Cap.29
Dois dias após a chegada em Washington, Brennan já providenciara todo o cronograma de terapia dele. Além disso, também o arrastara com mala e tudo para o seu apartamento. Nem deixou-o argumentar, voltou ao apartamento dele sozinha para buscar mais roupas e alguns objetos pessoais que eventualmente ele precisaria.
No caminho de volta para sua casa, ela ligou para Cam a fim de atualizá-la nas informações.
- Oi, Cam.
- Dr. Brennan!
- Estou ligando para informar as notícias. Já estamos em Washington e o Booth já recebeu todas as informações que precisa pra começar a fisioterapia amanhã. Estarei acompanhando toda essa etapa afinal o Booth é muito teimoso e nem quer fazer o processo, vou ter que levá-lo em todas as sessões.
- Ok, você faz bem em acompanhá-lo. Não vejo problema em você se ausentar Dr. Brennan.
- Obrigada Cam apenas avise a todos aí ok?
- Pode deixar.
Quando chegou em casa encontrou a tv ligada e um barulho vindo da cozinha. Booth estava cozinhando e o lugar parecia que tinha experimentado um furacão.
- Booth, o que você está fazendo?
- Ah, apenas um lanchinho pra gente.
- Lanchinho? Com essa confusão parece que você está fazendo um banquete!
- Oh, Bones! Fiz uma fritada de legumes pra você e uma fritada de ovos e bacon pra mim.
O cheiro parecia maravilhoso e isso despertou a fome de Brennan que nem percebera que já passava das duas da tarde.
- Tá bom, vou arrumar a mesa pra gente mas depois você vai arrumar essa bagunça na cozinha!
- Sim, senhora!
Ela rapidamente deu um jeito na mesa e arrumou os pratos, talheres e copos. Ele trouxe as travessas para a mesa e sentaram-se para almoçar.
- Que outras estripulias você andou aprontando enquanto estava fora?
- Nada. E para de agir como se fosse minha mãe.
Ela riu.
- Tá mas meu apartamento não é bagunçado entendeu?
- Ah, deixa de ser certinha! Se não vou ao meu apartamento.
- Ah, Booth, ameaças não valem nada aqui. Eu estou no comando e você tem que me obedecer.
- Hum, isso é uma ameaça?
- Não, é um fato.
Ele riu.
Terminada a refeição, eles se revezaram e limparam a cozinha. Depois de um breve descanso no sofá da sala, Brennan decidiu tomar um banho e sentar-se a frente do computador para organizar algumas coisas do seu dia-a-dia que deixara de lado esses dias em que se dedicara totalmente a Booth. Também precisava retomar seu livro, ela acreditava que pela primeira vez, receberia alguma repreensão da sua agente.
Ela estava concentrada lendo os emails quando ele chegou por trás e começou a beijar o pescoço dela. Brennan até se esforçava para permanecer indiferente mas ele era bem insistente. Ele passava a mão nas costas dela e Brennan fechou os olhos automaticamente. Adorava aquele toque. Ela deixou o computador de lado e virou-se para ele. Ela o envolve com seus braços e roça seus lábios nos dele.
- Eu preciso trabalhar um pouco, organizar as coisas. Você está tirando minha concentração.
- O que você está fazendo?
- Organizando uns assuntos e criando coragem para escrever meu próximo livro.
Ela o beijou por um instante. Quando quebrou o beijo, ela sorriu.
- Agora você vai me deixar trabalhar?
- Ah, nada de trabalho...
- Booth, não comece. Eu preciso. Porque você não vai ver um filme, ler um livro?
- Chatoooo... quero ficar com você.
- Se você prometer se comportar, eu termino logo e sobra mais tempo pra você.
- Tá, você não vai largar esse notebook mesmo!
Ela balançou a cabeça, uma eterna criança.
Brennan terminou o que tinha pra fazer e desligou o computador. Ao sair do escritório, viu que Booth estava na sala, dormindo no sofá. Ela desligou a tv e ele prontamente reclamou.
- Hey, eu estava assistindo isso.
- Sei, dava pra notar. São quase 7 da noite.
- Terminou o que você estava fazendo?
- Por hoje. Amanhã temos que estar no hospital as 9 da manhã para sua primeira sessão de fisioterapia.
- Isso vai ser um saco!
- Booth para de agir como criança! Porque você não pensa que quanto mais rápido você se recuperar, mais cedo nós poderemos aproveitar.
- Hum... ok, não discuto mais...
- Vai tomar banho enquanto vejo algo pra gente comer.
No dia seguinte
Brennan acordou cedo e preparou o café da manhã para os dois. Booth levantou ainda resmungando por ser tão cedo. As 8:30 já deixavam o apartamento de Brennan rumo ao hospital. A sessão de fisioterapia duraria uma hora e meia e Brennan decidiu acompanhar o processo de perto mesmo que não entrasse na sala.
O local continha um vidro onde Brennan podia observar o que Booth fazia. Ela olhava cada exercício com aquele olho clínico que só ela possuia. No interior da sala, Booth se esforçava para completar os exercícios respiratórios e pela primeira vez constatou que Bones tinha razão ao afirmar que ele não estava bem ainda. Sentiu dores durante a sessão mas não reclamou. Teve momentos em que não aguentou e soltou alguns palavrões.
- Chega, não posso mais doutor.
- Pode sim, Sr. Booth. Ainda temos mais vinte minutos.
- Tudo isso? Parece que eu já estou aqui a uma eternidade!
- Paciência, Sr. Booth. Paciência.
O médico percebeu o olhar analítico e ansioso de Brennan observando o processo.
- Me diz uma coisa, aquela bela mulher nos observando é sua esposa?
- Namorada.
- Você é um cara de sorte não Olívia?
A enfermeira sorriu.
- Na verdade doutor, diria que ela também é uma mulher de sorte. Claro que nesse momento está em desvantagem.
- Como assim?
- Ora sr.Booth, está vendo a carinha dela? Aposto que ela está aflita por saber se a fisioterapia está funcionando. Ela está se perguntando se não seria possível reduzir o número de sessões e quando ela finalmente terá o seu namorado de voltar por completo. É só um conselho, mas acho que você deveria se esforçar por ela.
- Eu sei.
- Então mostre disposição, vontade. Por uma mulher como aquela, vale tudo não?
Ele sorriu.
- Se vale!
Assim que terminou a sessão, o médico foi falar com ela.
- Então, doutor como foi?
- Muito bom. Como toda primeira sessão o sr.Booth apresentou problemas para se adaptar e dores, o que é normal em qualquer paciente. O desempenho dele foi bem satisfatório para a sua recuperação. Pode ser que ele sinta dores durante o dia ou à noite. Nesse caso, peço para você não dar a ele anti-inflamatórios a menos que a dor seja muito intensa. Procure usar compressas, bolsas de água quente, a solução natural.
- Ok, farei isso.
Booth escutava as recomendações do médico. Sabia que Brennan as seguiria à risca.
- Bem,vejo você depois de amanhã sr. Booth.
Eles se despediram e deixaram o hospital.
À noite, como Brennan já esperava, ele teve dores e ela fez exatamente o que o médico orientou-a. Além disso continuava a limpar e trocar os curativos dele. Mais alguns dias e ele tiraria os pontos.
Brennan e Booth estavam levando a vida normalmente. Brennan fazia o possível para deixá-lo confortável e bem. Booth completara uma semana de fisioterapia e já se observava um evolução no quadro dele. Estavam saindo do médico onde Booth fora tirar os pontos da cirurgia quando o celular de Brennan tocou.
- Brennan.
- Bren! Como você está? Sumiu!
- Oi, Angie. Está tudo bem.
- E você tem notícias do Booth?
- Claro, ele está bem, se recuperando.
- Isso é bom. Posso fazer uma visita pra ele? Aposto que ia gostar. Deve estar entediado em casa sem nada pra fazer.
- É verdade, Booth é muito ativo e uma situação dessa sempre causa ansiedade.
- Será que ele se incomoda se eu bater na porta dele sem avisar?
- Acredito que não mas você não vai acha-lo em casa. ele está comigo, saimos do hospital.
- Não falei agora, ia outro dia.
- Mas ele não está em casa, ele está comigo no meu apartamento.
- O que?
- É uma forma de vigiá-lo para que ele cumpra todas as recomendações médicas.
- Ah, ok. Quando posso ve-lo?
- Que tal depois de amanhã? Ele tem fisioterapia na parte da tarde, às 3h e deve voltar pra casa as 5h. Você viria depois do Jeffersonian.
- Parece ótimo. Estou com saudades da minha amiga também...
- Quer almoçar amanhã?
- Você vai deixar o Booth sozinho?
- Umas horinhas não vai matar.
- Tudo bem. Combinado.
Ela olhou para ele e sorriu.
- Acho que está na hora de contar a ela.
- Certeza?
- Ela quer te visitar, a Angela é esperta, vai acabar percebendo alguma coisa.
- Então deixamos para falar se ela perceber algo.
- Você está com dúvidas Booth?
- Não, porque estaria? Adoraria exibir você por aí. Só acho que a gente nem matou as saudades ainda e podíamos manter o segredo por mais tempo para termos alguns momentos a sós. Ou você acha que a Angela vai conseguir se segurar quando descobrir?
- Se pedirmos segredo....
- Duvido!
- É, você tem razão. Vamos ver o que ela nota então.
Founding Fathers
1 da tarde
1 da tarde
Angela chegou ao restaurante um pouco antes de Brennan. Ao avistar a amiga, acenou. Ela se dirigiu até a mesa onde Angela estava.
- Desculpe o atraso!
- Que nada! Acabei de chegar apenas cinco minutos antes de você.
- Booth parece criança! Tenho que checar e me preocupar com tudo! Doente ele nem parece aquele homem decidido que é um agente do FBI.
- Homens são assim mesmo e quando estão doentes é pior.
- Quer tomar o que?
- Suco. Esqueceu que não posso beber nada alcóolico?
- Oh, Angela! É verdade, que esquecimento o meu.
- Tudo bem.
- Eu preciso de uma taça de vinho.
- Hum, o Booth tá realmente te dando trabalho hein?
- Nem tanto, teimoso ele sempre foi mas tá tudo bem. É que não posso beber com ele, ele está proibido ainda. Tenho que aproveitar. Como estão as coisas no Jeffersonian?
- Em ordem, nada muito agitado.
- E como vai a mamãe?
- Ótima. No próximo mês saberemos o sexo.
- O que você acha?
- Digo que tanto faz, será amado da mesma forma mas uma menininha seria muito bom.
- Veremos.
Elas continuaram conversando e o almoço trasncorreu tranquilamente. Ao final se despediram e acertaram tudo para o dia seguinte.
Apartamento de Brennan
Eles acabavam de chegar do hospital e Brennan foi logo preparar algo para comer, afinal Angela viria visitá-los.
- Booth porque não vai logo tomar um banho? Vou fazer o mesmo assim que terminar aqui na cozinha.
- Estou indo.
Meia hora depois, a campainha toca.
- Oi, Angela. Pode entrar.
- Oi,Bren!
Ela se depara com um Booth muito a vontade de bermuda e camiseta, nos pés chinelos. Ele sorriu para ela e se levantou.
- Oi, Angela.
- Booth! Que bom te ver.
Ela o beijou no rosto e sorriu. Sentou-se no sofá.
- Que susto você deu na miha amiga,hein Booth?
- Eu imagino.
- Aliás aquele oficial devia ser proibido de dar notícias difíceis, pela forma que ele falou você já estava morto! A Bren ficou branca que nem vela.
- Angela tem razão, as pessoas não esperam uma recepção daquelas.
- E como você está, Booth?
- Muito melhor. Graças a Bones, claro! Ela é muito chata com esses lances médicos. Mas valeu a pena, acho que logo, logo estarei 100% novamente.
- Só faço isso porque me preocupo com você, quero ver você bem, inteiro.
Angela percebeu os olhares entre os dois. Resolveu não falar nada. Brennan se levantou e foi até a cozinha. Voltou com algumas coisas que colocou na mesa.
- Angela, venha fazer um lanche.
- O que tem pra comer?
- Apenas alguns pães diferentes, patês, café. Você não está enjoando nada disso não né?
- Não, estou bem. Acho que não vou ter esses problemas de gravidez tipo enjôo, desejo.
- Sorte do Hodgins! Eu penei com a Rebecca, ela tinha cada idéia para comer...
Ele se sentou ao lado de Brennan. Ela se preocupou em servi-lo como vinha fazendo normalmente desde que voltaram a se encontrar no Afeganistão. Dessa vez, Angela ficou mais intrigada com o que via. Tem alguma coisa aí, pensou.
Booth fez menção de roubar um bacon do prato de frios e Brennan o repreendeu.
- Booth! Já falei para você que tem que comer o mínimo possivel de gordura. Isso faz mal para suas cicatrizes e não quero seu corpo todo marcado.
Ele sorria maroto para ela. Por um momento até esqueceram que Angela estava ali. Ela claro não deixou de registrar a frase de Brennan e começou o questionamento.
- Peraí, como é Brennan? Você não quer o corpo dele marcado? Que história é essa?
Brennan arregalou os olhos e seu olhar cruzou com o de Booth. Ela estava vermelha. De repente, começou a rir. Booth a acompanhou.
- Hey, eu estou aqui.
- Conte...
- Angela, eu ainda não falei nada porque eu tinha combinado com o Booth mas depois disso...
- É o que eu estou pensando?
A cara de Angela demonstrava surpresa.
- Se o que você está pensando é que eu e Booth estamos juntos então...
- Oh meu deus!!! Sério? De verdade? Como isso aconteceu?
- De verdade.
- Como? Me explica, por favor!
Antes mesmo que Brennan começasse a falar, Angela deu um grito. Não cabia em si de contentamento, Brennan demonstrou preocupação.
- Angie, se acalme. Você não pode se exaltar, lembre-se do bebê.
- Isso é uma notícia maravilhosa!
- É sim, tenho que concordar.
Os dois se olhavam, olhares apaixonados como podia notar Angela.
- Contem como isso aconteceu? Foi na sua ida ao Afeganistão, Brennan?
- Não,foi antes?
- Antes? Como? Você estava nas ilhas e o Booth na guerra e...
- Quer deixar eu contar,Angie? Ou melhor resumir a história?
- Tá,desculpe.
- Fui para a Indonésia e Booth para o Afeganistão. Decidi manter contato com ele por carta para que ele soubesse que as coisas estavam bem e também para eu saber como ele estava, afinal ele corria perigo, estava numa zona de concentração. Trocamos cartas, as palavras, a solidão, as lembranças e com seis meses Booth foi me visitar na Indonésia,apareceu do nada e uma coisa levou a outra e bem, aqui estamos. Juntos.
- Isso é....é OMG! É incrível!
Ela se levantou e abraçou a amiga.
- Estou tão feliz por você. E por você também, Booth. Eu sabia que um dia você ficaria com a garota mais bela do baile.
Brennan ergueu as sobrancelhas e olhou para a amiga.
- Baile? Ah, metaforicamente...
Eles riram.
- Posso espalhar a todos?
Eles se entreolharam. Booth foi quem falou.
- Angela, a gente sabe que esse relacionamento é novo e não sabemos como o FBI vai entender isso mas também sei que você não vai conseguir se segurar como Daisy fez então só depende de você.
- Daisy sabia?
- Sim, afinal ela estava comigo. Manteve segredo. Nem Sweets sabe.
- Nossa!
Angela olhou mais uma vez para os dois de mãos entrelaçadas e deixou escapar mais um gritinho. Foi a vez de Brennan e Booth rirem do jeito dela.
- Ok, vou tentar ser discreta mas devo contar pelo menos para o Hodgins.
- Tá, Angela.
Eles permaneceram conversando e sorrindo. Olhar para eles nesse momento era algo muito gratificante, principalmente depois de saber o quanto eles já sofreram e viveram juntos como parceiros e amigos. Mais tarde, Angela finalmente foi embora. Assim que a amiga saiu, Brennan foi até booth e roubou mais um beijo.
- Está feito! Sei que Angela merecia saber e agora vai faltar pouco para todos saberem.
- Estou doido para que saibam, quero andar pelas ruas te abraçando, te beijando, sem medo.
- Tá bom, Don Juan mas agora me ajuda a arrumar isso aqui.
- Você sempre estragando o clima.
Ela riu e deu um tapinha nele. Brennan se sentia realmente em casa, pela primeira vez em muitos anos.
Continua......
Um comentário:
Que bonitinho a Brennan cuidando do Booth!
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