Nota da Autora: Outro capítulo, e por favor, nada de querer matar a escritora antes do tempo não fiquem com raiva das notícias! Enjoy...
Cap.31
- O mesmo
carro que Tory encontrou na filmagem próximo ao lugar onde Collins foi
assassinado. Tudo indica que é estamos presenciando uma nova tentativa de
homicídio, aposto que é um dos capangas de Bracken.
- Nadine deve
nos dar uma ideia de quem seja – disse Castle.
Ryan chegou
junto com McQuinn. Beckett fez sinal para ele se aproximar. O detetive assim
que viu o carro, trocou olhares com a tenente.
- É o mesmo
carro, não?
- Sim, deve
ser outra placa fria. Por favor, cheque mesmo assim. E peça para Tory olhar as
câmeras do perímetro. Alerte a equipe do CSU para vasculhar com cuidado o carro
de Nadine há um dispositivo eletrônico, uma espécie de GPS. Quero ele intacto.
Isso vai nos ajudar na investigação.
- Nadine
Furst? A jornalista da ABC? Por que alguém gostaria de mata-la? – Ryan mesmo
respondeu sua pergunta – as últimas descobertas... ela está mexendo em casa de
marimbondo. Espere, por que o carro da jornalista teria um dispositivo desses e
por que você sabia sobre ele? – para não envolver Beckett em confusão e
comprometê-la, McQuinn respondeu.
- Eu pedi para
fazerem isso. Após assistir as reportagens de Nadine, quis descobrir onde ela
conseguia suas informações. Tentei do modo mais simples, porém com a teimosia
dela me levou a isso. Desconfiava que algo assim poderia acontecer. Tory me
alertou para levar o dispositivo. Como ela está?
- Ainda não
sei, vou para o hospital agora. Apreendam o carro e revirem-no do avesso.
Qualquer novidade, ligem para mim. Vamos, Castle.
Ao entrar em
seu carro, Kate permaneceu quieta até a chegada ao estacionamento do hospital.
Finalmente se deu o direito de baixar a guarda e revoltar-se com a situação.
- Por que ela
foi atrás de Vulcan novamente? Por que é tão teimosa? Arriscando sua vida! –
Castle acariciava o ombro dela enquanto Kate socava o volante – droga, Nadine!
Ela me prometeu, Castle. Por que ela fez isso de novo?
- Você não vai
gostar da resposta. Nadine é uma jornalista, assim como escritores, algumas
vezes são inconsequentes. Ela queria ajuda-la, queria a história. Talvez não
tivesse a dimensão de quem é o senador até isso acontecer. Não entendia com
quem lidava.
- E por isso
arriscam a vida como se fosse superheróis. Vocês escrevem histórias, reportam
notícias. Droga! – ela passou a mão nos cabelos – isso não devia estar
acontecendo. Isso já foi longe demais. Castle, não vou aguentar ser responsável
por... por... – ela não conseguia completar o pensamento, a ideia de apenas,
por um segundo, considerar a hipótese fazia Kate estremecer, Castle a puxou em
sua direção, abraçando-a – eu não vou suportar, Cas.
- Não pense
nisso, Nadine ficará bem. Não é sua culpa, nada do que aconteceu.
- Como não?
Fui eu quem insisti nessa investigação, forcei a barra e coloquei todos sob a
mira de Bracken. Sou culpada por querer lutar contra alguém que não posso
vencer! E por que? Por teimosia, vingança?
- Justiça, Kate.
Você está lutando por justiça – Kate olhou bem séria para ele, então respondeu.
- A que custo,
Castle? – ele reconheceu o olhar firme. Era o olhar determinado da melhor
detetive que já conheceu. Por trás da expressão, ele sabia que havia chegado ao
limite, a um momento de decisão. Tinha uma vaga ideia de qual seria o próximo
passo de Kate, por causa disso nunca teve tanto medo. Ele a viu parar em frente
à porta da emergência. Kate olhava para o letreiro do hospital. Por um momento,
ela pensou em nunca precisar voltar a esse lugar, um arrepio percorreu seu
corpo. As lembranças do Presbiterian Hospital traziam sentimentos
contraditórios. Poderia ter sido o local onde Alex nasceu, porém foi onde
vivera os seis meses mais angustiantes de sua vida.
- Você está
bem? – ele perguntou tocando-lhe o ombro. Olhou para ele, sorrindo.
- Muitas
memórias. A maioria, nada agradáveis. Tudo bem, vamos entrar - Castle a seguiu
até a recepção. Kate não perdeu tempo em se identificar como autoridade
policial, puxou o distintivo mostrando para a atendente.
- Lieutenant
Kate Beckett, NYPD. Estou aqui para saber notícias da senhorita Nadine Furst.
Ela foi trazida a esse hospital por dois colegas meus, ela se envolveu em um
acidente de carro e sua vida está em perigo. Pode me levar até ela?
- Senhora,
tenente... eu não posso deixa-la entrar. Não sei o estado dela, porém são
regras. Apenas familiares podem entrar para vê-la em primeiro lugar. O médico
terá que autorizar sua visita ou a própria paciente. Se a senhora aguardar um
minuto, vou descobrir qual o status da paciente no momento – a cara de Beckett
estava de poucos amigos quando Jeff surgiu correndo ao seu lado. Apreensão era
o que ela pode ver no rosto dele.
- Kate, graças
a Deus! Será que você consegue liberar minha entrada? Eles não me deixam ver a
Nad, não me disseram nada até agora e se... – pausou – e se...
- Não, Jeff.
Esse pensamento não vai ajudar em nada. Vamos aguardar as novidades que me
foram prometidas. Castle, você poderia fazer uma gentileza? Leve Jeff para
tomar um café, ele precisa se acalmar – virando-se para o rapaz, Beckett
colocou a mão em seu ombro olhando fixamente para ele – escute, Nadine vai
ficar bem. Ela é dura na queda. E teimosa, não vai se render fácil – fez sinal
para Castle com a cabeça.
- Vamos, Jeff.
Voltaremos em alguns minutos – observando os dois sumirem pelo corredor,
Beckett realmente esperava que suas palavras e pensamentos estivessem corretos.
Não estava preparada para ter em suas costas a responsabilidade pela, se
recusava dizer a palavra, pela amiga.
- Com licença,
tenente. A pessoa que a senhora quer ver ainda está em cirurgia. O médico
cirurgião ainda está trabalhando na retirada da bala. Ainda não sabem que horas
o procedimento vai terminar. Sugiro sentar e esperar, assim que puder ele vira
vê-la – não adiantava insistir, Beckett agradeceu e procurou uma cadeira para
sentar. Aproveitando a oportunidade, ligou para Tory a fim de saber do
andamento da investigação no GPS. Ela acabara de receber o dispositivo, pediu
mais um tempo a tenente para uma análise preliminar.
Frustrada,
Kate esperava no saguão do hospital. Castle retornou com Jeff trazendo um café
para ela também, os três continuaram esperando por notícias. Seu celular tocou,
a ligação era do distrito. Ao atender, Beckett ficou aliviada por ser Tory.
- Tenente,
receio não ter boas notícias. Eu avaliei o dispositivo. Pude ter uma ideia
exata de todo o percurso feito por Nadine. Usando algumas câmeras disponíveis
em pontos específicos da perseguição, constatei que ela realmente estava sendo
seguida pelo Corolla azul metálico. O problema é que em nenhuma das filmagens é
possível identificar o rosto dele. Também, baseado na hora da batida fornecida
pela equipe de peritos e com as informações da patrulhinha, rastreei as câmeras
próximas à cena do crime. Nosso rapaz é esperto. Tenho uma filmagem da sua
escapada, porém o rosto está coberto então não pude usar um programa de
reconhecimento facial para descobrir a sua identidade. Vestia-se de preto
completamente, mais uma forma para despistar. Desceu as escadas do metrô na
estação da Chambers St. com a West Broadway. Não há como rastrea-lo dali. Nossa
esperança é Nadine. Talvez ela tenha visto o rosto do seu perseguidor. Falando
nela, como está?
- Ainda não
tivemos notícias. Continua na sala de cirurgia.
- Nossa! Jeff
está com você?
- Sim, estamos
todos ansiosos por novidades. Obrigada pelo trabalho, Tory. Espero que você
tenha razão e Nadine se lembre da cara do nosso suspeito. Volto a telefonar
quando tiver uma situação mais clara sobre como ela está – resignada, desligou
o celular. A cada minuto que passava, Kate se via mais próxima da decisão
drástica que pensava em tomar.
Duas horas
depois, um médico surgiu no saguão perguntando pela Tenente Beckett.
Rapidamente ela se apresentou na frente dele com Castle e Jeff ao seu lado.
- Então,
doutor,qual o estado de Nadine?
- Onde está a
família dela?
- Nós somos a
família dela, esse é Jeff o namorado e nós somos amigos – disse apontando para
ela e Castle – estou aqui na qualidade de amiga, preciso saber como ela está.
- A cirurgia
foi para retirar a bala que ficou localizada no ombro. Ela também quebrou duas
costelas e por sorte não perfuraram o pulmão. O ferimento na cabeça foi
profundo, havia pedaços de vidro no rosto dela que devem ter estilhaçado com o
impacto. Teve muita sorte por estar de cinto. O airbag a protegeu, podia ser
pior. Não fizemos uma tomografia devido à forma como ela chegou ao hospital.
Está sob observação, em coma induzido para recuperação mais rápida. Ainda
queremos ter certeza que não houve qualquer dano cerebral.
Ao ouvir as
palavras coma induzido, Kate tremeu apertando a mão de Castle engolindo em
seco. Sabia muito bem o que significava ficar à mercê do nada. Sentira na pele
a experiência quando o próprio marido passou por isso. Mesmo com medo de
perguntar, Kate falou.
- Quando o
senhor afirma coma induzido, está dizendo que não sabe ao certo se ela vai
acordar? – Jeff a olhou assustado.
- Não. No caso
dela, o coma não foi provocado pelo acidente. Ela está sob efeito de medicação
podendo acordar quando seu corpo sentir-se capaz de agir naturalmente. Dada a
extensão do acidente, o que mais me preocupa é o cérebro, as funções cerebrais.
Quando a mobilidade, terá que fazer fisioterapia para o ombro direito, está
enfaixada para a recuperação do tiro e das costelas. Não há dúvidas de que
precisará se afastar do trabalho. Sei que ela é jornalista, assisto o jornal
das nove, tenente.
As palavras do
médico trouxeram um pouco mais de ânimo para Kate. De qualquer forma, não
diminuía a gravidade do ato.
- Podemos
vê-la? – perguntou Jeff.
- Vou liberar
a entrada de vocês, um de cada vez. Ela ainda está na UTI, portanto dez minutos
no máximo para a visita, fui claro?
- Sim, doutor
– disse Jeff rapidamente.
- Imagino que
queira ser o primeiro – ele sinalizou para uma enfermeira no corredor fazendo-a
se aproximar – Nancy, leve o...
- Jeff...
- Leve o Jeff
até a área da UTI onde a paciente Nadine Furst se encontra. Dez minutos depois
traga-o de volta – enquanto Jeff desaparecia pelo corredor, Beckett resolveu
encarar seu papel de policial.
- Doutor,
podemos falar profissionalmente? – o médico anuiu – Nadine se envolveu numa
perseguição criminosa por causa de uma matéria que estava investigando. O
responsável está relacionado com um outro crime que a NYPD está investigando,
portanto é impressindivel que o senhor me forneça a bala retirada do corpo de
Nadine, sua ficha médica e qualquer outra informação que possa ajudar-nos a
pegar esse criminoso. Um relatório técnico sobre como ela chegou aqui,
condições observada na sala de cirurgia e um parecer seu, seria excelente.
- Tudo bem,
tenente. Farei isso. Vou providenciar para que lhe entreguem a bala, mandei
guarda-la durante a cirurgia. Quando ao relatório, preciso de tempo para
prepara-lo. Pode me procurar amanhã? Aqui mesmo no hospital. Meu turno acaba às
dez da noite, mas a partir das oito da manhã já estou novamente aqui.
- Aqui está
meu cartão. Pode enviar para o email que vê abaixo ou me ligar caso termine
mais cedo do que eu possa aparecer por aqui – Jeff retornou da UTI com os olhos
vermelhos.
- Kate, o
rosto dela... oh, Deus! – ela ofereceu o abraço para o homem que mais parecia
um menino indefeso – aqueles tubos, as máquinas. A gente vê na TV, porém nunca
acredita que isso irá acontecer conosco.
- Tudo bem,
Jeff. Castle vá visita-la, vou ficar uns instantes com Jeff. Vou em seguida.
- Apenas uma
observação. Sugiro que ambos vão para casa. Não há o que fazer aqui, vocês
necessitam de descanso. Quando ela acordar, precisará de toda a ajuda que
puder. Se você me der licença, vou buscar o que me pediu – o médico se afastou
enquanto Kate conduzia Jeff para uma poltrona no salão. Segurando as mãos dele
nas suas, sabia que seu papel era de acalmá-lo, passar um pouco da experiência
que ela vivenciara alguns meses antes.
- Jeff, quero
que me escute com atenção. Sei que deve ter sido um choque ver Nadine naquele estado.
Eu já passei por isso. No entanto, os prognósticos eram bem diferentes. O
médico não tinha a mínima ideia de quando e se Castle acordaria. Foram os seis
meses mais angustiantes da minha vida. Nadine é forte, sua condição é boa, você
ouvir o parecer médico. Ela acordará quando estiver pronta. Precisará de você.
De todos nós. Você não está sozinho nessa. Nadine é minha amiga, entrou nessa
batalha por minha causa. Tudo bem que foi a teimosia dela que a fez... isso não
importa. Ela vai ficar bem. Seja forte, Jeff.
- Eu não
deixarei esse hospital enquanto Nad não acordar. Preciso ouvir sua voz, vê-la
olhar nos meus olhos e provar que está bem.
- Essa é uma
escolha sua. Os médicos sempre dizem que devemos ir para casa, não há nada para
fazermos. Se quiser ficar, eu entenderei. Eu também fiquei – nesse instante
Castle reaparece no saguão, ela abriu um sorriso ao vê-lo. Considerava um
milagre estar ao seu lado depois de tudo, um gesto de puro amor. Percebeu em
seu rosto que ficara abalado.
- É a sua vez
– o olhar dele dizia tudo – eu fico fazendo companhia a Jeff. Não demore por
favor, esse lugar não me faz sentir bem.
- Já volto.
Ao atravessar
a porta que separava o saguão do caminho para a UTI, Kate andava a passos
largos. Porém, no instante que a enfermeira cruzou a porta de acesso a UTI, ela
travou. Beckett ficou estática diante da entrada em vai-e-vem. Pareceu voltar
no tempo, há mais de um ano quando foi ver Castle pela primeira vez. Os olhos
encheram-se de lágrimas, mordiscou os lábios com intuito de controlar as
emoções.
- Está tudo
bem? – perguntou a enfermeira.
- Sim,
desculpe. Esse lugar me remete um tempo complicado. Podemos ir – intrigada, a
enfermeira nada disse e Kate a seguiu até a UTI denominada 03.
- Aqui. Você
tem dez minutos. É a segunda cama à direita.
Por mais que
você se prepare para encarar um momento como esse, sua visão não chega nem perto
do que é a realidade. Kate levou a mão à boca assim que viu Nadine pela
primeira vez. Compreendia o estado de Jeff ao vê-la. O rosto da repórter estava
vermelho e inchado. Havia um curativo grande envolto na testa. Um dos lados do
rosto estava com pequenos cortes provavelmente feito pelos pedaços de vidro. O
ombro estava enfaixado onde levara o tiro. O corpo também na altura das
costelas.
Kate
aproximou-se da amiga, tocou-lhe a mão obsevando o monitor. Os sinais vitais
estavam lá, controlados. O que não queria dizer muita coisa, sabia bem disso.
Ela perdeu a conta de quantas vezes manteve seus olhos fixos naquelas ondas
verdes que passeavam na tela e não diziam nada.
- Nadine, por
que você tem que ser tão teimosa? Não podia ter feito isso comigo, com Jeff.
Estou numa situação delicada aqui. Parte de mim gostaria que se mantivesse
dormindo, assim eu poderia garantir sua segurança, evitar que se meta em mais
encrenca por causa dessa sua cabeça dura. Por outro lado, a outra parte não
suporta ver você numa cama, sem reação. Jeff não merece isso, eu não mereço e
você muito menos. Eu nem quero pensar se você... por Deus, Nadine! Não me faça
sentir mais culpa do que eu já estou. Preciso que você acorde, quero minha
amiga de volta. Você não combina com uma cama de hospital, você é uma pessoa
ativa. Sagaz, determinada. A melhor jornalista que conheço, mas se um dia me
perguntar eu não darei esse prazer a você. Faça um favor para nós todos e
acorde – ela apertou a mão da amiga esperando para ver uma reação, nada aconteceu.
A enfermeira
surgiu na UTI, Kate sabia que seu tempo se esgotara. Olhou uma última vez para
a mulher imóvel na cama. Passou as mãos pelo cabelo e se recompôs. Parecia que
havia um peso esmagando seu coração. Caminhou depressa pelo corredor de volta
ao saguão como se quisesse fugir daquele ambiente o mais rápido possível.
Encontrou Castle conversando com o médico, Jeff tomava um novo café.
- Aí está você
– Castle sorriu para confortar o olhar triste que viu no rosto dela – já estou
com o projétil e os fragmentos de vidro que restaram.
- Amanhã envio
a papelada e o relatório – o bipe dele tocou – desculpe, preciso ir. Já deixei
a enfermeira orientada, se ela acordar vocês serão os primeiros a saber. Com
licença.
- Obrigada,
doutor – ela se sentou por um instante procurando ganhar energia para
continuar. Castle viu o cansaço e a dor estampados naquele rosto.
- Quer um
café? – perguntou já sabendo a resposta.
- Não.
Precisamos ir. Jeff – virou-se para fita-lo – tem certeza que quer ficar aqui?
Juro que ficaria com você, mas tenho que agilizar as coisas. Preciso achar quem
fez isso a Nadine.
- Não se
preocupe comigo, ficarei bem. Prometo que ligo se ela acordar.
- Quando ela
acordar – Kate o corrigiu.
- Tudo bem –
ele disse num sorriso cansado. Kate inclinou-se e abraçou-o. Castle fez o
mesmo. Ao virarem para deixar o hospital, Kate procurou a mão de Castle como um
apoio, um esteio. Ela precisava muito de sua companhia agora. Assim que o carro
ganhou a rua, Beckett tomou a direção do distrito. Pegou o celular e ligou para
McQuinn – oi! Você está no 12th?
- Sim, estava
revendo as filmagens que Tory e Ryan conseguiram para ver se encontrava um
ângulo que fosse favorável para rodar o programa de identificação do FBI. Até
agora nada. Como está Nadine?
- Saiu da
cirurgia e está na UTI. Coma induzido. Ela não está nada bem quando falamos de
aparências. Estou indo para aí levar a bala, conversamos depois.
Era inútil tentar
convencê-la de outra coisa, por isso Castle manteve-se calado esperando que
pudesse em algum momento encontrar um meio de dar uma parada. A exaustão tomava
conta dela, porém o que mais incomodava era a preocupação retratada em seu
rosto, havia uma linha tênue entre isso e culpa.
Passava das dez
da noite quando o capanga de Bracken chegou ao Brooklyn. Estando próximo a sua
casa, ele sacou o celular. A primeira tentativa caiu na caixa de mensagem.
Ligou novamente, então a voz apareceu do outro lado.
- Está feito.
- Devo me
preocupar com algo?
- Não, a
repórter vai passar um bom tempo longe das câmeras.
- Certo, vamos
esperar a reação de Vulcan. Mantenha-se longe da atividade do FBI. Não podemos
dar bandeira.
Chegando no
12th distrito, Beckett foi direto à sala onde McQuinn e Tory trabalhavam, a
exceção de alguns policiais, o local estava bem vazio. Castle foi direto a
minicopa para preparar um café. Apenas de olhar para a tenente, os dois
reconheciam a preocupação. Sentou-se de frente para eles relatando o que
acontecera a Nadine, informou que Jeff ficara no hospital aguardando.
- Não foi
fácil, ele ficou abalado após vê-la. Confesso que eu também – Castle entrou na
sala trazendo café para todos, ela ficou por uns segundos observando-o. Suspirando,
tomou um pouco do café. Retirou da bolsa o saco plástico com as evidências
entregues no hospital – aqui está a bala e alguns estilhaços de vidro, apesar
de achar que eles não dirão nada referente ao assassino – McQuinn examinava a
bala – é uma 9mm, provavelmente da mesma arma que matou Collins. Algum sucesso
com os vídeos?
- Nada. Eu e
Tory já estamos quase vesgos de olhar essas filmagens. Nossa esperança é
Nadine.
- E quanto à
cena do crime? O que o CSU recolheu? Temos digitais?
- Ainda temos
algumas fibras em análise, mas nada de digitais. O cara realmente se precaviu.
Dá pra ver nas imagens que ele está de luva. Esse cara é profissional. Recolhemos
a câmera de Nadine. Com a batida teve a lente danificada e foi amassada, porém
pudemos recuperar – Tory passou uma pasta para Beckett – ela tem um bom
material aqui. Flagrou o tal chinês que é dono da suposta fabrica de confecção
entrando no escritório de Vulcan, trinta minutos depois, ela os fotografou
saindo. Ali começou a perseguição ao nosso homem e também a Nadine.
Interessante que ela descobriu que estava sendo seguida, tanto que em um dado
momento, tentou tirar a foto do seu possível agressor, posso chama-lo assim
depois do que aconteceu – McQuinn mostrou uma outra foto que não estava no bolo
que Tory passou a Beckett – como você sabe o corolla tem insulfilme, a posição
também não favoreceu a tomada, porém estamos trabalhando com um programa
exclusivo do FBI para clarea-la ao máximo para termos uma imagem precisa. Assim
que Tory conseguir, rodaremos o programa de identificação.
- Pelo menos
essa loucura toda de Nadine pode ter nos rendido uma pista boa.
- A placa do
carro é fria e o chassis roubado, estamos procurando porém duvido que cheguemos
a algum lugar. Não há muito o que fazer hoje, Kate. Melhor irmos para casa. Particularmente,
estou com meus olhos ardendo. Amanhã cedo passarei primeiro no laboratório.
Quero examinar essa bala e a que matou Collins. Quero ver se conseguimos
rastrea-las de alguma forma. Estou dando tiros no escuro – deu de ombros – não
custa tentar. Tory, vá pra casa também. Precisa de um bom descanso.
- É verdade.
Beckett, qual o hospital que Nadine está? Estou pensando em passar lá antes de
vir para o trabalho. Tudo bem se eu fizer isso?
- Claro, Tory.
Eles estão no Presbiterian.
- Obrigada.
Boa noite.
- Boa noite,
Tory – disse McQuinn já se arrumando e fechando o notebook.
- Kate,
devemos ir também – ela olhou relutante para o marido – estaremos cedo por
aqui. Boa noite, McQuinn – guiando Kate até o elevador com a mão em suas
costas, Castle se preparava para uma possível conversa ao chegar em casa.
Loft dos Castle
A primeira
coisa que Kate fez ao chegar em casa foi ir direto para o quarto do filho. Alex
dormia tranquilamente em seu berço. Ela se debruçou sobre a estrutura de
madeira para acariciar os cabelos castanhos claro do filho e admira-lo um
pouco. A visita aquele hospital mexeu muito com a mente dela, o estado de
Nadine também. As lembranças, ao contrário do que pensava, ainda estavam bem
vivas na memória. Olhar para o filho acalmou um pouco seu coração. Em nenhum
momento Castle a forçara a conversar sobre o assunto mesmo sabendo que isso era
inevitável. Após beijar a cabeça do menino, ela saiu à procura dele.
Já estava de
pijamas sentado no balcão da cozinha esperando o café aprontar. Estava
preparando um latte com bem mais leite que café, pois queria que ela dormisse.
Podia ter pensado em um chá, porém sabia que seu esforço seria em vão. A
torradeira preparava torradas francesas. Kate beijou-lhe a nuca.
- O que você
está fazendo, babe?
- Preparando
um café com torradas para a minha tenente. Por que não toma um banho, veste
aquele pijaminha de flanela que tanto gosta e vem sentar aqui para fazer esse
lanche? Não comemos nada há quase oito horas.
- Tudo bem,
volto em cinco minutos – Castle teve apenas tempo de arrumar o jogo americano,
colocar as canecas na mesa e as torradas. Kate já voltara à cozinha.
- Quer cream
cheese ou geléia para acompanhar suas torradas?
- Pegue a geléia
e a manteiga de amendoim. Preciso de comida agradável – ele serviu-a de café e
leite retornando à geladeira para pegar a geléia além do vidro no armário –
aqui. Fique à vontade – percebeu que a caneca já estava abaixo da metade. Ele
pegou o pote de cream cheese que já estava na mesa colocando uma quantidade
generosa sobre seu pão. Kate mordeu com vontade o sanduiche que fizera – como
foi sua visita a Nadine? – vendo que o silêncio permaneceu por longos e
inquietantes segundos, insistiu – Kate, temos que conversar sobre isso.
- Eu sei,
Castle – ela deixou o sanduiche sobre o prato, o olhar perdido fitou o fundo da
caneca – foi horrível. Quando vi Nadine deitada naquela cama não pude evitar
lembrar o que passei. Voltou tudo. As noites difíceis, o não saber, a angústia.
Eu provoquei isso, Cas. Eu coloquei Nadine à frente dessa loucura. Instiguei
que ela ficasse procurando o que não devia. E se ela não acordar? Se ficar
três, seis meses, um ano em coma? – os olhos de Kate estavam mareados de
lágrimas – estou num conflito muito grande.
- Kate ninguém
entrou nessa investigação obrigado. Todos sabiam dos riscos, você foi bem
clara. Não pode se culpar pelo que aconteceu com Nadine. Olhe, jornalistas são
audaciosos, se arriscam por uma boa matéria. Eles são como eu, se sentem um
policial sem arma, não medem consequências, porém entendem que podem morrer
arriscando-se. Nem consigo imaginar o que significou estar naquele lugar para
você. Mas Kate, tenho um pedido a fazer talvez o mais importante. Não se culpe,
não faça nenhuma besteira. Por favor...
Kate acariciou
o rosto dele com as pontas dos dedos, inclinou-se para beija-lo.
- É bem mais
difícil do que você possa pensar. Castle, sei que você está preocupado comigo,
acredita que eu vou correr atrás de Bracken para vingar Nadine – passou o
polegar nos lábios levemente – não vou. Na verdade, tenho outra ideia em mente.
Somente não quero falar sobre isso agora. Podemos apenas comer?
- Tudo bem.
Vamos comer – ela voltou sua atenção para o sanduiche. Entendia que ao dizer
aquelas palavras a Castle, aliviaria um pouco o peso em seu coração, faria com
que ele relaxasse mais. Não o enganara. Ela não ia sair correndo jurando
vingança a um ser tão vil como o senador. Não depois de todos os danos que ele
já causara em sua vida e na de outros.
Quando
terminou, seguiu para o quarto dizendo a Castle que o esperaria lá. Castle se
acomodou debaixo das cobertas sentado apoiado no encosto da cama. Kate checava
seu celular em busca de uma possível novidade. Não havia uma sequer. Colocando
o aparelho na cabeceira ao seu lado, ela aproximou-se do marido. Começou a
beijar a mandíbula, o pescoço, aconchegando-se até sentir a mão de Castle em
sua nuca encontrando seus lábios para um beijo. Todo o carinho, o zelo e a
ternura traduzida em um beijo.
Ao se afastar,
Kate acariciou seu rosto e sorriu. Queria gravar cada pedacinho daquela face.
Suspirou.
- Eu te amo,
sabia?
- Eu sei... –
pegou a mão dela bejando-lhe a palma – o que você decidir fazer, vou aceitar.
- Por que está
dizendo isso?
- Porque eu
conheço você, está matutando alguma nova ideia nesse seu cérebro. Tomará uma
decisão. Eu a apoiarei exatamente como já fiz em diversas outras vezes – ele se
ajeitou no seu lado da cama até deitar-se completamente. Puxou-a para perto
fazendo Kate pousar a cabeça no peito dele – melhor dormirmos.
- Sim, quero
ir cedo ao hospital antes de seguir para o distrito. O silêncio pairou entre
eles, Castle já fechara os olhos quando a voz de Kate se fez ouvir novamente –
Cas, você acha que Nadine vai demorar a acordar?
- Não
acredito. Logo ela estará tagarelando entre nós.
- Espero que
sim – foram as últimas palavras dela antes de adormecer.
Conforme
prometera, Kate retornou muito cedo ao hospital. Nada mudara no quadro de
Nadine. Conversou um bom tempo com Jeff que após muita insistência de Castle,
cedeu e tomou um café da manhã melhor. Ela aproveitou para verificar se o médico
já tinha deixado o relatório e a ficha médica de Nadine como pedira antes.
Ficou satisfeita em saber que ele já entregara a papelada à enfermeira-chefe.
Pediu para ver a amiga antes de ir.
Na UTI, ela
apenas velou o sono forçado da jornalista reservando aqueles poucos minutos
para fortalecer o que já decidira desde ontem ao vê-la pela primeira vez. A ida
ao distrito mostrou-se frustrante. O caso em nada avançara. Saindo do hospital,
ela dirigiu-se até a redação onde Nadine trabalhava. Anunciou sua chegada como
membro da polícia e a secretária a encaminhou para a sala do editor-chefe.
- Lieutenant
Beckett, o que a trás a minha redação?
- Acredito que
as notícias ainda não chegaram até o senhor. O que apenas prova que Nadine
Furst é uma excelente jornalista, não teria deixado esse furo escapar.
- Do que você
está falando? – ele estava confuso – Nadine deve aparecer logo por aqui amanhã
é sua estreia como ancora do nosso jornal das nove. Que noticia apimentada você
se refere, tenente?
- Nadine
sofreu um acidente ontem à tarde após uma perseguição pelas ruas no centro de
Manhattan. Ela está internada no Presbiterian Hospital – viu a cor sumir do
rosto do homem que se deixou cair na cadeira – ela passou por uma cirurgia e
está na UTI em coma induzido. O motivo da minha visita aqui é para pedir sua
discrição quanto ao caso. Tenho razões para acreditar que isso é retaliação
devido às últimas noticias divulgadas por ela. Certamente há uma conexão, porém
não posso afirmar nada sem uma investigação apropriada. Gostaria de pedir sua
cooperação para divulgar apenas que Nadine sofreu um acidente e está operada.
Não mencione nada além. Qualquer suposição pode levantar discussões, atiçar a
imprensa, pois poderemos comprometer a investigação nossa e do FBI.
- Meu Deus!
Qual o prognóstico médico?
- A cirurgia
correu bem, tudo depende da recuperação dela.
- Nossa – o
homem passou as mãos no rosto, estava suando devido ao nervoso – tenente, pode
contar conosco para a discrição. Vou reunir a equipe de redação e explicar
sobre o acidente. Não revelarei nada sobre a perseguição. Para todos os
efeitos, a senhora esteve aqui apenas como amiga. Ainda é difícil de engolir...
quem está com ela no hospital? A senhora deve saber que Nadine não tem família.
É filha única e ambos os pais estão mortos. Ela herdou uma boa poupança do pai
que era advogado, mesmo assim, achou no jornalismo sua vocação.
- Eu não sabia
disso – falou Castle.
- Então, ela
tem dinheiro. Podia estar viajando pelo mundo, casada, mas encontrou no
jornalismo um amante para toda a vida. Vou ter que adiar a sua estreia.
- Quem está no
hospital é Jeff. Ele é um amigo íntimo.
- E uma de
suas fontes. Sei da ligação dela com o rapaz, desde a faculdade. Fui professor
dela no último ano, na cadeira de televisão.
- Posso contar
com o senhor então?
- Claro, tem
minha palavra. Irei noticiar o fato sem comprometer em nada sua investigação,
vou ao hospital também. Qualquer novidade me mantenha informado.
- Farei isso –
estendeu a mão para cumprimenta-lo.
- Tenente, quero
que saiba que nossa redação a tem em alta conta. Saber que está pessoalmente
envolvida no caso me dá um conforto adicional. Você é uma das melhores da NYPD.
Obrigado por olhar pela Nadine.
- Ela também é
minha amiga, senhor. Obrigada pelo seu tempo – na saída da redação, Castle
elogiou a forma como conduzira a conversa com o editor. Afirmou que aos poucos
descobria que Nadine tinha mais semelhanças com ela que podia supor. Cada uma
em sua área de atuação. Nenhuma notícia surgiu para ajuda-los na caçada ao
algoz de Nadine. Um dia todo sem absolutamente nada.
Um novo
homicídio surgiu na manhã seguinte trazendo a necessidade de honrar mais uma
vítima. Dessa forma, Beckett dedicou-se a buscar respostas para outra família
que, como ela, sofrera uma perda difícil. Durante aquelas 48 horas, a tenente
fez o que era sua responsabilidade, seu dom. Pode colocar outro criminoso atrás
das grades minimizando a dor no coração dos Wilsons com a morte da filha.
McQuinn
encarregava-se da investigação lenta. Não havia novidades para acrescentar
qualquer insight naquele caso mesmo com o atentado à vida de Nadine. Fez o que
comentara com Beckett, comparou as balas e as passou por um programa especial
do FBI onde através de uma marca de fabricação pode-se determinar de que parte
do país veio e quando foi fabricada. Era um tiro no escuro. Pedira ajuda a um
amigo de Washington para fazer a pesquisa. O resultado deveria ficar pronto em
dois a três dias.
Castle
acompanhara a tenente em sua investigação, nem bem terminaram um caso, outro
homicídio bateu em sua porta. Ficou feliz ao ver que mesmo com tanta
preocupação na cabeça, a incerteza sobre a vida de Nadine, ela continuava sendo
a mesma mulher extraordinária que conheceu a anos atrás. Com foco e
objetividade se doava a honrar a vítima e sua família. Dessa vez era um homem,
pai de dois filhos. Um caso de latrocínio, roubo seguido de morte, ver aquelas
crianças mexeu muito com os brios de Beckett, especialmente agora que era mãe.
Trabalhava com afinco para descobrir quem o assassinara.
Essa era a sua
musa, sempre colocando os outros a frente de si mesma. Dedicando seu tempo e
seu conhecimento para ajuda-los, tornar sua dor menos difícil. Tinha muito
orgulho de observa-la, estar ao seu lado, ama-la.
O relógio
marcava cinco da tarde quando Castle aproximou-se da mesa dela com duas canecas
de café. Ela estava desligando o telefone fazendo algumas anotações gritou por
Ryan. Pediu para ele investigar uma loja de conveniência e duas câmeras de rua
próximas a estabelecimentos roubados naquele mesmo dia. Tudo indicava que o
assalto a Charles fora o último de vários naquele dia.
Castle
entregou-lhe a caneca com o café fumegando. Tomou um longo gole e ficou olhando
para o belo de olhos azuis a sua frente. Às vezes ficava tão focada em suas
investigações que esquecia de tirar um minuto para respirar. Ele nunca
esquecia. Quando suas energias estavam no limite, ele adivinhava. Trazia-lhe
café ou encontrava uma forma de suavizar o pesado trabalho de detetive com uma
das suas teorias malucas ou uma brincadeira. Era grata por isso, sorriu.
- O que foi? –
ele perguntou.
- Nada. Estava
pensando que deveríamos ir ao hospital, fazer mais uma visita a Nadine. Dar
apoio ao Jeff. Há três dias não voltamos lá.
- Tem razão.
Podemos sair daqui e passar lá com os dois. Alexis está em casa, pode ficar com
o irmão. Vou ligar para ela.
- Obrigada –
disse apertando a mão dele.
Ao chegarem no
hospital, nada mudara realmente. O estado de Nadine continuava o mesmo. Jeff
estava com um ar de cansaço enorme. Mais cedo tinha ido para casa descansar um
pouco e trocar de roupa. Kate encontrou Tory visitando-o também, fora ela quem
ficou com a amiga quando Jeff saíra. Conversaram algum tempo com eles. O médico
havia transferido a jornalista para um quarto no primeiro andar por julgar que
sua situação estava estável. Kate sabia muito bem o que aquilo significava.
Dias e dias de espera amargurada. Todos os minutos de seu dia ansiando por um
sinal, um pequeno gesto, um abrir de olhos. Sentiu o coração apertar.
Jeff contou a
eles que vários colegas de redação passaram por lá querendo saber notícias
dela. Recebera muitas flores e seu editor passou quase duas horas na companhia
dele conversando sobre a sua funcionária, seu choque pelo que aconteceu e por
estar confiante que ela sairia dessa. Kate bem sabia que a notícia do acidente
tinha recebido uma repercussão enorme em suas concorrentes. Nadine, novamente,
foi um arraso para a audiência. Adorará saber quando acordar. Jeff estava
confiante e feliz por ver o quanto a repórter tinha fãs. Havia várias pessoas
na entrada do hospital perguntando por ela, querendo novidades. Por meio do
jornalismo, descobriu que ela influenciava vidas e jovens.
Após duas
horas na companhia deles, retornou para casa. Depois de um momento tão triste e
pesado, tudo o que ela queria era brincar com o filho. Enquanto Alexis e o pai
colocavam o papo em dia esperando o jantar que pediram do Le Cirque chegar, ela
estava sentada no chão da sala brincando com o menino e ouvindo parte das
histórias de faculdade. Ao mencionar sobre um acadêmico de direito muito
metido, Kate não pode deixar de prestar atenção ao que Alexis dizia.
- Quer dizer,
ele conhece muito sobre as leis como tramitar pelas facetas do direito, mas é
um zero a esquerda quando o assunto é entender o cliente e as nuances de um
homicídio. Direito criminal não é a área dele. Tenho certeza que Kate daria um
show, arrasaria com ele se o visse falando. Talvez isso o colocasse em seu
lugar.
- Direito e
lei criminal é algo que andam juntos. Mesmo sendo da polícia, você deve
conhecer as regras do direito. O bom advogado é aquele que entende as leis, a
rotina da policia mas principalmente o seu cliente. Infelizmente, muito usam o
direito como uma ferramenta para ganhar dinheiro, puro e simples. Esquecem de
um dos seus fundamentos principais: fazer justiça e servir a sociedade para
mante-la em harmonia – Alexis ficou olhando por um momento para a mulher
sentada no chão com o filho bagunçando seus cabelos abraçado ao corpo dela.
- Kate, você
já pensou em fazer Direito? – a pergunta não a surpreendeu.
- Você quer
dizer, voltar para a faculdade? Continuar a saga do Direito? Eu fiz um semestre
de pré-law antes de entrar para a academia, estaria formada e provavelmente
exercendo o Direito como minha mãe, com ela. Sua pergunta foi a mesma da Capitã
Gates alguns meses atrás após trabalhar em conjunto com a promotoria. Naquela
época não levei muito a sério. A ideia de voltar a estudar com uma criança
pequena dependendo de mim não parecia ideal. Hoje talvez pense um pouco
diferente.
- Você não me
disse isso... – Castle comentou.
- Porque não
cogitei essa possibilidade. Gosto do que faço na NYPD, não me vejo advogando.
Gates sugeriu o curso para alavancar minha carreira na polícia. Com os caminhos
que vem se formando na minha vida ultimamente, revisitar a ideia não me parece
tão ruim. O problema é consciliar tudo. Mesmo assim, não me vejo sendo capitã
do meu distrito somente porque sou bacharel em Direito. Se conseguir chegar
ali, será pelo meu trabalho das ruas, o conhecimento investigativo.
- Entendo,
talvez alguns cursos de aprimoramento especialmente no Direito Criminal possam
ser um adicional para sua carreira. Hoje as universidades possuem cursos online
bastante flexíveis para sua condição. Se quiser, posso pesquissar e me informar
para você.
- Eu apoio a
ideia, você merece dirigir seu próprio distrito. Se decidir por isso, estarei
ao seu lado como todas as vezes.
- Obrigada aos
dois. Não sei se esse é o caminho realmente.
- Vou procurar
mesmo assim, depois você decide – afirmou Alexis.
Uma semana
depois...
Kate dormia
enroscada nas pernas de Castle. Estava sonhando com o carro da polícia, ouvia
uma sirene insistente. Naquele momento em que o sonho é um estágio leve do
sono, percebeu que o barulho vinha de seu celular tocando. Ainda grogue com a
inércia do descanso, ela se sentou na cama esfregando os olhos. O relógio ao
lado da cama marcava 3:47 da manhã. Ao ver o nome no visor, porém, ficou
totalmente alerta. Respirando fundo atendeu.
- Jeff? O que
aconteceu? – o coração já batia apressado.
- Kate... –
podia-se escutar o choro – ela acordou... Nadine, acordou.
- Meu Deus! –
o sorriso aliviado tirou a preocupação de seu cenho – isso é uma excelente
notícia! Graças a Deus. Vou me arrumar e encontro você no hospital – desligou o
celular, fechou os olhos e fez uma prece silenciosa. Dessa vez, não carregaria
a culpa pela perda de alguém querido. Voltou a colocar o celular sobre a
cabeceira, deitou-se do lado de Castle e calmamente começou a acorda-lo com beijinhos,
carinhos, chamando seu nome.
- Cas..
acorda, Castle...Castle...
- Hummmm...
quem morreu? – ele perguntou sonolento.
- Ninguém,
pelo contrário.
- Seu celular
tocou, só pode ser alguém que foi detonado... – ele não abriu os olhos, a voz
baixa pesada pelo sono.
- Acorda,
babe. É sobre Nadine. Ela acordou – Castle abriu os olhos, fitou-a.
- Tá,
acordei... o que foi?
- Nadine
acordou – finalmente a ficha caiu – foi Jeff quem ligou. Quero ir vê-la. Acho
que ela está bem, Cas. Mas preciso ter certeza – ele a abraçou e beijou-a,
estava aliviado por ver a alegria naqueles olhos verdes.
- Tudo bem,
antes eu preciso de uma boa dose de café – totalmente desperta, ela pulou da
cama sorrindo.
- Pode deixar
que eu faço, volto já.
Entre tomar
café e arrumarem-se, eles acabaram levando mais tempo que imaginavam. Kate deu
a primeira mamada para Alex antes de sair com o menino ainda dormindo. Eram
cinco e meia quando deixaram o loft. A chegada ao hospital foi tranquila.
Dirigiram-se após identificação para o quarto de Nadine. Ao abrir a porta e ver
a amiga, Kate prendeu a respiração por alguns segundos. O sorriso se alargou ao
encontrar o olhar de Nadine.
- Pensou que
ia se livrar de mim, Lieutenant? – também sorrindo. Kate se aproximou da cama,
apertou a mão dela, os olhos cheios de lágrimas.
- Nadine... já
ouviu falar que vaso ruim não quebra?
- Você não
quer dizer teimoso? Conheço alguém parecido...
- Como você
está?
- Além das
dores todas no corpo? Acho que fui atropelada por um caminhão. Fora isso, estou
bem. Um pouco zonza e sonolenta.
- Exceto pela
língua. E o cérebro. O que o médico disse, Jeff?
- Ele vai
esperar seu médico oficial para realizar a tomografia. Mas segundo sua
avaliação, ela está bem. Sinais vitais fortes, coração, pulmões e rins trabalhando.
- Ah, Kate...
quando acordei estava muito assustada. Eu lembrava da perseguição, de como eu
acelerei meu carro para escapar. Mas não era tudo claro, eram pedaços
embaralhados. A última coisa que me lembro é de pensar em você e Jeff. Você
disse para mim que precisamos arriscar algumas vezes na vida. Achei que era o
fim. Logo quando estava tão feliz, graças a você, Kate – ela chorava – você
tornou isso possível.
- Jeff, melhor
você chamar o médico. Definitivamente o cérebro dela foi afetado – Kate disse
sorrindo.
Nesse
instante, a enfermeira chegou com o café da manhã para Nadine.
- Bom dia!
Vamos comer? – a moça risonha cumprimentou a todos – depois será que posso ter
seu autógrafo, depois que conseguir escrever com esse gesso no braço. Sou sua
fã – Kate trocou olhares com Castle.
- Vamos
aproveitar para comer algo? Você sabe se o doutor vai demorar?
- Não, já está
fazendo a ronda. Deve leva-la para a tomografia.
- Castle,
vamos deixar Nadine se alimentar em paz. Quando ela voltar do exame, vamos ter
uma conversinha bem séria.
- Lá vem você,
Kate. Vou ouvir sermão novamente?
- Quer dizer
que não merece? Depois de tudo o que você fez? Não vamos antecipar as coisas. Tome
seu café, depois conversamos.
Kate saiu do
quarto acompanhada de Castle rumo a lanchonete do hospital. Nada havia mudado
por ali. Apesar de não ser o lugar mais animado, durante seis meses aquilo foi
o mais próximo de convivência que tivera. Muitas vezes o local ficava vazio,
especialmente à noite. Ela se perguntara se a moça estudiosa e simpática da
madrugada ainda trabalhava ali. Como era mesmo o nome dela? Sarah! Por uma
rápida olhada soube que a moça não estava lá. Castle comprou café e bearclaws
para os dois. sentaram-se em uma mesa um de frente para o outro.
- O que pretende
dizer a Nadine? Vai mesmo brigar? Ela não está em condições de discutir,
precisa se recuperar totalmente.
- Eu sei
disso, Castle. Não vou fazer nenhuma cena. Vou dizer umas verdades apenas, uma
bronca por assim dizer e quando eu terminar, você também entenderá que a
conversa não foi em vão.
- Você tomou
sua decisão então? Não irá compartilha-la comigo antes? – Kate suspirou
profundamente.
- Melhor não.
É muito doloroso contar isso duas vezes. Desculpe – ela tocou a mão dele – por
favor...
- Não precisa
pensar assim. Você me contará no tempo certo.
- Que será
logo... – ela tomou o resto do café – só preciso saber de algo – ela se
levantou dirigindo-se ao balcão – com licença, oi! – a atendente sorriu – você
pode me dizer se uma moça chamada Sarah ainda trabalha por aqui?
- Sim, ela é
do turno da noite. Entra às dez horas. Algum problema?
- Não, eu a
conheci e esperava falar com ela. Tudo bem, eu venho outro dia à noite.
Obrigada – Kate se afastou na direção de Castle, fazendo sinal para que ele se
levantasse seguindo com ela pelos corredores do hospital de mãos dadas até o
quarto de Nadine. Olhando para Castle, buscou no azul dos olhos o conforto –
vamos logo terminar esse assunto.
Nadine já
voltara da tomografia, o médico estava comentando que ela precisaria levar a
fisioterapia para o braço a sério, no mínimo três meses. As costelas estavam
bem, já desincharam e o ombro precisa de trocas de curativos e limpeza diária.
Decidiu por dar alta à repórter na manhã seguinte. Também assinaria uma dispensa
de um mês do trabalho que seria reavaliada por ele dali a vinte dias, podendo
ser extendido dependendo da recuperação.
O médico se
despediu e deixou-os sozinho.
- Que ótima
notícia, Nad! Você irá para casa amanhã – Jeff sorria feliz e aliviado – como esperei
por esse dia. Preciso organizar as coisas na sua casa, deixa-la limpa e você
sabe que vou acampar por lá esse mês, alguém deve cuidar de você.
- Isso mesmo,
Jeff. Precisa garantir que ela não trapaceie na fisioterapia – disse Castle –
além de evitar que ela queira fazer estripulia, eu sei que é horrível, Nadine,
acredite a dor é bem pior.
- Agora que já
trocaram dicas, acho que posso falar de outro assunto. Quero saber do acidente
e suas consequências.
- Você quer
tomar meu depoimento? Sem problemas, Kate. Quero cooperar ao máximo com você.
Na verdade, até estranhei que você tenha demorado tanto para procurar
respostas. Recuperaram minha câmera?
- Recuperamos.
Vi as fotos também e Tory está trabalhando em algumas delas em busca de
respostas. Não é sobre isso que quero falar. Nós já discutimos uma vez sobre
isso e não irei voltar a brigar mesmo porque você ainda está se recuperando.
Nadine, por que foi seguir Vulcan novamente? Por que fez isso nas minhas
costas, sem avisar? Você poderia ter morrido! Teve muita sorte.
- Fiz no
impulso, pressenti que seria uma boa hora. Não contei porque sabia que não
deixaria eu ir ou se jogaria sozinha querendo persegui-lo. Foi uma maneira de
proteger você.
- Ah, que
ótimo! Você pensou em me proteger colocando a sua vida em risco? Não pensou que
se você morresse a culpa seria minha? Bela proteção. Você se expos ao inimigo –
Nadine pode sentir a angústia na voz da amiga, não era a tenente que falava,
ali estava a culpa por não poder protegê-la.
- Sou uma
jornalista, estava fazendo meu trabalho. Liberdade de expressão, Kate. Ninguém
pode me acusar de nada. Estou amparada pela lei.
- A lei não
existe para homens como Bracken, você estar nesse hospital prova isso – Kate
passou as mãos nos cabelos – por causa de tudo o que aconteceu e vem somando-se
ao longo desses meses, eu tomei uma decisão. Talvez a mais difícil em muito
tempo – ela olhou para Castle que a confortou com o olhar – vou suspender a
investigação.
- Você não
pode, Nadine merece justiça – disse Jeff.
- Não estou
falando do atentado contra ela, Jeff. Estou me referindo a nossa investigação,
ao projeto. Mais de quinze anos procurando por respostas, por uma pista, algo
capaz de mudar a perspectiva de tudo o que já conheço sobre a morte da minha
mãe e torna-la possível de ser provada e encerrar de vez essa dívida de
justiça. O que eu consegui? Ameaças, arrisquei a vida das pessoas que gosto,
estive perto da morte. Diacho! Eu devia estar morta, Castle devia estar morto.
- Mas não
estão! – disse Nadine – isso não significa nada?
- Sim, Nadine.
Significa muito. Estamos juntos, somos uma família. Talvez esse seja o legado
do caso da minha mãe, me fazer perceber que eu precisava de uma família. Tenho
Castle e Alex. Quero pensar no meu filho antes de mais nada. Conseguimos
algumas informações, avançamos nas investigações, mas seu acidente foi o
divisor de águas por assim dizer. Então, estou comunicando oficialmente que as
reuniões no The Old Haunt e o projeto, acabaram.
- Kate, mas eu
tenho novidades. Posso identificar o meu perseguidor, faço o retrato falado. Não
precisamos parar – Nadine tentava em vão convencer à amiga. Já entendera que
não voltaria atrás em sua decisão.
- Nadine, você
pode procurar McQuinn. Ele continua investigando pelo FBI. Sugiro você dividir
tudo o que sabe com ele.
- Essa
investigação é sua também, Kate. Não vire as costas agora.
- Continuarei
auxiliando no que puder, temos casos no distrito de assassinatos para
solucionar também. A vida continua, o caso Johanna Beckett está fechado, virou
um caso antigo não porque o detetive Reglan o arquivou e sim porque eu decidi. Espero
que assim que estiver bem, possa me contar detalhes da sua nova fase. Vá ser a
âncora do jornal das nove, Nadine. Você merece. Se quiser fazer uma matéria
sobre outro homicídio, basta me ligar – ela virou-se para Jeff – obrigada por
tudo, Jeff. Significou muito para mim. Não sumam.
Sentindo a mão
de Castle em suas costas, ela acenou mais uma vez para Nadine e saiu. No
corredor, seu andar tornou-se mais rápido, pisava forte acelerando o passo para
sair daquele lugar. No estacionamento, ela parou um instante respirando fundo.
Castle colocou o braço ao redor da cintura dela, aproximando-a de seu corpo.
- Tudo bem?
- Não sei... –
ele ergueu o queixo dela para que pudesse contemplar seu olhar – vai ficar,
Cas. Essa é a minha decisão e não volto atrás. Preciso que você esteja ao meu
lado, me dando forças. Quero conversar um pouco mais sobre isso, Castle. Não
agora. Vamos para o distrito. Temos casos para resolver.
- Isso não é
uma fuga para evitar de me contar o que está sentindo, certo?
- Não, vou
falar com você. Quero trabalhar ao seu lado, depois iremos para casa,
jantaremos como uma família normal, brincarei com o meu filho. Conversaremos e
faremos amor juntinhos. Tenho que pedir um favor a você.
- Qualquer
coisa – ele segurou o rosto dela nas mãos – tudo o que quiser... – beijou-a com
carinho.
No quarto do
hospital, Nadine segurava a mão de Jeff. Pensava sobre o que Kate dissera.
- Nad, você
acredita que isso é verdade? Kate realmente desistiu da investigação? Ou de
repente, ela só está um pouco abalada com o que lhe aconteceu?
- Não, Jeff.
Ela falou sério, infelizmente. Queria muito que fosse da boca pra fora. Não foi
uma decisão fácil. De certa forma, entendo o que fez. Se ela estiver em paz com
a escolha, se isso for o melhor para que continue sua vida, que seja.
- Nadine, eu
não vou parar. Não acho justo desistirmos. Se Kate não quer manter o projeto,
nós continuaremos trabalhando ao nosso modo. Levaremos mais tempo certamente,
mas não podemos deixar um homem como aquele senador impune.
- Podemos
trabalhar com McQuinn, o FBI ainda tem interesse em tudo, precisa dar uma
resposta para o meu atentado.
- Nad, não
estou falando de ajudar o FBI, quero continuar o que nós começamos. Estou quase
terminando de quebrar a barreira do banco de dados, acharemos algo palpável
ali. Teremos que manter segredo, você concorda em investigar comigo?
- Se você está
disposto a isso, eu estarei com você. Devo isso a Kate.
- Sim, nós
dois devemos – beijando-lhe os lábios.
Continua...
2 comentários:
Será que a Kate desistiu mesmo? Humm, acho que não. Mas, deveria. E a Nadine, será que descobrirá o assassino da mãe de Beckett? Aguardo o desenrolar dessa bela história.
Tô mais calma,mas o medo ainda permanece olha la o que vc vai aprontar já, mantenha o Espírito de natal.
Que bom a Nadine ta bem, o que ñ acredito é a Kate ter desistido huuuuuuuum.
Lembre-se tenho uns contatos por ai hahahahhahahhahahahhahaha
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