Nota da Autora: Eu troquei a ordem dos episódios de propósito. Precisava ter um plot para o que gostaria de abordar nesse capítulo e para a entrada de uma nova personagem (que talvez tenha vida breve). Não quero que foquem em detalhes do caso, o que importa são as situações que a cada momento parecem desafiar Beckett deixando-a ainda mais confusa. E geralmente o resultado é besteira, não? Espero que riam, façam careta e um pouco de raiva não faz mal a ninguém, certo?! Enjoy!
Dedicado a Thais! Happy B-Day, Girl!
Cap.16
A experiência
com Jerry Tyson, pela primeira vez, mexeu com o subconsciente de Kate Beckett.
Eles já estavam trabalhando juntos há quase três anos. Entre casos e perigos,
dessa vez ela teve muito medo de ter arriscado demais, colocado a vida de
Castle em perigo. Obviamente, ela sempre se preocupava com ele, estava em seu
instinto e sua responsabilidade de proteger e servir, no fim das contas, ele
era uma espécie de parceiro mesmo que não admitisse abertamente. Aquela noite
trouxera outra perspectiva. Teria que procurar ser mais cuidadosa com ele. Não
era como ela que escolhera aquele caminho para seguir, no qual o risco de se
acidentar ou morrer estava calculado ou não, vinha com a profissão. Castle era
um escritor, não um policial. Não se inscrevera para correr riscos de
assassinato, tinha uma família.
Beckett não
entendia porque esses pensamentos rondavam sua cabeça nesses últimos dias. Era
como se um sinal de alerta tivesse sido disparado em sua mente. Naquela manhã
no 12th distrito, ela esperava digitando os últimos comentários em seu
relatório pelo seu ritual clássico que se estabelecera entre eles ao longo dos
três anos. O café.
Quando o viu
caminhando em sua direção, não pode deixar de sorrir e admirar o homem a sua
frente. Ele vestia-se muito bem, escolhera tons de roxo hoje. Será que ele
imaginava que essa era sua cor preferida? Os olhos azuis estavam bem mais
claros essa manhã. Uma pena que nessa posição ela não podia ver a segunda parte
preferida de seu corpo. O traseiro. Mordeu os lábios para não deixar escapar um
riso.
- Bom dia,
detetive Beckett – entregou o café – o que temos para hoje?
- Até agora,
só o fim da papelada. Você está muito sorridente hoje, Castle? Viu algum
passarinho verde?
- Não é o que
você está pensando. Consegui os ingressos de Alexis. Você precisava ver a
alegria dela ontem quando chegou do show, mesmo tendo que aturar o namorado
beijando-a, ganhei o título de pai do ano.
- Ah, e como
adora um elogio... ok, eu preciso dizer que admiro a forma que lida com sua
filha. É tão... não você.
- Isso era
para ser um elogio, detetive?
- É que quando
você está falando ou fazendo as coisas para Alexis, você é responsável e não
fica me irritando com baboseiras ou teorias malucas.
- Hey! Você
gosta das minhas teorias malucas ou vai negar que já me consultou para salvar
sua pele quando estava presa e sem ideia de como seguir em seu caso?
- Foi um
lapso.
- Sei, sei. Bem, se não tem um caso, acho melhor eu
voltar para minha casa. Estou trabalhando no próximo livro de Nikki. A história
é um pouco mais densa dessa vez. Tenho que desenvolvê-la corretamente.
- Oh, então
você ainda é um escritor. Bom saber – disse ela implicando com um belo sorriso
no rosto.
-
Engraçadinha. Ligue se algum corpo cruzar o seu caminho – ele levantou-se da
cadeira, ia apenas virar e ir embora, mas a tentação de toca-la foi maior.
Castle deu um passo para frente e colocou sua mão sobre a dela, deixando o
polegar se perder acariciando a pele. Beckett levantou o olhar para fita-lo.
Por que ele estava fazendo isso? O contato já mexia com seu corpo, os pelos do
braço já eriçavam com o pequeno toque. Oh, Castle! Quando ele parou e seguiu
pelo corredor, Beckett se viu segurando a respiração. Droga, ele também sabia
provoca-la.
Mais tarde
naquele dia, Beckett recebera um chamado de um homicídio. Uma médica. Avaliando
todas as possibilidades de motivos, eles chegaram em dois caminhos: uma
potencial ligação com a máfia através de Cesar Calderon e alguém do hospital.
Ao falarem com o ex-mafioso, descobriram que além de ser fã de Rick Castle e
Nikki Fuego, como ele se referia ao livro em espanhol, a vítima era sua médica
particular, o que justificava parte das finanças encontradas no extrato que
analisaram antes. O mafioso não tinha nada contra a vítima, pelo contrario, não
faltava admiração. A segunda hipótese parecia bem mais coerente, eles se
apegaram a mesma conclusão de que o assassinato estava relacionado com o
hospital. Logo encontraram uma personagem muito peculiar, um enfermeiro que
parecia encantar todas as mulheres. Inclusive Beckett. O que não agradou nem um
pouco a Castle e esse não foi o único homem que pareceu se insinuar para
Beckett nesses últimos dias.
Na primeira
ida ao hospital, Greg foi sutil, mas persuasivo em seu flerte com Beckett.
Quando voltaram lá pela segunda vez, assim que descobriram a ligação entre o
enfermeiro e uma prisioneira, eles esbarraram em um médico da emergência.
Castle reparou na forma como o cara olhava para a detetive. Quer dizer a
secara. Ou ela não percebera suas intenções ou estava gostando de ser
paquerada. Ela perguntava sobre o enfermeiro, mas não parecia em nada com a
detetive durona que entrava nas salas de interrogatório e arrasava seus
oponentes.
- Dr.
Davidson, o que pode me dizer de Greg, como ele se relaciona nesse hospital?
- Por favor,
me chame de Josh – Castle mordia os lábios para evitar que grunisse em
frustração. Ele estava dando em cima dela descaradamente. E Kate? Espera ela
mexeu no cabelo? Ela está sacudindo o corpo? O que está acontecendo aqui,
detetive? Ela continuava conversando com o médico totalmente alheia a batalha
que Castle travava ao seu lado. Ele realmente não sabia o que fazer para
tira-la dali. Felizmente, foram interrompidos pelo telefonema de Laine com
novidades sobre o que acontecera com Amy. Beckett pegou um cartão e entregou ao
médico.
- Obrigada
pelas informações, Josh. Caso se lembre de algo, basta ligar – o médico pegou o
cartão das mãos dela retribuindo o sorriso de Beckett. Estendeu um cartão
próprio para ela.
- Se precisar,
pode me ligar a qualquer hora. Nós médicos estamos acostumados em sermos
acordados no meio da madrugada.
- É, o mesmo
acontece com os detetives – ela estava enrolando o cabelo nos dedos?! Beckett,
o que era isso?
- Mas se
quiser apenas tomar um café. Eu conheço um ótimo lugar e não é a cantina desse
hospital.
Aquilo tudo
estava acabando com ele, Castle queria vomitar. Assim que pisaram fora do
hospital, ele não se conteve. Precisava
entender o que era aquela cena que acabara de presenciar.
- Nós médicos
estamos acostumados em sermos acordados na madrugada? Ah, faça-me o favor! Você
não podia ter dado atenção a ele. Josh, eca! Beckett, você realmente não
percebeu que ele estava babando em você? Ele queria te comer com os olhos! Como
pode dar trela e... – ela estava sorrindo maliciosa – espera, você realmente
gostou daquilo? Aquelas frases batidas, cantada de quinta?
- Alguém está
realmente incomodado com o médico, não? Ciúmes, Castle?
- Ciúmes? De
você? É claro que não! – mentiroso, era tudo o que Beckett pensava segurando o
riso – o que odiei foi vê-la se rendendo a uma cantada de quinta, como se
precisasse disso. Você é uma detetive, uma figura da lei, deveria se dar ao
respeito. Honrar o distintivo e não ficar... – ele pausou passando as mãos nos
cabelos – você estava enrolando o cabelo, balançando o corpo... – viu quando
ela levou as mãos à cintura, a pose característica de detetive sexy que ele
tanto adora bem ali a sua frente. Ela estava certa, estava morrendo de ciúmes
dela. O cara era médico e bonito. Como poderia competir com isso?
- Então, você
está preocupado com a minha reputação na NYPD? Não se trata de ciúmes? Hum... –
ela pegou o cartão de Josh nas mãos, revirava entre os dedos – sabe, Castle, uma
mulher sente-se lisonjeada quando recebe um flerte ou um convite para um café,
mas adivinha o que a deixa nas nuvens? Um homem com ciúmes. Apenas admita,
escritor...
- Droga, Kate!
Tudo bem, promete que se eu admitir meu ciúme, você joga esse cartão fora?
Fiquei com ciúmes, não gostei nada daquele cara e nem do jeito como você falou
com ele. Eu admito – ele viu a risada super gostosa que ela transmitia.
- Como você é
fácil, Castle... – viu que ela guardara o cartão no bolso.
- Espera, você
não vai jogar o cartão fora?
- Não prometi
nada. Talvez precise de um café algum dia desses... – meu Deus, ela é
implicante!
- Eu trago
café para você todos os dias!
- Eu sei,
agradeço por isso... mas não custa manter as opções disponíveis. Vamos, temos
que voltar ao distrito. Lanie já está a caminho de lá.
Kate estava
aprendendo bastante sobre Castle nesse caso. Ele era conhecedor e porque não
dizer quase viciado em séries médicas, adorava vê-lo com ciúmes e
desconfortável por causa dela e o que ainda estava por vir? Apesar de todo o
jeito de implicante e solteirão mulherengo, ele gostava de um bom romance.
De volta ao
distrito, Lanie explicou como Greg e Amy conseguiram simular o derrame e
suposta morte da prisioneira para depois livra-la de voltar a prisão. Os APB’s
de ambos já estavam circulando a cidade, porém como haviam planejado muito bem
a fuga de Amy, devia ter um plano igualmente bom para sumirem. Castle sugere
que leiam as cartas trocadas entre os dois pombinhos em busca de pistas. Assim,
ele e Beckett se trancaram numa sala para ler uma a uma as cartas.
Era um monte
de palavras sem qualquer pretensão, uma declaração de amor após a outra. Sempre
comentando o quanto sentiam falta um do outro.
- Isso é
inútil. Parecem dois adolescentes apaixonados – comentou Beckett – escuta só
isso. “Eu não aguento vê-lo sofrer. Comece outra vida com outra pessoa. Seja
feliz. Se alguém merece, é você.”
- Acho que
tenho a resposta dele para isso. “Eu não acredito em muito, mas eu acredito em
nós”. Eu gosto desse cara. “E não importa os obstáculos, não importa o quanto
você tente você nunca se livrara de mim, eu te amo – de repente, ambos se deram
conta que poderiam estar falando deles mesmos, era melhor não pensar nisso –
você tem razão, são inúteis.
Tentando
disfarçar o pensamento que ainda a deixava desconfortável, Beckett continuou a
buscar algo que pudesse ajudar em encontrar o casal.
- Então, dois
amantes se reencontram após três anos, aonde você iria?
- Um motel.
- Sério, isso
é o que você chama de especial?
- Estou
presumindo que eles tem um orçamento limitado. Para onde você iria?
- Eu não sei,
algum lugar romântico ou com significado especial – disse Beckett.
- Como o
primeiro lugar onde se conheceram? – disse Castle já procurando por uma das
cartas, a leu para Beckett – “eu nunca esquecerei a primeira vez que te vi,
aquela noite fria e chuvosa no Burgueropolis, em Hilsdale”. Hilsdale, New
Jersey.
-
Burgueropolis? Você acha que esse é o seu lugar especial? – sim, ela parecia
cética a ideia de Castle.
- É, isso é
bobagem – disse Castle resignado. Estavam presos mesmo nessa investigação. Mais
tarde, Castle acabou descobrindo que ela o enganara, pois colocara uma patrulha
na lanchonete e os policiais acabaram prendendo os dois. Aquele interrogatório
foi um dos mais chatos que Beckett já vivenciara. Eles estavam tão apaixonados
que dava vontade de vomitar de tanto enjoo. Ok, tinha que admitir era bem
interessante ver o que o amor verdadeiro era capaz. Um plano para tirar quem
você ama da prisão, bem ambicioso, mesmo que estúpido.
Nem tudo fora
perdido no interrogatório, Greg garantiu que a médica tinha um namorado e que
ele lhe dera um bracelete. Checando novamente as fotos, não havia a joia na
cena do crime, porém ela definitivamente o usava na foto antes de sua morte.
Beckett já vira esse bracelete antes. Voltaram a visitar Cesar, ele era o
namorado da médica. O bracelete um presente, porém sem que ele soubesse, o
irmão assassinara a namorada porque descobrira que ela estava trabalhando com o
FBI. A ironia era que não estava investigando o mafioso e sim a corrupção no
hospital.
Beckett voltou
ao distrito com o preso enquanto Castle foi para o loft. O dia fora bem cheio.
O caso interessante, mas o ponto alto do stress era pensar em quantas vezes ele
teria que passar por uma situação de ciúmes antes que Beckett percebesse que
gostava dele. Conversando com a mãe, ele ouviu algo bem peculiar com relação ao
que Greg fizera. Alguém disposto a arriscar tudo para tirar a amada da cadeia,
todos deveríamos ter algo assim. Então, Martha lembrou ao filho o que realmente
importava,
- Você já
pensou sobre isso, quando chegasse o momento teria alguém disposto a tira-lo da
cadeia? Porque isso é amor verdadeiro, filho.
Ao ouvir as
palavras da mãe, Castle começou a pensar. Será que não deveriam dar a Greg e
Amy uma nova chance? Imediatamente pegou o celular.
- Beckett, sou
eu. Você ainda está no distrito?
- Sim, por
que?
- Estive
pensando. Greg jurou a inocência de Amy, arquitetou todo o plano para
resgata-la. Amy também gerou uma certa dúvida no meu ponto de vista, veja o
julgamento. Então, em nome do amor verdadeiro, será que esse caso não merece
uma nova visão. Que tal ajudar esse casal a ter seu final feliz? O que me diz,
Beckett? Vamos trabalhar juntos e servir de cupido em nome do amor?
- Engraçado
você mencionar isso. Eu estava pensando em rever o caso de Amy. Algo parece ter
sido deixado de lado.
- Ah! Mentes
brilhantes pensam iguais. Quer minha companhia para investigar, detetive?
- Se você não
estiver muito ocupado escrevendo seu próximo Best-seller... – é claro que
queria rever o caso com ele, só não diria isso tão explicitamente.
- Por que
sempre fala nas entrelinhas, Beckett? Não custa nada pedir minha ajuda
diretamente. Estou a caminho e com o café.
Eles
sentaram-se diante das informações que tinham, encontraram os furos e
conversaram com o representante da procuradoria geral que concordara em reabrir
o caso. Ambos estavam satisfeitos com o resultado alcançado.
- Acho que o
nosso casal irá gostar bastante das novidades. Porém, acho que está faltando um
toque especial para os amantes.
- Como assim,
Castle?
- Nós ou
melhor, você atrapalhou o reencontro deles. Quando estavam comendo e
relembrando o primeiro encontro em Burguerópolis. Nada mais justo do que
devolver o momento a eles, não?
- Castle, é
impressão minha ou você está fazendo do relacionamento de Greg e Amy seu novo
romance pessoal?
- Ah, vamos
detetive, amoleça esse coração. Sei que existe uma romântica aí dentro... posso
comprar os hambúrgueres para você também.
- Tudo bem,
Castle. Você me convenceu, de verdade.
Meia hora
depois, eles deram as boas notícias para os dois. Amy tinha boas chances de
sair da prisão e manter as esperanças. Quando Greg perguntou porque estava
fazendo isso para eles, Beckett fez questão de dizer.
- Porque
alguém me convenceu que um amor tão forte como o de vocês merece a chance de um
final feliz – ela olhava para a cara de felicidade do casal e a cara de bobo de
Castle ao seu lado. Cutucou-o com o cotovelo.
- Ficamos mal
porque a patrulha os trouxe de Burguerópolis antes que pudessem reviver seu
primeiro encontro. Então, até que fiquem livres, trouxemos isso para vocês –
Castle colocou a bandeja no meio deles, feliz por fazer isso. De volta ao
salão, Esposito mencionou que fizeram algo bacana para os dois prisioneiros.
- Eles
mereceram e além disso, se fosse eu e você na situação de Amy, ainda estaríamos
presos.
- Fale por
você, eu escaparia.
- E me deixar
lá?
- É a lei da
selva. Tenho que cuidar de mim.
- Nossa. Nada
como uma prisão hipotética para descobrir quem é seu amigo – Beckett que ouvira
a conversa dos dois, resolveu dar sua opinião.
- Não se
preocupe, Castle. Eu te tiraria de lá – ali, Castle se maravilhou com a
resposta dela. É claro que Beckett não tinha ideia do que aquelas simples
palavras podiam significar – você vem? Trouxe o meu hambúrguer, não?
- Sim – diante
de um dia bem cheio de situações nada agradáveis de seu ponto de vista, Beckett,sem
saber, acabara de acalmar um pouco de seu coração apreensivo. Eles sentaram na
pequena cozinha para comer os sanduiches. Castle ainda não esquecera a vontade
de mencionar sobre o cartão do médico, mas talvez não fosse o momento mais
apropriado. Estavam ali tendo uma refeição alegre, a dois podia acrescentar,
portanto o melhor a fazer era aproveitar.
- Esses
hambúrgueres são gostosos. Não tinha comido lá ainda.
- Foi um belo
caso, não? Gosto de finais felizes. Uma pena que Cesar não teve o mesmo prazer.
Ele amava a médica. Agora terá que se contentar com Nikki Fuego.
- Você gostou
da pequena bajulação, não? Castle, às vezes você é tão bobo!
- Bobo de uma
forma romântica? Porque devo dizer detetive, você realmente me surpreendeu com
essa veia romântica.
- Eu? Foi você
quem sugeriu a revisão em nome do amor verdadeiro.
- Mas foi
você, Kate, quem nos levou ao lugar especial, simbólico mesmo que tenha sido
uma simples lanchonete em New Jersey – ela sorriu. Ele realmente conseguia
entende-la bem, mesmo com todos os obstáculos que Kate impusera em sua vida.
- Pequenos gestos
importam - disse Beckett - Muito mais do que um jantar no restaurante mais caro
da cidade. As vezes, lugares comuns com boas paisagens podem fazer a diferença.
- Como um copo
de café?
- Sim, como um
copo de café – ela sorriu.
- Soou quase
poética, Kate. Eu me lembrarei disso – ela sorriu quase podia ouvir a voz de
Dana ecoar em sua cabeça “ele se importa”.
- Acho que
descobrimos muitas coisas nesses últimos dias, não? Você é o melhor pai do
mundo, teve uma crise de ciúmes e aparentemente é um eterno romântico. A
questão é o que fazer com essa informação?
- Bem,
detetive, com todos os seus skills eu diria que não seria difícil imaginar-me
como uma versão moderna do príncipe encantado. Quanto a você, além do seu lado
quase doente por adorar provocar alguém, nesse caso, eu, descobrimos que o
romance não está mesmo morto para você. Isso foi uma excelente camada
desvendada de Kate Beckett, quer dizer, eu tinha minhas suspeitas especialmente
depois dos Hamptons, fico feliz de constatar que as suposições estavam certas –
ele ergueu-se da cadeira, pegou seu paletó e sorriu – até amanhã, Kate.
- Até,
príncipe encantado... – ela disse rindo e balançando a cabeça.
Castle foi
para casa com um misto de sentimentos. Queria beija-la, mostrar para Kate que
ela não precisava de insinuações ou médicos para ter alguém que realmente se
importava com ela ao seu lado. Havia esperança, sabia disso.
O próximo caso
parecia não querer dar uma trégua ao elemento ciúme de Castle. Durante a
investigação de um homicídio de um stripper. Ele vira um dos seus grandes
sonhos sair totalmente ao contrario. Sim, ele e Beckett iam visitar um clube de
strippers, porém masculinos. E Beckett? Ela fez questão de leva-lo em sua
companhia. Se isso não fosse outra forma de provoca-lo, ele não sabia o que
seria. E ela sabia fazer isso como ninguém!
Ao descer para
encontra-la na saída de seu apartamento, Castle não acreditara na imagem a sua
frente. Kate vestia uma meia-calça preta embaixo de uma saia bem curta. Uma
blusa de renda e um casaco fino tudo em preto realçando suas curvas e brincando
com a imaginação dele porque era possível ver vários pedaços de pele sob o
tecido fino. Ela definitivamente estava matando-o.
- Precisava se
vestir tão bem para ir averiguar um suposto suspeito?
- Relaxe,
Castle. E aproveite a noite. Avise-me se precisar de algumas notas de um dólar.
Quando Beckett
foi pegar bebidas para eles, se surpreendeu ao ver Castle rodeado de mulheres
que pareciam estar paparicando-o. Não gostou mesmo do que viu.
- Castle?
- Oi,querida.
Você me achou. Estava falando sobre você com Denise – rapidamente as mulheres começaram
a se dispersarem, Kate sentou-se ao lado dele – essa é a minha namorada, foi
ideia dela vir aqui hoje à noite, ela é bem aventureira, vocês não tem ideia...-
finalmente sem ninguém além dela ao seu lado, ele sorveu um pouco do drinque - graças
a deus você me encontrou, essas mulheres parecem piranhas.
- Eu acabei de
falar com o bartender. Derek estava com problemas com outro dançarino. Hans. A
razão da briga era por melhores turnos, o que lhe dá motivo e oportunidade –
Castle se levantou.
- Vamos pegar
esse Hans.
- Não precisa,
querido. Ele está no próximo ato – Castle tornou a se sentar.
- Bombeiros?
Sério? Não é um pouco clichê? – mas Beckett não estava dando muita atenção ao
que ele dizia. Estava bem mais interessante apreciar o que estava no palco.
Homens sarados dançando. Não que ela realmente gostasse de homens tão
musculosos assim, olhar não tira pedaço. Quando um deles tirou o chapéu, o
cabelo era loiro e comprido. Castle quase implorou para que ela o prendesse
logo.
Beckett se
levantou ficando de frente para o palco e especificamente para Hans mostrando
seu distintivo e anunciando ser da NYPD. Pediu para que Hans descesse do palco.
Os dançarinos porém, entraram na brincadeira e foram todos para a direção de
Beckett cercando-a. Por mais que ela pedisse e enfatizasse que era uma policial
de verdade, as pessoas pareciam não leva-la a sério. De longe, Castle já estava
irritado por ver aquele bando de homens sobre ela podendo toca-la e sabe-se
mais o que. Precisava fazer alguma coisa.
De repente, o
pó químico do extintor surgiu na frente dela detendo os dançarinos.
- Demais? –
mas apesar da revirada de olhos de Beckett, Castle estava bem satisfeito com o
seu feito. Descobriram que Derek tinha uma namorada, uma coroa e que
aparentemente a relação estava abalada. Eles voltaram ao distrito, trocaram
suas teorias incluindo uma bem humorada de Castle, Beckett decidiu que deveriam
esperar até que conversassem com a viúva. Quando saíram do distrito juntos, ele
estava um pouco quieto.
Na verdade,
Castle estava aproveitando o tempo para observa-la, Beckett estava linda e
sexy. Depois de tantos episódios ruins de ciúmes, certamente ele teria problemas
em demonstrar isso à mulher sentada ao seu lado. Ao estacionar o carro na
frente do prédio dele, a curiosidade de Beckett falou mais alto.
- O que
aconteceu, Castle? O gato comeu sua língua?
- Não, apenas
acredito que tive muita informação estranha nessa semana. Espero que tenha
acabado porque estou quase ficando sem palavras.
- Nossa! Quer
me dizer o que o deixou assim? Com dificuldade de tagarelar? – ela estava
virada para fitar o rosto dele. Castle podia se deliciar com a beleza do decote
de sua blusa, um convite para a perdição e para a imaginação. Ficava difícil de
se concentrar diante da imagem.
- Eu... eu
acho melhor não. Isso exigiria muito das minhas forças agora e não quero
discutir.
- Tudo bem,
você que sabe. Hoje é sexta, então tecnicamente a semana terminou. Você está
livre de suas situações estranhas, Castle.
- Certo,
talvez você tenha razão. Contudo, tem uma coisa que preciso fazer por falta de
palavras mesmo – ele avançou para cima dela puxando-a pela nuca ao seu
encontro. Beijou-a sensualmente mordiscando o lábio inferior e massageando-o
depois com a ponta da língua. Ao se distanciar dela, viu a confusão e a
surpresa no rosto de Kate. Queria um momento para se vingar dela e parece que
conseguira.
- Quem está
sem palavras agora, detetive? Boa noite, Kate.
Na semana
seguinte, Castle acabou por descobrir
que a semana não parecia ser diferente da anterior. Era para ser um caso de
duplo homicídio, porém ao chegar à cena do crime, Lanie percebeu que um deles
estava vivo ainda. Beckett ligou rapidamente para a emergência. Se essa vítima
sobrevivesse, ele podia falar que os atacou.
Dando
instruções para os rapazes, ela e Castle seguiram a ambulância que levava a
vitima ao hospital. Quando ela entrou pela emergência rapidamente se identificou
e viu seu cara na maca sendo atendido por vários médicos e enfermeiros.
Reconheceu Josh entre eles. Fora impedida de continuar, naquele instante o
paciente era tratado como um João Ninguém.
Beckett e
Castle foram obrigados a esperar pelo menos meia hora na recepção. Ele logo
descobriu onde era a cantina do hospital voltando com café para melhorar a
manhã que já começara difícil. Ele avistou Josh antes de Beckett, mas claro que
o medico preferia fingir que o escritor não existia mesmo sabendo que estavam
ali juntos.
- Detetive
Beckett?
- Sim, oi Dr.
Davidson. Notícias da minha vitima? – Castle se aproximou ficando ao lado de
Beckett quase que como demarcando território, se fazendo presente.
- É Josh, por
favor. Infelizmente, não tenho boas notícias. O seu Zé Ninguém não resistiu.
Ele perdeu muito sangue e seu coração não aguentou. Como médico de emergência,
eu tentei de tudo, sempre trabalho no extremo. Sinto muito. O que você quer que
façamos com o corpo?
- Preciso que
o libere para ser examinado. Será autopsiado. Já tenho a identidade dele, tem
antecedentes. Chama-se Jeff Moore. Faça todos os procedimentos necessários,
livre-se da burocracia para que eu leve o corpo até o necrotério da NYPD.
- Tudo bem.
Você pode me acompanhar para atualizarmos o cadastro dele? Sabe se tem família?
- Filho único.
Pais mortos. Mora com uma tia. Meus colegas já estão contatando-a, não se
preocupe. Apenas agilize a liberação – Castle ficou de longe observando o que
conversavam. O tal Josh fazia o possível para esbarrar “sem querer” nela. Situações
clássicas de flerte se passavam na frente de Castle, a pior foi ele se colocar
por trás dele fingindo pegar uma caneta. Como Beckett estava de costas, era
difícil saber como estava seu semblante, mas pode ver uma mão sendo passada no
cabelo. Será que ela estava entrando na dele ou fazia isso para conseguir
apressar as coisas?
De qualquer
forma, aquilo aborrecia o escritor. Mesmo não estando juntos, em uma relação
exclusiva, ele tinha ciúmes e não queria dividi-la com ninguém. Como devia agir
nesse caso? Não podia impedi-la de flertar com quem quisesse ainda mais diante
da não obrigatoriedade existente entre eles. Se ele se abrisse com Beckett,
será que ela entenderia o que ele estava sentindo ou podia querer se afastar dele
de vez? Ele viu Josh assinar uns papéis e comentar algo com Beckett.
- Tudo pronto.
Você já pode informar seu contato para vir buscar o corpo. Nós ainda não
tivemos a oportunidade de tomar aquele café, que tal se me acompanhasse até a
esquina? O café da Starbucks é bem melhor que o da nossa cafeteria.
- Obrigada,
mas estou trabalhando Josh.
- Eu pensei que
você quisesse tentar, me dar uma chance.
- Não é isso,
é que – ela olhou disfarçadamente para Castle, por um impulso respondeu – para
não dizer que sou injusta. Eu te encontro assim que terminar de resolver esse
caso. Ligo para dizer o local. Pode ser? – Josh abriu o sorriso.
- Claro. A
gente se fala, Kate.
Com os papéis
nas mãos, ela caminhou até Castle. O escritor pode perceber que havia algo diferente
em seu semblante, o que ele temia. Beckett não comentou nada, apenas que
deveriam voltar para o distrito a fim de continuar a investigação e o
telefonema de Lanie quando a autopsia de Jeff estiver concluída. Desde que
saíram do hospital, ela parecia um pouco distante. O que será que conversara
com o médico? A curiosidade estava corroendo-o por dentro, mas não poderia
perguntar a ela, não sem arriscar tudo o que tentava construir até ali.
O caso seguiu
e no dia seguinte, eles prenderam o assassino. Entretanto, nesse um dia e meio
Castle percebeu que havia um certo buraco entre eles. Sabia que Beckett estava
escondendo algo dele, o pior era ter quase certeza de que aquele médico tinha
relação com isso. Pela primeira vez, Castle sentia-se acuado, sem poder definir
o que fazer em seguida.
Foi uma
espécie de confirmação quando Beckett anunciou por volta das cinco da tarde que
estava de saída, alegando um compromisso. Tão cedo assim, ele temia que
compromisso seria aquele.
Kate Beckett
tomara uma decisão bem inesperada ao convidar o médico para um café. Agora, de
frente para a cafeteria sugerida por ele, criava coragem para encara-lo. Não
sabia ao certo porque optara por fazer isso. Passara rapidamente em casa para
tomar um banho. Quando ligara para Josh, soubera que seu plantão acabava às
seis desse modo, uma hora depois era mais do que suficiente para se
encontrarem. Pela hora, poderia ter ido a um bar, tomar drinques. Isso seria
muito extremo, reconhecia.
Respirando
fundo, ela desceu do carro caminhando na direção do pequeno e elegante café em
pleno Chelsea, Kate sentia o peso da culpa em sua mente. Era um teste, mesmo
assim não tinha ideia do que aconteceria. Assim que entrou no local, avistou o
médico em uma mesa do lado direito. Reconhecia que era bonito, tinha um
charme. Ao vê-la, levantou-se para
cumprimenta-la com um beijo no rosto. Kate sorriu sentando-se de frente para
ele.
- Então, você
fechou o caso?
- Sim, mais um
assassino atrás das grades.
- Que bom.
Deve estar contente, com a sensação de dever cumprido.
- Dever
cumprido, sim. Contente? Não mesmo. Trabalhar com assassinatos é bem diferente
de ser médico, você não tem a chance de salvar o dia porque para você realizar
seu trabalho alguém sempre tem que perder a vida antes. Não é fácil.
- É, olhando
por esse lado. Tem razão.
- Enquanto
você salva vidas, eu tento evitar que outras sejam perdidas. Mas, não vamos
falar de mortes. Estamos aqui para aproveitar o tempo, falar de coisas
interessantes. O que você tem para me contar sobre você, Josh?
A conversa
mudou de rumo a partir dali, entre cafés gelados e quentes acompanhados de
biscoitos e tortas, Josh contava sobre sua vida. Por mais que fosse médico com
histórias incríveis, ela percebeu que ele estava usando o assunto para se
gabar. Entre as conversas, Josh esticou o braço para tocar-lhe a mão. Estava
pedindo permissão, aproximando o contato. Kate evitava comentar sobre sua vida,
não diria nada sobre seus segredos e sentimentos para alguém que estava
começando a conhecer e que apesar de contar fatos interessantes, não chegava
nem perto das aventuras de Castle.
Ao comentar
sobre o motivo que ela deixava o escritor segui-la, Kate deu a resposta
automática e calculada na qual não revelava muito da sua real ligação com
Castle, seja lá qual fosse.
- Ele é minha
sombra. Está fazendo pesquisas para criar suas histórias de Nikki Heat.
- Com toda
sinceridade? Eu detesto livros de mistérios policiais, acho um assunto tão sem
graça, sem significado e conteúdo. Rick Castle? Está longe de ser um bom
escritor, talvez mediano – Kate tentou não demonstrar sua indignação ao
comentário, ao invés disso, o comentário serviu para ajuda-la nas conclusões
que deveriam sair desse encontro. Respondeu de uma maneira que não revelava
tanto de sua verdadeira opinião sobre Castle.
- Interessante
você falar assim, não gostar de mistérios policiais é o mesmo que dizer que não
aprecia meu trabalho. Considerar a resolução de um crime sem conteúdo é
menosprezar o trabalho de qualquer detetive. Quase um insulto.
- Não estava
falando do seu trabalho, Kate. Ele é muito importante. Estava falando dos
livros da história.
- As histórias
de Castle são baseadas nos meus casos, nos meus atos como detetive. Sendo
assim, ao considerar o trabalho dele medíocre, está falando de mim.
- Desculpe, eu
me expressei mal. Você é muito conceituada no que faz. Eu li as reportagens. É
uma das melhores na sua área. Meu comentário foi inapropriado. Vamos mudar de
assunto, você gosta de viajar?
- Ah, quem não
gosta? – Kate aceitou o novo tópico, isso não significava que esquecera as
opiniões que ouvira. Foram duas horas de conversa. Josh pediu a conta e
insistiu em pagar. Quando deixaram o local, ele comentou que estava de moto,
perguntou se queria uma carona de volta para casa, ela disse que não precisava,
pois viera de carro.
- Eu gostei
muito da nossa noite. Saber um pouco mais sobre você. Estou viajando na sexta
para um congresso e um curso preparatório de traumatologia, quinze dias fora,
mas quando eu voltar gostaria muito de revê-la assim que puder. Podemos marcar
outro encontro?
- Já disse que
isso não é um encontro, é um bate-papo. Vamos esperar você voltar e ver no que
dá – ela realmente acabara de deixar a porta aberta? Mas, por que?
- Tudo bem,
quando eu voltar procurarei por você, Kate – então ele se aproximou, segurando
em um de seus braços, inclinou-se para beija-la. Kate não esperava pelo gesto,
não sabia ao certo como reagir à principio, porém acabou cedendo. Ao se afastar
dela, ele sorriu – até a próxima.
Ainda confusa
com o que acontecera, Kate seguiu para o seu carro. Josh foi a primeira pessoa
que a beijou nesses últimos meses além de Castle. Automaticamente, ela passou a
mão na boca com o intuito de limpar os lábios. Quem diria, para alguém que
sequer pensava em sair no sábado à noite, ela tinha um médico bonito querendo
conhecê-la mais a fundo, que não perdera a oportunidade de mostrar que estava
disposto a ir além, ele a beijara. Kate suspirou.
Assim que
entrou no carro, apoiou a cabeça sobre o volante. Ele a beijara. Sim, pelo
flerte e pela insistência ela já suspeitara que isso poderia acontecer. No
fundo, estava curiosa. Criara uma certa expectativa. Para um primeiro beijo,
Kate o achou simplesmente... errado. As bocas não se encaixaram, a língua era
estranha, muita saliva e informação. Em todos os seus relacionamentos, Kate
impusera uma única regra. Se o primeiro beijo não for bom, não a fizer sentir
nada, não haveria esperança porque certamente nada seria bom, inclusive o sexo.
Bem diferente
de Castle. Tudo fazia sentindo com ele, o toque, o beijo, o abraço e, oh, Deus!
O sexo...
- Onde eu
estava com a cabeça quando aceitei fazer isso? E um segundo encontro? - Deixara
em aberto, não podia ter feito isso - Uma ideia estúpida. Não vai acontecer.
Passando a mão
pelos cabelos, ela finalmente ligou o carro e foi para casa.
XXXXXXXXXXX
Castle jantara
sozinho essa noite. Estava de frente para o seu notebook organizando as ideias
do próximo capítulo que escreveria de seu terceiro livro de Nikki Heat. A
abordagem dessa história entraria um pouco mais no âmbito pessoal da vida da
detetive, suas reflexões, seus anseios. Não comentara nada ainda com Kate sobre
isso. Sairia um pouco do mundo real criando algo mais pessoal para sua
personagem.
Ele já
rabiscara alguns pensamentos no bloco de anotações ao lado, porém não conseguia
encontrar as palavras para fazer fluir a história nas teclas a sua frente. O
motivo? Kate Beckett. Não conseguia tirar da sua cabeça que aquela saída
misteriosa mais cedo do distrito não era comum. Tudo bem que fecharam o caso e
não havia motivo para ficar trabalhando. Contudo, o jeito com ela saiu ativou o
sinal de alerta na mente de Castle. Desconfiava que ela escondera o tal
compromisso por se tratar de algo que ele não iria gostar.
Desde quando
fizeram as supostas pazes, eles não voltaram a se reunir de forma pessoal. Houvera
momentos de trocas de carinho, beijos, continuavam bem, porém não avançavam. Se
voltar ao patamar dos Hamptons era o mínimo que Kate esperava, eles não
pareciam estar fazendo muito esforço para chegar até lá.
O caso do
serial killer foi a última vez que ele vira uma demonstração de afeto genuína
que partira dela. Será que desistira dos dois? Isso estava errado, Ele estava
pensando todas essas besteiras devido às últimas situações de ciúmes. Presenciar
Beckett levando cantadas era extremamente desagradável. Tinha muita vontade de
afasta-la desses urubus e colocar os pingos nos i’s. Exceto que não tinha
direito para fazer isso, não era seu dono nem sabia definir que tipo de
relacionamento eles tinham fora do ambiente profissional.
Era amizade?
Certamente. Colorida, do tipo amigos com benefícios? Era uma maneira de
classificar apesar de não ter acontecido muita ação ultimamente. Kate se
preocupava com ele, gostava de sua companhia, se divertia com suas tiradas e
teorias, mas o que realmente sentia por ele? Gostava ao menos um pouco de estar
com ele? Como ele poderia considerar que ela não estaria apaixonada por ele se
cada vez que se tocavam ambos ficavam elétricos? Se cada beijo era uma explosão
de desejo e todos os sentidos pareciam elevados a um nível indescritível?
Ele não
negava, estava apaixonado a um bom tempo por aquela mulher. Kate o conquistara
não apenas pela beleza. Sua forma determinada de agir, a paixão pela justiça, a
luta que travava todos os dias. Nada de curvas, apesar que ele era capaz de
perder-se nelas. Os pequenos gestos eram seu ponto fraco. O mordiscar de
lábios, o revirar de olhos, a primeira reação ao beber o primeiro gole do café.
Coisas tão simples que eram capazes de tirar seu fôlego.
Castle
suspirou. Não sabia quanto tempo mais aguentaria permanecer calado,
especialmente se os urubus continuassem a rondar sua detetive. Se ao menos ela
lhe desse um sinal...
No dia
seguinte, Castle chegara ao distrito trazendo os dois copos de café. Beckett
estava sentada escrevendo o relatório do último caso. Ele sentou-se na sua
cadeira cativa, estendeu o café para a detetive.
- Bom dia,
detetive Beckett.
- Bom dia,
Castle. Obrigada pelo café – ela sorveu o primeiro gole da bebida quente e
revigorante – hum, realmente delicioso. Estava precisando mesmo disso –
estendeu a mão para acariciar a dele. O gesto pegou-o de surpresa intrigando
ainda mais a mente de Castle. Notara que havia algo de diferente nela, seria
culpa?
- Aconteceu
alguma coisa?
- Nada. Estou
fazendo o relatório do caso para arquiva-lo. Por que?
- Não sei,
você está diferente. Não na aparência, estou falando de semblante, aura...
- Aura? Desde
quando virou exotérico? Acho que você está vendo demais, Castle. Sou a mesma
pessoa que estava trabalhando aqui ontem.
- Sim,
concordo. A mesma pessoa de ontem, talvez não a mesma de uma semana atrás ou
daquela que me resgatou um tanto desesperada naquele motel de beira de estrada
com medo que eu tivesse morrido nas mãos do 3XK.
- Castle, por
favor, isso não é assunto para o distrito, não é apropriado.
- E quando
será apropriado falar sobre isso? Sobre o que está acontecendo com você, Kate?
Eu mesmo gostaria de conversar com você sobre o meu próximo livro, sobre o que
pretendo abordar.
- Qual a sua
sugestão? Uma DR, Castle? De onde veio isso?
- Do simples
fato de conhecer tanto você para saber que está me escondendo algo – Beckett
automaticamente mordeu os lábios e passou a mão nos cabelos. O que apenas
comprovou que sua desconfiança estava correta. Ela estava com problemas.
Nesse
instante, Esposito se aproxima para entregar sua parte do relatório
atrapalhando a conversa que, pela primeira vez, tomava um rumo sério, podia
inclusive ter gerado um momento a dois para mais tarde, agora o clima para a
conversa se perdera. Ryan se juntara a eles. Restava a Castle esperar por outra
oportunidade. Podia ter esperanças, não?
Infelizmente,
a maré não estava ao seu favor. Ao invés de esperança, fora a vez de Castle
sofrer uma decepção.
Um dos rapazes
que fazia parte da patrulha do 12th, adentrou o salão com um buquê de rosas
vermelhas em suas mãos. Como era grande e forte, Esposito foi o primeiro que
tirou sarro da cara do policial.
- Hey, Mike!
Ganhou do seu namorado? A noite foi boa, não? – ele riu para não se amedrontar
com o olhar matador que o colega deu para ele. Se aproximou da mesa de Beckett,
parando bem ao lado de Castle.
- Detetive,
esse buquê foi deixado para você – entregou o ramo de flores sob o olhar
intrigado de Castle. Ela parecia surpresa com o gesto apesar de saber
exatamente quem as havia enviado. Não era o que esperava, especialmente já considerando
toda a desconfiança de Castle. Ele não ia deixa-la em paz até saber que era a
pessoa que comprara flores para ela.
- Flores,
podia dizer que são de agradecimentos pelo último caso, mas rosas vermelhas? Não
são flores usadas para esse propósito.
- Obrigada,
Mike – o policial se afastou. Beckett pegou o cartão.
- Você não vai
testa-las? E se tiver uma bomba escondida embaixo das flores? Ou uma espécie de
veneno nas pétalas que quando cheira-las a derrubem? – ele viu a revirada de
olhos que Kate dera para ele – sério! Pode ser de um inimigo.
- Castle, não
é nada disso. Deixa de ser paranoico.
- Não sou
paranoico, sou precavido. Você trabalha na polícia deveria primeiro desconfiar
de coisas assim e – então a ficha caiu – espera, você sabe quem as enviou... não
foi a família de ontem, certo? Foi um homem... – a voz de Castle saiu como um
sussurro. Podia ver a decepção se formando em seu rosto.
- Castle... –
ela abriu o cartão apenas para confirmar o que já sabia “Adorei a noite. Se
cuida e até o próximo café. Josh.” – eu não... são do Josh.
- Josh? O
médico engomadinho, Josh? – ele estava indignado – você está saindo com ele?
- Não! Eu só
aceitei um café. Nada demais.
- Isso foi
ontem? O compromisso... é claro! Eu cheguei a pensar que poderia ser um
encontro... mas – ele passou a mão nos cabelos, se levantou – o médico? – seu
olhar era de desaprovação. Ele precisava sair dali. Viu que os rapazes se
aproximavam, era sua deixa.
- Castle, você
está exagerando...
- Será? Eu
preciso ir.
- Hey, bro!
Temos um caso. Corpo na sacada de um prédio na Amsterdã. A faxineira encontrou
o dono do apartamento morto no chão do quarto nu. Aposto que vai gostar desse
Castle. Tem cara de crime passional – mas Castle colocava o paletó caminhando
para a saída – está com pressa para ver, não? – brincou Esposito.
- Agora não,
Esposito. Tenho uma reunião com minha editora. Já estou atrasado.
- Mas é um
caso interessante, Castle – disse Esposito.
- Fica para a
próxima – ele sumiu rumo ao elevador. Beckett estava apreensiva pensado se
deveria ir atrás dele. Não, eles não conseguiriam conversar nada com a raiva
que vira em seus olhos.
- Deixem-no.
Ele já tinha me falado do compromisso. Espo, pode ir na frente? Mande o
endereço por mensagem. Eu encontro vocês lá. Preciso passar em um lugar antes.
Karpowski! Você gosta de flores? Se não pode jogar fora.
- Você vai
jogar as rosas fora? – perguntou Ryan surpreso.
- Não pedi por
elas. E chega de problemas – Beckett rasgou o cartão esmagando-o nas mãos,
pegou o casaco e saiu a passos largos para o elevador.
- O que será
que aconteceu? – Ryan perguntou.
- Melhor não
perguntar dela, só aconselho isso – disse Espo.
No elevador,
Kate respirava fundo. Estragara tudo e precisava achar um jeito de consertar. O
problema era que não sabia como. Ela bateu com a mão na parede do elevador.
- Droga, Kate!
Caminhava
pelas ruas de Nova York com uma certa pressa. Estava tão desnorteada que nem
lembrou do carro. Desceu as escadas da estação de metrô mais próxima. Pegando o
trem para uma viagem de quine minutos. A sala da recepção estava vazia.
Dirigindo-se a secretária perguntou.
- Posso falar
com a Dr. Anderson?
- Sinto muito,
ela não atenderá hoje. Nem o resto da semana. Está em um congresso em Boston.
Quer agendar para a próxima semana?
- Boston? Ela
está em Boston! Mas eu preciso falar com ela. É uma emergência!
- Quando não
é? Sinto muito, a doutora deu ordens expressas de que não atenderia pacientes
durante esse intervalo de tempo. Quer agendar? – Kate deixou o impulso tomar
conta de sua razão, então fez algo que nunca pensou antes.
- Não estou
aqui como paciente – mostrou o distintivo – estou aqui como detetive da NYPD. É
assunto de polícia.
- Oh!
Entendo... nesse caso pode ligar para este número – a secretária estendeu um
post-it com um número de celular.
- Obrigada –
colocando o papel no bolso, ela disparou para a rua. Quando chegou na calçada,
olhou atentamente para o pedaço de papel. Bastava um telefonema, Dana a
atenderia, poderiam conversar. Começou a teclar o número então seu celular
tocou. Esposito. O caso.
- Hey, Espo.
- Onde você está?
Nós praticamente terminamos aqui. Lanie quer saber se você quer ver o corpo da
vítima ou pode levar para o necrotério.
- Ela pode
levar. Consiga todas as informações necessárias. Encontro com vocês no
distrito.
Ao desligar, a
mente de Kate pareceu voltar ao mundo real. O que ela estava fazendo? Mentindo,
abusando de seu poder e para que? Será que estava tão desesperada a ponto de
precisar de sua terapeuta para resolver seus problemas. Algo que ela mesma
causou? Devia assumir seus erros. Tinha uma vítima a esperando, alguém que
precisava de justiça. Prender um assassino era mais importante que sua bagunça pessoal.
Decidida,
desceu as escadas da estação pegando o trem de volta ao 12th distrito. Novamente,
Kate Beckett escolheu adiar seu confronto pessoal e enfiar a cara no trabalho. Ligada
em 220, ela trabalhou em cada pedaço de evidência trazida da cena do crime. Montara
seu quadro, listara seus suspeitos, examinava e eliminava cada um que entrava
na sala de interrogatório até a investigação travar completamente.
Beckett já revirara
as finanças da vitima e do seu último suspeito de ponta a cabeça sem conseguir
encontrar uma ligação. Os rapazes já haviam saído a mais de uma hora, ou assim
ela pensava. Perdera a noção do tempo. Aqueles números estavam acabando com
ela. Estendeu a mão para a caneca de café. Vazia. A última dose que tomara fora
trazida por Ryan.
Cansada esfregou
os olhos, pegou a caneca e se dirigiu até a minicopa. Apertou os botões da
máquina, apoiou a xícara no local apropriado e esperou o café sair. O cheiro
era revigorante. Quando foi acionar o leite vaporizado, a pressão do botão foi
maior que a necessária jogando água na xícara e leite sobre a pele.
- Droga! Porcaria
de máquina – colocou a mão embaixo da torneira com água corrente - Isso é inútil!
Por que ela me detesta? Por que até para tomar um café decente eu preciso de
Castle?
Castle.
Tudo se
resumia a isso, não? Ela o magoara da maneira mais idiota possível. Ela não queria
vê-lo longe do distrito, não queria perder sua parceria, sua amizade... de
repente, ela saiu quase correndo de volta para sua mesa, pegou o casaco, o
celular, a bolsa e entrou no elevador.
Nervosa, na
frente da porta do loft, acertou a campainha com os dedos trêmulos. Uma primeira
tentativa e nenhum sinal. Deveria tocar de novo? Repetiu o gesto. Um minuto se
passou sem qualquer resposta. Isso era um erro, porém de alguma forma esses pés
se recusavam a sair dali. Pegou o celular. Quando ia ligar para ele, Castle
abriu a porta vestindo pijamas e esfregando repetidamente os olhos. Franzindo a
testa e inclinando a cabeça para o lado, perguntou.
- Beckett? O que
faz aqui?
- Eu...
- Alguém
morreu?
- Não...podemos
conversar?
- Beckett, são
duas da manhã!
- Não, são umas
dez da noite e – ela olhou para o relógio – meu Deus! Eu perdi a noção do
tempo. Eu não devia ter vindo, sinto muito. Desculpe por acorda-lo, eu... vou
embora – quando virara as costas para ele, Castle segurou sua mão – aiii... –
ele olhou surpreso para a mão dela. O que acontecera?
- Não, entre. Você
deve ter um excelente motivo para bater a minha porta às duas da manhã.
Continua....
8 comentários:
Gosto muito dessa história, mas acho que Castle tem que se valorizar mais. Todo capítulo Kate se aproveita por saber que ele gosta dela. Acho que está na hora dele sair com outra pessoa para Kate começar a perceber o que está perdendo e assim valorizá-lo mais.
Gosto muito dessa história, mas acho que Castle tem que se valorizar mais. Todo capítulo Kate se aproveita por saber que ele gosta dela. Acho que está na hora dele sair com outra pessoa para Kate começar a perceber o que está perdendo e assim valorizá-lo mais.
Primeiramente, muito obrigada por dedicar o capítulo <3
Agora vamos ao que interessa. Poxa vida, que balde de água gelada no Castle e em mim hahaha
Por mais que a Kate não esteja disposta a ficar com o Josh, as coisas se complicaram. Esse médico desgramado sempre atrapalha, tanto na série quanto nas fics!
Adoro os dois juntos e o Castle com ciúmes, mas a colega ai em cima(Jocielly) tá certa. Kate tem começar a sentir o que pode perder. Sei que vc tem que seguir mais o menos a linha da série. Mas seria bom mudar um pouco o jogo.
Apesar de tudo confio em você. Ansiosa pelo próximo, como sempre =D
Beijos!!!
Dona Kate n tá dando valor ao homem q tá do seu lado! Tá merecendo um gelo mesmo e principalmente ficar c ciúmes tb!!! Castelinho tá mt disponível qd ela precisa e sente saudade.
Suas fics são as melhores! Todos os dias venho atras de capitulo novo! Hahah parabéns!!
Poxa Kate, magoou. Está pensando que o coração do meu Castelinho é de papel? Ficou toda nervosinha com a Gina e agora fica dando trela pra esse Josh.Se ajeite viu D. Kate, se ajeite.
A verdade é que a Kate sempre fez do Castle de gato e sapato! Adoro essa 'Fic'!!
Tia Kate amiga assim não dá pra te ajudar,tu só tá fazendo merda.Que mancada mulher,o pobre do homem te ama e daria até a vida por ti e você fica fazendo ele de palhaço!Assim não dá miga,maneira aí se não tu vai ficar sozinha!!!!E aquele médico metido não serve pra você 😒...! #SeOriente
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