quarta-feira, 6 de outubro de 2010

[Bones Fic] Six Months or a Lifetime? - Cap.7

Cap.7

Três dias se passaram e Booth não deu sinal de vida. Brennan seguia sua vida normal na medida do possível. Ela estava na sala de ossos quando Angela se aproximou.

- Hey, Sweetie... você nem me contou do seu almoço com Booth. Como foi?

- Foi bom, conversamos, comemos.

- E? Você usou seu charme?

- É, usei. Mas eu não sei, estou confusa. Tem horas que acho que Booth está cedendo, que existe algo ali e de repente ele não tá interessado e tudo que pensa é na nova namorada. Acredita que ela o fez acreditar que descobriu a torta preferida dele? Fui eu quem disse a ela!

- Bandida! E ele acreditou?

- Claro mas então contei a verdade, odeio gente que tira vantagem sobre os outros. E agora ele sumiu em parte porque eu acabei falando pro Sweets que ele estava perdendo a identidade por causa dela. Sweets, obviamente concordou comigo e acredito que Booth ficou irritado por isso. Eu acabei despejando um caminhão sobre ele, não o culpo de não querer falar comigo.

- Oh,Bren, não fique assim. O Booth está deslumbrado acho que deve ser porque ficou muito tempo sozinho no Afeganistão e talvez após conhecer a tal Hannah acha que encontrou a tábua de salvação dele. Acredite não aprovo mesmo o comportamento dele com todos nós especialmente com você só que ainda acho que ele vai cair em si. Duvido que ele já tenha te esquecido, ninguém precisa me provar, eu sei que você é o grande amor da vida dele.

Brennan sorriu e apertou a mão da amiga.

- Só você mesma Angela pra aturar toda essa situação em que a coloquei.

- Bren, sou sua amiga devo te acompanhar no melhor e no pior sei que você faria o mesmo por mim. Promete pra mim que não vai ficar ai pelos cantos tristonha?

- Tudo bem.

Infelizmente para Brennan não era tão fácil manter-se em aparências como antes. Ficar distante de Booth por tanto tempo afetava seu jeito de agir, uma coisa era disfarçar ao lado dele outra era não ve-lo e fingir que aquilo era normal. Já escutara uma vez que o tempo é o senhor da razão, o engraçado era que no caso dela o tempo estava provocando o efeito contrário. Em vez de ficar mais serena, racional e esquecer, ela estava mais nervosa, emotiva e era impossível não se lembrar dele de vez em quando. E assim, mais uma semana foi embora.

Brennan passava a maior parte da noite lendo ou pensando nele. Outra noite, colocou o porquinho que ele lhe dera Jasper na cabeceira. Ela sabia que essa não era ela, mas como explicar o motivo dessa mudança? Odiava ceder a coisas triviais, fúteis como ela já classificara no passado porém naquele momento era tudo o que ela tinha.

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Era fim de tarde no Jeffersonian, Brennan estava sentada na sua mesa escrevendo um pouco do seu livro. Depois de algumas palavras, a concentração sumiu. Ela empacara numa parte da história e não conseguia prosseguir. Suspirou. Abriu a primeira gaveta e examinou, sabia que estava lá em algum lugar. Depois de vasculhar, encontrou o que procurava. Ela se encostou na cadeira com o objeto na mão. Sorriu ao lembrar da história que contara a Booth. No fundo, ele a surpreendera ao lhe dar o bonequinho do Smurf Gênio. Brennan segurava o boneco com o polegar e o indicador. Estava vagando lembrando dos seus tempos de escola e do tal baile fictício que havia participado no ano passado. Fechou os olhos acariciando o boneco nas mãos foi tão bom dançar com ele!

Cam entra no laboratório de Angela, o semblante preocupado.

- Ah, oi Cam. Já estou de saída, estou morrendo de sono!

Ao olhar para o rosto de Cam, Angela perguntou.

- O que foi? Aconteceu alguma coisa?

- É, acho que está sim. Eu fui até o escritório da Dr. Brennan para saber se ela iria demorar ainda hoje e avisar que já estava indo então nem tive coragem de entrar. Ela estava na mesa dela, encostada na cadeira com um boneco na mão de olhos fechados e tive a impressão que sorria. Isso não é normal.

- Cam, acredite. Isso é o comportamento de uma pessoa normal e para a Brennan estar agindo assim você e eu sabemos exatamente a explicação lógica disso não?

- Booth.

- Exatamente.

- Ela realmente está apaixonada por ele?

- O que você acha?

- Eu sinceramente não tenho intimidade com a Dr.Brennan para ajudá-la mas você sim. Infelizmente, eu já conversei com o Booth e ele não me deu ouvidos, e olha que falei só de amizade.

- Cam, acredite você não foi a única que tentou. Por enquanto, vou segurando as pontas.

As duas caminharam até o escritório e viram que Brennan continuava do mesmo jeito. Dessa vez porém, ela além do smurf, estava olhando para uma foto. Provavelmente dele pensou Angela.

Angela sorriu e saiu. Cam foi atrás dela.

- Hey, você não vai falar com ela?

- Não, ela está curtindo um momento, lembranças.

- Mas Angela...

- Deixe Cam, se ela precisar de mim eu vou saber. Meu deus, preciso dormir!

No dia seguinte, Booth liga para Brennan.

- Preparada para mais um caso?

- Claro! O que você tem?

- Cadáver no dormitório de um colégio interno para meninas.

- Ok. Quando começamos?

- Em quinze minutos passo aí.

Eles foram juntos até o colégio e examinaram a cena do crime.Brennan não estava muito convencida de que era um assassinato, tudo parecia apontar para suicídio. Como tirar conclusões precipitadas não era de seu feitio, pediu para que o corpo fosse levado ao Jeffersonian. Questionaram as amigas da vítima e descobriram que a garota que dividia o quarto com ela pediu transferência a um mês. Como o corpo estava em bom estado, Cam poderia fazer um autópia, haviam ossos expostos e o tempo da morte estava estimado em uma semana justamente o tempo que a escola permaneceu fechada para resolver um problema nas instalações elétricas. De alguma maneira a vítima não deixou a escola.

- Bem estranho ninguém sentir falta da garota.

- Ela se dava bem com as demais meninas inclusive com a antiga colega de quarto, qual o motivo dela pedir transferência?

- Segundo a supervisora a mãe estava doente e ela não queria deixá-la sem amparo. Mudou para uma escola regular. Segundo Amy a loirinha que interroguei elas se davam muito bem mas Julie tinha problemas com solidão, era somente ela e a mãe tinha um irmão que faleceu aos 12 anos, acidente de carro e parece que Julie nunca superou.

- Isso tá parecendo cada vez mais um suicídio. Melhor eu checar no laboratório.

- Ok, te deixo.

- Como vão as coisas Booth?

- Tudo bem e você?

- Está tudo bem.

Brennan notou que ele não usava o cinto mais uma vez mas resolveu não comentar já que da última vez isso acabou em discussão.

- Assim que tiver os resultados da causa da morte te procuro no FBI.

- Ok. Vou fazer uma pesquisa no passado da Julie e da família. Também vou checar a colega de quarto. Te vejo depois, Bones.

Na manhã seguinte, Brennan e Cam concluíram o caso. Ela tivera razão desde o início. Pegou os relatórios e resolveu ir ao o FBI levar o resultado a Booth. Ela andava pelos corredores e sentia os olhares sobre ela. Estava com uma saia verde-esmeralda até o joelho deixando as pernas torneadas a amostra e para completar,uma blusa preta com decote em V. Ao chegar na sala de Booth porém a cena não foi nada agradável. Booth estava aos beijos com Hannah, ela estava sentada no colo dele muito à vontade. Brennan fechou os olhos e respirou fundo escondendo-se encostada a parede do lado de fora. Precisava tomar coragem para encará-lo. Contou até 10 para recuperar sua força e controle então bateu na porta.

- Com licença...

Booth quebrou o beijo e arregalou os olhos. Assustou-se em vê-la ali. Hannah se levantou rapidamente.

- Olá, Dr.Brennan.

- Oi, Hannah.

- O que faz aqui Bones?

- Vim trazer a causa da morte e o resultado do caso.

Ela sentou-se na cadeira em frente a mesa. Cruzou as pernas. Hannah percebeu que a atenção de Booth mudara, seja pelas notícias de trabalho ou pela presença e pelo decote da parceira. Não satisfeita com a situação resolveu fazer algo antes de sair.

- Eu vou te deixar trabalhar um pouquinho, ok amor? Mas vê se termina rápido estarei te esperando...

Ela inclinou-se sobre ele e tascou um beijo nele tirando sua atenção. Quebrou o beijo e sorriu.

- Tchau Dr.Brennan. Te vejo mais tarde amor...

Booth se ajeita na cadeira meio desconfortável. Brennan estava com os braços cruzados sobre o peito o que fazia seus seios realçarem com o decote. Tinha cara de poucos amigos.

- Será que podemos voltar ao trabalho?

- Er... claro.

- Como eu ia dizendo antes de ser interrompida, terminamos a análise do corpo da vítima e chegamos a conclusão que Julie realmente se matou. É triste o que a depressão causada pela solidão pode fazer com uma pessoa especialmente com alguém tão novo. Julie tinha apenas 17 anos.

- Sim, concordo. Teremos que contar a mãe.

- Acho que ela nunca superou a morte do irmão. Entendo o que ela passou.

- Você entende Bones?

- Sim, entendo. Eu fui separada do meu irmão muito nova, fiquei sem família morando em lares adotivos, convivi muito tempo com a solidão e não é fácil, principalmente quando as pessoas não te compreendem.

- Ah, você tem razão.

- Sei que tenho. Só não esperava passar por isso novamente.

Ela se levantou e entregou o relatório a ele.

- Você pode contar a mãe? Eu tenho que ir e além disso eu não me sinto adequada para presenciar o que essa mãe vai sentir ao saber que perdeu a filha.

- Bones, o que deu em você? Todo esse sentimentalismo?

- Solidão, perda e irmãos não é uma combinação que me agrade, você sabe, pelo meu passado.

- Onde você vai?

- Encontrar uma pessoa.

Booth a olhou de cima a baixo.

- Um encontro?

- É posso dizer que sim. Vou indo. Tchau Booth!

Ele a acompanhou com os olhos até ela desaparecer da sua vista. Será que Bones está namorando? De repente, ele ficou zangado. Ele não podia sentir ciúmes de Bones agora, podia?

Brennan saiu chateada, não gostava de mentir mas a cena com Hannah estava entalada na garganta e falar de um suposto encontro foi tudo que veio a mente dela naquele instante.

Dois dias depois, Brennan estava de saída do trabalho quando o celular tocou.

- Brennan.

- Oi! Onde você está Bren?

- Saindo do trabalho.

- Preciso falar com você.

- Ok, te espero no dinner.

- Não, posso ir na sua casa?

- Claro, 30 minutos?

- Me dá uma hora, quer alguma coisa?

- Traga comida chinesa.

- Ok, vejo você logo.

7:15 pm

Angela estava sentada no sofá esperando Brennan se servir da comida na cozinha. Ela voltou trazendo o seu prato e a salada de Angela. Colocou a garrafa de vinho na mesa.

- Desculpe Angie mas eu estou faminta. Acabei não almoçando hoje.

- Que isso!

- Tudo bem, o que é tão urgente que você não pode me contar por telefone?

- Na verdade, não é urgente. Só acho que o assunto merecia um encontro face a face. Preciso de sua total atenção então vamos terminar de comer ok?

- Ok. Você está me deixando curiosa!

Ela riu.

Comeram em silêncio por 15 minutos. Assim que terminou, Brennan encheu novamente o copo com vinho e encostou-se no sofá.

- Pronto, sou toda ouvidos.

Angela sorriu. Tirou das mãos dela a taça e colocou sobre a mesa. Entrelaçou suas mãos as dela.

- O que foi , Angie?

- Sweetie, eu tenho novidades e você deve ser a primeira pessoa a saber.

- Coisa boa espero porque já chega de novidades bombásticas! Ainda não me recuperei da última!

- Acho que nenhum de nós se recuperou ainda... e nem sei se vamos. Mas é algo bom. Bren, você sabe que é muito importante na minha vida certo?

- Claro! Da mesma forma que você é pra mim. Você é a irmã que eu não tive, minha melhor amiga e irmã de coração. Você sabe que te amo não?

- É claro que sim! É por isso que não poderia deixar de contar a você. Bren, eu estou grávida!

- Grávida? Oh, Angie!

Ela abraçou a amiga com força. Beijou-a.

- Um bebê! Que notícia maravilhosa! Você deve estar muito feliz.

- Sim, estou. E você é a primeira a saber. Não contei pro Jack ainda.

Ela voltou a beijar a amiga sorrindo.

- Por isso você não tomou o vinho.

Angela assentiu com a cabeça. Brennan pegou o copo novamente e ergueu na frente da amiga.

- Parabéns, Angie! Que você e Hodgins sejam muito felizes como pais. Uma família... você está formando a sua família....

Aquela palavra mexia com ela. Família. De repente, Brennan se sentiu sozinha. Virou o copo de vinho e ficou olhando pro nada.

- Hey, o que foi?

Ela tornou a olhar para a amiga. Angela pode perceber os olhos umidecidos.

- Ah, Angie, desculpe. Eu estou feliz por você, de verdade. vou adorar ter um bebê por perto. O problema é que eu acabei de perceber o quanto mudamos num intervalo de pouco mais de um ano. Você casou, está grávida, formando uma família. Cam tem uma filha, realizou o sonho de ser mãe e Booth está namorando, feliz. Parece que todos estão encontrando seus caminhos e eu estou onde imaginei que estaria, sozinha.

- Oh, Bren... e como você se sente?

- Se fosse a uns quatro, cinco anos atrás eu diria que estava feliz, realizada. Meu planejamento acontecera como eu queria. Porém, hoje eu também mudei. Acredite ainda sou a mesma pessoa que você conheceu, a cientista racional, inteligente, desprendida das pessoas pelo menos na maior parte do tempo. Mas eu também mudei, aprendi coisas novas, aprendi a respeitar as pessoas, melhorei socialmente, fiz amigos. Mais importante, eu me rendi a emoção, eu derrubei várias barreiras que criei ao longo do tempo com medo de ser traída, abandonada novamente. Sei que o que acontece hoje na minha vida, é reflexo de minhas decisões, minhas ações. Não há culpado maior que eu mesma.

A voz embargou. As lágrimas rolaram.

- O que me deixa triste é saber que justamente quando eu decidi mudar, enfrentar a situação, ele seguiu em frente e eu não entendo como nem porque. Você vai ter uma família, Booth tem um filho e Cam também. Eu nunca tive uma família de verdade, meu tempo com meus pais foi muito pouco. Isso me fez quem sou hoje. Não vejo como mudar. Quer dizer, não via até ficar esse um ano longe.

- Bren, nós somos sua família, você sabe disso. Sempre estará comigo.

- Eu sei Angie, sabe o que dói mais? A sensação de estar sendo abandonada novamente e dessa vez pelo meu melhor amigo, pela pessoa que me ensinou a ver o mundo de maneira diferente, que me fez entender as pessoas. Por quem eu me apaixonei depois de muito tempo lutando contra esse sentimento, deixando meu lado racional decidir. E agora? De nada adianta. Só me faz sentir solidão e tristeza.

O rosto todo marcado pelas lágrimas que ela já não se esforçava em esconder. Os olhos vermelhos.

- Não, Bren! Você não pode desistir, não pode se sentir assim. Essa não é a Temperance Brennan que eu conheço. Você sabe o que quer então lute!

- Angie, é diferente agora. Ele está com a Hannah, está feliz. A felicidade dele é importante pra mim, fico satisfeita em ve-lo bem.

- Ele está encantado. Tudo é novidade agora. Mas você, Brennan você é a mulher da vida dele qualquer um sabe disso. Vocês tem uma história, seis anos de altos e baixos. E acredite, Hannah nenhuma pode competir com isso.

Brennan suspirou fundo. Mordeu os lábios.

- Eu não sei como lutar. Eu tentei fazer o que você me disse até achei que ele demonstrou algo mas passou. Não sei direito como lidar com esses assuntos emocionais, com sentimentos. Quem me ajudava era o Booth, eu preciso dele para conseguir lidar com essa situação, para me guiar. Eu sinto tanta falta dele....

Angela decidiu apenas abraça-la. Beijou-lhe o rosto e limpou as marcas deixadas pelas lágrimas.

- Sweetie, me escute. Booth te ama e ele vai cair em si. Por enquanto eu peço apenas para que você seja a fortaleza que sabe ser. Desistir não é seu estilo. Além do mais, preciso do padrinho para a madrinha do meu bebê!

- Madrinha?

- Claro! A quem mais eu poderia confiar meu filho que não você?

Brennan abriu um sorriso e abraçou a amiga.

- Obrigada Angie.



Continua...

Um comentário:

Rubine disse...

Que episódio adorável! A Angela sempre sabe o que dizer e fazer...