Nota da Autora: Demorou, mas a fic está de volta. Já vou aproveitar para avisa-las que a partir de agora, vocês verão a história tomar uma conotação diferente do que vimos na temporada. Estamos entrando em um terreno perigoso, de analises psicologicas e propício angst que se desencadeará pela frente trazendo Dana como uma personagem mais presente. Todos sabem o que acontece no 47 segundos, porém na minha fic, eu ainda vou apresentar outro plot antes de entrar naquele momento crítico da S4. Esse é o episódio duplo, a primeira parte dele. Enjoy! (E não odeiem a escritora...)
Cap.54
No dia seguinte, ela reparou que tinha uma
ligação perdida de Dana. Nem se preocupou em retornar porque sabia que a
terapeuta ia cobrar dela o motivo por não ter isso a sessão. Poderia aguentar
mais uns dias. Na delegacia, um novo caso surgira. O mais interessante era que
ela ainda se pegava pensando no último. Como tinha o relatório para fazer,
pediu para Esposito e Ryan assumirem a investigação e a chamassem se
precisassem de um par de olhos mais tarde.
Sentada a sua mesa, ela começava a redigir
o texto. Lembrando da história do diário, ela se viu folheando o caderno em
busca do conto que Castle transformara em algo tão interessante quanto um
enredo de filme noir. Ela podia ver porque o escritor chegou a usa-los como
personagens principais. Ele certamente poderia transformar isso em um
best-seller. Outra lembrança veio a sua mente. A noite anterior. Não somente os
beijos de Castle, mas principalmente o que ele dissera sobre o whisky. Agora
entendera quanto mal fizera a ele ao pedir que se afastasse. As vezes não
entendia porque ele continuava ao seu lado.
Sorriu. Não seja idiota, Kate. Ela dizia
para si mesma. Está ao seu lado pelo mesmo motivo que bebeu. Amor. Será que a
próxima vez que bebessem aquele whisky seria celebrando a vida como fizeram ou
o amor?
Não sabia. E a cada dia que passava, ela
estava ficando mais confusa quanto ao seu relacionamento com Castle. A tal
parceria com benefícios. Isso de certa forma estava mexendo com sua terapia,
seu tratamento, podia sentir isso. As vezes tinha raiva de sua mente. Ela era
capaz de trai-la muito facilmente. Em um momento, estava pensando na confusão
que sua relação com Castle estava lhe causando e no momento seguinte, ela
estava pensando nele. Mais precisamente na canção que ele assobiava quando
voltavam para casa.
Foi assim que Castle a encontrou. Com o
olhar sonhador e perdido fitando o diário de Joe recordando a cena da noite
anterior.
- Ora, ora se não é a detetive Beckett se
deliciando com a história do detetive particular... rendeu-se ao diário? – ela
não respondeu – hey, terra para Beckett... – ele colocou o copo de café na
frente de seus olhos. Ela ergueu a cabeça.
- Oi, Castle. Bom dia.
- Por favor, me diga que você estava
viajando na história de Joe, imaginando os cenários....
- Não, estou fazendo meu relatório –
bebericou o café.
- Parecia mais no mundo da lua para mim, não
temos um caso? – ele a viu levantar a sobrancelha – para investigar, detetive.
- Esposito e Ryan tem um caso, eu tenho
papelada. Vai ficar do lado de quem agora?
- Beckett, você sabe o quanto eu valorizo
nossa parceria, quanto ela é importante para mim. Por esse motivo, eu irei
ajudar os rapazes porque se ficar aqui, apenas irei lhe atrapalhar, não sou bom
com burocracia. Você entende, não? De verdade, você continua sendo minha
parceira, eu só preciso ajudar os meninos. Eles não irão conseguir resolver
esse caso sem uma de nossas mentes brilhantes – ela estava rindo.
- Vai, Castle. Vai antes que eu me
arrependa.
- Obrigado. E se me permite acrescentar,
você estava muito bonita com aquele olhar sonhador, detetive – satisfeito pelo
elogio que fizera a ela, Castle foi se juntar aos meninos deixando Beckett
sozinha com seu relatório e seus pensamentos.
Alguns dias depois...
Beckett chegara ao consultório de Dana com
o caderninho azul nas mãos. Durante a noite anterior e todo o dia ponderou
sobre o assunto que queria conversar com a terapeuta. Obviamente, ela ia
perguntar da ausência da quinta passada. Talvez usasse esse tópico para iniciar
a conversa que queria ter. Ela já ia encontrar parte disso no caderno mesmo. A
secretaria fez sinal para que ela entrasse.
- Olá, Dana.
- Olha só! Quem é vivo sempre aparece. Por
onde você andava Kate? Correndo atrás de bandidos não era.
- Dana, por favor, faltei um dia de
terapia. Não é o fim do mundo.
- Não se durante a noite você estava
fazendo algo que pudesse ajudar no seu tratamento. O que você fez? – ela
ignorou a pergunta.
- Tome. Trouxe o caderno. Está completo
agora. Todo seu. Pode me avaliar a vontade.
- Obrigada. Vou lê-lo e te dou um feedback
nas sessões posteriores. Podemos começar? Você tem algum ponto especifico que
queira comentar ou posso escolher o que discutiremos hoje?
- Na verdade, eu tenho sim. Ainda está
relacionado com aquela nossa última conversa sobre a parceria com Castle estar
se tornando doméstica. Aconteceram algumas coisas que somente provam o que
estava contando a você.
- Como o que? – agora ela iria contar o
que estava fazendo.
- Continuamos domésticos. Quer dizer,
tivemos dois casos bem significativos. Um estivemos prisioneiros juntos
ameaçados de virar comida de tigre – Dana arregalou os olhos – é, não estou
mentindo. Depois do caso, eu não sei o que aconteceu comigo, talvez a culpa
fosse da adrenalina, do medo de quase ter sido mordida por um animal selvagem –
ela contou a maioria dos detalhes do caso para Dana - O fato era que eu não
conseguia dormir. Eu fechava meus olhos e não via outra coisa além do tigre. E-eu
fui até o apartamento dele. Pedi para dormir lá.
- Você foi até o loft porque não conseguia
dormir. Por que eu acho que está faltando um pedaço da história? Você tinha
outra intenção, não? O que era? Seja franca, Kate. Posso ver nos seus olhos que
não está sendo totalmente sincera.
- Tudo bem. Eu, bem, fazia algum tempo que
nós não... a parceria e você mesmo falou, necessidade básica e...
- Você arranjou uma desculpa para dormir
com Castle?
- Não! – ela olhou chateada levantando-se
do divã só pelo comentário da terapeuta – não foi uma desculpa! Aquele tigre,
ele me assustou. Eu estava com medo de sonhar com aquilo e ainda tinha o lance
da PTSD e...
- Kate Beckett! Você continua mentindo!
Você só queria ficar com Castle!
- Não! Sim! Quer dizer, não foi isso... –
ela suspirou e tornou a sentar-se – olhe, não estou mentindo quanto ao tigre, a
parte que não estava contando era que eu também queria aproveitar um tempo com
Castle. Eu meio que prometi uma segunda tentativa com as algemas... mas, uma
vez lá as coisas se moldaram, era como se tivéssemos tendo uma noite normal de
casal, comemos e fomos para a cama. Dormir. E eu tive pesadelos! Com o tigre e
com Castle morrendo de novo como acontece devido a PTSD. Nós dormimos abraçados,
eu fiz café para ele. Quando vi, estávamos agindo como se aquilo tudo fosse
rotina. Até quando eu tentei mudar o foco para a tal parceria com benefícios,
nós tivemos alguns problemas...
- Mas conseguiram fazer sexo?
- Sim, conseguimos.
- Então, vocês não se tornaram um casal
casado a vinte anos que faz sexo uma vez por mês. Não entendo qual a sua
preocupação, Kate.
- Não consegue mesmo enxergar, Dana? Vou
lhe dar o outro exemplo – ela contou do caso da Borboleta Azul. Dana ria
imaginando Castle pensando neles como as personagens de 47. Isso daria um ótimo
livro – então ele me levou para o escritório e começou a falar sobre momentos
especiais, o whisky... não percebe? Dana, quando ele me falou de como eu o
magoei... mesmo assim, ele ainda gosta de mim, pensa em dividir aquelas
garrafas de bebida rara comigo. Não é apenas doméstico, sinto como se
tivéssemos cruzando uma linha, um limite. Não estamos mais vivendo a parceria
com benefícios, para Castle nós somos um casal.
- Para Castle ou para você?
- Isso importa?
- Levando em consideração que estamos aqui
para a sua terapia e curar seus traumas, claro que sim – Dana mexeu-se na
poltrona, estava prestes a jogar uma pequena bomba no colo de Kate. Sabia que
ia deixa-la ainda mais confusa, porém precisava que ela começasse a aceitar que
ela mesma cruzara a linha – certo, Kate. Eu vou lhe explicar exatamente o que
eu vejo como sua terapeuta e o que precisamos para que você de fato conclua o
tratamento.
Dana ergueu o caderno azul sacodindo na
frente de Kate.
- Eu vou ler esse pequeno tesouro e
voltarei a falar dele depois. Talvez você tenha alguma razão no que você esteja
sentindo. No que você descreve como doméstico. A verdade é que você e Castle
tem uma interação tão boa que mesmo a investigação de um caso pode ser intitulada
como algo trivial, rotineiro. Para mim, tem outro nome. A parceria de vocês
está tomando um outro rumo, sim continua tendo benefícios, porém está a cada
dia se moldando mais para um relacionamento. Por que você acha que isso está
acontecendo? Você chegou a ponto de pedir para dormir na cama dele, abraçados?
Definitivamente não é sexo casual ou amizade colorida...
- Está vendo? É exatamente disso que estou
falando. Não posso continuar isso. Era para ser algo sem significado,
necessidade apenas. Sexo por sexo.
- Kate, nós duas sabemos que isso não
funciona assim com Castle e você.
- Exatamente por esse motivo eu preciso pôr
um fim nisso. Meu foco deve ser em curar meus traumas, consertar meus
problemas. Só isso. E não passar duas horas de terapia falando de Castle.
- Sei... voltarei nesse ponto mais tarde.
Conforme eu havia dito, existem alguns meios de saber como evoluímos em relação
a terapia. No seu caso, basta responder a duas perguntas. Decidi que está na
hora de você conhece-las. Preparada?
- Espera, você está dizendo que se
responder essas perguntas o tratamento acaba?
- Se você as responder corretamente, sim,
seria o fim do seu tratamento e eu saberia que posso deixa-la seguir em frente
com sua vida – Kate suspirou. Em sua mente, ela estava inclinada a achar que
isso era mais um dos joguinhos de Dana.
- Certo, e quais são as perguntas? Talvez
essa seja nossa última sessão, afinal – Dana riu. A terapeuta tinha certeza que
não.
- A primeira pergunta que você deve estar
apta a responder é: você está pronta para contar a verdade sobre o seu atentado
para Castle? – ao ouvir a pergunta, Kate não pode evitar ficar boquiaberta por
uns instantes, Dana prosseguiu – a segunda pergunta é: Se eu aparecesse hoje
falando que tenho uma nova pista no caso do seu atirador que consequentemente a
levaria ao caso da morte de sua mãe e seu potencial assassino, o que faria?
Perseguiria a pista mesmo sabendo que isso poderia lhe custar a vida?
- Você... não... você está jogando! Não
pode me pressionar assim!
- Não estou lhe pressionando, Kate. Apenas
revelei duas perguntas que você deve estar apta a responder corretamente para
que eu declare seu tratamento como concluído. Vale dizer que não existe apenas
uma resposta correta.
- Não é justo... são perguntas difíceis.
- Eu sei, não espero que tenha respostas
agora. Mas, você pode pensar sobre elas. Dependendo de como me responda, posso
ter uma ideia de onde estamos em seu tratamento. Relaxe, não vá perder o sono
com isso. Trata-se do método que escolhi para trabalhar com você. O que me leva
de volta ao assunto que você levantou um pouco antes. Você disse que não devia
vir aqui e passar duas horas falando de Castle. Está errada. Uma de suas
perguntas está diretamente atrelada a ele. Falar de Castle irá ajudá-la a
responder à pergunta. Não está perdendo tempo com isso, está se ajudando a
descobrir o lado pessoal e afetivo de Kate Beckett.
- Você me manda relaxar... acabou de jogar
um quilo de dinamite em cima de mim...
- Não falei nada do que já não houvéssemos
discutido antes. Você mesma entendeu que seu tratamento é baseado em si
descobrir e deixar o peso do assassinato da sua mãe para trás. Estou apenas
mostrando o caminho para você alcançar a sua meta. Disse que precisa focar, eu
concordo. Precisa focar especialmente em seu interior, no que você quer, no que
seu coração está lhe dizendo.
Kate passou as mãos pelo cabelo soltando
um longo suspiro.
- Acho que terminamos por hoje. Muita
informação para ambos os lados. Prometo que na próxima sessão tentarei algo
mais leve. Também lhe darei uma resposta sobre o caderno, se é que já não fiz
isso hoje. Vá para casa, Kate. Descanse.
- Vou precisar de um analgésico. Minha
cabeça está latejando.
- Conheço um ótimo – disse a terapeuta
sorrindo. Beckett a olhou erguendo a sobrancelha – ora, detetive, não é porque
está confusa ou cansada do lado doméstico que não pode usufruir dos seus
benefícios! Não leve a vida tão a sério, Kate... esse conselho sempre é bom e
não é de minha autoria.
- Tchau, Dana. O único encontro que quero
hoje é com a minha cama – Beckett deixou o consultório. Dana ainda sorria.
Talvez tivesse forçado a mão, pressionado demais. Kate não gosta de decidir na
pressão. Caramba! Ela está totalmente entregue aos encantos de Castle, como não
consegue admitir que o ama? Muros, ela pensava que eram de concreto. Estão
parecendo de aço!
Mais tarde em sua cama, Kate rolava de um
lado para o outro pensando nas palavras de Dana. Aquelas perguntas eram quase
impossíveis de responder. De certa forma, ela estava pedindo para que respondesse
ignorando tudo que vivera até aqui, especialmente na NYPD. Sim, porque poderia
apostar que a resposta correta deveria ser esquecer, deixar para trás. Então,
ela não tinha direito de saber o que aconteceu?
E Castle... ela mesma não estava tornando
nada fácil para os dois. Seus últimos encontros eram provas concretas disso.
Ele estava mais do que envolvido, pensando no futuro deles como algo certo. Não
podia negar a si mesma que a cada dia percebia o quanto a proximidade entre
eles crescia. Não conseguia explicar como duas pessoas tão diferentes poderiam
ter tanta conexão, tanta cumplicidade. Isso é um problema. Quanto mais
insistisse nessa parceria com benefícios, mais forte seria essa ligação e em
sua mente, não ajudava a responder à pergunta de Dana. Por que ela fez isso?
Kate jogava o travesseiro contra o rosto
resmungando. Queria bater na terapeuta. Com custo, ela adormeceu.
Três dias depois...
Castle foi surpreendido numa cena de
crime. Não pela morte em si, pela presença de sua filha fazendo estágio com
Lanie. Aquilo mexeu com o escritor. Era quase que uma violação de seu
território sagrado. Beckett ficou surpresa com a declaração de seu parceiro.
- Meus mundos estão colidindo.
- Você quer dizer por causa de Alexis? –
Beckett perguntou concentrada em analisar algo no chão.
- Você sabia?
- Você vivia dizendo que gostaria de
passar mais tempo com Alexis, é a sua chance.
- Não assim. Isso é coisa minha. Coisa
nossa. É como misturar religião e política – Beckett olhou para ele surpresa – isso
seria igual eu aparecer na escola dela para dar aulas.
- Acho que você está exagerando – disse
ela sorrindo, estava gostando do rumo da conversa.
- E se eu não estiver? E se isso atrapalhar
a delicada sinergia de nossa parceria? E se acabar com a coesão da nossa união?
Viu, grande problema – na verdade, ela acabara de encontrar a pista que estava
procurando, porém as palavras de Castle não passaram desapercebidas por ela.
Novamente, a sensação de limite voltou a sua mente. Era disso que falava com Dana.
Melhor se concentrar no caso.
Seguindo o rastro de sangue, acabaram
encontrando o suposto assassino por uma câmera de transito. Prendê-lo foi
relativamente fácil. E estava com uma refém aparentemente. Chamava-se Thomas
Gage. Na verdade, o cara não existia e nem o morto segundo Lanie, para piorar o
corpo sumiu do necrotério. A vítima do sequestro confirmou que ele realmente
matara o cara. Havia algo muito estranho acontecendo e Beckett não sabia
explicar o que era. E nem poderia perguntar a Gage já que ele sumira do
distrito. Uma pilha de corpos estava sendo deixada por Gage ainda sem um motivo
concreto para Beckett.
Ao tentarem evitar mais uma morte,
chegaram tarde demais. Encontraram apenas o corpo. Ao vasculhar a casa, Beckett
percebeu que havia algo errado. Uma caneca de café ainda quente estava sobre o
balcão da cozinha. Tinha mais alguém ali. De arma em punho, ela retornou para a
sala onde deixara Castle encontrando-o com um saco preto no rosto. Sentiu o
cano da arma apontando para sua cabeça. Colocaram-lhe um saco também.
Quando retiraram os sacos de suas cabeças,
repararam que estavam em um elevador com uma espécie de segurança. Desciam
muitos níveis abaixo do solo. As portas finalmente se abriram e os dois foram
escoltados para uma sala muito parecido com um quartel general. Telões,
computadores e vários outros equipamentos de comunicação e rastreamento além de
muitas pessoas trabalhando.
- Rick Castle sem palavras. Deve ser a
primeira vez – disse a mulher sorrindo ao encontro deles. Beckett olhou
desconfiada. Quem era essa mulher?
- Sophia Turner...
- Olá, Rick! Bem-vindo a CIA. – sim, definitivamente
Beckett perdera alguma coisa. Ela os deixou esperando numa espécie de sala.
Castle estava maravilhado com tudo. Ele na CIA! Tanto que nem sequer prestara
atenção na pergunta que Beckett fizera. Visivelmente chateada por não ter o
controle e por ser a pessoa com menos informação, ela insistiu.
- Castle, você está evitando a pergunta.
Quem é Sophia Turner? Como a conhece?
- É uma longa história.
- Posso ouvir o resumo.
- Deixe-me contar a você – disse a mulher
entrando na sala com dois copos de café – faz quanto tempo? 12 anos?
- 11 e meio – a cara de Beckett não podia
ser mais feia. Ele lembrava do tempo?
- Rick e eu nos conhecemos quando ele estava
fazendo pesquisa para seu primeiro livro de Storm. Ele queria ter uma visão
mais próxima e pessoal da vida de agente da CIA. Então eu mostrei a ele –
Castle bebia o café, não queria falar nada. Obviamente, Beckett estava um tanto
surpresa e irritada naquele momento. Era interessante observar as reações dela.
- Você é Clara Strike, a Clara Strike dos
livros de Derrick Storm?
- Eu não diria que sou Clara Strike, mas
gosto de pensar que inspirei Rick de alguma forma – ela estava perplexa, Castle
sorria e definitivamente Beckett não sabia o que pensar, quer dizer, era
incrível. Ela admirava Clara Strike, mas daí a conhecer a mulher que a
inspirou? Havia um conflito interno no momento. Seu lado de fã colidia com seu
lado de musa. Sim, Sophia era uma das musas de Castle. O que claramente
indicava que ela não era a única.
- Isso é fascinante – Beckett usou um tom
irônico para a frase. Os dois pareciam ter esquecido que ela estava na sala por
alguns instantes. A irritação da detetive aumentou. Precisava agir – certo,
odeio interromper esse encontro, mas estamos sendo ilegalmente detidos, pelo
menos eu estou.
- Isso não é uma detenção. É uma
inquirição aprovada pela NYPD. Pode ligar para Ted McQuinn.
- O chefe dos detetives?
- Ele me garantiu que você nos daria
cooperação total. Preciso saber tudo sobre Thomas Gage.
- Não até você me dizer o que está
acontecendo aqui – sim, não ia ceder fácil a essa mulher. Viu o jeito como ela
olhou para Castle, estava querendo debochar dela? Beckett não sabia.
- Tudo bem. Só que estaremos falando de
informação privilegiada e confidencial relacionada com a segurança nacional. Se
revelar a alguém será tido como crime de traição contra os estados unidos,
punido por morte. Então, ainda quer saber? – aquela mulher estava lhe provocando,
pensou Beckett. Não daria o gostinho a ela.
Sophia contou a história de Gage e Beckett
conheceu sua vítima, um agente da CIA, por isso não existia. Gage estava
querendo iniciar uma ameaça catastrófica ao país, esse era o motivo que deviam detê-lo.
Nada disso realmente importava para Beckett. Não apenas o fato de não ter o
comando da situação a chateava, mas principalmente a presença de Sophia e a
forma como se sentia afetada por uma mulher do passado de Castle.
Ao receber uma ligação de Espo, Beckett
teve que atender no vivavoz. Não havia muita novidade exceto o nome pandora que
apareceu na agenda da outra vítima. Sophia explicou que esse era o codinome da
operação de Gage. Supondo que agora todos estavam na mesma página, ela pediu a
ajuda de Beckett para encontrar Gage. Como ele era um mercenário, não gostaria
de usar o FBI. A NYPD seria mais fácil. Eles se reportariam apenas a ela. Seus
telefones foram conectados a uma linha direta. Antes que pudesse responder à
pergunta de Sophia, Castle se antecipou respondendo pelos dois. Aquilo apenas
serviu para deixar Beckett mais irritada.
De volta ao seu carro, enquanto dirigiam
de volta para o distrito, Castle não parava de se empolgar com tudo que estava
acontecendo.
- Você percebe o que isso significa? Somos
espiões. Estou me sentindo em um filme de Bourne exceto que ele é o vilão e a
CIA são os mocinhos.
- Seria a primeira vez.
- Espere aí. Preciso ver o programa de
ligação direta que colocaram em nossos telefones – ele pegou os dois celulares
– ei, por que o meu é um botão do pânico?
- Acho que ela realmente te conhece bem –
pela primeira vez, ele percebeu que ela estava chateada. Apenas pelo tom de
voz.
- Certo. Você está chateada.
- Não estou chateada – negou rapidamente.
- Então, está o que?
- Estou um pouco desconfortável com a nova
estrutura de comando. Não gosto de guardar segredos do meu pessoal.
- Certeza que não é por causa de Sophia?
- Não! Por que seria?
- Ah, eu não sei. Talvez porque baseei uma
personagem nela.
- Não se ache, Castle. Não é uma honra tão
grande – queria morder a língua por falar uma bobagem dessa, é claro que esse
era um dos motivos que a chateavam. Isso e a suposta história entre eles.
Porque ficara bem claro que havia um passado para Beckett.
- Ótimo, porque ela está do nosso lado.
Estamos no mesmo time.
- E isso não te preocupa? Não acha que
isso afetará a coesão da nossa união? – ela não resistiu em usar as palavras
dele.
- Deixarei essa passar em nome da
segurança nacional.
- Acho que eu também – mas ela não
conseguia disfarçar completamente a ameaça iminente que Sophia representava
nesse momento. A grande pergunta que rondava sua mente era: por que? Não podia
ser ciúmes, podia? Não aguentou ficar calada – eu posso ter sido pega de
surpresa pelo fato de que você já pesquisou com outra pessoa.
Ah, então ele tinha entendido o que se
passava. Ela estava com ciúmes, embora não admitisse, Sophia a deixava
inquieta. Cabia a ele mostrar que estava preocupada à toa.
- Nunca foi do jeito que é com você e eu.
Apenas andei com ela por um tempo para dar autenticidade a Clara Strike. Foi
por um curto período, muito tempo atrás. E Nikki Heat? É uma personagem muito
mais complexa e ampla – ela olhou para ele como quem não queria acreditar – ela
é – isso fez Beckett sorrir, ele estava tentando agrada-la, o que era bonitinho
- E sou um escritor mais experiente, mais maduro – o olhar dela dizia
claramente “sério? ”, ele sorriu – uma das duas coisas.
A curiosidade atiçava demais a detetive
naquele momento.
- E quanto tempo durou? – agora Castle
parecia desconfortável. Beckett não deixou passar enquanto entravam no 12th –
um ano? Essa é sua ideia de curto tempo?
- Eu era jovem e ela tinha muito a me
ensinar – certo, isso não soara bem. Podia saber pela reação de Beckett que sorria
irônica.
- É aposto que tinha.
- Sobre o mundo obscuro da espionagem –
ele frisou. Ela virou-se para ele. Tinha que saber.
- Deixe-me perguntar isso, quantas
mulheres você semi-perseguiu em nome da pesquisa?
- É uma armadilha?
- Pensando bem, eu nem quero saber –
Beckett realmente se odiava por estar tão afetada por essa história. O problema
era que sua raiva de Castle era como ondas chegando a praia. Em um momento
estava no ápice, em outro ela curtia estar ao lado dele como no momento que se
negaram a contar para Gates o que estava acontecendo. Castle estava empolgado
por dizer que era confidencial seja para ela ou para os rapazes. Beckett ria
diante da situação. Esse jeito de moleque dele era encantador.
Decidiram voltar a cena do crime da outra vítima
de Gage para tentar descobrir algo mais sobre Pandora. Descobriram que o carro
dela era um Pontiac GTO e ficava estacionado próximo ao aeroporto de Newark.
Castle e Beckett foram até lá conferir se havia alguma ligação com Gage através
do carro.
Eles encontram o carro e Castle fica
impressionado com o conhecimento de Beckett sobre carros antigos. Ninguém
dirigia aquele veículo há algum tempo, mas claramente abriram seu porta-malas.
Havia marcas de dedos ali. Com a chave, Beckett abriu e se deparou com uma
maleta. Quando estava prestes a abrir, Castle queria impedi-la dizendo que não
sabiam o que tinha ali.
- Só há um jeito de descobrir.
- Não, estou falando que pode ser pandora.
Como a caixa de pandora. Abri-la pode liberar uma obra do mal eterna.
- Castle, isso é um mito.
- Estou falando metaforicamente. Gage
planeja um evento catastrófico, não? E se há uma máquina do juízo final na mala
que será ativada quando abri-la?
- E o marco zero é uma garagem em Nova
Jersey? Duvido.
- Eu só... – mas a teimosia de Beckett era
maior e abriu a mala. Dentro, havia uma espécie de telefone militar e
criptografado. Castle reconheceu o objeto. É equipamento de espião.
- Tracy veio aqui para fazer uma ligação e
aposto que o último número que ela discou ainda está no telefone.
- Fechem a mala e virem-se. Mãos erguidas
– eles obedeceram. Sabiam quem era.
- Gage.
- Armas e telefones no chão – Beckett não
estava a fim de cooperar. Ao apontar a arma para ele, Gage a surpreendeu
tirando-a de sua mão em um piscar de olhos – celulares no chão – ele destruiu
os telefones com os pés – receio que não gostarão do que acontecerá agora – não
iam mesmo. Gage os prendeu no porta-malas do carro.
Tentando fazer algo para libera-los,
Beckett conseguiu alcançar sua lanterna. Ligou-a e chamou por ele.
- Castle – ele estava fazendo careta de
olhos fechados tentando se colocar a frente dela – Castle, o que está fazendo?
- Preparando para te proteger de uma
rajada de balas.
- Isso é muito nobre, mas já pode parar.
Acho que ele já foi.
- Minha vida estava passando diante dos
meus olhos. Acho que perdi a noção do tempo.
- O que você sabe sobre travas de
porta-malas? – afinal, ele parecia ser dedicado a arte de brincar com cadeados
como ela descobrira ao estarem presos com o tigre.
- Bem, a má notícia é que esse não foi
feito para abrir por dentro.
- E a boa notícia?
- Dessa vez não estamos algemados um ao
outro – então ele também estava pensando sobre o mesmo assunto – é
surpreendentemente espaçoso aqui.
- Não tão espaçoso. Mais cedo ou mais
tarde ficaremos sem ar. Precisamos sair daqui.
- Talvez alguém nos encontre.
- Castle, estamos presos em um porta-malas
em um estacionamento de longo prazo. Levará horas até notarem que sumimos. Quem
você acha que vai nos encontrar?
- Só acho que, em situações como essa, é
importante ter fé – então ela entendeu.
- Você apertou o botão do pânico, não é?
- Se houve uma hora para pânico, foi essa.
- Eu estou...
- Você deveria me agradecer.
- Não! Eu não serei resgatada pela sua
namorada. Mexa-se, Castle.
- O que você está fazendo?
- Preciso chegar lá embaixo – ela se
debatia toda, empurrando-se contra ele até pegar uma das ferramentas para a
troca de pneus do carro, ao vê-la segurando o metal, ele se assustou, pensou
que ela bateria nele porque sabia que ela estava com raiva.
- O que você está fazendo? – quando ela
passou o metal rente a sua cabeça se debruçando sobre ele querendo alcançar a
área da fechadura.
- Estou perto?
- Mais para a esquerda... – Beckett
continuava mexendo o metal até ouvir um clique. O porta-malas se abriu – legal!
– do lado de fora, alguém já esperava por eles com capuzes. Novamente, foram
levados até o quartel da CIA. Quando Sophia se encontrou com eles, entregou a
arma a Beckett. Havia sido encontrada no estacionamento.
- Ótimo trabalho achando o carro. Pode ser
a pista que precisávamos – Sophia agradecia a Castle, ignorando a presença de
Beckett. Sorrindo, ele respondeu.
- Não posso levar todo o credito.
- Especialmente porque foi o detetive Ryan
quem o descobriu.
- O telefone é obviamente importante,
senão Gage não o teria pego.
- Tracy McGrath usou-o no dia que morreu.
Talvez ela ligou para alguém conectado a pandora – disse Castle.
- E Gage a eliminou e pegou o telefone
para eliminar as pontas soltas – bem ali, diante de seus olhos, Beckett viu a
mesma interação que ela tinha com Castle quando discutiam casos. Isso a quebrou
um pouco, sentia-se excluída, porém não estava disposta a ceder. Interferiu.
- O que ainda não explica onde Gage está
agora ou para quem Tracy ligou.
- Descobriremos quando rastrearmos a
ligação – disse Sophia com um ar presunçoso.
- Mas Gage levou o telefone – disse Castle
– como rastrear sem saber o número discado nem o dela?
- Usando os melhores brinquedos – ela
definitivamente atiçara a imaginação do escritor, deixando novamente Beckett no
vácuo. Observando a magia da tecnologia agir em favor não somente da
investigação, mas também de Sophia, Kate sentia-se mais desconfortável a cada
minuto enquanto Castle mais hipnotizado. Tudo isso gerou uma nova perspectiva a
investigação. Um cara que supostamente deveria estar morto. Dr. Nelson Blakely.
Ele criara modelos capazes de mudar a geopolítica usando sua teoria motriz.
Encontrar um acontecimento trivial que desencadearia algo maior. Bastava
derrubar o domino certo que o resto cairia. Conseguiram leitura labial.
- Me encontre na quinta as cinco da tarde.
Bispo A-5, bispo C-4, peão E-3.
- Movimentos de xadrez? – Castle
estranhou, mas o agente revelou que ele era um jogador de xadrez renomado.
Seria um código. Sophia delicadamente indicou que não podiam estar ali.
Aproximando-se de Castle, tocou seu casaco quase como num gesto de carinho.
- Muito obrigada pela ajuda. O agente
Jones mostrará a saída – Beckett observava a cena. Já não era desconforto ou
irritação, era um incomodo. Não apenas em relação a Castle, mas também quanto
ao seu próprio senso de justiça.
- Espere um momento. E quanto a Gage?
- Precisamos achar Blakely, ele é o elo
frágil.
- Certo, mas se souber algo sobre Gage,
avise.
- Claro, estamos juntas nessa – Beckett
dificilmente acreditava naquelas palavras. No elevador, Castle quebrou o
silêncio estranho que pairava sobre eles.
- Sabe o que eu acho? Que deveríamos
desvendar aquele código de xadrez.
- A CIA resolverá, Castle.
- Com o histórico deles? Não tenho tanta
certeza – olhou para o agente atrás deles – só estou dizendo. Se decifrarmos o
código, podemos salvar o país de um acontecimento catastrófico sem igual.
- Se quiser ir atrás de Blakely, vá em
frente. Sou uma detetive de homicídios. Preciso encontrar Thomas Gage e não
posso fazer isso obedecendo a Sophia.
- Como assim?
- Ele matou duas pessoas, Castle. Acha que
ela se importa? Não. Ela tem outros planos.
- Sim, como salvar o mundo. Estamos no
mesmo time.
- Não – era isso, não aguentava mais –
você está no time dela. Porque do jeito que olha para ela, com certeza não está
no meu – o agente não deixou que eles continuassem a discussão ordenando que
colocassem o capuz outra vez. Castle resolveu não continuar a conversa com
Beckett. Sabia que ela estava em um nível de irritação que poderia ser
prejudicial a ambos. Inventando a desculpa que precisava passar em casa, se
separou dela prometendo encontra-la mais tarde no distrito.
Claramente, Beckett entendeu a mensagem
como a deixa para que ele continuasse sua própria pesquisa sobre Blakely para
ajudar Sophia Turner. Ela não sabia dizer se isso a irritava ou se a deixava triste.
O que dizer de sua parceria agora? Ela chegou a comentar com Lanie o quanto ele
ficou chato nesse caso e que eles se desentenderam, tudo sem revelar o real
motivo. Claro que a história chegou aos ouvidos da mãe através de Alexis o que
deixou Castle ainda mais chateado.
Beckett procurava se concentrar no caso de
assassinato, porém usou o nome de Blakely pedindo para Esposito pesquisar
qualquer ligação com Tracy. E ele achou uma. Ela sabia da morte forjada. Quando
decidia qual deveria ser seu próximo passo, percebeu que não conseguia pensar
realmente. A ausência de Castle no distrito começava a perturba-la. Se ele foi
fazer sua própria pesquisa, será que escolhera contar também para Sophia?
Estava com ela nesse momento? Chateada, pegou a caneca vazia e saiu pisando
forte.
Beckett
se isolou na minicopa. Precisava de um tempo para si. Com uma caneca de café
nas mãos, ela andava de um lado para o outro bebericando a bebida claramente
chateada. A linguagem corporal indicava nervosismo e ansiedade. Não podia
negar, fora pega pelo bichinho do ciúme. O encontro com Sophia Turner e a
maneira como ela e Castle interagiram mostrou que a agente da CIA não era uma
pessoa qualquer na vida de Castle.
- Hey,
você vai acabar fazendo um buraco no assoalho. O que está te deixando tão
agitada? Seria o caso ou Sophia Turner?
- Por que
a CIA tem que se envolver no meu caso?
- Talvez
porque estamos falando de ameaça para o pais?
- Não,
Gage é um assassino. É um caso de homicídio. Por que a CIA?
- Gage
era um deles. Segurança nacional.
- Você
tem resposta para tudo? - perguntou visivelmente irritada.
- Ok... entendi. Acho que isso não tem a
ver com o caso. Sua raiva é porque foi impedida de investigar seu homicídio e
ainda é obrigada a não discutir o trabalho com a CIA com o seu pessoal. Na
verdade, estou começando a me questionar se isso tudo tem realmente a ver com o
caso.
- O caso já acabou. Tenho um homicídio
para resolver.
- E por que está irritada se a CIA já lhe
liberou? Isso não tem nada a ver com o caso. Você não gostou de ter que
obedecer a agente e manter o sigilo, a confidencialidade para o seu pessoal ou
no fundo, você não gostou de me ver trabalhando com Sophia? É esse o problema?
Você está com ciúmes da agente?
- Quem falou em ciúmes? Não é nada disso!
Não estou com ciúmes de você – mas estava e não era pouco, especialmente pelo
lance da musa.
- Certo, não vai admitir. Posso conviver
com isso... – ele tinha um sorrisinho maroto no canto dos lábios. Finalmente,
Beckett parou de andar e o fitou. A pequena veia na testa sobressaltada. Ela
ficava linda com raiva.
- O que você faz aqui? – Beckett perguntou.
- Encontrei algo. É sobre Blakely.
- Não devia contar para a Sophia? – ela
virou-se de costas para ele, deixando a minicopa de volta ao salão. Escorou-se
em sua mesa para fitar o quadro de evidências. Claro que ainda estava chateada
sem saber como lidar com tudo isso. Castle não se deixou intimidar com a
pergunta agressiva.
- Ela não é minha parceira. Você é – ela o
fitou. Sentou-se em sua cadeira. Os olhares fixos procuravam se entender.
Usando de seu cavalheirismo, ele perguntou - posso? – ela assentiu. Sentando-se
em sua cadeira cativa, ele colocou o tabuleiro de xadrez sobre a mesa de
Beckett e começou a explicar sua teoria – Bispo, bispo, peão. Sabemos que
Blakely era um renomado jogador de xadrez. Tracy também. Ela tinha um relógio
de xadrez. Mas esse posicionamento não faz sentido tático.
- Suponho que tenha uma teoria? – ela
olhava para ele quase sorrindo. Fora atingida pela baixa da onda outra vez.
- Não acho que as peças tenham a ver com o
jogo. Acho que Blakely deixou uma mensagem codificada para Tracy dizendo onde
encontra-lo. Talvez um lugar onde jogavam xadrez.
- Certo, pessoas jogam xadrez em parques. Central
Park, Washington Square Park… seriam bons lugares para encontrar alguém sem
chamar atenção.
- Exato. E se cada peça significar a
primeira letra de uma palavra? Bispo para B, peão para P.
- Ok, B e mais sete espaços pode ser
Brooklin. E Blakely ligou do Brooklin. BBP... Brooklin Bridge Park?
- O encontro é as cinco. Isso é em meia
hora. Se Blakely aparecer, poderemos saber o que é Pandora e acharmos Gage. O
que me diz? – obviamente, ela topou. Atravessaram a ponte e se colocaram em um
lugar estratégico do parque, diante de um tabuleiro de xadrez, frente a frente,
para esperar o tal professor.
- Blakely deveria estar por aqui agora.
Talvez ele saiba que Tracy está morta ou talvez Gage já o tenha matado.
- Escolho a audácia da esperança – disse
Castle – digo que ele estará aqui.
- Então não deveria ligar para Sophia? –
ela provocou.
- E parece um imbecil se eu estiver errado?
- Tenho que admitir que estou surpresa por
você nunca tê-la mencionado antes – porque ela continuava insistindo nesse
assunto que só a fazia ficar mais confusa? Droga de curiosidade!
- Não era permitido. Ela é uma agente
ativa da CIA.
- Sei.
- Se você quiser, responderei qualquer
questão que tiver sobre ela... qualquer coisa – sim, o olhar de Beckett mudou.
Por mais que quisesse saber, ela se fazia de durona. O simples fato de ele
estar aberto a falar sobre o assunto já era uma espécie de consolo. Educadamente
agradeceu.
- Não, obrigada.
- Tem certeza? – ele também sabia
cutuca-la porque aos seus olhos estava bem óbvio o que estava rolando na cabeça
da detetive.
- Tenho, não é da minha conta – e ainda
assim... queria tanto saber. Tanto.
- Certo, então encerramos o assunto.
- Ótimo – ela sequer olhava para ele com
medo de demonstrar o quanto estava sendo difícil concordar em não saber. Então,
Castle pareceu entretido no tabuleiro de xadrez. Ela tirou aquele momento para
olha-lo. Talvez se odiasse pelo que estava prestes a fazer, mas era mais forte
que ela. Mordendo os lábios, deixou a coragem falar por si.
- Então, quão próximos vocês eram?
Exatamente – ele olhou na direção dela, exceto que não estava realmente olhando
para Beckett.
- Ele está aqui.
- Vamos Castle, você disse que poderia
perguntar.
- Não, sério. Ele está aqui – Castle se
levantou. Ela fez o mesmo. Aproximou-se do homem carregando um tabuleiro de
xadrez.
- Dr. Blakely.
- Acho que me confundiram com outra
pessoa.
- Não, não há engano – disse ela mostrando
o distintivo.
- Como me acharam?
- Através de Tracy. Ela está morta.
- Se eles a pegaram, podem me pegar.
Precisamos sair daqui agora.
No carro de Beckett, Blakely conversava
praticamente sozinho. Beckett resolveu questiona-lo sobre Pandora. Ele pediu
para que ela o levasse ao píer 32. Insistia nisso. Prometeu que estando lá
contaria o que sabia. Castle queria saber porque ele fingira a própria morte.
Ele contou que brincou de Deus usando a agencia. Mas sua teoria motriz não considera
o custo humano. Por isso, morrera para renascer. Ele fizera boas coisas com a
ajuda de Tracy. Queria saber quem a matara. Beckett revelou que foi o mesmo
homem que tentava pegar Pandora. Tudo que disse era que isso era pior do que
pensara deixando Castle e Beckett no escuro. Ao chegarem no píer 32, Beckett
desligou o carro e o obrigou a falar.
Era o nome de um livro branco que ele
escrevera. Fora contratado para desvendar pontos fracos na segurança americana,
assim poderiam ser amparados, protegidos. Ele achar uma enorme vulnerabilidade,
uma teoria motriz atrelada a economia que poderia causar crise e devastação
além de tudo que já vimos. O efeito domino nunca terminaria segundo ele. Queria
saber quem o contratara, mas Tracy pesquisou e disse ser um beco sem saída.
Quem quer que seja tem o mapa para destruir o seu país agora.
- Dr. Blakely, quem é o motriz? –
perguntou Castle ainda alarmado com tudo o que ouvira. De repente, o homem
enlouqueceu e saiu do carro. Beckett gritava para esperar e voltar. Tarde
demais. No minuto que estava na frente do carro foi atingido. No segundo
seguinte, uma SUV bateu na traseira do carro de Beckett. Ela ligou o carro
tentando guia-lo. O carro os empurrava na direção do rio. Ela tentava fazer de
tudo para escapar, virar a direção.
- Segure-se, Castle! Segure-se!
- Beckett, não! Freie!
- Segure-se! –
estavam na beira do píer. Tarde demais para voltar – Castle! – e o carro caiu
na agua. Continua....
3 comentários:
Beckett com ciúmes e tao linda Kkkkkkkkkkk amei Ka como sempre nos surpreendendo parabéns miga cada dia que passa vc melhora as Fica já quero o próximo capítulo 😉
Hahahahaha! Amo a Beckett com ciúmes.
Ela com ciúmes é tão amorzinho dels 😍 Preocupada com o que é dela,sim Castle é inteiramente dela e ela sabe disso só não quer admitir!
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