Nota da Autora: Escrever um capítulo usando o 3XK não é fácil. Apesar que o primeiro não mexeu tanto com as nossas emoções quanto os demais. Optei por não me ater ao caso e sim às reações. Talvez não tenha ficado da maneira que vocês imaginavam, eu tentei. Tem outra parte importante nesse capítulo, só espero que não me odeiem pela linha que estou usando... mais tarde vocês entenderão. Ao ler, lembrem-se de uma frase da canção famosa do Coldplay "Oh, take me back to the start..."
Atenção - NC17!!!
Cap.15
- Kate? – ele
checou o relógio, quase oito horas – você saiu do distrito agora?
- Não
necessariamente. Estava aqui perto, com fome. Pensei que uma comida tailandesa
faria bem, só faltava a companhia, não estava a fim de comer sozinha. Então,
como das últimas vezes você pagou os jantares... – de repente ela se apavorou –
você já jantou?
- Não, claro
que não. Eu estava escrevendo uma resenha sobre um livro da editora. Gina e
suas invenções. Entre, vamos arrumar a mesa – deu passagem a ela seguindo para
a cozinha. Arrumou os pratos, pegou um vinho na geladeira e as taças – você não
esteve em alguma cena de crime e não me chamou, certo detetive?
- Não, tive
que resolver algumas coisas no fórum com a promotoria – inventou – está sozinho
em casa?
- Mamãe está
em uma festa. Alexis lá em cima em seu quarto estudando.
- Foi tudo bem
no almoço? Com Alexis?
- Sim, eu
estava certo. Ela queria algo. Aparentemente, o concerto de Taylor Swift está
praticamente esgotado, então conhecendo minha influência no meio, ela me pediu
um par de ingressos. Ela e Ashley tem uma música “Mine”. Vou checar com a
editora se não consigo ou usar meus outros contatos.
- Ah, o amor.
Um momento de sensações maravilhosas, o primeiro real beijo, dia dos namorados,
assistir a filmes no sofá agarradinhos com baldes de pipoca. A primeira
dança... – ela suspirou – o primeiro amasso de verdade.
- Kate
Beckett! Nunca imaginei você como uma romântica...
- Tenho meus
momentos, eu cantei e toquei para você, não? – ela estava olhando para Castle
quando percebeu o que falou, de repente sentiu-se estranha, desviou o olhar.
Para não torna-la mais desconfortável, ele resolveu mudar o rumo da conversa.
- Deliciosa
escolha, detetive. Esses bolinhos estão de morrer!
- Concordo. Considere
uma divida paga pelo seu comportamento ontem – ele a fitou com uma expressão de
dúvida.
- Não sabia
que estava sob avaliação, de repente me senti de volta ao colégio interno. Qual
seria a punição caso não atingisse suas expectativas? – ele provocou, o que fez
Beckett revirar os olhos e suspirar logo em seguida.
- Ok, estou
agradecendo pelo que você fez ontem.
- Levar você a
uma aventura de caça ao tesouro? – ele brincou, não queria trazer o assunto
Royce a menos que ela o fizesse primeiro.
- Não, Castle.
Você sabe, sobre Royce. Ajudou muito. Sabe, ele era uma das poucas pessoas que
eu podia confiar na minha vida. Tive muitas batalhas e decepções na vida. Royce
era a pessoa que confiei minha vida, não apenas porque ele foi meu treinador,
porque eu... eu era apaixonada por ele há muito tempo atrás. O que disse no
telefone era verdade. Não é fácil sofrer desilusões especialmente as amorosas –
de alguma forma viu que suas palavras tinham um efeito negativo em Castle, como
se ele estivesse machucado? – não que eu pensei em ter uma vida ao seu lado, um
relacionamento. Era uma fase da minha vida que precisava de uma luz, de um
sinal, um caminho para seguir. Royce foi meu esteio. Era uma típica relação de
professor e aluna. À medida que minha carreira evoluía, eu ficava menos
dependente dele, firmava minhas próprias batalhas, investigações, porém sabia
que podia confiar que ele teria minha retaguarda. Ontem, pude ver o quanto me
enganei.
- Dinheiro tem
o poder de mudar as pessoas, Kate.
- Nem todas,
Castle. A essência de uma pessoa não muda independente do dinheiro. Acho que
posso dizer isso de você – Kate eleva a taça até seus lábios sorvendo o vinho.
Castle queria tirar uma brincadeira, porém sabia que não era o momento, na
verdade, ela estava dividindo uma parte muito importante da sua vida. Não
resistiu em estender sua mão enroscando-a na dela. Os olhos azuis tinham um
brilho diferente.
- Kate, você
pode contar sempre comigo. Eu sempre estarei ao seu lado. Posso cuidar da sua
retaguarda. Tem minha palavra.
Ouvir aquelas
palavras fez o coração de Kate derreter. Tudo bem que já havia pensado nisso
ontem à noite, Dana também reforçara que ela tinha alguém em quem confiar.
Contudo, torna-se bem diferente quando essas constatações são feitas através de
simples gestos ou de momentos descontraídos. Quando bateu à porta dele naquela
noite, procurava companhia, realmente não queria ficar sozinha. Agora, ela
queria mais. Erguendo-se da cadeira onde estava inclinou-se sobre a mesa, aproximou
o rosto dele buscando sua boca. Após o encontro dos lábios em um beijo
carinhoso, ela distanciou-se para fita-lo, um meio sorriso se formava no canto
da boca. Não satisfeita, caminhou até o lado dele. Com as duas mãos, segurou-lhe
o rosto repetindo o encontro de lábios, Castle colocou as mãos ao redor da
cintura dela, a língua de Kate provocando-o a cada movimento. Ele deixa suas
mãos deslizarem por baixo da camisa, tocando a pele macia com os dedos quentes.
Kate estremeceu abafando um gemido entre os lábios de Castle.
Ainda acariciando
a pele dela, Castle a puxou para seu colo. Ter Kate sentada envolvendo seus
braços no pescoço dele, era um instante sublime. Nem por um segundo ele pensara
que poderia estar assim, com a bela detetive em seus braços. Kate não conseguia
parar de beija-lo, o contato com o corpo trazia uma sensação de acalanto
deliciosa. A ponta dos dedos acariciava a pele do pescoço dele, enroscava nos
cabelos. A boca mordiscava o lóbulo da orelha. Uma das mãos de Castle fazia
pequenos círculos em suas costas, Kate desfez um dos botões da camisa para que sua
mão tivesse acesso a tocar a pele. Sentiu a excitação de Castle sobre sua coxa.
Kate sabia que
não iria se contentar com beijos e carícias. Hoje, ela queria mais. Seu corpo
já demonstrava sinais de reação ao toque, ao calor do contato. Sim, ela assim
como ele sentia o desejo aflorar. Porém, não era simples, era urgente. Seus
lábios estavam agora explorando o pescoço de Castle quando sentiu-o aperta-lhe
um dos seios. Tombou a cabeça para trás em meio a um gemido, movimento
suficiente para que ele roçasse os dentes na garganta dela, o que a fez
murmurar algo que não entendeu. Ela voltou a fita-lo, em seus olhos, Castle
podia ver as pupilas dilatadas, o desejo registrado entre a cor amendoada,
traços de um verde brilhante escondiam-se nos cantos.
Tomou sua boca
mais uma vez, com as mãos desfez o fecho do sutiã por baixo da blusa que ela
usava, as mãos a puxavam para junto de si, em sincronia ela remexia-se no colo
dele provocando-o. Um barulho de porta batendo os assustou. Kate enrijeceu o
corpo, quebrou o beijo. Assustada, ela o fitou. Esquecera completamente que não
estavam sozinhos. A filha de Castle estava no andar de cima.
- Castle, sua
filha... não devíamos... – ele colocou o dedo indicador sobre seus lábios.
Esperou por uns segundos. Kate ergueu-se do colo dele odiando ficar longe do
contato com o corpo de Castle. Passava a mão pelos cabelos – isso é
irresponsável.
Castle se
levantou da cadeira. A ereção despontando sob a calça. Precisava se conter
antes de checar se a barra estava limpa.
- Vá para o
meu escritório. Vou dar uma olhada lá em cima. Nem pense em sair por aquela
porta. Já volto! – ela o viu subir as escadas. Ainda movida por pequenos
arrepios no corpo, fez o que ele pediu. Isso não era certo, como posso estar
querendo dormir com ele? Alexis está a metros de nós? O que ela irá pensar?
Errado, tão errado. Quando ele voltar, melhor ir embora. Talvez uma outra vez
e... – a reflexão terminou no exato momento que ele apareceu na sua frente
fechando a porta atrás de si.
Bastou um
olhar de pura luxuria de Rick Castle para fazê-la entender que não conseguiria
sair dali.
- Tudo certo,
dormindo... – ele a puxou pela mão levando-a na direção do seu quarto. Kate
tentou resistir uma última vez. Quando ele inclinou-se para beijar-lhe o
pescoço, ela estendeu uma das mãos no peito dele, querendo manter uma certa
distância para conseguir a coerência das palavras que precisava dizer. Travava uma
batalha entre as sensações provocadas pelo toque de Castle e a voz da razão que
insistia em falar em sua mente.
- Castle, não
sei se deveríamos fazer isso aqui... que imagem a – não conseguiu completar o
pensamento porque ele a tomou em um beijo intenso empurrando-a contra a parede
do quarto, as mãos desabotoavam habilmente a camisa, o sutiã caíra facilmente
no chão do quarto. Ele acariciou os seios dela mordendo o lábio inferior,
provocando.
- Você estava
dizendo?
- Deus...continue... – sorrindo, Castle deslizou a boca pela pele.
Colo, seios, estomago. As mãos de Kate perdiam-se entre os cabelos e os ombros
de Castle empurrando para o local que mais ansiava pelo toque dele. Abriu a
calça jeans, deslizando-a pelas pernas torneadas da detetive, arrancando junto
a pequena calcinha que usava. Kate apenas apoiou a cabeça contra a porta e
deixou-se aproveitar das sensações loucas que ele provocava em seu corpo. Abriu
as pernas para dar melhor acesso a ele. Não sabia explicar porque aquele homem
sabia exatamente como toca-la, excita-la, domina-la. Os lábios a provando, as
mãos em seus seios. Era tudo muito sensual, excitante. Nunca alguém a tocou
dessa forma.
O corpo
começou a apresentar as primeiras respostas ao que ele fazia. Os tremores a
obrigavam a procurar uma forma de se segurar, sem poder apoiar-se na superfície
lisa da parede, Kate cravou as unhas nos ombros dele. Fechou os olhos e se
permitiu sentir.
Castle não
tinha pressa no que estava fazendo, prova-la e proporcionar prazer era sua
meta. Pode sentir o instante que o corpo de Kate entregou-se ao orgasmo.
Afastou um pouco de seu objetivo para fita-la. Tinha a cabeça balançando contra
a parede, pequenos gemidos saiam de seus lábios. Via e sentia o poder do
orgasmo quando suas mãos apertavam sua pele. Linda.
Voltou a
prova-la por mais um instante. Os primeiros efeitos já estavam se dissipando. Castle
acariciava a pele do estomago dela, depositando pequenos beijinhos na pele no
interior das coxas, na barriga, a ponta dos dedos nos braços. De repente, ela
agarrou a gola da camisa dele e o puxou com força para que a encarasse.
- Castle não
seja gentil, não hoje. Por favor... quero você – ela puxou a camisa dele com
força, os botões caíram sobre o assoalho. Ele gargalhou e uma fúria de desejo o
dominou. Erguendo-a pelo bumbum, sentindo as pernas de Kate envolta de sua
cintura, ele esmagou sua boca em um beijo pressionando suas costas contra a
parede. Mordiscou a pele do ombro dela, apertou o mamilo sem pena vendo-a
gritar. Distraindo-a com a língua e os lábios sugando seus seios, ele manejara
livrar-se das calças. Kate abriu o zíper ajudando-o. Com a peça no meio das
suas pernas, ele não se importou. Virou-a contra o seu peito apertando-lhe os
seios. Devagar, caminhava até sua cama. Sentando-se no colchão, ele a puxou
pela cintura penetrando-a de uma vez, arrancado um grito dela.
Com as mãos
apertando seus seios, ele fazia movimentos rápidos e fortes. Ela colocara uma
das mãos sobre a dele, a outra se segurava apertando a coxa dele. Já estavam no
limite do prazer, quando o corpo de Kate estremecia entre seus braços, Kate
buscou seus lábios em um beijo brusco, intenso, parte provocada pelos
movimentos rápidos que imprimiam aquele ato, sentiu os dentes dela na pele de
seu rosto. Minutos depois, ambos se entregavam ao prazer.
Ainda
extasiado e ofegante por conta do orgasmo, ele usou suas últimas forças para
puxa-la em seus braços para cima da cama. Aconchegou-a ao seu lado. Podia
sentir o coração de Kate pulando no peito. Os corpos quentes e suados mantinham
o contato. Kate deslizou o corpo para o lado querendo virar-se para encara-lo.
Os olhos azuis ainda continham os últimos traços do prazer. Ela acariciou o
rosto dele, beijou-o rapidamente nos lábios, depois beijou-lhe o peito deixando
o seu rosto aninhar-se ao pescoço dele, sentindo o cheiro masculino. Fechou os
olhos. Castle notou que o ritmo da respiração mudara, estava adormecida.
Ele suspirou.
O que quer que tenha levado Kate a aparecer em seu apartamento, querendo
companhia e carinho ainda era um mistério para Castle. Sua primeira aposta era
a decepção com o seu mentor. Será que ela estava usando-o para esquecer a
traição? Havia outro motivo para repentinamente o procurar? Esse lance de uma
noite começava a afligi-lo. Queria dar um tempo para que ela se acostumasse
novamente com a ideia de construírem um relacionamento. Queria voltar ao
patamar que estavam antes da confusão do verão. Esse encontro lembrava em muito
o primeiro deles. Desejo e luxúria. Pedira para domina-la. Antes, porém,
demonstrara outros sentimentos nos beijos que lhe dera em seu colo. O que
mudara? Por que não fizeram amor como da última vez? Kate falara de confiança. Não
provara que podia confiar nele? O que mais Castle poderia fazer para que ela
entendesse que podia querer mais dessa relação, mais que sexo, beijos ou
solucionar casos?
Kate mexeu-se
entre os braços dele. Abriu os olhos. Ajeitando-se sobre o peito dele, apoiou o
queixo contra a mão para ver se ele dormia.
- Castle, está
acordado?
- Sim... –
ouviu-a suspirar e depositar um beijo em seu peito. Castle acariciava seus
cabelos.
- Desculpe.
- Pelo que?
- Por ter
feito você... sabe, usa-lo e fazer sexo, não deveria ser assim...
- Tudo bem, não
importo. Você teve suas razões. Não há o que desculpar ou se envergonhar – mas
ele vê que ela esconde o rosto nas mãos. Depois, enterra o rosto no peito dele.
Finalmente, quando se sente confiante o bastante para falar, Kate desliza a mão
para cima e para baixo no peito de Castle enquanto organiza seus pensamentos.
- Não era para
ser assim. Eu gostaria de poder me sentir diferente, me mostrar de outro jeito.
Quando estávamos nos Hamptons, consegui ser eu mesma por um breve instante.
Todas as vezes que isso acontece, alguma coisa dentro de mim volta a me
assustar. Como uma chave, liga e desliga dependendo do que eu esteja
vivenciando. Não é sua culpa, Castle. Eu sou complicada. Voltar ao que éramos,
naqueles dias de verão... eu não sei se consigo. Não entendo o que nos move, eu
odeio não entender o que se passa comigo. Se ao menos eu conseguisse voltar...
desculpe...
- Hey, está
tudo bem – ele ergueu o rosto dela pelo queixo para que visse em seus olhos que
estava falando a verdade – olhe para mim. Você precisa de tempo, precisa
entender o que quer e o isso significa. Não pedi nada, Kate.
- Eu sei, por
isso que... eu me sinto culpada. Não quero usa-lo. Não quero fazê-lo de escape
para uma noite de sexo e pronto. Não é certo com você nem comigo. Decepções me
derrubam, Castle. Elas me transformaram ao longo dos anos. Eu não sei
exatamente o que sinto por você, não tenho como definir esse sentimento. Não quero
que me odeie por isso, por essa indecisão. Se quiser esquecer, não perder tempo
comigo, eu entenderei. Eu...
- Quem falou
em esquecer, Kate? Não estou te pressionando, nem te recriminando por querer
uma fuga de realidade. Se isso faz bem a você, fico feliz por ajudar. Eu já
falei antes, não vou a lugar nenhum a menos que você queira. Não racionalize
demais, Kate. Viva um dia de cada vez, um caso por vez. Baby steps – ela se
levanta apoiando o braço no peito dele.
- Por que você
sabe exatamente o que dizer? Por que ao invés de ficar chateado, com raiva,
você me apoia?
- Talvez
porque eu seja um escritor e também porque goste de desafios, de um bom
mistério - sorria.
- Eu estou tão
confusa, achei que podia fazer isso. Não estou preparada para um próximo passo.
Eu sinto muito, Castle. Eu tenho medo que nunca esteja. Eu simplesmente não sei
como reagir a isso. Só que não quero que vá embora. E se um dia eu pedir por
algo, quero que não pense que estou te usando. Deus! Isso é horrível – ela
estava tentando segurar as lágrimas, por que era tão complicada, agia como uma
idiota!
Castle
senta-se na cama. Com ambas as mãos, segura o rosto dela. Os polegares
acariciando a pele. Ele podia ver o misto de emoções naqueles olhos amendoados.
- Eu não vou a
lugar nenhum. Eu sou sua sombra, esqueceu? Tenho muito a desvendar sobre a
minha detetive e musa. Sou paciente. Pode me pedir o que quiser, Kate.
- Não me chame
de musa... – ela sorriu entre as mãos dele. Castle beijou-a carinhosamente.
- Então devo
pensar em outro jeito de chama-la, detetive, quando tivermos a sós longe dos
outros.
- Detetive
está bom...
- Vou pensar
em algo.
- Não, eu
gosto do jeito que diz meu primeiro nome e como fala detetive, de verdade.
- Ok, assim
será, Kate. Agora, que tal voltarmos a dormir? – ele beijou-lhe a sobrancelha e
os lábios novamente.
- Não, você
volta a dormir. Eu preciso ir. Não quero que Alexis me encontre aqui na manhã.
Não é certo. Não quero que ela pense mal de mim.
- Kate, isso é
besteira...
- Não, é uma
questão de princípios. Já basta eu ter invadido seu espaço e, você sabe... – ela
queria dizer usa-lo, ele sabia.
- Eu não... ok
- ele decidiu não pressionar. Devagar, lembrou-se. Ela já vestia a calça,
procurava pelo sutiã. Ele apenas observava. Dez minutos depois, ela apoiou o
joelho na cama inclinando-se para beija-lo.
- Vejo você
amanhã... durma bem, Castle – ela caminhou pela sala, Castle foi atrás. Kate abriu
a porta, deu uma última olhada para ele, um sorriso contido nos lábios, tão
misterioso como a própria Kate Beckett. Ele segurou seu queixo e plantou mais
um beijo naqueles doces lábios.
- Você também,
detetive. Até amanhã.
Quando a porta
se fechou na frente dele, Castle sorria. Que mulher extremamente complexa e
delicada ele fora arrumar. Falara a verdade quanto ao esperar. Ele descascaria
todas as camadas de Kate Beckett até o dia que ela admitiria estar apaixonada
por seu escritor.
12th Distrito
Ele chegara ao
distrito por volta das nove. Trazia dois copos de café nas mãos. Ao avista-la
sentada em sua mesa, não pode evitar um sorriso nos lábios.
- Bom dia,
detetive. Quer café?
- Obrigada. Eu
já ia ligar, temos um caso – ela se levantou da cadeira indicando para que a
seguisse. Beckett explicava que o corpo fora encontrado em um beco. Uma jovem
loira, 29 anos. Ao encontrarem Lanie, viram que a medica já fazia algumas
anotações sobre a cena do crime. Assim que colocou os olhos na vítima, Castle
notou que ela parecia tranquila. Fora estrangulada com uma corda. Beckett viu a
expressão dele, sabia que estava pensando em algo. Perguntando, ele mencionou
um famoso serial killer que tinha esse M.O. Beckett contestou falando que já
fazia quatro anos e que suas vítimas geralmente eram mortas em seus
apartamentos, não em becos. O assunto pareceu morrer ali.
Mais tarde,
porém após conversar com a mãe da vitima, Beckett não conseguira desvendar
muito, exceto que havia um cara a perseguindo no escritório. Teria que visitar
a empresa pra qual trabalhava. Recebeu um texto de Lanie que fez toda a
diferença, certamente encontrara uma pista importante. Seguiu com Castle até o
necrotério. Beckett ficou chocada ao constatar que infelizmente Castle estava
certo desde o princípio. Pelas análises das marcas de estrangulamento e a
comparação com todos os dados das outras vítimas não restava dúvida. 3XK estava
de volta.
Um serial
killer que ficara famoso há quatro anos atrás após matar três belas jovens em
uma semana desaparecer por um mês e retornar para fazer mais três vítimas. A
polícia não conseguiu captura-lo. Estava de volta e a julgar pelo seu modo de
agir, Linda Russo fora morta e já estavam no terceiro dia da semana. Precisavam
correr se quisessem coloca-lo atrás das grades dessa vez. Ryan descobriu a
identidade do cara do escritório. Paul McCardle. Ao entrevistá-lo, Beckett
descobriu que ele não era nada além de um admirador fanático. Seu álibi era
bom. Pelo menos uma pista conseguira. Paul afirmara ter sido ameaçado por um
segurança. Ao checar, Esposito confirmou que não havia nenhuma denúncia contra
Paul ou seu veiculo. Beckett lembrou-se que o 3XK costumava passar por
segurança antes e talvez esse fora o meio de tirar o cara do seu caminho.
Estavam teorizando quando seu capitão aproximou-se e informou terem uma nova
vítima, o 3XK estava dentro de seu cronograma.
A nova vitima
fora encontrada em seu apartamento, mantendo o MO original dele. Essa volta às
origens intrigou Beckett. De qualquer forma, eles deduziram pela cena do crime
que essa morte não fora tão fácil, ela encontrou um crachá no nome de Vince.
Deveria colocar uma equipe do CSU nisso.
Analisando o
caso de quatro anos atrás, Beckett descobriu uma peça fundamental que poderia
explicar o modo diferente que agira com Linda Russo. Ela achou uma ligação
anônima feita quatro anos atrás para a linha da polícia uma semana depois do sexto
assassinato denunciando um cara tão estranho vestido como um técnico de TV a
cabo que a fez descer no andar errado por medo. Mencionou que morava na rua 24
com a dez. mesma esquina de Linda Russo.
- Eu rastreei
as ligações de Linda Russo quatro anos atrás. Foi ela quem fez a ligação.
Quando ela desceu um andar antes, ele percebeu que ela o reconheceu então
desapareceu.
- O que também
explica porque ele a atacou do lado de fora. Linda não o deixaria entrar em seu
prédio – disse Castle.
- Linda Russo
viu seu rosto e ele voltou quatro anos depois. É um tipo especial de
brutalidade – isso deixava Beckett realmente preocupada, não tinha ideia de
como alguém poderia ser tão cruel. CSU identificou uma digital no crachá. O
nome do criminoso era Marcus Gates. A ficha dele demonstrava todo o tipo de
crime e brutalidade. Acabara de deixar Sing Sing no mês passado. Tinham que
começar a caçada. Estava bem tarde e não havia muito o que Castle fazer ali.
- Você ainda
vai ficar por aqui? – Castle perguntou a ela.
- Sim, pelo
menos umas duas horas. Quero ver se descubro alguma ligação importante da vida
de Gates.
- Ok, me ligue
se achar. Vejo você amanhã.
Na manhã
seguinte, Castle viu que as horas a mais realmente valeram a pena. Beckett
descobriu que Gates tinha uma boa relação com seu colega de cela, o que poderia
ajuda-los a encontrar seu assassino. Eles fizeram uma visita a Jerry Tyson.
Após muita insistência, a única coisa que Beckett conseguiu arrancar de Tyson
foi um possível nome de bar que Gates frequentava no meatpacking, porco alguma
coisa. Esposito investigou e encontrou um lugar chamado pescoço de porco. Ao
verificar, souberam que ele estava lá. Com uma equipe da Swat e devidamente
equipados eles se preparavam para invadir o local. Sim, eles prenderam o sujeito
de uma maneira até bem fácil considerando seu perfil. Preso a sala de
interrogatório, Castle o observava diante do vidro. Descobriram onde ele morava
e com um mandado Ryan estava se dirigindo para lá nesse momento. O capitão não
deixou que ele entrasse na sala com Beckett, o caso era crítico demais e
precisavam de toda a concentração e técnica que tinha para fazê-lo confessar.
O problema é
que Gates tinha uma série de respostas evasivas. Quando confrontado sobre o
crachá após ter dito que não estivera no apartamento da segunda vítima, ele
disse que trabalhava numa loja de adereços que aluga para filmes e shows que já
tocara em vários desses. Ao ser questionado sobre a existência de uniformes
nessa loja, Gates desconfiou e perguntou se estavam revistando seu apartamento
o que Beckett confirmou. Para ganhar tempo, ele disse que não falava mais nada
até ver o tal mandado.
Infelizmente
não havia muito o que fazer, Gates sabia muito bem que sem um motivo aparente,
eles não podiam detê-lo. Beckett abriu o jogo e pediu pelo seu álibi. Se fosse
solido, ele estaria liberado. Gates disse que deixara o trabalho às sete e
deveria ter chegado em casa por volta das sete e trinta. Esposito encontrou
câmeras de segurança próximas ao apartamento dele. Para a frustração de Beckett
o vídeo mostrava-o entrando no prédio por volta das sete e trinta e um, não
havia chance dele ter estado com a vitima.
Beckett sabia
que tinha mais na história do que estavam vendo. Ainda era um suspeito para ela
e por isso ordenou uma patrulha vigiando os passos dele.
Nada evoluía
nesse caso. Beckett chegara cedo ao distrito e por mais que analisasse tudo,
não conseguia encontrar um caminho para seguir. Castle não aparecera naquela
manhã, sendo assim decidiu ligar para ele.
- Diga que
você prendeu Gates.
- Nem estou
perto disso. Apenas sei que ele matou Kim Foster.
- Você
geralmente me liga com novidades – então a ficha caiu – ah, você me ligou para
pedir conselhos, para ver se tinha alguma teoria maluca, algum tipo de epifania
que nos levasse a algum lugar.
- E você tem?
- Não, eu não
tenho nada – frustrado consigo mesmo por não poder ajuda-la.
- Eu só preciso
de uma evidência pequena, alguém com quem ele falou.
- Será que
Gates confidenciou algo para Tyson de seus assassinatos anteriores? – ele
sugeriu.
- Jerry não
vai falar. Ele apanhou essa manhã na prisão e acha que tem a ver com uma
retaliação de Gates.
- Parece que
Gates tem medo de algo que Jerry Tyson sabe – afirmou Castle.
Beckett
considerou que não custava tentar. Ela conversara pessoalmente com seu capitão
antes de confrontar Tyson, recebendo permissão para usar o que pudesse em troca
de informação. Juntos, ela e Castle retornaram à prisão. É claro que Tyson
continuava irredutível em falar. Na sua opinião, ele era um homem morto. Vendo
que ele não estava seguro em cooperar, ela informou que a promotoria estava
disposta a tira-lo antes da prisão e garantir proteção policial. Tyson revelou
que Gates sabia quem era sua namorada. Donna Gallangher. Beckett garantiu
protegê-la também. Ele aceitou o acordo.
E Tyson
começou a falar o que sabia. Uma tal de Sarah, morava no SoHo, ele invadira seu
apartamento e para escapar da polícia ele bateu com uma garrafa de cerveja na
cabeça de um cara para ser preso e ficar fora do radar da polícia. Beckett
arquitetou junto à promotoria e pediu a ajuda de Ryan para escoltar Tyson para
um hotel sob vigilância. Não podia contatar ninguém. Sua missão agora era
contar tudo o que Gates lhe dissera por mais insignificante que pudesse
parecer.
As informações
passadas por Tyson eram concretas. A vítima morava no SoHo e confirmaram o
lance da prisão. Ainda não conseguiram encontrar a namorada de Jerry e Gates
continuava em seu apartamento até o momento.
Ryan liga para
Beckett após Tyson dizer que Gates geralmente usa cúmplices. Não o mesmo, ele
muda. Quando ela contou isso para Castle, ele simplesmente teve um insight.
- Um parceiro!
É por isso que ele tem um álibi. Peça para os policiais trazerem Gates, eu sei
como ele matou Kim Foster – Castle levantou correndo em busca do vídeo da
câmera de segurança, Beckett não sabia o que se passava na cabeça do escritor,
porém decidiu confiar na ideia que poderia surgir dali.
Sentado de
frente para o computador, Castle explicava sua teoria para ela e Esposito.
- Gates disse
que vai para casa sempre no mesmo horário, certo? Então, essa é filmagem do dia
anterior, ai está ele – havia duas imagens na tela, Castle deu zoom para verem
da mesma forma que a do dia do assassinato – na direita, Gates na noite do
assassinato de Kim Foster. Na esquerda, Gates de uma noite antes. O que está
errado?
- Ele é mais
baixo – disseram Beckett e Esposito.
- Então, ou
Gates encolheu... – disse Castle
- Ou esse é o
seu parceiro.
- Olhe as
roupas de Gates. Ele teria acesso a perucas e disfarces da loja. É como ele
consegue estar em dois lugares.
Esposito notou
um brilho diferente no suposto cúmplice o que os levou a concluir que era suor,
portanto esse era Paul McClardle, por isso espionava Linda Russo. Para piorar,
Gates desapareceu. Eles concluíram que fugira e deveria ir atrás de Donna, para
se vingar de Tyson. Eles ainda estavam tentando contata-la. Segundo Ryan, Paul
também desaparecera. Não há sinal de seu carro e nem a ex-mulher sabia de seu
paradeiro. Também descobriu como os dois se conheciam, estiveram em um orfanato
juntos.
No minuto
seguinte, Esposito liga da rua afirmando que Donna está na casa de um primo,
tem o endereço, porém Gates também. Um mensageiro a procurou para entregar uma
encomenda. Felizmente, ele chegou a tempo de impedi-lo de matar. Dessa vez,
seria difícil escapar.
Ao ser
colocado na sala de interrogatório com Beckett, ela o acusou de ter no bolso
uma corda idêntica àquela usada por 3XK. Apesar dos esforços de Beckett para
fazê-lo falar, Gates sabia exatamente o que dizer para não facilitar a vida da
detetive. Ela estava irritada e frustrada. O máximo que poderia acusa-lo era de
agressão. Ryan recebeu a informação de que McClardle estava no hospital, ele
era sua única chance de delatar Gates. Castle se ofereceu para ir com Ryan,
afinal ele não tinha muita utilidade no distrito nesse momento. Beckett concordou.
No hospital,
Castle e Ryan descobriram um fato interessante. Paul McClardle tinha acabado de
fazer uma cirurgia do coração, o seu defeito congênito era o responsável pelo
excesso de suor além de outros sintomas. Segundo o médico, ele estava esperando
na fila a mais de um ano. O motivo era o custo da cirurgia. Cem mil dólares e
somente agora conseguira o dinheiro. O médico não quis revelar quem pagou pelo
procedimento, mas havia um vaso com flores ao lado da cama dele enviado por Gates.
Castle informa
Beckett indicando que esse era o seu elemento de barganha. Gates se importa com
o seu amigo de orfanato. Beckett os manda falar com Tyson e dizer que sua
namorada está a salvo e que Gates não irá mais importuna-lo. Decidida a arrasar
com ele, Beckett entrou na sala de interrogatório.
- Nós
encontramos Paul, sabemos que ele agiu como seu cúmplice e vamos coloca-lo para
testemunhar contra você.
- Você não tem
como provar isso.
- Na verdade,
temos sim. Sing Sing pode ter sido um passeio para você, mas quanto tempo você
acha que Paul suportará? – Beckett viu no semblante de Gates que isso o faria
ceder.
- Paul não
sabia o que estava acontecendo. Ele só fez o que eu pedi.
- A única
forma de provar é me contando tudo – disse Beckett.
- Somente se
Paul ganhar imunidade e quero por escrito – Beckett nem precisava perguntar
para saber o que fazer. Com o documento na mão, ele leu, assinou e confessou
todos os assassinatos com detalhes.
No hotel onde
Tyson estava hospedado, Beckett nem imaginava o que estava por vir. Ela estava
sendo enganada. Ela ligou para Ryan avisando que Gates confessara tudo. Mesmo
assim, Castle ainda estava intrigado com o lance da cirurgia. Ryan deu a boa
noticia sobre Gates para Tyson. Mesmo após eles comentarem que Donna estava a
salvo, Jerry sequer quisera saber detalhes. Isso alertou Castle de que algo
estava errado. Então, ele juntou as peças finalmente fazendo sentido.
- Você só
perguntou por Gates. Ela deveria ter morrido. McClardle só recebeu o dinheiro
para cirurgia depois que você saiu da prisão, ele estava limpando todos os seus
rastros. Era ele o tempo todo. Ele é o 3XK – disse Castle desvendando o mistério
e olhando para Ryan. No instante que Ryan tenta sacar sua arma, Tyson o acerta
roubando sua arma e deixando-o desacordado. Com a arma do detetive apontada
para Castle, ele respondeu.
- Culpado.
Tyson amarra
Castle a uma cadeira. Estava se preparando para fugir. Castle afirmou que não
iria longe sabiam seu nome, conheciam seu rosto.
- Posso
muda-lo, já fiz isso antes. É divertido.
- Divertido
como armar para o Gates?
- Paul era a
única pessoa no mundo que ele se importava. Quando descobri isso, o resto foi
fácil – ele pegou o distintivo de Ryan – nunca se sabe quando vamos precisar de
um desses.
- Você disse a
Gates tudo o que poderia saber sobre os assassinatos, pagou pela cirurgia de
Paul e depois poderia sair livre. É um belo plano. Perdido por causa de uma
mala.
- Eu vou me
mudar, recomeçar. Deve ser doloroso ver que esteve tão perto de me pegar, mas
nesse jogo só um pode vencer – ele engatilhou a arma para cuidar de Castle.
Podia entrar no jogo dele, então Castle o provocou.
- Ah, Jerry!
Atirar? Não é seu estilo.
- Você não me
conhece mesmo, não? – zombou Tyson.
- Não é assim
tão complicado – disse Castle – você foi criado por uma mãe solteira. Ela era loira
e bonita, mas ela nunca te quis. Quando você tinha uns doze anos talvez ela
morreu de repente. Digamos que foi overdose. Você foi para um orfanato, um dos
ruins, mas tinha tanto ódio, tanto ódio por sua mãe ter te abandonado que você
matou todas aquelas mulheres para se vingar dela – Castle podia ver no
semblante de Tyson que estava certo – mas você as deixava parecendo em paz
porque por mais que odiasse sua mãe, você a amava. Estou chegando perto? – ele
sabia que sim.
- Você chamou
a morte – disse Tyson – gosta de estar perto do perigo porque te excita. De
onde vem isso? Dos seus impulsos reprimidos? – ele se abaixou olhando
diretamente nos olhos de Castle – quão perto da morte você quer chegar? – nesse
momento o celular de Castle tocou, uma ligação de casa. Jerry entregou-o
dizendo – não diga nada que não deva – ainda apontava a arma para o escritor.
Colocou a ligação no viva-voz. Martha falava sobre o tal admirador secreto de
Alexis e Castle procurou agir naturalmente despedindo-se da mãe como,
teoricamente, qualquer filho deveria – acho que não há mais nada a dizer – no
próximo minuto, Jerry Tyson descia as escadas desaparecendo.
Segura de que
estava tudo finalizado, Montgomery parabenizou a detetive. Ela agradeceu e
disse que esperava que o capitão fizesse o mesmo com Castle. Aliás, onde eles
estavam, Beckett se perguntava. O capitão deduziu que deveriam ter ido tomar
uma cerveja, depois de um dia como esse era uma excelente pedida. Montgomery a
convidou para se juntar a ele e Beckett adorou a ideia.
Eles estavam
em um bar próximo ao distrito terminando a primeira caneca de cerveja quando o
celular de Beckett tocou. Ela atendeu sem reconhecer o número.
- Beckett.
- Detetive
Beckett, é Martha. Richard… - a voz dela falhava – Richard... não está com
você? Deus...oh, Deus!
- Calma,
Martha. Ele está com Ryan. Aconteceu alguma coisa com Alexis? – esse foi o
primeiro pensamento dela. Se algo acontecesse com a filha de Castle, ela sabia
que ele iria enlouquecer.
- Não, é ele.
Algo muito errado está acontecendo. Ele está em perigo, eu sei.
- Como? – o
coração de Beckett já começara a ficar apertado. A desconfiança de antes
voltara. Por impulso levantou-se da mesa e se dirigiu a saída para pegar seu
carro.
- Eu liguei
para ele. A forma como ele reagiu foi estranha então ao desligar ele disse “eu
te amo”. Richard nunca diz isso para mim especialmente ao telefone. Ele está em
perigo, Beckett. Eu sei.
- Ok, Martha.
Eu tenho que ir. Sei onde ele pode estar assim que tiver noticias eu ligo de
volta – ela finalizou a ligação e apertou a discagem direta de Esposito. Suas
mãos tremiam. Pelo rádio da sua viatura, ela solicitou reforços. Dirigia como
louca com a sirene ligada. O coração parecia mais uma bateria saltitando em seu
peito. Ele tinha que estar bem, ele não podia... não conseguia completar o
pensamento. Discou o número de Ryan sem sucesso, fez o mesmo com o de Castle.
Apenas caixa postal. Estacionou o carro cantando pneus no estacionamento do
hotel. Mais rápido que podia ela subiu as escadas de arma em punho, Esposito
vinha logo atrás dela. Beckett estava à beira do desespero. Um medo incomum
tomara conta dela.
Ao chegar ao
apartamento onde colocaram Tyson, não pensou duas vezes arrombou a porta com um
pontapé. O quarto estava escuro, gritou por ele, o medo e o desespero fizeram
sua voz sair meio rouca.
- Castle? – a
voz embargada, não sabia o que poderia encontrar. Então a lanterna que trazia
no punho iluminou o ambiente refletindo o rosto dele.
- Tudo limpo.
Ele fugiu – respondeu Castle - Estou bem. Ryan precisa de uma ambulância.
- Não –
respondeu o detetive – não preciso – enquanto Esposito se encarregava de ajudar
o parceiro, Beckett ajoelhava-se para desamarrar Castle da cadeira. Não pode
deixar de respirar aliviada e expressar o que sentia.
- Estou tão
feliz que esteja bem.
- Ele é o 3XK,
armou para Gates servir como copycat.
- Eu sei. Me
dei conta quando você e Ryan não voltaram do seu encontro com Jerry.
- Como soube
como vir até aqui?
- Sua mãe
ligou, ela disse que você disse que a amava então ela entendeu que algo deveria
estar muito errado.
- Foi o que
pensei, boa garota.
Enquanto os
policiais vasculhavam o apartamento por traços e pistas de Jerry Tyson, Castle
estava sentado em um banco próximo à piscina do hotel. Ainda estava confuso e
chocado com tudo. Poderia ter morrido, na verdade não entendera porque Tyson
desistiu de atirar nele. Beckett sentou-se ao seu lado entregando-lhe um copo
de café.
- Obrigado – ela
também estava tendo dificuldades de lidar com o ocorrido. Não apenas fora
enganada como se perguntava o que poderia ter acontecido. Castle deveria estar
com ela. Era sua sombra, se algo acontecesse a ele, seria sua responsabilidade,
sua culpa. Ela estava feliz porque Castle estava vivo, mas não era uma atitude
esperada de um serial killer.
- Diga-me,
Castle. Por que ele o deixou viver?
- Para me
punir. Fazer eu pagar por ter arruinado seu plano. Agora ele vai matar de novo
só porque não pude impedi-lo. E eu me sinto tão... – ela olhou para o homem ao
seu lado. Conhecia bem esse sentimento de impotência, frustração e culpa. Ela
colocou uma mão na coxa dele, apertou-a em sinal de solidariedade.
- Eu conheço o
sentimento – ela disse suspirando.
- Eu sei que
sim – então ele colocou sua mão sobre a dela entrelaçando os dedos. Ficaram
ali, na mesma posição por um bom tempo, como se o contato pudesse de alguma
forma dissipar esses sentimentos ruins. Calada, Beckett não conseguia se livrar
do terrível pensamento que lhe ocorrera antes de chegar até ali. Isso
certamente adicionara um pouco mais de emoção ao já tão confuso turbilhão de
sentimentos que nutria por Castle. Era a primeira vez desde que trabalhavam
juntos na qual realmente a vida de Castle correra grande perigo. Isso a deixara
com os nervos à flor da pele. Talvez se a mãe dele não tivesse... oh, ela
esquecera. Ela estava prestes a pedir para ligar quando seu nome foi chamado.
Um dos
policiais a chamou fazendo-a levantar-se do banco largando a mão dele. A
unidade técnica comunicou-a que acharam muito pouca coisa relacionada ao 3XK.
Nada de digitais, fibras ou indícios que pudessem sugerir qual seria o próximo
passo de Tyson. Insatisfeita com a conclusão desse caso, ela sabia que havia
mais o que fazer ali. Aproximando-se de Castle novamente, lembrou-se da
promessa que fizera a Martha. Pediu a ele que ligasse para a mãe.
- Castle, por
favor, ligue para sua mãe. Eu prometi que daria noticias.
Após assegurar
que estava tudo bem, ele disse que explicaria melhor quando chegasse em casa.
Ao desligar o telefone, pegou Beckett sorrindo para ele. Retribuiu o gesto com
um ar resignado.
- Vem, Castle.
Eu te dou uma carona até o loft – ele se levantou acompanhando-a. Caminhavam
devagar até o carro de Beckett. Instintivamente, ela buscou a mão dele
enroscando-a na sua. Durante o caminho, ela dirigia calada. Castle também não
se importava em manter-se quieto, uma situação um pouco inesperada de sua
parte. Kate matutava o que poderia fazer ou dizer para fazê-lo sentir-se
melhor. Estacionou na frente do prédio dele. Manteve as mãos no volante com
medo de parecer fraca, transparecer sua insegurança.
- Castle... eu
sinto muito. Eu não deveria tê-lo deixado sozinho. Você é minha
responsabilidade. Eu falhei e somente de pensar que você poderia ter...
- Hey... – ele
alcançou uma das mãos dela sobre o volante puxando-a na sua colocando sobre o
seu coração – não pense mais nisso, eu estou bem. E você não me deixou sozinho,
estava sob proteção policial. Ryan estava comigo.
- Sei disso,
mas não é a mesma coisa. Você deveria estar comigo. Fiquei tão aliviada ao ver
que estava vivo. Tive tanto medo. Fazia muito tempo que não me sentia assim –
ela fitava o rosto dele, Castle ainda tinha a mão dela sobre o coração.
- Nunca
duvidei que me acharia, detetive. Eu só fico pensando que isso não acabou.
- O que quer
dizer?
- A forma como
Tyson falou. Quão perto da morte eu queria chegar. Isso foi um aviso de que ele
não iria deixar barato. Em algum momento, ele irá voltar. Eu sou seu alvo
agora.
- Castle, nós
vamos prendê-lo. Ele não lhe fará mal – podia ver a apreensão nos olhos dela.
- Não, Kate.
Ele já escapou. Mas não se preocupe com isso agora, ele demorou quatro anos
para reaparecer, sei que dará um tempo novamente – ele suspirou olhando para o
nada por uns instantes. Soltara a mão dela que estava nesse momento passando-as
sobre o cabelo pensando que eles ficariam no limbo por algum tempo, com o
perigo rondando-os – o jeito como ele falou de mim, da minha relação com o
crime, me fez pensar, de certa forma não sou muito diferente dele.
- Castle! –
ela pela primeira vez virou-se para fita-lo diretamente segurando seu rosto nas
mãos – olhe para mim. Nunca mais diga isso. Ele é um psicopata, louco e sarcástico.
Você não é assassino, você não tem maldade. É um dos mocinhos, fui clara? – os
olhos amendoados ficaram esperando a resposta – Castle... – ele anuiu com a
cabeça, um pequeno sorriso se formando no canto dos lábios. O primeiro desde
que o encontrara - Vamos esquecer esse assunto, ok? Pelo menos por essa noite
ou alguns dias. Depois você me conta como deixou Tyson tão irritado com você. Não
hoje.
- Tudo bem.
Sobe comigo? – ele perguntou embora seus olhos quase suplicassem por isso. Ela
estava dividida.
- É melhor
não, sua mãe o espera. Não quero atrapalhar um momento em família.
- Você não
atrapalharia nada, além do mais você prometeu me encontrar. Foi o que fez, me
salvou. Nada melhor do que entregar-me são e salvo pessoalmente, certo
detetive? – ele via a relutância no olhar dela, porém havia algo mais – por
favor, Kate – ela suspirou – uma taça de vinho.
- Tudo bem,
uma taça de vinho – eles deixaram o carro. Lado a lado, dirigiam-se a entrada
do apartamento de Castle. Antes de entrar, ela segurou o braço dele trazendo-o
para junto do seu corpo num abraço apertado. Ele podia sentir o calor do corpo
dela apertando o seu. O rosto de Kate pressionado em seu ombro. Claro que
retribuiu o abraço, estava mesmo precisando de um pouco de apoio e carinho, não
somente palavras. Afastando-se um pouco, Kate o fitou. Castle percebeu que
tinha lágrimas nos olhos.
- Eu realmente
falei sério quando disse que estava feliz por você estar bem, Castle. Eu estou.
Queria ter feito isso antes – ela tocou os lábios dele com a ponta dos dedos,
então viu os olhos de Castle perderem aquela névoa obscura que ainda os
rondava. Sua boca provou a dele vagarosamente por breves segundos – você está
bem, de verdade?
- Estou. Agora
mais que antes – beijou-lhe a palma da mão em agradecimento, segurando a mão
dela na sua, ele entrou no seu prédio – Martha Rogers deve estar ansiosa –
piscou para a detetive. Na porta do loft, ela largou da mão dele. Quando entrou
na sala, um pequeno furacão ruivo se jogou sobre ele. Alexis abraçava o pai
depositando um monte de beijinhos no seu rosto.
- Você está
bem, pai? – a menina tinha o ar de preocupação no rosto.
- Filha, claro
que sim. Estava com a polícia, a melhor detetive de Nova York, como não estaria
bem?
- A vovó
disse...
- Você sabe
como sua vó é dramática, ela é uma atriz – vendo que a mãe já ia retrucar, ele
a puxou para si em um abraço, não queria que Alexis soubesse de detalhes sobre
o serial killer – obrigado, mãe. Você me entendeu direitinho.
- Ah, kiddo! –
beijou-lhe o rosto e afastou-se dele. Seu novo alvo era a detetive Beckett –
venha cá, bela criança! Você merece um abraço – puxou Beckett para si esmagando-a
entre seus braços murmurando em seu ouvido – obrigada por cuidar dele, por
salvá-lo – sorrindo, Martha segurou as lágrimas e decidiu mudar o tom da
conversa – vamos brindar! Richard, pegue a garrafa de vinho na geladeira. Tem
taças no balcão. Venha, detetive Beckett, sente-se comigo no sofá.
- Martha, tudo
bem. Não posso me demorar e por favor, me chame de Kate.
- Kate? Porque
a chamaria assim quando seu nome é tão bonito. Katherine... – ela sorriu –
posso?
- Claro –
Castle distribuiu as taças servindo vinho para todos e um copo de suco para
Alexis. Juntos brindaram à vida e as parcerias como ressaltou Castle. Entre
risos degustaram a bebida. Kate já havia bebido duas taças, o que era mais do
que prometera a ele, apesar do momento e do álcool ter ajudado a abrandar os
perigos e os maus presságios da noite. Ela sabia que deveria ir embora.
Levantou-se do sofá anunciando sua partida.
- Tenho que
ir.
- Não,
Katherine. Fique mais um pouco – disse Martha.
- Obrigada,
mas eu realmente preciso ir. Ainda voltarei ao distrito para verificar os
últimos andamentos do CSU. Eu apenas vim trazer seu filho como prometi, são e
salvo – Kate sorria, buscou o olhar de Castle, o contato causou um arrepio em
seu corpo. Martha se levantou para cumprimenta-la novamente. Outro abraço e
mais agradecimentos. Castle disse que a acompanharia até a porta, porém antes
pediu para ir com ele ao seu escritório.
Sozinhos diante
da mesa onde o notebook do escritor permanecia ligado, Castle ficou frente a
frente com Kate. Ela podia sentir a intensidade do olhar que ele a dirigia. Não
sabia explicar, mas aquilo tocava seu coração, a aquecia.
- Por que me
trouxe aqui, Castle?
- Para que
pudesse me despedir apropriadamente sem fazê-la sentir-se envergonhada.
- Castle,
não... – tarde demais, ele já beijava-lhe o pescoço, o maxilar, o queixo até
alcançar os lábios. O beijo a amoleceu, o toque das mãos de Castle em seus
braços apenas melhorava a sensação.
- Obrigado,
Kate – com a mão nas costas dela, ele a guiou até a porta. Despediram-se com
uma troca de sorrisos. Enquanto voltava ao seu carro, o frio de Nova York a
atingiu. Curiosamente, a temperatura não a incomodava. Naquela noite, após todo
o perigo, o stress e a adrenalina que vivera nas últimas horas, Kate tinha seu
coração aquecido. Apesar de não ter colocado Tyson atrás das grades, Castle
estava vivo, ambos estavam.
Tudo ficaria bem.
Continua....
4 comentários:
E está cada vez mais difícil ficarem longe um do outro intimamente hahaha adoro!
Tantos sentimentos envolve esses dois que me deixa boba, literalmente sonhando acordada.
Mesmo não admitindo é bom ver a Kate se entregando, aceitando o carinho, os beijos de Castle.
Estou adorando o rumo da Fic e não estou com pressa de vê-los juntos, adoro essas pequenas evoluções a cada capítulo.
Até o próximo :*
Após 3 semanas sem ler fics, aqui estou atualizando.
Esta perfeita, continuando a me surpreender a cada capítulo.
A Kate se entregando aos poucos é o ponto G da fic. Adorando! <3
Como é bom ver a Kate cada dia mas ligada ao Castle, amando-o,mesmo que ainda não admitiu pra si mesma e o Castle sabendo respeitar o tempo dela.E esse fogo hein? kkkkk Chama os bombeiros. Não, melhor não, deixa pegar fogo.
Vê o quanto ela já mudou por causa desse sentimento é realmente gratificante.Os murros ainda estão lá mas a cada dia pedacinho vai-se embora!Meu otp eterno! ❤️ Nem preciso comentar o quanto amei o capítulo!!!!Karen cê faz nós tão feliz! 😍
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