quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

[Castle Fic] An Untraditional XMas - Parte II


Nota da Autora: E chega a segunda parte da fic de natal. Kate está prestes a viver uma experiência diferente e está ficando mais interessada naquele escritor de olhos azuis que cruzou seu caminho....cinco dias para o natal... novamente há referencias de alguns momentos da serie, mas continua sendo AU. Enjoy! 


Parte II

Cinco dias para o natal… 

Kate dormiu muito bem naquela noite. Acordou quase 10 horas, tomou um banho e um café reforçado com frutas, iogurte e torradas francesas. Optou por vestir uma calça legging, uma camisa de manga comprida e gola alta, um suéter, botas, echarpe e o casaco de frio. Ponderou se deveria usar o carro. Talvez tivesse problemas em encontrar estacionamento. O metro era a decisão mais acertada se não quisesse se estressar. 

Desceu na estação mais próxima do endereço enviado por Castle. Andou dois quarteirões e chegou ao prédio. Na portaria, ele já deixara avisado que ela viria visita-lo. Foi direto para o elevador  pressionando o numero 4. Ela imaginava que era um apartamento por andar e estava certa. Uma guirlanda enorme com a frase Merry Christmas estava pendurada na porta. Tocou a campainha. Não precisou esperar muito. Castle abriu a porta vestindo jeans e uma camisa polo vermelha. 

— Bom dia, Kate. Bem-vinda a casa de Castle - ele afastou-se dando passagem a ela. Beckett não acreditou quando viu a decoração da sala. Luzes, enfeites, bolas, trenzinhos e uma arvore imensa cheia de ornamentos, luzes e presentes. 

— Wow! Parece que entrei numa loja de departamentos tipo a Macy’s. Estou quase cega com tantas luzes. 

— A noite é muito melhor. Pronta para um dia de aventura? Eu só preciso desligar meu notebook e pegar meu casaco. Pode me acompanhar até o escritório? Não quero deixar minha convidada sozinha. Que tipo de anfitrião eu seria? - ao chegar no escritório Beckett viu o monitor de 42” com varias fotos e esquemas além de anotações sobre Storm e um crime. 

— Engraçado, me lembra um dos nossos quadros de investigação exceto que é virtual. 

— E falso, ou melhor, ficção. Sao anotações do meu ultimo livro. Eu o finalizei há dois dias e estou revisando para ver se não esqueci nada ou cometi algum lapso ou furo - Beckett olhava ao redor, examinava tudo. 

— É como entrar na batcaverna…

— Hum, não a via como uma fã de Batman, mas posso perceber a semelhança. Pais assassinados, se fechou para o mundo, procura justiça para quem precisa e se torna um cavaleiro solitário, no seu caso uma detetive agora capitã. Espero que possamos resolver esse problema da solidão. Um é o numero mais solitário que existe, Kate. 

— Agora você me lembrou Fox Mulder. 

— Olha para você! Detecto um lado nerd? Achei que não era tão ligada nessas coisas apesar de não ser a primeira vez que menciona Arquivo X. Uma grata surpresa. Assim vou me apaixonar. Sabia que tínhamos mais coisas em comum. Até o fim do dia espero descobrir outras. Podemos ir? - ele a observava. Beckett estava perdida admirando as prateleiras - sabe, você é bem-vinda aqui se quiser explorar minhas estantes quando quiser. Podemos voltar depois das compras. 

— Desculpe, Castle é só que… você tem muitos clássicos aqui. Literatura americana, britânica, russa, francesa. Além de suas obras.

— Bem, eu estudei ingles e minha mãe é atriz de teatro. Adora os dramas shakesperianos. Eu também sou um grande fã de Edgar Alan Poe, tanto que mudei meu nome. 

— Espera, não é Richard Edgar Castle? 

— Eu ainda me admiro o quanto você sabe sobre mim. Super fã! Arrisco-me a dizer hardcore? Fã numero 1? - ela corou - meu nome de nascença é Richard Alexander Rodgers. Eu troquei por questões profissionais para Richard Edgar Castle. 

— Ambos nomes fortes. Podemos ir. Qual a nossa primeira parada? 

— Uma das lojas mais festivas de Nova York. Você mesma concorda. Macy’s. 

— Oh, Deus! Vai ser um longo dia… 

— Não reclame, Kate. Vamos nos divertir. Está de carro? 

— Não quis arriscar. Vim de metro. 

— Ótimo! Continuaremos com ele. Mais prático. 

Eles deixaram o loft seguindo para a estação. Castle não a enganara, a loja estava cheia, contudo era possível transitar pelos corredores sem problemas. A variedade de marcas e itens era enorme. Ela virou-se para ele. 

— O que espera comprar? 

— Estava pensando em uma roupa, uma jóia e o terceiro definitivamente um livro. Com relação à peça de roupa, eu queria algo que ela pudesse usar na viagem, mais relacionado com o clima da California embora possa aproveitar aqui em Nova York também. 

— Estou tendo algumas ideias, preciso encontrar uma sessão jovem. 

— Vamos ao quarto andar - eles seguiram usando as escadas rolantes. Beckett se perdeu no emaranhado de roupas. Havia muita coisa ali. Castle tentava ajuda-la mostrando algumas peças e claramente fazendo-a torcer o nariz ou balançar a cabeça negativamente. Enquanto examinavam as roupas, Castle não deixava de brincar com a capitã. Colocava óculos escuros, experimentava bolsas, chapéus e inclusive encontrou uma sessão de sweaters de natal horrorosos. Isso arrancava risadas dela. Ele era bem palhaço. Então Kate viu algo que finalmente gostou. 

— Castle? Acho que encontrei o presente ideal. 

— O que foi? - ele apareceu com um chapéu que era um gorro de papai noel no formato de chaminé com apenas os pés do bom velhinho do lado de fora como se tivesse ficado entalado. Ela fez uma careta. 

— O que é isso? 

— Não gostou? Eu achei o máximo. Vou levar - ela revirou os olhos - o que tem ai? 

— Isso! - Kate mostrou para ele uma jaqueta de couro em tom vermelho super estilosa - acho que combina perfeitamente com o clima da California e ela pode usar aqui também. Uma peça de roupa indispensável no guarda-roupa de qualquer mulher - por impulso, ela vestiu a jaqueta. Ficou muito bem nela. 

— Não deveria ser marrom? Ou preta? 

— Não. Esse tom de vermelho é a cor ideal para sua filha. Vai evidenciar os cabelos e a pele clara. O que me diz de tamanho? Ela é S ou XS? 

— Qual é esse tamanho que você vestiu?

— S. 

— Vai ficar ótimo nela. Muito bem, Kate. Primeiro presente resolvido. 

— Ótimo. Vamos descer para o térreo. Começando a saga para o segundo presente - ela o fitou - você não vai tirar esse gorro? 

— Para que? Entre no clima. Vai dizer que não fiquei bonito com ele? - ela balançou a cabeça rindo - eu sei que você gostou - rindo eles desceram as escadas. Kate sentia a mão dele na suas costas. Deveria ficar incomodada com o toque, mas a verdade era que gostava da proximidade. No térreo ficava a sessão de joias, acessórios em geral, cosméticos e muitas decorações de natal. O clima festivo estava em todo o lugar. Beckett não sabia por onde começar com as joias. As vitrines eram de tirar o fôlego, pedras preciosas, diamantes, muito ouro. Ela estava fascinada com os pingentes. Sabia que deveria procurar algo delicado. Castle a observava. Para alguém que não apreciava as compras de natal, ela parecia bastante envolvida e empolgada. 

— O que você acha desse, Castle? Imagino que tenha que ser algo delicado. Talvez com uma pedra azul por causa dos olhos ou… - ele a olhava sorrindo - o que foi? 

— Você está gostando da experiência, não? 

— Eu estou tentando ajudar. Você deveria parar de estar brincando ou caçando decorações de natal e fazer o mesmo. Ainda temos que achar dois presentes para a sua filha - ele se juntou a ela. A proximidade de seus corpos eram tanta que os braços esbarravam-se. Castle a fitou. 

— Você tem olhos lindos. São amendoados, mas consigo ver tons de verde ao redor - o tom da voz e o elogio fez um arrepio percorrer sua espinha. Ela abriu a boca para dizer algo, mas mudou de ideia. Por que ele a pegava de surpresa fazendo-a perder a noção do que fazia?  Respirou fundo.

— E-eu não sou o assunto aqui. Sua filha. Acha que gostaria desse? 

— É bonito. Talvez. Pode coloca-lo para ver como fica? Não tenho ideia de tamanho.

— Eu não acho que você precise… - mas era tarde demais, Castle já abria o fecho do colar ficando por trás dela e colocando a joia em seu pescoço. Os dedos dele roçavam sua pele macia. Ele se inclinou sentindo o perfume. O gesto não passou despercebido a Kate.

— Você cheira muito bem, Kate. Cerejas - ela virou-se para fita-lo, ele sorria. Segurando seus ombros, Castle a posicionou na frente do espelho, as mãos lutavam para não se aproveitar do instante para toca-la - o que acha? É bem delicado. 

— É bonito. 

— Eu não sei… essa sua corrente está atrapalhando… - ele desfez o fecho do colar que ela usava tirando-o do pescoço. Ele viu o solitário. 

— Espera, cuidado - ela olhava sem jeito para o escritor. Um misto de vergonha e preocupação em seu semblante. 

— Um solitário…  oh, Kate Beckett! Não me diga que está noiva e escondeu esse detalhe importante de mim. Vai partir meu coração… 

— Não, Castle, por favor… era da minha mãe. E-eu uso para me lembrar dela e… da vida que eu perdi - ele viu um pouco da tristeza voltar ao olhar da bela mulher a sua frente, não podia deixar isso acontecer. 

— Hey, você não a perdeu. Nunca perdemos quem amamos. Não foi sua culpa. E acho o gesto de usa-lo bonito, intimo. É uma maneira de mante-la sempre por perto. Bem aqui - disse tocando a area do coração.  

— Sim… - foi tudo o que ela conseguiu dizer. Ele decidiu tirar a outra jóia do pescoço dela. Novamente os dedos o traíram deslizando pela pele do pescoço. Entregou a joia nas mãos dela e colocou outra vez o colar da mãe. 

— Pronto. Tudo está em ordem outra vez. Vamos sair daqui. 

— Espera! E o presente? Não gostou desse? 

— Não, vamos a outro lugar. Vou pagar a jaqueta - ele saiu caminhando rumo ao caixa, ela o seguiu. Que mania de ser impulsivo! 

— Onde vamos? Você sai correndo e… 

— Que melhor lugar para comprar uma jóia se não a Tiffany’s? Certo, a jaqueta e o chapéu - ele pagou a compra e recebeu a sacola - ótimo podemos ir. Compramos a joia e fazemos uma pausa antes de irmos a livraria. 

— Castle, não é melhor comprarmos o livro primeiro? Logisticamente, a Barnes & Noble está mais perto. Por que vamos subir a 5a avenida para depois descer outra vez? 

— Não se preocupe com logística, temos algumas coisas para fazer ao longo do caminho. Não se prenda a detalhes, Kate, apenas aproveite e… - ele parou sorrindo para ela que a princípio não entendeu o fato dele ter parado bem na metade do caminho para a porta. 

— O que você… - ele apontou para suas cabeças. 

— Azevinho. Sabe o que significa, não? - ele não esperou resposta, aproximou-se dela sorvendo os lábios vagarosamente. Kate fechou os olhos e se deixou levar pelo toque dos lábios. Sentiu a mão deslizar em suas costas. Com muito custo, ele quebrou o contato. 

— O que você está fazendo…- a voz era um sussurro. 

— Apenas seguindo a tradição de natal. Vamos - então virou-se de costas e saiu da loja rumo à estação de metro. Kate demorou um pouco para se recuperar do efeito do beijo e apressou o passo para alcança-lo. 

Chegando na Tiffany’s, ela não sabia ao certo o que procurar. Eram tantas coisas lindas que não se sentia pronta para escolher. Castle opinou sobre algumas joias, quando pensava ter achado algo bom, virava-se para Beckett pedindo sua opinião. Ela sempre tinha un comentário ou um ponto de vista diferente que passara despercebido para ele. Finalmente, ela apontou um belo colar de ouro branco com um pequeno e delicado pingente, um cristal redondo com um pedrinha de diamante no topo. 

— Castle… é esse! Está lindo…

— Acho que tem razão, Kate. Definitivamente lindo. Você reparou que eles tem em duas cores? O cristal puro e o azul bem claro. Confesso que o azul combinará com os olhos dela. 

— Se ela não se importa com cores, você a conhece melhor que eu. Se tivesse que escolher, ia no cristal puro - ele sorriu. 

— Obrigado pela opinião, mas eu gostei do azul. Por favor, - ele se dirigiu a vendedora - pode me mostrar esse colar? - a vendedora abriu a vitrine e pegou a jóia colocando na frente de Castle. 

— Ah, Castle… é realmente lindo. Vai combinar com ela. 

— Posso ver o outro com o cristal transparente? - Castle colocou um do lado do outro. Não tinha escolha errada. Ambos eram delicados e perfeitos para Alexis. Sorriu - acho que tenho o vencedor, o azul. Você me espera aqui enquanto pago? 

— Na verdade, eu preciso ir ao banheiro. 

— Siga no corredor, à esquerda - disse a vendedora. 

— Obrigada, eu não demoro - assim que Kate desapareceu de suas vistas, ele virou-se para a vendedora. 

— Um de cada, por favor. Presentes separados. 

Quando Beckett se juntou novamente a ele, Castle já tinha terminado o pagamento e colocara o pacote dentro da sacola da Macy’s. 

— Pronta? Está na hora da nossa pausa. Precisamos recuperar as energias. Está com fome ou podemos fazer apenas um lanche, tomar um café? 

— Um café. Acho que comi muito de manhã. Para falar a verdade, eu não estou a fim de comer comida. 

— Ótimo. Vamos parar na Nordstrom. O café deles é bem aconchegante. Depois seguimos para a Barnes & Noble. 

— Castle, tem um café na livraria. Podemos ir direto. 

— Nada disso. Vamos a Nordstrom. Não vamos tomar qualquer café - a caminho da loja, ela viu o jeito que as crianças reagiam aos brinquedos nas lojas, ao papai noel. A inocência presente na vida delas, curtindo cada minuto daqueles dias que antecipavam o natal. Outras famílias passavam por eles comentando o quanto queriam patinar no Central Park. Kate sentiu-se em um turbilhão de sentimentos. A ideia de familia, diversão, natal causava uma sensação agridoce. Castle percebeu que ela não falara nada e tinha uma sombra de tristeza em seus olhos - o que foi? Voce não está entediada, certo? Vamos, Kate, ponha um sorriso nesse rosto tão lindo. Olha para as pessoas a sua volta, elas estão felizes. Oh… desculpe… 

— Não, está tudo bem. 

— Sabe, essa frase é na grande maioria das vezes uma mentira. Eu sei de algo que vai lhe fazer sentir-se melhor. Estamos quase chegando. A loja é ali na esquina - eles chegaram ao café e Castle sugeriu que ela escolhesse uma mesa e não se preocupasse que ele traria exatamente o que ela estava precisando. Beckett obedeceu. Novamente o café estava cheio de pessoas sorrindo, falando de comidas, presentes. Ela não podia culpa-los se tinham bons motivos para celebrar a data. Também não estava arrependida por ter aceito o convite de Castle. Até aquele momento, a experiência estava sendo bem interessante. Especialmente o beijo inesperado. Ela mordiscou os lábios. Ainda não entendia se ele estava provocando-a, testando ou se aproveitando do lance do azevinho para beija-la. Era tudo um jogo na mente dele ou havia algo mais? Percebera que a reação ao solitário da mãe fora verdadeira. Havia realmente a possibilidade dele se apaixonar por ela? Ou era parte do seu jeito conquistador? E por que ela estava pensando nisso agora? 

— Prontinho, Kate. Hoje você não vai tomar seu café preferido. Esse é um eggnog latte com toques de licor de amêndoas e whisky. Para acompanhar, biscoitos de gengibre. Olha como eles são lindos e apetitosos esses gingerbread men. Se quiser, pode provar do meu chocolate com menta e canela lembrando o gosto de candy canes e… - ele tirou um saquinho do bolso - as próprias candy canes. É um prazer, pode começar. Que bobagem minha! Esqueci de perguntar, você quer algo salgado? Talvez um quiche. É que meu objetivo aqui é faze-la relembrar e apreciar os sabores do natal. 

— Está ótimo, Castle. Mas é verdade? Tem álcool nessa bebida? 

— Tem sim. Achei que precisava da versão adulta. Prove! - ela pegou o copo e sorveu um pouco do liquido. Assim que a bebida desceu pela garganta, Beckett sentiu os diferentes gostos presente no latte. Era reconfortante a mistura do eggnog e do whisky com um toque de amêndoa. Ele acertara - então? 

— É muito gostoso. 

— São os sabores do natal. Coma o biscoito, assim a experiência será completa - ela sorriu - ah, um sorriso. 

— Você é sempre tão persistente assim? - ela perguntou mordendo o biscoito. 

— Apenas quando o assunto, a pessoa ou alguma coisa é realmente importante para mim. Não desisto fácil. Você já percebeu. 

— Nesse caso, o natal. Você quer me fazer gostar e viver a magia. 

— Sim, mas não se trata apenas do natal. É bem mais que isso. Trata-se de mudar a vida de alguém, esse é o verdadeiro significado do natal - ele bebeu um pouco mais do seu café. Mordiscou uma candy cane - adoro esse doce! Quando acabarmos aqui, vamos para a livraria. Devo imaginar que é um dos lugares que você gosta de ir e comprar. 

— É verdade, mas nessa época elas também são bem cheias e loucas.

— Um lado louco, mas bom - eles terminaram de comer. Beckett sentia-se bem melhor depois do lanche e tinha que admitir que Castle tinha razão, os sabores eram deliciosos. Ela podia tomar outro café desse. 

— Sabe, eu podia tomar outro café desses. 

— Isso quer dizer que você gostou ou que quer ficar bêbada para conseguir terminar o resto do dia ao meu lado? - ela riu - minha companhia é tão ruim assim?

— Não, Castle. E-eu gostei da bebida é só. E isso não me deixa bêbada. Eu também gosto da companhia. 

— Ótimo. pensaremos em beber mais tarde. Vamos continuar nossas compras - a ida a livraria foi ótima. Pela primeira vez, ela se sentia em um ambiente neutro, à vontade. Ela e Castle conversavam sobre diferentes autores, seus estilos, faziam piadas e riam bastante. Ele comentou qual o livro que compraria para Alexis. Ela queria ler a trilogia do senhor dos anéis. 

— Vou comprar o box além disso, o Hobbit. Ela vai gostar. Na verdade demorei a convence-la a ler, mas o namorado leu o primeiro e parece que a convenceu. 

— E você está chateado porque ela ouviu o namorado e não voce? 

— Um pouco, muito! Quer dizer, ela sempre me ouve… a maioria das vezes… - ela já estava rindo - não é engraçado! 

— É um pouco, você está com ciúmes do namorado. É bonitinho… - ela se viu tocando o ombro dele fazendo pequenas caricias. Os olhos se encontraram. Havia um brilho intenso nos azuis, ela sentia-se atraída por eles. Nesse instante, alguém o chama. 

— Rick Castle? Meu Deus! É você! - a moça sorria um pouco nervosa - minha irmã vai pirar, ela é sua fã. Eu vim aqui para comprar o presente de natal dela. Seu livro. O último. Tammy emprestou para alguém do trabalho que simplesmente não devolveu. Por isso ela quer outro. Tem todos os seus livros. Pode autografar o que comprei? 

— Claro! - ele pega o livro das mãos da moça, perguntou para Beckett - tem uma caneta? Acontece todo o tempo - disse justificando para Kate que lhe entregava o objeto - você disse que o nome da sua irmã é Tammy, certo? 

— Sim, Tammy. Tammara. 

— Certo - Castle pegou a caneta abrindo o livro na pagina com o titulo e assinou - pronto. Sua irmã vai ter um ótimo natal e acho que você merece um super presente dela. Feliz natal! 

— Obrigada, feliz natal. Para você e sua namorada. Ela é linda. Tchau… - antes que Beckett pudesse negar o que a moça dissera, ela já estava longe. 

— Isso é o que acontece quando se anda com alguém famoso, Kate. Você está pronta para ir ou quer olhar alguma coisa. Esse é o momento de fazer compras. 

— Estou bem, Castle. 

— Vou pagar. Me acompanha? - eles caminhavam na direção do caixa quando toparam com um banner em tamanho natural do escritor - o que você acha, Kate? É como ver o reflexo no espelho, não? Eu sou bonitão mesmo!

— Ah, eu não sei, Castle. Eles usaram photoshop para deixa-lo mais jovem, não? Está faltando algumas rugas aqui - disse ela implicando. 

— Não tem nada de photoshop! E eu não tenho rugas, não muitas e… - ela gargalhou - você estava brincando? 

— Nossa! Alguém é mais vaidoso do que eu imaginei. Bem, eu tenho uma certa razão, você tem rugas, uns pés de galinha. 

— Não tenho! 

— Tem sim, bem aqui - ela tocou a região do rosto dele próximo aos olhos. Ela deixou a mão acariciar seu rosto se deixando levar pelo momento. Quando caiu em si, ela se afastou envergonhada - você ia pagar… 

— É, certo - ela esperou Castle ficar de costas e começar a conversa com a mulher no caixa para suspirar e passar a mão nos cabelos. O que ela acabara de fazer? De repente, tinha sido tomada por uma vontade enorme de toca-lo. Estava começando a entrar em terreno perigoso - vamos? 

— Espera, terminamos as compras de natal. Não deveríamos nos despedir. Compramos os três presentes. 

— Você está parcialmente certa. Eu disse que ia leva-la às compras de natal e fazer você se divertir. Ainda temos um ultimo lugar para ir e nem adianta começar a me dizer não, como você mesma já percebeu eu não desisto facilmente. 

— Tudo bem, onde vamos? 

— Surpresa, Kate - ele a guiou para a estação do metro e saltaram proximo a Broadway, mais precisamente, perto do Rockefeller Center. Logo ela entendeu o que ele pretendia ou pensou que entendera. 

— Castle, você não vai me fazer patinar no gelo! 

— Quem falou alguma coisa sobre patinar no gelo? Eu estou interessado em trazer de volta o espirito do natal portanto… que lugar melhor para admirar a grandeza da data que a árvore de natal do Rockefeller Center? Ah, eu simplesmente amo esse lugar! - o sorriso no rosto dele deixou Kate mais leve, ele realmente curtia tudo aquilo - olha só o tamanho dessa árvore, os enfeites, as luzes. Me diga se não é lindo? - ele ria e esticava os braços. A alegria dele era de algum modo contagiante. 

— Sabe, você parece um menino de nove anos numa overdose de açúcar. Voce tem tanta energia! 

— É a vontade de estar vivo, aproveitar cada segundo que se tem, as oportunidades, sorrir. Você é culta. Tenho certeza que conhece a expressão carpe diem. 

— Conheço, mas o tempo em que ela surgiu era bem diferente do que estamos vivendo. 

— O significado é atemporal, Kate. Vamos, vem dizer que não admira essa paisagem? - ele se aproximou dela batendo o ombro no dela. 

— Sim, é bonito. Estou surpresa que não tenha usado a palavra mágico dessa vez. 

— Estava esperando que você fizesse isso. Parece que consegui, pelo menos fazer você lembrar da palavra, não no senso que gostaria. Já é um começo. Vamos olhar toda a sua extensão - ele a puxou pela mão. Ele parecia não perceber o que fizera ou fingira, a verdade era que enquanto falava e rodeava a árvore, Castle não largou da mão dela. A principio, ela achou o gesto estranho simplesmente porque o contato com a pele dele causava arrepios nela. Depois, a sensação passou a ser agradável, bem-vinda. Ela estava gostando, do contato, da experiência de dividir outro momento intimo com ele. 

Castle continuava falando e explicando vários símbolos e como a prefeitura se unia ao Rockefeller para fazer esse pequeno grande milagre acontecer. Eram mais de cem voluntários para montar a árvore e decora-la. 

— Isso é o que eu chamo de espirito natalino.

— Como você sabe tudo isso?     

— O prefeito é meu fã e eu também me mantenho informado. E… eu ajudei doando algumas das decorações. 

— Você está brincando - mas podia ver a sinceridade no olhar dele - não está. Você fez mesmo isso? - Castle balançou a cabeça afirmando - isso é… wow! Acho que a palavra que estou procurando é incrível. Você realmente se envolve com o natal, não? - ela sorria - devo confessar que é muito interessante e de alguma forma acho que posso dizer adorável? 

— Wow, capitã Beckett, ouvi direito? Você acabou de me elogiar? - ela sorria. A mão ainda envolta na dele. 

— Fiz um comentário. 

— Nah, você fez um elogio. Será que meu plano está funcionando? Você está começando a sentir o efeito do natal? Isso merece uma comemoração, mas antes preciso registrar o momento - ele puxou o celular e colando seu corpo no dela sorrindo tirou uma selfie deles com a árvore de natal atrás - você precisa sorrir ou a foto não vale. Vamos, Kate. 

— Você é doido! - mas já sorria. 

— Você não tem ideia…. - ele tirou várias selfies deles. Satisfeito, ele virou-se para fita-la - hora de comemorar. Nossa! Eu estou morrendo de fome. Sei exatamente onde podemos ir. Você gosta de comida italiana, não? Um vinho vai cair bem também com esse frio. 

— Castle, onde você pensa está me levando? Eu achei que esse era o nosso ultimo ponto - ele finalmente largou da mão dela. Kate pode sentir o vento gelado em sua pele assim que Castle se afastou. 

— Eu lhe devo um jantar de agradecimento por toda a ajuda de hoje. 

— Não precisa, Castle. Você já me entreteve bastante e se conta a seu favor, eu não estou chateada ou estressada. De fato, foi divertido fazer compras com você. 

— Então eu fui bem sucedido em parte do meu plano. Mesmo assim, você irá jantar comigo. Nós apenas comemos besteiras. Precisamos de uma refeição de verdade - Beckett optou por não reclamar ou argumentar outra vez. De fato, ela não se importava de passar mais umas horas na companhia do escritor. Eles seguiram para o loft. 

Ao entrar no elevador Beckett notou um azevinho no teto, porém decidiu não falar nada. Castle apertou o quarto andar e segurando as sacolas olhou para o teto com uma cara safada. 

— Um azevinho! Quem coloca um desses em um elevador? 

— Alguém que gosta muito de natal e beijos? - ela provocou. 

— E não se esqueça da tradição… eu tenho que respeita-la… - ele inclinou-se na direção dos lábios de Kate. Dessa vez, ela estava disposta a aproveitar o beijo de outra forma. Quando seus lábios se tocaram, ela sorveu-os com vontade deixando a lingua explorar o interior da boca. As mãos deslizavam pelo pescoço dele intensificando o contato. Castle deixou a sacola escapar de suas mãos apenas para repousa-las na cintura de Kate. O elevador emitiu um som anunciando que a porta seria aberta. Eles se afastaram. Castle podia ver a reação nos olhos dela. Tratou de juntar a sacola e saíram do elevador. Abriu a porta e caminhou até a arvore de natal colocando os presentes ao redor dela. 

— Quer beber alguma coisa? Vinho, agua, café, whisky? Vou preparar nosso jantar. 

— Agua e depois aceito um vinho - ele a serviu e começou a pegar os ingredientes necessários para fazer o jantar. Castle cortava cebolas, bacon, alho. 

— Você vai comer minha especialidade. Spaguetti a carbonara. Enquanto eu preparo o nosso prato, que tal dividir algumas de suas experiências comigo? Algum caso interessante ou cabeludo, daqueles que te tiram o sono. Sei que deve ter várias da sua época de detetive, não? 

— Tenho uma boa cota. Tem certeza que quer ouvir sobre assassinatos? 

— Na verdade, não é bem o tema assassinato que me interessa. É a maneira como você viu o crime e analisou. O seu ponto de vista como detetive, como agiu na investigação. Você não sente falta disso? Investigar, sair às ruas? 

— Ainda faço isso. Bem menos do que fazia como detetive. É, eu sinto falta. Talvez seja por isso que continuo lendo livros de mistério, para desafiar minha mente. 

— Então, comece a contar um desses casos - sorrindo, Beckett escolheu um de seus casos do passado para relatar a Castle. Ele trabalhava e discutia aspectos da investigação com ela. Beckett ficou surpresa de ver o quanto ele era rápido em deduzir e captar a importância de certas pistas. Também estava impressionada com a desenvoltura na cozinha. Assim que terminou de relatar o episódio, Castle falou. 

— Eu sabia que tinha acertado sobre você. 

— Do que está falando? 

— Seu modo de pensar, sua atitude. Você é sagaz, determinada e há um componente principal em tudo isso. O lado humano. Você se coloca no lugar da vitima, transforma a historia em sua. A perda da sua mãe a proporcionou isso. Você se importa. 

— E-eu sei o que é estar do outro lado - ela deixou o olhar vagar em busca do nada. Não queria fita-lo enquanto dissesse as próximas palavras com medo de não controlar suas emoções, não queria mostrar um lado vulnerável a ele - quando eu era detetive, todos os dias que eu entrava numa cena de crime eu lembrava dela. Eu voltava aquele beco, às imagens e dizia a mim mesma que essa era uma nova chance de fazer justiça. Alguém precisava de mim. Era como se ela dissesse “ Você pode, Katie. Ajude-os”. 

Castle parou de cortar os ingredientes. Limpou a mão na toalha que colocara no ombro. Viu Beckett virar o copo de vinho talvez para tentar amenizar a dor que claramente a tomava. Ele tocou o seu queixo obrigando-a a fita-lo. 

— E por tudo isso, você é a melhor. Ela a ajudou a ser quem você é. Determinada, forte, zelosa. Você ama o que faz apesar das circunstâncias difíceis que a levaram a essa profissão. Respeita o distintivo, o uniforme. Leva a sério o lema “Proteger e servir” e isso te faz extraordinária. Suas qualidades, seus medos e suas lutas a trouxeram até aqui. Deve se orgulhar disso, Kate. E não pense que porque sente-se triste ou duvida de si algumas vezes que é fraca. Chorar, sentir-se vulnerável também é bom de vez em quando. Não tenha vergonha de demonstrar o que sente - ele acariciou o rosto dela, sorriu e voltou ao que estava fazendo sem quebrar o olhar. 

— Você é escritor ou psicólogo? 

— Todos nós somos um pouco psicólogos, não? Algumas vezes tudo o que precisamos é de um bom conselho - eles escutam um barulho vindo das escadas. 

— Ah, bem que eu ouvi vozes. Oi, pai! 

— Alexis, não sabia que estava em casa. Já jantou? 

— Eu comi um lanche há uma hora - ela olhou para Kate. 

— Filha, essa é a capitã Kate Beckett. Foi ela quem me salvou naquele dia da cafeteria. 

— É um prazer conhece-la, Capitã. 

— Por favor, me chame de Kate. E não salvei a vida do seu pai. É um pouco de exagero dele. Muito prazer, Alexis. Você é bem mais bonita que na foto. Adorei o tom do seu cabelo. 

— Obrigada. É natural. A única herança genética da minha mãe. Só não posso dizer isso perto da vovó, ela insiste em dizer que é dela. Não se preocupe, Kate. Sei o quanto meu pai é exagerado e dramático.

— Hey! Eu estou bem aqui! - elas riram.

— Está fazendo carbonara? Guarde um pouco para eu comer mais tarde. Tenho que terminar de fazer as malas. 

— Soube que vai para a California. Um natal diferente. Não deixe de ir ao pier de Santa Monica. Eu adoro aquele lugar. Uma pena que a ultima vez que estive lá foi para investigar a morte de um grande amigo e mentor. Acontece muito quando você é da policia. 

— Sinto muito. E qual o motivo desse jantar? Meu pai não está te enchendo com perguntas sobre assassinatos, está? - Kate riu - pai! 

— Estou gentilmente agradecendo pela ajuda dela. Estamos apenas trocando experiências. Kate tem historias muito interessantes e eu tenho minha cota com minhas fontes e meus livros. Além disso, ela é minha fã - Castle piscou para a filha. 

— Cuidado com esse ego. Ele já perguntou qual seu livro preferido? 

— O que você acha?  

— Concentre-se em fazer o jantar. Pegue o seu vinho, Kate. Vou aproveitar que você já esteve na California para me dar umas dicas de que roupa levar. A vovó só pensa em brilhos. 

— Falando em sua vó, onde ela se meteu? 

— Saiu e disse para não espera-la hoje. Tinha festas para ir. É ouviu direito, no plural. Vamos, Kate - Alexis a puxou pela mão e levou para o seu quarto - desculpa o jeito do meu pai, as vezes ele pode ser demais. Não está aborrecendo-a com perguntas? 

— Tudo bem. Ele está se comportando. Exceto pelo ar de convencido que não deixa de aparecer. 

— É engraçado. Meu pai estava bem triste há uma semana atrás porque eu disse que ia passar o natal longe. É bom vê-lo sorrindo outra vez. Agora que reparei, acho que voce é a primeira mulher que ele traz aqui em casa em quase seis meses. 

— Isso não combina com a imagem de playboy que estampa o Page 6. 

— Não acredite em tudo que publicam sobre ele. Acho que meu pai não tem pensado muito nisso. Ele estava enrolado com o ultimo livro. Bloqueio. Disse para mim que não sentia mais vontade de escrever sobre Storm. Fiquei surpresa quando ele me disse ontem que terminara o livro. Tive um insight, foram as palavras dele - Alexis pegou duas peças de roupa - o que acha? Combinam? 

As duas passaram quase meia hora escolhendo roupas e combinando estilos. Alexis ria e comentava sobre a beleza de Kate, falava sobre o pai, o namorado. Elas estavam gostando da companhia uma da outra. O momento foi interrompido pelos gritos de Castle chamando a menina. As duas apareceram na escada. 

— O que foi, pai? A cozinha está pegando fogo ou queimou o jantar? 

— Hahaha! Estou rolando de rir. O jantar está pronto. Vai me devolver a minha convidada ou terei que fazer a refeição sozinho? 

— Detecto ciúmes? - a menina implicou - desça para jantar, Kate. Eu vou tomar um banho e ligar para Ashley. Divirtam-se - Kate desceu as escadas para se juntar a Castle. Sentados à mesa, ela comentou. 

— Ela é uma menina adorável, Castle. 

— Obrigado, embora não acredite que o mérito seja completamente meu. 

— Se você está falando do lado responsável, eu concordo. Mas ela o adora. Vocês tem uma ótima relação de pai e filha. 

— Ela é a pessoa mais importante na minha vida. Confesso que estou querendo uma segunda… - Kate não comentou o que ele dissera. Decidiu mudar de assunto. 

— Esse carbonara está muito bom. Eu provavelmente não deveria dizer isso para não inflar seu ego, mas esse é outro talento escondido de Rick Castle? Vejamos, escritor, meio psicólogo, bom em deduções investigativas, cozinha… 

— Você esqueceu de dizer divertido e bonitão, Kate… - ela revirou os olhos - sabe que fica uma graça revirando os olhos? - ela ficou vermelha. 

— Sabia que não podia elogiar - eles continuaram comendo e conversando. Eventualmente o assunto voltou-se aos casos de policia. Castle estava fascinado com o jeito daquela bela mulher. Ela era especial. Terminado o jantar, ele ofereceu um pouco mais de vinho e sorvete de chocolate de sobremesa. Beckett decidiu que era hora de ir para casa. 

— Eu preciso ir. Obrigada pelo jantar, Castle. 

— Eu que devo agradecer pela ajuda. Foi divertido. 

— Tenho que admitir, foi sim - ela sorria - boa noite, Castle - ela tomou a iniciativa e beijou-lhe o rosto. Quando a porta fechou atrás de si, ela seguiu para o elevador e se deixou alinhar na parede sorrindo. 

Ao chegar em casa, ela trocou de roupa para dormir e percebeu que havia uma mensagem de Castle em seu celular. Ele enviara a foto deles na árvore. 

“Um pouco do seu espirito de natal recuperado. Você fica ainda mais linda sorrindo. Bons sonhos, Kate. RC”. Ela dormiu feito criança. 


Quatro dias para o natal… 


Beckett levantou-se por volta das nove naquele domingo. Após uma tijela de cereal com iogurte e uma caneca de café, ela se sentou na frente da tv procurando por algo interessante. Para variar, a programação se resumia em filmes de natal, desenhos e noticias. Nada de fato interessante. Desligou o aparelho e resolveu continuar sua leitura. Devorou três capítulos e colocou o livro de lado. A foto de Castle olhava para ela. 

De repente, ela percebeu o quanto esse dia estava monótono e chato. Sentia a falta de conversar com alguém, rir, trocar experiências. Não qualquer pessoa. Sentia falta dele. Castle. Suspirou. Não podia ligar para ele inventando algo? Sacudiu a cabeça. Claro que não! Recriminara a si mesma. A lembrança do ultimo beijo trocado no elevador voltou a sua mente. Essa era outra qualidade de Rick Castle. Beijava muito bem e nunca que ia admitir isso a ele. Foi até a geladeira e serviu-se de um pouco de vinho. Seus olhos se depararam com o pequeno calendário proximo ao telefone. 

— Quatro dias para o natal? Como passou tão rápido? - pela primeira vez, ela não estava estressada ou chateada com a época. Estava intrigada. A forma como Castle surgira em sua vida, como ele se intrometia, instigava-a era diferente, novo. Ela sentia-se atraída por ele, seja por curiosidade de fã ou pela suposta reputação. Contudo, nos dois últimos dias ela descobrira um outro lado do escritor. Um que não está nos tablóides ou no marketing de seus livros. Tivera a chance de conhecer a pessoa por trás do escritor. A descoberta estava sendo incrivelmente prazerosa e Kate não conseguia negar que ele exercia um certo fascínio sobre ela. Fazia tempo que não se sentia assim. Castle era praticamente um estranho, mas ela não sabia explicar porque era tão fácil se abrir com ele, falar de sua vida. O que havia por trás desse momento que ela experimentava ao lado dele? Era algo passageiro? Um teste? 

O celular tocou tirando-a de seus devaneios. Lanie. 

— Hey, Kate. Finalmente tive tempo para falar com você. As coisas andam muito agitadas aqui. Seus detetives não me dão folga com esses casos de assassinato. Hohoho! Essa época só perde para as loucuras do Halloween. 

— Peço desculpas por isso, Lanie. Você sabe que não faço as regras. Que culpa eu tenho se as pessoas desenvolvem uma vontade insana de cometer crimes nessa época do ano? Você está trabalhando hoje? 

— Não! Quero distância de formol, éter, sangue… liguei porque acho que temos um assunto pendente. Você vai me explicar como aquele pedaço de mau caminho apareceu na sua vida? Você anda escondendo o jogo, Kate? 

— Não é nada disso. Eu já expliquei. Ele estava na cafeteria onde impedi o assalto. Foi coincidência ele estar naquela loja. 

— Coincidência ou destino? Não, o jeito que ele a olhava era diferente. Estava com olhos de admiração, de quem está apaixonado. Acho que ele tem algum interesse em você, Kate. Quer meu conselho? Um cara charmoso e bonitão como aquele? Solteiro? Se joga! - ela riu. 

— Você é doida. 

— Mas tenho razão. Aproveite a chance que apareceu e viva um pouco. Tem assuntos em comum como os livros, os mistérios, não deixe ele escapar. Tem o telefone dele? Ligue, marque um café. Peça para autografar seu livro, qualquer desculpa vale. 

— Vou pensar no seu caso - disse Beckett rindo. Mal sabia a amiga que ela já fizera tudo isso e muito mais. 

— Não é meu caso, é a sua vida. Não perca mais tempo. Bote esse coração para bater mais forte. Tenho que ir, vou me encontrar com o meu paramédico. Me conte o que aprontou depois. 

— Vai lá, aproveite o passeio - Kate desligou o celular rindo. Lanie sempre via oportunidade em tudo. Queria vê-la envolvida com alguém a qualquer custo. Reconhecia que estava passando por uma fase diferente. Castle realmente despertara seu interesse como não acontecia há muito tempo. Desde seu namoro com Demming que acabara há quase um ano. Bebeu um pouco mais do vinho e retomou a leitura. Sabia que o resto do domingo seria bem entediante. 

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Castle estava no escritório desde que terminara de tomar o café. Trabalhava em um potencial novo projeto. Sua mente estava agitada, a mil. Mesmo assim, sabia que precisava de uma pausa. Um bom café e decidir o que almoçaria. Caramba! Três da tarde? Encontrou a filha sentada no sofá com um pote de sorvete nas mãos. 

— Quem mandou atacar o meu sorvete? 

— Nosso! E você comeu bastante ontem depois do jantar. Se quiser almoçar tem almôndegas e salada. Acho que sobrou um pouco do macarrão de ontem, não comi tudo. Você fez muito, pai. 

— Alexis estava me contando sobre o seu encontro de ontem à noite. Quem é essa tal capitã Kate Beckett?   

— Não era um encontro, pelo menos para ela. Já para mim… ainda não sei o que conseguirei, mas de uma coisa tenho certeza: estou fascinado, apaixonado. Kate é um mistério. 

— Já nesse nivel? Wow! 

— Tenho que ir devagar. Mãe, se por acaso a conhecer, se comporte. 

— Por que? Ela pode me prender? - Castle ignorou a provocação da mãe. 

— Filha, você não esqueceu do nosso compromisso amanhã? Vamos almoçar, trocar presentes, comemorar nosso natal antecipadamente. O que acha de patinar no Central Park? 

— Eu adoraria! 

— Ótimo! Agora preciso voltar, o trabalho me chama. 

— Trabalho? - Martha olhou intrigada para a neta - que bicho mordeu seu pai? 

— Acho que um chamado Kate Beckett. Desde que ela apareceu na vida dele, parece que vem mudando. Ontem ele sorria! Nem parecia o cara reclamão que descobriu que a filha ia passar o natal longe. Sério, ele gosta dela. Kate me parece o tipo de pessoa que faria bem para o papai. Não tem nada de artificial nela. 

— Vou confiar no seu julgamento. 


Três dias para o natal…   


Castle e Alexis tiraram o dia para se divertir. Eles caminharam pela quinta avenida, almoçaram no Le Cirque, tomaram chocolate quente com muito marshmallow e fizeram coisas que somente eles curtiam juntos. Estavam em um café prontos para trocar os presentes. A filha comprara um jogo de videogame que ele queria muito. Alexis viu os olhos do pai brilharem diante do presente. 

— Que bom que gostou. Ashley que me deu a dica. Disse que você ia adorar. Acertou. 

— Eu adorei mesmo, mal posso esperar para jogar. Sua vez. Esse é o primeiro, acredito que já esperava que eu lhe desse - ela abriu o pacote com a trilogia do senhor dos anéis e o Hobbit. 

— Ah, pai. Não precisava. Eu podia pegar na biblioteca ou ler o do Ashley. 

— De jeito nenhum. É um clássico. Temos que ter esse tipo de livro. Esse é o segundo - entregou a pequena sacola da Tiffany’s. Alexis abriu a caixinha e sorriu. Era lindo - gostou? 

— Pai, é lindo… esse azul… 

— Combina com seus olhos, não? Agora o ultimo. Esse eu realmente não sei se irá gostar - entregou a caixa grande com a jaqueta. Quando Alexis abriu o pacote, não pode acreditar no que via. Ela não dissera a ele que queria muito uma jaqueta então como adivinhou? - eu queria lhe dar algo que pudesse usar na viagem, mas que servisse para Nova York também. 

— Você adivinhou! É clássica e moderna ao mesmo tempo e a cor? Nada comum! Ah, pai… - ela encheu-o de beijos - eu amei. Você é o melhor pai do mundo! - teria que agradecer a Kate pela escolha. Alexis tirou o moletom que vestia por baixo do casaco e experimentou - é perfeita! - e deu mais beijos no pai. 

— Tudo bem, já entendi que gostou. É bom saber que vai lembrar de mim quando usa-la na California. 

— Sim, acho que vou até viajar com ela. 

— Não quer deixar para uma ocasião especial com a familia de Ashley? 

— Hum.. tem razão. Talvez quando formos ao pier de Santa Monica. 

— E parece que vou ter um natal agitado afinal. Esse jogo veio bem a calhar. 

— É verdade, pode passar o natal jogando ou pode fazer algo diferente. O que a Kate vai fazer no natal? - Castle se assustou com a pergunta da filha - vamos, pai. Pode ser uma ótima oportunidade para um encontro de verdade, não? 

— Talvez, não é tão simples. Estou trabalhando nisso. Se for bem sucedido posso dizer que quebrar tradições não é tão ruim assim. Pronta para a ultima parte do nosso passeio? Vamos tirar umas fotos na arvore do Rockefeller e seguir para patinar. Essa é uma das belezas do inverno, são cinco da tarde, está escuro. Podemos aproveitar o brilho da noite de natal e ficar mais tempo juntos. Ainda é cedo. 

— Então vamos! 

No 12th distrito, Beckett terminara tudo o que tinha para fazer. Mantivera-se ocupada por todo o dia embora seus pensamentos voltavam-se de vez em quando para o escritor de olhos azuis. Hoje pela manhã antes de sair de casa, ela se pegou olhando para uma foto que tinha com a mãe. Tiraram da ultima vez que foram patinar juntas. Agora ao fim do dia, ela tornou a se lembrar da foto. Por impulso, ela decidiu. Iria patinar no Central Park. Era uma forma de se divertir e pensar. Sim, precisava pensar no que ia fazer sobre essa situação com Castle. 

Passar o domingo longe da companhia dele a fez perceber que gostava de estar com ele, conversar. Droga! Ela se divertira mais nesses últimos três ou quatro dias com Castle do que no ano todo. Pegou o casaco, a bolsa e fechou sua sala. Despediu-se dos seus detetives e deixou o distrito. 

Central Park

Kate não tivera dificuldades para estacionar o que fora uma grande sorte considerando a época e a hora do dia. Imaginava que as lojas estavam cheias de pessoas fazendo as compras de ultima hora. Esse era o lado bom de não se comemorar o natal. Existia um lado ruim? Até aquele momento, Kate Beckett achava que não, porém ao lembrar do quanto foi tedioso ver o domingo passar estando sozinha ela começava a achar que não saberia como se sentiria mesmo que estivesse na delegacia. Era por isso que precisava de um tempo para pensar. Parte de sua mente queria pegar o celular e ligar para Castle. Convida-lo para fazer algo. A outra parte dizia que era loucura. Suspirou. Para ligar precisava de um pretexto, mas qual? 

O ringue de patinação estava cheio. Isso era bom porque assim não aparentaria para as demais pessoas que estava sozinha. Ela pediu seu numero de patins e sentou-se no banco para trocar os sapatos. De repente, lembrou-se que o escritor a prometera alguns segredos de Storm. Essa podia ser a justificativa da ligação. Era parte do trato, não? 

Ela entrou no ringue experimentando o primeiro contato com o gelo. Aos poucos, foi pegando ritmo. Se soltando. Procurava os melhores caminhos a fim de não tombar com as pessoas especialmente aquelas que estavam aprendendo a andar. As crianças eram um espetáculo a parte. Sem falar na decoração e nas luzes de natal. Onde quer que fosse havia a lembrança da data, da festa. Se Castle estivesse ali diria que o espirito do natal também estava no ringue. Ela se distraiu olhando para um garotinho de possivelmente dois anos tentando se equilibrar nos patins pela primeira vez, o descuido a fez colidir com alguém quase caindo não fosse por ter agarrado com vontade o sobretudo do homem. Ele virou-se para ajuda-la. 

— Me desculpe, eu me distrai e… Castle? 


— Kate? O que faz aqui? - ela não pode deixar de sorrir lembrando das palavras de Lanie. Coincidência ou destino? 


Continua...

3 comentários:

rita disse...

Muito bom! Esperando o terceiro capítulo. Abraços e um feliz 2018 com muitas realizações,saúde e muito amor. Abraços.

cleotavares disse...

Gente! Estou amando até a Alexis dessa fic ( kkk"tadinha").
Amei os dois se divertindo nas compras, e como não amar o azevinho.

Gessica Nascimento disse...

Perfeito...
Adorando cada palavra.
Parabéns Karen, feliz Ano Novo,com muitas e muitas mais realizações em sua vida e que em 2018, você possa nos proporcionar outras estórias maravilhosas de sua imaginação tão perfeita e criativa!!❤❤❤