Nota da Autora: Esse capitulo foi bem difícil de escrever. Ninguém gosta de ver esse casal sofrer,confesso que gosto de reflexões. Está recheado de angst, drama, um mal necessário para nosso casal. É claro que sempre existe um mais flexivel que o outro, porém não vou mentir. As coisas ficarão estranhas, somente peço que não me odeiem... enjoy!
Cap.17
Horas antes...
Rick Castle
deixou o prédio do 12th distrito bufando de raiva. Não havia reunião alguma,
nem qualquer lugar que devesse estar. Ele simplesmente não podia olhar para
Beckett naquele instante. Precisava de uma pausa após o que presenciara naquela
manhã. Uma pausa de Kate Beckett. Ainda não acreditava que ela pudesse ter
saído com o tal médico. Pensava que deveriam começar a recuperar o que
aparentemente perderam após aquele desentendimento dos Hamptons. Agora se
perguntava se não era apenas fruto de sua enorme imaginação.
Passou por uma
cafeteria pegou um café. Não era a bebida ideal para aquele momento. Uma dose
de álcool funcionaria melhor. Ou não.
Castle sabia
que precisava se acalmar. Sua linguagem corporal estava afetada como se a raiva
servisse de combustível para mantê-lo irritado e alerta. Seu semblante estava
carrancudo. Sua cabeça doía. Não por consequência da raiva e sim da frustração.
As duas últimas semanas tinham sido bem estressantes. Fora exposto a várias
situações de ciúmes de maneira exagerada. Vivenciara mais flerte com Kate em
poucos dias do que já vira em meses. Por que isso tudo agora? Lembrava-se das
palavras dela em sua última conversa, sua suposta DR. Kate declarava que não
entendia o que eles tinham, também gostaria de voltar ao que viveram naquelas
semanas de verão, porém não tinha certeza que seria possível. Ele percebera a
insegurança e o medo naquelas palavras e nos olhos da detetive.
Seguiu o
caminho para o loft. Alexis estava na escola e Martha dando aulas. Isso era
perfeito porque não queria ver ninguém. O sangue fervia nas veias, como se a
raiva estivesse sendo guiada pela adrenalina. Foi direto para o escritório.
Sentou-se de frente para o notebook e fez o que sabia de melhor. Transformou a
raiva em história. Em questão de minutos, Castle transportou seus sentimentos
de frustração para a página em branco a sua frente.
Às vezes
aconteciam momentos assim, a arte imitava a vida. Castle deixou seus dedos
colocarem para fora através de Rook tudo o que sentira. Uma cena de ciúmes, uma
discussão pesada com Nikki que rendera três páginas. Ao terminar, salvou o
texto fechando o notebook. Ainda estava no limite, podendo desmoronar a
qualquer instante. Nervos à flor da pele.
Andou até o
bar e serviu-se de uma dose de whisky. O líquido amargo descia pela garganta
queimando. Ele não era fã da bebida, especialmente a essa hora da tarde, mas
Castle procurava qualquer coisa capaz de minimizar o que estava sentindo. Um
banho frio podia amenizar um pouco esse aperto estranho no peito. Não, um banho
gelado com o intuito de esfriar a cabeça.
Uma hora
depois, Castle vestia uma calça jeans e camisa de botão azul. Não se preocupou
em arruma-la para dentro da calça. Um pouco mais calmo decidia qual seria seu
próximo passo. Para alguns, talvez esse fosse o momento da terapia. Ele nunca
fora adepto dessas coisas. Não tinha nada contra aqueles que a usavam, porém
ele sempre crescera resolvendo seus problemas ou em outras circunstâncias empurrava-os
para debaixo do tapete. O humor e a leitura ajudaram-no nesse aspecto. Não
estava a fim de usar nenhum dos dois artifícios no momento. Calçou os tênis. A
raiva se dissipara, em seu lugar ficara a frustração e a dor. A necessidade de
estar sozinho era fundamental.
Logo sua filha
estaria em casa, eram quase quatro da tarde. Ciente disso, ele pegou as chaves
de casa, seu celular e saiu. Desde que deixara o distrito, ele não recebera
nenhuma ligação de lá, muito menos dela. Isso não o espantava. Quando errava,
Beckett tinha a terrível mania de se jogar no trabalho fugindo o máximo de
tempo possível do problema. Era assim que ela pensava funcionar, era como
escolhera lidar com seus sentimentos bons ou ruins ao longo dos anos.
Sim, ele
aprendera a ler Kate Beckett além da superfície. Estava longe de desvendar o
mistério que a moldara, a fizera ser tão irresistível. Todo dia era uma nova
descoberta.
Logo no início
da sua tarefa de segui-la, Castle entendera que Beckett era uma pessoa fechada,
não revelava muito. A história que explicava esse comportamento era simples e
extremamente complexa. Que frase mais antagônica e ainda assim verdadeira! A
perda de alguém amado era capaz de deixar marcas irreversíveis no caráter de
uma pessoa, isso se agravava quando não havia justiça para o ocorrido. Uma
morte por causas naturais é aceitável ao longo do tempo. Um assassinato sem
explicação é capaz de moldar uma pessoa. A morte da mãe fez isso com Beckett.
Durante anos, ela dividiu sua relação com essa perda em dois períodos. Aquele
que ela sucumbiu ao medo e a obsessão perdendo-se por três anos quase jogando
sua vida e sua carreira no limbo. E a nova fase, aquela na qual escolheu deixar
para trás sua busca por justiça e ajudar outros. Mas isso não a livrou do medo.
Por isso, ela se fechou. Não gostaria de ser machucada novamente pela vida.
Em poucos
meses, ele conseguiu raspar um pouco daquela superfície. Penetrar na fortaleza
que guardava o coração de Kate Beckett. Tivera uma pequena amostra do que é a
mulher por trás da policial durante o Memorial Day. Quando acreditava estar
pronto para dar o próximo passo, a vida o surpreendera com um golpe. Não que
situações e cenas de ciúmes não fossem acontecer entre os dois. Kate é uma
mulher linda, difícil competir com o bando de urubus que gostariam de tê-la ao
seu lado seja como namorada, ficante ou apenas sexo. Esse não era o maior
problema, porque ele não era como esses caras. Castle já pulara essa etapa, não
era apenas atração e desejo, ele estava apaixonado. O problema resumia-se à
atitude dela.
O flerte, a
implicância e a provocação poderiam ser encarados como uma espécie de “foreplay”
entre eles. Até aí tudo bem. Mas descobrir que Kate optou por levar um desses
flertes adiante, ter um encontro, isso era quase uma traição. O quase é fruto
do simples fato de não terem uma relação assumida entre os dois. Mas em nome da
amizade, do que já partilharam juntos? Ele estava muito magoado.
Mágoa. Sentia
um nó formando-se na garganta. Não sabia o que fazer naquele momento. Iria para
casa? Perambularia pelas ruas? A verdade era que não queria ver ninguém. Do
jeito que estava mal humorado, acabaria transferindo a mágoa para outras
pessoas. Não podia fazer isso. Automaticamente, durante sua peregrinação pela
cidade, Castle se viu em um lugar inusitado. O mesmo parque com balanços que estivera
alguns semanas atrás após o lançamento de Naked Heat.
Sentou-se em
um dos balanços apoiando sua cabeça na corrente. Mesmo que não quisesse, o
pensamento voltava sempre para ela.
Rick Castle
estava apaixonado. Talvez pela segunda vez na vida. Era diferente. Não era um
caso momentâneo de desejo, paixão e luxúria. Era um sentimento mais puro. Sabia
exatamente quando isso acontecera.
Seu primeiro
contato com Kate Beckett naquela festa de lançamento de seu livro fora uma
surpresa, não necessariamente o momento que se deixou intrigar pela detetive. O
clique acontecera na sala de interrogatório. A forma sagaz como ela o
questionara simplesmente fizera Castle começar a flertar loucamente com a
beldade a sua frente. Não que a comparasse com as modelos ou celebridades que
estava acostumado a ter ao seu lado, quase a tiracolo. Beckett estava em outro
nível. Não se resumia apenas à beleza. A intensidade daqueles olhos amendoados
o conquistaram, a boca carnuda, a inteligência. Ali naquela sala, ela era a
comandante e nada do que dissesse iria fazê-lo ganhar.
Ele queria conquista-la
a partir daquele dia. Fez tudo o que estava ao seu alcance para tal. Chegou a
se oferecer para ser apenas mais um na vida dela. Apesar de estar longe do que
ele realmente desejava. Ele já admirava-a por sua forma de pensar, trabalhar e
encarar algo tão difícil quanto a morte através de assassinatos. Aquele
primeiro caso mostrara isso a ele. Kate dominou sua mente depois da primeira
noite juntos. Castle entendeu o quanto seria difícil esquecê-la.
No dia que ela
contou porque se tornara policial, Castle foi capaz de simpatizar com sua dor. Sendo
criado apenas por sua mãe, podia entender a falta de um dos pais em sua vida,
porém é diferente não conhecer um dos seus pais e perder um abruptamente ao
longo do caminho. Em poucas palavras, Beckett o fez entender o quanto aquilo
era importante, o quanto a impactou em cada decisão que tomara na vida. Apesar
de brincar dizendo que sua personagem teria uma historia trágica, ele soube que
estava perdido de admiração por Kate. O sentimento de desejo e paixão começava
a migrar para algo mais concreto, mais forte, especial.
No meio
daquele salão do 12th ele a viu atirar em Coonan para salvá-lo jogando fora a
sua única chance em anos de reabrir a investigação da sua mãe, Castle a viu
chorar compulsivamente. A tenacidade da mulher o comovera e Castle soubera que
estava perdidamente apaixonado pela detetive.
Agora, Castle
estava no meio de um dilema. Fazia tempo que não passava por isso. A desolação
de um coração partido. Soa clichê para um cara tão metido a mulherengo e
solteirão assumido, admitir que estava vivendo algo assim. Concordar em ir
devagar, tudo bem. Entender seus motivos, sem problema. Dar espaço para que se prepare a fim de
admitir seus sentimentos, ótimo. Contudo, nem em um milhão de anos ele esperava
essa apunhalada. Um encontro com outro homem, pior com alguém que ela sabia que
ele detestara à primeira vista.
Ele precisava
da distância. Estaria mentindo se dissesse que não iria demandar uma explicação
de Kate. Logicamente, não bastava aceitar a provável desculpa para o ocorrido.
Ao deparar-se com a decepção, ele se perguntava se outras estariam por vir. Era
capaz de lidar com a rejeição? Trabalhar ao lado dela todos os dias sem
sentir-se incomodado por não ser ele o responsável por um sorriso em seu rosto?
Kate acabara por abrir um precedente para várias dúvidas em sua mente.
É claro que
seus sentimentos não mudaram com relação à Kate Beckett. Era impossível se desapaixonar
de alguém como ela. A grande questão era algum dia Kate sentiria o mesmo? Admitiria
de livre e espontânea vontade o que ele significava para ela? Castle era
paciente, optara por agir assim em respeito ao histórico e aos traumas que
compunham a vida de Beckett. Mas, afinal, qual seria o limite? Quanto era o
suficiente para se esperar por uma chance verdadeira?
Sua primeira
escolha foi manter-se afastado até digerir tudo. Também entendia que as
explicações de Kate não viriam até ele de imediato. Suspirou. Após uns minutos
balançando ali naquela praça, ele ergueu-se do brinquedo e retornou ao loft.
Sua noite não
melhorara. Jantara em silêncio, mal prestando atenção à conversa da filha. Para
sua sorte, Alexis era uma menina esperta, conhecia seu pai o bastante para não
insistir no problema que o afugentava. Os olhos não negavam a tristeza
estampada neles.
Castle ainda
permaneceu sentado na sala com uma taça de vinho nas mãos. Não tinha ânimo para
voltar a escrever. As três paginas escritas mais cedo o exauriram de forças
para usar sua imaginação. Perambulou pela casa até ser vencido pelo cansaço.
Não pretendia dormir, mas o stress do dia o derrubou até ser interrompido por
um barulho estranho que findou sendo a campainha revelando uma surpresa às duas
da manhã. Atrás da porta estava Kate literalmente confusa, alerta e reparou, ferida.
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Castle
afastou-se para dar passagem a ela. Seguiu para a cozinha onde guardava uma
pequena caixa de primeiros socorros embaixo do balcão. Kate mantinha a cabeça baixa,
as mãos apoiadas nas coxas com a palma para cima mostrando a queimadura na
região do pulso direito. A área estava bem vermelha. Sentou-se ao lado dela.
Gentilmente
pegou sua mão apoiando-a em sua coxa. Com uma gaze úmida, ele refrescava a
região para tirar um pouco do calor da pele.
- Como isso
aconteceu?
- Eu fui fazer
um café para mim. Quando foi a vez do leite, eu fiz besteira e me queimei.
Aquela máquina me odeia. Nunca sei como ela funciona.
- Incrível.
Uma detetive que manuseia armas como ninguém é capaz de se queimar com leite
vaporizado. Não é tão difícil, você apenas não está acostumada com o
funcionamento dela. Afinal, sou sempre eu quem lhe serve o café. Pode aprender
se quiser – Castle não olhava para ela, apesar de incomodado pelo momento
estranho, estava concentrado em terminar de cuidar do machucado. Pegou uma
pomada especialmente para queimaduras e espalhou suavemente no braço de Kate.
Ela o observava atentamente. Sua dedicação em cuidar dela tornava ainda mais
difícil o momento – pronto. Deixe a pele respirar um pouco o medicamento. Não
cubra.
Ele se afastou
para fita-la, notou que estava com as mesmas roupas de hoje de manhã até ali
não tinha percebido. Talvez por conta do sono ou do instinto de primeiramente
cuidar dela. A verdade era que a presença dela em seu loft naquela hora da
madrugada era tão impensável que somente agora ele começava a raciocinar sobre
o que tudo aquilo significava.
- Você não foi
para casa? Estava trabalhando...
- Eu perdi a
noção do tempo analisando o caso. Senti falta do café e... eu não sabia que era
tão tarde até você dizer. Como foi sua reunião com a editora? – ela perguntou
fitando-o pela primeira vez desde que entrara na sala.
- Nós dois
sabemos que não havia reunião. Aliás, nós dois sabemos que você não veio até o
meu apartamento na madrugada para saber de meus compromissos literários. Por
que está aqui, Kate?
- Eu... você
não me deixou explicar. Eu preciso dizer a você o que aconteceu, porque eu
errei. Castle, eu te magoei. Posso ver em seus olhos, odeio ser a pessoa que
colocou essa tristeza em seu olhar. Minha culpa. Não espero que você entenda,
somente preciso me explicar – droga, ela estava se repetindo. Foco, conte de
uma vez o que quer, Kate. Brigava mentalmente consigo mesma - Sou uma pessoa
complicada, cheia de problemas. Confusa e burra. Sim, o que eu fiz foi idiota,
uma decisão estúpida. Eu estava tentando entender o que nós tínhamos e pensei
que se saísse com ele, isso fosse me ajudar a compreender o que acontecia com a
gente. Não sai para beber com Josh, não foi um encontro, foi um teste. Era só
um café.
- Só café?
Você tem coragem de me dizer que foi somente café? Eu achei que um momento,
tomar um café, fosse nosso momento especial. Aparentemente eu estava errado.
- Não! Você
está certo, era nosso momento especial. Ainda é. Por isso digo que errei.
Quando eu o vi falando mal de você na minha frente soube que era errado.
- É óbvio que
é errado, porque você precisaria sair com um cara metido como aquele para
entender o que você quer? De todos os caras você foi escolher logo o médico
almofadinha? Sabe o que tem sido essas duas semanas, Kate? Acha que é fácil
simplesmente estar ao seu lado vendo todo o tipo de homem jogar cantadas para
você, se insinuarem das maneiras mais vulgares? Entende o que é vê-la agir tão
sensualmente, respondendo a esses estímulos?
Ele afastou-se
um pouco mais dela, passava as mãos nos cabelos nervosamente. Começara e
precisava terminar, devia a verdade a ela.
- Você me
expulsou da sua vida por meses apenas por deduzir que eu havia dormido com a
minha ex-mulher. Não me escutou e saiu acusando a minha pessoa das piores
coisas. Você e sua mente paranoica destruíram algo bom que estava acontecendo.
Eu aceitei suas desculpas e concordei em seguir no seu ritmo. Então, recebo
essa apunhalada nas costas. Como você acha que me sinto? Acha que estou sendo
exigente demais, não? Afinal, você nem sabe o que temos!
Ele elevara a
voz na última frase. Caminhava pela sala tentando não estourar de vez na frente
dela. Levava a mão no rosto esfregando-o. Respirou fundo e continuou.
- Deve estar
pensando quem é ele para falar de encontros ou exigir exclusividade? O meu
problema é esse. Não posso ficar calado. Não existe relacionamento de dois
pesos, duas medidas. Não comigo. Não tenho sangue de barata, Kate. Não sou um
brinquedinho ou um cachorrinho que a segue e abana o rabo como se tudo o que
você fizesse fosse aceitável ou lindo. Eu não sou essa pessoa e se pensa assim,
você não me conhece mesmo.
- Não, Castle.
Eu não acho que você é um bobo ou alguém que aceite tudo. Você tem sentimentos,
eu o feri de uma maneira inaceitável. Isso é o que eu faço com as pessoas que
se aproximam de mim, que se importam comigo porque eu sou uma fraude quando se
fala em relacionamentos, eu afasto as pessoas de mim. Sinto que algo se quebrou
dentro de mim desde aquele janeiro – ela calou-se por um tempo. Lutava com as
lágrimas que faziam seus olhos arderem. Suspirando, continuou.
- Após a
confusão dos Hamptons, eu quis olhar o que estava acontecendo entre nós de
forma diferente. Eu não sei definir o que temos, amizade, respeito, parceria,
sim. Consigo ver tudo isso claramente. Eu confio em você, Castle a ponto de
entregar minha vida a você como já fiz várias vezes. Agora dói porque traí essa
confiança. Eu não lido bem com sentimentos, Castle. Foi assim desde que minha
mãe morreu. Pode perguntar a quem quiser. Não tenho relacionamentos. Eu sou
péssima neles.
Kate se
levantou do sofá. Ainda insegura se devia tentar uma aproximação, caminhou até onde
Castle estava. Pegou uma das mãos nas suas.
- Foi assim
que eu errei. Queria entender o que você era para mim. Quis descobrir da pior
maneira, na minha mente se eu tivesse uma comparação, uma outra pessoa, eu
conseguia analisar a situação. Só que meu relacionamento com você não é um caso
onde eu elenco as evidências e descarto suspeitos para chegar ao motivo e ao
culpado. Não é racional. Como explicar racionalmente um toque, um sorriso, um
olhar? Sequer tenho palavras para descrevê-los – as lágrimas rolavam – é louco,
ilógico e eu não consigo entender. É tão difícil...
Castle
observava a luta homérica que Kate travava entre sua mente e seu coração bem a
sua frente. Analítica, insegura e medrosa, era incapaz de admitir de uma vez
que estava apaixonada. Falava de reações, de sentimentos usando experiências
passadas, antigas feridas que em nada a ajudariam naquele momento. Por que era
tão teimosa? Mas Castle não estava pronto para ceder por mais que vê-la nesse
estado, arriscando um diálogo, era um primeiro passo, sabia não ser suficiente.
Ela precisava se entregar.
- Castle, você
foi a primeira pessoa que me alcançou depois de anos. Conseguiu penetrar na
minha mente, eu nunca falo da minha vida e da minha mãe com ninguém. Eu confio
em você. Gosto da nossa parceria. Ter você ao meu lado é muito importante para
mim. Eu me acostumei a você, a tê-lo investigando e teorizando comigo. Será que
pode me perdoar? Será que podemos voltar a trabalhar juntos? Diga-me que não é
tarde, se não podemos ter um relacionamento, posso ao menos ter meu parceiro de
volta?
- Kate, você
não precisa de mim para investigar casos. Quer seriamente que volte a te seguir
como se nada tivesse acontecido? Como se eu não fosse ficar exposto a novas
cenas de flertes e cantadas idiotas? Não se trata somente de perdoar. Eu estou
triste e magoado, mas sou capaz de perdoar, já perdoei. Esquecer? Isso vai
levar um tempo. Já disse antes, você não precisa de mim, acho que nunca
precisou.
- Não. Você
tem razão. Eu poderia seguir sozinha. Faço isso há anos. Eu simplesmente não
quero. Castle, eu não desisto. Não posso deixar que o medo e o passado ganhem
novamente. Dói demais vê-lo assim, não é fácil olhar em seus olhos e enxergar a
nuvem negra, saber que eu sou a responsável por coloca-la ali. Não quero voltar
para toca do coelho, não quero me perder no abismo. Se eu desistir agora... –
ela virou-se de costas para Castle, ele pode perceber que ela tremia lutando
para segurar o choro, se recompor para apenas terminar o que queria dizer.
Fitando-o novamente, ela engoliu em seco – se não por mim, fique pela história,
Rick.
Ela nunca o
chamava pelo primeiro nome. Aquilo trouxe um fio de esperança ao seu coração.
Kate Beckett era uma mulher complicada e do seu jeito insanamente racional, se
é que o termo existia, ela estava pedindo sua ajuda, sua companhia para não
afundar. Se fosse concordar com isso, seria do seu jeito.
Antes que
pudesse deixar claro o seu ponto de vista, ele notou que a distância entre eles
era mínima. Kate tocava o seu braço, fazendo pequenos círculos com a ponta do
polegar, seus olhos numa rendição imploravam silenciosos por uma resposta.
Ficaram longos segundos assim, um tempo quase insuportável para ambos. Então,
Kate arriscou-se inclinando o corpo em busca dos seus lábios.
Castle
precisou de todas as forças humanas para resistir a um beijo de Kate,
afastando-a e virando o rosto. Um breve sussurro escapou-lhe dos lábios
consciente de que o efeito seria como uma facada no coração da mulher a sua
frente.
- Não...
Ele viu as
lágrimas caírem e as reações que uma palavra de três letras causara a ela. O
coração dela batia descompassado no peito, quase saindo pela boca. Quando a mão
dela deslizou afastando-se, evitando o toque, ele segurou o pulso dela.
- Se você quer
minha ajuda nos casos, não é assim que vai funcionar. Não será através de
sedução, Kate. Isso não funcionará mais para mim. Não considero essa uma boa
hora para tomar esse tipo de decisão. Estamos ambos de cabeça quente e com os
piores dos sentimentos guiando nossas palavras. Eu...eu preciso de tempo para
pensar. Sabe, nem tudo é sobre você ou para você, Beckett.
As palavras
dele pareciam pedaços de vidro perfurando-lhe a pele. Definitivamente, ela o
machucara mais do que supunha. Nunca vira Castle falando assim. Ele acabara de
dar um ponto final a nossa conversa de hoje. Era a deixa para que Kate fosse
embora. O que ela não sabia era o quanto dizer aquelas palavras custaram para o
homem a sua frente, agora envolto na penumbra esforçando-se a fim de que ela
não visse seu rosto.
Ele tinha o
mesmo olhar sério de antes, quase frio. Kate se dirigiu à porta. Não havia mais
nada a dizer. Ao ouvir a maçaneta da porta se abrir, Castle virou-se para
observa-la. Ela girou a maçaneta e como magnetismo os olhos se encontraram.
Kate vislumbrou uma última vez a imagem do homem a sua frente, tão destruído
emocionalmente quanto ela, contudo ainda conseguia visualizar ternura em sua
expressão apesar de todo o sofrimento que o causara. Castle não merecia isso.
- Você sabe
onde me encontrar se... – mordeu os lábios tentando controlar a emoção – se
tiver uma resposta... – droga! Ele a ouviu sussurrando – por favor, não me
deixe sem resposta. Mesmo que seja para dizer que não quer me ver nunca mais na
sua frente. Boa noite, Castle...
Sem olhar para
trás, fechou a porta e desceu as escadas correndo. Não queria ficar mais um
segundo sequer naquele corredor, tão perto da dor que causara, tão vulnerável
ao homem que virara sua vida de cabeça para baixo.
Às quatro da
manhã, tudo que Castle precisava era um copo de whisky puro para digerir a
avalanche que se passara naquela sala. Não sabia a extensão do dano que causara
a Kate. Podia ser para o bem ou para o mal. Somente o tempo iria responder sua
pergunta. Ele ouvira sua proposta, vira o desespero em seu olhar. Não podia
negar que ela fora sincera. Castle já tinha a resposta para a detetive. Se Kate
gostava de ter o peso do mundo em seus ombros, acabara de ganhar mais um.
Poderia parecer cruel, mas não era essa a intenção dele. O simples fato dela
querer sua companhia demonstrava que realmente não desistira. Deveria dar tempo
para ela avaliar se sua proposta era o melhor caminho ou se cederia ao
verdadeiro motivo porque aparecera ali de madrugada.
Kate precisava
de um choque de realidade. Ele precisava da paixão dela. Seria capaz de se
submeter aos momentos estranhos sem ser completamente afetado por eles? Tarefa
difícil, porém Castle sabia usar a irritação, o humor e o sarcasmo a seu favor.
Enquanto não compreendesse sua
capacidade de ser feliz, não haveria evolução. Seja qual fosse a reação
escolhida pela detetive, ele estaria ao lado dela para descobrir se suas
palavras surtiriam o efeito como gostaria.
XXXXXXXXXXXXXX
Cambaleando
pela rua, Kate seguia até seu carro. Faltava-lhe forças. Castle fora muito duro
com ela, mais do que podia imaginar. Ela merecera não havia dúvidas. O estomago
embrulhava, teve que correr até a lixeira mais próxima. Colocara para fora todo
o conteúdo do estomago, pura bile. Não se alimentava há horas. Com dificuldade
chegou até o seu carro.
Sentada em
frente ao volante, se permitiu chorar de verdade, sem reservas ou vergonha.
Livre, queria eliminar parte da dor que rasgava-lhe o peito. Não sabia ao certo
quanto tempo passara ali dentro do carro. Os primeiros raios da manhã
iluminavam o ambiente. Ela esfregou os olhos e ligou o carro. Precisava esticar
o corpo na cama.
Dormir não era
uma opção no seu estado. Deveria, mas não conseguiria. Pelo menos não
precisaria estar na delegacia tão cedo. Entrou em seu apartamento, largou o
casaco e a bolsa no sofá e jogou-se na cama. Exausta. O cansaço físico não era
tão ruim, o psicológico era o pior. Kate sentia-se sem ânimo. Era um misto de
sentimentos incoerentes. Raiva e admiração, irritação e frieza, alegria e tristeza,
desejo e... por que Castle a rejeitara?
Tudo bem, ele
não fizera isso ainda. Deixara em aberto.
A quem estava
enganando? Ela enterrou a cabeça no travesseiro. Ele rejeitou seu contato, seu
toque, seu beijo. Se um simples encontro com o médico o fizera desaparecer do
distrito, o que a fazia acreditar que ele voltaria a trabalhar ao seu lado? Por
quanto tempo Castle iria tortura-la?
Ela bolava na
cama sem conseguir dormir. Muito preocupada com o que aconteceria a seguir.
Levantou-se indo para a cozinha preparar um café. Escreveu uma mensagem para
Esposito avisando que não iria para o distrito até à tarde. Elencou as tarefas
que deveriam executar e agradeceu ao amigo. Em seguida, preferiu escrever uma
mensagem para Dana perguntando se estava disponível para conversar. Era melhor
que ligar e soar desesperada.
Tentara
resolver as coisas sozinha, obviamente não tivera sucesso. Kate sentia-se
péssima. Queria muito acabar com a sensação ruim que a perseguia. Queria
conversar, desabafar. Forçou seu estomago a comer um pouco de cereal e banana.
No banheiro, lavou o rosto e percebeu que o local da queimadura tinha bolhas,
pequenas, mas era necessário cuidado. Fez a melhor higienização durante o banho.
Não tinha pomadas ou anticépticos ideais para os ferimentos em casa. Passaria
em uma farmácia a caminho do distrito.
Frustrada, ela
colocou o celular no bolso sem nenhuma resposta de Dana e saiu. Após passar na
farmácia, recebendo um tratamento correto para a queimadura. Soube que Castle
havia feito um bom trabalho na noite anterior. Devidamente orientada e medicada,
ela seguiu para o 12th.
O caso em
andamento estava longe de ser concluído. A concentração de Beckett era zero. O
cansaço ultrapassava os limites de seu corpo, mas não se rendia tomando o
máximo de café possível para se manter acordada. Kate travava uma batalha
pessoal com o celular. Checava-o a cada dez minutos esperando uma resposta de
Dana ou de Castle. A espera era torturante.
Os rapazes
sabiam que havia algo errado com a detetive, provavelmente envolvia o escritor,
mas aprenderam a lição da última vez e não seria loucos de perguntar sobre
Castle para ela. Ryan sugeriu que falassem com Montgomery depois de insistir
muito para que ela parasse com as doses de café e comesse ao menos uns donuts.
Beckett conseguiu engolir dois deles.
Ryan não
precisou insistir. O próprio capitão chamou-a em sua sala para repreendê-la e
manda-la para casa. Concedera a ela um dia de folga. Chateada por se deixar
afetar tanto pessoalmente, Beckett saiu bufando do distrito. Optou por ir
direto para casa. Porém, após meia hora dividindo sua atenção entre o teto e
celular, ela decidiu sair para uma caminhada. A um quarteirão de seu
apartamento, havia uma confeitaria com doces maravilhosos. Açúcar, era disso
que precisava.
Kate comprou
bomba de chocolate, torta de morango e biscoitos de manteiga de amendoim. Para
beber, seu latte preferido. Sentada em uma das mesas da confeitaria, ela se
lambuzava com os doces. Era um momento para extravasar. Precisava disso. Antes
de deixar o local, comprou um pote de sorvete. Seguiu para o parque. Escolheu
um banco de frente para a estátua de Alice no Central Park. Sem cerimônia,
abriu o pote e meteu a colher cheia na boca.
Sabia que
sorvete não resolveria seus problemas ou acabaria com a dor, mas amenizava o
que já era um avanço. Kate observava as pessoas que transitavam pelo parque ao
cair da tarde. Mães e filhos retornando da escola, jovens com seus fones de
ouvido alheios ao mundo ao seu redor, executivos apressados rumo à estação do
metro. O bom e velho ritmo novaiorquino. No banco a sua frente, um casal de
namorados trocava caricias e beijos, estavam apaixonados. Dividiam um copo de
limonada e comiam cachorros quentes. A cena a deprimiu. Resignada, ela seguiu
para seu apartamento.
Kate foi vencida
pelo cansaço assim que saiu do banho. Estirou-se na cama e adormeceu de
imediato.
XXXXXXX
Castle tivera
um dia péssimo também. Dormira no máximo três horas e as doses de whisky na madrugada
o deixaram ressaqueado. Levantara às sete a tempo de tomar café com a filha.
Alexis sabia que o pai estava com problemas.
- Está com a
cara péssima. Não dormiu direito?
- Acabei
distraído pelo livro, fui dormir quase cinco da manhã.
- Eu estou
vendo pela sua cara. Melhor dobrar a dose do café se for para o distrito com a
detetive Beckett ou pode voltar para a cama, o que lhe faria um bem tremendo.
- Não vou para
o distrito hoje. Tenho um prazo estourando com Gina.
- Isso explica
o viradão da escrita. Pai... alguém veio aqui ontem, tipo tarde da noite? – ela
olhava desconfiada para o pai.
- Não, por que
pergunta?
- Achei ter
ouvido a campainha e depois vozes. Será que sonhei?
-
Provavelmente sim. Como disse, estava no escritório perdido em letras. Ninguém
esteve aqui. Melhor se apressar ou vai chegar atrasada na escola – Alexis se
levantou vendo o pai encher novamente a caneca com café.
- Não tome
demais café e coma alguma coisa – ao seu lado beijou-lhe a bochecha – umas
horas de sono também fariam bem. Não vai conseguir escrever as aventuras de
Nikki cansado. Tem certeza que está bem?
- Sim, Alexis.
Estou bem. Vá para a escola. Divirta-se! A vida não é só estudar... – isso
arrancou um sorriso de Alexis confortando-a um pouco por deixar o pai sozinho.
Assim que a
filha saiu, Castle entornou o resto do liquido, mordiscou um pedaço de torrada
francesa deixado por Alexis. Decidiu tomar uma ducha para espantar o sono.
Estava incomodado com a falta de ligações no celular, só então percebeu que
estava sem bateria. Conectou o cabo e rumou para o banheiro.
Após um longo
banho, Castle vestiu uma calça de moleton e uma camiseta. Não pretendia sair de
casa naquele dia. Não mentira totalmente para a filha. Tinha um prazo, queria
continuar com o trabalho no livro. Ao checar o celular, não ficou surpreso ao
ver três ligações perdidas de Gina. Nenhuma de Kate. Óbvio, não? Ele era quem
devia procura-la. Nada de pensar nela hoje. Sentou-se na sua cadeira e começou
a rever o que escrevera no dia anterior.
A cena construída
no momento de raiva estava muito bem trabalhada. Mesmo sabendo que fora uma
explosão de sentimentos ruins, Castle não poderia descarta-la. Talvez não
coubesse no contexto desse livro, mas ele guardaria aquelas páginas porque
tinha certeza que o usaria em um momento oportuno.
Ao voltar para
o seu texto original, o dia desandou. Não conseguia transformar as ideias em
palavras coerentes. Tão logo escrevia uma frase, seu dedo indicador pressionava
a tecla backspace. A cabeça latejava. Voltou à cozinha e tomou dois
analgésicos. Retornou ao escritório. Por alguns momentos, apenas fechou os
olhos escorado em sua cadeira esperando que o remédio fizesse efeito. Meia hora
depois, estava melhor, a dor já não incomodava tanto, porém nada mudara. Quatro
horas se passaram e nenhuma página havia sido escrita.
Frustrado,
Castle levantou-se em busca de café. Ao ficar de frente para a máquina, não
pode evitar o pensamento em Kate. Primeiramente se perguntava se ela cuidara da
queimadura que poderia criar bolhas a qualquer momento. Como não conseguia
fazer um café expresso? A preocupação voltou-se para a conversa da madrugada.
Por mais que não quisesse, era mais forte que ele. Será que estava bem?
Duvidava. Podia apostar que enfiara a cabeça no trabalho para fugir do problema
que tinha ocupando sua mente.
Castle não
cederia. Ela precisava aprender a lidar com os sentimentos. Se de fato o
quisesse de volta a sua vida, teria que ser paciente. Desistiu de escrever indo
deitar-se por uns instantes. Dormiu pelo menos quatro horas. Despertou com o
barulho oriundo da cozinha. Instintivamente, checou o celular. Mais ligações de
Gina. Conformado por não poder evita-la, retornou a ligação.
- Finalmente,
Rick! Onde você estava? Entretido o bastante com sua detetive que não podia sequer
atender ao telefone?
- Gina, eu não
estou com paciência para joguinhos ou brincadeiras. Se está ligando para me
cobrar os cinco capítulos adicionais do livro, não os tenho. Consegui escrever
apenas dois e não foi por falta de tentativa.
- Sabe, Rick,
às vezes você poderia me contar a verdade. Doeria menos. Não seria mais fácil
dizer que passou os dias trabalhando em casos interessantes com sua detetive do
que fingir que estava escrevendo?
- Porque não
acredita em mim? Não estou no distrito, passei a tarde tentando escrever.
Pergunte a Alexis. Afinal, vai estender meu prazo?
- Tenho outra
alternativa? Semana que vem. Esse não era o único motivo das minhas ligações.
Paula entrou em contato comigo ontem sobre o filme de Nikki Heat. Ela tem os
nomes de algumas atrizes pré-selecionadas para o papel. Quer agendar uma
reunião com você na próxima semana. Disse que a editora seria o melhor lugar
para discutirmos e enviará a lista para sua apreciação e análise prévia.
Congele sua agenda para quarta à tarde.
- Tudo bem,
Gina. Farei isso, obrigado.
Na cozinha,
Alexis estava fazendo umas tortinhas com morango e chocolate. Apesar do pai não
comentar, sabia que estava precisando de um mimo. A calda de chocolate
cheirava, havia espetinhos com marshmallows prontos para serem mergulhados
naquela gostosura.
- O que está aprontando?
- Gordices.
Quer um espetinho de marshmallows com calda quente de chocolate meio-amargo?
- É tentador.
Vou aceitar – mergulhou o doce na panela melando até os dedos de chocolate. Ao
provar, suspirou – está bom mesmo. Isso está delicioso – devorou o primeiro
espeto rapidamente e já pegou o segundo, repetindo a operação se lambuzando de
chocolate – sabe, eu estou desejando um hambúrguer bem suculento com bastante
queijo e bacon. O que me diz de sairmos para comer, Alexis? Com direito a uma
super taça de sorvete no Serendipidy depois?
- Alguma
ocasião especial?
- Não, apenas
a necessidade de confortar o corpo e alma com guloseimas na companhia da minha
filha.
- Sei que o
motivo é outro, mas não vou insistir. Somente um louco diria não a uma taça de
sorvete da Serendipidy.
A saída com a
filha e a refeição ajudaram Castle a manter os pensamentos longe de Kate por
algumas horas. A terapia clássica de qualquer rompimento: comida gordurosa e
doce.
No dia
seguinte, Kate foi obrigada a cumprir a ordem de seu superior. Nada de aparecer
no distrito. Ponderou sobre o que deveria fazer para passar seu tempo. Sem
melhor alternativa, vestiu uma malha e decidiu correr. Ela se exercitou por
cerca de duas horas entre corrida e alongamentos. Após hidratar-se, ela parou
numa Starbucks próximo ao parque. Após tomar o café, pediu um muffin de
blueberries para saciar a fome. Enquanto comia, seu telefone vibrou. Dana.
Apesar disso, a mensagem não era muito promissora.
A terapeuta
dizia que estava ocupada em um congresso, mas entraria em contato com Kate até
o fim da tarde. A simples mensagem servira para deixa-la ansiosa. De repente,
todas as sensações estranhas de perda e dor a atingiram. Ela precisou de um
minuto de olhos fechados para se recompor. Baixou a cabeça na mesa respirando
profundamente por várias vezes.
Por que ele
não ligara? Dois dias. Nem um sinal de Castle. A espera estava matando-a. Em
sua mente, formulava as piores ideias. A cada minuto que passava, a resposta
dele lhe parecia mais e mais negativa. Se seus medos se confirmassem, Dana ia
ter muito mais trabalho com ela.
Kate voltou
para casa apenas para tomar um banho e trocar de roupa. Ficar sozinha entre
quatro paredes era muito deprimente, isso só a deixava com pensamentos mórbidos
e estranhos. Não tinha realmente um lugar para ir, optou por perambular pelas
ruas da cidade. Qualquer coisa que ocupasse sua mente e não a fizesse pensar em
Castle.
Por volta das
cinco da tarde, quando Kate decidiu comer alguma coisa mais consistente
entrando em um restaurante árabe, seu celular tocou. Ela deu um pulo pelo
susto. Instintivamente a primeira pessoa que pensou foi Castle, sentiu o
coração palpitar, porém o nome no visor acabou provocando uma sensação
agridoce. Era Dana.
- Oi, Dana.
- Kate, pelo
seu tom de voz perguntar se está tudo bem seria abusar de sua paciência, não? –
pode ouvir um riso triste do outro lado da linha – desculpe por retornar apenas
agora e sinto dizer que não tenho muito tempo. Há algo que possa fazer por você
ainda ou cheguei tarde demais?
- Talvez um
pouco dos dois. Eu tentei resolver sozinha um problema que causei. Uma
verdadeira pisada de bola. Acho que acabei piorando tudo. Fui colocada para
escanteio. Estou me sentindo meio que no limbo, quase o purgatório entre o céu
e o inferno.
- A julgar por
suas palavras, a gravidade é tanta que acionou sua veia poética. Dante
Aliglieri? Cheguei mesmo tarde?
- Não, você
chegará no momento de juntar os pedaços, os cacos. Eu estraguei tudo, Dana. Com
Castle. Dessa vez, temo ser definitivo. Se você conhecer alguém que precise
estragar um relacionamento, ofereça meus serviços. Satisfação garantida.
- Kate não
fale assim. Não deve ser tão ruim. Você teve outro ataque de ciúmes?
- Não. Eu saí
com alguém.
- O que? Você
teve um encontro e não foi com Castle? – isso era grave e surpreendente, pensou
Dana.
- Eu disse que
era grave, mas para sua informação, não foi um encontro. Foi apenas um café.
- E piora a
cada minuto.
- Hey! Eu
liguei porque quero que me ajude não que me afunde ainda mais!
- Kate, você
definitivamente não torna meu trabalho fácil, não mesmo. Escute, eu preciso
voltar para a conferência com a China. Estarei de volta à Nova York somente ao
final da semana que vem, para ser honesta eu pretendia passar o sábado aqui em
Boston, mas diante desses acontecimentos, voltarei na quinta-feira à noite.
Agende uma consulta para a primeira hora da sexta.
- Tudo isso? É
mais de uma semana! Hoje ainda é quarta.
- É o que
posso fazer. Sinto muito. E Kate? Se Castle a procurar novamente, faça um favor
a nós duas. Não fale nada que não venha diretamente do seu coração. Se tentar
se justificar, pare. O silêncio muitas vezes é a melhor resposta.
- É, tenho
descoberto isso da pior maneira possível. Obrigada.
XXXXXXXXX
Outro dia se
passou. Pelo menos ele conseguira escrever um capítulo. Era uma vitória.
Conformado que sua imaginação e concentração estavam comprometidas, decidiu dar
uma atenção à lista de atrizes que Paula o enviara. Castle torceu o nariz para
a maioria dos nomes. Nenhuma delas combinava com Kate Beckett. Eram atrizes
medianas e não conseguia imagina-las no papel da detetive. De todas da lista, a
pior era Natalie Rhodes. O problema? Ela era a primeira na lista do roteirista
e do diretor. Convencê-los a não usa-la seria uma briga boa e difícil.
Sentou-se no
sofá com dois filmes de terror protagonizados por ela, se tinha que opinar,
melhor ter argumentos para isso. Ao assistir os trabalhos de Natalie, ele
tentava imagina-la na pele da policial, o que se revelou algo quase impossível.
Por conta disso, mal prestara atenção nas cenas da atriz. Ninguém segurava uma
arma como Beckett, o jeito de andar, a pose. Percebendo que estava perdendo o
foco, desligou a televisão. Antes de deitar, Castle voltou seus pensamentos
para Kate, muito por estar influenciado pela avaliação que fazia. Foram dois
dias sem qualquer contato, dias que pareciam uma eternidade.
Ainda não era
o momento de contata-la.
Beckett
voltara para o distrito na quinta. Sua aparência estava um pouco melhor embora
por dentro continuasse em frangalhos. Esposito e Ryan trabalhavam em um novo
homicídio. Rapidamente a atualizaram. Independente do que acontecera entre ela
e Castle, o capitão os orientara para que a mantivesse ocupada. Mantinha
distância da máquina de café, sua queimadura já estava bem melhor. Começava a
secar e clarear. Ryan, ciente de que a cafeína era um dos elementos que a fazia
sentir-se bem e alerta, preparou várias canecas ao longo do dia para a amiga.
Sexta-feira
O expediente
do 12th distrito estava encerrando-se por volta das seis da tarde. Beckett já
preocupada com a possibilidade de passar um fim de semana complicado encarando
a solidão, se ofereceu para ficar de plantão na delegacia. Na sua concepção,
quanto mais estivesse ocupada, menos pensaria em Castle. Montgomery já
conhecendo o perfil de sua detetive, recusou a proposta. Beckett tentou
insistir, sem sucesso.
- Detetive, eu
não vou falar novamente. Não quero vê-la nesse distrito até segunda-feira pela
manhã. Isso é uma ordem. Fui claro?
- Sim, senhor.
- Descanse,
durma, vá a uma festa, leia um livro... faça qualquer coisa menos trabalho.
Suspirando,
Beckett se dirigiu a sua mesa, pegou sua jaqueta, seu celular e dirigiu-se ao
elevador. Uma noite e dois longos dias para se ocupar. Seria difícil preencher
tanto tempo assim, difícil manter o pensamento longe de Castle. Em um impulso,
ela decidiu que precisava estar em um lugar bem barulhento. Que melhor lugar em
Nova York que a Times Square? Deixou o carro em casa e pegou o metrô direto
para a estação da 42nd.
Ao sair pela
porta da estação, Beckett se deparou com um mundo de luzes, uma explosão de
colorido, pessoas fantasiadas das personagens mais inusitadas possíveis e
muito, muito barulho. O cheiro dos pretzels e cachorros quentes de rua
impregnavam suas narinas. Observando os letreiros luminosos, Kate caminhava no
meio do mar de gente.
Em poucos
metros, recebera tantos panfletos de peças da Broadway que estava sinceramente
pensando em escolher um musical para passar o tempo. Não, seu humor não estava
bom para enfrentar uma noite sozinha no teatro. De repente, no painel luminoso
da ABC, uma foto de Castle e a capa de seu Naked Heat inundaram a tela
convidando as pessoas para adquirirem uma cópia.
- Ótimo,
justamente quando estou tentando esquecer... Rick Castle aparece.
Ao cruzar uma
das ruas, ela se deparou com uma casa de pizza. Uma tradicional rede de
fastfood italiana. O que podia ser melhor que um belo pedaço de pizza para
esquecer os problemas?
Kate entrou no
local apinhado de famílias barulhentas. Escolheu uma fatia generosa e gordurosa
com bastante queijo e pepperoni. Uma taça de vinho e deliciou-se com a
refeição. Ao terminar, ela continuou a rondar pelas calçadas. Lojas apinhadas
de objetos que agradariam qualquer turista para levar uma lembrança da cidade intitulada
“Big Apple”. De frente para uma vitrine, não pode deixar de notar a infinidade
de mercadorias dos Yankees. Isso a remeteu àquela noite maravilhosa no estádio
onde ensinara, ou melhor, tentara fazer Castle rebater uma bola. O baseball era
um das ligações mais preciosas que Kate tinha com o pai e naquela noite,
compartilhara um pouco disso com Castle.
Aquilo a
deixou triste de repente, durante duas horas tinha conseguido se manter
positiva e sem pensar no escritor. Os sinais não pararam por ai. Na próxima
loja, havia inúmeros produtos da NYPD. Camisetas oficiais, bonés, chaveiros,
canecas. Observando uma camisa azul na vitrine, ela imaginou que Castle iria
adorar ter uma dessas. Era bem a cara dele.
Instintivamente,
ela passou a mão nos cabelos. Nervosa por estar trazendo Castle de volta aos
seus pensamentos. Sinal de que o passeio já não estava cumprindo seu propósito.
Desceu as escadas do metro e seguiu para seu apartamento.
Deitada em sua
cama após uma taça de vinho, Kate não evitava o pensamento no escritor. Estava
com saudade de ouvir suas piadas, suas provocações, sua risada. Não ia entrar
no mérito de falar de seu corpo, seu rosto e todas as outras coisas que
provocavam sensações incríveis na pele dela. Um pequeno flashback, pedaços de
memória compartilhada, desde um simples sanduiche até a cumplicidade em meio à
mira de uma arma. Isso tinha que acabar. O melhor a fazer é dormir e acordar
bem cedo para uma sessão pesada de malhação. Queria tirar todas as porcarias
que colocara em seu corpo nos últimos dias.
Kate amanheceu
na academia. Depois de ingerir um copo de suco verde, ela lutava no tatame com
uma aluna. Depois, usando um saco de pancada, socou e chutou por meia hora.
Satisfeita, ela se dirigiu até o parque e correu por mais cinco quilômetros. Retornou
caminhando para casa, parando para sua dose de café matinal.
Após uma
ducha, ela perambulava pelo apartamento pensando no que deveria fazer em
seguida. Perambulava por seu pequeno espaço sem chegar a nenhuma conclusão.
Deveria assistir um filme? Não... sentada nos degraus da escada, Kate apoiava o
queixo nas mãos. Quando foi que ficara tão solitária? Quando sua vida se
resumira a trabalho e livros? A vibração de seu celular sobre a mesa a
assustou. Será que tinham um novo caso?
- Por favor,
que seja um homicídio – pedia Beckett levantando-se da escada. Contudo,
arregalou os olhos ao ver quem estava ligando. Castle. Imediatamente, as mãos
congelaram sem saber como deveria atender aquela chamada. Nem percebera que
prendera a respiração por segundos. Suspirando, mordeu o lábio antes de
deslizar o dedo na tela. Era o momento da verdade.
- Beckett.
- Beckett, sou
eu. Castle. Está trabalhando ou podemos terminar a nossa conversa daquele dia?
- Não, podemos
conversar. Quer que eu vá ao seu loft?
- Pensei que
seria melhor um território neutro. Quer anotar o endereço?
- Claro. É só
dizer – ouviu as instruções de Castle anotando-as em um pequeno bloco de notas
que mantinha sobre o balcão da cozinha – pronto. Anotado.
- Três da
tarde?
- Tudo bem –
disse checando o relógio, ainda teria umas quatro horas pela frente - Estarei
lá – desligou o celular ainda pensando no que estava por acontecer. Sentando-se
no sofá, Kate abraçou as pernas numa posição quase indefesa. De repente,
sentia-se como uma garotinha perdida. Não, a sensação era bem parecida àquela
que a rondara por meses após a morte de sua mãe, a de uma perda iminente.
Castle saiu de
casa meia hora antes do combinado. Queria chegar primeiro. Sabia o que tinha
para dizer. Esperava que conseguisse manter a coragem e o foco. A escolha do
local do encontro fora inusitada mesmo para ele, até agora, Castle não sabia
porque sugerira o parque Grand Hope. Talvez por ser um sábado contaria com
muitas mães e crianças. Neutro. Assim nenhum deles tentaria fazer algo
diferente do que devia acontecer ali. Não podia fraquejar.
Curiosamente,
o parque estava quase deserto. Poucas crianças brincavam por ali. Sentado nos
balanços, ele esperou por Kate. Fora exatamente ali que ela o encontrou. Vestia
uma calça jeans, camiseta branca e jaqueta preta. Nada de saltos, usava tênis e
seu caminhar não lembrava em nada o andar determinado da detetive de
homicídios. Estava insegura e com medo.
Kate já achara
a escolha do lugar diferente, mesmo considerando o lado excêntrico do escritor.
Esperava um encontro em uma cafeteria ou lanchonete, mas um parque? Teve uma
nova surpresa ao vê-lo sentado em um balanço. Era a primeira vez que vinha
aquele parque, não o conhecia. Algo bem difícil para uma novaiorquina nata.
Aproximou-se de onde ele estava, porém se deu um minuto para observa-lo.
Castle lhe
pareceu cansado, percebia pelo jeito dos ombros, entretanto conservava o
semblante que a cativara. Estava olhando para algo que não conseguia definir,
os olhos azuis intensos. Temia a resposta que receberia em poucos minutos. Essa
poderia ser a última vez que veria Rick Castle e Kate não tinha ideia de como
seria receber um não e vê-lo sair completamente da sua vida. Aproximou-se dele
sentando-se no balanço ao lado.
- Castle...
- Olá,
Beckett. Você é pontual.
- Não conhecia
esse lugar – ela disse dando uma geral na área ao seu redor.
- Conheci há
pouco tempo também, em um momento bem parecido com esse. É um excelente lugar
para refletir.
- É isso que
faremos aqui hoje? Uma reflexão?
- Não. Estou
aqui porque te devo uma resposta. Como está o machucado? A queimadura secou?
- Sim, está
bem melhor – disse mostrando o pulso, o local queimado quase sarado – então,
você pensou na minha proposta. Castle, eu não quero que os últimos
acontecimentos tornem a nossa relação desconfortável e... – ele a cortou.
- Não, você
realmente não gostaria de causar desconforto. Concordo – ela entendera o
sarcasmo daquele comentário.
- O que estou
tentando dizer é...
- Você vai
retirar sua proposta antes de ouvir o que tenho para dizer, Beckett? – ele a
olhava intensamente. Havia frieza naqueles olhos azuis.
- Não... – a
resposta fora um sussurro.
- Quer que eu
seja seu consultor, continue participando do dia a dia da NYPD.
- Consultor,
não. Parceiro.
- O termo não
importa, o mesmo não posso dizer das regras. Começamos erroneamente nossa
relação profissional. Teremos que aparar arestas – Castle estava de frente para
ela, o nível do olhar conectado. Ela engoliu em seco, decidindo ouvi-lo
primeiro.
- Posso ser
seu consultor civil, continuar teorizando, ouvindo e contribuindo para as
histórias, porém teremos regras. Você mesma disse, não sabe que relacionamento
é esse. Realmente, você não parece entender. Nossa relação na NYPD será aquela
que deveria ser desde o início. Não estarei todos os dias ao seu dispor, tenho
outros compromissos. Serei seu parceiro, seu ajudante, o escritor que pesquisa
para seus livros. Nós seguimos em frente, viramos a página, faremos justiça. Eu
a apoiarei e protegerei sua retaguarda porque é isso que parceiros fazem.
Ele tinha o
mesmo olhar sério daquela madrugada, quase frio. O azul escurecera e o
semblante era grave.
- Nada de
beijos, toques, noites de sexo. Isso ficou no passado, Kate. Simplesmente
porque não funciono assim. Tudo ou nada. É assim que Rick Castle encara um
relacionamento. Não quero migalhas, não quero uma agenda. All-in, como no
pôquer. Quando e se um dia você compreender seus sentimentos, pensar com seu
coração e for sincera consigo mesma, talvez possamos voltar ao que os Hamptons
significaram para nós. Essas são minhas condições. Pegar ou largar.
Ele estava
dizendo sim, ao mesmo tempo esmagava cada pedacinho de seu coração com as
palavras. Ele ainda estava magoado, continuaria por bastante tempo. Sua culpa. Castle
tinha razão, não podia compreender o que acontecia entre os dois. Se deveria
prezar pela amizade e a sinceridade teria que seguir o conselho de Dana. Optar
pelo silêncio quando suas palavras não demonstrassem o que realmente estava
sentindo. Somente então percebera que estava chorando.
- Tudo ou
nada. Entendi – sentia o chão escapar diante de seus pés, não sabia o quanto
mais poderia ficar ali – e-eu... aceito suas condições, Castle. Seguir em
frente. Fazer justiça. É mais do que eu podia esperar – passou as mãos pelos
cabelos e enxugou as últimas lágrimas que marcavam seu rosto – Obrigada, nos
vemos segunda?
- Segunda –
Castle respondeu. Ela estava sofrendo, um pouco chocada com o que ouvira dele.
Mesmo tocado e de coração apertado, era necessário fazer aquilo.
Ela erguera-se do balanço, fitou-o longamente
antes de tomar distância caminhando em direção ao portão do parque, um arrepio
percorreu todo o seu corpo. Kate virou-se para ele uma última vez. Arrumando os
cabelos por trás das orelhas, despejou sobre o escritor o significado da culpa
que carregara. Havia tristeza e sinceridade nos olhos amendoados.
- Tudo ou
nada. Eu tenho uma coleção de erros que cometi ao longo da minha vida, esse é
sem dúvida o pior deles. Se eu pudesse voltar atrás, apagar a besteira que fiz,
eu faria. Daria meu sangue por isso, apenas para não carregar o fardo de ver a
tristeza em seu rosto, Castle. Mas não posso. É impossível. Só me resta aceitar
a culpa que é completamente minha e não fazer isso novamente. Pedir desculpas é
um ato muito insignificante para isso. Tudo ou nada. Não me esquecerei disso.
Virou-se
deixando o parque apressada. As mãos nos bolsos numa tentativa de dar
sustentação ao corpo porque temia desmoronar completamente bem ali, ao lado
dele.
Tudo ou nada.
Ela precisava entender qual seu real sentimento por Castle. Não, talvez a
questão seria admitir. Ele dissera quando ela estivesse pronta. Os próximos
dias seriam decisivos para ela e Castle. O modo como se comportassem definiriam
a linha tênue de relacionamento que custaria muito aos dois.
Continua...
8 comentários:
Vc quer é esmagar meu coraçãozinho né. Isso n se faz!
Nooossa! Castle pegou pesado. Mas, vamos vê se a Kate se decide, "tudo ou nada"? Tudo, não é Kate? Pelo amor, né querida, tu não vais deixar escapar, né? Só quero vê, esses dois sem se tocarem. haha
Ai quanto sofrimento meu Deus!!! 😭😭😭😭 mas você tá certa!! Kate precisa disso pra se decidir, não dá pra ficar a vida inteira em cima do muro esperando que Rick vá aceitar essa situação numa boa. Ele jogou as cartas na mesa agora é hora dela tomar coragem e correr atrás da felicidade!
E agora Kate?? Rick tá certo, ela tava precisando de uma chacoalhada p perceber que n vive sem
esse homem maravilhoso e q leva ela ao céu em todos os sentidos!! kkkkkkkkkkkkkk
Sexo sem compromisso nunca acaba bem. Difícil n se envolver e agora ela vai sentir mais do q nunca, já q ele disse: "nada de beijo e sexo."
Confessa logo q está apaixonada por esse homem Kate, pois vai ser difícil ficar perto sem poder tocá-lo.
Ansiosa pelo próximo!!!
Li 3 capítulos, sei lá quantas mil palavra. E no fim meu coração está em frangalhos. Não sei se bato no Castle ou se parabenizo, não sei se dou na cara da Kate ou se amparo. Acho que vou bater na Escritora.
KAREN PLZ! Não aguento mais sofrer ;'(
Por mais que doa vê-los assim, acho que o Castle está certinho. A Kate estava precisando de uma pressão pra se resolver! Tão fácil admitir, falar logo o que sente. Mas né, essa não seria Kate Beckett a complicada hahaha
Bora para o próximo!
Parabéns, adorei o capítulo!
Tenso!!!
Mais concordo plenamente com o Castle!!!
Chega de ser o cachorrinho dela!
Adorei :)
Muito tenso!!!!! Não gosto dos meus otps separados mas foi preciso,ela precisa aprender.😩
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