Nota da Autora: Esse capitulo aborda várias cenas da 1a temporada de casos diferentes até chegar ao último episodio... e já vamos rumo a 2a no próximo. Particularmente, faltou algo nesse capitulo. Espero que tenham outra visão dele. Enjoy!
Cap.3
Por mais
estranho que pudesse parecer, Beckett continuava trabalhando com Castle a
tiracolo. O caso atual tratava-se de uma mulher morta há cinco anos atrás dada
como desaparecida, após suspeitar do marido acabaram por descobrir que ele
também foi assassinado quatro anos depois, o que tornou o caso mais difícil. Ao
revirar o passado com o investigador, Beckett ficou irritada com o descaso do
detetive. Ele não checara pontos importantes. Sentiu-se irritada e não pode
deixar de expressar sua raiva. Era um trabalho porco de polícia, como
acontecera no caso de sua mãe que Beckett ainda não mencionara a ele. Castle,
porém como bom observador, sabia que a raiva expressada era de cunho pessoal.
Então, quis saber mais.
- Foi isso que
aconteceu com o seu pai? Eu percebi seu relógio. É do seu pai, não? É por isso
que o usa? – antes dela ter a chance de responder, o celular tocou. Salva pelo
gongo, pensou. Não estava pronta para discutir assuntos pessoais com ele. A
investigação tornava-se mais complicada. As pistas pareciam leva-los para um
ângulo bem diferente do imaginado. Após o desaparecimento da esposa, soube-se
que o marido tinha uma amante revelada pelo melhor amigo. O que mais intrigava
e chateava a detetive era o fato de todos os envolvidos não se importarem com o
desfecho do caso. Mas ela não era assim, precisava saber o motivo, o culpado e
encerrar esse caso apropriadamente.
Passara boas
horas da tarde e da noite analisando o quadro de evidências, sozinha no
distrito não conseguia ligar os pontos. Por mais que tentasse sua mente tinha
um bloqueio. Estava sem ideias. Contra sua própria vontade, ela chegou à
conclusão de que precisava ouvir um novo ângulo, precisava debater o caso com
Castle. Saiu do distrito rumo ao loft onde ele morava. Ao tocar a campainha,
ela o encontrou vestido com colete de lasertag. Após os cumprimentos
apropriados, Beckett não deixar de admirar a beleza do lugar. Castle a conduziu
até o escritório.
- Nossa! Eu me
sinto como Alfred na batcaverna pela primeira vez – não conseguia parar de
observar cada detalhe.
- Hum, fã de
Batman. Personalidade. A perda de um parente querido dedicando a vida na luta
contra o crime.
- Você é o
multimilionário que combate o crime – ela reparou no telão com várias anotações
e quadros, sua foto estava bem ao meio – curiosa ela observava o nível de
detalhes descritos ali.
- É como eu
escrevo meus livros.
- Engraçado, é
como um dos nossos quadros de evidência – disse tocando a tela revelando
informações adicionais.
- Exceto que o
meu é falso – ele percebeu que ela estava agoniada, quer dizer deveria ter uma
razão para a detetive Beckett bater em sua porta essa hora da noite – algo
errado?
- Sim, não
consigo achar. A resposta.
- Foi o Sam.
- É, mas sem
prova é só uma teoria. E aquela família, aquelas crianças, precisavam mais do
que teoria, eles precisam saber, eu preciso saber.
- Você tem seu
fim. Você tem o assassino, o que precisa é voltar a historia, monta-la até o
final juntando os fatos – e lá estava o que ela precisava. A sincronia deles, a
troca de ideias. Percepções. Em um instante estavam dialogando em busca da
melhor explicação. Aquilo era bom, ela gostava de divagar com ele. Bem, exceto
quando ele acabava por falar de suas conquistas. Sua visita valera a pena,
Castle não apenas ajudara como dera a ideia do que fazer depois. Visitar o
apartamento, a verdadeira cena do crime para entrar na mente do assassino e
encarar seus problemas.
Foram juntos
ao apartamento. Enquanto caminhavam pela sala ouvindo as reclamações do
morador, Castle fez uma proposta.
- Ok, então você
e eu somos casados.
- Nós não
somos casados.
- Relaxe,
estamos fingindo.
- Eu não quero
fingir.
- Por que? Tem
medo de gostar? – ele provocou.
- Ok, se somos
casados. Eu quero o divórcio – Beckett replicou.
- Vocês são
assim todo o tempo? – o proprietário perguntou achando muito interessante o
jeito dos dois.
- Sim –
responderam ao mesmo tempo sem nem desviar o olhar um do outro.
- Tá, não
somos casados – cedeu Castle – mas eles eram. Então, digamos que Melanie chegou
em casa às quatro horas como disse o porteiro – e a interação recomeçou.
Juntos, trabalharam na reconstrução da cena do crime fazendo suposições,
completando a ideia um do outro, parecia algo mágico. Quando chegaram a
conclusão de que poderia haver um registro de saída do prédio do freezer onde o
corpo estava, Beckett sentiu-se revigorada. Sua vontade era de pular em cima de
Castle e beija-lo, certamente se eles estivessem sozinhos ela o faria. O
pensamento fez causou-lhe um arrepio na espinha. Ela não teria evoluído no caso
sem a ajuda dele. Foco. Tinha uma pista a seguir.
Continuaram a
pesquisar a história, chegaram ao amigo e descobriram que ele pagava pelo
aluguel onde o freezer ficava. Ele parou de pagar depois que o amigo morreu.
Mas havia mais na história do que a morte da vítima pelo marido. Uma peça do
quebra-cabeça faltava. O assassino de Sam, o marido. Infelizmente, a descoberta
de Beckett tornara-se muito difícil. Castle acompanhou a luta interna que ela
travara para fazer o que era certo. Devia estar imaginando-se no lugar da
família, era um novo ângulo que ele começava a descobrir sobre a detetive.
Mesmo após ver
todo o sofrimento daquele pai, da raiva por não saber o que acontecera à sua
filha, era triste. Podia se colocar no lugar dele. Ainda assim, teria que fazer
o seu trabalho e prendê-lo.
Beckett ficou
pensando em si por um momento. Depois de ver o comportamento de Castle durante
esse caso, ela sentiu-se segura para revelar o que ele já desconfiara desde a
primeira vez que elencou o motivo dela estar ali bem como o perfil da detetive.
Ao vê-lo falando ao telefone carinhosamente com a filha, teve segurança em
dividir sua dor com ele. Castle reparou que um ar de tristeza rondava seus
olhos.
- A propósito,
foi minha mãe, não meu pai – Castle permaneceu calado vendo-a mexer
nervosamente as mãos para conseguir contar a história – jantaríamos fora, minha
mãe, meu pai e eu. Ela nos encontraria no restaurante, mas não apareceu. Duas
horas depois, fomos para casa. Havia um detetive nos esperando. Detetive Raglan.
Encontraram seu corpo. Foi esfaqueada.
- Roubo? – ele
perguntou.
- Não, ela
estava com o dinheiro, a bolsa e as joias. Também não foi estupro. Atribuíram à
violência de gangue. Um evento isolado qualquer. Como no caso de Melanie trataram
de embrulha-lo e fecha-lo. O assassino nunca foi pego.
- Por que usa
o relógio?
- Meu pai
ficou muito mal com a sua morte. Agora está sóbrio. Cinco anos, então – ela
apontou para o relógio no pulso – isso é pela vida que salvei – retirando um
cordão de dentro da blusa, Beckett revela um solitário – e isso é pela que
perdi. Acho que sua Nikki Heat tem uma história, Castle – ele a olhava
admirado. Sorrindo, brincou.
- Eu não sei,
gosto da ideia prostituta de dia, policial à noite – o comentário a fez sorrir
– mas um ponto de vista emocional forte também funciona.
- Bem, não
confunda sua audiência com a minha essência – ela fez menção de levantar, ele
segurou sua mão, deu um leve aperto. Beckett disfarçou, porém gostou do gesto.
De pé, arrumou o casaco evitando olhar para Castle. Seu emocional estava muito
abalado para responder pelos seus gestos naquele momento.
- Até amanhã,
detetive.
- Você não
pode dizer simplesmente boa noite.
- Sou um
escritor, boa noite é chato. Até amanhã é mais otimista.
- Bem, sou uma
policial então boa noite – foi embora.
Naquela noite,
a detetive Beckett confidenciara-lhe um segredo importante. Ela o desafiara a
criar uma história que se mostrasse interessante para o leitor sem adentrar
completamente em sua intimidade. Devia isso a ela. Porém, não se tratava apenas
da história para o livro. Um caso esquecido, nunca solucionado em anos com
pontas soltas era no mínimo estranho. Tentado a descobrir mais sobre o caso da
mãe de Beckett, pede ajuda a Esposito para ler o arquivo. Era seu mais novo
segredo, um mistério perdido no tempo. Talvez aqueles relatórios revelassem
algo mais. Não iria até ela caso não tivesse certeza.
Uma mulher de
fibra,pensou. Beckett tinha um dom, fazer justiça, honrar os mortos, o fazia
com maestria por ter sido uma vítima das circunstâncias, por isso era tão
brilhante. Porque era capaz de se colocar no lugar do outro. A cada dia que
passava, ele admirava ainda mais aquela bela mulher.
Kate fora
dormir com a mãe em seu pensamento. Sentia falta dela. Fizera uma nova
descoberta sobre Rick Castle naquele dia. Ele não era um riquinho idiota. A sua
sensibilidade fora sincera quando contou seu segredo. Parece que ele não era o
homem tão superficial afinal. Essa simpatia durou até uma descoberta capaz de
tira-la do sério.
Tudo começou
quando Castle recebeu uma visita inesperada. Estavam diante da cena de um novo
crime e durante as discussões habituais ele estava calado, no mundo da lua. Ela
estranhou.
- Hey, você
está bem?
- Eu fiz sexo
com a minha ex-mulher essa manhã. Minha ex-mulher, Meredith, mãe de Alexis. Ela
está voltando para Nova York. Sabe o que significa para mim? Um inferno, na
verdade o inferno do bolinho recheado frito. Aquele que você é tentado a ter, mas em excesso, todo o dia...
- Castle! Um
corpo, assassinato. Cena de crime. Tenha um pouco de respeito.
- Eu não acho
que ele possa me ouvir.
- Então, um
pouco de amor próprio – ela ralhara com ele, mas por dentro não pode deixar de
sentir-se chateada. Ele transara novamente e com a ex-mulher. O que a detetive
começava a sentir era ciúmes de alguém que nem bem conhecia. Resolveu voltar
sua atenção ao corpo. Castle aparentemente também. Descreveu uma boa parte do
que vira ali, um ritual vudu. Segundo ele, pesquisara bastante para um dos seus
livros de Derrick Storm. Beckett perguntou se ele ainda tinha a pesquisa.
Foi assim que
fora parar no loft. No escritório dele, Castle lia para Beckett parte do que
escrevera em seu livro. O momento poderia até ser bem proveitoso se ela não
estivesse sem paciência por conta da noticia sobre a ex. Aquilo não saia da sua
cabeça. Ela não tinha o direito de estar irritada, não estava com ciúmes
repetia mentalmente para si mesma.
- Você me
arrastou até aqui para ler seu próprio livro?
- Tem muita
coisa boa aqui. Muitas são fatos – ela se levantou já colocando o cachecol e o
casaco.
- Eu tenho um
assassinato para resolver.
- Pensei que
era isso que estávamos fazendo. Não, tudo bem eu estava brincando – ele se
levantou pretendendo impedi-la de deixar o apartamento - Eu tenho outra fonte –
então ela não resistiu e deixou escapar o que a estava incomodando.
- Você chamou
sua ex-mulher de bolinho recheado frito – sabe lá do que ele a chamaria.
- Confie em
mim, por mais intrometido e irritante que eu seja, ela é pior.
- E quanto a
Alexis? Talvez ela sinta falta da mãe. Talvez seja uma boa ideia tê-la de volta
a cidade – ele a seguiu pela sala contando as loucuras de Meredith ao levar
Alexis para almoçar em Paris.
- Ela é a
mulher drogada do século! Louca.
- Se ela é tão
ruim, por que dormiu com ela essa manhã? – Beckett se arrependeu no minuto que
terminara a frase. Droga! Ele vai sacar.
- Deixe-me
explicar uma coisa sobre pessoas malucas. O sexo é incrível!
- Quão
superficial você é? – ainda mais irritada.
- Muito – mas
Castle era esperto e sacou logo o que a irritava.
- Acho que já
devia saber disso, afinal dormi com você – ela resmungou se maldizendo por
deixar sua raiva falar mais alto – eu não tenho tempo para isso. Porém, quando
se virou, ele a agarrou pelo braço puxando-a ao seu encontro.
- Então, por
que não fazemos algo proveitoso? É impressão minha ou você acaba de elogiar
minha performance na cama e de quebra está com ciúmes de Meredith?
- Dá pra me
soltar, Castle! Não estou com ciúmes. Você é louco? Por mim, você pode transar
com a sua ex o quanto quiser até seus olhos saltarem para fora. Não me importo.
Você não é nada meu e não estou com – ele a beijou de supetão, não dando espaço
ou tempo para que ela recuasse. Novamente, Kate se perdeu naqueles lábios até
criar coragem para se distanciar dele – me larga! Por que você fez isso?
- Porque era o
que queria. Está se roendo de ciúmes, morrendo de medo que eu também coloque um
apelido em você. Adivinha? Você é Nikki Heat! Se ao menos admitisse que está
louca para repetir a dose em vez de ficar irritadinha e pisando forte por onde
passa, podíamos resolver o problema.
- Vai pro
inferno, Castle! – ela virou-se bufando abrindo a porta para dar de cara com a
tal fonte que ele mencionara. Beckett suspirou fundo considerando o fato de que
teria que engolir seu orgulho e fingir que aquela cena não acontecera para
poder ouvir o que fosse pertinente ao caso.
Ela comia para
conter a irritação e a súbita vontade de bater em Castle. Precisava focar nas
perguntas certas para avançar nas investigações. Ela agradeceu quando seu
celular tocou indicando que tinham uma nova vitima. Tudo para que ela pudesse
esquecer a discussão e diminuir a raiva que sentia. À medida que o caso
progredia, Beckett conseguiu agir de maneira civilizada perto dele. Isso não
queria dizer que a raiva passara, principalmente porque ela ainda teria outras
surpresas naquele dia. Conhecer o bolinho recheado em pessoa. Aterrorizado,
Castle manteve a educação apresentando os rapazes e claro, a detetive.
- Essa é a
detetive Kate Beckett.
- Sim, sua
nova musa. Alexis me contou tudo a respeito então tive que vir conferir. Eu fui
a musa dele uma vez, ainda sou de tempos em tempos. Certo, gatinho? – Beckett
virou-se para ele com um ar de satisfação no rosto.
- Gatinho?
- Tive um
sonho uma vez só que estava nu e muito menos envergonhado.
Acabou que
Meredith os levou ao próximo ponto da investigação. Não antes de Castle passar
por outra crise com sua mãe. O que havia de errado com essas mulheres? Hormônios!
Só podia ser culpa deles. Mais tarde, eles descobririam que os assassinatos
eram devido a passaportes falsos para que o irmão do suspeito viesse para os
Estados Unidos. Eles descobrem uma espécie de barracão onde Baylor, o criminoso,
se escondia. Infelizmente, Castle estraga parte da operação ao receber um
telefonema de Meredith. Isso dá o direito a Beckett de tortura-lo um pouco mais
chamando-o de gatinho. Mesmo assim, acham a câmera e descobrem quem é a pessoa
que será a próxima vitima.
Batendo em seu
apartamento, Beckett e Castle conseguiram encontrar a moça viva constatando o
que desconfiavam, o passaporte estava escondido na costura da bolsa. Beckett
tentava explicar a situação para a mulher quando Castle notou a presença de
Baylor de arma em punho. Ele não hesitou em jogar-se sobre ela protegendo-a do
tiro que seria certeiro. Começara um jogo de gato e rato movido a balas. Castle
pode ver a detetive em ação. Como era boa! Infelizmente, seu oponente também.
Ela precisava de um tiro certo. Ele teve a ideia de criar uma distração usando
uma garrafa de champagne. Funcionou. Beckett conseguiu atirar no cara. Ela não
iria negar, ficara bem satisfeita com a ajuda. Após despachar o cara, ela o
encontrou no corredor ainda tomando a champagne.
Castle notara
que parte da irritação sumira. Isso era um bom sinal.
- Você está
bem, Castle? – ela disse encostada na parede observando-o.
- Meu primeiro
tiroteio.
- Seu último
tiroteio.
- Não seja tão
pessimista. Acho que fui muito bem.
- Sim,
provavelmente salvou minha vida – disse sorrindo.
-
Provavelmente? Definitivamente, eu salvei a sua vida. Sabe o que isso
significa, não? Significa que você me deve.
- Devo o quê?
– ela perguntou já imaginando que tipo de favores ele poderia pedir, torcendo,
apesar de todo o seu bom senso para que fosse outra noite de prazer.
- O que eu
quiser. E você sabe exatamente o que eu quero, não? – disse se aproximando
dela, provocando ao olha-la de maneira sensual – sabe o que realmente,
realmente quero que faça? – ela sentiu o cheiro do álcool nas palavras dele e
uma excitação arrepiar-lhe a pele. Sussurrando em seu ouvido, ele disse –
nunca, nunca mais me chame de gatinho... – saiu caminhando pelo corredor.
Diante da revelação, Beckett sorriu escorando-se na parede. Um pouco frustrada,
era verdade, mas aliviada por não se dispor a uma nova loucura. Porém, nem tudo
fora esquecido.
- Detetive? –
ela o fitou esperando qual seria o próximo comentário – ainda bem que está viva
e mais calma. Se quiser conversar, sabe onde me encontrar.
- Eu passo.
Algo me diz que tem um bolinho recheado frito te esperando – ela ironizou.
- Sua perda...
– Beckett mordeu os lábios. Não queria revisitar aquela cena, ao mesmo tempo,
também não queria deixar uma imagem de mulher fraca, mesquinha e com um mínimo
de dependência dele. Somente esperou uns dois minutos. Saiu atrás dele.
Encontrou-o já virando a esquina para entrar na estação do metrô.
- Castle...
espere! – ela deu uma carreira até onde ele estava. O propósito ao falar com
ele era retirar aquela má impressão deixada na sala do loft, contudo ao olhar
para aquele homem a sua frente, admitiu que gostaria de observa-lo um pouco
mais e agradecer – olhe, sobre o que aconteceu na sua casa, foi errado. Eu me
excedi sem motivo. O que faz da sua vida, diz respeito apenas a você, ninguém
mais. Desculpe por ter gritado e lhe chamado de superficial. Devemos esquecer
tudo aquilo. Acho que... o que quero dizer é...
- Fale,
Beckett... – a voz saiu como um sussurro, estavam próximos.
- Obrigada por
salvar minha vida.
- Eu tive
sorte, além disso, se fosse o contrário, você faria o mesmo.
- O que o faz
ter tanta certeza? Afinal, você é irritante.
- É quem você
é – ele se inclinou beijando-a no rosto – vou esperar pela próxima vez. Para
sua informação, você fica linda irritada – desceu as escadas rapidamente, não
dando chance dela rebater o comentário. Beckett levou o polegar à boca
mordiscando-o sorrindo. Definitivamente, aquele homem estava mexendo com sua
cabeça. Isso podia ser bom ou letal.
Apartamento de
Beckett - 3 da manhã
Ela se
contorcia gemendo ao toque. As mãos deslizavam com uma precisão impressionante
causando sensações responsáveis pelo calor que a consumia. Podia sentir os
lábios dançando em meio aos seus seios. Sugando-os, provando-os. Kate arqueava
o corpo pedindo mais. Como ele podia saber exatamente onde toca-la, como podia
em pouco tempo fazer com que o desejo escapasse pelos poros, tomasse-lhe a
mente, deixasse-a úmida em questão de segundos?
O beijo era
provocante. Um prelúdio para o prazer que estava prestes a ser experimentado ao
sentir o membro penetrar-lhe devagar. O peso do corpo dele se movimentando
sobre o dela, fazia Kate gemer entre os lábios. Ela erguia as pernas para
melhorar o contato.
- Meu Deus,
Castle... mais, por favor, mais... – ele obedecia fazendo o corpo de Kate
receber carícias que apenas aumentava o desejo de deixar-se consumir
completamente por ele. Com a última estocada, ela sentiu o início do orgasmo
invadi-la. Deu um grito mais alto e se
assustou.
Sentada na
cama, Kate ofegava. O que foi isso? Passou as mãos nos cabelos tentando se
acalmar. Loucura, só poderia ser essa a explicação para o que acontecera. Como
poderia ter acontecido isso? O corpo suado, a mente ainda dominada pela
sensação e as imagens de desejo que a pouco a faziam gritar.
Fora tão
envolvente, tão real. Não, o que acontecera era ilusão. Um sonho erótico,
tentador. Kate não se lembrava de ter passado por uma experiência assim há
muito tempo. Era como se sua mente não conseguisse se desligar das lembranças
das noites de prazer que tivera ao lado de Castle. Era errado, dizia ao pensar racionalmente.
Era delicioso, a resposta que seu corpo exibia após o momento de prazer.
Levantou-se da
cama seguindo para o banheiro. Lavou o rosto com água gelada, fitando seu
reflexo no espelho. Não podia se deixar consumir por esses pensamentos
impróprios, como iria encara-lo desse jeito? Não era um problema de controle, o
que a deixava bolada era saber o porquê de estar agindo dessa forma. Por que
Castle mexia com os seus cinco sentidos, por que entrava na sua mente da
maneira mais pervertida possível? Ela sentira ciúmes da ex-mulher dele, fizera
papel de boba. Precisava esquecer essa história, o que acontecera entre eles, a
recaída, o beijo. Virar a página, esquecer.
Porém, a
pergunta continuava: como faria isso se ele estava todos os dias em seu
encalço? Exibindo aquele bumbum delicioso e os olhos azuis encantadores? Ter
Castle a seu lado a fazia se lembrar da escolha inconsequente que fizera alguns
meses atrás.
Voltou para a
cama. O relógio marcava três e meia da madrugada. O celular estava na
cabeceira, silencioso. Agradeceu por não haver um homicídio inesperado.
Deitou-se na cama procurando retornar o sono. Descansar e afastar sua cabeça de
pensamentos impuros. Gostaria de dividir sua situação com alguém, porém sabia
que não era sensato. Lanie, por exemplo, apenas daria mais corda para que ela
aproveitasse. Iria agir de encontro ao que Kate buscava, o esquecimento.
Remoendo a ideia de deixar o passado para trás, trancando aqueles pensamentos
em um subconsciente não acessível, ela acabou adormecendo.
No dia
seguinte na delegacia, ela estava sentada em sua mesa quando ele apareceu.
Trazia em mãos dois copos de café do Java. Não foi apenas no café que ela se
ligou. Kate o observava da cabeça aos pés. Vestia uma camisa azul, aliás a cor
combinava muito bem com ele. Os olhos estavam com um tom bem mais claro que o
normal, o sorriso, ah! Era um sorriso discreto daqueles que instigam o
pensamento a querer descobrir o que ele estava pensando ao torcer aqueles
lábios fazendo um pequeno biquinho.
Quando se deu
conta do que fazia, rapidamente Beckett virou a cara voltando sua concentração
à tela do computador como se algo muito interessante prendesse sua atenção a
ponto de não se importar com a chegada dele. O monitor exibia uma página em
branco do editor de texto.
Sorridente,
ele sentou-se na sua cadeira cativa entregando a bebida para Kate.
- Bom dia,
detetive Beckett! Está um lindo dia para caçar assassinos hoje, não? – aquela
alegria súbita fez o estomago de Beckett revirar, dormira novamente com a
ex-mulher? Se esse era o motivo da sua felicidade, ela não queria saber. Certo,
ela era uma péssima mentirosa. Queria saber.
- Noite
agitada, Castle?
- Sim, muito.
Recebi a melhor notícia ontem. Meredith foi embora. Não irá morar aqui em Nova
York.
- Deve ter
sido uma super despedida para você estar tão animado – provocou demonstrando um
pouco de irritação, por dentro, o danado do ciúme começava a mostrar suas
garras – felizmente ninguém aqui está interessado em suas aventuras conjugais.
- Claro que
não – ele continuou ignorando o comentário dela – apenas nos despedimos. Sei
que você não está interessada nessa informação, mas não dormi novamente com ela
– a menção disso fez Beckett beber um gole do café a fim de apertar os lábios
segurando um sorriso - Estou aliviado, de verdade. Meredith é uma tempestade
avassaladora para ser permanente – sim, ela também por mais estranho que isso
pudesse parecer – então, qual o nosso caso de hoje? Máfia, conspiração?
Fantasma!
- Ah, sim. O
fantasma da papelada. Sem casos hoje, ainda.
- Ah, mas
sempre existe a esperança de um namoro não resolvido, dinheiro roubado, traição...
anime-se detetive Beckett, um cadáver pode surgir quando menos se espera.
Um mês
depois...
Castle estava
analisando o arquivo da mãe de Beckett na noite anterior a procura de
respostas. Porém, sentiu-se parado. Sem qualquer alternativa para continuar.
Foi assim que teve a ideia de usar um especialista. Contatou o amigo e
consultor médico de sua confiança para uma última tentativa. Martha percebeu o
que ele estava aprontando e o alertou quanto ao perigo de fazer isso sem o
consentimento da detetive.
No distrito,
Beckett recebe um chamado para um novo caso. Um cirurgião plástico morto com um
saco na cabeça com marcas de tortura nas mãos. A noiva parecia não saber de
nada ilícito que pudesse ter levado a sua morte. Restava investigar. Castle
ficara pensando sobre as palavras da mãe daquela manhã. Ponderava se deveria
conversar sobre esse assunto com ela. Após as ordens dadas aos rapazes e o
indicativo de que iam sair para ir ao consultório, achou que seria um bom
momento para perguntar.
- Posso te
perguntar algo?
- Desde quando
você pede permissão para perguntar algo? – ela ia andando pelo corredor.
- É sobre o
caso da sua mãe. Já pensou em reabri-lo? – ela parou para fita-lo, a simples
menção do assunto já a colocou em estado de alerta.
- O que você
está fazendo?
- Nada. Só
pensei que se trabalharmos juntos...
- Não!
- Tenho
recursos.
- Castle se
tocar no caso da minha mãe, estamos terminados. Entendeu?
- Ok – ela
continuou andando, Castle percebeu que estava pisando em terreno perigoso.
Mesmo assim, precisava entender porque parecia evitar o assunto – por que não
quer investiga-lo? – ela parou novamente no corredor. Estava desconfortável
pelas perguntas dele, não gostava de falar sobre isso e ainda assim, conhecia o
escritor o bastante para saber que caso não contasse a verdade e encerrasse o
assunto, ele insistiria até falar.
- Pela mesma
razão que um alcoólatra em recuperação não bebe. Você não acha que já fiz isso?
Que não memorizei cada linha daquele arquivo? Meus três primeiros anos na polícia,passei
cada momento de folga procurando por algo que alguém deixou escapar. Precisei
de um ano de terapia para perceber que se não deixasse para lá, iria me
destruir. Então, deixei para lá – ela entrou no elevador mantendo a postura,
mas completamente mexida por dentro. Ele a acompanha.
- Desculpe, eu
não sabia.
- Agora sabe –
não conversaram por todo o caminho. Ela evitando o assunto e ele muito absorto
nos seus pensamentos com relação ao caso da mãe dela. Chegando no consultório,
eles são interceptados antes de entrarem por uma loira de seios enormes.
Beckett reparou no olhar abobalhado de Castle, não resistindo perguntou.
- O que é isso
com homens e peitos?
- É biológico,
não podemos evitar.
- Mas não te
incomoda em saber que não são reais?
- Papai Noel
não é real e nós amamos abrir os presentes – foi a resposta sagaz do escritor.
Os olhos dele fitaram os seios de Beckett por uns segundos, voltaram a
encontrar o rosto dela – não se preocupe, para sua informação, os seus estão
ótimos – espantada pelo comentário, ela pisou no pé dele e o acotovelou com
força acertando as costelas antes de entrar no consultório. Podia ouvir os
gemidos dele.
- Ouch! Foi um
elogio! Por que você fez isso?
- Porque você
falou – foi a resposta simples e sincera que dera para Castle. Por dentro, ela
ria.
Conversaram
com a equipe, descobrindo que o cirurgião fazia operações plásticas em um
hospital onde não envolvia a sua equipe principal. Investigando os casos não
registrados, os detetives descobriram que ele recebera pagamentos do ministério
público. Por conta disso, Beckett deduziu que o médico poderia estar atendendo
alguém que precisasse de uma nova identidade, alguém no programa de proteção à
testemunha, isso justificaria ele ter sido torturado. Alguém estava muito
interessado em saber onde a tal pessoa estava. Beckett decidiu abordar a
responsável pelo programa de proteção à testemunha para descobrir a relação do
médico e avançar na investigação de sua morte.
Castle não
estava apenas investigando o caso ao lado de Beckett. Ele também estava às
voltas com o primeiro baile de Alexis e seu suposto primeiro encontro sério.
Queria muito torturar o tal do Owen.
Após usar
todos os argumentos com a advogada do programa, Beckett não foi bem sucedida.
Sendo assim, a investigação ficara suspensa até terem uma outra pista. Em se
tratando de crime organizado, Castle sugeriu perguntarem para o outro lado
afinal eles já estavam à procura do suposto protegido. Ela não acredita no que
ouve.
- Você está
sugerindo que eu pergunte da máfia quem eles querem matar?
- Sim, sabemos
que eles estão procurando. Eu conheço um cara.
- Você conhece
um cara? – perguntou Beckett indignada.
- Sim, dos
velhos tempos de Derrick Storm. A informação de Castle através dos seus amigos
da máfia fora valiosa. Ele conseguiu o nome da testemunha. Jimmy “o rato”
Moran. Agora, tudo o que precisariam era de um encontro para descobrir quem
poderia querer assassinar o cirurgião que o operou. Beckett sabia a quem pedir
o favor.
Algumas
semanas atrás, ela reencontrou um antigo namorado que trabalhava para o FBI. Na
época, a presença de Will Sorenson incomodou e causou ciúmes em Castle que
tentara a todo custo provar que o agente não era bom para Beckett. De qualquer
forma, era o melhor que podia esperar. Felizmente, Sorenson arranjou um
encontro com Jimmy, mas Castle e Beckett acabaram sendo seguidos. Depois da
conversa, o carro com o agente e a testemunha foi atacado levando os dois
feridos para o hospital. O ocorrido o assustou tanto a ponto de fazê-lo
desistir de testemunhar.
Beckett foi
acompanhada de Castle até o hospital. Ela não conseguia se livrar da culpa.
Sentia-se responsável pelo que acontecera. Sua investigação complicara um caso da
máfia importantíssimo para o FBI. O pior era saber que ainda não encontrara um
suspeito para a morte do médico. Todo o risco parecia ter sido em vão. Castle
detestava vê-la culpando-se pelo que acontecera. Estava estampado em seu rosto.
Servindo-se de café, Beckett tentava se acalmar. Não queria imaginar a
possibilidade de Will não sair dessa.
- Quer
conversar? – Castle perguntou querendo de alguma forma fazê-la falar.
- Não há nada
pra conversar. Eu que forcei tudo isso e envolvi Will.
- Não tinha
como saber que isso ia acontecer.
- Tem certeza?
Porque o carro deles foi atacado depois do nosso encontro.
- E?
- E daí que
fomos seguidos. Alguém que sabia da investigação descobriu do encontro. Levamos
os até o Moran. Então, sim, eu devia saber. E se eu fosse uma policial melhor,
saberia – Beckett se afastou sentando no banco ali perto. Com a cabeça baixa,
procurava não pensar no pior. Não queria ser responsável pela morte de um
homem. Castle sentou-se ao seu lado. Ainda não desistira de tirar esse ar de
culpa de seu rosto.
- Você acha
que é culpa sua? Você correu atrás disso sim. Não porque é seu trabalho, mas
porque se importa. A maioria desiste quando encontra um obstáculo. Você não.
Você não desiste. Não recua. É o que te faz extraordinária – Beckett fitou-o
por um instante. Havia sinceridade nas palavras e nos olhos azuis. Ele estava
ali lutando para fazê-la acreditar que não tinha culpa em nada. Quando ela ia
responder, Esposito e Ryan aproximaram-se deles.
- Ele vai sair
dessa. Vai ficar bem o alivio a fez suspirar finalmente perdendo um pouco da
tensão. Fechou os olhos, vagarosamente tornou a tomar o café. Castle e Beckett
estavam sozinhos novamente quando ele anunciou que ia para casa esperar por
Alexis. Inclinou-se até ela beijando-lhe o topo da cabeça, depois pegou sua mão
na sua, repetindo o gesto.
- Cuide-se,
Kate. E não fique aqui a noite toda.
Com a notícia
de que Will ficaria bem, Beckett ainda permaneceu uma boa parte da noite no
hospital. Observando Will naquela cama, ela reconhecia que gostava dele, não
para um relacionamento, ela já passara dessa fase, mas por tudo que significara
aquela parte de sua vida.
Então, ali
naquele hospital, Beckett lembrou-se de Castle. Ele fora muito atencioso com ela.
Mais importante, recordara-se de suas palavras. Não recua. Não desiste. Ela se
perguntava o que estava fazendo errado nesse caso? Por que não conseguia
identificar o suspeito? Inclinada a resolver esse mistério, ela deixou o
hospital rumo ao distrito. Desde então, estava de frente para o quadro de
evidências. Fazia anotações, fitava as informações, analisando e mantinha-se
acordada com muitas doses de café.
Quando Castle
chegou ao distrito, a encontrou exatamente assim. Os rapazes contaram que viera
até ali às quatro da manhã e estava na frente do quadro desde então. Já tomara
nove expressos duplos. Preocupado, Castle aproximou-se.
- Tem lido na
internet sobre esta nova coisa chamada "dormir"? Suponho que seja muito
bom pra você. Quando tivemos aquela pequena conversa na noite passada, não quis
que embarcasse de cabeça numa de "Uma Mente Brilhante".
- Shhh... Não
havia ninguém no escritório do promotor. Não precisam de nós para encontrá-lo. Então,
tem que ser alguém com o qual falamos – ela estava com a mente fervilhando,
Castle percebeu. Parecia que esperava por ele para trocar as ideias.
- Acha que foi
o meu contato junto à máfia?
- Se está numa
família rival, vão querer Moran vivo para depor, porque, se os federais prendem
os Spolanos, outras famílias poderão assumir os territórios. Não, procuramos quem
teve acesso ao doutor antes que tivéssemos o caso.
- Assim sobra
a noiva e seu pessoal.
- Sim, exceto
que a noiva está limpa, com álibi para a noite passada. As ligações não indicam
chamadas para números desconhecidos.
-Achei que já
tinha repassado – comentou Castle.
-Nós fizemos,
não teve registros que ligasse ao crime organizado – disse Esposito.
-E sobre a
noite passada? – questionou Beckett relembrando as informações do álibi de cada
um. Suas suspeitas recaíram primeiramente sobre Mario, decidiu voltar à clínica.
Quando começavam a conversar com Mario, Beckett recebe um telefonema dos
rapazes. A suspeita era Maggie. Observando o cartão do cirurgião, Castle notou
que fazia referência ao mesmo hospital onde Sorenson e Jimmy estavam. Se ela
tinha acesso, podia terminar o serviço.
Não dera em
outra. Maggie fora pega em flagrante. Recebendo uma ligação, Castle avisou que
precisava ir para casa resolver um problema. O telefonema era importante. O
médico, seu amigo, tinha novidades sobre o caso de Johanna. No distrito,
Beckett repassava o resumo da investigação para seu capitão e faz uma
revelação.
- Bom trabalho
detetive. Muito bom trabalho.
- Obrigada.
Sabe senhor, nunca pensei que diria isto, mas...acho que não o teria feito sem
o Castle.
- E onde está
Castle?
- Disse que
tinha algo para resolver em casa.
No loft,
Castle estava sentado na sala ouvindo os detalhes descobertos pelo seu amigo
médico.
- O relatório
original diz que as feridas de apunhaladas foram aleatórias. Agora, o assassino
teve sorte, vê essa ferida? Está em ângulo abaixo do rim. O tamanho da ferida
indica que a arma foi torcida. Seu corpo entra imediatamente em estado de
choque.
- E sobre
estes?
- Demonstram
que os ângulos foram deliberados após ser imobilizado no solo. Eles são apenas
para encenação. Essa é a que a matou.
- Isso soa
menos aleatório e mais para um crime com objetivos – disse Castle.
- E tem mais.
Por puro palpite chequei os arquivos do IML para ver se ele era um incidente
isolado e achei outros três esfaqueamentos nesse mesmo tempo que o IML
trabalhou, descartando os casos como... aleatórios.
- Estavam
relacionados?
- Tem certeza
que quer saber? – perguntou o médico. Após a conversa, Castle estava sozinho e
pensativo em seu escritório observando a chuva que caia lá fora. A nova
descoberta era importante e podia reabrir o caso, porém significava remexer no
passado, isso poderia acabar com ela. Ele estava dividido.
- Você tem que
contar, você sabe – sua mãe comentou.
- Sabe o que isto
vai fazer?
- Tem
informações que podem levar ao assassino da mãe dela. Não pode esconder isso.
- Eu sei.
Disse que se abrisse o arquivo, terminaríamos.
- Não importa.
Ela tem que saber – afirmou Martha. Castle ponderou por mais um tempo. Ela ia
ficar com muita raiva dele. Certamente o expulsaria do seu distrito se pudesse.
Ele não queria magoa-la, gostava dela. Estava prestes a entrar numa briga feia
com Beckett capaz de machuca-los, porém precisava ser honesto com ela.
Beckett estava
visitando Will no hospital. Riam implicando um com outro quando Castle bateu à
porta. Depois de uma rápida conversa sobre o estado de Will, Castle perguntou.
- Tem um
segundo?
- Tenha
cuidado, Kate. Ele gosta de você – disse Will enquanto eles saiam do quarto.
- Você terá
que perdoa-lo, está fortemente medicado – notando que ele não fizera uma piada
sobre isso, Beckett observou o semblante dele - Está muito sério. Está tudo
bem?
- Sente.
- O quê?
- Sente-se –
ele insistiu.
- Castle, o
que está acontecendo?
- É sobre a
sua mãe - o semblante de Beckett mudou. Ela sentou-se vagarosamente no banco.
Não era a primeira reação que Castle esperava. Acreditava que ela gritaria e o
expulsaria dali. Como isso não aconteceu, ele explicou calmamente todas as
descobertas referente ao caso da mãe dela. A cada novo comentário, ele via o rosto
de Kate tornar-se mais sério. Quando terminou, não se moveu. Manteve-se
exatamente onde estava, de frente para ela, calado. Não sabia o que aconteceria
a seguir. Beckett levantou-se de supetão, saiu caminhando a largas e firmes
passadas para a porta do hospital. Ele a seguiu.
Do lado de
fora, longe do movimento e do clima silencioso de um hospital, Beckett virou-se
para fita-lo.
- Como pode
fazer isso? A única coisa que pedi para não fazer? Quem você pensa que é?
- Beckett, eu
sei que você não quer remexer nisso. Mas, é diferente! Acabei de descobrir que
o assassinato da sua mãe não foi aleatório e não foi o único com a mesma causa
de morte. Podia ter escondido de você, pensei que era importante, quisesse
saber mais a respeito...
- Respeito,
taí uma palavra que você não conhece. Você não deveria ter investigado para
início de conversa! O que você está querendo, Castle? Quer me ver fracassar?
- Fracassar?
Claro que não! Eu não sabia que você tinha passado por terapia ou que tinha
atingido o fundo do poço quando pedi para meu amigo médico analisar o arquivo.
Não sabia – ele fica de costas para ela por uns segundos apenas para voltar a
fita-la continuando sua argumentação – Beckett eu vejo como você trata as
vítimas, como se dói por suas famílias. Observei o quanto você sofria no caso
da mãe daquela moça, lutou desesperadamente por justiça. Você não irá fracassar
porque você se importa, faz seu trabalho com o coração. Como posso vê-la fazer
justiça colocando criminosos na cadeia sabendo que não conseguiu isso com o caso
que a fez entrar para a polícia? Você não quis olhar porque já sofreu demais no
passado, não a recrimino por isso. Às vezes, uma perspectiva diferente muda
toda a história.
- História...
– ela fingia rir erguendo a cabeça para o céu lutando com as lágrimas que
teimavam para cair – é só isso que interessa, não? História. E quanto à
personagem, Rick? Eu já me conformei em não ter a justiça. Eu a faço todos os
dias quando coloco criminosos atrás das grades. Se ceder, será um caminho sem
volta. Estarei arruinada, você ficará sem personagem e ... – ela passou a mão
nos cabelos - eu nem sei porque estou discutindo isso com você, Castle. Você me
traiu fazendo exatamente o que não queria.
- Não, Kate.
Eu a teria traído se escondesse o que descobri de você. Eu vim aqui contar
sobre isso mesmo sabendo que poderia significar o fim de nossa parceria. O fim
para nós.
- Não existe
nós, Castle. O que existe é uma obrigação de tê-lo ao meu lado porque meu
superior assim determinou – foi como uma facada precisa nas costas. Ela o
magoara, parabéns Beckett, ela pensou.
- Isso é o que
você diz para se enganar todos os dias. Simplesmente porque não é capaz de
admitir que gosta de trabalhar comigo, que minha presença a agrada e a ajuda nas
investigações. Minha visão foi fundamental para resolver casos. Só que eu não acredito nisso. Você é incapaz
de aceitar porque se julga todo o tempo por ter cedido e dormido comigo. Não
estou aqui para me exibir. Eu me preocupo com você. Corremos perigos juntos. Eu
entenderei se não me quiser ao seu lado no distrito. Você também sabe que não
tem autoridade para me expulsar. Mesmo assim, estou disposto a desistir de
segui-la, se esse é o preço que tenho que pagar por contar a você sobre sua
mãe. É a sua vida, eu sei. Sua decisão.
Eles ficaram
em silêncio por uns instantes. Castle queria abraça-la. Via a dor e a tristeza
em seus olhos. Queria conforta-la, tê-la em seus braços como das vezes
anteriores.
- Você está
certo. Minha vida, minha decisão. Eu não sei que mentira você vai inventar, use
seus poderes de escritor. Apenas suma da minha frente. E do meu distrito. Não
consigo pensar sobre isso, olhar para você. Por favor...
Resignado,
Castle suspirou sabendo que não poderia insistir. Caminhou até ela que mantinha
a cabeça baixa, evitando o seu olhar. Não conseguiria ir embora assim. Com a
mão ergueu seu rosto obrigando-a a fita-lo. Acariciava o queixo dela levemente
com o polegar. Kate pôde ver a tristeza presente no belo azul.
- Uma pena,
Kate. Eu realmente adorei estar ao seu lado – roçando os lábios nos dela,
roubou-lhe um potencial último beijo. Castle faria o que ela pediu, porém não saberia
se conseguiria esquecer a bela detetive. Na verdade, não esqueceria. Ela seria
imortalizada em seu livro. Quando ele finalmente sumiu de suas vistas, Kate deixou-se
sentar no chão e chorar.
Continua....
2 comentários:
Meredith sempre chega pra causar,ai esta uma coisa que adoro nela hahahaha tbm gosto do Will cara gente boa mas agora Kate está em outra ou melhor outro.
Mexer no caso de Joh é pisar em campo minado senti mo dó dela e dele tbm a mulher expulsou o coitado,ele foi só que deu um beijo de leve gostei da atitude do rapaz.
Ai ai ai Castelinho, e agora?
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