quarta-feira, 16 de março de 2016

[Castle Fic] An Unexpected Visitor - Cap.4


Nota da Autora: Olá, tia Teresa está de volta! O que vocês acham? Ela vai dar treguá ao casal ou vai continuar infernizando a vida desses dois? Uma coisa é certa, nada é simples com Teresa.... lembrando que esse é o penúltimo capitulo. Divirtam-se!



Cap.4


Na manhã seguinte, Castle acordou no mesmo horário que Kate. Ela tinha que estar no distrito por volta das nove horas. Eles não viram quando Teresa chegou na noite anterior. Por mais que tentasse acordando junto com a esposa a única coisa que conseguiu fazer foi ter um excelente café da manhã ao lado dela. Infelizmente, assim que Kate saiu, Teresa apareceu querendo seus famosos ovos e arrastando-o para a academia logo em seguida. Duas horas depois, um Castle frustrado retorna ao loft louco por um banho e por escapar para o seu escritório de PI.

Antes dele sair de casa, porém, Teresa o questionou.

- Onde iremos hoje é um lugar decente para uma dama como eu?

- É o meu bar. Um lugar clássico que combina com a atmosfera de Nova York. Você irá gostar. Tenho que ir trabalhar. Divirta-se com a minha mãe. Eu e Kate esperaremos por vocês aqui mesmo.

- Katherine não vai estar trabalhando? – o uso do nome completo não era um bom sinal, ela ainda estava magoada com a sobrinha pelo que dissera.

- Não, ela irá conosco.

- Milagre ela encontrar um tempo livre à noite – ela checou o relógio – sua mãe está atrasada.

- E eu também – exclamou Castle – nos vemos a noite e Teresa? Procure relaxar. A raiva e a mágoa não fazem bem a ninguém.

Martha chegou quinze minutos depois que Castle saíra. Sem perder mais tempo, as duas seguiram para o spa. Após os primeiros acertos da programação, elas começaram com uma massagem. A primeira hora ao lado de Teresa fora bem interessante já que ela também gostava de terapias alternativas.  Conversavam bastante sobre produtos, reflexos da idade, como se manter saudável depois dos sessenta, Martha estava contente com a escolha que fizera para ajudar o filho e a nora. Pela primeira vez, não soava como uma obrigação.

Quando terminaram as massagens, era a vez de manicure e pedicure. Teresa comentava o quanto sua pele era sensível, gerava muitas cutículas e precisava do máximo de atenção para não sair machucada. A manicure perguntou que cor Martha gostaria de usar.

- Vermelho. Vamos de quase vinho.

- Excelente escolha, Martha. Unhas bem-feitas com a cor vermelha são clássicas e deixam as mulheres poderosas, homens amam essa cor, sugere pecado.

- Eu sei. Concordo plenamente.

- Não entendo porque hoje em dia as mulheres têm receio em parecer sexy. Ficam logo pensando em assédio, veja o caso da minha sobrinha. Uma mulher tão linda e se perdendo em uma delegacia de polícia. Ela sequer faz as unhas. Deveria trabalhar mais apresentável.

- Ah, Teresa, nem tanto. Katherine trabalha chefiando um distrito. Ela já é bela, não precisa de acessórios ou atributos adicionais para chamar atenção. Eu gosto de como ela se veste, se porta. É muito elegante.

- Por que trabalha com homens não pode pintar as unhas? Isso é ridículo, tudo bem que não conseguiria manter-se arrumada por muito tempo. Ela vive se metendo em briga e tiroteio.

- Risco da profissão. Sua sobrinha é inteligente, sagaz e apaixonada pelo que faz. Ela é uma das melhores da NYPD, foi a mais nova detetive e agora Capitã. Temos que lhe dar crédito por isso.

- Não tenho dúvidas que é apaixonada pelo que faz. Garanto que ame mais a polícia que o marido se formos levar em consideração o tempo que ela passa trabalhando e a pouca atenção que dá ao seu filho. No meu tempo, ela provavelmente já teria um par de chifres!

- Teresa, eu acho que você está julgando Katherine por uma pequena amostra que viu em menos de dez dias. Aliás, não tem argumentos e fatos para julgar o casal. Meu filho não trairia sua sobrinha, posso dizer, nunca. E não afirmo isso porque sou a mãe dele. Richard lutou muito para conquistar Katherine. Tem uma história de vida juntos. Passaram por situações muito complicadas. Ele gosta de vê-la trabalhando, se destacando. Sua tenacidade e determinação foram o que o atraíram logo quando a conheceu. Ele viu além da policial, ele enxergou a mulher. Sua sobrinha é um belo exemplo de mulher. Um modelo para futuras jovens. Devia se orgulhar disso.

- Você não se incomoda que ela não cuide dele? Ele está gordo, come porcaria, não gosta de exercícios. Isso não pode ser saudável.

- Isso não a impede de ama-lo do mesmo jeito. Até onde sei o suposto problema que você sugere, digamos, o excesso de fofura, nunca foi um item de discussão entre eles e nem os impediu de curtir a vida de casados e olha! Aqueles dois sabem se divertir... se é que você me entende.

- Meu Deus! Você fala tão naturalmente da fornicação, isso é sem-vergonhice deles! Deveriam ter mais respeito, você é a mãe dele.

- Se por sem-vergonhice você quer dizer sexo, é perfeitamente natural, são jovens, casados, tem mais é que curtir. Ah, e curtem! Como curtem!

- Tanto que nem respeitam as visitas. É ultrajante! – Martha gargalhou, então Teresa passara por uma experiência de flagrante? Isso era ótimo.

- Eu mesma quase os peguei no rala e rola. Não estamos mortas, eu mesmo dou minhas escapadas. Sexo é vida. Não é porque você enviuvou que está morta. Carpe Diem!  

- Não quero mais falar sobre isso, é vergonhoso. Como mãe, não lhe incomoda de verdade o fato de Kate não cuidar dele?

- Teresa, talvez o que você defina como cuidar seja visto de outra forma por mim. Claro que quero meu filho com saúde, mas o que Katherine fez por Richard vale muito mais do que ficar magro ou ter um corpo atlético. Antes de conhece-la, meu filho vivia na noitada, namorava ou melhor dormia com modelos, peruas caça-níquel, mulheres que claramente queriam seu dinheiro e só. Ao terminar o livro de Storm, eu pensei que ele não voltaria a escrever. Já me imaginava tendo que trabalhar para cuidar de nós três, não ia deixar minha neta desamparada. São sacrifícios que uma mãe se submete por amor aos filhos. Então, ela apareceu.

- Ah, e virou um conto de fadas? Por favor! Kate não tem vocação para princesa. E você parece viver em um mundo irreal que nem seu filho.

- Vai me deixar terminar a história? – Teresa deu de ombros. Ela ficava intrigada como as pessoas faziam questão de elogiar sua sobrinha, parecia um complô. Ela não era perfeita, mas quem a conhece gosta de pensar assim.

- Que seja, continue.

- A história dos dois estava longe de ser um conto de fadas. Sua sobrinha detestou conhece-lo, principalmente quando soube que ele iria segui-la para fazer pesquisa. Viviam brigando. Com o tempo, eles descobriram que podiam trabalhar juntos. Tiveram muitas experiências difíceis juntos. Katherine escapou de morrer muitas vezes. Ambos escaparam. Criaram cumplicidade, amizade, parceria como eles gostam de dizer. A verdade é que ela mudou o meu filho. Durante algum tempo de maneira inconsciente, ela o desafiava, o intrigava. Poderia dizer que ela o salvou, contudo eles salvaram um ao outro. Não preciso dizer a você o quanto a perda da mãe afetou a mulher que Katherine se tornou. Richard conseguiu ver além do muro, ela é complicada, teve traumas, mesmo com tudo isso, meu filho foi quase capaz de morrer por ela. Eles são perfeitos juntos. Nada de felizes para sempre ou príncipe encantado. Eles têm defeitos, brigam e encontram obstáculos no caminho. Só que o amor que sentem, a parceria, sempre os fazem encontrar um ao outro.

Teresa ficou calada. O relato de Martha soou estranho. Ela esperava ouvir milhares de reclamações da nora. Afinal, não é para isso que as sogras servem? Contrariando todas as suas expectativas, ela era só elogios.

- Teresa, se me permite uma palavra, um conselho não solicitado de Martha Rodgers. Sua sobrinha teve uma juventude difícil sem a mãe, fez da justiça seu lema por Johanna. Por causa disso, ela se isolou. Ficou obcecada. Depois que casou começou a conviver mais em família. Seja a segunda mãe de Katherine. Esteja presente. É para isso que as famílias servem, para apoiar uns aos outros.

- Você não sabe do que está falando. Ela é uma mal-agradecida! Eu cuidei dela quando a mãe morreu, mas ela fez questão de jogar na minha cara que não sou boa mãe e que minha filha me detesta...

- Ela não falou por mal. Estava chateada porque você mexeu com Richard. Ela o defende dos outros com unhas e dentes, como uma leoa defende a cria. É muito amor, Teresa.

- Ela... ela... está certa... eu sou uma péssima mãe. Claire não gosta de mim. Eu não vejo minha filha há anos – de repente, o rosto de Teresa ficou vermelho, havia tristeza em seu olhar. As lágrimas começaram a rolar – ver Kate bem e feliz com o marido, você e o trabalho, é a imagem do meu fracasso como mãe. Porque ela conseguiu superar tudo sem ajuda. E eu não consegui fazer nada pela minha garotinha.

Martha se compadeceu da situação de Teresa. Tai algo que não imaginara ser possível.

- Katherine teve ajuda, Teresa. Por anos ela recusou, é verdade. Porém, quando se abriu para a possibilidade, sua vida tomou outro rumo.

- Eu só sei agredir as pessoas... é como um mecanismo de defesa.

- Quer saber? Você tem muito mais em comum com a sua sobrinha do que imagina. Acho que já sabemos de quem ela herdou a complicação e a resistência. Teresa, eu acredito que a vida está lhe dando uma nova chance através de Katherine.

- Como? Ela não precisa de mim. Deixou isso bem claro.

- Não, é você quem precisa dela. Katherine fala com sua prima regularmente, não? Ela pode ser a ponte para uni-las outra vez. Tudo o que você precisa fazer é ser honesta com a sua sobrinha. Dizer o quanto a admira e que quer sua ajuda para não errar como mãe. Tenho certeza que ela entenderá.

- Por que?

- Porque ela também teve uma segunda chance através do meu filho. E vocês são família, Teresa. Você nunca deve virar as costas para a sua família.        

Enquanto isso no 12th distrito, Beckett está ansiosa. Apesar de ter uma pilha de processos para analisar, relatórios para ler e pareceres para dar, a concentração virou sua inimiga. Tinha pelo menos quinze minutos que não virava a página, já relera umas quatro vezes e ainda não conseguia avançar no caso. Frustrada, ela olhou para o celular. Queria ligar para Castle.

Em momentos como esse, ela percebia o quanto sentia falta de tê-lo ao seu lado. Obviamente que ele não faria nada de papelada, porém apenas a presença dele já era suficiente. Principalmente porque tinha esse assunto da sua tia lhe preocupando. Kate precisava resolver isso o quanto antes. Talvez se falasse com o marido conseguiria se acalmar. Sorrindo, ela pegou o celular e esperou. Ao segundo toque, ele atendeu.

- Olá! Você ligou para Richard Castle, PI. Para consultas em casos de homicídios, disque 1. Para reservar uma reunião, disque 2. Para almoço executivo, disque 3. Para cochilos, disque 4 e para sexo selvagem, basta invadir o escritório. Em que posso lhe ajudar, Capitã Beckett? – ela já segurava o riso do outro lado da linha.

- Apenas por curiosidade, você diz isso para todas as mulheres que ligam para o seu escritório?

- Claro que não, somente clientes VIPs merecem esse tipo de atendimento. O que na minha lista, significa apenas você, Kate.

- Você tem resposta para tudo?

- Risco da profissão. Aprendi com a melhor detetive da NYPD, nunca deixou uma pergunta sem resposta.

- Muito engraçadinho. Eu sabia que deveria ligar para você. Já estou mais animada.

- O que houve, amor? Algum caso difícil? O pessoal do 1PP está lhe pressionando com toda aquela papelada chata? É a Gates, não?

- Nada disso. É a minha tia, Castle. Não consigo parar de pensar em uma maneira de fazer as pazes com ela. Esse assunto está me consumindo. Minha concentração foi para o espaço. Eu liguei para você porque pensei que poderia me sentir melhor, me acalmar.

- O que quer que eu faça? Não estava brincando sobre as opções. São todas válidas para você. Quer sair para um café? Ou quer que eu leve café para você? Pode pedir, Kate.

- Eu preciso sair daqui. Vou até o seu escritório, daí podemos tomar um café aí perto. Tudo bem?

- Claro. Eu te espero.

Em menos de dez minutos, Kate surgiu no escritório de Castle. Ao vê-la, Alexis prontamente se levantou já dizendo.

- Não precisa pedir, já estou saindo... – Alexis se levantou rapidamente da cadeira já juntando suas coisas e pegando a bolsa – sou totalmente a favor do lance da privacidade e me poupem dos detalhes – Beckett não aguentou e caiu na gargalhada segurando o braço da enteada.

- Não precisa sair correndo. Não estou aqui pelo que você está pensando. Relaxe. Eu e seu pai já nos resolvemos nesse quesito. Ele está sozinho?

- Está.

- Só preciso conversar, talvez eu saia para um café com ele. Pode voltar para sua mesa – a menina sorriu sem graça. Sentou-se. Beckett abriu a porta do escritório ainda sorrindo.

- Olha só, devo ter um ótimo efeito em você. Mal falamos dez minutos ao telefone e só de me ver você está sorrindo... sou incrível.

- Menos ego e charme, Castle – ela se aproximou dele beijando-lhe os lábios, sentou-se na beira da mesa e cobriu o rosto com ambas as mãos, suspirou, mordiscou os lábios e arregalando os olhos com uma cara de culpada comentou – acho que sua filha pensa que somos dois tarados. Só de me ver, ela já inferiu que íamos, você sabe...

- Bem, ela não estaria completamente errada. Apesar de ter certeza que você é a tarada da história.

- Vai bancar o pudico agora, Castle? 

- Não, mas você é pior que eu. Lembra quando contei para você porque tinha recaídas e fazia sexo com Meredith? O lance das pessoas loucas serem incríveis no sexo?

- Por que você está falando de sua ex-mulher?

- Você quebrou a minha teoria. Você é incrível.

- Ah, tudo bem você só está me chamando de maluca...

- Não, estou te elogiando. Você é a melhor, portanto ser chamada de tarada nesse caso não é tão ruim – ela balançou a cabeça. Ele sabia como faze-la relaxar, seu astral era outro. Não que estivesse esquecido suas preocupações, porém bastava poucos minutos com Castle para voltar a encontrar seu eixo. Seu norte.

- Ainda vai me convidar para o café?

- Se você quiser dar o prazer de sua companhia, Capitã para esse humilde PI...

- Nada de títulos, somos apenas nós, Castle e Beckett – ela estendeu a mão e ele entrelaçou seus dedos – o escritor e a musa.

- Hum... Rick e Kate, Rook e Nikki? Parece perfeito.

Eles deixaram o escritório em direção a loja da Starbucks que ficava na esquina do prédio. Beckett sentou-se numa mesa enquanto ele solicitava o café. Retornou com o seu preferido, o dele e um prato com brownie e bolo de banana.

- Aqui está. Um pouco de açúcar para adoçar sua vida. Nossa! Isso foi muito brega, mesmo para mim – ela riu – se escrevo isso em um dos meus livros Gina me mata. Não é por isso que estamos aqui. Sou todo ouvidos, amor. Pode desabafar – Beckett tomou um longo gole do café, tirou um pedaço do brownie. Sorriu.

- Já me sinto bem melhor – ela brincou com os dedos dele sobre a mesa - Castle, você acha que vou conseguir me desculpar com a minha tia? Eu nem sei como começar a conversa. Já repassei tudo que discutimos várias vezes na minha mente.

- Esse é o problema, Kate. Não pode tratar a conversa como um interrogatório ou a análise de um caso. São sentimentos. O que irá dizer vem disso, seja para falar da raiva que sentiu, das verdades que falou e da mágoa que causou. Não estará falando de evidências. A melhor coisa a fazer é não pensar como será o seu encontro. Aproveite esse momento para relaxar. Vem cá... estamos muito longe um do outro – Castle arrastou-a para perto de si puxando a cadeira que estava sentada – vou fazer você desligar essa sua mente em dois tempos – ele afagou os cabelos dela, passou o polegar nos lábios e inclinou-se para beija-la, porém ao invés de encontrar a boca de Kate, ele mordeu-lhe o lóbulo da orelha. O gesto mexeu com os seus sentidos. Gemeu baixinho. Ele repetiu a carícia sussurrando palavras reconfortantes, sensuais para fazê-la amolecer. Então, tomou-lhe os lábios.

O beijo começou lento, quase cálido. De repente, ela segurou o rosto dele com as duas mãos aprofundando o contato transformando o contato em algo mais intenso. Sentiu a mão de Castle tateando por baixo de sua camisa. Como ele conseguira fazer isso tão facilmente? Ele quebrou o beijo apenas para roçar seus dentes na garganta dela. Kate jogou a cabeça para trás cedendo aos caprichos dele. Tinha os olhos fechados. Não viu quando Castle colocou um pedaço do brownie na boca. Quando tornou a beija-la, Beckett usou a língua para aprofundar o beijo. Ao se separarem, ela abriu os olhos sorrindo.

- Chocolate... gostei do sabor.

- Do que estávamos falando mesmo, Beckett? – ela sorriu. Tomou um novo gole de café e encostou a cabeça no ombro dele. Ficou calada por um tempo. Vendo que ela apenas curtia o fato de estar ao seu lado, Castle completou – vai ficar tudo bem. Teremos uma ótima noite no Old Haunt.

- Você está confiante, não? Por que?

- É um encontro familiar, eu, você, seu pai, Teresa e minha mãe. Falando nisso, essa é a outra razão para eu me sentir confiante. Martha Rodgers está há mais de cinco horas com sua tia. Se as coisas tivessem desandado, acredite, ela já teria me ligado. Estranhamente, isso é um bom sinal. Seja lá o que andam fazendo.

- É... incomum, não? – Kate franzia o cenho - Martha se ofereceu para nos ajudar, mas se algo desse errado ela provavelmente teria dado sinal de vida. Qualquer uma das duas, na verdade. Não são do tipo que levam desaforo para casa.   

- Se Martha Rodgers conseguiu lidar com sua tia, você também consegue.

- Tenho que voltar para o distrito. Ainda tenho vários processos para encaminhar para o 1PP – ela se levantou, Castle fez o mesmo – prometo que não ficarei presa com a papelada. Estarei em casa por volta das seis horas.

- Duas horas mais... posso aguentar. Vamos, eu te acompanho até o carro – eles deixaram a cafeteria de braços dados. Kate continuava com a cabeça apoiada no ombro dele. Do lado de fora, ele a encostou contra o carro para brindar-lhe com um novo beijo. Ela deixou seus braços envolverem o pescoço dele inclinando o corpo querendo contato. Ele se afastou ajeitando a gola e a camisa dela – comporte-se, Capitã. Garanto que tem mais de onde esse veio... talvez possamos usar o esconderijo secreto do escritório do bar.

- Soa como uma promessa...

- Veremos onde a noite nos levará – Beckett entrou no carro e acenou uma última vez para ele antes de desaparecer pelas ruas de Nova York.

XXXXX

Martha e Teresa finalizavam seu dia no spa. A sua acompanhante ainda estava chateada pela última conversa que tiveram, por essa razão, ela decidiu que precisava fazer um agrado para melhorar o humor da mulher ou nem a Kate teria chance de conversar como era o planejado.

- São quatro horas da tarde. Acho que merecemos uma bebida para encerrar o dia.

- Seu filho falou que vai nos levar no bar dele. Diga a verdade, quão ruim é o lugar?

- O Old Haunt? É um bar na atmosfera da década de trinta. Você vai gostar. Não estava me referindo ao nosso compromisso da noite. Conheço um lugar onde duas damas distintas como nós podemos beber e sermos tratadas como rainhas. Além do mais, você está com cara de que realmente precisa de um Martini.

- Você quer beber as quatro da tarde?

- Por que não? As pessoas em Los Angeles não fazem happy hour? No meu tempo, os artistas bebiam no café da manhã. Não que eu fizesse isso. Pense da seguinte forma, quatro horas em Manhattan significa que são nove horas da noite na Alemanha, façamos como os alemães. Considere esse outro conselho não solicitado de Martha Rodgers.  

Martha levou Teresa a um café muito elegante. Sim, era um lugar frequentado por artistas do teatro para aquele momento de fim de tarde. Ela cumprimentava a todos alegremente. Sentaram-se no bar. Estendeu a mão para o barman que beijou-a como nos tempos antigos.

- Mark, essa é Teresa. Uma amiga. Ela está precisando no momento de um Martini bem caprichado, a la Bond – piscou para o rapaz.

- Enchanté... – beijou-lhe a mão – qualquer amiga de Martha Rodgers é uma dama. Vou preparar a sua bebida. Você quer o mesmo?

- Sim, para começar. Depois quero o Moet Chandon com morangos como só você sabe preparar. Anime-se, Teresa. Você se sentirá uma nova pessoa depois do Martini de Mark – em cinco minutos, a bebida estava colocada na frente de Teresa. Ela examinava o copo, o drinque servido com maestria. Cansou de se perguntar se aquilo seria uma boa ideia. Provou a bebida. Sorriu. Virou o resto.

- Então?

- Delicioso. O melhor Martini que tomei em anos. Faça outro Mark e dessa vez, três azeitonas.

- O que eu disse? Martha Rodgers sabe das coisas.

Elas continuaram conversando com Mark. Teresa já estava em seu quarto Martini, não estava bêbada, mas definitivamente tinha um outro humor. Martha precisava fazê-la parar. Richard já deveria estar chegando em casa.

- Esse será seu último drinque, Teresa. Temos que encontrar meu filho e sua sobrinha no loft. Mark, querido, aceito meu champagne com morango agora.

- Martha, você realmente me surpreendeu. Quando a vi pela primeira vez achei que era uma daquelas divas em decadência que pensam que sabem tudo sobre o mundo do teatro e do glamour, mas não passam de atrizes sem talento e frustradas. Achei que queria aparecer, se fazer de importante. Oh, sou uma estrela! Oh, meu filho é milionário. Nem sabia o que Kate tinha visto em seu filho. Gordo e bobo? Ela podia ter escolhido melhor!

- Hey! Olha como fala de mim e do meu filho. Richard é um homem maravilhoso e não vou tolerar que fale mal dele na minha frente, independentemente de você estar alta ou não. Respeite!

- Hey! Eu não acabei de falar... você não é uma atriz fracassada. Você é uma mulher inteligente, vivida e não acho seus conselhos ruins. Seu filho? Ainda acho que ele precisa emagrecer... mas eu consigo entender porque minha sobrinha está com ele – ela virou-se para o Mark – e não é pelo dinheiro, bonitão.

- Tudo bem. Vou ter que leva-la agora – fez sinal para Mark sumir com o copo. Entregou o cartão de credito enquanto ajudava Teresa a ficar de pé – como você se sente?

- Ótima! Tem martinis no bar do seu filho?

- Não tão bons quanto o de Mark, mas tem muito whisky e vodca, bastante vodca.

Martha conseguiu chegar ao loft antes de Castle. Apesar de Teresa estar apenas alegrinha, ela resolveu dar uma caneca de café forte para a tia de Kate. Não queria ouvir sermão do filho. Além do que todo o proposito dessa noite em família era para abrir uma oportunidade de conversa entre tia e sobrinha. Estar bêbada estava fora de questão.

Castle foi o primeiro a chegar em casa. Encontrou as duas conversando no sofá, comentando algum programa de moda na televisão. Felizmente, o café ajudara Teresa a sentir-se mais desperta e Castle não notou nada de estranho com a visita.

- Olá, queridas damas. Como foi seu dia no spa?

- Relaxante. Estava precisando de um tratamento a minha altura.

- Interessante é o mínimo que vem a minha mente agora, kiddo. Onde está Katherine?

- A caminho, ela me ligou a pouco. Jim irá nos encontrar lá. Está finalizando um processo que terá que defender na segunda-feira.

- Vocês adoram trabalhar em um sábado! Não consigo entender.

- Somos um pouco viciados em trabalho, na verdade não passa de risco da profissão. Escritores, policiais, PI´s, nossos horários não são como de outros profissionais. Ninguém avisa a hora que vai morrer ou matar alguém e a inspiração vem para nós a qualquer momento. O caso de Jim é apenas responsabilidade mesmo.

A porta do loft abriu-se. Kate chegava com um calhamaço de papel nos braços. Deviam ter pelo menos uns cinco casos ali.

- Hey!

- Isso ilustra parte do que estava dizendo, só que nesse caso é um exemplo típico de “tal pai, tal filha”.

- Do que você está falando?

- Trouxe papelada chata para casa, amor? Ainda não morreu de tédio?

- Tenho que revisar esses casos para uma reunião no 1PP na segunda-feira, imaginei que como você estará escrevendo é uma forma de adiantar o trabalho sem atrapalhar o gênio escritor...

- Há! Ela te pegou nessa, kiddo. Agora não só terá que escrever no fim de semana como não pode reclamar depois de um elogio desses.

- Touché! – Castle falou e viu a mãe piscar para a esposa – definitivamente é um complô. Acho que está na hora de aumentar a população masculina nessa família.

- Um bebê, Castle? – disse Teresa – você não cuida nem de si mesmo, como vai criar uma criança?

- Caso não tenha notado, eu já criei um bebê, Teresa – ela deu de ombros. Kate aproveitou para implicar.

- Tenho uma ideia melhor. Alexis anda flertando com um rapaz da Starbucks, talvez possamos traze-lo aqui em casa para somar ao seu time...

- Hahaha... estou rolando de rir. Você sabe muito bem que não estava falando disso – Kate não viu, mas Martha pegou Teresa sorrindo diante da colocação da sobrinha. Era um bom sinal – vamos mudar de assunto antes que eu me arrependa. Todos prontos para sair?

- Não, me dê uns minutos. Quero trocar de roupa, ajeitar o cabelo e retocar a maquiagem.

- Você está linda, amor. Não precisa de nada mais...

- Castle, somos mulheres, sempre precisamos de algo mais – disse Teresa sorrindo para a sobrinha. Kate espantou-se com o gesto, suspirou. Havia esperança enfim. Quinze minutos depois, eles deixavam o loft.


The Old Haunt


Castle acomodou-os em uma mesa grande e reservada bem próximo ao bar. Como anfitrião, apresentou os seus convidados ao barman, mesmo que Tim já conhecesse a família. A única estranha era Teresa. Ele sugeriu um bom Bourbon de doze anos. Castle, Martha e Kate acataram a ideia. Tia Teresa queria outra coisa.

- Tim, você sabe preparar um bom martini? Como os do 007?

- Claro que sim. É um dos drinques preferidos do Mr. Castle. Vou trazer um especialmente para a senhora – Martha deu de ombros, pelo menos não estava fazendo cara feia ou falando mal do bar. Novamente, Castle e Beckett se surpreenderam com o próximo comentário da tia.

- Estava esperando uma espelunca quando você me convidou para vir ao seu bar. O lugar tem um certo charme. Gosto do estilo. Lembra os tempos de vanguarda.

- Que bom que pudemos lhe surpreender no bom sentido, Teresa. Esse lugar tem bastante história – então, ele contou como conhecera e adquirira o bar. Ela parecia interessada especialmente após estar com o seu drinque em mãos. Engajaram em uma conversa sobre os anos 30 e quarenta. Ela já estava no segundo copo. Jim logo se juntou a eles. Pedindo licença, Kate comentou que ia ao banheiro. Martha aproveitou para acompanha-la. Sozinhas, Kate se sentiu à vontade para perguntar sobre a experiência da sogra com a tia.

- Martha, eu espero não ter causado muito problema para você com minha tia. Sei que ela pode ser bem difícil as vezes, eu mesma não sei lidar com o comportamento dela.

- Katherine, eu estava esperando uma tarde tediosa, ouvindo muitas lamúrias ou mesmo sua tia dissertando sobre o quanto ela é superior e daí para pior. Tirando alguns comentários desnecessários sobre você e Richard, eu acabei descobrindo que você é ou já foi bem parecida com ela.

- Como assim, Martha?

- Sua tia, esse comportamento é um mecanismo de defesa. Ela está triste, carente, você a fez perceber que errou. De uma forma dura, reconheço, embora necessária. Ela tem orgulho de você, kiddo. Dê uma chance para que ela lhe mostre isso.

- Orgulho de mim?

- Sim. Apenas observe-a durante a noite. Vocês vão achar um tempo para conversar. Só temos que ficar de olho na quantidade de martinis que ela tomar.

Elas retornaram para o salão. O copo de Teresa estava cheio, o que indicava um novo drinque. Castle pediu para o chef preparar asinhas de frango, queijos e alguns antepastos para comerem com pão italiano. Kate saboreava seu Bourbon sentada ao lado do marido. Tia Teresa conversava alegremente com Tim. Até o irmão estava impressionado com o fato dela não estar alfinetando ninguém. Pelas contas de Martha, esse já deveria ser o quarto copo. Ia começar a ficar alegrinha.

Não deu outra. Começou a contar ao barman da sua vida em Los Angeles, as festas que costumava frequentar com o marido. O glamour, as roupas. Falava que os nova-iorquinos só pensavam em trabalho. Ganhar dinheiro, fazer fortuna. Não apreciavam o lado bom da vida. Virou o quinto copo de Martini, ria de seus próprios comentários.

- Esse pessoal de Manhattan só quer enriquecer. Ficam velhos e morrem estressados. Ataque do coração como meu amado Robert. Ah... são tão bregas. Não sabem viver com glamour. Se entopem de comida gordurosa... ficam ricos e gordos! – gargalhava – vê seu patrão? Rico e gordo...

- Castle, acho melhor mandar Tim não servir mais drinques para a tia Teresa, ela está bêbada e vai começar a falar besteiras. Você não vai querer que fale de nós para os seus empregados, vai? – Beckett comentava já pensando que a noite provavelmente não terminaria como ela esperava, do jeito que bebera, como iria fazer a tia escutar seu pedido de desculpas? – o que será que deu nela para beber assim?

- Acredite, Katherine, ela estava precisando.

- Tiiimmm, me sirva mais um Martini. Três azeitonas – ele obedeceu – ah... isso é que é homem.

- Melhor eu resolver logo isso – Castle se aproximou do balcão fazendo sinal para que não servissem mais bebidas a Teresa. Kate não se segurou e acompanhou o marido. De alguma forma, ela queria evitar que a tia causasse um vexame para si e para eles.

- Tim, você é muito bonito... – esticou a mão tocando o abdômen do rapaz – hummm, tanquinho. Você sabe se cuidar. Minha sobrinha podia ter alguém como você ou minha filha... Kate prefere os ricos e gordos – obviamente Beckett ouviu porque estava do lado da tia - mas eu posso alegrar você, Tim... – ela o puxou pela camisa e tascou um beijo nos lábios do rapaz. Atônito, a única coisa que pode fazer foi recuar – vem cá, Tim... carpe diem!

Kate segurou a tia pelos braços.  Castle retirou o copo de bebida da frente dela. Teresa não estava disposta a ceder mesmo com o pedido da sobrinha.

- Acho que já podemos ir. Chega por hoje, tia.

- Quer me largar, Kate? Estou falando com o Tim. Quero conversar... cadê minha bebida? Tiiimmm... você é charmoso, atlético. Minha sobrinha não quer você, mas eu quero.

- Tia, por favor, a senhora está bêbada. Amanhã vai reclamar de tudo isso.

- Não estou bêbada! Estou curtindo a vida... estou feliz. Não posso?

- Tia Teresa não é isso... eu só acho que você exagerou um pouquinho na bebida, pode passar mal – nesse instante, Teresa escapa dos braços de Kate coloca as mãos na cintura e encara a sobrinha.

- Qual é o seu problema? Só você pode ser feliz, Kate? Só você pode ter o marido perfeito, o apartamento, a carreira? Além de linda, tem amor e dinheiro. Parabéns para você, sobrinha. Eu também queria estar feliz, queria que precisasse de mim. Quando olho para você, vejo que venceu sozinha e eu....eu falhei... – Teresa começou a chorar – você nunca precisou de mim... e minha filha me odeia... e-eu falhei – as lágrimas escorriam pelo rosto. Castle amparou-a ao vê-la tropeçar ao tentar dar alguns passos na direção da sobrinha – por que você não mentiu para mim, Kate, eu queria ser uma boa mãe...

- Shhh... tudo bem, tia – ela se aproximou segurando a tia – eu e Castle vamos lhe levar para casa.

- Martha.... ela é diva. Criou um príncipe... gordo, mas um príncipe. Martha, vamos beber champagne!

- Em casa, Teresa. Tomamos champagne em casa.

Tia Teresa sai quase carregada do bar. Jim e Castle lidavam com o peso morto. Kate era quem dirigia com Martha ao seu lado. Ao chegarem no loft, os homens tiveram a missão de subir as escadas com ela. Kate se encarregava de trocar sua roupa para dormir. Quando Martha entrou no quarto trazendo uma caneca de café bem forte, Teresa sorriu.

- Nossa champagne, Martha!

- Não dessa vez, Teresa. As divas precisam de café antes de dormir. Tome, vai se sentir melhor.

- Café... sim, café é bom – ela tomou alguns goles até consumir metade da xicara – sono... estou com sono. Cadê o Tim, Martha? Carpe diem...

- Ela vai apagar – comentou Martha – saberemos o estrago pela manhã.

- Estou orgulhosa... Kate é linda, não Martha? Minha sobrinha é linda e feliz. Castle ama minha sobrinha. Johanna deu sorte... eu não... sono... quero mais champagne... – virando-se para o lado, apagou. Kate e Martha trocaram um olhar. Abraçando a nora, desceram as escadas.

- Ela dormiu... nem quero imaginar a ressaca amanhã. E Katherine? Você ouviu o que ela disse. Bêbados não mentem - Kate suspirou.

- Vamos dormir. A noite não chegou nem perto do que eu estava imaginando...

- Eu que o diga! – afirmou Jim - quer uma carona, Martha?

- Por que não? Boa noite, meus queridos. E boa sorte amanhã com a ressaca – assim que a porta do loft fechou, Kate jogou-se nos braços de Castle.

- O que foi, amor? Nossas experiências com sua tia não estão muito boas.

- Apenas me abrace... – ela apertava-o forte querendo fazer o momento durar – ela sente orgulho de mim, Castle. Ela não me odeia.

- Ela nem poderia, Kate. Isso que é uma virada na história. Teresa precisou ficar bêbada para dizer o que pensa de você realmente. Como escritor não previ isso – ela riu – vamos, precisaremos de todas as nossas forças amanhã. Ressaca e DR são alguns dos itens no nosso menu. Nunca pensei que você dizer isso, mas graças a Deus só resta mais um dia.



Continua....

4 comentários:

cleotavares disse...

Tia Teresa tarada, agarrando o Tim, kkkkk.Eu sou tão coração mole, que já estou com peninha dela.

Unknown disse...

Tia Teresa super altar kkkkk , danadinha ... Karen sinceramente você é a melhor Cada vez que leio uma for sua me surpreendo ... Obrigada por existrir e escrever ...❤❤❤❤ Sou sua fã!

Unknown disse...

*Fic

Unknown disse...

Tia Teresa super altar kkkkk , danadinha ... Karen sinceramente você é a melhor Cada vez que leio uma for sua me surpreendo ... Obrigada por existrir e escrever ...❤❤❤❤ Sou sua fã!