com você... seria o
correto. A esposa acompanha o marido e vice-versa. Faz parte da vida de casal.
- Staninha, nós não somos um casal comum...
esquece isso, vai!
Eles terminaram a refeição bem na hora que Jeff
e Gigi chegaram. Nathan subiu para escovar os dentes e deixou a esposa
conversando com os parentes. Eles evitavam o assunto cirurgia. Gigi dizia que
queria chegar mais cedo, mas Jeff inventou de tomar banho depois dela.
- Precisa ver sis, ele demora mais no banheiro
que eu! Ainda tive que fazer a inspeção relâmpago. Porque toda vez, ele deixa
algo fora do lugar. Incrível!
- Hey! Não deixei nada fora do lugar. Sua irmã
é exagerada. Para quem não gosta de atividades domésticas, ela é bem neurótica.
- Você deixou o creme de barbear aberto e ao
lado do tubo de pasta de dente. Está errado – Stana apenas ria – ainda não
aprendeu?
- Jeff, acho que esqueci de mencionar essa
parte. Normalmente quando não se gosta de cozinha, a veia da arrumação é
intensa. Gigi, não vai virar uma daquelas mulheres neuróticas por limpeza.
- Eu não sou neurótica. Só gosto das coisas em
seu devido lugar – nesse instante, Nathan aparece na beira da escada.
- Estou pronto, podemos ir?
- Claro, antes que a Gi me acuse de sujar a sua
casa também – ela olhou para o namorado e mostrou a língua. Ele jogou um beijo
em retribuição.
- Viu o que tenho que aturar? – ela vira-se
para Stana – ele não me leva a sério.
- Realmente é um sacrifício. Ter um homem que
te ama, jogando beijos para você mesmo quando está azucrinando a paciência
dele. Tenho tanta pena de você, Gigi! – a irmã revirou os olhos fazendo Stana
rir. Ela e aproximou do marido para se despedir – e você, nada de querer
inventar nessa cirurgia. Daqui para frente você será meu Iron man. Não demore
muito e lembre-se que estarei com você. Em pensamento.
- Eu sei. Tenho certeza, Staninha. E apesar de
ser teamcaptain, será uma honra ser seu Iron man particular – ele beijou-lhe os
lábios – volto já. Não faça nenhuma besteira enquanto eu estiver fora. Vejo você
mais tarde. Te amo.
- Também, até a lua e de volta.
Jeff e o irmão saíram finalmente deixando suas
mulheres sozinhas. Por vários minutos, Stana se manteve ocupada recolhendo as
louças do café, arrumando a cozinha, de repente ao terminar, sua mente apagou.
As lembranças do sonho voltaram a persegui-la. Sentou-se no sofá e fitava o
nada. Gigi sentou-se ao lado da irmã no sofá, acariciando-lhe as costas. Sabia
que Stana queria muito estar indo com Nathan naquele momento. Era mais um
sacrifício que eram obrigados a fazer em nome do segredo. Precisava distrai-la.
- Então, o que quer fazer? Podemos dar um
mergulho na piscina, fazer uns exercícios, tomar sol. Ou podemos nos esparramar
na sala de vídeo do Nathan, conversar, o que prefere, sis? Claro que também vou
entender se quiser voltar a dormir ou fazer o almoço para quando ele chegar.
Vai estar com fome – ao ver que a irmã não respondia, insistiu – hey! Terra
para Stana, ele vai ficar bem, você sabe – então Gigi percebeu que a
preocupação dela não era toda voltada ao marido. Havia algo mais incomodando-a
e podia apostar que tinha a ver com o dia de hoje. O último episódio de Castle.
- Stana... fale comigo.
- Podemos ir para o meu quarto? Quero deitar
mais um pouco – de todos os programas que Gigi imaginara para distrai-la, esse
era de longe o seu menos preferido. Ficar deitada na cama era dar abertura para
pensamentos errados e potenciais sinais de depressão. Infelizmente, não teria
escolha no momento. Acataria o que a irmã pediu apenas para faze-la falar. Logo
daria um jeito de tira-la da cama.
Elas subiram para o quarto. Stana se arrumou
debaixo das cobertas deitando-se no lado que Nathan dormia. Bateu no colchão
para a irmã acompanha-la. Sem alternativa, Gigi deitou.
- Estou com sono. Não dormi direito a noite.
- Por causa da cirurgia? Sis, não é nada –
embora Gigi desconfiasse que não era por esse motivo, não incentivaria a
discussão. Queria ver se ela traria o assunto à tona.
- Não foi bem por isso. Quer dizer, é uma
cirurgia por mais simples que seja, ainda assim. Mas não foi o motivo para eu
perder o sono e ter pesadelos. Castle, esse dia. Esse é o motivo – ela olhou
para a irmã. Gigi podia ver os olhos apreensivos.
- Sis, por que se deixa afetar por isso?
Acabou.
- Eu sei, acaba hoje, a última vez. Como você
quer que eu reaja? São oito anos da minha vida. Tenho direito de me sentir
triste. De pensar sobre isso. No sonho, eu brigava feio com Alexi, só não dei
na cara dele porque Nathan me segurou. Gigi, é natural me sentir assim.
- Natural é se despedir, sentir saudades e
pronto. Deixar que a ausência do trabalho ou o cancelamento de Castle afete sua
vida a ponto de esquecer de todo o resto, não. Você e Nathan já contribuíram
imensamente para fazer história. Agora é hora de seguir em frente, aproveitar as
merecidas férias, pensar no futuro, na família que pretendem formar. Esqueça
Alexi, ABC e todo o resto. Foque em você e Nathan. No que é importante.
As palavras de Gigi embora certas demoravam
para entrar no cérebro de Stana. Ela ainda estava em estado nostálgico.
Curtindo a dor da perda. Fechara os olhos. Era difícil não lembrar-se de
momentos naqueles sets, corredores. Seus beijos, suas risadas, amassos. Era
parte da história que criaram, era parte dela e de Nathan, não? Desconversando,
ela disse para a irmã que precisava cochilar por meia hora, depois fariam algo.
Não tendo como discordar, Gigi apenas se manteve em silêncio.
Meia hora depois, ela sabia que Stana não
estava dormindo profundamente. Talvez naquele estado letárgico do sono.
Precisava desperta-la. A última coisa que queria era ver sua irmã deitada o dia
todo na cama.
- Sis, hey... vamos levantar... você tem um
almoço para preparar. Hey, Stana... – ela abriu os olhos, Gigi sorriu - Logo
seu paciente mais rabugento vai chegar e você terá muito trabalho pela frente.
Levante-se – Stana esfregou os olhos e sentou-se na cama – já sabe o que vai
cozinhar?
- Só um purê de batatas e uma salada. Tem
frango de ontem. Fiz no jantar – ela foi para o banheiro, lavou o rosto e
preparou-se para receber o marido com uma cara decente. Ainda eram dez da
manhã. Desceram juntas para a cozinha. Gigi se serviu de um pouco de suco de
laranja enquanto observava a irmã descascar as batatas em silêncio. Incomodada
com a falta de barulho, ela falou.
- Você pode conversar enquanto cozinha sabia? Não
quero te ver perdida em pensamentos porque sei o que está se passando nessa
cabecinha teimosa. Pare de pensar em despedida e Castle, ok? Se não conversar
vou ser obrigada a colocar uma música bem alta e até a dar umas tapas em você.
- Gigi, quer parar? Não estou pensando sobre
isso. Estava imaginando o que eu e Nathan poderíamos fazer nas férias. Já
decidimos o destino. Dalmatia – claro que ela não estava pensando sobre a
viagem, mas a pequena mentira branca trouxe alivio ao semblante de Gigi.
- Ah, você vai se esconder com ele numa
daquelas ilhas! Ora, sis, o que se faz numa ilha deserta? Sexo, muito sexo!
- Gigi!
- Estou falando alguma mentira?
- Não, mas não precisa se restringir apenas a
isso. Podemos fazer escaladas, curtir o mar, acampar.
- Sim, todas essas coisas naturebas que você
adora. Algo me diz que o Nathan não vai curtir muito essa sua ideia, a menos
que a recompensa seja sexo – Stana revirou os olhos – o que? Não estou falando
nenhuma mentira. Nathan é um cara bem urbano. Fazer uma trilha, andar de
bicicleta uma vez ou outra, tudo bem. Fazer somente isso nas férias? Sem
chance! Ele vai ficar entediado. Precisa de civilização.
- E quando isso acontecer, eu o levarei para a
cidade. Jantaremos em bons restaurantes. Passearemos pelas ruas de Split, podemos
adentrar a Croácia indo para Zagreb, namoraremos nas margens do rio Sava...
- Hum... está ansiosa para essa viagem não?
- Muito. Eu e Nathan precisamos de um tempo
juntos. Sem ninguém por perto ou ameaças de paparazzi. Ele terá que ir a
Alemanha devido a um compromisso, mas nada que afete nossas férias. Quero muito
ficar sozinha com ele, sem preocupações.
- Quanto tempo vão passar lá?
- De uma semana a dez dias, depois podemos
procurar outro destino. Não quero voltar para Los Angeles logo. Estamos perto
da Itália ou quem sabe eu possa encontra-lo na própria Alemanha. Londres também
não seria um destino ruim. Um contraste depois da calmaria da Dalmatia.
- Qualquer que seja o destino, vocês
aproveitarão bem. Acho que meu sobrinho ou sobrinha pode ser o resultado dessa
viagem... está na hora, não?
- Sim, não que eu tenha pensado sobre isso ou
conversado com Nathan, mas seria um bom momento.
- Terão muitas horas para prática... – Stana
riu jogando o pano de prato na cara da irmã.
- Oh, mente poluída. Se cuida porque desse
jeito quem vai engravidar primeiro é você! – a cara de pânico de Gigi fez Stana
gargalhar – é, não parece tão divertido agora suas escapadas, certo? Não se
preocupe que eu e Nate vamos encontrar a melhor hora para começarmos nossa
família – ela conferiu a panela com as batatas, amassou o purê e colocou o
pirex no forno para gratinar – está tudo encaminhado, é só Nate chegar que
esquento o frango. Talvez eu tenha que cortar tudo, não sei se conseguirá comer
com a mão esquerda.
- É, capaz do braço ficar imobilizado. Antes
deles chegarem, será que você pode me dar uma ajuda com umas dicas de
maquiagem? – era tudo invenção de Gigi para manter a irmã com a cabeça ocupada
porque ela sabia que se tivesse a chance, logo voltaria a pensar no que o dia
de hoje representava. Quanto menos tempo, Stana pensasse em Castle, melhor.
Uma hora depois, Nathan e Jeff chegam em casa.
Ao descer as escadas, Stana se deparou com o marido sorrindo. O braço direito imobilizado
com um curativo no ombro e preso a uma tipoia. Definitivamente, ele não usaria
esse membro para nada. O semblante estava tranquilo e ao mesmo tempo sonolento.
- Como foi tudo? Está se sentindo bem? – ela
perguntou aproximando-se dele.
- Tudo bem. A cirurgia foi rápida e um sucesso.
Devo ficar com o braço imobilizado completamente por duas semanas e depois
continuo usando a tipoia por mais duas a três semanas dependendo da reação.
Para ser sincero, estou morrendo de fome e com muito sono. O médico me deu um
analgésico que já está fazendo efeito. Tudo que quero é comer e cama – olhando
para a esposa com um sorriso nos lábios comentou – está pronta para me dar
comida na boca, Staninha? Cadê seu uniforme de enfermeira?
- É sis, será uma longa recuperação. Acho que
eu e Jeff vamos deixá-los à vontade.
- Stana, aqui estão os remédios e os horários
que deve tomar. Esse aqui – apontou para um dos fracos – você somente dá a ele
se a dor estiver muito intensa, basta meio comprimido. Está na receita. Divirta-se
cuidando do meu irmão.
- Algo me diz que ela vai sofrer... – disse
Gigi olhando para o namorado – pelo menos ele irá mantê-la ocupada evitando que
pense besteira. Vamos, amor – ela virou-se para o outro casal – divirtam-se e
não se matem – rindo deixaram a casa deles. Stana tinha um longo trabalho pela
frente. Porém, contrariando as expectativas, seria substituído por outra coisa,
bem mais séria.
Continua...
10 comentários:
adoro os capítulos grandes......
Ai meu Deus... a bichinha saiu descalça kkkkk Adorei o cap, e o bom (ou ruim) é que a gente vai relembrando os fatos... Já quero saber dessas férias, apesar que eles nem podem ficar se exibindo, tem que se esconder do jeito que a Stana da vida real faz kkkk. Esse evento da Alemanha, so lembro dele falando que ela beija bem (me diz que vc vai usar isso, Kah?)
Se o Nate for tão chato e fresco como o Castle foi quando machucou o joelho... meu pai coitada da Stana.
Achei maravilhoso a chefona da ABC, tomando esporro. bem pregadooo.
Já disse que amo a Gigi,sempre olhando os dois lados, trazendo a paz ao casalzinho "complikate".
Ah! e com relação a Dungey, me senti vingada. Tomara que a realidade tem sido parecida. "Porém, contrariando as expectativas, seria substituído por outra coisa, bem mais séria." What??? O com foi dessa vez? Assim, essa coisa vem mai séria, pode ser boa, não é, Kah?
Muito boa!! Adoro essa fic! Todos os dias procuro para ver se você postou capítulo novo. Abraços.
Ah essas férias...bora encaminhar babe stanathan
Que dó da minha bichinha saindo descalça e machucando os pezinhos!
A bicha têm um temperamento forte!!!!Tragam um prêmio pra Gigi que sempre traz a paz pra esses dois cabeças duras!!!
Sr.Nathan abusando da boa vontade meu povo!!!
E essas férias que nem chagaram e já prevejo fogos de artifícios e sexo.A Gigi q falou só repeti...Kkkkkk
E não é que quem sofreu foram os pezinhos da Staninha... Nem bike e nem ombro haha
Pausa para minha Diva Gigi! Ela deu show nesse cap. Botou ordem na casa divinamente. Manda quem pode e obedece quem tem juízo. Hhahaha
Esse olhar katic hein!!! Mas não seria Gigi se não deixasse suas perolas
"- E depois a complicada da família sou eu... – elas riram. Gigi deu um beijo no rosto da irmã – fique bem, eu tenho que cuidar do meu Fillion, deixei-o de escanteio por outro, até elogiei o traseiro do outro! Assim vou acabar sendo despejada. Preciso agradar meu homem – ela piscou para Stana." Melhor frase, tive que parar pra rir.. 😂😂😂😂
Amei a filha do CFO, o próprio CFO e esse advogado de Castle (pq da ABC q não é) 😂😂😂😂
Eu adoro o pavor da Gigi quando falam dela ter filhos kkkkkk
Stana de enfermeira vai render, vai querer mata-lo hahaha
Férias! Ja to de olho na Europa! 😍
Tava tudo bem e ai a autora vem com esse final... Aiiii!
Depois do seu "aguardem", já quero o próximo... Rumo aos 100! Fazendo campanha já 😉
Só falar que AMO a Gigi hahahhaha e nossa...Stana ta agindo muito no impulso, super sensível... espero que seja oq eu estou pensando kkkk mas agora me deu medo dessa última parte "Porém, contrariando as expectativas, seria substituído por outra coisa, bem mais séria." Meeeeedo!! kkk Estou muito curiosa!!! Espero ansiosamente o próximo
Tava adiando a leitura do capítulo por motivos de: não quero esperar muito pelo próximo, mas não resisti e li tudooo <3
Como ficar com raiva dessa cabeça dura da Stana quando ela sai descalça e machuca os pés??? Muita dó dela, tadinha! Tadinho do meu bundudo também, com esse ombro machucado, preocupado com a Stana.... Ai quanta dor "Porém, contrariando as expectativas, seria substituído por outra coisa, bem mais séria."
OMG!!!! O QUE VAI ACONTECEEER???? KAH VOLTA AQUI, PLMDDS!!!!!!!!
Meu comentário não foi completooo, arghhh! Preciso dizer o quanto ameeeeei o vrááá que a presidente da abc tomooou! Kah, te amo! Você lavou nossa alma nessa fic <3
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