Nota da Autora: atendendo a pedidos, aqui está. Apesar que acho que irão reclamar depois... a história de Anna pode ter acabado, mas a de Dylan com nosso casal preferido está apenas começando. Divirtam-se! Ah, antes que me esqueça, uma pequena homenagem a minhas leitoras e a minha personagem preferida dos livros através de Ryan (apenas justificando a citação do nome de alguém real e sua obra).
Cap.4
– Acredito que entendeu bem seus direitos, não?
– Eu não fiz nada, nem sei porque estou aqui.
– Ah, claro. Ótima maneira de começar nosso bate-papo, Rodriguez. Você
tem uma ficha e tanto. Doze prisões, quatro foram passagens pelo reformatório.
Roubo de carros, assalto, porte de drogas, assalto, roubo, assalto, drogas...
que lista! – ela virou a ficha – nossa! E você só tem 23 anos! O que aconteceu
agora? Resolveu subir um degrau? Tentar algo mais excitante que apenas assalto?
– Não sei do que você está falando, dona.
– É detetive, Rodriguez. Respeito. Uma curiosidade: você tem mãe?
– Tenho.
– Coitada. Deve sofrer vendo o que você já fez. Só que agora é pior.
Você evoluiu para o latrocínio. Tem filhos, Rodriguez?
– Não.
– Pelo menos algo bom – Beckett abre a pasta e mostra várias fotos de
Anna – reconhece sua obra? Era para ser um simples assalto ou queria mesmo
machuca-la?
– Não sei quem é ela. Nunca a vi.
– Certo, o que é isso no seu braço? Esse curativo? – ela arrancou a gaze
– um arranhão e tanto. Feito por ela, tentando se defender. Aposto que você não
esperava por isso. Pela reação dela.
– Está me confundindo com outra pessoa, só pode.
– Então, pode explicar porque encontramos seu DNA na pele dela, nas
roupas, na bolsa. Ela te arranhou. Sua pele estava nas unhas dela. Pensou que
seria fácil. Mais uma mulher indefesa, ameaço com a faca, puxo a bolsa e corro.
Rápido, tranquilo. Ela reagiu, você se assustou e não pensou duas vezes antes
de meter a faca no corpo dela. Se era para roubar, porque não saiu correndo?
Por que a faca?
– Foi um acidente, a vadia não devia ter gritado nem avançado para cima
de mim. Jogou uma pedra na minha direção, ordinária e vadia metida – o murro
que Beckett deu na mesa quase o fez cair da cadeira.
– Ela não é vadia! Ela é a minha vítima de homicídio que você matou. Ela
tem nome. Anna! Ela estava protegendo seu bebê. Você sabia que ela tinha um
bebê, ela lutou para salva-lo. Uma mãe, Rodriguez. E você acabou com a vida
dela, deixou uma criança órfã e para que? Dinheiro para drogas? Ela era uma
mulher honesta que trabalhava duro para criar seu filho e você a matou! – ela
estava enfurecida – deixou-a no beco escuro para morrer sozinha. Não se
contentou com uma facada, foram quatro! Suas digitais estão por toda parte, mas
principalmente na arma que encontramos jogada em uma lixeira há dois
quarteirões da cena do crime. Não ouviu o choro do bebê? Não pensou em ao menos
fazer uma ligação anônima para a polícia? Você e seu comparsa são dois trastes.
– Eu não tive a intenção de matar...
– Intenção, sei, conhece o ditado “de boas intenções o inferno está
cheio”? Você e seu comparsa merecem apodrecer no inferno. É para lá que vocês
vão. É de lá que você irá ligar para a sua mãe e contar que matou uma jovem mãe
e deixou um bebê sozinho no mundo. Prepare-se para seus próximos vinte anos,
isso se você sobreviver todo esse tempo.
Beckett saiu da sala esgotada. Bateu a porta com raiva. As mãos tremiam
de raiva. Irresponsável. Miserável.
– Espo, pode interrogar o cúmplice, Fernandes. E fiche os dois. Quero o
relatório do caso ainda hoje na minha máquina. Vou ligar para o promotor.
Quero-os fora daqui amanhã cedo, nem um minuto a mais. Eles não passam de
assassinos inconsequentes.
Castle estava na sala conversando sozinho com o pequeno Dylan.
– Ela é demais, não? Muito brava, mas não se preocupe. Ela só fica
irritada com quem faz algo muito errado. Não é o seu caso. Ela estava
defendendo sua mãe. As vezes ela fica com raiva de mim, não como ela demonstrou
com esses caras. Logo passa. Vamos esperar quietos até que ela se acalme e
então iremos nos despedir dela por hoje. Duvido que esteja com cabeça para ir
para o loft conosco.
Dez minutos depois, ele aparecia na mesa dela. Beckett estava de cabeça
baixa.
– Hey... – ela levantou o rosto e ele pode ver o esgotamento emocional –
viemos nos despedir. Está na hora de ir para casa. Esse garotão precisa descansar.
– Tudo bem.
– Não fique trabalhando até tarde, detetive. Você está destruída. Como
se tivesse sido atropelada por um caminhão – ela riu cansada.
– Você sabe fazer uma mulher se sentir para baixo.
– Sou sincero. E não disse que estava feia. Está arrasada, mas continua
linda. Acabou, Beckett. Descanse bem. Amanhã começaremos uma nova batalha. Dê
boa noite para a tia Beckett, Dylan – ele mexia nas mãozinhas dele como quem
dava tchau. Sorrindo, ele tocou a mão dela – até amanhã, detetive.
– Boa noite, Castle.
Naquela noite em seu apartamento, Beckett recapitulava toda a loucura
daquele dia. Uma verdadeira montanha-russa de emoções. Estava se sentindo
melhor por ter feito justiça para Anna. Era parte de seu dever cumprido. Ainda
tinha a outra parte. Dylan.
De todas as situações que já vivenciara na NYPD, essa talvez seja a mais
difícil e diferente após o caso de sua mãe. A perda de seu apartamento, serial
killers, bombas, eram casos esperados durante o exercício da profissão.
Ensina-se sobre eles na academia. Procedimento, protocolo. Riscos calculados da
profissão. Em seus mais de dez anos de polícia, já experimentara sequestros,
atentados, mas essa era a primeira vez que sua vítima deixava um órfão para
trás, um bebê indefeso.
O que tornava tudo ainda mais difícil era o fato dela conhecer a vítima,
a mãe. O segundo fator crítico era a semelhança da história de Anna com a mãe
de Castle. O escritor abusara de seus sentimentos hoje com a proposta que
fizera. Era errada em tantos níveis e ainda assim, era digna e certa. Salvar
uma vida. Era assim que Castle interpretava sua escolha. Será que o escritor
estava certo?
Tinham um longo caminho pela frente. Beckett e ele precisavam convencer
seu capitão e os rapazes a apoiarem sua história. Como se pede para o seu
superior mentir por você? Devia desistir dessa ideia maluca e todas as vezes
que pensava nisso, apenas uma imagem lhe vinha à mente. Os olhos azuis de Dylan
e a semelhança impressionante com o par que tanto admirava.
Não havia desistência, ela concordara. Escolhera dar a Dylan o futuro
que sua mãe sonhara. Se morar com Castle garantisse isso, ela faria sem pensar
duas vezes.
Loft
Após colocar um adormecido Dylan no berço, Castle tomou um banho e
serviu-se de café. Ele tentara escrever um pouco, porém sua mente não estava
propícia a isso. Perambulou pela casa, assistiu um pouco de televisão e acabou
na cozinha com outra caneca de café nas mãos. A verdade era que estava pensando
sobre o processo de adoção.
A relutância de Beckett, o desabafo, o interrogatório como uma espécie
de vingança pela vítima. A imagem dela, a força daquela mulher o deixava
extasiado. O jeito como ela se entregava, defendendo suas vítimas em especial a
de hoje. O golpe era sempre maior quando se conhecia a pessoa envolvida.
A pasta com os documentos já formatados pelo advogado estava a sua
frente. O processo de adoção de Dylan. Teria que lê-los. Ele estava satisfeito
com o rumo que as coisas estavam tomando. A declaração de Beckett sobre sua proposta
o pegara de surpresa. Ela conhecia Anna. Castle se perguntava o quanto da
semelhança de sua própria história e do caso da própria mãe de Beckett
influenciaram na decisão dela. Era fácil perceber as semelhanças. Mãe,
assassinada em um beco, deixada lá para morrer, esfaqueada. A aparência física,
o reconhecimento. Ele não percebera até que a detetive mencionasse. Anna se
parecia com ela.
Havia muito por acontecer. Ele entendia que o processo era demorado. E
não se resumia apenas a avaliação do estado. A vinda de Beckett para o loft, a
convivência diária agora 24/7, seriam desafiadoras. Provas de fogo para sua
amizade e para o relacionamento dos dois. Ele queria mais. Estava apaixonado. Só
que Kate Beckett não era qualquer uma. Ele precisava ter cuidado. É uma mulher
extraordinária, porém com muitos problemas, traumas. Para sentimentos, ela
tinha que ser lapidada, como um diamante.
– O que faz ainda acordado, kiddo? São duas da manhã.
– Eu não estou com sono. E você?
– Sede. Como foi com a assistente social? Tem chance de conseguir o que
quer? E Katherine? O que ela pensa de tudo isso?
– A conversa com a assistente social foi boa. Eles procuram casais.
– Sinto muito, Richard.
– Não sinta. Eu disse que éramos um casal. Eu e Kate, ela quase me
matou, mas... acho que ela se apegou ao bebê, mãe. Há alguma coisa entre ela e
o pequeno que a desestabiliza. Ela conhecia a vítima e concordou em afirmar que
somos um casal para a agente.
– Ela concordou em mentir? Por que?
– Por Anna, por Dylan. E gosto de pensar que um pouquinho por mim, pela
minha história. Ela terá que se mudar para cá por uns tempos, acredito que
semanas.
– Richard, isso pode ser perigoso. Não acha que foi longe demais? É por
isso que você pensou em adotar essa criança? Para aproxima-lo de Katherine?
– Não! Eu nem sabia que ela a conhecia. Anna. Ela me contou depois de
brigar comigo. Quero adotar Dylan porque é o correto a fazer. Eu posso e nunca
houve segundas intenções, mãe. Tudo o que eu consigo pensar é que ele poderia
ser eu.
– Tudo bem, filho. Estou aqui para ajuda-lo. Apenas tome cuidado. A
convivência muito próxima a Katherine pode se tornar um problema. Não a
pressione. Eu sei que está apaixonado por ela, Richard. E uma criança
certamente pode aproxima-los. Apenas não abuse da sorte.
– Não farei nada disso – Martha pegou seu copo com água e começou a
andar em direção as escadas. Então, tornou a virar para encara-lo.
– Fingir ser um casal para salvar uma criança. Não é qualquer mulher que
se sujeita a isso, por uma criança que nem é dela. Admirável a atitude de
Katherine. Ela deve gostar muito de você para se propor a isso.
– Ela não fez por mim, mãe. Fez pela Anna.
– Tem certeza? – Castle riu vendo sua mãe subir as escadas. Para alguém
que recomendava ir com calma, ela parecia bastante disposta a jogar lenha na
fogueira. Decidiu que deveria se deitar. Nem bem chegou ao quarto, escutou o
chorinho do bebê. Estava na hora da próxima mamada. Ele retornou para a
cozinha, preparou o leite e de volta ao quarto, ele pegou o menino no colo e o
alimentou.
No dia seguinte, ele chegou ao distrito com os papeis da adoção em uma
pasta dentro da bolsa de Dylan. Seu advogado os encontraria na hora marcada.
Com Dylan em um dos braços e a bolsa do bebê no outro, trazia dois copos de
café.
– Bom dia, Beckett. Seu café.
– Obrigada – ela pegou o copo, bebeu e sorriu para o garoto – oi, Dylan!
Tio Castle tomou conta de você direito?
– Conta para ela, garotão. Faço o melhor leite do mundo – sorrindo, ele
percebeu quando o menino se jogou para os braços de Kate, ela não pode evitar –
os criminosos já foram despachados?
– Sim, logo cedo. Estou terminando de dar meu parecer no relatório para
enviar para o capitão e a promotoria. Já conversei com ele por telefone – não
percebera, mas a mãozinha do bebê estava no rosto dela, mais precisamente nos
lábios e sem pensar ela brincava mordiscando os dedinhos fofos do pequeno.
– Eu trouxe os papeis da adoção caso você queira ler antes da reunião.
Meu advogado estará aqui na hora combinada.
– Sei que deve estar tudo em ordem, aliás não é definitivo ainda.
Teremos que ouvir as recomendações da agente Wilson antes.
– Tem razão.
– Pode pega-lo um pouco? Preciso terminar meu trabalho.
– Claro! – ele pegou o bebê do colo de Beckett. O menino reclamou um
pouco, mas Castle logo conseguiu sua atenção. Afastou-se indo para a mini copa
a fim de deixar a detetive trabalhar. Aproveitou para checar se a fralda estava
limpa. Tudo certo. Faltava uma hora para a reunião e não podia negar, estava
nervoso.
Finalmente a agente Wilson apareceu na delegacia. Sabendo da seriedade
da reunião, Castle pediu para Ryan tomar conta do bebê. Relutante, ele aceitou,
porém se chorasse muito o detetive avisou que seria obrigado a bater na porta
da tal reunião.
Ninguém no distrito sabia dos planos de Castle. Para todos os efeitos,
aquela reunião com a assistente social era para resolver a entrega do bebê para
o sistema. Era bom que a situação ficasse apenas entre ele e Beckett nesse
instante. Afinal, era uma condição delicada.
Entraram na sala cumprimentando educadamente a agente Wilson. Castle
apresentou o advogado. Devidamente sentados, a palavra era da oficial.
– Muito bem, Sr. Castle. Houve uma demonstração de sua parte em abrir um
processo de adoção do menor Dylan Kingston. Para tanto, é necessário cumprir as
exigências mínimas da justiça. A primeira delas, como já havia mencionado, é a
adoção por um casal. O senhor informou que você e a detetive Beckett tem um
relacionamento estável há três anos e que não moravam juntos. Portanto, a primeira
providência é quebrarem essa barreira, devem viver e cohabitar sobre o mesmo
teto – ela tomou um pouco de agua.
– Durante o período de três semanas, vocês receberão visitas esporádicas
minhas ou de outros agentes para avaliar o convívio familiar. Conforme seja o
comportamento de vocês, a justiça lhe dará a guarda temporária. A partir daí, o
bebê passa ser sua responsabilidade e o departamento de assistência social irá realizar
novas visitas agendadas para acompanhar a evolução da criança na casa e na família.
Após dois anos, o juiz avaliará nosso parecer e concederá a guarda definitiva
para vocês. Está claro?
– Sim, muito.
– É de comum acordo que vocês iniciam esse processo?
– Sim – Beckett respondeu.
– Sim, com certeza – Castle afirma e busca a mão da detetive. Eles
trocam um olhar.
– Saibam que estou abrindo uma exceção nesse caso. Eu vi a preocupação
de ambos com a criança. Normalmente, eu selecionaria casais para entrevistar e
vocês seriam um deles. Eu decidi ignorar as regras e pular essa parte do
processo. Não façam eu me arrepender.
– Não faremos. E qual o próximo passo, além de morarmos juntos?
– Vocês precisam entrar com o pedido de adoção oficial. Nele deve conter
dados pessoais de ambos, situação financeira, antecedentes, exames médicos
atuais e seus históricos médicos. Também serão realizadas entrevistas com as
pessoas mais próximas de vocês, no ambiente profissional e pessoal. Precisamos
ter certeza de que o casal é maduro suficiente para criar uma criança – ao
ouvir sobre as entrevistas, Beckett apertou a mão de Castle. Esse era um motivo
de preocupação para ambos.
– Trouxe um rascunho para a sua análise, agente Wilson – disse o
advogado entregando os papeis na mão dela.
– Posso revisar para vocês, mas também posso lhes enviar um exemplo
desse pedido oficial. Mais importante é ter todos os dados disponíveis o quanto
antes – a agente voltou-se para Beckett – detetive, como anda o caso?
– Encerramos ontem com duas prisões. O relatório oficial com as
confissões foi enviado esta manhã e os prisioneiros transportados para Sing
Sing ficando na espera do julgamento.
– Pelo menos uma boa notícia. Não era o que desejaríamos para essa jovem
nem para Dylan, mas é bom ver a justiça agindo em defesa dos inocentes. Eu
deveria retirar o bebê do convívio de vocês até que recebamos o pedido oficial,
porém seria injusto com a criança que aparentemente está bem tranquila diante
do cuidado de vocês. Sr. Castle, tem vinte e quatro horas para entregar todos
os documentos protocolados. Caso contrário, serei obrigada a levar a criança.
– Não se preocupe, terá o que me pede. Obrigado mais uma vez pela
confiança em nós, agente Wilson.
– Estou apenas fazendo o meu trabalho e acredito que querem o melhor
para essa criança. De verdade – eles se cumprimentaram outra vez e se
despediram. Até aquele momento, nenhum dos dois havia largado a mão do outro.
Nem perceberam o que faziam. O advogado perguntou a eles sobre os históricos.
Beckett disse que não haveria problema em conseguir as informações rapidamente.
Era uma das vantagens de ser policial. Castle confirmou que enviaria seus dados
por e-mail assim que chegasse em casa.
Sozinhos, eles ficaram calados se encarando por um momento.
– Nós realmente estamos fazendo isso. Beckett, eu não sei como te agradecer
pelo que está se dispondo, arriscando, não sei se poderei retribuir o gesto.
– Castle, não me agradeça ainda. Temos muitas etapas pela frente. Essas
entrevistas...
– O que tem elas?
– Elas me preocupam. Teremos que conversar muito com os rapazes, o
capitão, sua mãe... Deus! Será que vão querer falar com meu pai?
– É provável. Porém, não adianta sofrer por antecedência, Beckett. Irei
conversar com meu advogado para saber se há a possibilidade de escolhermos as
pessoas consultadas. Seria muito melhor para nós, assim diminuiríamos a chance
de erro.
– Vou providenciar as minhas informações – ela já se dirigia para a
porta.
– Beckett?
– Sim?
– Sobre sua mudança para o loft... não conversamos sobre isso. Quer
dizer, quando faremos....
– No fim de semana. Eu me mudo no sábado – ele suspirou depois que ela
saiu. Ele estava empolgado e nervoso com o que poderia acontecer nessas três
semanas.
Castle cumpriu o prazo para a agente. Entregou todos os documentos que
pedira. Nos dias que se seguiram, ele apareceu rapidamente no distrito. Seu
foco era conseguir deixar tudo organizado para a adoção e para a vinda de
Beckett para o loft. Durante esse tempo, Dylan ganhara duas novas babás, Alexis
e Martha. Castle também consultou seu advogado e descobriu que poderiam indicar
as pessoas que passariam pela entrevista durante o processo com alguns
requisitos. Deveriam ter contatos pessoais e profissionais de ambos.
Na sexta-feira, Beckett recebeu um telefonema da agente indicando que
estava tudo em ordem com sua documentação e que assim que o juiz da vara
infantil assinasse o pedido, começaria seu tempo de avaliação. Tudo indicava
ser segunda-feira. Ela agradeceu e resolveu ligar para Castle. Era a hora de
comunicar a conclusão do caso para a amiga de Anna.
Ele também falou ao telefone que tinha uma boa notícia para Beckett e
contaria pessoalmente. Estaria em meia hora no distrito. A detetive ligou para
Claire pedindo para que viesse encontrá-la. Quando Castle chegou, ela já o
esperava com Claire numa das salas de investigação. Obviamente trouxera café.
– Olá, detetive. Desculpe o atraso. Café? – ela aceitou – oi, Claire.
Como tem passado?
– Tentando voltar a vida normal. Anna e Dylan fazem muita falta. O
apartamento anda silencioso, vazio sem os dois. Descobriu o que aconteceu com a
minha amiga, detetive Beckett?
– Sim, Claire. Infelizmente, dois irresponsáveis a atacaram por
dinheiro. Drogas foi o motivo. Estão presos e pegarão vinte anos, isso se
sobreviverem todo esse período na prisão. Não trará sua amiga de volta, mas
pelo menos a justiça aconteceu e não farão novas vítimas. Liberaremos o corpo
para ser enterrado. O Sr. William agendou para sexta-feira.
– E Dylan? O que acontecerá com ele? Vai para o sistema? Por favor,
digam que encontraram um lar para o meu menino... – Castle e Beckett se
entreolharam. A detetive suspirou.
– Claire, o que vamos lhe contar é extremamente confidencial ainda.
Portanto, contamos com a sua discrição. Castle entrou com um processo para adotar
Dylan, segundo a agente do serviço social a proposta estará válida a partir de
segunda-feira. Ficará em avaliação por três semanas para conseguir a guarda
provisória.
– Oh, isso é... espere, não precisa ser um casal para adotar uma
criança? O senhor não é casado e... quem é a suposta mãe?
– Eu sou – disse Beckett.
– Oh, meu Deus! Vocês estão juntos? Isso é maravilhoso! Anna, ah... ela
adoraria conhecer você, detetive.
– Na verdade, eu a conheci. Em um café, em um domingo. Também conheci
Dylan. Ele merece um futuro, uma chance diferente da mãe, como Anna queria. E
Castle pode dar isso a ele.
– E você também. E-eu não sei o que dizer, isso é tão... – ela chorava –
detetive, você foi um anjo que cruzou o caminho de Anna, nada acontece por
acaso. Eu acredito nisso. Eu posso te dar um abraço? – Claire se levantou e
abraçou Beckett novamente agradecendo-a pelo que estava fazendo. Depois, foi a
vez de Castle. Ela enxugou as lagrimas e sorriu.
– Onde está Dylan?
– No meu apartamento com a minha mãe. Eu vou lhe dar o endereço. Pode
visita-lo quando quiser.
– Obrigada. Quando uma porta se fecha, Deus sempre abre uma janela.
Destino. Você até se parece com Anna, detetive.
– Por favor, é Kate.
– Obrigada, Kate. Muito obrigada – sorrindo, ela deixou o distrito.
Castle virou-se para Beckett.
– Você não comentou que sua “maternidade” era temporária.
– Não queria estragar o momento de alegria dela. Estava satisfeita – ele
sorriu.
– Hey, tem um minuto? – ele perguntou oferecendo o copo de café que ela
deixara sobre a mesa.
– Sim, na mini copa?
– Está ótimo – quando se viram sozinhos na salinha, ele falou sobre as
novidades que seu advogado lhe informara – estava pensando que podíamos fazer
algo para reunir todos e comunicar a nossa decisão e o que precisaremos do lado
deles. Que tal um jantar no loft amanhã? Eu convidaria todos sem um grande
pretexto e revelaríamos o que estamos fazendo.
– Não sei se é uma boa ideia...
– Por que não? Pretende fazer isso aqui no distrito, pegando-os de
surpresa sem qualquer preparação? Um jantar simples, descontraído e a situação
da adoção. Acredito ser o melhor momento para contar.
– Talvez tenha razão – mas sua mente gritava “cuidado!” Um jantar. Não
parecia algo muito íntimo? Ora, o que era um jantar diante da loucura de adotar
uma criança com Castle?
– Sei que tenho – ele afirmou sorrindo.
– E como você pretende que eles estejam presentes no loft? Podem ter
compromissos.
– Acredite, eles não irão deixar de ir. Confie em mim – ela deu de
ombros. Voltaram para o salão. Castle já chamara por Esposito – Espo, cadê o
Ryan, quero falar com os dois.
– Ele está arquivando umas pastas, não deve demorar. Qual é o problema?
Fez alguma besteira, Beckett chutou seu traseiro e agora precisa de ajuda? Quando
vai aprender, Castle?
– Não é nada disso. Por que você pensa sempre o pior de mim? – Esposito
o olhou com uma cara de quem diz “você sabe” – não é nada disso! – Ryan se
aproximou.
– O que aconteceu?
– Castle aprontou – a cara de reprovação de Ryan foi impagável. Era como
ver a reação de um leitor a um personagem pelo qual torcia muito e que errou
feio, pensou o escritor.
– Hum, tudo bem, nós discutimos e eu a provoquei. Acabei desafiando-a
para um jogo de pôquer, uma aposta. Só que ela se recusa a jogar um mano a mano
compreende? Então, estou convidando vocês para compor a mesa. Também chamarei o
capitão. E tenho um par de ingressos para o jogo do Knicks contra os Celtics no
domingo.
– Eu irei a sua casa com prazer para ver a Beckett acabar com seu
traseiro, Castle. Nem preciso de suborno – disse Ryan.
– Hey, bro! Não recuse uma oferta dessa, se não quer, tem quem queira.
Também estou dentro. Quando será?
– Amanhã. Sete da noite. Vou conversar com o capitão – assim que ele se
afastou para falar com Montgomery, Ryan comentou.
– Cara! Quando Castle vai aprender? Ele vive pisando na bola com Beckett.
Assim nunca vão se acertar.
– Ryan, Beckett tem namorado!
– Beckett não gosta do namorado, você não entende nada de
relacionamentos mesmo. Ela está com o médico por pura conveniência. Porque
Castle não toma a atitude correta.
– Você realmente acha isso?
– Tenho certeza. Além do mais, o namorado dela nem para em Nova York,
quer situação mais cômoda que essa?
– Certo, Dr. Phil, você já leu o último livro de Nora Roberts? –
perguntou Esposito claramente debochando do parceiro.
– Ah, o último da série mortal foi muito bom. Eve arrasou. Ela me lembra
a Beckett e...
– Cala a boca, Ryan! – o detetive deu de ombros indo em direção a mesa
da colega.
– Então, você aceitou o desafio de Castle no pôquer? O que ele disse
para te irritar a ponto de ceder a isso? – era essa a desculpa dele. Certo.
Podia conviver com isso.
– Desde quando preciso de incentivo para arrasar com Castle? Ele
provocou, mal sabe o que o espera.
– Estarei lá, torcendo para isso. Posso levar Jenny? Se ela estiver
disponível, não sei se trabalha...
– Er...claro. Eu acho, a casa é de Castle. Pergunte a ele – não conhecia
a noiva de Ryan a ponto de considerar algo normal tê-la em um momento como
esse. Jogaria a bomba para Castle... mas, ah! Que droga! Ele seria capaz de
concordar. Não estava preparada para essas situações. Onde fora se meter? Meia
hora depois, Castle senta em sua cadeira cativa. Estava sorrindo.
– Tudo certo, Beckett. Todos irão comparecer no loft amanhã. Para todos
os efeitos será um jogo de pôquer e não me importo se você ganhar de mim, eles
estão esperando por isso.
– É, Ryan já veio demonstrar seu apoio. A propósito, ele falou com você
sobre Jenny?
– Falou, disse que tudo bem – ao notar a cara de reprovação de Beckett,
justificou – o que você queria? Não podia dizer não sem ter um motivo. Nem
sabemos se ela poderá ir. Relaxe!
– Relaxe? É isso que você tem para me dizer? Castle estamos prestes a
contar que adotamos uma criança, dividiremos responsabilidades para os nossos
amigos. Uma verdadeira loucura e, Jenny... sem ofensas, mas ela nem nos conhece
direito! A cada hora que penso sobre o que fizemos, percebo quanto essa ideia é
louca e errada.
– Nada é errado. Beckett, o que você está fazendo por Dylan, por mim, é
louvável. Um gesto altruísta como pouco se vê. Ninguém vai condena-la por isso.
E no fundo, você sabe que não é errado. Tomou a decisão certa ao concordar em
me ajudar. Deu a uma criança a chance de ser feliz, salvou um inocente. Quem
irá julga-la por isso? E além do mais, pode servir como prática, não? Para o
futuro?
– Castle...limites.
– O que? Aposto que depois de cuidar de Dylan vai querer ter uma penca
de filhos.
– Eu não vou cuidar de Dylan – ela sussurrava – ele é sua
responsabilidade.
– Eu sei, mas terá que encenar algumas coisas para a assistente social.
Afinal, você é a “mãe” da minha história.
– Exceto que esse não é um dos seus livros, trata-se de vida real,
Castle. Ou você acha que é tudo uma brincadeira?
– Claro que não, detetive. Tenha um pouco de fé em mim. Pode me dar um
pouco de crédito? – ela suspirou – vou para casa agora, ver como estar o meu
pequeno. Até mais tarde, Beckett.
– Até amanhã, Castle – ele deu de ombros. Ao vê-lo se afastar, ela
sorriu. O jeito como ele falara do menino, meu pequeno. Castle parecia mesmo
feliz diante da ideia de experimentar outra vez a chance de ser pai. Era um
lado dele que pouco via. Confessava para si mesma que tinha curiosidade de
passar uns dias com ele vendo-o cuidar de Dylan.
Mais tarde, Esposito veio perguntar sobre Castle. Beckett dissera que
saíra a cerca de uma hora.
– Aposto que foi praticar jogadas, analisar probabilidades. Deve estar
morrendo de medo de enfrenta-la amanhã.
– Espo, Castle é a pessoa mais convencida da face da terra. Aposto que
tem certeza que ganhará de mim.
– Eu sei que não. Vai ser engraçado vê-lo aborrecido com a sua vitória.
Ele parece criança, vai se doer.
– Veremos. O capitão está na sala dele? Preciso atualiza-lo no caso de
Anna.
– Está sim, e como ficou o bebê?
– O que você acha? Infelizmente, nem sempre ganhamos.
– Mas nós prendemos os culpados – Beckett deu de ombros e seguiu para a
sala de seu capitão. Ao receber a permissão para entrar, ela sentou-se de frente
para Montgomery.
– Senhor, quero lhe atualizar sobre o caso de Anna Kingston. Conversei
com a promotoria agora há pouco e eles me garantiram que ambos irão passar bons
anos em Sing Sing. Rodriguez pegara no mínimo trinta anos, o seu cúmplice um pouco
menos. É estranho, mesmo quando conseguimos fazer justiça, algumas vezes não é
suficiente. Como nesse caso.
– Você sente que falhou com a vítima, por causa do bebê. Como foi com o
serviço social? – Beckett detestava ter que mentir para seu superior, mas era
necessário. Pelo menos até amanhã.
– Da mesma forma de sempre. Procedimentos, papelada, muitas perguntas. A
agente comentou que tem três potenciais casais para a adoção. Resta esperar que
Dylan tenha um melhor futuro que sua mãe.
– Ele terá, detetive. Sabe, Beckett, nosso trabalho é difícil. Nem
sempre saímos satisfeitos. Quando envolve uma criança, tudo se torna mais
complicado. Um ser inocente, completamente alheio as maldades do mundo. Não
assuma essa culpa para si. Eu sei como casos assim lhe deixam. Lembro muito bem
do sequestro. Dylan ficará bem.
– Assim quero que seja. Espero que tenha tomado a melhor decisão para
ele.
– Diante do que tinha, eu sei que tomou – não, Capitão, o senhor não tem
ideia, ela pensou – agora, quer me contar o que Castle fez para você. Como
chegamos a um jogo de pôquer?
– Não vem ao caso. É Castle. Boa coisa não podia ter feito. O senhor vai
amanhã?
– Jogos, bebida, comida e a chance de ver Castle chorar? Não perderia
isso por nada! – ele ria – vá para casa, Beckett. Você já fez demais por hoje.
– Obrigada, Capitão. O relatório está na sua máquina.
– Bom trabalho, detetive. Descanse.
Beckett saiu da sala de seu capitão, pegou suas coisas e desceu no
elevador. Ao entrar no carro, ao invés de dobrar para a esquerda e seguir para
casa, ela contornou a rua e seguiu rumo ao SoHo. Ela não sabia explicar, mas
sentia a necessidade de passar no loft e verificar se estava tudo bem com
Dylan.
Ao abrir a porta, Castle não deixou de demonstrar-se surpreso ao vê-la
ali.
– Beckett? O que faz aqui? Novo caso?
– Não, e-eu... precisava checar se está tudo bem com Dylan. Ele está
dormindo?
– Não, está com Alexis. Acabou de jantar uma sopinha de legumes. Daqui a
pouco, darei o leite para fazê-lo dormir. Entre. Eles estão no sofá – ela já
entrou encaminhando-se para o local quando Martha a avistou e a pegou de
surpresa em um abraço apertado.
– Ah, Katherine! Que maravilha te ver. Ah, querida... nem sei como começar
a agradece-la pelo que você está fazendo – finalmente a soltando, Martha olhava
sorrindo para a detetive – você tem um coração de ouro. Um gesto como esse é
para poucos. Sua mãe, onde quer que ela esteja está orgulhosa da mulher que
você se tornou. Por Deus! Eu estou orgulhosa, Katherine! Venha vê-lo. Teremos
muito tempo para conversar – era a primeira vez que ouvia alguém falar de sua
mãe como se estivesse em seu lugar. Martha parecia olha-la de modo diferente,
não sabia explicar porque.
O pequeno Dylan estava no colo de Alexis. Brincava com os bichinhos que
Castle dera para ele. Estavam todos babados. Ao se aproximar, cumprimentou a
filha de Castle com um sorriso e sentou-se ao seu lado.
– Hey, Dylan... hey, baby boy... – ao ouvir a voz de Beckett, o menino a
fitou na mesma hora. Ela sorria e o pequeno se jogou para o colo dela ainda
segurando o elefantinho azul todo babado.
– Ele gosta mesmo de você – disse Alexis – foi um sacrifício para ele
vir para o meu colo. Tive que engana-lo com brinquedos para o papai poder tomar
banho. Você vai mesmo se mudar para cá? Por semanas? – Beckett anuiu – posso
mostrar seu quarto se quiser. Eu achei muito bonito seu gesto, detetive. Ainda
mais sendo o meu pai, o outro adulto responsável. Pelo menos, você pode
prendê-lo se fizer besteira. Nem precisa chamar o serviço social – elas riram.
– Hey! Eu estou bem aqui.
– Sério, ele queria muito isso. A princípio não entendi porque, mas a
vovó me explicou. E ganharei um irmãozinho. Logo eu que nem sonhava com isso.
Acho que daquele mato não sai mais coelho...
– Alô? Não sou invisível e ainda sou seu pai, que tal um pouco de
respeito? – ela ria e Kate também não pode evitar ao ver a cara de chateação de
Castle.
– Vem, vou mostrar seu quarto. Assim você tem noção do que trazer.
– Quando terminarem, voltem para a cozinha. Vamos jantar.
– Não, Castle não precisa...
– Você já jantou? Porque eu não e temos que conversar sobre amanhã – sem
alternativa, ela cedeu. Quando voltara do quarto, Dylan já dormira em seu colo.
Ela seguiu com Alexis para colocá-lo no berço. Foi a menina que acabou fazendo
a maior parte do trabalho. Aquilo ainda era muito novo para ela. Ao retornar à
cozinha, Castle lhe entregou uma taça de vinho e o jantar já estava servido.
– Pizza? Essa é a sua ideia de jantar?
– Dá um tempo, Beckett. Você pensa que é fácil cuidar de uma criança? Tive
que trocar fralda, fazer mamadeira, preparar sopa ou você acha que Dylan comeu
potinho? Não mesmo.
– Quer desistir, Castle?
– De jeito nenhum! – ela sorriu – coma a pizza e não reclame –
balançando a cabeça ela obedeceu diante dos olhares de Martha e Alexis. Ele
parecia uma mãezona dona de casa. Assim que devoraram metade da pizza, eles
começaram a conversar sobre a noite do pôquer e como seria sua estratégia para
contar a novidade aos amigos. Castle não escondia seu medo a reação
principalmente do capitão. Era nesse momento que contava com a presença e a
racionalidade de Beckett. Não se preocupava com Ryan, sabia que o amigo iria
apoia-los. Quanto a Esposito, tinha certeza da reprovação. Pouco se importava
com a opinião dele, afinal já convencera Beckett e sabia que no fundo, o
detetive metido a durão acabaria se acostumando com a ideia.
Eles estavam terminando de conversar quando o chorinho veio do quarto de
Castle. Dylan acordara. Fome. Ele queria leite.
– Vou fazer a mamadeira. Beckett, você se importa de acalma-lo por uns
minutos. Já chego lá com o leite.
– Tudo bem – ela se encaminhou para o quarto. Dava umas palmadinhas de
leve no bumbum do bebê. Sentada na cama de Castle, ela não pode deixar de notar
como o quarto era espaçoso e bem arrumado. A cama deliciosa. Dylan chorou um
pouco mais e ela se arriscou a tira-lo do berço. Não foi uma tarefa fácil. Ela
se contorcera toda como uma malabarista, mas por fim tirou-o do berço
aconchegando-o em seu peito. Outra vez, a cena se repetiu. O choro diminuía e
os dois olhos azuis a fitavam intensamente. A mãozinha sobre o seio dela.
Castle a encontrou andando pelo quarto com o menino nos braços. Nem pensou em
tira-lo de seu colo. Entregou-lhe a mamadeira.
Kate o olhou intrigada. Ele sussurrou.
– Ele está quieto, vai mamar e dormir logo no seu colo – sem argumentos,
ela ofereceu a mamadeira para o menino que aceitou na hora. Sugava o leite com
vontade. Ela achava incrível o jeito dele. Aconteceu exatamente como Castle
dissera. Dylan foi fechando os olhinhos enquanto devorava o resto do leite, a
mãozinha tocava agora a mão dela que segurava a mamadeira. O calor do toque foi
algo diferente de tudo o que ela já experimentara. Não sabia explicar, mas era
diferente. Quando a mamadeira esvaziou, ele já dormia. Sequer reclamou quando
ela tirou o bico de sua boca.
– Não o coloque no berço agora. Precisa digerir o leite, pode mudar a
posição que o carrega.
– Eu não sei fazer isso, Castle.
– Eu te ajudo – ele se aproximou erguendo o bebê e virando-o com cuidado
colocando sobre o ombro de Beckett – pronto, agora bata de leve nas costas dele
– ela obedeceu – isso! Não é tão difícil, viu? Opa! Já arrotou uma vez,
continue...
– Quanto tempo demora isso?
– Calma, pelo menos uns dez a quinze minutos. Depende da reação dele.
Está indo bem para uma iniciante – ele sorria. Finalmente convencido que já
poderiam colocar o bebê de volta no berço, Castle tirou-o do colo dela e
arrumou-o cuidadosamente cobrindo-o com a manta. De volta a sala, Beckett pegou
sua bolsa para ir para seu apartamento.
– Viu? Nem foi tão difícil, mas não vou mentir. Essas semanas de
ambientação não serão fáceis. Ele é exigente, não vai com qualquer pessoa.
– É, Anna me disse isso.
– Ele não gosta do colo de Alexis, o da mamãe só por pouco tempo. Vai
sobrar para nós.
– Bem, ele terá que se acostumar. Vai morar aqui para sempre e eu
preciso trabalhar.
– Eu sei, mesmo assim, vou precisar muito de você – o jeito como ele
dissera aquilo foi tão sincero que Beckett se viu prendendo a respiração por
alguns segundos – vá para casa, Beckett. Amanhã temos uma noite interessante
pela frente.
– Sim, nem quero pensar nisso.
– Vai dar tudo certo. Confie em mim.
– Não tenho outra alternativa, tenho?
– Fala isso da boca para fora, eu sei.
– Boa noite, Castle.
– Até amanhã, detetive.
O dia passou sem maiores problemas. Um novo caso surgira no meio da
tarde, porém ficaram presos a demora do laboratório e somente poderiam
conclui-lo no dia seguinte. Nada iria atrapalhar a noite já programada de
jogatina.
Conforme combinaram no dia anterior, Castle alimentaria o pequeno e o
faria dormir. Não queriam que os rapazes dessem logo de cara com o bebê. Ainda
tinham toda uma história de convencimento para contar antes de revelar a bomba.
Porque sim, na opinião de Beckett seria uma bomba. Boom! Adotamos um bebê! Não
é todo o dia que se ouve isso, ainda mais vindo de duas pessoas completamente
diferentes sem qualquer ligação familiar.
Ela estava um pouco nervosa. Ryan reparou nos gestos dela.
– Ansiosa por hoje à noite? Tenho total confiança em você.
– É, mas Castle também é bom no pôquer. Não será um jogo fácil.
– Você é melhor, não se preocupe. Desfaça essa cara. Vai ganhar – então
ela estava com a preocupação estampada no rosto. Precisava se conter. Tinha
acertado que iam direto do distrito para o loft, porém lembrando-se do bebê e
do fato que estivera numa cena de crime, ela achou melhor tomar um banho no
distrito mesmo e trocar de roupa. Sempre tinha uma muda extra disponível em seu
armário. Por volta das seis e meia, ela já estava pronta. Aproveitou para secar
os cabelos, estava cedo para aparecer no loft.
As sete e quinze a campainha soou no loft. Ao abrir a porta, seus quatro
convidados surgiram.
– Pronto para levar uma surra, Castle? – perguntou Montgomery.
– Hahahaha, vocês não perdem por esperar.
– Fazendo piada? Quem ri por último, ri melhor – disse Esposito – não,
Beckett?
– É o que o ditado diz – ela concordou. Mal sabiam que a piada era bem
séria – vamos logo começar? Ou você quer desistir, Castle?
– Ah, detetive, por favor. Sentem-se na mesa de jogo e claro, vocês
conhecem minha mãe. Ela vai se juntar a nós porque não resiste ao vício. Querem
beber o que? Vinho, cerveja, whisky?
– Cerveja, pare de enrolação e sente na mesa, Castle – disse Montgomery.
– Certo, isso soou como uma ordem. Tudo bem, vou só pegar as cervejas e
começamos, temos regras.
– Regras além das do jogo normal? – perguntou Esposito.
– Sim, por causa da aposta. Serão cinco rodadas, o vencedor leva. Se
empatar, melhor de 3.
– Ele está criando isso porque está com medo – Castle não ligou para a
provocação de Esposito, entregou as cervejas e sentou-se. O disfarce ia
começar. Eles jogaram, riram, perderam e a disputa ficou apenas entre os dois.
Estavam empatados. Duas vitorias para cada lado. Como tinham combinado, Beckett
ia fingir ter uma mão muito boa, aumentaria a aposta e Castle pagaria e também
aumentaria. Só que ela iria para o tudo ou nada e ele desistiria.
– Então, estou esperando. All-in, Castle – ele olhava para ela e para as
cartas fingindo estar apreensivo.
– Eu estou fora.
– Covarde! – Ryan começou a imitar uma galinha – perdeu! – eles riam.
– É, Castle. Não é todo o dia que se é arrasado no pôquer por uma mulher
– disse Montgomery. De repente, um choro de criança invade a sala ficando cada
vez mais alto. Beckett troca um olhar com Castle, ambos em pânico. Alexis surge
na sala envergonhada com o bebê no colo.
– Desculpa, pai. Ele não quer ficar quieto de jeito nenhum. Não aceita
meu colo ou a chupeta – os três amigos olham para a filha e depois para Castle.
Perderam alguma coisa? Ela balançava o menino tentando acalma-lo – Dylan, por
favor...
– Dylan? – foi Ryan quem primeiro fez a ligação – esse é o filho de
Anna? A nossa vítima?
– Detetive Beckett, por favor me ajude – ela se aproximou de Kate e
entregou o bebê. Aos poucos, ele foi se acalmando no colo dela. Montgomery a
olhava perplexo.
– Dylan... você me disse que ele estava com o serviço social. O que ele
faz aqui, Beckett? – ela trocou um novo olhar com Castle. Era a hora da
verdade. Não fora para isso que inventaram o jogo daquela noite?
– Eu sinto muito, senhor. É melhor vocês se sentarem. Eu e Castle temos
algo importante para contar.
Continua....
15 comentários:
Baby Dylan que fofo Amei Ka Parabens 💕👶🏼
Kate arrasando no interrogatório kkkk!!! É tão lindo ver o cuidado que Rick e Kate com o baby... O Dylan já está tão ligado com a Kate e ela com ele, pena que ele ão vê e fica de mimimi que ele é responsabilidade do Rick. Tadinhaaaa... Sabe de nada inocente. Doida para ver como vai ser a adaptação dela no loft, primeira noite lá o Dylan chora na madrugada e ela no impasse levanto ou não levanto?
Ai, queria tanto eles no balanço, tipo inserir esse lugar, tão marcante para Caskett, nessa fic linda. O Dylan apesar de muito parecido com o Rick é grudadinho na Kate, imagino eles na pracinha, ou nos HAmptons kkkk Ninguém nunca iria dizer que é adotado.
Kah, não me faça esperar uma eternidade pelo próximo episódio, obrigada!
Owwwwwwwww tô amando essa fic, adoro ver Caskett brincando de casinha!! Com criança então, melhor ainda!!!!
Doida p ver esse amor começar a nascer de um jeito diferente.. os dois tão domésticos!!!!
Esperando o próximo..
Já estou ansiosa para o próximo. Baby Dylan é o melhor. 😍😍❤
Já estou ansiosa para o próximo. Baby Dylan é o melhor e a Kate já está apaixonada por ele, desde o primeiro momento. 😍😍❤
ai meu Deus! !!!! que capítulo maravilhoso 😭💕 Amei ver uma cena linda de badass Beckett e o Castle com o Dylan no colo enquanto isso acontecia hahaha sei que isso vai levar um bom tempo porém sinto que essa coisa da Beckett de "você vai tomar conta dele sozinho" vai acabar mudando pq ela vai se envolver muito,ela já está muito envolvida para deixar ele sozinho não é mesmo? e espero que o fato de que eles vão precisar morar juntos para poderem adotar o bebê Dylan aproximem os dois de uma forma muito linda e que eles fiquem juntos logo 💕 excelente capítulo, Karen!Muito obrigada por isso 😝😚
♡♡♡♡♡
Caskett a caminho
E de quebra um bebê caskett de cupido
Dylan seu fofo
Ryan falando da série mortal ♡♡
Comparando kate a eve aaaaaaa
Cono lidar?
♡♡♡♡♡
Caskett a caminho
E de quebra um bebê caskett de cupido
Dylan seu fofo
Ryan falando da série mortal ♡♡
Comparando kate a eve aaaaaaa
Cono lidar?
Gente! É muita fofura junta, Dylan, Caskett,família.
AAAAAA Kate já esta se sentindo em casa antes mesmo de se mudar, fora que ela já é super mãe, aquela cena da pizza como jantar só mostrou isso, alias eu amei a cena, quero mais dessas cenas assim papai e mamae kkk. Dylan sendo tao fofo quanto arco iris e unicórnios <3 Os dis brincando de casinha, maaaas não, nada demais vai acontecer, afinal eles nem se amam ne. Ai Ai viu Kate que inocente vc kkkk. Quero ver só as tretas com o pessoal pra eles ajudarem, até por que super comum, nem somos um casal e pah! adotamos um bebe UEHUEEUEHUEHU. AAAAA KAH, posta logo o próximo que estou adorando, fic esta um amorzinho demais
Estamos cada vez mais apaixonada por BB e principalmente o poço de fofura que o Dylan é. Momentos Badass Backett são sempre incríveis, confesso ser a minha parte favorita, adoro ver Castle adimirando ela do outro lado do vidro, mas ele fazendo isso ao lado de Dylan foi melhor ainda.Simplesmente amei o desfecho do caso de Anna, pelo menos a justiça foi feita e o pedido dela será atendido. Vamos falar sobre o grito que dei quando Ryan citou a série mortal? "A Beckett me lembra um pouco a Eve" HDHSJSSUJSJSJSJJSJSJSJDHHSHA não superei isso ainda. Tô louca pra ver a Sega "brincar de casinha" como a Lee disse, aposto que trará muitos sentimentos guardados e experiências novas. Kate tenta negar, tadinha, já está completamente in love por Dylan, e o coração logo logo amolece pelo papaizão Castle. Amei o capítulo kah, estamos amando essa história lindinha que faz a gente vomitar arco íris. Beijinhos.
Ai tão lindinhos... ♥♥♥
Kate Beckett colocando Dylan para arrotar, ao menos eu li isso em fic...
Eu tb to nervosa, principalmente com a reação do capitão... E com essas visitas... Espero que tudo dê certo... Ansiosa para o proximo...
Ai como é maravilhoso ver a Beckett colocando medo nos bandidos nos interrogatórios!! Ai que saudades da minha detetive <3
A martha é tipo a gente, sabe que o Castle tem que ir com calma, mas não consegue ficar sem colocar fogo no circo! huahauhauahuahauhaua somos todos Martha <3
Agora fofinho mesmo é o Dylan, querendo o colo da Kate <3 tão lindo, aos poucos tá quebrando o medo de não saber lidar com crianças, aos pouquinhos ela tá cuidando dele, colocando pra dormir <3
– Certo, Dr. Phil, você já leu o último livro de Nora Roberts? – perguntou Esposito claramente debochando do parceiro.
– Ah, o último da série mortal foi muito bom. Eve arrasou. Ela me lembra a Beckett e...
AHHHHHH, MEU CORAÇÃO DEU OUTRO PULO COM ESSA REFERÊNCIA <3 <3 <3 <3
O que será que o pessoal vai falar da decisão dos dois?! Ai, tomara que o capitão não dê bronca neles. Essa atitude dos dois foi tão fofa <3
Amei kah <3 <3 <3 <3
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