One Night Only?!
Autora: Karen Jobim
Classificação: NC-17
Gênero: AU
Advertências: Sex/Romance – Piloto – Flowers for your grave
Capítulos: Oneshot? Não! Capitulo 1 de ?
Completa: [ ] Sim [ X ] Não
Resumo: A
detetive Beckett se vê as voltas com um assassinato envolvendo cenas de livros
de seu escritor favorito. Quando o próprio Rick Castle se oferece para ajuda-la
na investigação, Kate está prestes a descobrir há mais sobre o escritor do que
a imagem que fazia dele e um simples deslize pode coloca-la em uma situação bem
complicada.
Nota da
autora: Essa ideia surgiu através de um post no grupo de Fanfics. Relutei
bastante em escreve-la por querer retratar algo crível para todos e que não ferisse
a imagem das personagens. Vocês serão as juízas. Vou logo avisando, a NC pode
causar calor... ou não! Quanto ao caso, resumi ao máximo em partes que fossem
interessantes. Miky, não sei se foi como imaginou, mas eu tentei. É oneshot,
mas confesso que fiquei com gostinho de quero mais...
Atenção....NC17!
One Night
Only?!
Uma nova
chamada. Alguém morrera.
As pessoas não
escolhem quando morrer, não sabem sua data. Certas vezes, outros decidiam por
elas.
Assim, Kate
Beckett levantou-se do seu sofá para arrumar-se e enfrentar um novo homicídio. De
frente para o espelho, refletia sua vida diante da imagem, ao mesmo tempo que
colocava o cordão com o solitário da mãe no pescoço. Mais uma família desfeita
em uma noite de sábado.
Depois do
assassinato de sua mãe, até hoje sem solução, a vida de Beckett resumia-se a
fazer justiça por aqueles que não podiam se defender. Desde que escolhera a
Academia de polícia em detrimento ao curso de Direito, o que começou por causa
de uma dita fatalidade, tornou-se sua profissão. Ela aprendeu a respeitar uma
outra face da justiça diferente daquela que vivenciara em sua própria casa com
os pais. Adorava o que fazia, mesmo quando significava sair de madrugada nas
frias ruas de Manhattan para deparar-se com cenas nada agradáveis.
Não era o seu
trabalho que a preocupava, era todo o resto. A perda da mãe moldou seu caráter
e sua personalidade. Diante do universo apresentado, Kate escolheu se fechar
para o mundo e nesse momento sentia que sua vida estagnara. Não que ela fosse
dada a noitadas e extravagâncias. Aproveitara muito bem a vida durante a infância
e a adolescência. Vivera uma fase rebelde, experimentara o novo, fizera
intercâmbio. Namorados, sexo, bebidas, de tudo um pouco. Apaixonar-se? Pensara que
sim, uma vez. Porém, logo descobrira que não era a sensação que tantas pessoas já
descreveram algumas vezes para ela. Não, talvez seu primeiro amor, o que é
natural para qualquer pessoa.
Era uma pessoa
caseira, curtia teatro, boas conversas, boa comida e ler. Esse era um dos seus
passatempos preferidos quando não estava trabalhando. Pequenos prazeres que
vinham se perdendo, escapando de sua vida. A rotina e a monotonia começavam a
incomodar. Falta aquela faísca natural que relembra o motivo de estar vivo. Aquele
momento capaz de tirar-lhe o chão. O romance desaparecera. Por mais que
tentasse, ela não conseguia encontrar um meio de reverter essa situação de
vazio que dominava sua vida. Restava-lhe aquilo que a motivava todas as manhãs
ao acordar. Ser a melhor detetive da NYPD.
Ajustando o
coldre na lateral do corpo, ela prendeu o distintivo no cinto e vestiu o
paletó. Alguém precisava dela.
A cena do
crime indicava zelo e premeditação. Acompanhada dos detetives Ryan e Esposito, ela
examinava cada parte do lugar. O corpo da mulher nua jazia deitado coberto de
flores inclusive em seus olhos. A vítima era Allison Tisdale. Assistente
social. Segundo a informação da legista e sua amiga Dr.Lanie Parrish, fora
assassinada em casa. Tinha boa condição financeira, filhinha do papai.
- Não há
marcas de luta. Ele a conhecia – concluiu Beckett observando a cena minuciosamente.
- Trouxe até
flores. Quem disse que o romance está morto?
- Eu, todo
sábado à noite.
- Um batom não
seria nada mal. Só estou comentando. Dois tiros no peito, pequeno calibre –
havia algo naquela cena que a intrigava, a forma como o corpo fora deixado. Ela
conhecia aquela imagem.
- Isso parece
familiar para algum de vocês? Mas os esquisitos exigem mais. Revelam mais. Olhem
como ele a deixou, modestamente coberta. Apesar de todo empenho, toda
preparação, não há sinal de abuso sexual.
- Você sacou
tudo isso só olhando? – perguntou Esposito intrigado.
- Sim, e
também porque já vi isso antes. Rosas pelo corpo, girassóis em seus olhos? – a
pergunta a seguir era meio óbvia para Beckett, sabia de onde a cena viera -
Vocês não leem? – os rapazes deram de ombro, a resposta era não – essa cena é
de um livro de escritor famoso Richard Castle. Flowers for your grave. Alguém
resolveu se inspirar na obra de mistério para forjar essa cena e matar Alison.
Coordenem as atividades com o CSU, vejo vocês no distrito. Tenho alguém para
visitar antes.
Em seu carro,
Beckett checou o endereço de Richard Castle apenas por rotina. Acontece que o
autor era um dos seus favoritos e ela sabia exatamente onde ele se encontrava
hoje. No lançamento de seu novo livro “Storm Fall”.
A festa não
podia estar mais badalada. Muita bebida, risadas, fãs. Mulheres bonitas sempre
interessadas em serem autografadas por um dos solteiros mais cobiçados de
Manhattan. Apesar de aparentar estar se divertindo, esse novo livro gerava uma
certa insegurança para a sua editora e ex-mulher. Duvidava que Castle
conseguisse seguir no ramo literário sem Storm. Ele era categórico em afirmar
que estava errada. Storm era apenas um personagem, ele sim era a galinha dos
ovos de ouro, escrevera vários best-sellers antes de Derrick e podia escrever
tantos outros. Precisava de algo novo,
adorou escrever histórias sobre o investigador rebelde da CIA, mas de uns
tempos para cá sentia que a diversão desaparecera. O problema era que Gina estava parcialmente
certa. Há meses ele não encontrava um plot interessante para escrever. E agora,
ela o ameaçava. Tinha três semanas para desenvolver uma nova história e
entregar o rascunho à editora. Ele voltou sua atenção à filha. Alexis, uma espécie
de garota prodígio de quem Castle morria de orgulho, estava à volta com os
livros. A vó Martha estava ao seu lado
saboreando champagne e procurando algo para se entreter. Inadvertidamente, Castle ofereceu a menina
uma taça de bebida.
- Você sabe
que só tenho 15 anos, não é?
- Você é uma
alma velha.
- Eu e minha
alma podemos esperar.
- Quando tinha
sua idade... – ele ficou pensativo - Não posso contar essa história. É
selvagemente inapropriada. O que é meu ponto. Não quer ter histórias
selvagemente inapropriadas que não pode contar aos filhos?
- Você tem pra
nós 2.
- A vida devia
ser uma aventura. Quer saber por que matei Derrick? Não havia mais surpresas. Sabia
o que aconteceria a cada momento das cenas. Como essas festas. Tornou-se muito
previsível. "Sou sua maior fã. De onde tira suas ideias?" E a mais
popular "autografe meu peito?" Isso, não me importo muito.
- Bem, só pra
constar, eu me importo – disse Alexis.
- Só uma vez,
gostaria que viesse comigo e dissesse algo novo.
- Sr. Castle?
- Onde quer
que eu autografe?
- Detetive
Kate Beckett, polícia de NY. Precisamos fazer perguntas sobre um homicídio que
houve no início dessa noite.
- Isso é
novidade – disse a filha tirando a caneta da mão dele ao ver a cara de surpresa
do pai.
Isso era
inesperado. A NYPD queria falar com ele sobre assassinato. Castle não estava
apenas surpreso pela abordagem, mas também por quem o abordou. Ela era uma
mulher linda. Esbelta, um rosto anguloso de pele limpa, os olhos amendoados,
marcantes e uma boca divina.
- Pode me
acompanhar até a delegacia? – ele despediu-se da filha, não deixaria de atender
aquele pedido por nada nesse mundo. Ela tinha um andar elegante, postura excelente.
Tudo nela demonstrava ser uma mulher decidida. Durante o trajeto, Castle
permaneceu calado somente observando. Da mesma forma, Beckett manteve-se o mais
profissional que pode. Por dentro, não podia deixar de sentir uma fisgada no
estomago. Estava ao lado de seu autor preferido e, caramba, ele era ainda mais
bonito pessoalmente. Foram direto para uma sala de interrogatório.
- Você tem uma
bela ficha criminal para um autor de best sellers. Conduta inapropriada, Resistir
à prisão?
- Garotos
sempre serão garotos.
- Aqui diz que
o senhor roubou um cavalo da polícia?
- Emprestado.
- E o senhor
estava nu.
- Era
primavera.
- E todas às
vezes, as queixas foram retiradas.
- O que posso
dizer? O prefeito é meu fã. Mas se você sentir-se melhor, ficaria feliz em te
deixar me bater – certo, lindo e atrevido. Vai ser bem difícil esse
interrogatório, pensou Beckett.
- Sr. Castle,
todo esse charme de garoto mal que está jogando,pode funcionar com piranhas e
pseudo-celebridades. Comigo? Eu trabalho pra viver. Isso faz de você uma de 2
coisas em meu mundo. O cara que torna minha vida fácil. Ou mais difícil. Confie
em mim, não quer ser o que faz minha vida mais difícil.
- Certo.
- Allison
Tisdale, Filha do magnata Jonathan Tisdale.
- É uma graça.
- Está morta. Você
a conhecia? Noite de autógrafos? Evento de caridade?
- É possível.
Ela não está no meu livrinho preto, se é isso que pergunta.
- A maioria
das minhas causas tendem a ser, grandes. O que tem a ver comigo?
- Fisk foi
encontrado morto em seu escritório há duas semanas. Não tinha ligado os crimes
até a cena do crime dessa noite.
- "Flores
para sua cova".
- E foi assim
que encontramos Marvin Fisk, Igualzinho...
- "Inferno
sem fúria." Parece que tenho um fã.
- Um fã bem
desajustado.
- Você não
parece desajustada pra mim.
- O quê?
- "Inferno
sem fúria." Bruxos bravos sedentos por sangue. Só algumas gangues hard
core leram esse livro.
- Algum deles
já escreveu cartas?
- Cartas
perturbadoras? Todos os meus fãs são perturbados. É uma profissão de risco.
- Pois, em
casos como esse, descobrimos que o assassino tenta contatar o objeto de sua
obsessão.
- Também sou
grande conhecedor de metodologias psicopatas. Outra ocupação de risco. Sabia
que você tem olhos lindos?
- Então penso
que não há objeção em checarmos suas cartas.
- Fique à
vontade. Posso ter cópias delas?
- Cópias?
- Tenho um
jogo de pôquer. Na maioria outros escritores, Patterson, Cannell.Grande
escritores. Você não tem ideia de como isso fará inveja.
- Inveja?
- Que tenho um
copiador. Minha nossa. No meu mundo isso é o sinal vermelho da honra. É a
calçada da fama do crime.
- Pessoas
morreram, Mr. Castle.
- Não pedi os
corpos, só as fotos.
- Acho que já
terminamos.
Castle volta
para casa ainda pensativo. Duas coisas o intrigavam em tudo que vira naquela
delegacia, a relação de seus livros com o caso e a detetive que o investigava.
Encontrou a mãe ao piano acompanhada do suposto paquera e a filha estudando. Já
passava da meia-noite, mas Alexis decidiu espera-lo para saber o que a policia
queria com o pai, julgando as loucuras do pai imaginava não ser boa coisa.
- Como foi o
xadrez? Alguém te fez de vadia?
- Desculpe.
Ainda sou seu. Um pouquinho? – ele espirrava o chantilly direto na boca.
- Já escovei
os dentes.
- Quem perde é
você.
- Vai me
contar ou tenho que olhar nos sites de fãs?
- Não,
tínhamos um acordo. Navegue na internet, fique longe dos sites de fãs.
- Sério pai,
está com algum problema?
- Apesar dos
meus esforços, não. Querem minha ajuda em um caso.
- Um caso?
- Estão
matando pessoas, como foi descrito em meus livros.
- Isso é
horrível! Quantos?
- Dois até
agora.
- Você está
bem?
- Sim. Só é
tão sem sentido.
- Assassinatos
geralmente são – retrucou Alexis.
- Não,
assassinatos geralmente fazem sentido. Paixão, ganância, política. Sem sentido,
são os livros que o assassino escolheu. "Inferno sem fúria", "Flores
para seu túmulo"? Meus trabalhos mais fracos. Por que um fã psicótico os
escolheria?
- Talvez
porque seja psicótico. Vamos. Hora de dormir. Pode descobrir pela manhã.
Mas Castle não
dormiu tão facilmente. Dessa vez, sua mente não estava povoada pelos seus
livros ou crimes, o pensamento voltou-se para a bela detetive de olhar
determinado e boca sensual. Havia algo de misterioso por trás daquela policial.
Seu jeito, sua postura indicava que uma explicação transpunha o que os olhos
conseguiam enxergar. Kate Beckett. Nome forte. Castle estava acostumado a ser
cobiçado, receber cantadas de mulheres, difícil ficar sem uma acompanhante,
nesse aspecto nada a reclamar da vida, porém fazia tempo que uma mulher não
mexia com ele dessa forma, intrigando-o, querendo explorar e ser explorado.
Parecia que a arte da conquista estava de volta a sua vida de solteirão. E ele
sabia como faria para se manter ao lado dela caso precisasse. Seria o cidadão
exemplar.
Em seu
apartamento, Kate separava os livros de Rick Castle para leva-los para a
delegacia a fim de servir como base para investigação. Sim, ela possuía todos
os livros dele já lançados, claro que não iria afirmar que era seu escritor
favorito. Contudo, Kate constatou que o escritor de trillers era bem diferente
do homem da vida real. Fisicamente, caramba! Era ainda mais charmoso especialmente
os olhos azuis. Quanto à personalidade, ele mostrou ser bem louco, superficial
e extremamente irritante. Percebeu que ele a cantava descaradamente. Como pode
ser tão diferente da pessoa que escreve aquelas aventuras ótimas de Storm? Se
bem que não podia afirmar muito sobre sua pessoa exceto que era, qual palavra
podia descrevê-lo melhor? Por mais que
forçasse a mente em busca de outra palavra, a única que parecia caber no
momento era gostoso. O que dera nela? Isso era tão não-Kate Beckett! Precisava
se livrar desses pensamentos e dormir, um possível serial killer estava à solta
nas ruas de Nova York e cabia a ela caça-lo.
No dia
seguinte, ela chega cedo trazendo uma caixa cheia de livros colocando-a na mesa
de Ryan.
- O que são
esses?
- Os sucessos
de Castle. Irão se familiarizar com todas as cenas de crime para que nenhuma passe
em branco. Primeira vítima: Homem, advogado. Segunda vítima: mulher, assistente
social. Em algum lugar nestes livros, estão conectados.
- "Da
biblioteca de Katherine Beckett. " – leu Ryan na contracapa do livro.
- Tem problema
com leitura, Ryan?
- Você é totalmente
fã!
- Certo. Do
gênero – procurando disfarçar sem sucesso.
- Certo.
Gênero. Por isso está corando.
- Tem 12 anos?
O perfil indica suspeito com pouca inteligência, que tem ou pensa que tem um relacionamento
com o autor. É aí que começamos. Não está curioso? Como as pessoas podem fazer isso
umas com as outras? Quem fez isso, leu os livros de Castle e em alguma página
está a resposta de onde atacará novamente.
- São os
e-mails do Castle? – Beckett se assustou ao ver a quantidade que o policial
carregava em caixas - Seus fãs o amam, quase tanto como ele se ama. Pode levar
de volta pro Arquivo por favor? Tivemos notícias do laboratório? – enquanto ela
se atualizava no caso, percebeu que Castle zanzava pelo distrito. Aliás, estava
com o seu capitão na sala dele.
- O que faz
aqui?
- Talvez goste
de você.
- Detetive
Beckett.
- Capitão? –
ele a chamou em sua sala - Pois não, Senhor?
- O Sr. Castle
se ofereceu para ajudar nas investigações.
- Mesmo? – ela
não estava gostando nada dessa ideia.
- É o mínimo
que posso fazer para a cidade que amo.
- Considerando
a natureza das cenas do crime, acho que é uma boa ideia – completou Montgomery.
- Sr. posso
falar em particular por um minuto?
- Não –
resignada, ela saiu da sala com Castle a seu encalço. Como não podia livrar-se
do encosto, ela o obrigou a revisar toda a correspondência com ela, era uma
maneira de evitar que fizesse qualquer besteira.
- O quê?
- Nada. Só...
O jeito que suas sobrancelhas apertam quando pensa. É fofinho. Não se jogasse poquer.
Seria mortal. De outra maneira...
- Posso fazer
uma pergunta? – Beckett estava curiosa, embora irritada.
- Manda.
- Por que está
aqui? Não liga pras vítimas, então não está aqui por justiça. Nem que esteja copiando
seus livros. Então não está aqui porque está indignado. O que é, Rick? Está aqui
pra encher o saco?
- Estou aqui
pela história.
- História?
- Por que
essas pessoas? Por que esses assassinatos?
- Às vezes não
tem história. Às vezes o cara apenas é psicopata.
- Sempre tem uma
história. Sempre uma cadeia de eventos que faz tudo ter sentido. Você, por
exemplo. Em circunstâncias normais não deveria estar aqui. Mulheres
inteligentes e bonitas se tornam advogadas. Não policiais. E você está aqui.
Por quê?
- Não sei,
Rick. Você é o escritor. Por que não me diz – apesar de irritante e estar
atrasando sua investigação, ela se viu de repente interessada no que o escritor
diria dela, duvidava que acertasse.
- Não é túnel
e ponte. Sem traço da vizinhança quando fala. Significa Manhattan que significa
dinheiro. Foi pra faculdade, provavelmente uma boa. Teve opções. É, teve muitas
opções. Opções melhores, opções mais aceitas socialmente. E ainda escolheu isso
– ele olhava para as expressões de Beckett com cuidado, percebendo suas reações
à medida que falava. Estava certo até ali, a linguagem corporal conferia - Me
diz que algo aconteceu. Não a você. Não. Está machucada, mas nem tanto. Foi
alguém com quem se importava. Alguém que amava. Poderia ter vivido com isso, mas
o responsável nunca foi pego. E por isso, detetive Beckett, é que está aqui –
ele achava ter acertado em cheio, apesar de não saber o que isso poderia
significar para manter uma relação amigável com a detetive já que ela,
obviamente, não estava nem um pouco satisfeita diante da ideia de tê-lo a seu
lado.
- Bom truque –
disse por fim - Mas não pense que me conhece.
- O ponto é,
sempre tem uma história – terreno neutro, melhor política, pensou - apenas tem
que encontrá-la.
- Acho que
acabei de encontrar – disse ela mostrando uma das cartas com o desenho da cena
do crime. Enviou para o laboratório que afirmou ter algo na carta, porém
levaria uma semana devido aos pedidos anteriores. Ela explicou a realidade para
Castle que acabou mostrando-se indignado e usou uma das suas melhores conexões,
o prefeito, deixando Beckett enfurecida e admirada não apenas pela audácia como
também pelo fato dele ter uma autoridade em seus contatos íntimos e trata-lo como
um colega qualquer.
- Terá suas
digitais em uma hora.
- Sr. Castle? Metade
das pessoas aqui espera por digitais. Não pode simplesmente furar a fila.
- Acho que alguém
se sente ameaçada.
- Não estou
ameaçada.
- Sei! Posso
ligar pro prefeito e você não.
- Temos
procedimentos, protocolos.
- E sempre
para no sinal vermelho. E nunca sonega impostos. Diga-me – resolveu provoca-la
- Você se diverte? Deixa o cabelo solto. Tira a blusa? Tem seu momento de "policial
louca varrida"?
- Sabe que
estou armada? – porém antes que pudesse continuar suas ameaças diante de
Castle, Esposito avisou que encontraram um novo corpo no centro da cidade. A
referência dessa vez era para "Morte da Rainha de formatura", outro
livro de Castle. Kendra Pitney era a vítima. Beckett ordenou que ele ficasse
num canto com aguardando por ela e que não tocasse em nada. Claro que Castle
era incapaz de obedecer. Ele se aproximou de Lanie apresentando-se. Acabou
descobrindo na médica legista outra fã. Ao vê-lo desobedecê-la e de papo com a
médica, Beckett volta a chamar a atenção dele. Já era tarde. Quando indagou
sobre a causa da morte, Castle intercedeu fazendo uma análise minuciosa do que
vira no corpo, deixando Lanie realmente impressionada com as habilidades do
escritor. O ocorrido serviu apenas para irritar, mesmo sem saber exatamente o
porque, a detetive. Ela não perdeu a chance de ralhar com ele.
- Isto é uma
investigação e não um dia na Disney. Se eu dei uma ordem, espero que obedeça.
- Então não me
conhece muito bem. No livro, o vestido era azul.
- Pare de
mudar o assunto – contudo o telefone de Beckett tocou. A digital encontrada na
carta serviu para identificar o suspeito. Kyle Cabot. No Brooklin. Então partiu
para lá.
Na frente da
casa de Kyle, ela novamente orientou a Castle para não subir. Ele dá sua
palavra de escoteiro. Depois do tradicional aviso da policia, Beckett invade o
apartamento com os demais policiais. Aparentemente vazio, o local continha um
belo cômodo recheado de informações sobre as obras de Castle, em especial os
três livros usados de inspiração para montar as cenas dos crimes. Quando estão observando
o que encontraram, Castle comenta que tudo aquilo era bem assustador, revelando
também que nunca fora escoteiro. A blusa da Allison foi achada no local o que
significava que o assassino colecionava troféus. Um barulho repetitivo numa
espécie de armário chama a atenção deles, ao abri-lo dão de cara com Kyle, se
balançando e parecendo aterrorizado.
No distrito
acabam por descobrir que ele é autista, o que explica a fixação por algo ou
alguém, nesse caso, o escritor. Allison era sua assistente social. Ela conversa
com o suspeito e faz outras descobertas sobre a condição de Kyle. Inteligência
limitada e muitos antipsicóticos. Para ela era caso encerrado. Provas no
apartamento para liga-lo às três vítimas, duas da lanchonete que trabalhava e
sua assistente social. Beckett pediu para acionar a promotoria. Castle estava
indignado. Não era assim que imaginava o fim da história.
- Está muito
fácil. O leitor nunca aceitaria.
- Não é um
livro seu, Castle. Aqui, o cara segurando uma arma do lado do corpo é o
assassino.
Mais tarde,
porém, ela ainda estava pensando sobre o caso quando Esposito se aproximou.
- Esse garoto
ficou fora do sistema por anos. Não teve o tratamento correto até Tisdale pegar
o caso. Arranjou o emprego na lanchonete. As anotações dela dizem que ele ia
bem.
- Deixa que a
promotoria se preocupa com isso agora. Nosso trabalho acabou – disse Esposito
para a detetive.
- É. Pode
deixar a caixa? Cuido dela amanhã – disse Beckett a Esposito. A verdade é que
acabara ficando intrigada após prender o suposto culpado, algo não batia.
Sorriu ao lembrar-se do monólogo de Castle sobre a importância da história.
Será que ele realmente conseguira deixa-la na dúvida? Será que não se livraria
da imagem e do falatório dele em sua mente? Bem, ele se fora agora. De qualquer
forma, estava disposta a dar mais uma olhada nos detalhes do caso e
especialmente na ficha de Cabot para ter certeza de que não fizera um
julgamento errado. Voltando da minicopa, ela se deparou com Castle em sua mesa,
bisbilhotando.
- O que está
fazendo?
- Hábito de
escritor. Bisbilhotar e-mails, procurar gavetas de remédios.
- Por que
ainda está aqui?
- Só vim
trazer isso – entrega uma caixa nas mãos dela - Algo para se lembrar da nossa
breve parceria. Não seja tão desconfiada. Vamos, abra – ela obedece e se depara
com uma copia de Storm Fall, último livro dele - Trouxe esse livro, nem saiu
ainda. Está até assinado para você. Não que você seja uma fã – ele brincou.
- Obrigada. Na
verdade, é meio... meigo – sim, ela gostara do gesto - Bem...
- Bem... Foi
bom te conhecer, detetive Beckett – beijando-lhe a bochecha, ele saiu do
distrito deixando-a um pouco mexida com o momento que acabara de ocorrer entre
os dois. Sorrindo, ela sentou-se a sua mesa. Começou a remexer em uns papeis
quando o pensamento lhe ocorreu.
- Ele não... –
Beckett checou todas as informações do caso que estavam numa pasta em sua mesa
- Ele levou! – bufando, ela saiu à procura dele encontrando-o na biblioteca
pública em flagrante analisando o arquivo.
- Richard
Castle, está preso por roubo qualificado e obstrução da justiça.
- Esqueceu
"te deixar mal".
- Sabe, por um
instante me fez acreditar que você é humano. Algeme-o.
- Qual é a
palavra de segurança? Não precisam ser gentis. E como me encontrou?
- Sou
detetive, é o que faço.
- Minha mãe te
disse, não foi? A propósito, as pétalas de rosa no assassinato da Tisdale? São
grandiflora, não híbridas.
- Irei anotar.
- É, deveria.
Porque prova que o Kyle Cabot é inocente.
Depois de receber
a visita de Alexis e Martha, Beckett liberou Castle. Após algumas desculpas da
mãe, soube que as queixas estavam sendo retiradas caso ele se comportasse. O
capitão frisou para que ele não interferisse mais no caso. Castle até
concordou, porém voltou a insistir.
- Mas ainda
estão com o cara errado.
Já tarde da
noite, Esposito encontrou Beckett de volta ao quadro branco, analisando os
detalhes do caso. Ele implicou com a colega dizendo que o escritor a
convencera. Mas a detetive retrucou dizendo que fora Allison quem chamara sua
atenção. Um assassinato oportuno, depois mata alguém que conhece muito bem e
volta para outro assassinato oportuno? Não fazia sentido. Especialmente no
rotulo de serial killer. Deveria ter alguém que lucrasse com a morte de Allison,
um velho e bom assassino com motivo.
- Castle
estava certo. Se estivesse seguindo seu livro, as flores no corpo da Allison
estão erradas, Fisk deveria ser sufocado com um saco plástico, e não
estrangulado com uma gravata. O vestido da Kendra deveria ser azul, não
amarelo. Para um obsessivo seria difícil não seguir os detalhes.
- Se não foi
ele quem foi?
- O assassino,
precisaria conhecer a vítima e o Kyle muito bem. Só a vítima sabia da obsessão do
Kyle por Allison Tisdale. Allison é a chave. O assassinato a ser encoberto.
Alguém a queria morta – disse Beckett ainda olhando para o quadro.
Em outro canto
da cidade, Castle também matutava sobre o caso para ele ainda aberto. Em suas
avaliações, chegara às mesmas conclusões de Beckett. O assassino sabia da obsessão
de Kyle, e Allison era o alvo. Somente precisava saber o porquê. E ele já tinha
ideia por onde começar.
- Olá. Eu sou
Rick Castle. Tenho um horário com o Sr. Tisdale.
- Sim, Sr.
Castle. Ele está esperando por você.
- Está mesmo?
– Beckett falou entrando na recepção do prédio surpreendendo-o.
- Não é o que
parece. Tá, é o que parece. Mas posso explicar.
- Você vem? –
ela perguntou sem dar muita trela à explicação provavelmente fajuta que ele
prepararia para dizer a ela.
O pai de
Allison os recebeu. Respondeu muitas perguntas de Beckett e Castle, mas nada
parecia indicar um inimigo ou um motivo para querê-la morta. A declaração era a
mesma de tantas outras, ela era um amor de pessoa. Ao perguntar se alguém
lucraria com sua morte, o pai respondeu contrariado que ela não era gananciosa,
escolhera ser pobre. Doou o que podia a caridade. Beckett já intencionava
encerrar a entrevista quando Castle insistiu no valor do patrimônio cerca de
100 milhões de dólares. A próxima pergunta não surpreendeu a detetive. Caso
algo acontecesse com ele metade iria para a caridade e a outra para o seu único
filho. De volta à rua, Castle fez a revelação. Ela realmente não tinha
percebido isso.
- Ele está
morrendo – disse Castle.
- Quem? Tisdale?
- Quer um
cachorro quente? Eu quero.
- O que queria
dizer... O que o fez achar que ele estava morrendo?
- Viu aquelas
fotos em sua sala. Ele está mais magro. Por doença e não por malhar.
- A filha
acabou de ser morta.
- E o modo que
tocou o cabelo inconscientemente.
- Acha que é
peruca?
- É das boas, Mas
é novo pra ele. Deve ter começado a quimio agora. E usava maquiagem. Tentava
parecer mais saudável do que é.
- Ou não quer
mostrar a idade real. Ele tem câncer, não quer dizer terminal – insistiu a
detetive para saber até onde ele ia.
- Mas a
história fica melhor, se estiver. Entrevistou o irmão?
- Não tinha
porquê.
- Agora você
tem – infelizmente, ele tinha razão. Foram direto para a empresa do irmão de
Allison. Ele os recebeu muito bem. Até cordial demais. Diante das perguntas da
detetive, ele informou que não havia há cerca de um mês na casa do pai.
Comentou que a irmã era um doce e ajudou mesmo a quem a matara. Ao ser
questionado pela reação da irmã sobre a morte do pai, disse que todos ficaram
chateados. Quando Castle afirmou que agora receberia a herança em dobro, ele
entendeu onde queriam chegar e como autoproteção afirmou onde estava na noite
do assassinato da irmã, fora do país, inclusive durante os três assassinatos
mostrando o passaporte. De volta às ruas, Castle estava frustrado.
- Passaporte dos
EUA. Com certeza infalsificável. Estava certo que tinha sido ele.
- Não seja
duro com você. Afinal, você é só um escritor.
- O que?
- Nada – mas
ela não pode segurar o sorrisinho diante da expressão dele.
- Que?
- Ele estava
mentindo. Entendo que sabia quando sua irmã tinha sido morta...mas as outras
duas mortes? Ele nem pensou. Nem perguntou as datas. Nem olhou um calendário e já
tinha um álibi pronto. Em minha experiência, inocentes não tem álibis prontos.
- Então eu
estava certo – Castle disse quase festejando o que fez Beckett suspirar e
revirar os olhos. De volta ao distrito, ela pediu para checar as datas dos voos
enquanto ele continuava enchendo-a para que admitisse que ele estava certo. Não
perdeu a oportunidade de dizer que o cara o fez de bobo por acreditar nos
álibis. O cartão confirmou o pagamento das três passagens nas datas dos
homicídios. Teoricamente, não estava no país. Castle não conseguiu entender
onde a detetive queria chegar, estava confuso, pois se tudo indicava que não
estava certo, o passaporte é prova irrefutável.
- Significa
que o passaporte foi forjado – disse Beckett – ligue para o departamento de
emissão.
- Não é assim
que eu faria.
- Tem uma
ideia melhor, esquisito?
- Um segundo
passaporte.
- E como ele
teria um?
- Com o dinheiro
dele, no mercado negro seria fácil.
- Então, ele
deixa o país com o dele, volta ao país com o outro, assassina a irmã, sai com o
outro e depois volta com o original. Álibi perfeito. Assassinato perfeito. Mas
quase impossível de provar – concluiu Beckett.
- Só se achar o
outro passaporte – disse Castle. A detetive manda os rapazes vigiarem o irmão.
Enquanto isso, ela foi atrás de um mandado com Castle na sua cola. Para variar,
ele conhecia o juiz. O mandado era para a casa e escritório de Harrison Tisdale.
O juiz pareceu duvidar do que ela alegava, mas Castle contou a história da
doença e da herança além de um cunho emocional. Ele cedeu.
Eles se
mandaram para o apartamento de Harrison Tisdale. Antes de subirem a fim de
pega-lo no flagra, Beckett jogou com Castle, afinal tinha que protegê-lo, era
apenas um civil.
- Castle, se
for conosco, é melhor estar armado. A minha reserva está no porta-luvas.
- Não consigo
encontrá-la. Ela...- mas Beckett já havia prendido sua mão ao interior do carro
com as algemas - Desta vez você fica.
- Volte
aqui... Muito engraçado... A piada acabou. Ora, vamos – claro que a teimosia de
Castle não o deixaria preso. Fazendo malabarismo ele conseguiu abrir a carteira
em busca de, quem diria, uma chave de algemas. A detetive ia ter uma surpresa -
Me algeme uma vez, vergonha sua. Algeme de novo, minha vergonha – mas nada era
tão fácil, a chave escorregou de sua mão e caiu no chão, sinal de mais
malabarismo.
No apartamento
de Harrison Tisdale, Beckett gritava em nome da Polícia de NY dizendo ter um
mandado. Pedindo para esperar um temo, ele ganhou tempo para escapar pela
escada de incêndio. Ela percebeu e mandou que o cercassem lá em baixo. Quando
Harrison desceu, foi surpreendido por Castle que acabara de conseguir se
soltar. Infelizmente, por ser somente um civil além de não estar armado, ele
foi dominado pelo assassino que o arrastou para um beco com Beckett em seu
encalço já demonstrando preocupação com Castle.
- Pare. É a
polícia. Não se mexa. Eu pego ele.
- Se afaste. Não
chegue perto – dizia Harrison apontando a arma para Castle.
- Largue ele. Castle,
você está bem? – Beckett tinha o semblante tenso.
- Estou. Só o
psicopata aqui precisa de pastilhas pro hálito.
- Fique quieto
– disse o assassino.
- Se estava
com dívidas, Por que não pediu dinheiro ao seu pai? - perguntou Castle vendo a
raiva se formar no rosto dele pressionando ainda mais a arma contra ele.
- Você não
está ajudando – gritou Beckett preocupada.
- Sabe o que
acho? Acho que não pediu. E se pedisse diria não – insistiu Castle - Acho que
sempre disse não. Independente como é, aposto que ele te chamou de fraco.
- Ele que é
fraco. Tentava fazer algo na minha vida e ele só pensava nela – argumentou
Harrison.
- Por isso a
matou. Não era só pelo dinheiro. Você quis puni-lo depois de morto. Tirar o que
mais amava. Mas que bela história.
- Quem é você?
– nem Harrison acreditava no que ouvia.
- Deixe-o ir.
Acabou – ordenou Beckett.
- Não acabou.
Largue a arma ou juro por Deus que... – porém Harrison não completou a frase ao
ser surpreendido por um movimento de Castle que o nocauteou com o cano e o fez
perder a arma, segurando-a em suas mãos.
- Me diga que
viu isso – disse Castle empolgado enquanto ela preparava-se para algema-lo - Vai
por isso no seu relatório, né?
- As algemas,
Castle.
- Sim, pegue –
assim que prendeu o assassino, ela o empurrou contra a parede do beco, possessa
e descontando parte de sua raiva e alívio.
- No que
estava pensando? Podia ter morrido.
- Eu estava
seguro o tempo todo – mostrando que a arma nunca fora engatilhada.
- Poderia ter
me dito.
- E qual seria
a graça? – sorriu. Após terminar de despachar o criminoso para o distrito e
resolver algumas coisas indicando ao pessoal do CSU o que procurar na cena da
fuga e no apartamento, Beckett finalmente podia ir para o 12th terminar seu
relatório, liberar Kyle e encerrar o caso apropriadamente. Antes, porém, havia
um escritor em seu caminho. De frente para ele, podia finalmente se despedir. O
mais engraçado era que ao olhar para Castle naquele momento, ela admirava o
charme do homem que também a olhava de maneira diferente. Sentia que estava
prestes a receber uma nova cantada.
- Bem, acho
que isso é tudo.
- Não precisa
ser. Poderíamos jantar e nos interrogar – bingo, aí estava o flerte, resolveu
brincar um pouco.
- E ser outra
conquista sua?
- Ou eu
poderia ser a sua – ele sugeriu. Ela suspirou pensando que a ideia não era de
todo ruim, mesmo assim era um território complicado e Beckett decidiu não cair
na sugestão dele.
- Prazer em
conhecê-lo, Castle.
- Que pena.
Seria ótimo – sem entender o que realmente acontecia ali, ela voltou a provocar
mordendo os lábios. Aproximou-se dele sussurrando em seu ouvido.
- Você não tem
ideia – vira-se de costas e caminha tranquilamente pela calçada sem saber que
Castle a observava com um ar de desejo e admiração. Aquela era uma mulher
absolutamente linda e misteriosa. O que não daria por mais algumas horas ao seu
lado, pensou suspirando. Então, achou que não havia nada errado em deixar o
caminho livre se, de repente, ela mudasse de ideia. Correndo ao seu encontro,
Castle a deteve antes que entrasse no carro.
- Hey! Espere
um minuto... – tirou de seu bolso um pedaço de papel. Com a caneta rabiscou um
número de telefone – para você, quer dizer, nunca se sabe. Talvez precise da
minha ajuda em um novo caso ou se quiser trocar a oferta de jantar por café e
rosquinhas, não me importaria. Estarei a sua disposição, detetive Beckett – e
mais uma vez, ele inclinou-se beijando-lhe o rosto para depois seguir seu
caminho. Sentada em seu carro, ela brincava com o cartão entre os dedos,
somente ali ela se deixou sorrir ao lembrar-se dos belos olhos azuis. Uma
fisgada em seu estomago a pegara desprevenida.
Kate Beckett
terminou o relatório organizando tudo o que podia para despachar o caso para a
promotoria. Satisfeita por encerrar mais um, pegou suas coisas e foi para casa.
Checando o relógio, impressionou-se por ser apenas cinco horas da tarde. Depois
de um banho relaxante, Beckett deitou-se na cama. Sobre o colchão estava a sua
jaqueta. Remexendo os bolsos, ela voltou a pegar o cartão de Castle. Fitou-o
por um longo minuto. Em sua cabeceira estava o exemplar de Storm Fall. Decidira
dedicar-se à leitura do mais novo livro de seu escritor favorito. Leu a
introdução, o primeiro capítulo e resolveu pular para os reconhecimentos, a
curiosidade de entender um pouco de como ele vivia a vida a encorajou. Até que
parecia uma pessoa normal e não o cara implicante, irritante e... Ah! Que
droga! Ela estava atraída por Castle.
Além da
fantasia por ser seu escritor preferido, ela não conseguia esquecer daqueles
olhos azuis, o jeito de moleque e aquele traseiro era definitivamente um pedaço
de pecado. Ela fica remoendo durante duas horas se deveria dar uma chance a
ele, saciar sua curiosidade, provar que não era a policial certinha da qual ele
a acusara. Sabia se divertir, ah, e como! Tudo bem que fazia meses que não saia
com alguém. Esquecera-se da vida social.
Ela mordiscava
os lábios olhando para o pedaço de papel. Uma noite apenas, umas horas do bom e
relaxante sexo não faria mal, certo? Se é que realmente chegariam a esse ponto.
Eram de mundos diferentes, ela uma trabalhadora árdua e pé no chão, ele, um
milionário superficial e metido à celebridade. Quais as chances de se reencontrarem
novamente em uma cidade como Nova York? Zero, pensou. Então, pega o telefone.
- Mr. Castle?
Detetive Beckett.
- Olá,
detetive! A que devo a honra de receber essa ligação sua – surpreso, porém
imaginou que ela queria checar alguma última informação sobre o caso – aposto
que está trabalhando ainda. Sentada de frente para o computador fazendo
papelada com uma caneca cheia de café. As pessoas necessitam de uma noite
agradável e boa comida, sabia? Diga, que informação faltou que a fez ligar para
mim quase oito horas da noite? Estou a sua disposição, claro. Tudo pela justiça
e pela cidade de Nova York.
-
Definitivamente, você não é um bom detetive, Castle. Ao contrário do que pensa,
estou em casa, o caso já está na mão da promotoria. Algumas pessoas são bem
eficientes em seu trabalho, não enrolam alegando bloqueio criativo.
- Ouch! Assim
você parte meu coração, detetive. Então, se não precisa de nada referente ao
caso, por que está me ligando? Já sente a minha falta? – ele sorria e agradecia
por ela não poder ver a satisfação em seu rosto.
- Não
exatamente, mesmo porque ninguém tolera pessoas irritantes e extremamente
desobedientes. Eu estava lendo seu livro quando me dei conta que nunca
conversamos sobre o seu trabalho – ele entendeu a ênfase na palavra “seu” –
saiba que sou uma leitora bastante crítica e posso ter algumas perguntas
interessantes sobre o fim de Storm. Estava pensando se você não gostaria de
discuti-las durante um jantar. Ou é tarde demais e você já comeu? – hum, isso
era bem inesperado, pensou Castle.
- Não, ainda
não comi. Adoraria sua companhia, Beckett. Tenho certeza que poderemos trocar
ideias bem interessantes sobre todos os tipos de assunto, inclusive literatura.
Se é que esse é o real motivo pelo qual me telefonou.
- Ok, tudo
bem. Serei direta. Está disposto a ter um encontro comigo, ser realmente uma
conquista minha? Sem amarras, sem culpa. Uma noite só por diversão. Então,
Castle o que será? Está dentro ou passa? – perplexo, era como se sentia. Pelo
pouco que conhecera dela não cogitara essa possibilidade, um convite aberto,
direto. Não acreditava em seu golpe de sorte! – Castle? O gato comeu sua
língua? Demais para você, certo? Posso entender isso como um não? – ele se
antecipou.
- Não, não.
Definitivamente estou dentro. Tem algum lugar de sua preferência para jantar?
- Castle,
espere. Nada de pressa. Se vamos fazer isso, precisamos de alguns limites.
Minha ideia, minhas regras.
- Certo, e
quais seriam suas regras, Beckett?
- Tem que ser
impessoal. Nem minha casa, nem a sua. Um lugar neutro. Uma noite, jantamos e
vemos no que dá. Nada de ligações no dia seguinte, fui clara?
- Cristalina.
Posso sugerir o Four Seasons como o lugar? Tem um restaurante ótimo e tenho
passe livre lá, fique tranquila é bem reservado.
- Você tinha
que jogar na minha cara, esbanjar seu lado de celebridade, não?
- Você pediu
um lugar, este é reservado, elegante. Será de seu gosto. Se o problema é ser
vista comigo para não manchar sua suposta reputação com a NYPD, podemos jantar
no quarto. Depois, deixamos por conta da imaginação. Pode me dar alguns minutos
para conseguir agendar? Já ligo de volta. Será uma ótima maneira de comemorar o
fechamento de um caso de sucesso. Meu primeiro caso com a NYPD. Até mais,
detetive.
Kate ficou
olhando o telefone. De repente, seu lado racional começou a despontar fazendo-a
se perguntar se deveria levar isso adiante. Não seria irresponsável demais? Por
que ele parecia relutar? Será que não esperava esse tipo de atitude dela? Sua
imagem estava tão vinculada a de alguém incapaz de fazer loucuras? Se era isso,
ela iria provar que era capaz de se divertir como ninguém e Castle, bem ele
estava prestes a conhecer um outro lado da detetive certinha e séria. Bastou um
primeiro toque para ela atender.
- Detetive,
tudo certo. Meia hora é pouco tempo para você se arrumar?
- Não, meia
hora é suficiente.
- Ótimo! Passo
para pega-la então, pode dizer seu endereço? – Beckett recitou a informação
percebendo que estava ansiosa por fazer isso – excelente. Vou me arrumar.
- Castle, nada
de detetive. Chame-me por meu nome, Kate está bem.
- Ok, Kate.
Até logo.
Castle
empolgado começa a se vestir. Escolhe a camisa num tom de violeta bem escuro
quase lembrando um azul arroxeado. A gravata era de um tom mais claro quase
chegando ao lilás. De frente para o espelho, ajeitava o paletó. Estava nervoso.
Decidiu não ir de Ferrari, não que ela não merecesse, porém julgou ser melhor
evitar um ataque de celebridade, seria demais para o perfil da bela detetive,
ela já deixara claro que não curtia certos gestos considerados esnobes.
Conforme
combinado, ele parou em frente ao prédio dela, deu um toque no celular para que
soubesse da sua chegada. Olhando-se uma última vez no espelho, respirou fundo.
O batom vermelho realçara os lábios. Os saltos destacavam as pernas longas e
torneadas. É, acreditava que poderia deixar Castle boquiaberto. O vestido era
curto, para provocar e quando ela saiu na rua, ele teve exatamente a reação que
ela esperava. Sentiu-se sendo comida com os olhos. Entrou no carro, colocou o cinto
e deu uma primeira olhada nele. Estava muito elegante. Coincidência ou não, o
tom de seu vestido era o mesmo da gravata que Castle usava.
- Já pode
fechar a boca e dirigir Castle. Não comece a babar porque não irá ajudar muito.
Seja rápido porque estou com fome – recuperando-se do impacto, ele sorriu.
- Você se
vestiu muito bem, Kate. Adorei a escolha das cores, especialmente o batom. Será
um prazer tira-lo dos seus lábios.
- Devagar,
Castle ou você me fará desistir da noite antes de começarmos – era uma
afirmação da boca para fora. Somente de imaginar beijar aqueles lábios sentiu o
corpo arrepiar.
Chegando ao
Four Seasons, Beckett se impressionou ao ver que o local era distinto e
reservado como Castle avisara. O Concierge prontamente os atendeu conduzindo-os
ao andar onde ficava a suíte. Outra surpresa, era um andar privativo, nada de
vizinhos. Isso a fez relaxar. Discrição era primordial em um momento como
aquele especialmente após ver o que tinha à disposição, sua mente começou a
maquinar safadezas. Ele colocou a mão em sua cintura e guiou-a para dentro da
suíte. Era enorme, uma ampla sala de jantar onde a mesa já esperava pelo casal
para jantar, um telão de 60 polegadas. O espaço do quarto era convidativo. A
cama king size estava cheia de travesseiros, estava separada por uns cinco
degraus da sala. O banheiro era maior que a sala de estar do seu apartamento.
Definitivamente, estilos de vida completamente diferentes.
- Posso mandar
servir o jantar, Kate? – já lhe entregando uma taça de champagne que servira
enquanto observava o jeito dela caminhando pela suíte.
- Claro –
sorveu o liquido da taça, champagne de primeira. Sentou-se à mesa de frente
para ele.
- Escolhi algo
simples e leve. Peras gratinadas com cream cheese e como prato principal, frango
ao molho de mostarda dijon acompanhado de purê de espinafre e pistache.
- Parece
delicioso – vendo Castle colocar o prato da entrada a sua frente. Provando a
primeira garfada, ela achou deliciosa – está muito bom. Acho que você deveria
provar. Eles comiam conversando um pouco sobre amenidades, Kate comentou sobre
o último livro que lera dele, colocando suas observações de maneira precisa e
deixando Castle cada vez mais intrigado com a misteriosa mulher que o fazia
companhia nessa noite. Ela era realmente fora do comum, a elegância, o porte, a
beleza. Se a encontrasse na rua ou em uma festa, jamais deduziria que era uma
policial. Kate podia ser uma top model. Mas como todo bom mistério, era
discreta, reservada e aqueles olhos amendoados escondiam uma história de luta e
determinação. Podia perceber isso.
- Castle, por
que você decidiu matar Derrick Storm? – ela cruzou os talheres no prato
indicando que estava satisfeita. Tomou o último gole do champagne. Castle
limpou a boca, de certa forma ganhando tempo para responder à pergunta dela. Levantou-se
segurando sua taça, serviu um pouco mais de bebida a ela e ofereceu a mão para
que o acompanhasse até o sofá. Sentados, lado a lado, com o olhar fixo sobre
ele, Kate insistiu – então, não vai responder?
- Decidi
mata-lo porque escrever sobre ele tornou-se chato, previsível. Um trabalho.
- Wow! – ergueu
as sobrancelhas – isso é interessante, deveria ser seu trabalho, não?
- Escrever
histórias deve ser inspirador, excitante. Não conseguia captar esses sentimentos
com Derrick, não como antes – ela se inclinou na direção dele, já começando a
provoca-lo. O rosto quase colado ao dele – então, Rick, o que você fará agora? Como
vai conseguir a inspiração necessária? – ela passou a mão pelos ombros dele
livrando-se do paletó. Estava de joelhos no sofá, seus corpos ainda não tinham
se encostado adequadamente. Ela puxou a gravata dele e sorveu seus lábios em um
beijo intenso.
A princípio,
ele não reagiu, mas o gosto daquela língua pedindo licença para invadir sua
boca o fez agarra-la pela nuca aprofundando o beijo. Os dedos de Kate
trabalhavam agilmente desfazendo os botões da camisa, sentiu o toque dos dedos
macios em sua própria pele, isso apenas serviu para atiçar sua excitação que já
começara a despontar nas calças que vestia. Ele tentou deita-la no sofá, porém
Kate acabou por quebrar o beijo invadindo seu peito com os lábios, provando o
gosto masculino com um toque de perfume da pele. Roçou os dentes sobre um dos
mamilos. Castle deixou suas mãos deslizarem pelas costas dela rumo ao bumbum. Quando
fez menção de puxa-la para um novo encontro de lábios, Kate se ergueu do sofá
segurando sua mão o puxando, pelo que Castle podia deduzir, para a cama. Estava
para descobrir que estava totalmente equivocado.
Kate se
colocou de costas para ele, indicando que espera um ajuda para livrar-se do
vestido. Abrindo o fecho, Castle fez a roupa deslizar sobre a silhueta chegando
ao chão. Ao vê-la virar-se, contemplou pela primeira vez o corpo por inteiro.
Era linda, da cabeça aos pés. Esbelta, de pele clara, seios pequenos e
delicados. O abdômen reto era uma pista convidativa para o centro de suas
atenções e prazer. A pontada na virilha o fez gemer. Castle estava vidrado
nela. Beckett, ao contrário do que ele pensara, não via a hora de fazer uso
daquele corpo charmoso a sua frente. Caminhando até ele, arrancou a gravata com
rapidez sobre o pescoço. A camisa jogada próximo ao chão onde ele estava de pé.
Então, sua atenção voltou-se para as calças. Desabotoou-a puxando a peça para
baixo juntamente com o boxer que ele vestia. A ereção despontou bravamente a
sua frente.
Sorrindo e
satisfeita com o que viu, ela avançou na direção de Castle devorando-lhe os
lábios. Ele quis leva-la em direção a cama, mas Kate gemeu um “não” entre os
lábios. Empurrou-o colocando-o de costas para os degraus que separavam os
níveis do quarto próximo à cama. Debruçou o corpo sobre o dele sem quebrar o
beijo, as mãos já passeavam sobre o peito dele enquanto sentia o membro ereto e
insistente contra sua coxa. Estava apenas começando.
Os dedos de
Castle agarraram sua calcinha querendo livrar-se do tecido incômodo que o
impedia de senti-la completamente rente ao seu corpo. Trocaram de posição. Ele,
por cima, conseguia tirar a peça usando os lábios para entretê-la provando-lhe
a pele macia e quente. Admirou a imagem a sua frente. Via o desejo excita-la
dilatando as pupilas. Ele se afastou um pouco ficando no último degrau, bem
rente ao chão, onde poderia erguer uma de suas longas pernas para beija-la até
o interior das coxas. Em seguida dirigiu-se aos seios. Provou-os vagarosamente,
um a um, contornando-os com a língua até suga-los com os lábios arrancando
vários gemidos seguidos de Kate que se contorcia por baixo do corpo dele.
Então, Castle
a penetrou. Em reflexo, Kate arqueou o corpo para recebê-lo. Os primeiros
movimentos deles ainda que desengonçados foram suficientes para excita-la quase
ao limite de um orgasmo. Por conta disso, ela revirou o corpo para ficar por
cima dele. Espalmando seu peito com ambas as mãos, Kate movimentava-se sobre
Castle com desenvoltura. Claramente, não era a primeira vez que ela usava
degraus de uma escada para fazer sexo. Inclinou o corpo para frente e para trás
em um ritmo que apenas aumentava o prazer deles. Kate mordicou os lábios dele antes
de beija-lo novamente, Castle apertava seu bumbum, segurando-a, incentivando-a
até perceber que ela estava no limite. Como um raio certeiro, o orgasmo
aconteceu.
Isso não
impediu a Castle de continuar a devoção e a exploração do corpo colado ao seu.
Sentando-se agora no degrau, levou sua boca à altura dos seios dela,
abocanhando-os novamente. Kate acariciava os ombros e os cabelos dele
incentivando-o a continuar ainda sob o efeito dos orgasmos múltiplos. Ofegante,
sabia que a brincadeira não parara por ali. Queria mais. Sussurrando ao ouvido
dele, fez o próximo convite.
- Que tal uma
experiência na cama, Rick? Tenho algo que fará sua pele esquentar...
- Será um
prazer leva-la a cama, Kate – ele ergueu-se da pequena escada com ela em seus
braços, surpreendendo-a. Terminando de subir os degraus, andou mais uns passos
com Kate devorando sua orelha para coloca-la sobre o colchão. Não perdeu tempo
em abrir suas pernas e mergulhar em meio a elas para prova-la de verdade. O
grito prazeroso de Kate o fez sorrir. A forma como os lábios e a língua de
Castle a exploravam fazia seu corpo contorcer-se de prazer. Agarrou um
travesseiro com cada mão e arqueou o corpo sentindo-o tremer e o poder de uma
nova onda de prazer a invadir como uma espécie de furacão. Castle voltou sua
atenção ao abdômen, beijando a pele vagarosamente. Kate se desvencilhou dele
fazendo-o deitar de costas para o colchão. Levantando-se, sussurrou para o belo
de olhos azuis.
- Fique aí,
prometo não demorar – ela foi até onde deixara sua bolsa e tirou o par de
algemas que trouxera, suas próprias ferramentas de trabalho, um par
sobressalente. Já havia notado velas no balcão do banheiro. Pegou uma pequena
redonda e bege, liberava essência de canela quando acesa. Claro que não faltara
o instrumento para acendê-la. Kate escondia o par de algemas nas costas.
Primeiro, colocou a vela sobre a cabeceira. Pegou a mão direita de Castle e
prendeu-a com a algema, repetiu o gesto com o pulso esquerdo.
- O que está
fazendo, detetive? Vai me punir?
- Acho que
você precisa de uma correção mais drástica Mr. Castle... – colocou os braços
dele para cima – nada de querer livrar-se das algemas ou mover os braços, não
quero ver marcas de sangue em seus pulsos – ela acendeu a vela, trazendo-a na
mão para a cama. Kate se posicionou sobre as pernas dele para mantê-lo sob seu
controle. Segurando a vela, Kate começou beijando-lhe os lábios. Um beijo lento
e estimulante, o prazer de sentir sua língua em contato com a dele era
incrível. Não se enganara, Castle beijava como poucos, conseguia transformar o
gesto em um item de prazer que a amolecia. O aroma de canela começava a tomar
conta do ar envolta deles. Foi assim que ela o levou a um novo patamar de pequenos
prazeres, brincando com o desejo.
Quebrando o
beijo, os lábios dela começavam a deslizar pelo pescoço, peito e mordiscando de
leve a pele, Kate usava uma das mãos para acariciar-lhe o corpo. Cuidadosamente,
lambeu a pele no meio do peito dele para logo em seguida deixar a vela pingar
um pouco da cera que formava. O contato do quente com a pele recentemente úmida
pegou Castle de surpresa fazendo-o erguer as costas do colchão. Pingou
novamente, uma, duas, três vezes. Desenhou uma trilha quente do peito ao
estomago dele parando bem próximo do membro. Deixou a vela na cabeceira e refez
o caminho que traçara com a cera usando os lábios cobrindo-o de beijos. Sabia
que ele estava gemendo e curtindo cada segundo. O membro estava tão ereto que não
iria demorar para que gozasse sozinho, mas ela ainda queria dar uma ajudinha.
Tornando a
beija-lo, acariciou com as mãos o membro dele quase deixando-o ofegante.
Posicionou-se rente a ele e encaixou-o perfeitamente sentindo-o deslizar
suavemente para dentro de si. Recomeçou a movimentar-se sobre ele. Via a agonia
de Castle ao querer toca-la, batendo os pulsos constantemente contra o metal
das algemas. Decidiu tortura-lo somente mais um pouco, até ela sentir-se muito
próxima de um novo orgasmo. Cinco minutos depois, ela já não tinha tanto
domínio sobre o corpo. Esticando-se para próximo da cabeça dele, pegou a chave
que deixara sobre o colchão e o libertou. No instante que o fez, ele a agarrou
com as mãos mordiscando-lhe os lábios e colocando-a de contra o colchão.
Aumentou o ritmo das estocadas sendo rápido e preciso, estava à beira da
loucura causada por momentos de prazer intenso. Não conseguiu mais segurar,
felizmente ela já tremia abaixo dele e juntos sentiram os corpos serem
dominados pelo orgasmo que os atingiu.
Castle ainda
levou um bom tempo movimentando-se com ela até deixar seu corpo desabar na cama,
ainda envolto nas sensações incríveis que ela proporcionara naqueles instantes.
Por alguns minutos, apenas as respirações de ambos eram ouvidas no quarto.
Ainda era possível sentir o aroma da canela no ar.
Kate passou a
mão no rosto ainda mantendo os olhos fechados. Castle se apoiou no braço com a
cabeça sobre a mão, ficando de lado para contempla-la. Os dedos deslizaram
suavemente pelo colo rumo ao estomago. Inclinou-se e beijou-a carinhosamente,
um simples selinho. Isso a fez abrir os olhos. Suspirou, fitando os olhos azuis
profundos, antes escondidos pela pupila, agora voltavam a dominar o olhar.
- Isso foi...
sensacional... – Castle roçava o polegar em um dos mamilos dela que logo se
mostraram rijos – não fazia mesmo ideia. Foi além de tudo o que imaginei da
policial, Kate Beckett.
- Quem disse
que não sei me divertir? Acredito que provei que estava errado a meu respeito.
-
Definitivamente. Uma bela e explosiva surpresa. Muito, muito quente.
- Bem, devo
reconhecer que você também não é de se jogar fora. Não sei se devo dizer isso,
afinal modéstia não é exatamente uma característica sua.
- Por favor,
detetive. Você é capaz de me fazer um elogio.
- Que beijo,
Mr. Castle e devo acrescentar que tem um belo traseiro, Rick.
- Obrigada,
Kate. Sempre um prazer, posso fazer uma nova demonstração nesse instante –
antes que ela respondesse, ele a envolveu em outro beijo sedutor. Ao se
separarem, Kate sentou-se na cama. Fora uma excelente experiência. Levantou-se
da cama em busca de seu vestido. Ao vê-la colocando a roupa, ele reclamou – não,
Kate... onde pensa que vai? Está cedo. Deite-se e durma um pouco.
- Não, Rick. Já
passa das duas da manhã. Preciso ir para casa. Alguns de nós acordam cedo para
trabalhar. Não se preocupe, eu mesma acho a saída. Descanse, tenho certeza que
está esgotado com toda a atividade de hoje – sorriu maliciosa chegando próxima a
ele, roubando-lhe mais um beijo dos lábios – foi um prazer conhecê-lo, Rick
Castle. Boa sorte com qualquer que seja seu novo livro de aventuras.
- Não, Kate, não
vá... ainda não.
- Tínhamos um
acordo, uma noite e só. Sem expectativas, era o combinado.
- Isso foi
antes de você se tornar uma das melhores noites da minha vida.
- O prazer também
foi meu – disse rindo – adeus, Castle – e saiu rebolando na frente dele
satisfeita com a loucura que acabara de cometer. O frison de estar viva, da emoção
esquecida, surgiu exatamente naquele instante. Acabara de perceber que uma nova
sensação dominara seu estomago. Borboletas, milhares delas. Sorrindo, a volta
para casa teve um outro sabor. O de prazer extremo. Rick Castle alera a pena, mais
do que ela poderia ter imaginado.
Ele ficou
deitado contemplando o teto. O cheiro, o gosto, a imagem dela dominando-lhe a
mente completamente. Era uma mulher bela e misteriosa a detetive Beckett. Capaz
de atiçar a sua imaginação em um patamar totalmente novo. Suspirou. Sabia que
mesmo dormindo, ela não lhe sairia do pensamento.
XXXXXXXX
Dia Seguinte...
- Queria me
ver Capitão?
- Sim. Acabei
de receber um telefonema do prefeito. Parece que tem um fã.
- Um fã?
- Parece que
achou a protagonista de sua nova série de romances. Uma rígida, mas adorável
detetive.
- Estou
lisonjeada? – ela perguntou erguendo as sobrancelhas.
- Não esteja. Ele
precisará fazer pesquisa.
- Ah, não.
- Ah, sim.
- Não. Ele
parece uma criança correndo atrás de um doce. É incapaz de levar algo a sério.
- Mas ajudou a
resolver o caso. E se o prefeito e o comissário estão felizes, eu também fico.
- Por quanto
tempo?
- Isto é com
ele – Montgomery indicou a porta da sala. Rick Castle com um olhar maroto e um
sorrisinho triunfante nos lábios a fitava. A cara de pânico de Beckett
transparecia. Isso não poderia estar acontecendo, não! Isso não era justo. Ela
queria mata-lo.
- Olá,
detetive Beckett! É um enorme prazer encontra-la novamente.
Beckett o
arrastou até uma das salas de interrogatório. Desligando a conexão de áudio para
que ninguém ouvisse sua conversa, ela obrigou-o a sentar. Os olhos estavam
soltando faíscas, era a primeira vez que vira a fúria da detetive.
- Como você pode
fazer isso? Você deveria ter desaparecido da minha vida, Castle! Ir até o
prefeito, inventar essa historia de livro para me perseguir? Quer me torturar? É
isso que pretende fazer estando aqui nesse distrito?
- Ao contrário,
quero mesmo escrever meu próximo livro baseado em você, a sagaz, determinada e
bela detetive da NYPD.
- Isso só pode
ser brincadeira! – ela andava de um lado a outro. Não esperava por essa
surpresa. Não levara em consideração essa possibilidade quando decidiu se
aventurar naquela noite de prazer com Castle. Agora, como poderia olhar para
ele sem saber se ele estava prestando atenção nela ou lembrando-se do momento
junto ou mesmo analisando o que estava por baixo da sua roupa.
- Kate, olhe...
- Aqui é
Detetive Beckett – ela retrucou.
- Tudo bem,
detetive Beckett. Estou aqui pelo trabalho, pela história. Você me trouxe inspiração
para querer escrever um novo livro. Quero fazer de você minha musa – ela passou
a mão nos cabelos expirando.
- Ok,
claramente não tenho autoridade nem sou amiguinha do prefeito a ponto de chutar
seu traseiro desse distrito. Portanto, se vou ter que atura-lo pisando em meus
calcanhares, teremos que deixar uma regra bem clara. A noite passada nunca
aconteceu, você não irá menciona-la, nem cogita-la ou induzir as pessoas a
qualquer pensamento relacionado com o que aconteceu entre nós, fui clara ou
quer que eu escreva para não esquecer?
- Detetive,
será bem difícil apagar da minha mente aquelas horas de prazer e a imagem que
gravei na memória...- apoiando os dois braços na mesa ela se inclina na direção
dele, a vontade era de soca-lo.
- Escute aqui,
se você contar para alguém ou indicar que tem o mínimo de interesse em mim,
farei da sua vida aqui um inferno e acredite, será tão difícil a ponto de
implorar para o Capitão que quer cair fora desse distrito. Não brinque comigo,
Castle.
- Detetive, você
só está me deixando mais excitado com essas palavras – ela grunhiu e avançou puxando-o
pelo colarinho. Com os rostos quase colados, ela sentiu uma vontade louca de
beijar aqueles lábios. Deus! Não podia ceder aquela tentação.
- Vai se comportar?
É uma pergunta simples de resposta objetiva: sim ou não?
- Tá certo,
tudo bem. Irei me comportar com relação a isso. Mas, Beckett, meu pensamento
sempre recordará do sabor desses lábios. Não pode tirar isso de mim. De certa
forma, sou um homem paciente. Se a história de nós dois tiver que acontecer, você
não poderá mudar isso. Se for obra do destino, nem mesmo Kate Beckett pode
fugir dele.
As palavras de
Castle a tocaram fazendo seu corpo estremecer, mesmo que por um breve momento. Logo
replicou.
- Ótimo! Tenho
novidades para você, Castle. Eu não acredito em destino – suspirando, saiu da
sala batendo a porta deixando-o sozinho. Castle abriu um sorriso por saber que
encontrara a musa perfeita.
- Veremos,
detetive, veremos...
Continua...