domingo, 10 de maio de 2015

[Castle Fic] One Night Only?! - Cap.15


Nota da Autora: Escrever um capítulo usando o 3XK não é fácil. Apesar que o primeiro não mexeu tanto com as nossas emoções quanto os demais. Optei por não me ater ao caso e sim às reações. Talvez não tenha ficado da maneira que vocês imaginavam, eu tentei. Tem outra parte importante nesse capítulo, só espero que não me odeiem pela linha que estou usando... mais tarde vocês entenderão. Ao ler, lembrem-se de uma frase da canção famosa do Coldplay "Oh, take me back to the start..." 

Atenção - NC17!!!

Cap.15     


- Kate? – ele checou o relógio, quase oito horas – você saiu do distrito agora?

- Não necessariamente. Estava aqui perto, com fome. Pensei que uma comida tailandesa faria bem, só faltava a companhia, não estava a fim de comer sozinha. Então, como das últimas vezes você pagou os jantares... – de repente ela se apavorou – você já jantou?

- Não, claro que não. Eu estava escrevendo uma resenha sobre um livro da editora. Gina e suas invenções. Entre, vamos arrumar a mesa – deu passagem a ela seguindo para a cozinha. Arrumou os pratos, pegou um vinho na geladeira e as taças – você não esteve em alguma cena de crime e não me chamou, certo detetive?

- Não, tive que resolver algumas coisas no fórum com a promotoria – inventou – está sozinho em casa?

- Mamãe está em uma festa. Alexis lá em cima em seu quarto estudando.

- Foi tudo bem no almoço? Com Alexis?

- Sim, eu estava certo. Ela queria algo. Aparentemente, o concerto de Taylor Swift está praticamente esgotado, então conhecendo minha influência no meio, ela me pediu um par de ingressos. Ela e Ashley tem uma música “Mine”. Vou checar com a editora se não consigo ou usar meus outros contatos.

- Ah, o amor. Um momento de sensações maravilhosas, o primeiro real beijo, dia dos namorados, assistir a filmes no sofá agarradinhos com baldes de pipoca. A primeira dança... – ela suspirou – o primeiro amasso de verdade.

- Kate Beckett! Nunca imaginei você como uma romântica...

- Tenho meus momentos, eu cantei e toquei para você, não? – ela estava olhando para Castle quando percebeu o que falou, de repente sentiu-se estranha, desviou o olhar. Para não torna-la mais desconfortável, ele resolveu mudar o rumo da conversa.

- Deliciosa escolha, detetive. Esses bolinhos estão de morrer!

- Concordo. Considere uma divida paga pelo seu comportamento ontem – ele a fitou com uma expressão de dúvida.

- Não sabia que estava sob avaliação, de repente me senti de volta ao colégio interno. Qual seria a punição caso não atingisse suas expectativas? – ele provocou, o que fez Beckett revirar os olhos e suspirar logo em seguida.

- Ok, estou agradecendo pelo que você fez ontem.

- Levar você a uma aventura de caça ao tesouro? – ele brincou, não queria trazer o assunto Royce a menos que ela o fizesse primeiro.

- Não, Castle. Você sabe, sobre Royce. Ajudou muito. Sabe, ele era uma das poucas pessoas que eu podia confiar na minha vida. Tive muitas batalhas e decepções na vida. Royce era a pessoa que confiei minha vida, não apenas porque ele foi meu treinador, porque eu... eu era apaixonada por ele há muito tempo atrás. O que disse no telefone era verdade. Não é fácil sofrer desilusões especialmente as amorosas – de alguma forma viu que suas palavras tinham um efeito negativo em Castle, como se ele estivesse machucado? – não que eu pensei em ter uma vida ao seu lado, um relacionamento. Era uma fase da minha vida que precisava de uma luz, de um sinal, um caminho para seguir. Royce foi meu esteio. Era uma típica relação de professor e aluna. À medida que minha carreira evoluía, eu ficava menos dependente dele, firmava minhas próprias batalhas, investigações, porém sabia que podia confiar que ele teria minha retaguarda. Ontem, pude ver o quanto me enganei.

- Dinheiro tem o poder de mudar as pessoas, Kate.

- Nem todas, Castle. A essência de uma pessoa não muda independente do dinheiro. Acho que posso dizer isso de você – Kate eleva a taça até seus lábios sorvendo o vinho. Castle queria tirar uma brincadeira, porém sabia que não era o momento, na verdade, ela estava dividindo uma parte muito importante da sua vida. Não resistiu em estender sua mão enroscando-a na dela. Os olhos azuis tinham um brilho diferente.

- Kate, você pode contar sempre comigo. Eu sempre estarei ao seu lado. Posso cuidar da sua retaguarda. Tem minha palavra.

Ouvir aquelas palavras fez o coração de Kate derreter. Tudo bem que já havia pensado nisso ontem à noite, Dana também reforçara que ela tinha alguém em quem confiar. Contudo, torna-se bem diferente quando essas constatações são feitas através de simples gestos ou de momentos descontraídos. Quando bateu à porta dele naquela noite, procurava companhia, realmente não queria ficar sozinha. Agora, ela queria mais. Erguendo-se da cadeira onde estava inclinou-se sobre a mesa, aproximou o rosto dele buscando sua boca. Após o encontro dos lábios em um beijo carinhoso, ela distanciou-se para fita-lo, um meio sorriso se formava no canto da boca. Não satisfeita, caminhou até o lado dele. Com as duas mãos, segurou-lhe o rosto repetindo o encontro de lábios, Castle colocou as mãos ao redor da cintura dela, a língua de Kate provocando-o a cada movimento. Ele deixa suas mãos deslizarem por baixo da camisa, tocando a pele macia com os dedos quentes. Kate estremeceu abafando um gemido entre os lábios de Castle.

Ainda acariciando a pele dela, Castle a puxou para seu colo. Ter Kate sentada envolvendo seus braços no pescoço dele, era um instante sublime. Nem por um segundo ele pensara que poderia estar assim, com a bela detetive em seus braços. Kate não conseguia parar de beija-lo, o contato com o corpo trazia uma sensação de acalanto deliciosa. A ponta dos dedos acariciava a pele do pescoço dele, enroscava nos cabelos. A boca mordiscava o lóbulo da orelha. Uma das mãos de Castle fazia pequenos círculos em suas costas, Kate desfez um dos botões da camisa para que sua mão tivesse acesso a tocar a pele. Sentiu a excitação de Castle sobre sua coxa.

Kate sabia que não iria se contentar com beijos e carícias. Hoje, ela queria mais. Seu corpo já demonstrava sinais de reação ao toque, ao calor do contato. Sim, ela assim como ele sentia o desejo aflorar. Porém, não era simples, era urgente. Seus lábios estavam agora explorando o pescoço de Castle quando sentiu-o aperta-lhe um dos seios. Tombou a cabeça para trás em meio a um gemido, movimento suficiente para que ele roçasse os dentes na garganta dela, o que a fez murmurar algo que não entendeu. Ela voltou a fita-lo, em seus olhos, Castle podia ver as pupilas dilatadas, o desejo registrado entre a cor amendoada, traços de um verde brilhante escondiam-se nos cantos.

Tomou sua boca mais uma vez, com as mãos desfez o fecho do sutiã por baixo da blusa que ela usava, as mãos a puxavam para junto de si, em sincronia ela remexia-se no colo dele provocando-o. Um barulho de porta batendo os assustou. Kate enrijeceu o corpo, quebrou o beijo. Assustada, ela o fitou. Esquecera completamente que não estavam sozinhos. A filha de Castle estava no andar de cima.

- Castle, sua filha... não devíamos... – ele colocou o dedo indicador sobre seus lábios. Esperou por uns segundos. Kate ergueu-se do colo dele odiando ficar longe do contato com o corpo de Castle. Passava a mão pelos cabelos – isso é irresponsável.

Castle se levantou da cadeira. A ereção despontando sob a calça. Precisava se conter antes de checar se a barra estava limpa.

- Vá para o meu escritório. Vou dar uma olhada lá em cima. Nem pense em sair por aquela porta. Já volto! – ela o viu subir as escadas. Ainda movida por pequenos arrepios no corpo, fez o que ele pediu. Isso não era certo, como posso estar querendo dormir com ele? Alexis está a metros de nós? O que ela irá pensar? Errado, tão errado. Quando ele voltar, melhor ir embora. Talvez uma outra vez e... – a reflexão terminou no exato momento que ele apareceu na sua frente fechando a porta atrás de si.

Bastou um olhar de pura luxuria de Rick Castle para fazê-la entender que não conseguiria sair dali.

- Tudo certo, dormindo... – ele a puxou pela mão levando-a na direção do seu quarto. Kate tentou resistir uma última vez. Quando ele inclinou-se para beijar-lhe o pescoço, ela estendeu uma das mãos no peito dele, querendo manter uma certa distância para conseguir a coerência das palavras que precisava dizer. Travava uma batalha entre as sensações provocadas pelo toque de Castle e a voz da razão que insistia em falar em sua mente.  

- Castle, não sei se deveríamos fazer isso aqui... que imagem a – não conseguiu completar o pensamento porque ele a tomou em um beijo intenso empurrando-a contra a parede do quarto, as mãos desabotoavam habilmente a camisa, o sutiã caíra facilmente no chão do quarto. Ele acariciou os seios dela mordendo o lábio inferior, provocando.

- Você estava dizendo?

- Deus...continue...  – sorrindo, Castle deslizou a boca pela pele. Colo, seios, estomago. As mãos de Kate perdiam-se entre os cabelos e os ombros de Castle empurrando para o local que mais ansiava pelo toque dele. Abriu a calça jeans, deslizando-a pelas pernas torneadas da detetive, arrancando junto a pequena calcinha que usava. Kate apenas apoiou a cabeça contra a porta e deixou-se aproveitar das sensações loucas que ele provocava em seu corpo. Abriu as pernas para dar melhor acesso a ele. Não sabia explicar porque aquele homem sabia exatamente como toca-la, excita-la, domina-la. Os lábios a provando, as mãos em seus seios. Era tudo muito sensual, excitante. Nunca alguém a tocou dessa forma.

O corpo começou a apresentar as primeiras respostas ao que ele fazia. Os tremores a obrigavam a procurar uma forma de se segurar, sem poder apoiar-se na superfície lisa da parede, Kate cravou as unhas nos ombros dele. Fechou os olhos e se permitiu sentir.

Castle não tinha pressa no que estava fazendo, prova-la e proporcionar prazer era sua meta. Pode sentir o instante que o corpo de Kate entregou-se ao orgasmo. Afastou um pouco de seu objetivo para fita-la. Tinha a cabeça balançando contra a parede, pequenos gemidos saiam de seus lábios. Via e sentia o poder do orgasmo quando suas mãos apertavam sua pele. Linda.

Voltou a prova-la por mais um instante. Os primeiros efeitos já estavam se dissipando. Castle acariciava a pele do estomago dela, depositando pequenos beijinhos na pele no interior das coxas, na barriga, a ponta dos dedos nos braços. De repente, ela agarrou a gola da camisa dele e o puxou com força para que a encarasse.

- Castle não seja gentil, não hoje. Por favor... quero você – ela puxou a camisa dele com força, os botões caíram sobre o assoalho. Ele gargalhou e uma fúria de desejo o dominou. Erguendo-a pelo bumbum, sentindo as pernas de Kate envolta de sua cintura, ele esmagou sua boca em um beijo pressionando suas costas contra a parede. Mordiscou a pele do ombro dela, apertou o mamilo sem pena vendo-a gritar. Distraindo-a com a língua e os lábios sugando seus seios, ele manejara livrar-se das calças. Kate abriu o zíper ajudando-o. Com a peça no meio das suas pernas, ele não se importou. Virou-a contra o seu peito apertando-lhe os seios. Devagar, caminhava até sua cama. Sentando-se no colchão, ele a puxou pela cintura penetrando-a de uma vez, arrancado um grito dela.

Com as mãos apertando seus seios, ele fazia movimentos rápidos e fortes. Ela colocara uma das mãos sobre a dele, a outra se segurava apertando a coxa dele. Já estavam no limite do prazer, quando o corpo de Kate estremecia entre seus braços, Kate buscou seus lábios em um beijo brusco, intenso, parte provocada pelos movimentos rápidos que imprimiam aquele ato, sentiu os dentes dela na pele de seu rosto. Minutos depois, ambos se entregavam ao prazer.

Ainda extasiado e ofegante por conta do orgasmo, ele usou suas últimas forças para puxa-la em seus braços para cima da cama. Aconchegou-a ao seu lado. Podia sentir o coração de Kate pulando no peito. Os corpos quentes e suados mantinham o contato. Kate deslizou o corpo para o lado querendo virar-se para encara-lo. Os olhos azuis ainda continham os últimos traços do prazer. Ela acariciou o rosto dele, beijou-o rapidamente nos lábios, depois beijou-lhe o peito deixando o seu rosto aninhar-se ao pescoço dele, sentindo o cheiro masculino. Fechou os olhos. Castle notou que o ritmo da respiração mudara, estava adormecida.

Ele suspirou. O que quer que tenha levado Kate a aparecer em seu apartamento, querendo companhia e carinho ainda era um mistério para Castle. Sua primeira aposta era a decepção com o seu mentor. Será que ela estava usando-o para esquecer a traição? Havia outro motivo para repentinamente o procurar? Esse lance de uma noite começava a afligi-lo. Queria dar um tempo para que ela se acostumasse novamente com a ideia de construírem um relacionamento. Queria voltar ao patamar que estavam antes da confusão do verão. Esse encontro lembrava em muito o primeiro deles. Desejo e luxúria. Pedira para domina-la. Antes, porém, demonstrara outros sentimentos nos beijos que lhe dera em seu colo. O que mudara? Por que não fizeram amor como da última vez? Kate falara de confiança. Não provara que podia confiar nele? O que mais Castle poderia fazer para que ela entendesse que podia querer mais dessa relação, mais que sexo, beijos ou solucionar casos?

Kate mexeu-se entre os braços dele. Abriu os olhos. Ajeitando-se sobre o peito dele, apoiou o queixo contra a mão para ver se ele dormia.

- Castle, está acordado?

- Sim... – ouviu-a suspirar e depositar um beijo em seu peito. Castle acariciava seus cabelos. 

- Desculpe.

- Pelo que?

- Por ter feito você... sabe, usa-lo e fazer sexo, não deveria ser assim...

- Tudo bem, não importo. Você teve suas razões. Não há o que desculpar ou se envergonhar – mas ele vê que ela esconde o rosto nas mãos. Depois, enterra o rosto no peito dele. Finalmente, quando se sente confiante o bastante para falar, Kate desliza a mão para cima e para baixo no peito de Castle enquanto organiza seus pensamentos.

- Não era para ser assim. Eu gostaria de poder me sentir diferente, me mostrar de outro jeito. Quando estávamos nos Hamptons, consegui ser eu mesma por um breve instante. Todas as vezes que isso acontece, alguma coisa dentro de mim volta a me assustar. Como uma chave, liga e desliga dependendo do que eu esteja vivenciando. Não é sua culpa, Castle. Eu sou complicada. Voltar ao que éramos, naqueles dias de verão... eu não sei se consigo. Não entendo o que nos move, eu odeio não entender o que se passa comigo. Se ao menos eu conseguisse voltar... desculpe...

- Hey, está tudo bem – ele ergueu o rosto dela pelo queixo para que visse em seus olhos que estava falando a verdade – olhe para mim. Você precisa de tempo, precisa entender o que quer e o isso significa. Não pedi nada, Kate.

- Eu sei, por isso que... eu me sinto culpada. Não quero usa-lo. Não quero fazê-lo de escape para uma noite de sexo e pronto. Não é certo com você nem comigo. Decepções me derrubam, Castle. Elas me transformaram ao longo dos anos. Eu não sei exatamente o que sinto por você, não tenho como definir esse sentimento. Não quero que me odeie por isso, por essa indecisão. Se quiser esquecer, não perder tempo comigo, eu entenderei. Eu...

- Quem falou em esquecer, Kate? Não estou te pressionando, nem te recriminando por querer uma fuga de realidade. Se isso faz bem a você, fico feliz por ajudar. Eu já falei antes, não vou a lugar nenhum a menos que você queira. Não racionalize demais, Kate. Viva um dia de cada vez, um caso por vez. Baby steps – ela se levanta apoiando o braço no peito dele.

- Por que você sabe exatamente o que dizer? Por que ao invés de ficar chateado, com raiva, você me apoia?

- Talvez porque eu seja um escritor e também porque goste de desafios, de um bom mistério - sorria.

- Eu estou tão confusa, achei que podia fazer isso. Não estou preparada para um próximo passo. Eu sinto muito, Castle. Eu tenho medo que nunca esteja. Eu simplesmente não sei como reagir a isso. Só que não quero que vá embora. E se um dia eu pedir por algo, quero que não pense que estou te usando. Deus! Isso é horrível – ela estava tentando segurar as lágrimas, por que era tão complicada, agia como uma idiota!

Castle senta-se na cama. Com ambas as mãos, segura o rosto dela. Os polegares acariciando a pele. Ele podia ver o misto de emoções naqueles olhos amendoados.

- Eu não vou a lugar nenhum. Eu sou sua sombra, esqueceu? Tenho muito a desvendar sobre a minha detetive e musa. Sou paciente. Pode me pedir o que quiser, Kate.

- Não me chame de musa... – ela sorriu entre as mãos dele. Castle beijou-a carinhosamente.

- Então devo pensar em outro jeito de chama-la, detetive, quando tivermos a sós longe dos outros.  

- Detetive está bom...

- Vou pensar em algo.

- Não, eu gosto do jeito que diz meu primeiro nome e como fala detetive, de verdade.

- Ok, assim será, Kate. Agora, que tal voltarmos a dormir? – ele beijou-lhe a sobrancelha e os lábios novamente.

- Não, você volta a dormir. Eu preciso ir. Não quero que Alexis me encontre aqui na manhã. Não é certo. Não quero que ela pense mal de mim.

- Kate, isso é besteira...

- Não, é uma questão de princípios. Já basta eu ter invadido seu espaço e, você sabe... – ela queria dizer usa-lo, ele sabia.

- Eu não... ok - ele decidiu não pressionar. Devagar, lembrou-se. Ela já vestia a calça, procurava pelo sutiã. Ele apenas observava. Dez minutos depois, ela apoiou o joelho na cama inclinando-se para beija-lo.

- Vejo você amanhã... durma bem, Castle – ela caminhou pela sala, Castle foi atrás. Kate abriu a porta, deu uma última olhada para ele, um sorriso contido nos lábios, tão misterioso como a própria Kate Beckett. Ele segurou seu queixo e plantou mais um beijo naqueles doces lábios.

- Você também, detetive. Até amanhã.

Quando a porta se fechou na frente dele, Castle sorria. Que mulher extremamente complexa e delicada ele fora arrumar. Falara a verdade quanto ao esperar. Ele descascaria todas as camadas de Kate Beckett até o dia que ela admitiria estar apaixonada por seu escritor.


12th Distrito


Ele chegara ao distrito por volta das nove. Trazia dois copos de café nas mãos. Ao avista-la sentada em sua mesa, não pode evitar um sorriso nos lábios.

- Bom dia, detetive. Quer café?

- Obrigada. Eu já ia ligar, temos um caso – ela se levantou da cadeira indicando para que a seguisse. Beckett explicava que o corpo fora encontrado em um beco. Uma jovem loira, 29 anos. Ao encontrarem Lanie, viram que a medica já fazia algumas anotações sobre a cena do crime. Assim que colocou os olhos na vítima, Castle notou que ela parecia tranquila. Fora estrangulada com uma corda. Beckett viu a expressão dele, sabia que estava pensando em algo. Perguntando, ele mencionou um famoso serial killer que tinha esse M.O. Beckett contestou falando que já fazia quatro anos e que suas vítimas geralmente eram mortas em seus apartamentos, não em becos. O assunto pareceu morrer ali.

Mais tarde, porém após conversar com a mãe da vitima, Beckett não conseguira desvendar muito, exceto que havia um cara a perseguindo no escritório. Teria que visitar a empresa pra qual trabalhava. Recebeu um texto de Lanie que fez toda a diferença, certamente encontrara uma pista importante. Seguiu com Castle até o necrotério. Beckett ficou chocada ao constatar que infelizmente Castle estava certo desde o princípio. Pelas análises das marcas de estrangulamento e a comparação com todos os dados das outras vítimas não restava dúvida. 3XK estava de volta.

Um serial killer que ficara famoso há quatro anos atrás após matar três belas jovens em uma semana desaparecer por um mês e retornar para fazer mais três vítimas. A polícia não conseguiu captura-lo. Estava de volta e a julgar pelo seu modo de agir, Linda Russo fora morta e já estavam no terceiro dia da semana. Precisavam correr se quisessem coloca-lo atrás das grades dessa vez. Ryan descobriu a identidade do cara do escritório. Paul McCardle. Ao entrevistá-lo, Beckett descobriu que ele não era nada além de um admirador fanático. Seu álibi era bom. Pelo menos uma pista conseguira. Paul afirmara ter sido ameaçado por um segurança. Ao checar, Esposito confirmou que não havia nenhuma denúncia contra Paul ou seu veiculo. Beckett lembrou-se que o 3XK costumava passar por segurança antes e talvez esse fora o meio de tirar o cara do seu caminho. Estavam teorizando quando seu capitão aproximou-se e informou terem uma nova vítima, o 3XK estava dentro de seu cronograma.

A nova vitima fora encontrada em seu apartamento, mantendo o MO original dele. Essa volta às origens intrigou Beckett. De qualquer forma, eles deduziram pela cena do crime que essa morte não fora tão fácil, ela encontrou um crachá no nome de Vince. Deveria colocar uma equipe do CSU nisso.

Analisando o caso de quatro anos atrás, Beckett descobriu uma peça fundamental que poderia explicar o modo diferente que agira com Linda Russo. Ela achou uma ligação anônima feita quatro anos atrás para a linha da polícia uma semana depois do sexto assassinato denunciando um cara tão estranho vestido como um técnico de TV a cabo que a fez descer no andar errado por medo. Mencionou que morava na rua 24 com a dez. mesma esquina de Linda Russo. 

- Eu rastreei as ligações de Linda Russo quatro anos atrás. Foi ela quem fez a ligação. Quando ela desceu um andar antes, ele percebeu que ela o reconheceu então desapareceu.

- O que também explica porque ele a atacou do lado de fora. Linda não o deixaria entrar em seu prédio – disse Castle.

- Linda Russo viu seu rosto e ele voltou quatro anos depois. É um tipo especial de brutalidade – isso deixava Beckett realmente preocupada, não tinha ideia de como alguém poderia ser tão cruel. CSU identificou uma digital no crachá. O nome do criminoso era Marcus Gates. A ficha dele demonstrava todo o tipo de crime e brutalidade. Acabara de deixar Sing Sing no mês passado. Tinham que começar a caçada. Estava bem tarde e não havia muito o que Castle fazer ali.

- Você ainda vai ficar por aqui? – Castle perguntou a ela.

- Sim, pelo menos umas duas horas. Quero ver se descubro alguma ligação importante da vida de Gates.

- Ok, me ligue se achar. Vejo você amanhã.

Na manhã seguinte, Castle viu que as horas a mais realmente valeram a pena. Beckett descobriu que Gates tinha uma boa relação com seu colega de cela, o que poderia ajuda-los a encontrar seu assassino. Eles fizeram uma visita a Jerry Tyson. Após muita insistência, a única coisa que Beckett conseguiu arrancar de Tyson foi um possível nome de bar que Gates frequentava no meatpacking, porco alguma coisa. Esposito investigou e encontrou um lugar chamado pescoço de porco. Ao verificar, souberam que ele estava lá. Com uma equipe da Swat e devidamente equipados eles se preparavam para invadir o local. Sim, eles prenderam o sujeito de uma maneira até bem fácil considerando seu perfil. Preso a sala de interrogatório, Castle o observava diante do vidro. Descobriram onde ele morava e com um mandado Ryan estava se dirigindo para lá nesse momento. O capitão não deixou que ele entrasse na sala com Beckett, o caso era crítico demais e precisavam de toda a concentração e técnica que tinha para fazê-lo confessar.

O problema é que Gates tinha uma série de respostas evasivas. Quando confrontado sobre o crachá após ter dito que não estivera no apartamento da segunda vítima, ele disse que trabalhava numa loja de adereços que aluga para filmes e shows que já tocara em vários desses. Ao ser questionado sobre a existência de uniformes nessa loja, Gates desconfiou e perguntou se estavam revistando seu apartamento o que Beckett confirmou. Para ganhar tempo, ele disse que não falava mais nada até ver o tal mandado.

Infelizmente não havia muito o que fazer, Gates sabia muito bem que sem um motivo aparente, eles não podiam detê-lo. Beckett abriu o jogo e pediu pelo seu álibi. Se fosse solido, ele estaria liberado. Gates disse que deixara o trabalho às sete e deveria ter chegado em casa por volta das sete e trinta. Esposito encontrou câmeras de segurança próximas ao apartamento dele. Para a frustração de Beckett o vídeo mostrava-o entrando no prédio por volta das sete e trinta e um, não havia chance dele ter estado com a vitima.

Beckett sabia que tinha mais na história do que estavam vendo. Ainda era um suspeito para ela e por isso ordenou uma patrulha vigiando os passos dele.

Nada evoluía nesse caso. Beckett chegara cedo ao distrito e por mais que analisasse tudo, não conseguia encontrar um caminho para seguir. Castle não aparecera naquela manhã, sendo assim decidiu ligar para ele.

- Diga que você prendeu Gates.

- Nem estou perto disso. Apenas sei que ele matou Kim Foster.

- Você geralmente me liga com novidades – então a ficha caiu – ah, você me ligou para pedir conselhos, para ver se tinha alguma teoria maluca, algum tipo de epifania que nos levasse a algum lugar.

- E você tem?

- Não, eu não tenho nada – frustrado consigo mesmo por não poder ajuda-la.

- Eu só preciso de uma evidência pequena, alguém com quem ele falou.

- Será que Gates confidenciou algo para Tyson de seus assassinatos anteriores? – ele sugeriu.

- Jerry não vai falar. Ele apanhou essa manhã na prisão e acha que tem a ver com uma retaliação de Gates.

- Parece que Gates tem medo de algo que Jerry Tyson sabe – afirmou Castle.

Beckett considerou que não custava tentar. Ela conversara pessoalmente com seu capitão antes de confrontar Tyson, recebendo permissão para usar o que pudesse em troca de informação. Juntos, ela e Castle retornaram à prisão. É claro que Tyson continuava irredutível em falar. Na sua opinião, ele era um homem morto. Vendo que ele não estava seguro em cooperar, ela informou que a promotoria estava disposta a tira-lo antes da prisão e garantir proteção policial. Tyson revelou que Gates sabia quem era sua namorada. Donna Gallangher. Beckett garantiu protegê-la também. Ele aceitou o acordo.

E Tyson começou a falar o que sabia. Uma tal de Sarah, morava no SoHo, ele invadira seu apartamento e para escapar da polícia ele bateu com uma garrafa de cerveja na cabeça de um cara para ser preso e ficar fora do radar da polícia. Beckett arquitetou junto à promotoria e pediu a ajuda de Ryan para escoltar Tyson para um hotel sob vigilância. Não podia contatar ninguém. Sua missão agora era contar tudo o que Gates lhe dissera por mais insignificante que pudesse parecer.

As informações passadas por Tyson eram concretas. A vítima morava no SoHo e confirmaram o lance da prisão. Ainda não conseguiram encontrar a namorada de Jerry e Gates continuava em seu apartamento até o momento.

Ryan liga para Beckett após Tyson dizer que Gates geralmente usa cúmplices. Não o mesmo, ele muda. Quando ela contou isso para Castle, ele simplesmente teve um insight.

- Um parceiro! É por isso que ele tem um álibi. Peça para os policiais trazerem Gates, eu sei como ele matou Kim Foster – Castle levantou correndo em busca do vídeo da câmera de segurança, Beckett não sabia o que se passava na cabeça do escritor, porém decidiu confiar na ideia que poderia surgir dali.

Sentado de frente para o computador, Castle explicava sua teoria para ela e Esposito.

- Gates disse que vai para casa sempre no mesmo horário, certo? Então, essa é filmagem do dia anterior, ai está ele – havia duas imagens na tela, Castle deu zoom para verem da mesma forma que a do dia do assassinato – na direita, Gates na noite do assassinato de Kim Foster. Na esquerda, Gates de uma noite antes. O que está errado?

- Ele é mais baixo – disseram Beckett e Esposito.

- Então, ou Gates encolheu... – disse Castle

- Ou esse é o seu parceiro.

- Olhe as roupas de Gates. Ele teria acesso a perucas e disfarces da loja. É como ele consegue estar em dois lugares.

Esposito notou um brilho diferente no suposto cúmplice o que os levou a concluir que era suor, portanto esse era Paul McClardle, por isso espionava Linda Russo. Para piorar, Gates desapareceu. Eles concluíram que fugira e deveria ir atrás de Donna, para se vingar de Tyson. Eles ainda estavam tentando contata-la. Segundo Ryan, Paul também desaparecera. Não há sinal de seu carro e nem a ex-mulher sabia de seu paradeiro. Também descobriu como os dois se conheciam, estiveram em um orfanato juntos.

No minuto seguinte, Esposito liga da rua afirmando que Donna está na casa de um primo, tem o endereço, porém Gates também. Um mensageiro a procurou para entregar uma encomenda. Felizmente, ele chegou a tempo de impedi-lo de matar. Dessa vez, seria difícil escapar.

Ao ser colocado na sala de interrogatório com Beckett, ela o acusou de ter no bolso uma corda idêntica àquela usada por 3XK. Apesar dos esforços de Beckett para fazê-lo falar, Gates sabia exatamente o que dizer para não facilitar a vida da detetive. Ela estava irritada e frustrada. O máximo que poderia acusa-lo era de agressão. Ryan recebeu a informação de que McClardle estava no hospital, ele era sua única chance de delatar Gates. Castle se ofereceu para ir com Ryan, afinal ele não tinha muita utilidade no distrito nesse momento. Beckett concordou.

No hospital, Castle e Ryan descobriram um fato interessante. Paul McClardle tinha acabado de fazer uma cirurgia do coração, o seu defeito congênito era o responsável pelo excesso de suor além de outros sintomas. Segundo o médico, ele estava esperando na fila a mais de um ano. O motivo era o custo da cirurgia. Cem mil dólares e somente agora conseguira o dinheiro. O médico não quis revelar quem pagou pelo procedimento, mas havia um vaso com flores ao lado da cama dele enviado por Gates.

Castle informa Beckett indicando que esse era o seu elemento de barganha. Gates se importa com o seu amigo de orfanato. Beckett os manda falar com Tyson e dizer que sua namorada está a salvo e que Gates não irá mais importuna-lo. Decidida a arrasar com ele, Beckett entrou na sala de interrogatório.

- Nós encontramos Paul, sabemos que ele agiu como seu cúmplice e vamos coloca-lo para testemunhar contra você.

- Você não tem como provar isso.

- Na verdade, temos sim. Sing Sing pode ter sido um passeio para você, mas quanto tempo você acha que Paul suportará? – Beckett viu no semblante de Gates que isso o faria ceder.

- Paul não sabia o que estava acontecendo. Ele só fez o que eu pedi.

- A única forma de provar é me contando tudo – disse Beckett.

- Somente se Paul ganhar imunidade e quero por escrito – Beckett nem precisava perguntar para saber o que fazer. Com o documento na mão, ele leu, assinou e confessou todos os assassinatos com detalhes.

No hotel onde Tyson estava hospedado, Beckett nem imaginava o que estava por vir. Ela estava sendo enganada. Ela ligou para Ryan avisando que Gates confessara tudo. Mesmo assim, Castle ainda estava intrigado com o lance da cirurgia. Ryan deu a boa noticia sobre Gates para Tyson. Mesmo após eles comentarem que Donna estava a salvo, Jerry sequer quisera saber detalhes. Isso alertou Castle de que algo estava errado. Então, ele juntou as peças finalmente fazendo sentido.

- Você só perguntou por Gates. Ela deveria ter morrido. McClardle só recebeu o dinheiro para cirurgia depois que você saiu da prisão, ele estava limpando todos os seus rastros. Era ele o tempo todo. Ele é o 3XK – disse Castle desvendando o mistério e olhando para Ryan. No instante que Ryan tenta sacar sua arma, Tyson o acerta roubando sua arma e deixando-o desacordado. Com a arma do detetive apontada para Castle, ele respondeu.

- Culpado.

Tyson amarra Castle a uma cadeira. Estava se preparando para fugir. Castle afirmou que não iria longe sabiam seu nome, conheciam seu rosto.

- Posso muda-lo, já fiz isso antes. É divertido.

- Divertido como armar para o Gates?

- Paul era a única pessoa no mundo que ele se importava. Quando descobri isso, o resto foi fácil – ele pegou o distintivo de Ryan – nunca se sabe quando vamos precisar de um desses.

- Você disse a Gates tudo o que poderia saber sobre os assassinatos, pagou pela cirurgia de Paul e depois poderia sair livre. É um belo plano. Perdido por causa de uma mala.

- Eu vou me mudar, recomeçar. Deve ser doloroso ver que esteve tão perto de me pegar, mas nesse jogo só um pode vencer – ele engatilhou a arma para cuidar de Castle. Podia entrar no jogo dele, então Castle o provocou.

- Ah, Jerry! Atirar? Não é seu estilo.

- Você não me conhece mesmo, não? – zombou Tyson.

- Não é assim tão complicado – disse Castle – você foi criado por uma mãe solteira. Ela era loira e bonita, mas ela nunca te quis. Quando você tinha uns doze anos talvez ela morreu de repente. Digamos que foi overdose. Você foi para um orfanato, um dos ruins, mas tinha tanto ódio, tanto ódio por sua mãe ter te abandonado que você matou todas aquelas mulheres para se vingar dela – Castle podia ver no semblante de Tyson que estava certo – mas você as deixava parecendo em paz porque por mais que odiasse sua mãe, você a amava. Estou chegando perto? – ele sabia que sim.

- Você chamou a morte – disse Tyson – gosta de estar perto do perigo porque te excita. De onde vem isso? Dos seus impulsos reprimidos? – ele se abaixou olhando diretamente nos olhos de Castle – quão perto da morte você quer chegar? – nesse momento o celular de Castle tocou, uma ligação de casa. Jerry entregou-o dizendo – não diga nada que não deva – ainda apontava a arma para o escritor. Colocou a ligação no viva-voz. Martha falava sobre o tal admirador secreto de Alexis e Castle procurou agir naturalmente despedindo-se da mãe como, teoricamente, qualquer filho deveria – acho que não há mais nada a dizer – no próximo minuto, Jerry Tyson descia as escadas desaparecendo.   

Segura de que estava tudo finalizado, Montgomery parabenizou a detetive. Ela agradeceu e disse que esperava que o capitão fizesse o mesmo com Castle. Aliás, onde eles estavam, Beckett se perguntava. O capitão deduziu que deveriam ter ido tomar uma cerveja, depois de um dia como esse era uma excelente pedida. Montgomery a convidou para se juntar a ele e Beckett adorou a ideia.

Eles estavam em um bar próximo ao distrito terminando a primeira caneca de cerveja quando o celular de Beckett tocou. Ela atendeu sem reconhecer o número.

- Beckett.

- Detetive Beckett, é Martha. Richard… - a voz dela falhava – Richard... não está com você? Deus...oh, Deus!

- Calma, Martha. Ele está com Ryan. Aconteceu alguma coisa com Alexis? – esse foi o primeiro pensamento dela. Se algo acontecesse com a filha de Castle, ela sabia que ele iria enlouquecer. 

- Não, é ele. Algo muito errado está acontecendo. Ele está em perigo, eu sei.

- Como? – o coração de Beckett já começara a ficar apertado. A desconfiança de antes voltara. Por impulso levantou-se da mesa e se dirigiu a saída para pegar seu carro.

- Eu liguei para ele. A forma como ele reagiu foi estranha então ao desligar ele disse “eu te amo”. Richard nunca diz isso para mim especialmente ao telefone. Ele está em perigo, Beckett. Eu sei.

- Ok, Martha. Eu tenho que ir. Sei onde ele pode estar assim que tiver noticias eu ligo de volta – ela finalizou a ligação e apertou a discagem direta de Esposito. Suas mãos tremiam. Pelo rádio da sua viatura, ela solicitou reforços. Dirigia como louca com a sirene ligada. O coração parecia mais uma bateria saltitando em seu peito. Ele tinha que estar bem, ele não podia... não conseguia completar o pensamento. Discou o número de Ryan sem sucesso, fez o mesmo com o de Castle. Apenas caixa postal. Estacionou o carro cantando pneus no estacionamento do hotel. Mais rápido que podia ela subiu as escadas de arma em punho, Esposito vinha logo atrás dela. Beckett estava à beira do desespero. Um medo incomum tomara conta dela.

Ao chegar ao apartamento onde colocaram Tyson, não pensou duas vezes arrombou a porta com um pontapé. O quarto estava escuro, gritou por ele, o medo e o desespero fizeram sua voz sair meio rouca.

- Castle? – a voz embargada, não sabia o que poderia encontrar. Então a lanterna que trazia no punho iluminou o ambiente refletindo o rosto dele.

- Tudo limpo. Ele fugiu – respondeu Castle - Estou bem. Ryan precisa de uma ambulância.

- Não – respondeu o detetive – não preciso – enquanto Esposito se encarregava de ajudar o parceiro, Beckett ajoelhava-se para desamarrar Castle da cadeira. Não pode deixar de respirar aliviada e expressar o que sentia.

- Estou tão feliz que esteja bem.

- Ele é o 3XK, armou para Gates servir como copycat.

- Eu sei. Me dei conta quando você e Ryan não voltaram do seu encontro com Jerry.

- Como soube como vir até aqui?

- Sua mãe ligou, ela disse que você disse que a amava então ela entendeu que algo deveria estar muito errado.

- Foi o que pensei, boa garota.

Enquanto os policiais vasculhavam o apartamento por traços e pistas de Jerry Tyson, Castle estava sentado em um banco próximo à piscina do hotel. Ainda estava confuso e chocado com tudo. Poderia ter morrido, na verdade não entendera porque Tyson desistiu de atirar nele. Beckett sentou-se ao seu lado entregando-lhe um copo de café.

- Obrigado – ela também estava tendo dificuldades de lidar com o ocorrido. Não apenas fora enganada como se perguntava o que poderia ter acontecido. Castle deveria estar com ela. Era sua sombra, se algo acontecesse a ele, seria sua responsabilidade, sua culpa. Ela estava feliz porque Castle estava vivo, mas não era uma atitude esperada de um serial killer.

- Diga-me, Castle. Por que ele o deixou viver?

- Para me punir. Fazer eu pagar por ter arruinado seu plano. Agora ele vai matar de novo só porque não pude impedi-lo. E eu me sinto tão... – ela olhou para o homem ao seu lado. Conhecia bem esse sentimento de impotência, frustração e culpa. Ela colocou uma mão na coxa dele, apertou-a em sinal de solidariedade.

- Eu conheço o sentimento – ela disse suspirando.

- Eu sei que sim – então ele colocou sua mão sobre a dela entrelaçando os dedos. Ficaram ali, na mesma posição por um bom tempo, como se o contato pudesse de alguma forma dissipar esses sentimentos ruins. Calada, Beckett não conseguia se livrar do terrível pensamento que lhe ocorrera antes de chegar até ali. Isso certamente adicionara um pouco mais de emoção ao já tão confuso turbilhão de sentimentos que nutria por Castle. Era a primeira vez desde que trabalhavam juntos na qual realmente a vida de Castle correra grande perigo. Isso a deixara com os nervos à flor da pele. Talvez se a mãe dele não tivesse... oh, ela esquecera. Ela estava prestes a pedir para ligar quando seu nome foi chamado.

Um dos policiais a chamou fazendo-a levantar-se do banco largando a mão dele. A unidade técnica comunicou-a que acharam muito pouca coisa relacionada ao 3XK. Nada de digitais, fibras ou indícios que pudessem sugerir qual seria o próximo passo de Tyson. Insatisfeita com a conclusão desse caso, ela sabia que havia mais o que fazer ali. Aproximando-se de Castle novamente, lembrou-se da promessa que fizera a Martha. Pediu a ele que ligasse para a mãe.

- Castle, por favor, ligue para sua mãe. Eu prometi que daria noticias.  

Após assegurar que estava tudo bem, ele disse que explicaria melhor quando chegasse em casa. Ao desligar o telefone, pegou Beckett sorrindo para ele. Retribuiu o gesto com um ar resignado.

- Vem, Castle. Eu te dou uma carona até o loft – ele se levantou acompanhando-a. Caminhavam devagar até o carro de Beckett. Instintivamente, ela buscou a mão dele enroscando-a na sua. Durante o caminho, ela dirigia calada. Castle também não se importava em manter-se quieto, uma situação um pouco inesperada de sua parte. Kate matutava o que poderia fazer ou dizer para fazê-lo sentir-se melhor. Estacionou na frente do prédio dele. Manteve as mãos no volante com medo de parecer fraca, transparecer sua insegurança.

- Castle... eu sinto muito. Eu não deveria tê-lo deixado sozinho. Você é minha responsabilidade. Eu falhei e somente de pensar que você poderia ter...

- Hey... – ele alcançou uma das mãos dela sobre o volante puxando-a na sua colocando sobre o seu coração – não pense mais nisso, eu estou bem. E você não me deixou sozinho, estava sob proteção policial. Ryan estava comigo.

- Sei disso, mas não é a mesma coisa. Você deveria estar comigo. Fiquei tão aliviada ao ver que estava vivo. Tive tanto medo. Fazia muito tempo que não me sentia assim – ela fitava o rosto dele, Castle ainda tinha a mão dela sobre o coração.

- Nunca duvidei que me acharia, detetive. Eu só fico pensando que isso não acabou.

- O que quer dizer?

- A forma como Tyson falou. Quão perto da morte eu queria chegar. Isso foi um aviso de que ele não iria deixar barato. Em algum momento, ele irá voltar. Eu sou seu alvo agora.

- Castle, nós vamos prendê-lo. Ele não lhe fará mal – podia ver a apreensão nos olhos dela.

- Não, Kate. Ele já escapou. Mas não se preocupe com isso agora, ele demorou quatro anos para reaparecer, sei que dará um tempo novamente – ele suspirou olhando para o nada por uns instantes. Soltara a mão dela que estava nesse momento passando-as sobre o cabelo pensando que eles ficariam no limbo por algum tempo, com o perigo rondando-os – o jeito como ele falou de mim, da minha relação com o crime, me fez pensar, de certa forma não sou muito diferente dele.

- Castle! – ela pela primeira vez virou-se para fita-lo diretamente segurando seu rosto nas mãos – olhe para mim. Nunca mais diga isso. Ele é um psicopata, louco e sarcástico. Você não é assassino, você não tem maldade. É um dos mocinhos, fui clara? – os olhos amendoados ficaram esperando a resposta – Castle... – ele anuiu com a cabeça, um pequeno sorriso se formando no canto dos lábios. O primeiro desde que o encontrara - Vamos esquecer esse assunto, ok? Pelo menos por essa noite ou alguns dias. Depois você me conta como deixou Tyson tão irritado com você. Não hoje.

- Tudo bem. Sobe comigo? – ele perguntou embora seus olhos quase suplicassem por isso. Ela estava dividida.

- É melhor não, sua mãe o espera. Não quero atrapalhar um momento em família.

- Você não atrapalharia nada, além do mais você prometeu me encontrar. Foi o que fez, me salvou. Nada melhor do que entregar-me são e salvo pessoalmente, certo detetive? – ele via a relutância no olhar dela, porém havia algo mais – por favor, Kate – ela suspirou – uma taça de vinho.

- Tudo bem, uma taça de vinho – eles deixaram o carro. Lado a lado, dirigiam-se a entrada do apartamento de Castle. Antes de entrar, ela segurou o braço dele trazendo-o para junto do seu corpo num abraço apertado. Ele podia sentir o calor do corpo dela apertando o seu. O rosto de Kate pressionado em seu ombro. Claro que retribuiu o abraço, estava mesmo precisando de um pouco de apoio e carinho, não somente palavras. Afastando-se um pouco, Kate o fitou. Castle percebeu que tinha lágrimas nos olhos.

- Eu realmente falei sério quando disse que estava feliz por você estar bem, Castle. Eu estou. Queria ter feito isso antes – ela tocou os lábios dele com a ponta dos dedos, então viu os olhos de Castle perderem aquela névoa obscura que ainda os rondava. Sua boca provou a dele vagarosamente por breves segundos – você está bem, de verdade? 

- Estou. Agora mais que antes – beijou-lhe a palma da mão em agradecimento, segurando a mão dela na sua, ele entrou no seu prédio – Martha Rogers deve estar ansiosa – piscou para a detetive. Na porta do loft, ela largou da mão dele. Quando entrou na sala, um pequeno furacão ruivo se jogou sobre ele. Alexis abraçava o pai depositando um monte de beijinhos no seu rosto.

- Você está bem, pai? – a menina tinha o ar de preocupação no rosto.

- Filha, claro que sim. Estava com a polícia, a melhor detetive de Nova York, como não estaria bem?

- A vovó disse...

- Você sabe como sua vó é dramática, ela é uma atriz – vendo que a mãe já ia retrucar, ele a puxou para si em um abraço, não queria que Alexis soubesse de detalhes sobre o serial killer – obrigado, mãe. Você me entendeu direitinho.

- Ah, kiddo! – beijou-lhe o rosto e afastou-se dele. Seu novo alvo era a detetive Beckett – venha cá, bela criança! Você merece um abraço – puxou Beckett para si esmagando-a entre seus braços murmurando em seu ouvido – obrigada por cuidar dele, por salvá-lo – sorrindo, Martha segurou as lágrimas e decidiu mudar o tom da conversa – vamos brindar! Richard, pegue a garrafa de vinho na geladeira. Tem taças no balcão. Venha, detetive Beckett, sente-se comigo no sofá.

- Martha, tudo bem. Não posso me demorar e por favor, me chame de Kate. 

- Kate? Porque a chamaria assim quando seu nome é tão bonito. Katherine... – ela sorriu – posso?

- Claro – Castle distribuiu as taças servindo vinho para todos e um copo de suco para Alexis. Juntos brindaram à vida e as parcerias como ressaltou Castle. Entre risos degustaram a bebida. Kate já havia bebido duas taças, o que era mais do que prometera a ele, apesar do momento e do álcool ter ajudado a abrandar os perigos e os maus presságios da noite. Ela sabia que deveria ir embora. Levantou-se do sofá anunciando sua partida.

- Tenho que ir.

- Não, Katherine. Fique mais um pouco – disse Martha.

- Obrigada, mas eu realmente preciso ir. Ainda voltarei ao distrito para verificar os últimos andamentos do CSU. Eu apenas vim trazer seu filho como prometi, são e salvo – Kate sorria, buscou o olhar de Castle, o contato causou um arrepio em seu corpo. Martha se levantou para cumprimenta-la novamente. Outro abraço e mais agradecimentos. Castle disse que a acompanharia até a porta, porém antes pediu para ir com ele ao seu escritório.

Sozinhos diante da mesa onde o notebook do escritor permanecia ligado, Castle ficou frente a frente com Kate. Ela podia sentir a intensidade do olhar que ele a dirigia. Não sabia explicar, mas aquilo tocava seu coração, a aquecia.

- Por que me trouxe aqui, Castle?

- Para que pudesse me despedir apropriadamente sem fazê-la sentir-se envergonhada.

- Castle, não... – tarde demais, ele já beijava-lhe o pescoço, o maxilar, o queixo até alcançar os lábios. O beijo a amoleceu, o toque das mãos de Castle em seus braços apenas melhorava a sensação.

- Obrigado, Kate – com a mão nas costas dela, ele a guiou até a porta. Despediram-se com uma troca de sorrisos. Enquanto voltava ao seu carro, o frio de Nova York a atingiu. Curiosamente, a temperatura não a incomodava. Naquela noite, após todo o perigo, o stress e a adrenalina que vivera nas últimas horas, Kate tinha seu coração aquecido. Apesar de não ter colocado Tyson atrás das grades, Castle estava vivo, ambos estavam.

Tudo ficaria bem.

Continua.... 

4 comentários:

Unknown disse...

E está cada vez mais difícil ficarem longe um do outro intimamente hahaha adoro!
Tantos sentimentos envolve esses dois que me deixa boba, literalmente sonhando acordada.
Mesmo não admitindo é bom ver a Kate se entregando, aceitando o carinho, os beijos de Castle.
Estou adorando o rumo da Fic e não estou com pressa de vê-los juntos, adoro essas pequenas evoluções a cada capítulo.
Até o próximo :*

MarluLeles disse...

Após 3 semanas sem ler fics, aqui estou atualizando.
Esta perfeita, continuando a me surpreender a cada capítulo.
A Kate se entregando aos poucos é o ponto G da fic. Adorando! <3

cleotavares disse...

Como é bom ver a Kate cada dia mas ligada ao Castle, amando-o,mesmo que ainda não admitiu pra si mesma e o Castle sabendo respeitar o tempo dela.E esse fogo hein? kkkkk Chama os bombeiros. Não, melhor não, deixa pegar fogo.

Silma disse...

Vê o quanto ela já mudou por causa desse sentimento é realmente gratificante.Os murros ainda estão lá mas a cada dia pedacinho vai-se embora!Meu otp eterno! ❤️ Nem preciso comentar o quanto amei o capítulo!!!!Karen cê faz nós tão feliz! 😍