Nota da Autora: Eu pensei em quebrar esse capítulo em dois, porém dado os últimos acontecimentos, resolvi deixar assim um bem grande. Ia torturar um pouco mais, o que não seria justo. Adorei escrever essa parte da história, o angst me ajuda. Mudei alguns diálogos e achei a forma de inserir o caso. Vamos a S3! Enjoy!
Cap.13
Ainda surpresa
de um modo nada agradável, Kate respirava fundo para ouvir o que provavelmente
seria uma apunhalada nas costas. Não tinha como não pensar o pior.
- Tenho que
dizer, Nikki. Você é uma mulher poderosa. Não sei o que você fez com Rick, mas
o homem está um arraso. Nunca o vi assim. Tão sagaz, tão ligado. Wow! Merece
meu reconhecimento e parabéns. Ele sempre foi criativo e tal, porém agora...
será que você pode me contar o seu segredo?
- Gina, eu não
sei do que você está falando e quer saber? Pouco me importa, faça o que quiser
com ele, não dou a mínima. Diga a Castle que ele não precisa voltar ao
distrito. Aliás, diga para não me procurar.
- Hey! Diga
isso você mesma! Não sou mulher de recados, detetive – nesse instante Castle
apareceu na sala ouvindo o pedaço final da conversa. Kate. Ah, não!
- Gina, o que
você está fazendo? – perguntou Castle correndo até onde ela estava arrancando o
celular da mão da ex-esposa – Kate? – tarde demais, Beckett já desligara – o
que você disse? Por que atendeu meu telefone?
- Porque
estava tocando, Rick... ah, deixa de frescura. Sua detetive é bem
esquentadinha, não?
- Droga! Você
está bêbada, Gina. Vai tomar um banho e um café. De preferência, depois vá pra
sua casa.
- O que foi
que eu fiz?
- Provavelmente
me ferrou a vida, não seria a primeira vez – Castle disse discando o número de
Beckett. Estava enrascado.
Beckett não
acreditava no que ouvira. As palavras ecoavam na sua mente, não queria
acreditar. Com o celular na mão, estava parada no meio de seu apartamento. Lágrimas
deixavam seus olhos vermelhos, ardendo. Simplesmente não conseguia controlar o
choro. Era por isso que estava chateada, porque independente do que estava
sentindo, deveria ter previsto, se enganou por sua conta e risco. O que ela
estava pensando? Ele é assim, rico, exibido, adora festas, mulheres e vida boa.
O que uma detetive de homicídios seria para ele senão uma diversão? Como chegou
a considerar um relacionamento com ele? Imaturo, irritante, fútil. Kate, você
foi burra o bastante para se deixar cegar. Estava decepcionada com Castle e
principalmente consigo mesma.
O celular
vibrava em suas mãos. Estava tão absorta em seu próprio drama pessoal que
sequer vira as ligações. Castle. Não estava preparada para enfrenta-lo, porém a
raiva falara mais alto.
- Castle, o
recado não foi suficiente? Disse para não me procurar!
- Kate,
escute, não sei o que a Gina falou para você, mas eu quero...
- Não! Você
não quer nada! Não vou escutar qualquer desculpa, pra mim ouvi o bastante. Eu
errei quando aceitei o maldito convite para os Hamptons, eu errei quando pensei
em dar um próximo passo. Como poderia ter acertado? Esse é você, irritante,
metido, rico, fútil, vive cercado de mulheres, modelos. Sempre procurando
aventuras. Eu fui apenas mais uma conquista. Simples assim. Só que acabou. Não
quero ver você, não venha ao meu distrito e faça o que quiser com sua Nikki.
- Kate, pare!
Você está me acusando do que? Eu não fiz nada! O que quer que Gina tenha lhe
dito, eu não sou culpado. Está me acusando, me ofendendo e eu nem sei por que!
- Não sabe?
Você está nos Hamptons com sua ex-mulher bêbada e elogiando sua criatividade?
Faça-me o favor!
- Espera, você
está insinuando que eu dormi com Gina? É isso? Pois é uma mentira! Como você
pode pensar isso depois de....depois...- ele não sabia como completar a frase
sem complicar ainda mais a situação.
- Ora, Rick,
dado ao seu histórico de ex-mulheres não seria a primeira vez, certo “gatinho”?
– o tom na voz dela doeu, Kate acabara de enfiar um punhal em seu coração.
- Você vai ao
menos deixar eu me explicar?
- Não há
necessidade. Está bem claro para mim. Pensei que havia uma possibilidade. Ainda
bem que poupei meu desgosto de ver a cena ao vivo quando chegasse ai. Basta,
Castle.
- Claro,
certo. Tudo bem, Beckett se essa é a sua opinião irrefutável, não sou eu quem
vai ficar aqui escutando xingamentos e me acusar de algo que não fiz. Não quer
mais falar comigo, ótimo! Eu também não quero conversar com alguém incapaz de
ouvir. Você me deve um pedido de desculpas. Não vou ligar, não se preocupe.
- Ótimo! – ela
desligou o telefone com raiva. Soltou um grito frustrado jogando-se na cama sem
coragem para fazer nada.
Castle engolia
em seco. Os olhos azuis estavam opacos e frios. Por que ela não deixara ele se
explicar? Por que assumira que estava errado e pronto? Seria uma possibilidade
de sabotar os bons momentos que tiveram? Ele não queria desistir dela, porém
estava com muita raiva no momento para encara-la. Acusa-lo era bem fácil, não?
Maldita hora que Gina resolvera aparecer ali.
Ela estava vindo encontra-lo. Droga!
Ao ver Gina
surgir com a cabeça molhada após o banho, ele a encarou sério.
- Preciso de
um café.
- O que você
precisa é ir embora daqui. O que você falou para Beckett?
- Não disse
nada demais, eu inclusive a parabenizei por ter causado esse efeito em você.
Falei da sua criatividade, não é verdade? Foi ela que o fez escrever tão bem
esse segundo livro e rápido.
- Ah, não!
Gina ela entendeu tudo errado. Está com raiva de mim, me acusou de coisas que
eu não fiz!
- E por que
não explica para a detetive o que aconteceu?
- Tentei, quem
disse que ela quis ouvir? Teimosa! O que você queria? Bêbada, falando de mim de
um jeito estranho, claro que pensaria besteira.
- Eu vim pedi
ajuda a um amigo. Não é todo o dia que se termina um relacionamento pegando
outra na cama com seu namorado. Eu tenho o direito de afogar as mágoas, encher
a cara. Sou tão humana quanto você. Rick, você me ajudou. Estou melhor depois
da super dose de álcool de ontem e da nossa conversa.
- Exceto que
você não parou de beber.
- Isso é um
detalhe... espera, se ela ficou tão chateada... você está dormindo com ela?
- Não – mentiu
– é que a nossa relação, é um tanto complicada. Pelo visto acabou mesmo
qualquer parceria que pensei ter com Beckett e com a NYPD, já era.
- Por que diz
isso? O Rick Castle que conheço não desiste tão fácil. Não foge de uma briga
sem tentar todas as possibilidades – ela aproximou-se dele, acariciou-lhe o
braço – desculpe por ter causado esse problema. Não foi minha intenção. Relacionamentos
são difíceis, o que quer que tenha com a sua detetive, talvez deva pensar se
vale a pena insistir numa nova chance.
- Gina, nesse
momento não vou fazer absolutamente nada. Preciso ficar sozinho. Vá embora. Por
favor.
- E o livro?
- Leve o que
lhe dei, mas me deixe sozinho – ela pegou suas coisas, o manuscrito e com um
beijo na testa dele, deixou a casa. Castle ainda ficou na sala fitando o nada
por um bom tempo. Serviu-se de uma dose de whisky tentando digerir o que acontecera
e como poderia encarar a próxima etapa.
A teimosia e o
orgulho são qualidades memoráveis. Podem ser consideradas dádivas ou maldições,
usadas tanto para o bem quanto para o mal. No caso desses dois cabeças duras, o
resultado não poderia ser diferente. A nova semana começou e Beckett voltou a
trabalhar no distrito procurando esquecer os últimos acontecimentos do fim de
semana. Trazia no rosto as marcas deixadas pelo choro e a falta de sono. Nas primeiras
48 horas passadas mal se alimentou ou dormiu. Ainda procurava entender porque a
sua reação ao ocorrido era tão forte. Talvez porque passara anos tentando
evitar uma decepção, uma nova dor. Castle errara feio com ela. Logo agora que
estavam tão bem, começavam a encontrar um ritmo próprio para o que quer que fosse
aquilo que estavam vivendo.
Mais de duas
semanas se passaram, Beckett decidira por fazer aquilo que sabia de melhor.
Enfiar a cara no trabalho. De caso em caso, ela procurava se ocupar ao máximo.
Infelizmente, as noites eram os piores momentos. Quando não estava de plantão
na delegacia, era impossível não remeter seus pensamentos para Castle. A raiva
diminuíra um pouco, porém ainda estava decepcionada por ter se deixado enganar.
Não se falaram desde então. Durante esse tempo, houve momentos que chegou a balançar
olhando para a tela do celular, querendo ligar. Não pensou que ele cumpriria
com a sua palavra. Acreditava que iria fraquejar um dia e ligar. Isso não
aconteceu.
Por vezes ao
investigar determinado caso, se pegara olhando por longos minutos para a
cadeira vazia de Castle. Desde que ele se fora, Beckett não tivera coragem de
tira-la do lado da sua mesa. Outras vezes, quando levava trabalho para casa e
se encontrava em um momento ruim ou sem qualquer pista para seguir adiante,
sentia-se tentada em ligar para ele, pedir ajuda. Mesmo que fosse somente para
ouvir sua voz mais uma vez. Certamente ele ainda estava com raiva dela ou se
divertindo com sua ex-mulher em várias festas do seu meio social. Talvez fosse a hora de seguir em frente, não
seria fácil. Castle voltava ao seu pensamento em momentos mais que inoportunos.
Como esquecê-lo se logo haveria vários exemplares de seu segundo livro
espalhados pela cidade?
Não sabia se
ele ainda estava nos Hamptons. Não procurara se informar, tão pouco se continuava
com sua ex-mulher. Que faça bom proveito, pensou. Com o fim do verão, contudo
as coisas começaram a piorar para Beckett. Sabia que a mídia noticiaria sua
volta assim que recebesse informações sobre o próximo livro. Por mais que
tivesse muito trabalho a fazer, não era suficiente para evitar pensamentos que
a remetesse a ele.
Outro dia após
sair do distrito, ela se viu entrando em um restaurante italiano para tomar um
vinho tinto e comer um espaguete a carbonara apenas para constatar que o de
Castle era melhor. Não bastando isso, na mesma noite acordou por volta das
quatro da manhã ensopada. Acabara de ter um sonho erótico com ele. Preocupada
com sua reação a tudo e a forma como aquilo vinha lhe afetando, decidiu
procurar Dana. Ela devia ter uma ideia de como poderia resolver esse problema,
o que fazer para tira-lo da sua mente e seguir adiante. Agendou a consulta para
o dia seguinte ao sonho, estava na hora de tomar as rédeas da situação.
Consultório de
Dana Anderson
Ela marcara o
último horário disponível para conversar com a terapeuta. Na antesala do
consultório, apenas ela e a secretaria aguardavam a porta se abrir. Beckett
consultou o relógio. Sete e quarenta e cinco. A sessão anterior já deveria ter
terminado há quinze minutos atrás. O constante movimento das pernas batendo com
seu salto no chão do assoalho, denunciava a ansiedade de Kate.
Finalmente a
porta se abriu. Dana saiu acompanhada de um rapaz franzino e pálido.
Despediu-se dele e cumprimentou Beckett.
- Olá, Kate!
Bom te ver. Vamos entrar? – ela a seguiu fechando a porta atrás de si. Sentada
na poltrona de sempre, ela criava coragem para expor as novidades que de certa
forma confirmariam algumas suspeitas já levantadas por Dana em sessões
anteriores como também faria a terapeuta possivelmente puxar sua orelha.
- Você quer
começar? Faz tempo que não vem aqui. Espero que não tenha sido por nada do que
falei da última vez. Como vai o namoro com Tom?
- Não vai. Eu
terminei com ele.
- Hum, a
quanto tempo? Depois do feriado? – Dana cutucou, pois sabia que a resposta e a
conversa deveria iniciar exatamente naquele ponto.
- Antes do
feriado. Na verdade, eu passei o Memorial Day com Castle.
- Ah,
interessante. Então, estão namorando agora?
- Não! O que
temos é o oposto de um namoro. Não quero vê-lo na minha frente nem pintado de
ouro! Ele é um idiota, fútil e exibicionista com aquela casa dos Hamptons,
aquela Ferrari e todo o seu estúpido dinheiro. Não preciso dele.
- Achei que
era sua musa, que já tinha superado essa parte. É por isso que está aqui? Por
que voltou para a estaca zero? Na primeira briga de casal?
- Nós não
somos um casal! E não se trata da primeira briga, foi a última e definitiva.
Vim aqui porque preciso seguir adiante, tinha uma vida antes de Castle aparecer
no meu caminho, quero retoma-la.
- A vida chata
de workaholic e comida chinesa aos sábados na frente da TV? Nossa! E eu pensei
que você estava evoluindo, saindo de dentro da concha, deixando a vida de ostra
para trás e mostrando a perola que realmente é.
- Muito
engraçado! Hahaha! Virou poetisa agora? Se não fosse sua insistência em me
jogar nos braços de Castle, criticar minhas ações e colocar ideias na minha
cabeça, eu não estaria tão enrascada. Não teria passado por outra decepção. Eu
disse que não queria sentir dor. Adivinha? Tudo o que não queria aconteceu!
- Kate, não
tem nada de engraçado aqui. Estou vendo no seu semblante que está chateada,
machucada. Suas olheiras me indicam que está trabalhando demais, chorando à
noite. Você veio aqui para se abrir, dividir suas angustias e seus problemas.
Se quiser ajuda, terá que me contar o que aconteceu durante o verão – um
silêncio se estabeleceu entre elas. Dana levantou-se para servir-se de café,
entregou uma caneca a Kate. Era um convite para que se sentisse confortável o
bastante para encara-la. Pareceu funcionar.
Com toda a
atenção voltada para sua paciente, ela ouvira todos os detalhes da história de
Kate. Sua primeira ida aos Hamptons, sua convivência com Castle, o desejo, a
entrega, os momentos felizes. Era interessante observar a linguagem corporal
dela naquele momento. O rosto oscilava entre sorrisos e olhares vagos quando
alguém se desconecta do mundo para visualizar um outro lugar, outro tempo. O
peito arfava lembrando dos carinhos, do contato. Em seguida, a dúvida, as
lagrimas começavam a povoar os olhos e a pontada da dor reaparecera, quando ela
finalmente começara a falar de seus sentimentos.
- Era
estranho. O tempo que passamos juntos e ainda assim, separados foi...foi como
se não estivéssemos separados. Ele, escrevendo seu livro nos Hamptons, eu
trabalhando em Nova York. Falamos algumas noites, discutíamos casos, eu voltava
nos fins de semana. Por instantes me via desejando que o tempo passasse
depressa para que eu pudesse vê-lo novamente. Não sei definir exatamente o que
era essa relação, somente posso afirmar que não vivia algo assim em anos. Pela
primeira vez, cheguei a considerar algo mais em um futuro próximo, não disse
isso a Castle. Eram meus pensamentos. Ele nunca me forçou a nada, disse que
seria como eu quisesse.
- Pelo que me
descreveu, parecia um relacionamento bem promissor. Vocês estavam aproveitando,
se conhecendo. Um bom momento. Da maneira como conta, posso ver a leveza em seu
semblante. Você estava feliz com isso. O que mudou?
- Nada mudou.
Castle apenas voltou a ser Castle, o idiota!
- Kate,
precisa me contar...
- Eu estava
com tudo pronto para passar mais um fim de semana com ele. É incrível como
instinto é algo poderoso. Minha intuição me fez ligar para ele, ia avisar que
estava a caminho, que me aguardasse. Qual não foi a minha surpresa quando a
ex-mulher dele atendeu ao celular bêbada! Isso não foi o pior. Ao saber que era
eu, não apenas ficou falando que eu era poderosa, que melhorara Castle como fez
questão de dizer que dormira com ele e me deu os parabéns por atiçar sua
criatividade. Ele fez de novo. Ele agiu como o mesmo idiota mulherengo e fútil
que eu conheci. Como pude pensar que seria diferente comigo? Fui mais uma
conquista. Deve ser pré-requisito, dormir com a sua musa. Nunca tive tanta
raiva de alguém e também de mim mesma. Como deixei isso acontecer?
- O que Castle
disse? Você falou com ele, certo? Não ficou apenas com a palavra da ex-mulher –
ao ver a culpa estampada no rosto, já sabia a resposta – você o ouviu, Kate?
- Não tinha o
que ouvir! Seriam desculpas, mentiras... não é bem o que você está pensando.
Não, para que me sujeitar ainda mais a sofrer, ouvindo histórias inventadas
sobre isso?
- Kate,
deixe-me resumir o que ouvi: você estava às boas com Castle, curtindo e vivendo
um bom momento em suas vidas, nada sério, nada exigente. Um belo dia, você é
surpreendida por um telefonema. Uma possibilidade de turbulência. Sim, fica
chateada, a raiva é iminente afinal você acreditava que estava indo bem, no
caminho certo, então ao menor sinal de perigo você se esconde, pula fora sem
qualquer explicação, sem dar ao outro o beneficio da dúvida? Sem como você
mesma faz, em seu trabalho de detetive, examinar todos os fatos, os lados da
historia?
- Isso não é
uma investigação. Dana, acho que você está querendo me culpar. Por acaso está
do lado de Castle? – a terapeuta riu, sempre a teimosia.
- Pelo contrário,
não estou escolhendo lados. Nem o seu, nem o de Castle. Meu papel aqui é fazer
vocês enxergarem o que está diante de si, entender e trabalhar a verdade. Kate,
eu a conheço há bastante tempo, sei como analisa as situações, sei suas
reações, por isso me pergunto se sua raiva e sua decisão de não vê-lo ou
escuta-lo não seria uma fuga tão característica de Kate Beckett. Não está se
aproveitando dessa brecha para fugir de algo bom que poderia estar se formando,
se solidificando e caminhando para o inevitável por medo? O velho sentimento de
medo?
Kate
permaneceu calada. Como responder a isso? Dana tinha razão? Fora precipitada em
sua escolha? Não, ela apenas não conseguia ver o quadro todo. Ela a conhecia,
mas não a Castle.
- Dana, você
está querendo ajudar. Diz que não vê lados, mas certamente não conhece Castle.
Como pode saber que o compreende a ponto de apontar a culpa apenas para mim?
- Quem falou
de culpa? Tem razão, não conheço Castle a ponto de falar sobre ele ou
defende-lo. Conheço você. Se está inclinada a não assumir que errou ou fugiu,
por que não me diz o que a faz coloca-lo como vilão da historia?
- Tudo o que
ele é!
- Rico,
charmoso, carinhoso, divertido e.... – Dana provocou - mulherengo?
- Isso! Dana,
ele já fez isso antes! Já dormiu com a ex-mulher! Já aprontou demais em festas,
é quem ele é.
- Então, o
lance de dormir com ex é reincidente. Certo, me diga quando isso aconteceu, ele
estava com alguém? Você estava envolvida com ele?
- Não... nós
não estávamos juntos. Não tínhamos nada, ele... – calou-se diante do olhar de
“eu sabia” da terapeuta.
- Vamos tentar
uma outra abordagem. Supondo hipoteticamente, que ele realmente tivesse dormido
com a ex-mulher. Está errado e não merece sua compaixão. Imagine que isso fosse
um crime, você iria leva-lo para a sala de interrogatório e pressiona-lo para
que lhe dissesse o motivo de ter feito aquilo. Ia gritar, advertir e suga-lo
até que confessasse.
- Isso é diferente
– ela retrucou.
- Mesmo? Quão
diferente? Interrogar, questionar, são formas de diálogos também. Agora,
considere outra situação hipotética, Castle liga para o seu celular e Tom
atende. Não importa porque, nem como, escuta coisas que não gostaria ou
imaginava. Raiva, frustração, ele tem direito de sentir. E quanto a você, não
ia querer uma chance de se explicar? Não teria o direito de resposta? Se
coloque na situação reversa, no lugar dele, Kate. Desfazer esse mal entendido
seria sua prioridade não? Ele a ouviria?
Calada, Kate
passava as mãos nos cabelos. Nervosa, ansiosa por ter que encarar o que Dana
mostrara para ela. Fizera isso mesmo? ignorara a chance de Castle se explicar.
Por que? Era mais fácil a fuga. Escapar do algo mais... isso não era um jogo,
Dana estava errada, exceto que não estivera das outras vezes. Isso tudo era uma
forma de confundi-la?
- Você não
respondeu minha pergunta, Kate. Ele a ouviria?
- Esse não é o
ponto! – ela explodiu – o ponto é que ele cometeu o mesmo erro de antes. Se fez
isso agora, como posso ter certeza de que não fará de novo? Se tinha algo para
explicar, por que não ligou novamente? Ele não ligou!
- Ah... então
temos outro problema. Você também está chateada porque ele não ligou. Deveria?
- Claro que
sim! Ele precisava se explicar.
- Você
ouviria? Atenderia a chamada? Porque pelo que me disse não quer mais saber
dele, falar com ele. Diante de tudo o que você o acusou, as palavras duras que
disse, você ligaria?
- Talvez...
não.
- Do meu ponto
de vista, você deve desculpas a ele em primeiro lugar.
- Não vou me
desculpar, eu não errei. Não dormi com ninguém.
- E sequer
sabe se ele realmente fez isso. Está inferindo porque se sente melhor, usando
essa desculpa para manter a distância. Olha, Kate, como sua terapeuta devo
aconselha-la da melhor forma quanto as suas dúvidas. Porém, não posso ver
injustiças. Todo o problema, todo relacionamento precisa de um fechamento, de
cartas na mesa. Somente resolvendo esses assuntos pendentes é que se consegue
ir em frente. O melhor caminho era você ouvir o que Castle tem a dizer, tirar a
historia a limpo. Essa é a minha opinião, posso estar cruzando a linha ou sendo
bem pessoal quanto ao assunto, mas não posso esconder o que penso de você – viu
a expressão de Kate demonstrar surpresa.
- Por outro
lado, sou sua terapeuta. Tenho uma relação profissional com você. Dito isso, eu
farei o que me pedir. Se você quer esquecer e seguir com sua vida a partir
desse momento, eu a ajudarei. Basta pedir. Como imagina fazer isso? Diga e eu
seguirei.
- Pensei que
esse fosse seu trabalho...
- E é, mas com
um assunto inacabado entre vocês, como espera que eu a guie daqui para frente.
É muito fácil dizer que você apenas precisa focar em seu trabalho, prender
criminosos e ir para casa todas as noites descansar, dormir. E quando Castle
voltar a Manhattan, a promoção de seu novo livro começar, alguma revista irá
procura-la no 12th distrito, meu conselho? Haja normamente, seja profissional.
Está bom assim? Posso concluir que meu trabalho aqui está feito. Acabou a
terapia.
- Dana, não é
bem assim... e o futuro?
- Exato! E
depois, o que será? Qual o próximo passo? Você me diga, Kate – propositalmente
Dana checou o relógio – nossa sessão acabou. Você tem todo o direito de não
voltar ao meu consultório se quiser, pensar que meu trabalho aqui está
terminado. Continuarei aqui se precisar.
- Dana, eu não
quero que pense mal de mim. Não estou dizendo que seu método, sua análise está
errada. É um pouco demais estar aqui, ter problemas e ter que expô-los a um
profissional. Não posso usar uma amiga, não nesse caso.
- Kate, antes
de mais nada, não estou ofendida. Entendo perfeitamente tanto que nesse momento
estou morrendo de fome. Que tal me acompanhar num jantar entre amigas? Esqueça
a terapeuta, preciso de uma boa taça de vinho, uma massa e uma boa companhia
como você, topa? Sem perguntas analíticas...
- Tudo bem, eu
aceito seu convite.
As duas
deixaram o consultório rumando para uma pequena cantina italiana no Soho. Dana
não fizera isso apenas por uma cortesia profissional, ela sentia que Kate
precisava de um tempo, esquecer por algumas horas o assunto que fazia parte das
suas 24 horas diárias. Fora dura, pegara pesado. Tudo por um bom motivo.
Conhecia a resistência de Kate quanto a relacionamentos e Castle fez bem a ela
ao entrar em sua vida. Ainda acreditava que podiam se acertar. Tudo o que
dissera fora uma maneira de chacoalha-la. Kate errara e logo reconheceria seu
erro. Enquanto isso, ela a entreteria contando algumas coisas malucas que
fizera na vida, coisas que apenas amigas contam as outras.
Funcionou. O
jantar foi regado a vinho e risadas. Dana contou suas aventuras românticas pela
Europa quando morou seis meses por lá durante um curso de especialização. Kate
contou um pouco sobre sua viagem na juventude. Era uma reafirmação de confiança
mutua, Dana ficara satisfeita com o resultado. Despediram-se e Kate rumou para
sua casa, uma leveza perceptível em seu semblante. Dormiu tranquilamente como a
muito não fazia.
XXXXXXXXXX
Rick Castle
entrara na sala de sua editora ainda usando os óculos escuros. Tinha um
envelope grosso nas mãos. Sentou-se de frente para Gina que terminava uma
ligação. Assim que desligou o telefone, acionou sua secretaria ordenando um
pacote para ser trazido até o escritório.
- Olá, Rick!
Confesso que não o esperava antes do fim de setembro. Está três semanas
adiantado pelas minhas contas. O que significa esses óculos? Pode tira-los –
ele acabou acatando o pedido dela. A secretaria entrara com o tal pacote, Gina
esperou-a sair para comentar – nossa! Não existe noite nos Hamptons?
- Queria
acabar logo com a história. Trabalhei mais algumas horas além, nada demais.
- Não devia
ter se apressado, como eu disse, ainda temos três semanas. A menos que queira
antecipar o lançamento.
- Tanto faz,
não é como se tivesse outra coisa para fazer.
- Tudo bem,
entendi – ela disse retirando o manuscrito do envelope que ele colocara sobre
sua mesa – não quer dar uma olhada no material promocional? Ainda podemos mexer
se quiser – decidiu não entrar no assunto que provavelmente o fizera adiantar
todo o trabalho. Castle pegou o pacote, abriu observando as capas e
ilustrações. Os banners também foram bem feitos. Segurando uma das capas
ampliadas em suas mãos, ele não pode deixar de lembrar-se do comentário de Kate
quanto ao fato de Nikki estar nua na capa novamente. A lembrança arrancou-lhe
um suspiro profundo.
- O que achou?
- Ficaram
ótimas. Não há nada para mudar.
- Certo, já
que está aqui, você pode discutir um pouco sobre a turnê? Imagino que voltou
definitivamente dos Hamptons.
- Sim, para
mim o verão terminou. Podemos trabalhar no que você quiser – eles revisaram
cronogramas, programaram leituras e sessões de autógrafos. Castle pediu que
começasse na próxima semana e evitasse muitas entrevistas. Apenas para o NY
Ledger e outro. Faria toda a costa leste em duas semanas. Na costa oeste faria
apenas Los Angeles e Vegas, seriam suas primeiras paradas. Gina queria
perguntar mesmo sabendo que a possibilidade de uma entrevista com a detetive
Beckett era quase nula, porém achou prudente não tocar no assunto dessa
maneira.
- Acho que
terminamos aqui. Naked Heat será lançada na semana que vem. Precisa de algo
mais, Gina?
- Na verdade,
não. Acredito estar tudo em ordem. O material promocional será distribuído a
partir de amanhã. Rick,
eu adorei a dedicatória. “To the real Nikki Heat, with gratitude”. Ela
irá gostar.
- Não sei,
pareceu certo.
- Você
escreveu isso antes daquela discussão, não? – ele anuiu – você não voltou a
falar com ela?
- Não sou eu
quem deve desculpas.
- Tem certeza
que vai ficar bem? As próximas semanas serão bem movimentadas, perguntas serão
feitas. Está preparado?
- Estou, Gina.
Faço isso a um bom tempo. Serei eu mesmo, independente do que tenha acontecido,
as palavras nessa frase são verdadeiras.
- Eu sei – ela
sorriu vendo seu ex-marido deixar o escritório.
Gina tinha
razão, os primeiros compromissos de sua turnê em Los Angeles foram bem
agitados. A volta para Nova York não dera tempo dele descansar. Já havia
leituras e noite de autógrafos para atender. Em uma tarde, após assinar por
mais de duas horas e dar uma entrevista simpático e galanteador como sempre,
Castle deixou a livraria em direção ao metro. Na verdade, não queria voltar ao
loft ainda. Precisava de um tempo sozinho, sem qualquer pessoa perto dele. Desde
que voltara dos Hamptons, teve que lidar com os olhares piedosos de sua mãe e
Alexis, sempre tentando anima-lo. Ele não contara o real motivo. Sua mãe
obviamente entendera que algo acontecera entre ele e a detetive já que depois
de retornar, ele sequer voltara ao distrito ou mencionara o nome de Beckett.
Sabia que elas faziam por bem, mas estavam sufocando-o com seu zelo. Andando a
esmo, viu um pequeno parque ao atravessar a rua. Sorriu. Podia ser exatamente o
que precisava.
Caminhando
pela grama, ele avistou os balanços. Fazia muito tempo que não se sentava num
desses. Costumava levar Alexis ao parque e a embalava. Sentou-se em um deles.
Encostou sua cabeça nas correntes. Fazer essa turnê trazia lembranças de Kate a
sua mente, especialmente após uma entrevista na qual lhe perguntavam sobre ela.
Castle não
teve coragem de dizer que não trabalhava mais com a NYPD. Nem ele acreditava
nisso. Ainda esperava que pudesse reverter essa situação. O último mês sem
vê-la fora bem difícil. Mesmo que não fossem trabalhar juntos novamente, o modo
como se separaram era errado, doloroso. Não deveria ter sido assim. Por que ela
não dava o braço a torcer? Por que não o procurara? Orgulho, sem dúvida.
Ali, sentado
naquele balanço um sorriso apareceu no rosto cansado. Ao olhar para o lado,
vendo um outro balanço vazio perguntava-se se a sua cadeira cativa ainda estava
ao lado da mesa dela, vazia. Queria acreditar que sim. Talvez algo acontecesse
para que se reencontrasse. Castle contava com isso, um sinal apenas.
Os sinais como
Castle queria começavam a reaparecer na vida de Beckett. No caminho de seu
apartamento para o distrito, ela se deparou com cartazes de Naked Heat, pôster
do tamanho real de Castle em plena Barnes and Noble e para completar um grande
outdoor na Times Square. Rever aqueles olhos azuis a sua frente mesmo que em
uma fotografia, fez seu coração acelerar. É como o ditado diz, longe dos olhos,
longe do coração. O seu momento mais estranho foi na livraria. Kate ficou parada
em frente ao Rick Castle de tamanho real por um tempo estranhamente longo para
as pessoas que a observavam. Desde a última consulta com a terapeuta, Kate não
voltou. Não que tivesse levado à sério o que Dana lhe falou, o motivo era bem
simples, além do trabalho, ela não conseguira se decidir sobre o que realmente
queria das opções dadas pela terapeuta. A raiva diminuíra, era verdade, mas não
saberia dizer se ao vê-lo a sua frente agiria de maneira louca ou estranha. Era
uma das perguntas que se fazia ao olhar para o banner gigante.
Apesar de ver
o material promocional espalhado pela cidade antes do final do verão, imaginou
ser um dos objetivos da editora, avisar e excitar os leitores de Castle que seu
livro estava a caminho. Percebeu que a data de lançamento fora adiantada, o que
significava que ele estava em Manhattan. Mesmo assim, optara por não dar sinal
de vida.
E o sinal, a
favor de Castle, aconteceu dois dias depois. Ele estava no seu loft descansando
após uma tarde de autógrafos. O celular tocou. Sua amiga e escultora Maya
Santori ligou falando que precisava de sua ajuda, corria perigo e não podia
acionar a policia. Ele tomou isso como uma boa noticia, quem sabe não era a
maneira de chegar até Beckett?
No 12th
distrito, as coisas andavam um pouco devagar. Os rapazes acabaram se entretendo
com vários outros assuntos. Beckett arranjou logo algo para eles fazerem.
Invariavelmente, o assunto Castle foi mencionado. Ela tentou desconversar,
porém os rapazes insistiram.
- Talvez você
devesse ligar.
- Ele disse
que voltaria após o verão que já acabou, então, claramente, ele tem coisas
melhores a fazer – ela disse apenas para fazê-los desistir.
- Talvez ele
não tenha voltado de Hamptons – Esposito comentou.
- Ou ainda
está trabalhando no livro – disse Ryan. Por sorte, o telefone tocou e Beckett
pode escapar da conversa. Havia um novo assassinato. Saíram para o local,
fizeram a avaliação da cena do crime e depois de revistarem o apartamento da
vítima Chloe Whitman, professora. Olhando a área, Ryan notou um banner gigante
de Castle segurando o novo livro “Naked Heat”, outro cartaz indicava uma noite
de autógrafos nessa semana. Novamente, Beckett ficara intrigada com a imagem
dele, parecia que estava lhe olhando. Descobriram que a vítima tinha um
namorado, mas também não demonstrou nenhum perigo. Aparentemente, ela pretendia
deixar a cidade e ele nem tinha ideia. Encontraram na mão da vítima um endereço
em Tribeca. Registrado no nome de Maya Santori. Precisavam checar.
No prédio,
perceberam que a porta do apartamento estava aberta. Deveria ter alguém lá. Fazendo
sinal para os rapazes, todos pegaram suas armas e empunharam. Ao sinal dela,
invadiram.
- NYPD! Mostre
as mãos!
- Largue,
agora!
- Arma! – Ryan
gritou e disparou a esmo. Ao ver a pessoa virar, ela não acreditava.
- Castle?
- Beckett?
- O que está
fazendo aqui?
- Eu...
- Abaixe!
Abaixe! Abaixe a arma! – ela gritou com ele. Seguida pelos rapazes que
ordenavam o mesmo com as armas apontadas para a direção dele.
- Solte a arma
agora!
- Solte a
arma, idiota! Solte!
- Sim, não,
não, está bem.
- Solte,
imbecil!
- Certo,
pessoal, calma. Isso não é o que parece.
- Nunca é.
Vire-se – ela ordenou - Castle, vire-se – ele obedeceu e Beckett o algemou - Richard
Castle, está preso por assassinato.
De volta ao
distrito, ela o manteve na sala de interrogatório. De todas as alternativas
possíveis sobre um reencontro com Castle, essa realmente não passara por sua
cabeça. Agora teria que enfrenta-lo. Ainda tinha medo da sua reação. Castle não
estava seguro também. Dependendo de como ela o abordasse, poderia perder a
paciência. Por hora, escolhera agir casualmente como se tivesse se separado
amigavelmente. Quando entrou na sala, não pode deixar de reparar no quanto ele
a afetava. Continuava lindo.
- Algo está
diferente. Mudou algo? – sim, Castle ótima maneira de começar uma conversa.
- Já foi
informado de seus direitos, Sr. Castle?
- É sério? Não
vai nem perguntar como foi meu verão?
- Está ciente
de que está preso por assassinato?
- Achei que
estava exagerado nas algemas por diversão – queria facilitar o contato,
estreitar o laço - Você parece bem - era verdade, ela estava mais bonita que da
última vez que a vira, talvez fosse o jeito do cabelo.
- Você também
parece bem.
- É?
- Para
assassinato.
- Por que está
tão brava comigo? – o segundo comentário quase saiu pela sua boca. Era ele quem
deveria estar com raiva,
- Talvez
porque foi encontrado ao lado de um cadáver, armado.
- É, mas te
disse, ela estava morta quando cheguei.
- Por que não
ligou? – Beckett perguntou claramente não se referindo a esse momento.
- Eu ia te
ligar. Mas você apareceu antes que eu pudesse... – ele entendera o
questionamento dela, porém esse não era o lugar para dizer o real motivo da
falta do telefonema.
- Verdade? Então
por que te encontramos no apartamento da vítima?
- Bem, porque
ela me ligou.
- Então você e
a Srta. Santori tinham um relacionamento.
- Não diria
que era um relacionamento, Comprei umas esculturas...
- Estava
dormindo com ela? – a pergunta saiu de supetão e de modo reativo.
- Qual a
relevância?
- Motivo.
- Não, eu não
estava dormindo com ela.
-Tem certeza?
Mulher bonita...
- Estou em um
relacionamento – aquilo a pegou de surpresa. Estava se referindo a...
- Com quem?
- Este batom é
novo?
- Castle.
- Você sabe
com quem – o jeito como a olhara indicava que não era com a pessoa que estava
pensando.
- Como eu
saberia? Não te vejo há meses. Pode ter tido vários relacionamentos desde
então.
- Está
parecendo ciumenta.
- Ciúmes de
seu namoro com sua segunda ex-mulher e editora? Me conte, ela te obriga a fazer
tudo no prazo? – certo, isso foi baixo. Ela passara dos limites, contudo Castle
não tinha coragem de enfrenta-la ali, principalmente porque os rapazes estavam
observando junto com o Capitão. Era perigoso e não ia expor Beckett diante
deles. Ela resolveu mudar o rumo da conversa.
- Esta vítima
que te ligou, qual era o assunto?
- Ela disse
que estava com problemas e não podia ir à polícia.
- Então por
que ela te ligou?
- Porque Maya
sabia que eu tinha um relacionamento com você. Com a Polícia de NY – corrigiu
rapidamente - Achou que eu poderia ajudar.
- Ajudar como?
- Bom, ela não
disse, só falou para eu ir até lá. Quando cheguei, a porta estava aberta, O
lugar, destruído. Ela estava morta na cama e havia uma arma no chão.
- Então você,
sendo o veterano de várias cenas de crime, decidiu pegar a arma do assassinato
para o quê? Ter certeza de que teríamos suas digitais?
- Talvez tenha
perdido a parte em que disse que ela estava morta. Quando ouvi o barulho na
outra sala, achei que o assassino estivesse voltando. Então peguei a arma para
me defender. Me pareceu uma ótima ideia na hora. Foi quando você, Esposito e Annie
Oakley destruiram a porta.
- Devíamos
estar na cena do crime, procurando pistas. Então me diga, por que devo
acreditar em você, considerando que cria histórias para viver?
- Porque você
me conhece – droga! Nisso ele tinha razão.
- Você a
conhece? Chloe Whitman. Ela foi morta a tiros. O endereço de sua amiga foi encontrado
nas mãos dela depois dela ser morta.
- Outro
assassinato? Qual a conexão?
- Eu não sei. Você
que estava com a arma. Me diga você.
- Beckett, uma
palavra – Montgomery apareceu na porta.
- Oi, Capitão.
Como está? – o olhar de Montgomery dizia o quão feliz estava em vê-lo.
- O quê? Você
também? Sério... Por favor, pessoal! – Beckett saiu da sala para receber a
confirmação de que as balas não batiam com a arma que Castle segurava. Poderia
libera-lo, a questão era será que ele a obedeceria? Só havia um meio de
descobrir.
-Está livre
para ir – ela disse ao entrar na sala novamente.
- Bem, é isso?
- As balas não
são da sua arma. Está fora de perigo – virou-lhe as costas saindo da sala.
- Eu estou...
– ele correu para alcança-la - Então qual o próximo passo?
- Não tem um.
Para você, pelo menos. Você vai para casa – ela estava bem séria.
- Duas
vítimas, uma delas conhecida minha, e me manda para casa?
- Você é
testemunha, Castle. Não posso envolvê-lo.
- Já estou
envolvido.
- Castle, vá
para casa. Volte para o Hamptons, sua ex-esposa, suas festas de livro. Certo?
Tenho trabalho a fazer – ela virou-lhe as costas e saiu andando, queria estar o
mais longe possível dele. O simples fato de sentar de frente para Castle a
fizera voltar a sentir todas aquelas sensações maravilhosas. Ele estava
magoado, não pensava que seria tão ruim passar por isso. Fora bem pior. Porém,
não acabara ali. Ele acharia um jeito de falar com ela em um lugar mais
apropriado onde realmente pudessem conversar sobre tudo o que acontecera, sem
se preocupar com que os outros vão dizer.
Chegando ao
loft, encontrou a mãe e a filha conversando sobre o mesmo assunto que gostaria
de evitar. Relacionamentos. Alexis estava chateada porque um cara que ela
conheceu no curso de verão prometeu ligar e não ligou. Historia da minha vida,
pensou Castle.
- Apesar dele
ter dito que nos falaríamos quanto ele voltasse da Europa, o que ele já fez.
- Se sabe que
ele voltou, por que não liga?
- Ele que foi
embora. Se ele se importasse, teria ligado.
- Talvez ele
fosse ligar, mas não sabia como você se sentiria. Talvez estivesse preocupado que
algo tivesse mudado enquanto estava longe – disse Castle projetando seu próprio
problema através do da filha.
- Richard
Castle, é a coisa mais estúpida que já ouvi. Não te ensinei nada sobre
relacionamentos?
- Você é um
grande exemplo. O quanto isso importa? – perguntou ele.
- Nem sei se
ainda quero vê-lo.
- Por favor, nem
está dando uma chance.
- Por que está
do lado dele? – Alexis o encarou.
- Não estou.
Talvez ele faça algo que seja certo. Talvez ele só... Talvez ele te
surpreenderá.
- Talvez ele tenha
perdido a chance dele – as palavras da filha o atingiram em cheio. Claro que no
seu caso e de Beckett, era ela quem sumira, quem o destratara e o acusara. O
pedido de desculpas deveria vir dela. Porém, após o ocorrido hoje no distrito,
ele percebeu que além de magoada, Beckett acreditava piamente que ele estava
com sua ex-mulher. Isso é tão frustrante! Tudo bem, se Kate não era corajosa o
bastante para encara-lo, ele faria isso pelos dois. Queria voltar ao 12th, mais
que isso, queria se acertar com ela. Tirar o mal entendido entre os dois e quem
sabe, suspirou, quem sabe não poderiam voltar exatamente para aonde tinham
parado? À noite, seria o melhor horário para conversarem. Podia aborda-la em
seu apartamento. Enquanto isso, ele teve uma ideia.
Beckett deu
algumas tarefas para os rapazes. Ficar olhando para a cadeira de Castle vazia a
sua frente não ia resolver o crime nem seu problema. Decidiu ir até o
necrotério falar com Lanie. Descobriu que ambas as vitimas tinham tatuagens
feita pela mesma tatuadora, recibos de taxi do dia da morte estavam em seus
bolsos e uma dela possuía um numero gravado na pele visível com luz negra. 227.
De volta ao distrito, soube de uma conexão entre as duas. Receberam telefonemas
do mesmo cara antes de morrerem. Tinham um endereço. Quando chegaram lá, qual
não foi a surpresa de Beckett ao ver o suspeito morto e Castle na cena do
crime, de novo. Com a cara mais lavada, dizia que podia explicar. Ela o levou
algemado para o distrito pela segunda vez no mesmo dia.
- Poderia me escutar,
por favor?
- Por quê?
Você não me escuta.
- Eu estava
investigando sozinho. Isso não é um crime, é?
- Não, mas
entrar na cena do crime é, assim como assassinato.
- Estava
tentando ajudar.
- Não preciso
de ajuda. Como chegou até aqui, aliás?
- Estava
seguindo uma pista, como você.
- Sério? Então
viu os registros telefônicos das vítimas e procurou por pontos em comum?
- Não, não
exatamente.
- Então o quê?
– ela apertou a orelha dele.
- Tudo bem! Vi
o registro de chamadas! Vi o registro de chamadas!
- Registro de
chamadas?
- Sim, no
celular da Maya. Imaginei que acharia a última ligação dela. Telefonei para o
McCutchin aqui, peguei o nome na caixa postal, e, então, pesquisei na internet.
Diga que não está impressionada.
- Entrou em
uma cena do crime ativa sem autorização.
- Sim... Mas
usei luvas.
- Beckett. O
corpo dele está gelado. Está morto há horas.
- Viu? Eu não
o matei – ela revirou os olhos indignada. Que dia era aquele?
- Estranho,
ele vendia máquinas como aquelas de refrigerante e doces. O que teria em comum
com uma escultora.
- E uma
professora – Beckett mandou os rapazes vasculharem a vida dos três do avesso,
queria qualquer conexão.
- Como posso
ajudar?
- Olha,
Castle, sinto muito por sua amiga. Sinto mesmo, mas isso não significa que pode
aparecer e agir como se nada tivesse acontecido. A verdade é que, se quisesse
voltar, já teria voltado, mas não voltou. Então vamos encarar. A única razão
pela qual está aqui agora é porque estava no lugar errado, na hora errada.
- Já parou
para pensar que, talvez, eu estivesse esperando notícias suas? – sim, ela
estava chateada e não reconhecia que precisava desculpar-se. Pelo menos não
estava sendo agressiva. Se forçar um pouco mais, poderia convencê-la.
- Sabe o que
estes corpos são? Um sinal.
- Um sinal?
- Um sinal. Um
sinal do universo nos dizendo que precisamos resolver este caso juntos. Você
não quer decepcionar o universo, quer? – aqueles olhos azuis a fitando faziam
Beckett perder a concentração.
- Você não vai
embora, não importa o que eu faça, não é?
- Eu respeito
o universo.
- Certo. Tudo
bem. Deixarei você se juntar a mim neste único caso, contanto que prometa fazer
o que eu mandar, quando eu mandar e não fazer investigações sozinho.
- Prometo. Não
irá se arrepender disto.
- Já estou
arrependida – como isso foi acontecer? Por que cedera tão fácil às loucuras de
Castle?
Apesar de
dizer que não gostava de tê-lo de volta, Beckett sorriu internamente quando ele
surgiu no distrito trazendo café para ela. Sentira falta do gesto,
especialmente do café. Desde que ele se fora, não tomava café da máquina de
expresso. De frente para o quadro buscavam a conexão entre as três vitimas.
Vasculharam tudo e não encontraram nada. Castle lançou suas teorias.
- Talvez sejam
agentes top da CIA, marcados para execução.
- A CIA é uma
teoria popular para você.
- É, bem, a
estatística diz que, eventualmente, estarei certo.
- Havia
esquecido o quão úteis suas deduções podem ser.
- É? – claro
que o olhar que ela o lançou indicava desdém - Aposto que descubro como eles estão
ligados antes que você.
- Tudo bem.
Está apostado. Mas se eu vencer, tem que prometer ir embora e nunca mais
interferir em nenhum de meus casos.
- Certo, e se
eu ganhar... – isso está ficando bom, pensou Castle e fez sua oferta - Tem que
me aceitar de novo como seu parceiro.
- Fechado –
Castle estava gargalhando por dentro, o universo voltara a conspirar a seu
favor.
Eles
conversaram com a namorada de Tom, a terceira vítima e descobriram que ele
estava devendo dinheiro a um agiota, porém ao entrevistá-lo, ele confirmou que
não matara o rapaz, ele atrasou, mas pagou o que devia com juros e seu álibi
era bom. Assim, Castle sugeriu que talvez devessem dar uma olhada nas finanças,
afinal um cara que trabalha com maquinas de vendas de refrigerante não tem
tanta grana assim de uma hora para outra. Castle, Beckett, Ryan e Esposito
sentaram-se em uma sala de reunião para revisar todas as informações
disponíveis das vítimas. Deviam ter deixado passar algo. Encontraram um
pagamento igual e feito na mesma data para as três vitimas além de descobrirem
que eles frequentavam o mesmo lugar KCBC. Enquanto os rapazes checavam com o
banco, eles ficaram sozinhos na sala. Castle tinha um risinho de satisfação no
rosto.
- Não pense
que isso significa que você ganhou a aposta. Só sabemos que eles estão ligados.
Ainda não sabemos como.
- Também senti
sua falta – sorrindo para ela, o que a fez sorrir também.
A noite estava
se tornando longa. Castle ainda queria um momento com Kate para conversarem
sobre tudo o que ocorrera. Mesmo que estivessem bem enquanto investigavam, o
que parecia uma coisa natural para ambos, sabia que a mágoa continuava ali. Havia
poucas pessoas no distrito, ele poderia leva-la para uma sala ou até na
minicopa mas qual seria a reação? Novamente, o destino parecia estar agindo por
eles.
Esposito
conseguiu traquear o local de onde saíram as cobranças de cartão de credito.
Tinham um endereço. Beckett o chamou para acompanha-la. A oportunidade
perfeita. Ninguém próximo aos dois. Antes de entrar no carro, Castle segurou
sua mão.
-
Beckett...Kate, nós precisamos conversar.
- Castle, não
temos nada para conversar. Temos um caso para solucionar. Entre no carro.
- Não espere.
Eu sei que está com raiva, magoada comigo por algo que não fiz. Eu preciso me
explicar, você me deve isso.
- Não, você
não precisa me explicar nada. Está tudo claro. Seguiu sua vida, simples assim.
- É esse o
problema, você inferiu uma situação e acreditou nela como se fosse verdade
absoluta!
- Você não
ligou! Dois meses e você não ligou! O que quer que eu pense, Castle? – a voz
estava alterada – estava bem sem mim, não precisava de mim. Já tivera o
bastante!
- Como você
pode me dizer isso? Você disse para eu não ligar, esquecer que existia. E pode
não se lembrar, mas quem deveria ter ligado com um pedido de desculpas era
você. Kate, eu contei não foram dois meses, foram dois meses e dezesseis dias
esperando por um sinal, por uma ligação para que você me pedisse desculpas e
ouvisse o que tinha a dizer.
- Eu não
preciso de explicação sobre como levou sua ex para cama. Eu não fiz nada
errado! – ela reafirmou com a voz alterada.
- Ah, claro! O
idiota fútil e mulherengo que fez. Por que você tem que ser tão teimosa? Por
que não admite que me xingou mesmo sem saber o que aconteceu? Não, seu orgulho
não a deixa pedir desculpas. Tudo bem, nesse caso eu faço, mesmo não tendo
culpa, eu faço – ele passou a mão nos cabelos tomando fôlego para continuar -
Eu sinto muito que você tenha ouvido as besteiras da Gina, ela estava bêbada e
acabou mostrando as coisas de um jeito totalmente errado. Sim, ela estava
elogiando você porque me ajudou a escrever o livro. Atiçou minha imaginação. Eu
não dormi com a Gina. Aliás, não dormi com ninguém exceto você, Kate. Não quer
ouvir a história? Azar seu, porque vai ouvi-la. Gina apareceu lá em casa
arrasada. Disse que precisava de um amigo, alguém que entendesse o que ela
estava passando. Ela dirigira sem parar até os Hamptons após pegar seu atual
namorado com outra em sua cama. O mesmo que acontecera comigo e Meredith. Eu
ofereci vinho a ela, deixei-a falar.
Castle se
aproximou um pouco mais encurtando a distância entre eles. Continuou.
- Ela viu as
folhas do meu livro espalhadas pela mesa, surpreendeu-se que estivesse tão
próximo de termina-lo. Leu alguns capítulos inclusive a cena de sexo. Por isso
deve ter falado sobre criatividade. Ela acabou a garrafa de vinho, entrou no
whisky, na vodca. Não parou de beber. Quando você ligou, eu havia deixado-a
sozinha para lavar o rosto e fazer café. Precisava desesperadamente de cafeína
para me manter acordado. Estava trocando o dia pela noite por conta do livro,
exausto era como me sentia. Ao voltar a sala, ouvi o que ela estava dizendo no
celular. Mas já era tarde demais. Você já tinha criado a sua própria história
e.... o resto você sabe. Eu mandei Gina embora, me senti um lixo por alguns
dias, esperei você ligar, quase liguei. Então, resolvi fazer o que precisava.
Eu escrevi. Terminei o livro três semanas antes do prazo e voltei para Nova
York. Eu não apareci antes porque preferi acabar minha turnê antes de
reencontra-la, porém Maya ligou.
Kate que ouvia
a cada palavra de Castle, começava a se sentir mal por tudo o que ocorrera.
Novamente, Dana tinha razão. Se tivesse ouvido evitaria sofrimento, brigas e
dor. Não teriam ficado esse tempo todo sem se falar. Acreditava nele, droga, sim!
Ele estava sendo sincero. Não podia ceder tão fácil, ou podia?
- Kate, eu
sinto muito. Nós podíamos ter evitado tanto... – ele viu Kate passar as mãos
pelos cabelos, ela estava cedendo. Castle se aproximou, sem pensar duas vezes,
Prensou-a contra o carro e sorveu-lhe os lábios. Deus, ele sentira falta
daquela boca! Kate respondeu ao beijo. Suas mãos chegaram aos seus cabelos
aprofundando seu contato com o corpo de Castle. Ele enfiou a mão por dentro da
blusa que ela usava. O toque causara arrepios por todo corpo dela. Ao se
separarem, ela percebeu os olhos azuis olhando-a intensamente.
- Fale alguma
coisa, Kate.
- Eu senti
falta desse beijo... – ele sorriu aliviado.
- Significa
que estamos bem?
- Não
exatamente, Castle eu posso ter exagerado na interpretação do que Gina me
disse, eu posso ter errado. Mas eu não sei se o que estamos fazendo, eu nem sei
o que é isso que estávamos vivendo. Não sei o que pode acontecer daqui para
frente. Não esperava encontra-lo dessa forma, dentro de uma investigação. Não
vou mentir, depois que passou todo o turbilhão e a raiva, foi bom vê-lo
novamente. Eu acredito em você, de verdade, mas não me peça para decidir o que
fazer agora. Temos trabalho para fazer.
- Tudo bem,
posso viver com isso, porém tenho uma condição. A aposta acabou. Você me aceita
de volta no distrito independente dela. Não precisamos pensar sobre nós, nesse
instante quero somente trabalhar com você, investigar. Eu senti muita falta
disso e de você. O que acha?
- A aposta
continua para despistar os rapazes e nenhuma palavra sobre essa conversa.
- Feito – ele
estendeu a mão para firmar o acordo. Ela aceitou e acariciou a pele dele com o
polegar. Sorriu – vamos trabalhar.
Eles
encontraram um clube burlesque, a ligação entre as vitimas e a dona do clube.
Entre entrevistas e suspeitas, eles acabaram dando voltas, chegaram a acusar
Chloe e os outros de estarem envolvidos na fabricação de metanfetamina. Depois,
o namorado parecia o suspeito mais viável. Apesar de ter encontrado a arma do
crime no apartamento dele, não significava que era o assassino, nem ela nem
Castle acharam uma conexão plausível. Até Castle chegar a uma excelente teoria
que os levou a conclusão sobre o verdadeiro assassino. Ela estava olhando para
o quadro com o olhar de que algo não se encaixava. Quando Esposito confirmou
que não havia nada nas finanças de Evan.
-Talvez fosse
o motivo dele. O que quer que estivessem tramando, ele não pegou a parte dele.
- O que era a
parte dele? No que diabos estavam metidos? É como uma piada sem graça – disse
Beckett - Uma escultora, um vendedor de máquinas e uma professora de química entram
em um bar burlesco.
- É, só que
não temos a frase de efeito – brincou Castle.
- Só que
fizeram muito dinheiro e foram assassinados.
- "Fizeram
muito dinheiro."
- O quê? – ele
provavelmente tinha uma teoria, pensou Beckett.
- Uma
escultora que trabalha com metal, uma química... E um operador de máquina
automática... Acho que sei o que eles estavam fazendo. Ainda temos a bolsa de
Chloe? – ele a deixou sozinha para procurar o objeto na sala de evidências,
quando ele voltou, Beckett observava-o empolgado para contar sua ideia, a mesma
que ela já desvendara. Mas, não ia estragar o momento. Afinal, ainda tinha uma
aposta e um assassino para finalmente encerrarem o caso.
- O que está
procurando?
- Olhe os
números de série dessas notas – mostrando o dinheiro para Beckett.
- São os mesmos.
- Essas notas
são todas pré-1998. Isso foi antes de redesenharem a moeda. É nossa frase de
efeito. É como todos estão ligados. Na falsificação, o mais difícil é fazer o
papel. Mas eles tinham todo o papel que precisavam. Tinham estoque infinito de
notas de 1 dólar.
- Das máquinas
automáticas – Beckett completou.
- E as
substâncias químicas encontradas nos corpos...
- Eram usados
para lavá-las para fazer notas de banco apagadas – bem pensado, ela disse.
- Um
procedimento que requer a perícia de uma química. E o que falsificadores fazem com
notas de banco apagadas? – perguntou Castle instigando o jogo tão bem praticado
por eles ao resolverem quebra-cabeças.
- Imprimem
valores maiores, para o qual precisavam uma placa de impressão de metal.
- E quem
melhor para providenciar isso do que uma escultora?
- Então...
Placas, papel... Só está faltando um ingrediente – disse Beckett dando uma
última olhada no quadro. Então, o olhar de satisfação a tomou. Virando-se para
fita-lo, ambos exclamaram.
- Sei quem é o
assassino! – naquele instante, ela soube que estavam de volta. Quase o beijou
por esse pequeno momento intimo. Com um sorrisinho maroto, ela o chamou - Vamos
lá.
A prisão de
Kitty e seu marido acabou sendo bem trabalhosa. Mais uma vez, Castle salvou
Beckett de levar um tiro. Ela pediu para que ele não fosse atrás dos suspeitos
deixando com ele uma das suas armas para proteção. O que teve bom uso já que
todos se envolveram em uma perseguição e muitas balas, a detetive teve a chance
de retribuir o gesto evitando que Castle levasse chumbo. Coisa que ele também
fez, quase em uma cena de duelo.
- Que caso!
Muito inteligente, não? Para sua sorte eu descobri o esquema – ele piscou para
ela – hora de contar que ganhei a aposta.
- É parece que
você ganhou honestamente – ela sorriu.
- Então, te
vejo amanhã? – ele perguntou.
- Sim, te vejo
amanhã – assim que Castle saiu, Esposito se aproximou.
- Então,
quanto tempo antes de Castle você já sabia que isso era sobre falsificação? –
ela apenas sorriu. Retornou para sua mesa para fazer o relatório. Ele tinha
razão, fora um bom caso. Interessante, e ver Castle se dedicar para achar a
resposta para tudo trouxe ótimas memórias do quanto era bom tê-lo por perto. Não
mentira para o escritor. Ainda tinha dúvidas. Retornariam de onde pararam? Era
tão simples assim? Apenas jogar-se nos braços dele? Uma parte dela desejava
muito isso, a outra preferia agir devagar. É, tê-lo trabalhando em seu distrito
era uma maneira de levar as coisas devagar.
Kate acabara
de colocar seu pijama quando a campainha tocou. Oito horas. Talvez ela soubesse
quem fosse. Estava certa.
- Oi, Kate. Já
jantou? – ele ergueu a sacola com várias caixinhas de comida chinesa.
- Não... – ela
sequer teve a chance de convida-lo para entrar, Castle já estava no meio de sua
sala rumando para a cozinha. Ela o seguiu ajudando a arrumar a mesa para que
comessem. Depois, tirou da geladeira duas cervejas – aceita?
- Claro,
obrigado. Sente-se. Antes que me pergunte porque estou aqui, que não deveria
fazer isso e tantas outras possíveis desculpas que você queira inventar, não
estou pressionando nada. Eu queria passar um tempo a sós com você, um pequeno
jantar, conversar e – ele pegou uma outra sacola de papel de onde retirou uma
caixa – entregar isso. Eu prometi que você teria. Planejava entregar antes, mas
diante de tudo que aconteceu...
Ela abriu a
caixa. Um exemplar de Naked Heat. Sorriu. Ao virar a pagina, viu que ele
assinara abaixo da dedicatória “To the real Nikki,with gratitude”. Simples e
bonita. Quando será que ele escrevera? Antes ou depois da briga?
- Eu gostei do
presente. E da dedicatória.
- É verdade,
sou grato pelo que vivemos, fazemos. Grato a você, Kate – ele se inclinou
beijando-a no rosto. Um pouco frustrada, ela continuou a comentar.
- Espero que
seja bom. O último de Patterson estava ótimo – ela disse implicando.
- Você leu o
livro de Patterson? Isso é traição, Kate. Estou magoado... você é minha musa. Como
pode fazer isso?
- Eu estava
com muita raiva de você. Para ser sincera, eu ainda prefiro o pedaço do
capitulo que li de Naked Heat, suas cenas de sexo são bem mais interessantes.
- Pervertida! –
ambos sorriram. Logo o semblante de Kate tornou-se mais sério.
- Castle... eu
realmente espero que consigamos voltar ao que éramos.
- Mesmo não sabendo
exatamente o que estávamos fazendo?
- É, soa
idiota e sem noção, porém esse é o jeito que consigo lidar com a gente. Devagar.
- Baby steps. Se
for levar em consideração como eu estava me sentindo semana passada ao dar uma
entrevista e falar sobre você, evolui bastante – trocando sorrisos, eles
voltaram a se concentrar na comida. Mais tarde quando ela anunciara que estava
tarde, Castle levantou-se do sofá em direção à porta. Ali, parados, os olhares
diziam silenciosamente o quanto aquele reencontro fora prazeroso. Antes de sair
pela porta, ele agradeceu.
- Obrigado
pela companhia. Tenha uma boa noite, Kate.
- Obrigada
pelo jantar, e Castle? – ela o puxou pela mão a fim de aproxima-lo de seu corpo
– você estava certo, eu sinto muito – inclinou-se para beijar-lhe os lábios
carinhosamente – desculpa por não ouvi-lo antes.
- Bem, pelo
menos essa parte já acabou. Desculpas aceitas.
- Boa noite, Castle. E observou o escritor
desaparecer no elevador fechando a porta com um sorriso nos lábios. Estavam bem,
pensou. E torcia para que continuassem assim.
Continua......
4 comentários:
Estão vendo, seus teimosos, nem doeu. Eu estou cada dia, mais viciada nessa fic.
Não deu tempo de comentar o outro, pois vc já tinha postado capítulo novo hehe
Fiquei com o coração na mão com o fim do outro cap, não pq desconfiei do Castle, mas sim pela reação da Kate. Sabia que ela ficaria desconfiada, magoada e que não seria fácil essa reconciliação. Mas graças a vc, temos uma Dana pra mostrar a Kate como as coisas são, e fazer ela pensar. Esse capítulo foi sensacional. Adoro o começo da 3 temp, e o que vc fez coube certinho no capítulo. O Castle tomando a iniciativa pra esclarecer as coisas 😍 o beijo, ele levando o jantar... Muito bom ver eles bem. Amei, a Fic está perfeita ❤
Beijos!!!
Que bom que está tudo ok,mas meu medo é esse... Pq sempre vem bomba depois.
Achei muito legal ele ter feito ela o ouvir,Dana sempre tem razão incrível adoro o jeito com ela faz a Kate lidar com as coisas.
"Eles estão bem" ❤️
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